Jornal Sinditest | Número 17 - Setembro 2015

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Jo r n al do S i ndi cato d os T rab alh ad ores em E d u c aç ão d as I n s t it u iç ões Fed er ais d e E n s in o Supe r io r no Esta do do Pa ra ná

edição 17 | ano 22 | setembro 2015 | gestão sindicato é pra lutar PRIVATIZAÇÃO

Um ano de EB$ERH no HC:

de mal a pior!

Confira reportagem especial nas págs. 8 a 11

PANORAMA DA GREVE Histórico das nossas greves, a mobilização no interior e o impacto do ajuste fiscal no ensino superior. págs. 3 a 7

ENTREVISTA Confira entrevista com Anderson Gomes, intérprete de LIBRAS, sobre a luta contra as opressões. pág. 13

FORMAÇÃO Solidariedade de classes vs. xenofobia. O drama da imigração chega ao Brasil. págs. 14 e 15


Rápido e rasteiro

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editorial

28 de agosto: três meses de greve e um ano de EB$ERH no HC por Márcio Palmares

N

esta edição do Jornal do Sinditest apresentamos uma reportagem especial sobre o aniversário de 1 ano de EB$ERH no Hospital de Clínicas da UFPR. Como veremos, de lá pra cá, as coisas só pioraram. Fizemos tudo o que foi possível para evitar a privatização: greves, protestos, inserções em programas de TV, nos jornais impressos e campanhas nas rádios. Conseguimos barrar a privatização diversas vezes, através da luta. Mas, naquele trágico 28 de agosto, o lobby da EB$ERH, aliado à violência policial, foi mais forte. Trabalhadores desarmados —exceto em casos excepcionais— não podem vencer forças de repressão armadas. Mesmo assim lutamos. E o saldo da última batalha foi de vários feridos e um manifestante preso, o estudante Nicolas Pacheco, que segue processado pela Polícia Federal. Um ano depois, verificamos que a EB$ERH serviu, entre outras coisas, para permitir ao Sírio-Libanês faturar 10 milhões de reais num contrato para ministrar “cursos de gestão”, onde ensinaram ao Dr. Flávio Tomasich a economizar papel higiênico. O Sírio-Libanês também ensinou aos nossos ilustres gerentes e administradores que se deve controlar o número de vezes que os trabalhadores vão até o estacionamento do hospital para fumar. Fizeram ainda a monumental descoberta de que deveriam restringir o acesso ao estacionamento do HC! E finalmente: concluíram que numa empresa privada deve-se exigir que os empregados registrem a frequência e os horários de trabalho, através de ponto eletrônico. Decidiram controlar até os quinze minutos do lanche, para explorar ao máximo cada trabalhador... E ficou nisso. E essa “obra” custou dez milhões de reais! Enquanto isso, o HC continua sem dinheiro. Falta de tudo. As pessoas estão cansadas, esgotadas, os problemas só aumentam, o ambiente interno é o

pior de todos os tempos, há mais assédio moral, mais ameaças... Essa triste realidade é retratada nas páginas 8 a 11. Nessa edição abordamos também a situação dos trabalhadores da Funpar/ HC, as principais vítimas do tratamento discriminatório introduzido pela EB$ERH (além de sofrerem com as campanhas de terrorismo psicológico feitas pelos corredores, graças à Companhia Pelegos Unidos S.A.). O jornal traz ainda notícias sobre a greve, uma análise do impacto do ajuste fiscal na educação superior, e uma entrevista com Anderson Gomes, intérprete de LIBRAS, um dos ativistas que se colocou à frente do combate às opressões no CNG da FASUBRA e também aqui, na base. Fechamos esse número com notícias sobre o último Passeio dos Aposentados e com uma dica cultural: o filme “Samba”, que retrata a situação dos imigrantes na França, um tema da maior importância não só na Europa, mas também no Brasil. Quando fechávamos essa edição, o governo havia cancelado a reunião do dia 24 de agosto com a FASUBRA, em que apresentaria sua “proposta final de reajuste”. Estávamos a poucos dias da caravana a Brasília convocada para o dia 27. Não sabíamos ainda se teríamos arrecadação em setembro, pois o MPOG havia nos “descredenciado” (juntamente com vários outros sindicatos da base da FASUBRA, do ANDES-SN e da FENASPS). Havia muitas dúvidas sobre o destino da nossa greve. No entanto, compartilhávamos uma certeza: a de que nossos empregos, nossas condições de vida, nossos direitos e a própria universidade dependem, em grande medida, da luta que estamos travando agora. Como se diz: “Quem não luta por seus direitos não é digno deles”. Não nos curvaremos a governo nenhum, a empresa nenhuma, a reitor nenhum. Eles podem nos retirar o salário, o emprego, os recursos do sindicato. Mas não podem nos retirar a dignidade. A luta continua.

Reversão A assessoria jurídica do Sinditest-PR conseguiu reverter na Justiça o descredenciamento arbitrário que o sindicato sofreu junto ao Ministério do Planejamento. De uma única vez, o Executivo descredenciou 198 entidades, incluindo 13 sindicatos da base da Fasubra e outros 27 da base da Andes, impedindo que eles pudessem recolher a arrecadação de seus filiados. A justificativa foi uma batida da Operação Lava-Jato fez no ministério, para rastrear esquemas de corrupção com bancos e financeiras. A partir daí, o Planejamento decidiu desligar todas as entidades com “problemas de registro”, e a aproveitou para fazer o mesmo com outras, que não tinham nada a ver com a história. Unificou

Em uma assembleia com mais de 800 pessoas, incluindo representantes do litoral e do interior do estado, no Teatro da Reitoria, estudantes da UFPR deflagraram greve no último dia 19. Eles se juntam aos técnicos administrativos e também aos docentes, que cruzaram os braços no dia 14. ‘Bra’, de Bradesco Proposta pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), e encampada pelo Governo Dilma Rousseff (PT), em troca de um alívio para a crise entre Executivo e Legislativo Federal, a Agenda Brasil é a mais recente pancada desferida pelo consórcio PT-PMDB na classe trabalhadora brasileira. Não à toa, foi extraoficialmente batizada de Agenda ‘Bra’, de Bradesco, uma referência ao fato de beneficiar exclusivamente banqueiros, latifundiários e a elite financeira do país. Entre outras coisas, o documento propõe a cobrança por uma parcela de atendimentos do SUS, o aumento da idade mínima para aposentadoria, a revisão das regras para a demarcação de terras indígenas e a ampliação da terceirização. Vitória da greve A implantação do ponto eletrônico está suspensa na UFPR até que todos os processos solicitando as 30 horas parados na Secretaria de Órgãos Colegiados (SOC) sejam analisados por uma nova comissão. Pelo menos, foi o que garantiu o reitor Zaki Akel Sobrinho. O desafio agora é fazer com que os processos barrados já na chefia dos departamentos também sejam apreciados, além de garantir a representação dos técnicos administrativos na comissão avaliadora.

