Jornal Sinditest | Número 33 - Dezembro 2018

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remetente: SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO SUPERIOR NO ESTADO DO PARANÁ SINDITEST-PR | Av. Agostinho de Leão Júnior, 177, Alto da Glória. Curitiba - PR

Jornal do Sindicato dos Trabalhadores em Educação das Instituições Federais de Ensino Superior no Estado do Paraná

edição 31 | ano 24 | dezembro 2018 | gestão sindicato é pra lutar

| www.sinditest.org.br

Unidade dos trabalhadores é a

única saída

Governo Bolsonaro promete acabar com “regalias” dos servidores públicos

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2019: um ano de luta!

editoriaL

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ncerramos 2018 com a certeza de que só a luta muda a vida. O assassinato de Marielle, os desdobramentos do golpe de 2016 e o avanço de um governo neofacista caracterizado pela vitória de Jair Bolsonaro, mostram que o próximo período será ainda mais difícil para a classe trabalhadora. Os sindicatos e entidades representativas estão na mira do próximo governo. Uma forte e desleal campanha de difamação das instituições que organizam a luta dos trabalhadores vem se acentuando desde a gestão de Michel Temer. Como se não bastasse, todo o conjunto do funcionalismo também sofre as consequências deste projeto privatista, que pretende extinguir os serviços públicos. Como sempre, quem paga o preço das medidas de “ajuste fiscal” são os que mais precisam. Aqueles que dependem da atenção pública, usuários do SUS, estudantes de instituições de ensino municipais, estaduais e federais. Por isso, é cada vez mais urgente organização. Organização da classe trabalhadora, das categorias, das mulheres, das minorias. Somente a unidade poderá impedir a aplicação das promessas de campanha de Bolsonaro – aquelas que cortam na carne de você, leitor, funcionário público. Conquistas históricas, como o plano de carreira PCCTAE, a jornada flexibilizada de 30 horas, o incentivo à qualificação, o direito adquirido e inúmeras outras vitórias da categoria ao longo de décadas de mobilização e luta. Durante os três anos de gestão sindical, encontramos uma categoria que não cedeu aos desmontes e à retirada de direitos. Servidores e servidoras que foram às ruas, fizeram greves históricas e se mostraram expoentes de luta pelo funcionalismo no Paraná e no Brasil. Trabalhadores que defenderam um SUS forte e de qualidade, que defenderam a Universidade Pública, gratuita, inclusiva e democrática. Que não abriram mão da liberdade de cátedra e da autonomia garantida pela Constituição a estas instituições. Por isso, gostaríamos de agradecer a todos os filiados e filiadas que construíram e acreditaram no poder de transformação que nós trabalhadores possuímos quando organizados. Desejamos que a próxima gestão do Sinditest dê continuidade à resistência! Um 2019 com muita serenidade e unidade na luta a todos!

Notas

ACT premiado

O Acordo Coletivo da Funpar, celebrado no último ano, foi considerado pelo Dieese - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos como um dos melhores do Brasil. O Sindicato encabeçou as negociações do ACT, com formações oferecidas às comissões obreiras, campanhas salarias, protestos e luta para ampliar os direitos sociais. Em um cenário em que as categorias estavam recebendo apenas o valor da inflação, de 1,69%, a Funpar conquistou 4%, com aumento real, além de redução no desconto do Vale Alimentação.

EBSERH

Pela primeira vez, em outubro de 2018, trabalhadores e trabalhadoras da EBSERH filiados ao Sinditest puderam votar e compor chapas para a direção sindical da entidade. Foram registrados aproximadamente 40 votos desse vínculo. Foi inédita também a participação de um delegado da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares no 23º CONFASUBRA, evento que definiu a política com a qual a FASUBRA, federação ao qual o Sinditest é filiado, defenderá as lutas dos trabalhadores técnico-administrativos em instituições de ensino superior públicas do Brasil. Para o próximo período, o objetivo da direção eleita – “Sempre na luta – Junto com a categoria” – é aumentar o número de filiações e fortalecer politicamente a categoria, cujo futuro no governo Bolsonaro é incerto. Representam na nova gestão os trabalhadores da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares os trabalhadores Sebastião Corrêa Paz, do Biobanco, e José Renato Cavalcante Koth, do Almoxarifado – este último membro da direção estendida

Calendário

Já estão sendo distribuídos nos locais de trabalho os tradicionais calendários do Sinditest. Este ano, a “folhinha” tem como tema a luta das mulheres, com homenagens a figuras importantes do Brasil e do exterior e de movimentos sociais que quebraram paradigmas e deram luz ao debate sobre igualdade de gênero.

