Artium 5

Page 1

EDIÇÃO. 05

rtium ESPECIAL

ARQUITETURA E DECORAÇÃO

MAGDA TORRES GURZA

Bibiana Menegaz Ediane Tramujas

A pintora hiper-realista Mexicana

A R T I ENTREVISTASU Gislaine Tourinho M

COLUNISTAS Alexia Nascimento Alfredo Attié Bruna Bittencourt Cybele Carvalho Priscila Goldenberg

Márcia Calmon

1


Í N D I C E

ÍNDICE

ARQUITETURA E DECORAÇÃO Bibiana Menegaz

20

ARQUITETURA E DECORAÇÃO Ediane Tramujas

36

CULINÁRIA Bruna Bitte)ncourt

40

ALEXIA MEDITATION SEAT Alexia Nascimento

42

ENTREVISTA Gislaine Tourinho

56

ENTREVISTA Márcia Calmon

66

ESPECIAL Magda Torres Gurza

78

PSICOLOGIA Por: Cybele de Carvalho

08

A R T I U M

2

80

TRANSFORMAÇÕES DO HUMANO Por: Alfredo Attié

92

UNIVERSO INFANTIL Por: Priscila Goldenberg


ร N D I C E

Capa: Magda Torres Gurza Foto: Paulina Chรกvez

A R T I U M 3


E D I T O R I A L

Diretor de redação Mihail Dudcoschi revistaartium@gmail.com

Editorial

Comercial RM EDITORES Projeto gráfico Mihail Dudcoschi

O editor.

Diagramação RM EDITORES Assessoria Cristina Moreira Revisão Regina Machado Fotografia Carla Z. Segatto Distribuição RM Editores Periodicidade Mensal Impressão e acabamento RM Editores Assesoria juridica Dr. Manoel Francisco Martins de Paula Telefone: (41) 3323-41-94 Revista Artium é editada pela RM Editores Rua: Leônidas Xavier de Freitas, 183 casa 02 Bairro: Pilarzinho CEP 82.115-040 Curitiba - Paraná (41) 3335-84-24 Celular (41) 9-9265-29-32 www.revistaartium.com.br revistaartium@gmail.com

A R T I U M 4


Capitonate

A R T I U M 5


Cadeiras

Luiz Felipe 1

A R T I U M

DIAMANTE

VERGARA

NICE GROSS (2)

6


Capitonate

Poltronas

LISBOA

BARCELONA

FIRENZE CC

HUG (41) 9-9282-66-82 7

A R T I U M


A R Q U I T E T U R A

Apartamento de 130 m²

Arquiteta Bibiana Menegaz

Porto Alegre Fotos: Marcelo Donadussi

e D E C O R A Ç Ã O

A R T I U M 8


A R Q U I T E T U R A e D E C O R A Ç Ã O

A R T I U M 9


A R Q U I T E T U R A

O maior desafio da arquiteta foi transformar o imóvel dos anos 80 com linguagem contemporânea, adequada ao perfil do cliente: jovem pi

A proposta era injetar estilo sem exageros, inserir personalidade. O lista, com o lifestyle urbano e aconchegante que o morador sonhava.

e D E C O R A Ç Ã O

A R T I U M 10


0, no bairro Bom Fim em Porto Alegre, de 130 m², em um apartamento iloto, solteiro, bem-sucedido e que viaja muito.

O conceito almejado era o luxo contemporâneo, uma atmosfera minima-

A R Q U I T E T U R A e D E C O R A Ç Ã O

A R T I U M 11


A R Q U I T E T U R A e D E C O R A Ç Ã O

A R T I U M

O design possui linhas retas e o mobiliário foi escolhido para oferecer conforto. O projeto tem decor sóbrio, tanto em relação às cores quanto às formas, monocromático em tons de preto, madeira e cinza – cor essa utilizada para colorir as paredes do living, pilares e lajes, como também o tapete e os estofados que dão conforto ao espaço. Acabamentos de alto padrão - evidenciado através do tampo em Corian cinza (Deep Mink) com cuba usinada - e a entrada de luz natural são pontos marcantes.

os amigos para conversar e tomar um vinho enquanto prepara a refeição. Atrás da ilha, um móvel alto em melamina preta oculta diversos armários e a passagem para a área de serviço. Ambiente muito claro, pensado para muitos armários e ampla bancada, harmonizando com toda a casa, através de linhas minimalistas e com o tanque esculpido no granito.

Para deixar tudo ainda mais interessante, foram instaladas, entre as vigas do teto, diferentes tipos de forros - que parecem flutuar onde a laje pintada de cinza valoriza a composição - e a luminotécnica, com luz tanto ambiente quanto de galeria, criando uma variedade de atmosferas. As banquetas altas ficam entre a sala e a cozinha e é onde o morador recebe 12


A R Q U I T E T U R A e D E C O R A Ç Ã O

A R T I U M 13


A R Q U I T E T U R A e D E C O R A Ç Ã O

Nos banheiros o tom de cinza do porcelanato em contraste com o branco e a madeira valoriza o espaço. O acabamento unificado no piso e nas paredes do box contribui para a sensação de espaço maior. A iluminação nos espelhos incrementam o ar minimalista e intimista dos ambientes. O uso de blocos únicos e usinados em silestone branco para as cubas dos banheiros expressa a so-

fisticação nos detalhes puros e simples. A decoração por meio de formas geométricas complementam a atmosfera minimalista e atemporal em todos os ambientes. Na parte íntima o décor salienta e uniformiza o conceito de todos os espaços: elementar, sóbrio e aconchegante.