Expediente O Jornal do Sinditest-pr é uma publicação do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau Público de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral do Estado do Paraná. Avenida Agostinho Leão Junior, 177 – Alto da Glória - Curitiba/Paraná | Telefone: (41) 3362-7373 | Fax: (41) 3363-6162 www.sinditest.org.br | imprensa@sinditest.org.br Fotos: Sinditest-PR. Jornalista Responsável: Adriana Possan - DRT 10049. Diagramação: Ctrl S Comunicação (www.ctrlscomunicacao.com.br) Tiragem: 6.000 exemplares. Gráfica: Mega Impressão Gráfica e Editora - fone: 3598.1113 e 9926.1113. É permitida a reprodução com a citação da fonte. Os textos sem assinatura são de autoria da Direção do Sinditest.

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edição 17 | 3 setembro 2015

Braços cruzados

Só a luta muda a vida A história não deixa dúvida: desde a Revolução Industrial até hoje, só as greves melhoraram as condições dos trabalhadores por Bernardo Pilotto

P

lano de carreira, incentivo à qualificação, jornada de até 40 horas semanais, direito a voto… Pode parecer que sempre foi assim, mas todos esses direitos um dia foram objeto de muita luta. Tudo começou lá na época da Revolução Industrial, na Inglaterra. Naquele tempo, lá pelos 1800 e alguma coisa, as jornadas de trabalho eram de 18 horas por dia. Não havia direitos como férias, 13º e outros. O trabalho de crianças e idosos era comum. Essa situação revoltava os trabalhadores, que começaram a lutar. Primeiramente, de modo individual, quebrando máquinas. Num segundo momento, construindo associações e sindicatos, realizando greves. Foi assim que os direitos trabalhistas e sociais que temos hoje foram sendo conquistados. No Brasil não foi diferente. Desde os tempos da escravidão, os trabalhadores se organizaram em quilombos, lutando pela sua liberdade. Nas primeiras décadas do século XX, a experiência de luta dos negros se juntou à experiência dos imigrantes que vinham da Europa e que já tinham tido contato com ideias socialistas e anarquistas. Foram feitas muitas greves, manifestações e lutas coletivas para conquistar direitos que hoje estão expressos na CLT. No âmbito do serviço público, as lutas começaram a se fortalecer no final da di-

tadura civil-militar, ali no começo dos anos 1980. Foram realizadas greves muito fortes, que trouxeram várias conquistas, em âmbito local e nacional: o reconhecimento dos técnicos administrativos como uma categoria, a gratuidade nas universidades, as eleições diretas para reitor, as 30 horas semanais no Hospital de Clínicas e o direito à construção de sindicatos. Nos anos 1990, com a vitória do projeto neoliberal representado pelos governos de Collor, Itamar e FHC, as lutas dos técnicos administrativos continuaram. Mesmo assim, perdemos vários direitos, como os quinquênios. Mas só temos universidades públicas ainda por conta de nossas lutas e greves. Foi assim que derrotamos, em 1998, a proposta que previa o fim do financiamento para as universidades federais. Foi dessa mesma forma que derrotamos, em 2001, a proposta que previa a venda de 25% dos leitos dos hospitais universitários. Em vários desses momentos, também foi preciso lutar por reposição salarial. Na histórica luta de 2001, conquistamos a incorporação da Gratificação por Atividade no Executivo (GAE) aos nossos salários. O século mudou, o partido do governo mudou, mas nossas lutas continuaram. Isso porque o projeto político permaneceu praticamente o mesmo. No governo de Lula, foram quatro greves.

Em 2003, lutamos contra a Reforma da Previdência. Uma luta forte, grande. Mas a ilusão com o novo governo era maior. Já em 2004, nossa luta foi por um novo plano de carreira. Tivemos uma vitória. Já em 2005, nossa greve cobrou a implementação de promessas não cumpridas em relação ao nosso plano. Em meio à crise do mensalão, os governistas de nossa Federação atuaram fortemente para enfraquecer o movimento. Em 2007, novamente tivemos uma grande vitória, conquistando aumentos salariais em 2008, 2009 e 2010, além de melhorar os índices de incentivo à qualificação e diminuir o tempo para o step (de 24 para 18 meses). A partir de 2010, no governo de Dilma, enfrentamos novos processos. Novamente, combinamos a luta salarial com a luta contra a privatização da educação e da saúde. Isso se expressou na batalha contra a Ebserh e por reposição salarial nas greves de 2011, 2012 e 2014. E tivemos conquistas importantes em 2012: melhoria dos índices de qualificação e aumento do step, além do aumento linear de 5%. A história da classe trabalhadora é uma história de resistência e luta. Em nosso caso, podemos dizer o mesmo. Mesmo nas derrotas, nossa luta serviu para mostrar insatisfação e indignação. Elas plantaram sementes. Formaram uma geração. Trouxeram vitórias políticas. Certamente a greve de 2015 não trará todas as conquistas que merecemos. Mas alguma vitória será obtida. Ela deve servir para alavancar novas lutas. Porque, como já deu pra ver, são elas que mudam a nossa vida!


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REGIÃO OESTE

Greve da Pátria Educadora no interior do Paraná A mobilização dos técnicos na região oeste tem fortalecido a categoria e mostrado para a população as contradições do governo federal

por Marisa Ribas Arruda, diretora do Sinditest – UTFPR Medianeira

H

á mais de 90 dias em greve, os técnicos administrativos das instituições federais de ensino superior ainda têm fôlego para enfrentar o Governo Dilma e seu austero ajuste fiscal. Eles não aceitam a proposta de reajuste de 21,3% divididos em quatro anos, considerada por muitos como indecente. A greve, que começou no dia 29 de maio, se mantém

EM TOLEDO - UTF ASSEMBLEIA DE GREVE de Palotina presentes R UFP e Medianeira, UNILA

forte. Contribui para isso o descaso do governo federal ao não efetivar negociações que se arrastam desde 2012 e não valorizar a categoria. Foram diversos atos e manifestações promovidos pelos técnicos em todo o Brasil. Em vários momentos, eles chamaram a atenção da mídia e da sociedade. O interior do estado se mobilizou para mostrar à população que, novamente, nem a saúde nem a educação seriam prioridades do governo. Que a Pátria Educadora, defendida pela presidenta Dilma, não existe e nem vai existir. Prova disso é o corte de R$ 9 bilhões, que leva ao sucateamento as universidades brasileiras. Manifestações com os slogans “O corte de 9 bilhões na educação enterrou a Pátria Educadora!” e “12 de junho,

25 de agosto: Velório da nco Educação na UTFPR Pato Bra

ASSEMBLEIA no CONSUNI UNILA aprovou as 30 horas!

CARAVANA da UTFPR Medianeira, UNILA e UFPR Palotina para mobilização na UTFPR Toledo! MANIFESTAÇÃO EM PROL DA EDUCAÇÃO PÚBLICA E DE QUALIDADE em Foz. UTFPR Medianeira, UNILA e IFPR presentes!

- UTFPR FORUM DOS SPF´s em Foz IFPR E, MT LA, Medianeira, UNI

12 de junho. Campanha ÇÃO APAIXONE-SE PELA EDUCA ira iane Med PR UTF PÚBLICA

CARAVANA da UTFPR Medianeira e UNILA para a UTFPR Santa Helena - TAEs mobilizados!