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UNILA

Pleito inédito na Unila

conta com participação ativa de técnicos Atuação de membros do Conselho Universitário foi decisiva para eleição Divulgação

A UNILA, universidade voltada para a América Latina, elegeu em 2018 o seu primeiro Reitor

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ano de 2018 foi histórico para técnicos, docentes e integrantes da comunidade acadêmica da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, a Unila em Foz do Iguaçu. Após 8 anos, reitor e vice-reitor foram eleitos pelo voto. Desde 2010, a Unila teve três reitores pro tempore. O pleito teve características próprias, com o Conselho Universitário (CONSUN) definindo as regras da consulta em dois cálculos; o paritário, e majoritário (70/30), com participação das três partes, a Comissão Eleitoral foi formada. Com o lançamento de quatro chapas, a Comissão fez uma avaliação e constatou que em uma delas, a candidata não havia se desvinculado do cargo atuante de direção para concorrer ao pleito. A não efetivação, causou desgaste à comissão que foi dissolvida, sendo necessária a formação de um segundo grupo. “As regras já estavam estabelecidas, e haveria necessidade de afastamento das funções. Como isso não aconteceu, a chapa foi retirada da disputa. Três chapas disputaram e houve a consulta com uma participação significativa da comunidade. Em ambos cálculos, a chapa vencedora foi legitimada pelo conselho”, confirmou Ana Paula Nunes, assistente social que integra o corpo técnico da Unila e participou do pleito. Ainda com os percalços, o processo foi concluído com sucesso e hoje, o reitor eleito Gleisson Alisson Pereira de Brito aguarda sua nomeação para assumir a universidade. Para ele, a participação dos servidores TAEs

foi fundamental para o andamento do processo. “Técnicos, discentes e docentes se dedicaram muito para que o processo pudesse ser concluído. Para nós está claro que, sem esta troca de saberes e de visões, não teríamos conseguido o êxito que caracterizou a conclusão do pleito”. Pereira classificou, sua gestão como dialógica, promovendo e abrindo-se para o debate. “Para que isso aconteça é preciso que gestores mantenham um contato contínuo com a comunidade acadêmica, visando decisões acertadas quanto às expectativas e visões dessa comunidade. Nós temos a concepção de que a gestão deve ser realizada tanto por servidores técnicos quanto por servidores docentes, sendo que a base para esta decisão deve ser a valorização de competências. Neste sentido, a capacitação continuada de nossos servidores deve ser uma política institucional fortalecida”. Ao novo reitor foram encaminhadas demandas da categoria dos técnicos, tão logo o resultado foi divulgado. “Na pauta com o novo reitor tratamos de assuntos importantes para a categoria como a flexibilização da jornada para unidades que atendem aos requisitos legais, uso do ponto eletrônico, cargos do primeiro escalão para técnicos, defesa incondicional da manutenção do projeto original da Unila, além da necessidade de promover audiência pública para debater a reforma da previdência e posicionamento político diante do futuro governo federal”, confirmou Warner Lucas, delegado de base e coordenador da próxima gestão do Sindicato.

Além desses temas, também foram abordados o ideário em torno do número de servidores TAEs necessários para atendimento de toda a demanda, estratégia para consolidação da Infraestrutura Universitária, Plano Diretor, reforma administrativa, paridade nos órgãos de colegiado, e até mesmo a proporção do papel do TAEs na administração da universidade, também integraram o documento.

Pontos Diante de um novo momento político, com a vitória de Jair Bolsonaro (PSL), que assume em 2019, as discussões referentes ao futuro da universidade federal vêm à tona, mas não são classificadas como surpresa pelo reitor eleito. “Não é novidade no país o fato de que universidades vem passando por dificuldades. Nós defendemos a ideia de uma universidade pública, gratuita e de qualidade”, mas ao mesmo tempo apontou para uma gestão pragmática, “capaz de buscar novas fontes de recursos para a instituição, reduzir os custos, e sempre estar focada na excelência do tripé constitucional do ensino, pesquisa e extensão”.