A R T I U M 14


A R Q U I T E T U R A e D E C O R A Ç Ã O

A R T I U M 15


A R Q U I T E T U R A e D E C O R A Ç Ã O

A R T I U M 16


A R Q U I T E T U R A e D E C O R A Ç Ã O

A R T I U M 17


A R Q U I T E T U R A

Bibiana Menegaz

e D E C O R A Ç Ã O

A R T I U M

A Arquiteta Bibiana Menegaz, formada pela UFRGS, tem em seu currículo vasta experiência de trabalhos desenvolvidos em renomados escritórios, passando por diversas áreas de atuação da arquitetura, pensando e executando projetos. Ao nal da faculdade, se descobriu muito interessada em hotéis, tanto que seu projeto nal de graduação, um Ecoresort na cidade de Barra do Ribeiro, lhe proporcionou uma bolsa de estudos junto a Politécnica de Milão, onde cursou uma especialização intensiva em Design de Hotéis. Lá, teve a oportunidade de conhecer diversos hotéis da Europa e realizou um projeto através da Poli. Desing Consórcio da Politécica de Milão, apresentado ela escola na Feira Cersaie, em Bologna. Arq. Bibiana Menegaz CAU A85201-5 +55 51 9.9237.8283 www.bibianamenegaz.arq.br 18


Esquadrias de Madeira JES Com a experiência de quem está hà 35 anos no mercado, a ESQUADRIAS DE MADEIRA JES LTDA, utiliza matéria prima de qualidade, madeiras de itauba, jequitibá rosa e Louro, com certificação e com tempo correto de secagem, na fabricação de suas esquadrias.

delo, sob encomenda, das portas mais simples as mais sofisticadas e modernas. Portas de correr, portas mão amiga, portas janelas, portas pivotantes, portas camarão. Fabricamos todos os modelos de janelas, Retas, arco, de canto, bay window, janelas modelos antigos de tombamento histórico e janelas modernas com ou sem veneziana, de abrir, correr ou guilhotina, mansardas, máximo ar ou basculantes, com diferentes modelos para a colocação de vidros.

Usamos como diferencial em nossas fabricações estruturas espigadas na montagem das peças, o que confere maior firmeza, estabilidade e durabilidade nas esquadrias e cortes de caída d’agua para drenagem nas soleiras das janelas. O acabamento final de nossas esquadrias são feitos manualmente, deixando prontos para a pintura ou verniz.

Nossos funcionários são altamente qualificados, possuindo conhecimento e experiência construídos em conjunto com a empresa.

Fabricamos sob medida e em qualquer mo-

Foto Hostel Matilda

Esquadrias de Madeira JES Rodovia da Uva, 3772, km 5 - Jardim Arapongas Colombo - PR pelos telefones (41) 3621-38-39 e (41) 3621-14-40 - www.esquadriasjes.com.br esquadriasjes@esquadriasjes.com.br

19

A R T I U M


A R Q U I T E T U R A

Apartament

Arquiteta Edi

Balneário Ca Fotos: Nenad

e D E C O R A Ç Ã O

A R T I U M 20


nto de 154m

2

iane Tramujas

aiobá Paraná Radovanovic

A R Q U I T E T U R A e D E C O R A Ç Ã O

A R T I U M 21


A R Q U I T E T U R A

Este projeto trata-se de um apartamento de 154m2 localizado no Balneário de Caiobá/Pr, onde o principal desejo do casal, era que seus filhos pudessem usufruir dos cômodos com total liberdade. Para isso, deixamos o máximo de circulação possível, utilizamos tons claros e neutros e uma iluminação bem resolvida a fim de dar amplitude ao ambiente.

e D E C O R A Ç Ã O

A R T I U M 22


A R Q U I T E T U R A e D E C O R A Ç Ã O

A R T I U M 23


A R Q U I T E T U R A e D E C O R A Ç Ã O

A R T I U M 24


A R Q U I T E T U R A

Os tons de madeira natural foram utilizados pontualmente para gerar o conforto necessário! Nos acentos das cadeiras e no sofá da sala o tom de cinza foi usado com objetivo de facilitar a limpeza e mais uma vez não restringir as crianças! O painel claro reveste toda parede da sala, o espelho duplica a sala de jantar e as portas revestidas com espelho, logo acima da cervejeira e adega, abrigam taças e utensílio de forma leve e camuflada.

e D E C O R A Ç Ã O

A R T I U M 25


A R Q U I T E T U R A

O tapete chevron em tons neutros delimita o espaço da sala de TV e trás conforto. Na sacada que tem vista para o mar, a mesa alta serve como apoio para a churrasqueira e o sofá deliciosamente confortável proporciona o convívio da família. O hall de entrada é um charme, com um aparador na medida certa, espelhos e pendentes recepciona muito bem os convidados.

e D E C O R A Ç Ã O

A R T I U M 26


A R Q U I T E T U R A e D E C O R A Ç Ã O

A R T I U M 27


A R Q U I T E T U R A e D E C O R A Ç Ã O

A R T I U M 28


A R Q U I T E T U R A e D E C O R A Ç Ã O

A R T I U M 29


A R Q U I T E T U R A e D E C O R A Ç Ã O

A R T I U M 30


A R Q U I T E T U R A e D E C O R A Ç Ã O

A R T I U M 31


A R Q U I T E T U R A

No quarto do casal, foi usado cinza escuro, o painel em frente à cama abriga a TV e uma pequena área de trabalho. Os outros dois quartos são destinados às crianças, seguem com o madeirado claro, um dos quartos com beliche e outro com bicama no caso de receber convidados, sempre seguindo a proposta clean de fácil manutenção afinal é uma casa de férias.