CORTE DE 9 BILHÕES ENTERROU A PÁTRIA EDUCADORA UTFPR Medianeira


edição 17 | 5 setembro 2015

apaixone-se pela educação pública!” desmascararam o projeto do Executivo. A população apoiou, enfim, a luta da nossa categoria pelo ensino público e de qualidade. Quando dos protestos pelas ruas de Foz do Iguaçu, ouviram-se aplausos e palavras de apoio. A região oeste do Paraná conta com três universidades federais: a UTFPR, que tem três campi, nas cidades de Medianeira, Santa Helena e Toledo; a UFPR, com campus na cidade de Palotina; e a Unila, em Foz do Iguaçu. Além delas, a região abriga campi do IFPR em Foz e Cascavel. É um pólo de educação federal. Por esse motivo, já no ano de 2012 foi instituído o Comando Regional de Greve das Federais da Região Oeste do Paraná, que se consolidou em 2014. Esse Comando, do qual fazem parte técnicos administrativos das três universidades federais citadas, tem realizado diversas mobilizações, manifestações e atos para conscientizar a própria categoria e principalmente conquistar o apoio da população para a luta por melhores condições de trabalho e contra a precarização da educação pública, por mais investimentos para as universidades e hospitais universitários. Essas ações têm produzido efeito. A Unila conquistou finalmente a jornada flexibilizada, com seu regulamento votado e aprovado no mês de julho pelo Conselho Universitário (Consuni). A direção do Sinditest-PR, representada por Carla Cobalchini, a coordenação da Fasubra, repre-

sentada por Gibran Jordão, e a força dos técnicos da UTFPR, da UFPR e da própria Unila, todos presentes na reunião do Conselho, conquistaram essa vitória importantíssima, e que respalda as ações de luta nas demais universidades federais desse país que ainda pautam as 30 horas. Ações como a impetração do Adicional de Penosidade – Art. 71 da Lei 8.112/90 – para os servidores das instituições em zona de fronteira, incluindo também a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS, que, mesmo não sendo base do Sinditest, participa de Comando Regional), e a participação em manifestações conjuntas com os servidores públicos federais, com os professores da rede estadual, com os técnicos administrativos do IFPR e em atos sociais de outras entidades foram deliberadas e realizadas desde o início da greve. E todas essas mobilizações foram amplamente divulgadas em redes sociais e pela mídia falada e escrita de Foz do Iguaçu e região. Além disso, o Comando Regional reforçou as

30h UNILA: Vitória! Servidores da UNILA conquistam as 30 horas

ações de greve específicas de cada campi, instituição ou cidade, incentivando caravanas para os municípios de Medianeira, Toledo, Palotina, Foz e Santa Helena, além das duas caravanas para Brasília. A greve não é considerada por ninguém como uma forma fácil de reivindicar direitos que estão sendo tirados ou que nem ao menos são respeitados pelos patrões. Ela abala a estrutura física e emocional de cada colega que compõe o movimento grevista. Mas ela é muitas vezes, por incrível que pareça, contraditória. Ao mesmo tempo em que nos esgota, nos fortalece para que não desistamos, nos deixemos enfraquecer ou que nos deem por vencidos. A greve é uma batalha dura, desumana muitas vezes, mas nesses muitos dias de paralisação tenho vivido junto de meus colegas, e o que notei é que todos têm lutado incansavelmente, que todos têm construído ações, que todos avançaram na luta, mostrando que essa categoria é guerreira, honrada, incrivelmente fora do comum.

O interior do estado do Paraná se mobilizou de forma a mostrar para a população das cidades da região que novamente, nem a saúde e nem a educação, seriam prioridades desse governo Marisa Ribas Arruda, UTFPR Medianeira

Região Oeste do Paraná unificada na luta

ATO UNIFICADO dos SPF´s em Foz do Iguaçu

res da 30h UNILA: Vitória! Servido s hora 30 as tam UNILA conquis

o Branco, com 13 de agosto: Ato em Pat Branco, Francisco o Pat participação de UTFPR nte com servidores ame junt s, nho Vizi s Doi e Beltrão oral Eleit e o balh Tra do do INSS e Justiça

6 de agosto: Servidores do Sudoeste fazem mobilização conjunta em Francisco Beltrão

ASSEMBLEIA DE GREVE NA UNILA - UTFPR Medianeira presente

12 de junho: Campanha APAIXONE-SE PELA EDUCAÇÃO PÚBLICA UTFPR Medianeira

ASSEMBLEIA DE GREVE EM TOLEDO - UTF Medianeira, UNILA e UFPR de Palotina presentes

Servidores de Palotina fazem enterro simbólico: morte das universi dades públicas federais


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AJUSTE FISCAL

A crise no ensino superior Dilma repete a mesma política educacional aplicada no Brasil desde Collor: investe em instituições privadas enquanto deixa as universidades à mingua

por Natália Oshiro

lucrando. A Kroton, gigante do ramo de educação (dona da faculdade Anhanguera e do colégio Pitágoras, entre outras instituições de ensino), apresentou alta de 35,3% no lucro líquido no primeiro trimestre. A receita líquida da companhia atingiu R$ 1,29 bilhão nos três meses.

Síntese da Pátria Educadora

Ao tomar posse no início deste ano, o lema escolhido por Dilma Rousseff para refletir a prioridade de seu governo foi: “Brasil, Pátria Educadora”. Basta olhar para nossas escolas e universidades pra ver o tamanho dessa mentira. Sem perder tempo, Dilma já limitou, no mesmo mês de sua posse, a verba das instituições de ensino superior para 1/18 avos, o que implicou num corte mensal de R$ 586,83 milhões. No primeiro trimestre, já representava menos R$ 1,76 bilhão para as universidades. Com o argumento da crise econômica, os cortes na educação continuaram. Em junho, foram menos R$ 9,4 bilhões, o que resultou numa redução de 47% sobre o capital da educação superior, além da redução das bolsas dos programas Ciência sem Fronteiras, de iniciação à docência, de pós-graduação e impactou a construção de novas creches. No dia 30 de julho, novo corte foi anunciado: R$ 1 bilhão. Um dia após divul-

Cenário da educação no Brasil gar os detalhes desse novo ajuste no orçamento, foram destinados R$ 5,2 bilhões ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). O governo continua desviando verba da educação pública para os “tubarões do ensino”. O projeto de privatização e mercantilização da educação pública permanece em curso. Neste cenário, perguntamos: crise para quem? Ao mesmo tempo em que a educação pública vem sendo sucateada intencionalmente por todos os governos — sejam do PSDB, como Beto Richa fez no Paraná, sejam do PT, como Dilma vem fazendo —, as instituições privadas de ensino continuam

O desmonte da educação pública, apesar de ter sido aprofundado no governo Dilma, foi iniciado bem antes. Foi na década de 1990 que o processo de mer-

cantilização do ensino superior ganhou força. Assim, após a contrarreforma do ensino ser aplicada por todos os governos subsequentes, a educação superior no Brasil, em vez de ter se expandido em direção ao ensino superior gratuito e de qualidade, se expandiu no ensino privado. Na tabela, é possível observar que o setor privado chegou a quase 90% do número de instituições de ensino e mais de 70% no que diz respeito ao número de matrículas. No entanto, o setor público acumulou neste período todo o sucateamento decorrente da falta de investimento necessário.

LINHA HISTÓRICA Collor (1990-1992):

Iniciou os ajustes necessários para a abertura do Brasil ao capital mundial.

Itamar (1992-1994):

Prosseguiu com o processo de privatização do ensino superior. Legitimou a captação privada de recursos para desenvolvimento de pesquisas nas universidades públicas.