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Conjuntura

Serviço Público na mira: unidade para enfrentar os ataques do futuro governo

Roberto Jayme | Ascom | TSE

Juiz Federal Sergio Moro cumprimenta o presidente eleito. Moro, um dos articuladores da prisão e impedimento da candidatura de Lula – principal adversário de Jair Bolsonaro, assume em janeiro o Super Ministério da Justiça

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onstruir o calendário de lutas para o próximo período e articular a resistência aos sucessivos ataques que já estão em curso e tendem a se amplificarem, em especial aos trabalhadores do serviço público. Este foi o objetivo da última plenária da Fasubra, realizada no auditório da Faculdade de Ciências da Saúde da UnB, nos dias 07, 08 e 09 de dezembro. Eleitos democraticamente por meio de assembleia da categoria, cinco delegados e delegadas de base representaram no encontro nacional os trabalhadores que compõem a base do Sinditest. Os servidores somaram-se a outros 152 delegados e 20 observadores, de 35 entidades representativas. Confira a seguir os principais destaques da análise de conjuntura:

Governo Bolsonaro

O futuro governo nem assumiu e já percebemos, ainda na transição, que viveremos momentos difíceis. Olhando para a composição dos ministérios e postos fundamentais, é possível visualizar que enfrentaremos uma agenda ultraliberal, de desnacionalização da economia, de privatizações das estatais, de desmonte dos serviços públicos, de retirada dos direitos trabalhistas, de destruição das aposentadorias, de ataques sistemáticos a setores oprimidos (mulheres, LGBTI, imigrantes, negros e negras) e de ofensiva às liberdades democráticas. Nada está dado de antemão, tudo dependerá da força e amplitude da luta de resistência da classe trabalhadora. Porém, não há dúvidas de que o novo governo será um ini-

migo mortal e perigoso para os trabalhadores e setores populares, e pode avançar em suas propostas apresentadas durante a campanha de aniquilar os movimentos sociais.

Agenda

Bolsonaro foi eleito pautando-se, além das fake news, no discurso de ódio que encontrou respaldo em certos segmentos da sociedade. Amparado pelas bancadas de grupos religiosos conservadores e da bala, já em franca ascensão no Brasil há mais de uma década, venceu também na correlação de forças que constituirão o Congresso Nacional, o que provavelmente pode lhe garantir governabilidade, especialmente no ataque às minorias. Na agenda do governo Bolsonaro temos a nefasta reforma do ensino médio; a reforma


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Alan Santos | PR

da previdência que na prática significa o fim das aposentadorias; a nova reforma trabalhista, que aprofundará ainda mais as desigualdades entre patrões e empregados com a retirada de direitos e precarização de contratos de trabalho; o desmonte dos serviços públicos – é o fim do SUS; as privatizações, como por exemplo a venda da Petrobrás e outras empresas públicas; e, mais especificamente, o desmonte das universidades e instituições públicas de ensino. Para os servidores isso se traduz em fim da estabilidade, demissões, arrocho salarial, terceirizações e fim dos concursos públicos. Em resumo, o novo governo terá inclinação total aos interesses do capital internacional, dos banqueiros e do agronegócio. Com o agravante de ter uma forte presença de militares e de representantes de fundamentalistas religiosos, com traços declaradamente autoritários e neofascistas.

Ensino Público na mira

É necessário que os movimentos se esforcem ainda mais na construção da unidade, convergindo em um único foco: derrotar a política de destruição da soberania do nosso país e a retirada de direitos do povo brasileiro, especialmente contra a reforma da previdência, os ataques à carreira, a cobrança de mensalidades nas instituições públicas de ensino, a intervenção do governo na escolha dos dirigentes das instituições, e a perda da estabilidade dos (as) servidores públicos. Essa força social e política deve se constituir para lutar contra qualquer medida de caráter autoritário, agindo coletivamente para organizar a resistência. Queremos dialogar com os servidores que votaram em Bolsonaro para explicar que após as eleições já não importa em quem cada um e cada uma votou. Temos que continuar defendendo juntos os nossos direitos trabalhistas, previdenciários, as conquistas de nossa carreira e o nosso direito de protestar, criticar e fazer greves. É sabido que arrocho salarial já vem de anos. Mesmo diante deste momento de ataques não podemos abandonar a luta pela recomposição das perdas salariais e de nossas pautas específicas. Mesmo entendendo que o foco principal é a defesa das instituições públicas de ensino, da autonomia universitária e da democracia nas IPE (Instituições Públicas de Ensino) será necessário ter atenção redobrada com as especificidades da nossa categoria, tais como a defesa dos Hospitais Universitários e seus trabalhadores que sofrem com as nefastas políticas empresariais da EBSERH. Ao mesmo tempo, teremos que lutar contra a retirada de direitos dos aposentados e aposentadas, preservando as conquistas. E realizar um forte movimento em defesa das 30h para todos