e D E C O R A Ç Ã O

A R T I U M 32


A R Q U I T E T U R A e D E C O R A Ç Ã O

A R T I U M 33


A R Q U I T E T U R A e D E C O R A Ç Ăƒ O

Ediane F. Tramujas Resende Fone: (41) 9-9953-28-43 E-mail: ediane@edianetramujas.com.br Site: http://www.edianetramujas.com.br

A R T I U M 34


Capitonate

A R T I U M

(41) 9-9282-66-82 35


C U L I N Á R I A

A R T I U M

Mignon Flambado ao Molho de Cognac: Confira a receita. Sabe aquele prato digno de restaurante? Esse mignon flambado ao molho de cognac é um deles! A única parte mais delicada no preparo dessa receita é flambar a carne. Tomando o devido cuidado com essa etapa, você terá um prato que é sucesso garantido e muito fácil de fazer.

Tenho certeza que vai ser um carro chef na sua casa como é na minha!

Medalhão de Mignon Flambado ao Molho de Cognac

36


Ingredientes: 600g de filé mignon cortado em medalhões altos 6 dentes de alho amassados com a casca Ervas: raminhos de alecrim, tomilho e folhas de sálvia Um fio de azeite de oliva 1 copo (250ml) de cognac não muito cheio 1 pote de creme de leite fresco ou nata (300g) Sal e pimenta do reino a gosto Palitos de Fósforo Bruna Bittecourt

C U L I N Á R I A

A R T I U M 37


C U L I N Á R I A

Modo de Preparo: Algumas horas antes tempere a carne com o alho, as ervas, um fio de azeite de oliva e pimenta do reino, como na foto anterior. Passe por um plástico filme e reserve na geladeira. tro!

É sempre bom aromatizar a carne com ervas e dentes de alho. O resultado final é ou-

Retire a carne da geladeira 20 minutos antes de começar a grelhar.

Esquente muito bem uma frigideira funda ou panela antiaderente. Sele os medalhões dos dois lados: para isso, basta colocar na frigideira bem e virar apenas quando o lado de baixo estiver com uma crostinha bem dourada. Coloque os temperos por cima enquanto estiver selando. Geralmente eu não uso óleo ou manteiga nessa etapa, mas se preferir usar fique a vontade! Após selar todos os medalhões, adicione o sal, retire as ervas, e as cascas do alho, deixando apenas a carne e o alho descascado na panela. Tire a panela do fogão e adicione com cuidado o cognac. Volte para cima do fogão e jogue um palito de fósforo aceso para levantar a chama (é bem alta, tá?!). Em alguns segundos ela vai diminuir e se apagar sozinha. Caso isso não aconteça, basta colocar uma tampa por cima e a chama se apagará. Retire o mignon para que não passe do ponto e mantenha o alho (sem as cascas) na panela. Em fogo alto, deixe o cognac borbulhar por alguns segundos e adicione a nata. Deixe borbulhar por cerca de 5 minutos até que o molho fique com um ponto encorpado, mexendo de vez em quando com uma espátula. Regule o sal, pimenta do reino e adicione uma pitada de noz moscada no molho. Volte o mignon para a frigideira, ou o molho para a travessa do mignon e está pronto para servir! Dicas: É muito importante mesmo tirar a panela do fogo na hora de colocar o cognac. Pois caso derrube cognac no seu fogão uma chama muito alta vai subir. Então tira do fogão para colocar, e volta rapidinho para o fogão para acender, ok?

A R T I U M

No dia dos namorados eu servi o mignon com uma massa de queijos que encomendei. Você pode servir com uma massa, ou batata gratinada com queijo, que combina muito bem, ou até mesmo arroz branco com batata palha. Ah, se quiser assistir essa receita em vídeo, acesse o Canal do YouTube Na Cozinha da Bruninha.

Um beijo e até a próxima receita Bruna.

38


A L E X I A N A S C I M E N T O

A R T I U M 39


A L E X I A N A S C I M E N T O

Como a meditação pod bém pode ajudar contra o envelhecimento. “A cognição parece ser preservada em meditadores”, diz Sara Lazar, pesquisadora da Harvard University.

A meditação é uma prática milenar que cada vez mais vem se tornando comum nos dias de hoje. Mas o que é exatamente meditar? Segundo wikipédia, “a meditação é uma prática que, através de um conjunto de técnicas, busca treinar a focalização da atenção e é uma prática também muito usada por religiões e tradições orientais. Meditar tem origem no latim Medere, que significa, curar, tratar, dar atenção a”.

A pesquisadora, Elizabeth Hoge, fez um estudo que mostrou que os meditadores também têm telômeros mais longos, os limites dos cromossomos indicativos de idade biológica (e não cronológica). Isso significa que a meditação prolonga a vida dos meditadores, porque reduz o stress e seus efeitos no corpo.

Por parecer estar vinculada a yoga, religião e outras muitas doutrinas, a meditação pode ainda assustar muita gente.