Lula (2003-2010): Ampliou o Fies e

regulamentou as parcerias entre universidades federais e fundações de direito privado (decreto nº 5.205/2004). Criou o Programa Universidade para Todos (Prouni), que tem como finalidade conceder bolsas de estudo integrais e parciais em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições de ensino superior privadas. Com o Prouni, as instituições com fins lucrativos obtiveram uma série de privilégios e benefícios: isenção de impostos e redução da concessão de bolsas de

FHC (1995-2002): Fixou de forma severa e intensa as ofensivas do ajuste neoliberal no Brasil: onda de privatização, desmonte do Estado e sucateamento da “coisa pública”. Criou o Fies, destinado a financiar estudantes regularmente matriculados em cursos superiores privados. Hoje, entre os parceiros do Fies estão as empresas educacionais mais lucrativas, com ações na bolsa de valores, como a Kraton, Anhanguera e Estácio.

estudo gratuitas. Elas também não precisam pagar de forma retroativa alguns tributos devidos, além de terem ganhado mais tempo para pagar a cota patronal do INSS. Lula também implementou o Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). O objetivo do programa é criar condições para a ampliação do acesso e permanência na educação superior, por meio do esgotamento da estrutura física e de recursos humanos existente nas universidades federais. A meta seria aumentar para 18 a relação de alunos por professor.

Dilma (2011-2015):

Corte de mais de 12 bilhões na Educação.


edição 17 | 7 setembro 2015

Fotos: Sandoval Matheus

As universidades que não pararam pela greve, hoje estão parando por falta de condições de funcionamento

Cenas da primeira caravana a Brasília durante a greve do funcionalismo público federal deste ano, realizada em julho, com a presença do Sinditest-PR

Se não tem Pátria Educadora, tem Greve Educativa A greve iniciada no dia 28 de junho por Fasubra e Andes (a federação que reúne os técnicos administrativos e a associação nacional de docentes, respectivamente), que conta com mais de 65 instituições federais de ensino, é justa e necessária. Essa crise não é responsabilidade nossa, e sim deste governo que segue priorizando o pagamento da dívida pública, bem como as isenções fiscais e os subsídios às grandes empresas. As universidades que não pararam pela greve, hoje estão parando por falta de condições de funcionamento. Não há recursos para pagar água, luz, ou os salários dos trabalhadores terceirizados. Mas,

enquanto vivemos essa situação de precariedade em nossas universidades, os bancos continuam apresentando recordes de lucros, assim como as universidades privadas, que lucram mais a cada ano. Para enfrentar essa opção do governo federal, para impor uma derrota ao ajuste fiscal, que se intensifica com o projeto Agenda Brasil, e garantir minimamente a reposição salarial dos últimos anos, é preciso lutar: lutar para defender nossos direitos e avançar na melhoria das nossas condições de trabalho, lutar para sermos valorizados e para que nossas universidades permaneçam públicas e de qualidade.

VEJA OS NÚMEROS DO CENSO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL EM 2013

Matrículas Ingressantes Concluintes Instituições Cursos

TOTAL GERAL 7.305.977 2.742.950 991.010 2.391 32.049

Total 1.932.527 531.846 229.278 301 10.850

INSTITUIÇÃO PÚBLICA Federal Estadual 1.137.851 604.517 325.267 142.842 115.336 82.892 106 119 5.968 3.656

Municipal 190.159 63.737 31.050 76 1.226

INSTITUIÇÃO PRIVADA 5.373.450 2.211.104 761.732 2.090 21.199

Fonte: Censo da Educação Superio/Inep/MEC


17 8 | edição setembro 2015

Efeitos colaterais

Cura ou doença? Um ano depois, servidores ouvidos pelo Sinditest-PR garantem que Ebserh piorou situação no HC por Sandoval Matheus

U

m ano após a adesão do Hospital de Clínicas da UFPR à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), as promessas de melhorias imediatas, com a contratação de pessoal e a compra de insumos e novos equipamentos, ainda não foram cumpridas. É impossível saber quando serão, e até mesmo se serão. A direção do hospital não se manifesta a respeito. “Existe um concurso, que foi feito, mas não existe informação. Não sabemos quantos vão chegar, quando vão chegar, em que setores vão chegar. É terrível. A gente não sabe nada. É tudo boato de corredor”, queixa-se uma servidora. Nos últimos 12 meses, segundo relatos de servidores, pouca coisa evoluiu dentro do HC. A não ser que sejam consideradas as mudanças para pior. É o caso do Banco de Sangue, um dos

setores mais críticos do hospital, onde a situação piorou – e muito. Lá, de acordo com uma servidora, a nova gestão passou a limitar o uso de filtros de sangue a no máximo 200 unidades por mês. Acontece que todos os pacientes imunodeprimidos, com leucemias ou candidatos a transplantes de medula óssea – e também os pacientes já transplantados – deveriam tomar apenas sangue filtrado. Para isso, seriam necessários pelo menos 300 filtros ao mês. “Quando falta, temos que fazer a ‘escolha de Sofia’ e ver quem está piorzinho, para priorizar o uso de filtros de bolsa de sangue”, conta a servidora. “Antes da atual gestão, nós filtrávamos todos os pacientes com câncer ou com problemas hematológicos. Essa restrição prejudica os pacientes, e o serviço não é mais tão de referência como foi no passado. O lucro ainda manda mais do que o bem-estar.”

Junho de 2014, primeiro ato contra a Ebserh: os trabalhadores previram o desastre da adesão


edição 17 | 9 setembro 2015

Fotos: Adriana Possan

O reitor Zaki Akel só conseguiu aprovar a adesão ao sitiar a reitoria com força e violência policial

O Sinditest-PR tentou uma entrevista com o superintendente Flavio Tomasich. Ele se recusou a falar, justificando que ainda ‘não é o momento’ Ela também reclama da “falta de empenho” da direção para aparelhar o setor, que tem equipamentos sucateados. Este ano, os trabalhadores fizeram uma lista com todos os equipamentos necessários para que o Banco de Sangue pudesse funcionar de forma eficiente. O material está registrado no pregão 22/2015, que vence no início de 2016, e ficou orçado em cerca de R$ 2 milhões. “O que temos já está bem velho e desgastado, com mais de uma década de uso, e temos preocupação que eles parem a qualquer momento e não voltem mais a funcionar”, diz a servidora. Ainda no Banco de Sangue, há um empenho para compra de insumos que deve vencer em outubro. De acordo com a servidora, a direção do hospital está ciente de que a situação é crítica, e foi alertada disso pela própria chefia do Banco. “Eles não se mexem para que seja adiantado o empenho, com um parcelamento de pagamento junto à empresa que fornece o produto”, reclama. “Estamos antevendo que faltará o reativo e seremos obrigados a interromper o fornecimento de sangue.” Outra servidora, do Pronto Atendimento em Pediatria, diz que a nova gestão agravou a questão da falta de materiais – e agora, quando chegam, eles são de má qualidade. No último período, a demanda do PA em Pediatria também teria crescido de 20 a 30%. Isso aconteceu por conta da instalação de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), de responsabilidade da prefeitu-