Temer e Bolsonaro: aliança firmada. Deputados do PSL , partido do presidente Jair Bolsonaro , foram os que mais votaram com o governo Michel Temer

A tarefa central para o próximo período é construir e trabalhar pela mais ampla unidade de ação para enfrentar os ataques anunciados, tendo como ponto de partida o programa que unifique para o enfrentamento Agencia Brasil | EBC

General da reserva Hamilton Mourão, vice de Bolsonaro, é conhecido pelo discurso polêmico. É dele a fala que vincula o negro à malandragem, o índio à indolência e que o 13º salário e o adicional de férias são “jabuticabas brasileiras”

e contra a IN 02 do MPOG. Há espaços estratégicos para todas as forças progressistas avançarem a partir de um programa comum, abrindo caminho para a consolidação das instituições democráticas, que devem permanecer na agenda dos que esperam e lutam por transformações estruturais no Brasil. Não podemos recuar diante de um governo que já escolheu caminhar junto das elites financeiras, do patrimonialismo, do clientelismo e abandonou qualquer perspectiva emancipatória.

É preciso que toda a população tenha a consciência de que a direita e extrema direita não têm qualquer alternativa para oferecer ao Brasil e que os seus projetos de país servem tão somente às elites, especialmente financeiras, representando seus interesses. A tarefa central para o próximo período é construir e trabalhar pela mais ampla unidade de ação para enfrentar os ataques anunciados, tendo como ponto de partida o programa que unifique para o enfrentamento.


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Reforma da Previdência

A Previdência pública

está em risco Divulgação

*Por Cacau Pereira

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Previdência pública brasileira garante, dentre outros, os benefícios das aposentadorias e pensões. Faz parte do sistema de seguridade social, previsto no artigo 194 da Constituição, que assegura também os direitos relativos à saúde e à assistência social. O sistema de seguridade social é uma conquista de toda a população brasileira, e, principalmente, das pessoas mais pobres. Atualmente, a Previdência tem um regime geral, que contempla os empregados com carteira assinada, domésticos, contribuintes individuais e os segurados especiais, dentre outros. Os servidores públicos estatutários das três esferas (União, Estados e Municípios) têm regimes próprios de previdência. No entanto, alguns servidores, principalmente os empregados públicos, estão vinculados ao regime geral. Ao longo dos últimos anos, a Previdência vem sendo muito atacada, por reformas que têm reduzido o seu alcance, diminuído as receitas e eliminado direitos dos trabalhadores e beneficiários. Os benefícios deixaram de acompanhar a correção do salário mínimo; foram criados mecanismos que desviam parte da ar-

recadação para o pagamento da dívida pública; foram alteradas as formas de contagem de tempo e de cálculo dos benefícios; os governos têm dado muitas isenções fiscais para as grandes empresas, dentre outras medidas. No governo Fernando Henrique (PSDB) foi criado o regime de previdência complementar e abriu-se o caminho para a privatização. No governo Lula (PT) foi profundamente alterada a previdência dos servidores, com a instituição do teto para os benefícios, taxação de inativos, fim da integralidade e da paridade dos vencimentos com o pessoal da ativa. Durante o mandato de Temer (PMDB), apesar dos inúmeros ataques aos direitos trabalhistas e ao serviço público, a tramitação de uma nova reforma da previdência foi barrada, principalmente com a greve geral do dia 28 de abril de 2017. O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), está anunciando que pretende retomar as propostas de Temer e elevar a idade mínima de aposentadoria para 65 anos, para homens e mulheres, sem diferença em favor das mulheres. Pretende diminuir o valor dos benefícios, que poderão ser menores do que o salário mínimo. Mas, a medida mais drástica e prejudicial