Uma forma simples de começar a prática de meditação é procurar um local calmo para sentar, tentar manter a postura ereta, tente encontrar uma posição bem confortável, deixando todo o corpo relaxado.

Mas ao contrário do que muitos pensam, a meditação é uma técnica muito simples de ser praticada podendo estar associada, mas sem necessariamente ter ligação direta com religiões e doutrinas orientais.

As músicas de meditação são muito bem vindas, ajudam a relaxar e podem ser usadas sempre que precisar. Programe-se para não ser interrompido nesse intervalo de tempo.

Nos Estados Unidos, já podemos encontrar vários locais destinados exclusivamente a meditação profunda, ou também podemos chamar de “mindfulness”, que significa, atenção plena ou mesmo consciência pura. Essa prática de meditação consiste em focar na respiração, aos sons e ao momento presente.

A R T I U M

Comece com a respiração, conte oito vezes e para cada uma, respire fundo e solte o ar contando até seis pelas narinas. Foque sua atenção no ar que entra e sai calmamente. Muitos pensamentos de todos os tipos irão vir nesse instante, não brigue com eles, apenas os reconheça e os coloque de lado, dando atenção à respiração novamente.

Vários estudos científicos nas universidades, como, Harvard, Michigan University, vem demonstrando os vários benefícios da prática de meditação, como, por exemplo, a melhora no sono, redução no stress, aumento da concentração, redução de dores, e até curas.

Fique concentrado na respiração o máximo de tempo que puder e para começar a praticar, cinco a dez minutos diários já serão suficientes para criar um hábito

Na Universidade de Harvard, estudos demonstraram que a meditação tam-

40


de melhorar sua vida e aos poucos ir aumentando o tempo e as tÊcnicas mais avançadas. Alexia Nascimento.

A L E X I A N A S C I M E N T O

A R T I U M 41


Foto: Gerson Lima

E N T R E V I S T A

A R T I U M

Gislaine Tourinho 42


pou como palestrante convidada na Semana do Design na UniAndrade.

A arquiteta Gislaine Bezerra Souza Tourinho formada pela PUC-PR, com pós-graduação em Engenharia de Segurança pela UFPR e Pós-Graduação em Gestão e Moda pelo SENAI/PR, cursos nas áreas de estilo, produção de moda, vitrinismo, joalheria e desenho livre no Museu Guido Viaro. Premiada em 2013 em Milão na categoria Luxo por Menos na Mostra Morar Mais a nível Brasil. Atuando nas diversas áreas de arquitetura, interiores, design e produção de eventos. Desenvolve projetos residenciais e corporativos tanto no desenvolvimento de projetos arquitetônicos, como projetos de reforma e interiores. Atua na cidade de Curitiba e em outras cidades. Presente em Mostras de arquitetura e participação em publicações de revistas, livros, artigos em Congresso, e programas de TV divulgando o seu trabalho. Já desenvolveu conteúdo para o blog Brasil Fashion, ministrou aulas no Centro Europeu no curso de Design de Moda, partici-

No instagram mostra o seu trabalho sempre fazendo link com a moda e referências de lifestyle. (@gislainebt)

Foto: Ronald Pimentel

Acredita que a Moda e Arquitetura estão juntas determinando o estilo de vida das pessoas e por acreditar nisso faz o seu trabalho de arquitetura baseando-se nos conceitos e bases adquiridos nos anos de estudo com a Moda. A forma como o cliente se veste diz muito sobre as características dele e reflete diretamente no modo de morar desta pessoa. A oportunidade de um profissional entrar na intimidade deste cliente é única e sagrada. Quando alguém abre as portas da sua casa ou ambiente de trabalho para que um profissional faça um projeto, isto é especial. O profissional deverá retratar os anseios desta pessoa no projeto, de forma a traduzir sensações. O lugar

43

E N T R E V I S T A

A R T I U M


E N T R E V I S T A

A R T I U M 44


Foto: Ronald Pimentel

E N T R E V I S T A

45

A R T I U M


E N T R E V I S T A

deve retratar a personalidade do cliente e nunca a do profissional, por isso a necessidade desta análise tão profunda e pessoal. É um trabalho personalizado, havendo este respeito pela vontade e gosto do cliente em nada compromete o resultado final. O DNA do profissional aparece sutilmente como uma assinatura, mas nenhum trabalho se repete. Sempre único visando à satisfação do cliente. De suas influências o movimento que mais influencia no seu trabalho é o Art déco. Rico em formas, materiais e texturas marcou uma época. Não gosta de excessos, acredita que a sofisticação está nas coisas simples. E que o simples não é simplório, mas puro e genuíno. Na atualidade suas influências são o arquiteto francês Joseph Dirand, a arquiteta Kelly Wearstler dentre outros. ENTREVISTA:

Artium: Arquiteta engenharia de segurança, moda, vitrinismo, joalheria e desenho livre o que é mais forte dentro de você?

A R T I U M

Gislaine Tourinho: Na verdade Arquitetura e Moda são as áreas que me fascinam, penso que as demais são complementos e não menos importantes. A relevância da arquitetura não está apenas na arte, no belo, mas na funcionalidade de propor soluções de abrigo, acolhimento e

46


Foto: Carol Sรกbio

E N T R E V I S T A

47

A R T I U M


E N T R E V I S T A

A R T I U M 48


Foto: Raquel Lima

E N T R E V I S T A

49

A R T I U M


E N T R E V I S T A

Artium: Você já participou de um livro?

proteção. A intenção ao projetar um espaço, um móvel sempre é a de oferecer a melhor opção de conforto ao cliente, para que haja interação entre cliente e ambiente que resulte em pertencimento. Esta é a ideia, espaços únicos independentemente de tamanho, ou valor de investimento sempre serão especiais e singulares.