ra, no mesmo espaço. Nos atendimentos da UPA, a equipe do HC fica responsável pela observação dos pacientes. Como não houve contratação de pessoal, o crescimento da demanda é coberto por Adicionais de Plantões Hospitalares (APH), o que sobrecarrega os servidores. “A gente não tem um fluxo, um desenho de trabalho e todo mundo acaba executando funções que não são as suas”, reclama. Organizar uma rotina de trabalho mais eficiente dentro do HC era uma das promessas da Ebserh. Outra era a de triplicar o número de procedimentos cirúrgicos realizados mensalmente no hospital, de 540 para 1,5 mil. Ao contrário, segundo uma servidora, no último mês o número de cirurgias vem caindo: de 30 no turno da manhã, para apenas 12. Mesmo assim, só são realizadas porque os anestesistas acabam fazendo mais de um procedimento por turno de trabalho. “O que eles [a direção do hospital] alegam é falta de pessoal.” O mesmo discurso serve para justificar a baixa ocupação de leitos dentro do HC. “O que eu vejo é uma meia dúzia de gastos pingados dentro de cada unidade, e muitas camas vazias. A Cirurgia Geral, no oitavo andar, já teve uma única paciente.” Aumentar o número de leitos em funcionamento também era uma das promessas da Ebserh. “Piorou bastante”, constata a servidora. “Já que eles se propuseram a entrar com toda a carga, era para esse hospital estar funcionando a todo vapor. Mas eles só estão pressionando, cobrando. Cadê o lado da Ebserh?”, questiona.

Já os trabalhadores armaram-se de faixas, bandeiras e balões Segue


17 10 | edição setembro 2015

Efeitos colaterais

Propaganda Em 2014, a propaganda da administração falava em colocar em atividade todos os 670 leitos do hospital. Hoje, os próprios veículos de informação da direção divergem, mas estima-se que estejam funcionando entra 250 e 400 leitos. A direção do HC prefere não se manifestar sobre o tema. O Sinditest-PR entrou em contato com a Assessoria de Marketing do hospital e tentou uma entrevista com o superintendente Flavio Tomasich. Inicialmente, ele aceitou responder as perguntas por e-mail. Depois de enviadas, negou-se, sob a justificativa de que ainda “não é o momento” para isso. “Quando, então, vai ser o

Gestão questionada e Sírio-Libanês momento? Quando a Ebserh fizer cinco anos e o HC estiver fechado?”, questiona a diretora do Sinditest-PR Carla Cobalchini. (Veja no quadro desta página as perguntas do Sinditest-PR que a direção do HC não respondeu.) No início deste ano, o presidente da Comissão de Direito à Saúde da OAB-PR, Martim Afonso de Palma, previa que a Ebserh poderia fazer uma gestão “ineficiente e parcial”, se não fosse fiscalizada de perto pela reitoria da UFPR. Ele analisou o contrato de cogestão do HC assinado pelas duas instituições. “O risco se dá se o acompanhamento por parte da UFPR se der de forma frouxa”, disse ele à época.

Um dos pontos mais nebulosos sobre a Ebserh é o convênio de R$ 10 milhões (apenas na primeira etapa) firmado com o Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, a fim de capacitar os gestores dos hospitais universitários. No entanto, a direção do HC se recusou a informar quais têm sido os efeitos práticos desse processo. O modelo de gestão da Ebserh, no entanto, tem sido bastante questionado na Justiça. A última vez foi em agosto deste ano. O Ministério Público Federal do Distrito Federal entrou com uma ação contra a empresa, por ela não dar transparência aos salários dos servidores, conforme manda a lei. Enquanto isso, uma investiga-

ção do mesmo MPF, dessa vez em Minas Gerais, mostrou que pelo menos 35 servidores da empresa recebiam salários sem trabalhar. Há ainda denúncias envolvendo a contratação de servidores e fraude em concurso público, e no Supremo Tribunal Federal (STF) existe uma ação de inconstitucionalidade de autoria da Procuradoria-Geral da República. No site da Ebserh, pode-se ter acesso aos ganhos dos funcionários que recebem função gratificada e tem origem em outros órgãos públicos. Alguns recebem um salário mais alto do que o da presidente da República, que tem renda bruta de 26,7 mil ao mês.

“Ainda não é o momento”

As questões do Sinditest-PR que o superintendente Flávio Tomasich não respondeu 1 A Ebserh formou uma parceria com o Hospital Sírio-Libanês, em tese para melhorar a gestão dos hospitais universitários. O que isso rendeu até agora para o HC da UFPR? Especificamente, o que foi feito de concreto? 2 Recentemente, o Ministério Público Federal entrou com uma ação contra a Ebserh, por falta de transparência na divulgação dos salários dos servidores. Contra a empresa, várias denúncias se acumulam: fraude em concurso público, servidores que recebem sem trabalhar, salários dos altos escalões que chegam a ser maiores do que o da presidente da República. Não é uma contradição que uma empresa criada para melhorar a gestão dos hospitais se comporte dessa maneira? 3 No dia 21 de julho, o HC anunciou o primeiro investimento da era Ebserh. Por que demorou tanto? Por que os aprovados em concurso não estão sendo chamados? 4 Agora, algumas questões de estrutura que a Ebserh previa inicialmente: realização do armazenamento das soluções parenterais de grande volume (soros, ringers, etc.) em áreas climatizadas, cuja previsão para finalização da manutenção era em 15 de fevereiro de 2015; finalização da obra para adequação das áreas climatizadas no almoxarifado, cuja previsão era 28 de fevereiro de 2015; adequação das áreas de armazenagem no almoxarifado e da farmácia central pela Maternidade Vitor Ferreira do Amaral; adequação do número de funcionários, como farmacêuticos e técnicos para a dispensação, segundo padrões da Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde (SBRAFH), tanto para o HC quanto para a Maternidade; adequação das docas de recebimento de produtos; compra de mais equipamentos de refrigeração. Disso tudo, o que foi feito? No caso de ainda não terem sido realizados, por que o atraso, especificamente, em cada caso? 5 Em maio de 2014, a direção do HC garantiu em um informativo que a adesão à Ebserh traria benefícios imediatos ao hospital. Quais foram esses benefícios?

Em 2014 os trabalhadores foram à TV e denunciaram para a população a situação de falta de investimento no HC, que continua mesmo após um ano de EBSERH

6 Em que pé está a elaboração dos planos diretores do HC e da Maternidade Vitor Ferreira do Amaral? 7 Em um informativo de setembro de 2014, o senhor afirma que a aprovação da Ebserh iria propiciar a retomada de serviços médicos suspensos – entre eles transplante de coração e de rim –, o aumento do número mensal de consultas de 30 mil para 80 mil, de cirurgias de 540 para 1,5 mil e de internamentos de 1,3 mil para 2,5 mil. Alguma dessas expansões já começou a acontecer? Como estão os números hoje? 8 Quantos leitos estão funcionando hoje no HC? Existe uma previsão de quando o hospital terá seus 670 leitos ativos? 9

E o setor de psiquiatria e assistência à drogadição, também previsto?