que o novo governo pretende implantar é o fim da previdência social pública e a constituição de um novo modelo contributivo individual, por capitalização. Bolsonaro pretende iniciar o processo que pode levar ao fim da previdência como um direito social, substituindo-a por uma aplicação financeira individual, vinculada aos bancos e sem a contribuição do empregador. A segregação dos atuais regimes, muito provavelmente sem a correspondente continuidade da contribuição patronal, pode levar a que milhões dos atuais beneficiários sejam lesados, pois, sem o ingresso de novos contribuintes, a situação das contas da previdência, logicamente, vai piorar. Hoje, a nossa previdência tem como características o seu caráter público e contributivo por parte do estado e das empresas, como parte de sua responsabilidade social, a universalidade na cobertura e a solidariedade entre gerações. Neste modelo, os mais novos, na ativa, financiam os aposentados, mais velhos ou com alguma invalidez. Portanto, a previdência tem um caráter social e não pode ser reduzida a uma questão de natureza fiscal, como querem os bancos e o novo governo. O modelo de capitalização, que está sendo proposto, foi aplicado no Chile, durante a ditadura de Augusto Pinochet, e acabou com a previdência social pública. Fruto da especulação e da má administração, muitos desses fundos privados quebraram, lesando milhões de pessoas, justamente aquelas mais velhas e que mais dependem do amparo social. Tamanha injustiça fez com que aumentasse absurdamente a ocorrência de suicídios entre idosos naquele país. Todas essas propostas vêm na esteira de uma campanha na mídia dizendo que a previdência vai quebrar, se não for modificada. Isso não é verdade. O que está em jogo é um mercado muito lucrativo, que os banqueiros querem abocanhar. Por tudo isso, precisamos unir esforços para barrar essa iniciativa, que só favorece os interesses dos banqueiros. Para garantir que a previdência continue cumprindo seu papel social precisamos tomar outras medidas. Dentre elas, combater a sonegação e acabar com as isenções fiscais para entidades “filantrópicas” e grandes empresas; proibir o desvio de recursos para o pagamento da dívida pública; recuperar o crescimento econômico, garantir emprego para todos, eliminar a precarização do trabalho e a informalidade. Assim, a arrecadação vai crescer e é possível, inclusive, revogar as reformas dos governos anteriores, que já descrevemos neste breve artigo e que só prejudicaram os trabalhadores.

*Cacau Pereira é coordenador do Instituto Classe de Consultoria e Formação Sindical. Advogado com especialização em Direito Público e Previdência complementar.


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Boletim Jurídico

Diferença de acordo dos 28%:

kit para execução e alerta aos servidores

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ervidores e servidoras que celebraram acordo administrativo ou termo de transação judicial com a UFPR para o recebimento das diferenças do reajuste de 28,86% devem fazer o download no site do Sindicato do kit de execução da ação. A advogada Ana Carolina Bileski Cardoso Ruon, da assessoria jurídica da entidade, explica: “mesmo para os casos em que houve o envio de documentos completos para cálculo, é necessário o envio do kit para execução (procuração, contrato, RG, CPF e comprovantes de rendimento e residência), cuja retirada pode ser feita no site ou na recepção do Sinditest, pessoalmente ou por e-mail”. Sobre este assunto, o departamento jurídico faz um alerta importante aos filiados: “muitos servidores estão recebendo correspondências e telefonemas de advogados e associações, que oferecem seus serviços para o ingresso de “ação de cobrança” – que, na verdade, é a execução da ação coletiva do Sinditest – para fins de pagamento do reajuste de 28,86%. Os servidores são livres para contratar profissional diverso da assessoria jurídica do Sindicato. Contudo, por força de expressa previsão legal, independentemente de quem for o advogado escolhido, todos que se beneficiarem da ação coletiva terão que pagar os honorários acordados entre o Sindicato e sua assessoria jurídica, Trindade & Arzeno Advogados Associados”. Vale ressaltar que o pagamento de honorários à assessoria jurídica do Sindicato não desobriga os servidores a pagarem os honorários decorrentes de contrato que eventualmente venham a assinar com outros advogados.

Ações coletivas Correção do FGTS O Sinditest obteve êxito na ação coletiva proposta para assegurar aos trabalhadores de sua categoria o creditamento, aos saldos das contas vinculadas ao FGTS, das diferenças de correção monetária decorrentes das perdas sofridas com a implantação dos planos Bresser, Verão, Collor, Collor I e Collor II. Todos os servidores técnicos administrativos da UFPR, UTFPR e IFPR, e funcionários da FUNPAR, filiados ou não, são beneficiários da ação.

UFPR: descontos do PSS sobre os adicionais ocupacionais Já foi dado início a liquidação e execução da sentença sobre o indevido desconto da contribuição previdenciária (PSS) sobre os adicionais de insalubridade, periculosidade e irradiação ionizante dos servidores técnicos administrativos lotados na Universidade Federal do Paraná. Em ação vitoriosa, o Sinditest, por meio de sua assessoria jurídica, propôs uma ação coletiva com o intuito de afastar o referido desconto no período anterior a fevereiro de 2006, bem como para pleitear a restituição dos valores indevidamente retidos. Vale lembrar que este procedimento somente será realizado para os servidores constantes na relação fornecida pela PROGEPE, que assinarem e entregarem no Sindicato procuração e declaração, que se encontram disponíveis para retirada na recepção.