Gislaine Tourinho: Já tive projeto publicado, mas um livro autoral ainda não.

Em relação à Moda segue a mesma linha, o significado da roupa do acessório para aquele que o usa, é tão importante que podemos identificar muitas características e preferências da pessoa para o mundo do Decor. Artium: Você foi premiada em 2013 em Milão na categoria Luxo por Menos na Mostra Morar Mais a nível Brasil. Como conciliar o Luxo por menos? Gislaine Tourinho: Parto sempre do princípio que luxo nada tem a ver com ostentação ou excessos, vejo o luxo sempre atrelado ao bem-estar, as sensações e lembranças que pode despertar. Então ao pensar em um espaço Luxo por Menos, foram considerados fatores como preocupação com meio ambiente, sustentabilidade, interação homem e ambiente e conforto. Recuperação do piso existente de madeira, preservando a memória do local. Artium: Alem de projetar um ambiente você também cria móveis e tapetes?

A R T I U M

Gislaine Tourinho: A criação de móveis para o arquiteto que trabalha com interiores faz parte do trabalho, mas as vezes criamos algo específico para fazer a diferença no projeto. As vezes desenho o puxador do móvel para que fique personalizado. Quanto aos tapetes, quando aparece a oportunidade e o cliente nos da abertura para uma peça personalizada é sempre um prazer fazer o desenho.

50

Artium: “MODO DE MORAR X


E N T R E V I S T A

Artium: Tem previsão de lançamento? Gislaine Tourinho: O lançamento está previsto para dezembro deste ano.

MODA DE VESTIR,” como está o projeto de seu livro?

Foto: Ronald Pimentel

Gislaine Tourinho: Este é um projeto que está em andamento onde estarão minhas duas paixões Arquitetura de interiores e Moda.

51

A R T I U M


E N T R E V I S T A

Foto: Carol Sรกbio

A R T I U M 52


Foto: Raquel Lima

E N T R E V I S T A

53

A R T I U M


A R T I U M

Foto: Ronald Pimentel

E N T R E V I S T A

54


Genius - 4100

Genius - 4300

Capitonate

Prime - 6500

Tramare - 1724

(41) 9-9282-66-82 55

A R T I U M


Foto: Adonay Pereira

E N T R E V I S T A

Márcia Calmon A R T I U M

Marcia Calmon é carioca, cantora, compositora e formada em Jornalismo. Nasceu em uma família de músicos: seu pai, Waldir Calmon, foi um pianista de grande sucesso no Brasil dos anos 50 e 60, com vários discos gravados, e sua mãe, Marta Kelly, é cantora. Marcia tem uma relação íntima com a música desde criança - quando já tocava, de ouvido, piano e violão – e fez aulas de canto popular e lírico no Brasil e na França. Começou a cantar profissionalmente em orquestras: primeiro, na Waldir Calmon e depois na Maestro Cipó, Vittor Santos e outras. Trabalhou mais de dez anos com a cantora Marlene, gravou para a TV e faz back-vocal em gravações e

shows. Suas maiores influências são Carmen Miranda, Marlene, Ademilde Fonseca, Leny Andrade, Sade, Ella Fitzgerald e Barbra Streisand. Morou cerca de cinco anos em ilhas do Caribe. Em Porto Rico (EUA), fez parte do grande show brasileiro que estreou a filial da casa Plataforma em San Juan de Puerto Rico. Em Saint Martin e Saint Barths, junto com seu marido, o maestro e multi-instrumentista Tranka Oliveira, se apresentou para turistas do mundo inteiro, cantando em cinco idiomas. A dupla trabalhou em hotéis sofisticados, como Port de Plaisance, Le Flamboyant, Privilége, Beach Plaza 56


e Meridien e, em junho de 1997, participou da Fête de la Musique na Marina de Saint Martin, tocando para milhares de pessoas. Em maio de 2004, fez parte do grupo que representou o Brasil no IV Festival de Arte de Pequim, China.

a mesma orquestra animou, junto com a Escola de Samba Beija-Flor, o Baile do Hawaí, no Morro da Urca (baile oficial da cidade do Rio de Janeiro). Marcia Calmon gravou o CD Tranka & Marcia – Sob Medida com o maestro Tranka Oliveira. O disco tem um clima de piano-bar e podemos ouvir clássicos da MPB, como Samba do Avião (Jobim), Papel Marchê (Bosco – Capinam) e A Noite do Meu Bem (Dolores Duran). Gravou também três canções inéditas (duas como co-autora) que estão à venda somente em plataforma digital: (Canção) Pro Nosso Tom (Tranka Oliveira), Sentidos (Marcia Calmon – Tranka Oliveira) e O Sol (Marcia Calmon – Tranka Oliveira).