10 Para finalizar: que benefícios a Ebserh trouxe até agora para o Hospital de Clínicas?


edição 17 | 11 setembro 2015

Efeitos colaterais

Pressão: Trabalhadores FUNPAR/HC estão sujeitos a atraso de salário e férias

Atraso no pagamento de contas básicas geram despesas adicionais aos trabalhadores e prejuízos emocionais por Adriana Possan

O

ano de 2014 para a categoria FUNPAR/HC foi de inúmeras batalhas em defesa de seus postos de trabalhos. Nesta trincheira desparelha, havia cerca de 900 trabalhadores, com 20, 25, 30 anos de casa, versus um portentoso plano nacional de privatização dos hospitais universitários. Mesmo após um ano de EBSERH no HC o ambiente continua sendo de batalhas. Desta vez para receber o mínimo esperado por quem trabalha todo santo dia: o pagamento de salário e férias em dia. Em janeiro e em julho deste ano os fundacionais já sentiram os primeiros efeitos da privatização do Hospital de Clínicas, férias e salários e atrasaram. Anteriormente os salários sempre foram depositados no segundo dia útil de cada mês, agora, coincidentemente após a entrada da empresa, o pagamento é feito no quinto dia útil. A direção do Sinditest acredita que esses atrasos frequentes têm como pano de fundo a pressão para que “voluntariamente” os trabalhadores peçam para ser mandados embora. “A sensação é que há uma falta de disposição para manter os fundacionais no HC, enquanto, digamos, temos vida útil ali dentro. O risco das demissões não está sanado e há essa pressão para que a FUNPAR/HC peça a conta”, afirma a diretora Carmen Luiza Moreira. No ano em que a EBSERH foi uma promessa de dezenas de prosperidades, esse efeito não chegou nem para os trabalhadores FUNPAR, nem para os trabalhadores terceirizados, que desde

janeiro já realizaram duas greves por falta de pagamento de salários e benefícios. No caso da FUNPAR, com o prolongamento do pagamento para o quinto dia útil, o recebimento só ocorre no dia 06, 07, 08 ou 09, dependendo do mês, e isso acaba prejudicando as contas. Além de contas básicas domésticas, tem o crediário, mas segundo Carmen o maior problema é com o boleto do plano de saúde, que cai todo dia 05 de cada mês. “As pessoas têm prejuízos e pagam os juros dessas contas”. A orientação é de que os trabalhadores afetados pelos atrasos procurem o Sinditest para ingressar com medidas judiciais. “No nosso entendimento não existe justificativa pelos atrasos porque o contrato da FUNPAR não é restrito ao repasse do governo, ela possui convênios que geram arrecadação considerável”, resguarda Josimeri Paixão, da assessoria jurídica. “Alegar que não tem dinheiro é uma mentira”, reforçou Carmen. Fora os atrasos de pagamento, instalação do ponto eletrônico e o aumento de assédio moral, agora praticado pela chefia da EBSERH, desde que a empresa começou a se entranhar no HC as assembleias dos trabalhadores não estão mais acontecendo nas dependências do hospital. No ano passado o sindicato denunciou sistematicamente que a Ação Civil Pública das demissões, por anos adormecida, foi utilizada pelo poder público (MEC, Ministério Público do Trabalho, Justiça Federal e UFPR) como instrumento para aprovação da EBSERH no COUN. Os trabalhadores avaliam que a negativa de salas para reuniões é uma retaliação à luta contra a privatização do hospital.

Os trabalhadores Funpar/HC participaram de todas as batalhas contra a Ebserh em 2014, em defesa de seus empregos e do SUS 100% público


17 12 | edição setembro 2015

Lazer

Aposentados (as) do Sinditest visitam a histórica Lapa Em um dia inteiro de passeio o grupo conheceu os principais pontos turísticos da cidade

por Adriana Possan

O

s aposentados do Sinditest viajaram para o município da Lapa no dia 19 de agosto, a maioria pela primeira vez. No passeio o grupo fez uma visita guiada passando pelos pontos turísticos e históricos da cidade. Cerca de 50 pessoas participaram da atividade, que se prolongou por todo o dia e contou com a apreciação de comidas típicas da cidade.A atividade foi organizada pelo Grupo de Trabalho de Aposentados do Sinditest. A excursão foi acompanhada por guias do projeto de extensão Monumento em Movimento desde a saída de Curitiba, mostrando curiosidades da história de todas as cidades do trajeto até chegar à Lapa. “Em todos os locais em que nós estivemos, fomos acompanhados por guias, foi muito bom”, conta João Gonçalves Simões, da direção do sindicato. Dentre os muitos locais em que passaram, a aposentada Glaci Terezinha Schluga destacou a Casa Lacerda, construída em 1842, onde o que mais chamou a atenção foi o contato com objetos antigos, que datam da chegada da energia elétrica nas residências. No Theatro São João, em que Dom Pedro II

O pessoal gostou muito do passeio, os guias nos atenderam maravilhosamente bem, agradecemos muito também o apoio do sindicato Glaci Terezinha Schluga, aposentada

A maioria não conhecia a cidade, muitos gostariam de conhecer a Gruta do Monge. Dizem que se fizer um pedido, esse pedido é atendido. Isso as pessoas mais religiosas prezam muito João Gonçalves Simões, diretor do Sinditest

foi recebido em 1880, o grupo assistiu a um vídeo sobre a história do local, conheceu o interior do prédio, os camarotes e os equipamentos que usavam na época. Seja no Museu do Tropeiro, seja na entrada da cidade no Monumento ao Tropeiro, feito pelo artista paranaense Poty Lazarotto, ou na comida típica regional, oferecida em estabelecimentos da Lapa, o grupo observou a forte marca deixada pelo tropeirismo. No cardápio os aposentados puderam provar canjiquinha, feijão tropeiro (chamado de tutu), macarrão caseiro, ovo frito, dobradinha, frango de panela e ainda, a exclusiva coxinha de farofa de frango dos lapeanos. Segundo João, o grupo de aposentados voltou renovado do passeio e planeja novas excursões até o final do ano. “Nós vamos definir no dia 02 de setembro a data do passeio à Antonina, cidade histórica. Talvez também façamos uma viagem para Itapoá, em Santa Catarina”. As reuniões do GT de Aposentados acontecem toda primeira quarta-feira do mês, às 14 horas, na Sede Social do sindicato. Em Setembro, além da data da viagem, a reunião trará informes locais e nacionais sobre a greve dos servidores.

Conhecendo a Lapa O grupo visitou o Parque Estadual do Monge (Gruta do Monge), Santuário São Benedito, Museu das Armas, os monumentos da Praça General Carneiro, Igreja Matriz, Casa Lacerda, Theatro São João, Museu Histórico, Casa da Memória e Panteon dos Heroes. Os visitantes também conheceram o artesanato e a comida típica lapeana.

O grupo foi à Gruta do Monge, curan deiro popular conhecido como São João Mari a

A comida típica, herança dos tropeiros, é uma das atrações da Lapa

Grupo assiste vídeo da história do Theatro São João Visita ao Parque Estadual do Monge


edição 17 | 13 setembro 2015

Entrevista

“Há medo e falta de esclarecimento”

Anderson Gomes fala sobre a LGBT-fobia e o combate às opressões em sintonia com a luta do movimento sindical

por Adriana Possan

A

nderson Spier Gomes atua como tradutor e intérprete de Libras na UFPR, mas seu ofício vai além dos limites da universidade. Desde 2009 ele participa da parada LGBT de Curitiba, fazendo traduções simultâneas para o público. Atualmente é diretor de eventos do Departamento de Direto à Diversidade e Combate às Opressões da Escola de Samba Império Real de Colombo. Anderson também participa como voluntário da APPAD [Associação Paranaense da Parada da Diversidade] e Dom da Terra Afro LGBT [Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transsexuais]. Aqui ele fala sobre a luta LGBT pela igualdade de direitos e contra as opressões, alinhadas com a luta sindical.