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Saúde do Trabalhador

Assédio

moral

Você sabe a diferença?

X sexual Assédio

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á características específicas desses dois crimes que podem ser cometidos no ambiente de trabalho. Entenda melhor e saiba diferenciar: O assédio sexual caracteriza-se por constranger alguém, mediante palavras, gestos ou atos, com o fim de obter vantagem ou favorecimento sexual. O assediador se aproveita da sua condição de superior hierárquico ou do poder conferido pelo exercício de cargo, emprego ou função. O assédio moral, por sua vez, é uma conduta abusiva frequente, repetida e intencional, que visa diminuir, humilhar, vexar, constranger, desqualificar e demolir psiquicamente um indivíduo ou um grupo, degradando as suas condições de trabalho, atingindo a sua dignidade e colocando em risco a sua integridade pessoal e profissional. Há ainda uma terceira prática ilícita, que tem como alvo a reputação da vítima: o dano moral. Acontece quando um indivíduo se sente afetado em seu ânimo psíquico, moral e intelectual, seja por acometimento à sua honra, privacidade, intimidade, imagem, nome ou em seu próprio corpo físico. Comete dano moral aquele que viola o direito e causa dano, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência.

Fonte: Ministério da Saúde

Confira as características de cada crime Assédio Moral

Assédio Sexual

Dano Moral

Repetição sistemática; Direcionalidade (uma pessoa é sempre a “escolhida”); Prolongamento das situações (meses, anos); Degradação das condições trabalhistas. Críticas públicas ao trabalhador, tendendo para a humilhação e ridicularização; Tratar o trabalhador por um apelido pejorativo; Fazer brincadeiras, sarcasmos e piadas envolvendo o assediado; Solicitar tarefas abaixo ou acima da qualificação do trabalhador; Mandar que o empregado faça tarefas inúteis ou irrealizáveis.

Superioridade hierárquica do assediador; Promessa de tratamento diferenciado em caso de aceitação; Atitudes concretas de represália no caso de recusa; Conotação sexual; Convite para ir a locais sem relação com o trabalho; Comentários ousados sobre beleza e/ou dotes físicos; Toques indesejados (abraços prolongados); Exibição ou envio de fotos pornográficas; Solicitação de caráter sexual; Perguntas embaraçosas sobre a vida pessoal do subordinado; Pedidos para que a trabalhadora se vista de forma provocante ou sensual.

Direitos da personalidade são violados: - Vida; - Honra; - Imagem; - Integridade psíquica; - Privacidade; - Autoestima; - Liberdade (física e intelectual); - Reputação - Intimidade; Dispensa injuriosa (por motivo político, religioso, racial, sindical, estado civil, sexo, etc.); Desigualdade de tratamento e oportunidades nos termos e condições do emprego; Controles tecnológicos discricionários e abusivos; Revistas feitas de forma vexatória e por pessoas do sexo oposto; Discriminação de pessoas por deficiência física ou doença; Revelação desnecessária de fatos da vida privada do empregado; Anúncio de abandono de emprego publicado em jornal.

Você está sendo vítima de assédio moral ou sexual? Procure-nos! O Sinditest conta com o serviço de Saúde do Trabalhador, que orienta e dá os devidos encaminhamentos:

(41)

3362-7373

Aposentados

GT de Aposentados e Pensionistas Um dos grupos de trabalho mais ativos do Sinditest, o GT de Aposentados e Pensionistas congrega os trabalhadores da base que já não estão mais na ativa. Todos os meses, os membros se reúnem para confraternizar, rever antigos amigos e articularem politicamente as demandas da categoria.

Durante este ano, o grupo este à frente de uma série de iniciativas que visam aumentar a qualidade de vida do trabalhador aposentado. Foram realizadas diversas palestras, passeios, orientações com o departamento jurídico do sindicato, oficinas de artesanato, além de atividades recreativas com foco na

terceira idade. O GT, que se reúne mensalmente, se configura como um dos grupos de aposentados mais representativos da base da Fasubra, Federação ao qual o Sinditest é filiado. As atividades do grupo retornam no mês de março. Todos são bem-vindos!


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