No Brasil, Marcia e Tranka Oliveira montaram orquestras para grandes eventos, como o reveillón na praia de Copacabana e o carnaval do Rio de Janeiro. No final de 1999, formaram uma orquestra para o Reveillón do Milênio em um evento organizado pela TV Globo e dirigido por Roberto Talma. A orquestra acompanhou as cantoras Marlene e Emilinha Borba e a vedetecantora Virgínia Lane antes da tradicional queima de fogos. Depois da meia-noite, a Orquestra do Maestro Tranka voltou ao palco para animar o grande público que permanecia nas areias da famosa Praia de Copacabana, RJ. Já no carnaval de 2004,

E N T R E V I S T A

Foto: Rose Moraes

Em sua carreira-solo, Marcia fez shows em casas como Rio Scenarium (Lapa, RJ), Vinícius Bar

57

A R T I U M


E N T R E V I S T A

Foto: Rose Moraes

A R T I U M 58


(Ipanema, RJ) e Panorama Piano-Bar (Leblon, RJ). Agora, apresenta o mais recente: Noites Cariocas. Com concepção e textos de Marcia Calmon e arranjos de Tranka Oliveira, o show passeia pela vida noturna do Rio de Janeiro do século XX, contando casos e curiosidades. Somente Marcia (voz) e Tranka (teclado e violão) estão em cena, interpretando um repertório que vai de Tome Polca (Luís Peixoto – José Maria de Abreu) a Dancyn’ Days (Nelson Motta – Rubens Queirós), passando por Samba

no Arpège (Waldir Calmon – Luís Bandeira), Onde Anda Você (Toquinho – Vinícius), Tico-Tico no Fubá (Zequinha de Abreu), Balanço Zona Sul (Tito Madi), Nada Além (Mário Lago – Custódio Mesquita), Por Causa de Você (Dolores Duran – Tom Jobim), Saigon (Cartier), Rapaz de Bem (Johnny Alf) e outras. Mais detalhes, fotos, vídeos, áudios (em estúdio e ao vivo) no

Foto: Marconi

site: www.marciacalmonetranka.com email: trankaemarcia@gmail.com

59

E N T R E V I S T A

A R T I U M


E N T R E V I S T A

Artium: Com que idade começou a cantar?

(também cantora) passou a administrar. Artium: Você aprendeu violão e piano de ouvido?

Márcia Calmon: Na realidade, sempre cantei. Quando eu era criança, ganhei uma radio-vitrolinha vermelha Belair, linda, que me acompanhava por onde quer que eu fosse: no quarto, no banho, no carro, na casa das amigas... Eu ouvia música o tempo todo e cantava junto. Gostava de cantar com o Michael Jackson, porque a voz dele também era infantil e timbrava bem com a minha. Meu inglês era um horror, mas o dueto ficava bem bonitinho. Depois, com uns 12 anos, comecei a pegar no piano e no violão e a me acompanhar - tocando, cantando e lendo as cifras das músicas. Com 22 anos, comecei a cantar profissionalmente na Orquestra Waldir Calmon. Meu pai já não estava mais conosco, porém resolvemos remontar a banda que minha mãe

Márcia Calmon: Aprendi. O piano era o do meu pai, o Steinway preto, de meia cauda, que reinou absoluto na boate Arpège (Leme, RJ) por anos. Meu pai nunca se importou de eu tocar nele. Aliás, o meu sonho, na música, era tocar piano. Cantar foi uma consequência disto tudo. Meu pai nunca me deixou aprender piano, pois achava que eu tinha muita musicalidade e facilmente partiria para uma carreira como pianista. E, segundo ele, era uma profissão muito difícil – principalmente para mulher. Hoje eu entendo o que ele queria dizer, mas não tem jeito. Quando se tem vocação, não tem jeito... Já que eu não podia ter aulas, pegava no instrumento e

Foto: Humberto Pires

A R T I U M 60


Foto: Leonardo Germano

Leonardo Germano

E N T R E V I S T A

(Tranka ao piano) tentava tirar um som como conseguisse. De qualquer jeito. Havia, na época, umas revistinhas chamadas Vigu que vinham com as letras das músicas e o acompanhamento em cifras. Era uma escrita para violão, mas eu adaptei ao piano: com a mão direita, fazia os acordes, e, com a esquerda, os baixos. Como não sobrava mão para fazer a melodia, cantava. E assim fui desenvolvendo, cada vez mais, a parte vocal. Havia muitos livros de teoria musical lá em casa e li todos. Consegui ler partituras mais simples com acompanhamento, porém tinha alguma dificuldade em ler notas. Conheço as notas na pauta, mas não tenho fluência.

tocar a linda Baby, I Love Your Way exatamente como ele tocava e foi a primeira música que aprendi no violão. A segunda foi Show me The Way, dele também. Artium: As aulas que teve no Brasil e na França, qual é a melhor em sua opinião? Márcia Calmon: Aula, em qualquer lugar, depende do professor. E tive sorte de ter professores excelentes. Às vezes, o profissional sabe muito, mas não tem didática nenhuma. Aí, fica difícil... Eu já havia feito aulas de canto no Conservatório do Rio, mas não evoluí muito. Com os professores na França e aqui, o salto foi enorme. Fiz canto popular, aprendendo as escalas que todo músico aprende, e lírico, com as técnicas do bel-canto. Acho importantíssimo que qualquer pessoa que trabalhe com arte tenha uma formação clássica. Pelo menos a base.