A mesa de Combate às Opressões trouxe que horizontes para a luta? Eu acredito que é o primeiro passo. A gente já tem o combate às opressões dentro do sindicato, isso começou com o Movimento Mulheres em Luta. Acredito que a gente tem que unir todos os movimentos, tem que ter unidade na luta e reconhecimento nas especificidades. A gente tem no horizonte agora a questão do estatuto novo, em que existe uma secretaria de combate às opressões, prevendo o combate ao machismo, racismo e LGBT-fobia. Com a mesa, a gente conseguiu ter uma primeira discussão sobre LGBT-fobia antes de o estatuto entrar em vigor, acho isso ótimo, principalmente pros servidores técnicos administrativos saberem que podem contar com o sindicato, porque as opressões que a gente sofre no ambiente dos trabalho são terríveis.

Adriana Possan

É sintomática a falta de aproximação da comunidade nessas discussões? Sim, eu vejo uma resistência. A rotulação é um problema. As pessoas acham que se estiverem num grupo LGBT podem ser taxadas. Eu me misturo com todos os tipos de pessoa e não necessariamente sou uma delas. Há medo, falta de esclarecimento. Quanto menos

opressão tiver melhor vai ser o ambiente. É o que foi colocado na mesa, a união de todos esses grupos que lutam pelo combate às opressões é que vai fazer a diferença. Qual o papel do sindicato neste processo? Essencial. O sindicato tem tomado posição e isso tem que continuar sendo uma política sindical para que outros espaços de discussão possam acontecer, seja num momento paredista ou não. O estado está preparado para acolher a denúncias de violência contra as/os LGBT? Existe falta de esclarecimento quanto à questão mínimas de identidade de gênero e orientação sexual. São duas coisas que você fala e 80% da população desconhece. Quando foi para lançar o Brasil Sem Homofobia (“Kit Gay”), isso poderia ajudar a começar disseminar a questão na escola, mas foi tido como estar ensinando as crianças a ser LGBT, e ninguém ensina ninguém a ser LGBT, a pessoa é. Essa falta de esclarecimento eu acho que é pior, contribui para a violência e intolerância. E como fazer o enfrentamento à violência contra a população LGBT? A principal defesa hoje da comunidade LGBT como um todo é a criminalização da homofobia. Eu acredito que no começo deva ser isso, mas não acredito que essa seja a causa. Não acredito nunca num estado repressivo como um todo. O que tem que aumentar é a educação, aí nós teremos uma diminuição das desigualdades sociais e da violência.

Com a mesa (de Combate às Opressões), a gente conseguiu ter uma primeira discussão sobre LGBT-fobia antes de o estatuto entrar em vigor, acho isso ótimo, principalmente pros servidores técnicos administrativos saberem que podem contar com o sindicato


17 14 | edição setembro 2015

FORMAÇÃO

Solidariedade de classe vs. xenofobia O filme “Samba”: entendendo o drama da imigração por Márcio Palmares

O

drama dos imigrantes na Europa não sai do noticiário. Milhões de pessoas tentam chegar aos países ricos da Europa para conseguir trabalho, meios de subsistência. Em geral, são refugiados, expulsos de suas terras por guerras ou pela miséria e pelo colapso social e econômico em que seus países se encontram. As “nações ricas” para onde afluem os imigrantes têm responsabilidade nisso, tanto pelos conflitos militares no Norte da África e no Oriente Médio quanto pela condição em que deixaram suas antigas colônias, principalmente na África, após explorá-las por séculos a fio. Embora tentem restringir a imigração, a presença de imigrantes na Europa é um excelente negócio para a burguesia de lá. Acontece que os imigrantes trabalham muito e recebem muito pouco, quase nada. Não possuem direitos. Não possuem assistência social. São escravos contemporâneos. Não vivem presos ao cativeiro, mas são prisioneiros de condições sociais terríveis. Devido aos preconceitos, à xenofobia (o ódio contra imigrantes), devido à opressão que sofrem, às perseguições policiais, acabam se sujeitando às condições mais penosas, degradantes, desumanas: os salários descem então a patamares baixíssimos, e, consequentemente, os lucros dos empresários crescem exponencialmente. A imigração é um excelente negócio para os capitalistas de qualquer país. Essa realidade é retratada no filme francês “Samba”, de 2014, dirigido pela dupla Eric Toledano e Olivier Nakache. “Samba” é o nome de um imigrante senegalês (Omar Sy), que vive na França, subempregado, até ser capturado pela polícia. Após a primeira prisão, toma contato com Alice (Charlotte Gainsbourg), uma francesa que decide fazer terapia numa ONG que auxilia imigrantes.

Imigração no Brasil: o drama dos haitianos

Os atores Tahar Rahim e Omar Sy interpretam a vida dos imigrantes na França

A primeira palavra de ordem da xenofobia é sempre a velha acusação: “Estão roubando nossos empregos!” Em Curitiba, não se houve ninguém reclamar dos poloneses, dos italianos, dos alemães, dos ucranianos, dos japoneses e de outras comunidades que se estabeleceram aqui, há várias décadas. Não há italianos ou seus descendentes empregados em Curitiba? Não há poloneses ou seus descendentes empregados em Curitiba? Alemães? Ucranianos? Por que se preocupar então com os haitianos? Qual é a diferença entre alemães, ucranianos, poloneses e haitianos? Na própria pergunta percebemos imediatamente que o racismo é o ingrediente fundamental da xenofobia. O ódio contra os haitianos é uma mistura de ódio racial contra os negros e ódio de classe contra os pobres. Note-se: as comunidades “brancas” oriundas dos países “ricos” da Europa que se estabeleceram em nosso país fugiam, em geral, dos efeitos de guerras que o Brasil não havia provocado e nas quais participara apenas como tímido coad-


edição 17 | 15 setembro 2015

A “Igreja do Glicério”, na região central de São Paulo, onde ocorreu o atentado do dia 1º de agosto, com ao menos 5 feridos e um assassinado

juvante. Mas no caso do Haiti é diferente. Há uma guerra em curso no Haiti, uma guerra social, de invasores contra o povo nativo. O Haiti foi invadido em 2004 por forças militares estrangeiras, à frente das quais estava o Exército Brasileiro. O motivo? Reprimir o povo haitiano, sufocar revoltas, conter rebeliões, para forçar esse povo a se sujeitar ao trabalho em condições análogas à escravidão nas “zonas francas” —complexos industriais de empresas estrangeiras—, que pagam “salários” de fome (literalmente) aos haitianos e vendem os produtos produzidos por eles nos EUA. Detalhe mórbido: um dos principais ramos dessas zonas francas é o têxtil. E quem tinha interesses no Haiti no momento em que o Brasil invadiu o país? O falecido ex-presidente José Alencar, dono da “Coteminas”. Ao invadir uma nação pobre, para explorar seu povo a serviço dos capitalistas brasileiros e das multinacionais norte-americanas, Lula e o PT cometeram a mais horrível traição que poderiam ter praticado ao chegar ao poder. A História do Brasil e a da classe trabalhadora brasileira não se livrarão jamais dessa vergonha.

to pobres, como nós. Sentem-se, por isso, irmanados com o povo brasileiro (apesar do crime imperdoável que o Brasil cometeu ao invadir o país deles). Qualquer ato arbitrário de violência contra seres humanos é, por si mesmo, condenável. Mas à luz do contexto explicado acima, os atentados contra haitianos que ocorreram em São Paulo e em Curitiba são ainda mais monstruosos e cruéis. Na base dessas ações está a semente do fascismo. O fascismo nutre-se igualmente do racismo e da xenofobia. E a História já nos mostrou que o monstro fascista pode crescer e se tornar incontrolável. É preciso, portanto, matá-lo no ninho. E para combater suas ações políticas, por ora marginais e episódicas, precisamos conhecer a realidade dos imigrantes, o drama da imigração, para que possamos ser solidários. O filme “Samba” é um bom primeiro passo nesse sentido.

Fugindo do inferno Por conta do terror instaurado pela invasão militar (as tropas invasoras praticam assassinatos, estupros em grande escala, torturas, fuzilamentos), por conta da miséria e das consequências devastadoras do terremoto de 2010, os haitianos estão sendo obrigados a deixar seu país. E muitos deles estão vindo para o Brasil, porque gostam do Brasil e dos brasileiros. Venderam a eles a imagem de um país miscigenado, onde não existe racismo, onde as pessoas são solidárias. Os haitianos também gostam muito de futebol, e também são mui-

“Nenhuma pátria me pariu” O patriotismo é uma ideologia moderna, recente, produto dos Estados Nacionais criados no alvorecer do capitalismo. O patriotismo é a ideologia mais assassina conhecida pela História. Nenhuma outra causou tantas mortes (Primeira e Segunda Guerra Mundial, por exemplo). Não devemos nos render ao patriotismo. Nós, trabalhadores, não temos pátria. Somos explorados pelos capitalistas em qualquer parte do mundo. Somos uma única e mesma classe social, em qualquer país. Devemos nos unir aos imigrantes, pois são nossos irmãos trabalhadores. Juntos, devemos combater a exploração capitalista. Só assim construiremos um mundo livre de opressão, de injustiças, de exploração, de misérias e sofrimentos.

“Nativa o extrangera, la misma clase obrera!” A CSP-Conlutas desenvolve há vários anos campanhas pela retirada das tropas brasileiras do Haiti. Em diversas ocasiões, delegações da CSP-Conlutas visitaram o território haitiano, prestando solidariedade ao povo daquele país e exigindo das autoridades locais que registrassem o protesto da Central contra a invasão promovida pelas forças da ONU, lideradas pelo Exército Brasileiro. Atualmente, a União Social dos Imigrantes Haitianos (U.S.H.I.) de São Paulo é filiada à CSP-Conlutas. Em conjunto, a U.S.H.I. e a Central trabalham para organizar os imigrantes, conscientizar a população e promover ações de ajuda mútua e

solidariedade de classe. No dia 1° de agosto desse ano, houve um atentado contra haitianos em São Paulo, que deixou cinco feridos e um morto. Homens armados atacaram os trabalhadores haitianos que estavam em frente à Igreja do Glicério. Em Curitiba ocorreram outros dois assassinatos. O Sinditest-PR e a CSP-Conlutas reunirão esforços para apoiar e prestar solidariedade aos haitianos em Curitiba. Se você conhece trabalhadores haitianos que necessitam de apoio ou estejam em situação de risco ou vítimas de preconceito ou ameaças, avise-os para que procurem a CSP-Conlutas, através do Sinditest-PR.

Fundação da União Social dos Imigrantes Haitianos (U.S.H.I), que na mesma ocasião filiou-se à CSP-Conlutas, em 1º de fevereiro de 2015


17 16 | edição setembro 2015

Luta de classes

Csp Convoca: Marcha dos Trabalhadores e Trabalhadoras no dia 18/09 Contra a crise que castiga a classe e a polarização política que não representa a classe, a marcha deve impulsionar um terceiro campo de luta

por Adriana Possan

A

resolução da última reunião da Coordenação Nacional da CSPConlutas, ocorrida de 21 a 23 de agosto, não deixa dúvidas sobre a necessidade de construção de uma alternativa que atenda aos anseios dos (as) trabalhadores (as). Está programada para o dia 18 de setembro a marcha que disputará um terceiro campo para se contrapor ao que a central configura como blocos burgueses: o do governo PT-PMDB e o bloco capitaneado pelo PSDB. O Sinditest participou da reunião e compôs o GT dos Servidores Públicos Federais. Assim como os técnicos, demais categorias que fazem parte o Fórum dos SPF’s, diante do processo de negociação inviabilizado pelo governo, irão se somar no dia 18 a outras categorias, como a dos metalúrgicos, garis, movimentos populares, entre outros, acertando o passo para a greve geral no país. Na assembleia de greve, em 25 de agosto, os servidores técnicos administrativos da base do Sinditest aprovaram a ida à manifestação em São Paulo. “Na macha vamos unificar as classes, não é só o servidor público, terão outras categorias e também os movimentos sociais e populares em um grande ato. A solução que a gente vê é essa, unificar e fortalecer o movimento para obter vitórias”, conta a diretora Rufina Rodrigues, que esteve presente na reunião da CSP. A macha vem sendo construída nos estados e municípios, nas escolas, locais de trabalho, em bairros populares e movimentos sociais.

Vivemos um cenário de guerra social contra os trabalhadores e o povo pobre Trecho da resolução da CSP-Conlutas Trabalhadores da GM aprovam acordo para cancelamento de 800 demissões, no entanto a greve segue e pedem apoio da CSP

Carla Colbalchini foi uma das representantes do Sinditest na reunião da CSP. Na votação da nova Secretaria Executiva Nacional (gestão 2015/2017), Carla foi eleita para compor o grupo

Nós vamos fazer esforços pra estar presente na manifestação. Já discutimos na base a importância do terceiro campo para os trabalhadores Rufina Roldan Rodrigues, diretora do Sinditest

A marcha será dos trabalhadores. Nem de direita, nem governista. A classe trabalhadora deve trilhar seus próprios passos, por isso a construção da manifestação no dia 18 de setembro em São Paulo. Vamos colocar peso nas ruas para preparar os trabalhadores pra uma possível greve geral no país Rufina Roldan Rodrigues, diretora do Sinditest

Os lutadores da GM Em agosto deste ano, após 12 dias de greve, cerca de quatro mil trabalhadores da GM de São José dos Campos (SP) conseguiram reverter 800 demissões. A categoria esteve na reunião para pedir apoio à greve, pois ainda segue ameaçada. O grupo declarou não apoiar nem a direita, nem o governo Dilma, rechaçando as participações nos atos de 16 e 20 de agosto. “Precisamos colocar 20 mil pessoas no dia 18 de setembro e libertar a classe operária do jogo desse liberalismo dirigido por uma esquerda que faz o jogo da direita”, declarou Ubiraci Dantas de Oliveira, presidente da Central Sindical CGTB.

Grupo rechaçou a proposta do governo federal de reposição salarial plurianual. Servidores se empenharão na construção da greve geral, junto com os demais trabalhadores


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