Com o violão, foi a mesma coisa. Eu buscava a construção dos acordes nas publicações e tocava. Às vezes, me enrolava um pouco na batida da mão direita e uma amiga minha, que tinha professor de violão, me ensinava. Comecei com o violão por causa do Peter Frampton. Eu queria 61

A R T I U M


E N T R E V I S T A

Artium: Trabalhar dez anos com a Marlene como foi essa experiência?

e nos ensaios, já me serviu como um belo curso. Aprendi demais. Marlene no palco era uma força da natureza e a sua capacidade de interpretação e a forma como dominava o público eram impressionantes. Não à toa, ganhou prêmios como atriz. Ela realmente vestia o personagem de cada canção. Você precisava vê-la cantando Geni e o Zepelin, de Chico Buarque, ou Galope, do Gonzaguinha – aliás, Galope era a minha preferida em seu repertório. Marlene possuía um temperamento forte que, às vezes, complicava a relação, mas entendo que, graças a ele, chegou aonde chegou em uma época extremamente machista e preconceituosa em relação às artistas. Imagine que, no começo dos anos 40, ela fugiu para o Rio de Janeiro, com cerca de 20 anos, e aqui começou uma carreira sozinha, sem conhecer ninguém. É preciso muita coragem, né?

Márcia Calmon: Trabalhei com ela um pouco mais de dez anos, porém o mais importante foi a convivência, pois éramos quase vizinhas! Sempre estávamos juntas e não só em ocasiões de trabalho. Marlene tinha um carinho especial pelo Tranka, meu marido e maestro dela desde o show Te Pego Pela Palavra, em 1974. Ele viajava muito, mas, quando retornava, reassumia seu posto. Quando começaram a trabalhar juntos, ele tocava baixo, depois foi para o sax e a flauta e acabou no teclado. E sempre criando arranjos e ajudando nos roteiros dos shows. O trabalho com ela me deu anos de muito aprendizado. Não que Marlene tivesse uma postura didática. Longe disto! Na realidade, ela nunca se propôs a ensinar nada para mim ou para nenhum dos músicos. Mas o simples fato de observá-la, em cena

Artium: Já morou nas ilhas do Caribe, Porto Rico, e EUA, em qual voltaria a

Foto: acervo pessoal

A R T I U M 62


Foto: acervo pessoal

Foto: acervo pessoal

E N T R E V I S T A

Tranka ao violão

locais fizeram bastante pressão e não gostaram muito de nossa presença. Fizemos alguns contatos bons, mas sentíamos que preferiam que não estivéssemos ali. Imagino que, se não fizéssemos parte de um grupo grande e estivéssemos ali somente Tranka e eu, como foi em Saint Martin, não teríamos conseguido trabalhar. De qualquer forma, a ilha é grande, bonita e a música é bem interessante. Ouvimos muita salsa romântica (diferente da cubana) e merengue. Os músicos também não curtem o merengue, pois dizem que não é um ritmo natural de Porto Rico, como a salsa romântica. Mas o público AMA o merengue e os bailes pegam fogo lá. Aliás, os bailes são completamente diferentes dos que fazemos aqui.

morar? Márcia Calmon: Moramos em Porto Rico (EUA) e Saint Martin (Caribe francês). Amei profundamente as duas ilhas, agradeço pelas oportunidades de trabalho, mas não voltaria porque o meu momento agora é outro. O meu leque profissional se expandiu e desejo outros voos. Em Saint Martin, havia muito trabalho. Bem, estou falando de vinte anos atrás. Não sei se mudou. De qualquer forma, em uma ilha pequena é difícil diversificar seu leque de opções. Faríamos gigs durante toda a vida... Os músicos franceses nos receberam de braços abertos e fizemos algumas amizades enriquecedoras. Tranka também deu aulas de música na ilha e trabalhávamos demais – às vezes, duas gigs por noite.

Artium: Você é formada em jornalismo chegou a exercer a profissão?

Quanto a Porto Rico, fomos com um show grande, um projeto grandioso, com muito dinheiro envolvido. Os músicos

Márcia Calmon: Cursei Relações Públicas e, depois, Jornalismo na UERJ. Che63

A R T I U M


E N T R E V I S T A

A R T I U M

guei a exercer a profissão durante algum tempo, fazendo parte da Assessoria de Imprensa de uma empresa, mas larguei para me dedicar somente à música. De vez em quando, ainda faço alguma coisa na área, porém prefiro dedicar o meu conhecimento à divulgação de nosso trabalho na música. Faço todo material promocional, releases, fiz sites (nosso e de meu pai) e por aí vai.

biografia dele, mas, enquanto isto não acontece, disponibilizei muita coisa em um site que fiz em sua homenagem. Artium: Quantas músicas você já compôs? Márcia Calmon: Já compus algumas, mas gravei oficialmente somente duas até agora. Comecei a compor muito tarde, pois escrevo letras e precisava conhecer alguém que compusesse as melodias. Depois que conheci o Tranka, comecei aos pouquinhos. Ele já compôs muito, sozinho ou em parceria, e tem uma bela obra. Já foi gravado por Maria Bethânia (Ilumina), Beth Carvalho (Perdas e Danos), Alcione (Pagando Pra Ver), Wander Pires (Celular) e outros. A última que compôs sozinho se chama Canção Pro Nosso Tom e é dedicada ao amigo Tom Jobim. É linda! A melodia e a letra são uma pintura! Gravamos e colocamos para vender em plataforma digital. Coloquei um vídeo no YouTube com a gravação para quem quiser conhecer. Também colocamos as duas que compusemos em parceria (Sentidos e O Sol) para vender na internet e em vídeos no YouTube. Pensamos em lançar um CD ou EP de inéditas, mas precisaríamos investir algum capital neste projeto e o momento pelo qual passa o país pede muita prudência.

Artium: Seu pai Waldir Calmon lançou quantos discos? Já pensou em regravar os discos dele? Ou uma biografia literária? Márcia Calmon: Meu pai lançou cerca de 50 LPs, sem contar os compactos, as compilações e os poucos CDs que relançaram nos anos 1990 e 2000. Ele chegou a lançar três Lps em um único ano e todos entravam na lista de mais vendidos. Era impressionante. Lançou discos, digamos avulsos e séries também. A mais famosa foi, sem dúvida, a Feito Para Dançar, com 12 volumes. Nela, ele criou o disco especialmente feito para dançar (daí o nome), com um lado inteiro com músicas sem intervalo entre as faixas, como se fosse um baile. Vale lembrar que estamos falando de vinis e eles tinham dois lados, o A e o B. Com esta série, ganhou vários prêmios. Já tentei relançar alguns discos, sim, mas a gravadora não tem interesse. No Brasil, a obra de um artista não pertence somente ao artista. No caso de meu pai, há a gravadora (que detém os fonogramas e as capas), os compositores (ou seus herdeiros) e as editoras (que representam os compositores ou seus herdeiros). Se um deles se recusar, nada acontece. Já tentei e, o máximo que consegui, foram duas compilações. Nos anos 90, relançaram o último Feito Para Dançar (de 1980), o Quando os Astros se Encontram (ele e Ângela Maria) e outras três compilações, mas são difíceis de achar.

Artium: Fale de seu “CD Tranka e Márcia, - Sob Medida”? E onde encontrar? Márcia Calmon: Este CD foi lançado em 2002 pelo selo Somil. O dono da gravadora nos convidou para gravar um disco que reproduzisse um pouco das músicas tocadas nas noites cariocas, com mais de uma canção por faixa. Seria, guardando as devidas proporções, uma versão feminina das Aquarelas do maravilhoso Emílio Santiago. Gravamos uma faixa inédita (Tributo a um Poeta) - dedicada ao saudoso Gonzaguinha - e tivemos a participação de um

Claro que penso em escrever uma

64


Na estreia, aqui no Rio, minha mãe fez uma participação especialíssima. Ela é cantora e já se aposentou, mas ainda conserva uma bela voz. Como estávamos na véspera do Dia das Mães, a chamei para fazermos um número que fazíamos sempre na orquestra, lá nos anos 80. Sem ensaio mesmo. Fizemos e ficou maravilhoso! Cantamos Sonho Meu (Ivone Lara – Délcio Carvalho). Ficou tão bom que ela cantou uma outra música, de improviso, sozinha com o Tranka: Castigo (Dolores Duran) – ela ama o repertório de Maysa. Foi um enorme sucesso e agora tento convencê-la a fazer parte do show como participação especial. Vamos ver se consigo. Coloquei vídeos destes números no Facebook. Espero levar este show a vários lugares para que todos possam assistir. Modéstia à parte ficou muito bonito!

Artium: O que acha das músicas atuais? Márcia Calmon: A mídia, desde os anos 90 e com raras exceções, vem restringindo bastante as opções para o ouvinte: toca só lambada, ou toca só pagode, ou toca só axé, ou toca só sertanejo universitário e por aí vai. Até os anos 80, havia mais variedade tocando nas rádios e nas TVs. Esta ditadura é muito chata. Se você quer algo diferente, deve procurar na internet. Não tem jeito. Há muito material, bom e ruim, à disposição na internet, mas temos de ter tempo para procurar. O problema é que ninguém tem tempo para nada hoje em dia... ro?

E N T R E V I S T A

pai e Marlene. Não dá para ser diferente.

cavaquinista excelente na faixa. Fora isto, Tranka e eu fizemos praticamente tudo: seleção de repertório, arranjos, gravação, coro, percussão... Disco com restrições orçamentárias sabe? Rsrsrsrs.

https://store.cdbaby.com/ www.marciacalmonetranka.com

Artium: Tem projetos para o futu-

Márcia Calmon: Tenho claro, mas prefiro não comentar antes de realizá-los, pois acho que não dá sorte. Sou um pouco supersticiosa.

Foto: Adonay Pereira

O projeto atual é nosso novo show Noites Cariocas. A concepção do show e os textos são meus e os arranjos são do Tranka. O show é um agradável passeio pela vida noturna do Rio de Janeiro do século XX, contando casos e curiosidades. Somente nós dois estamos em cena e ele se reveza no teclado e no violão. Interpretamos um repertório que vai de Tome Polca (Luís Peixoto – José Maria de Abreu) a Dancyn’ Days (Nelson Motta – Rubens Queirós), passando por clássicos, como Na Cadência do Samba (Luís Bandeira) e Samba no Arpège (Waldir Calmon – Luís Bandeira). Em nossos shows, sempre homenageio meu

65

A R T I U M


E S P E C I A L

Magda Torres Gurza

A pintora Hiper-realista Mexicana Reflejo de un amor envincible, รณleo sobre tela 80 x 100 cm. Foto: Enriqueta Barrera

A R T I U M 66


Foto: Enriqueta Barrera

E S P E C I A L

67

A R T I U M


E S P E C I A L

Artium: Com quantos anos começou a pintar?

tela. Artium: Fale sobre o processo de pintar?

Magda Torres Gurza: Profissionalmente com 18 anos de idade.

Magda Torres Gurza: Muita Paciência, e assumir que está errado faz parte do processo.

Artium: O que te levou a pintar?

Magda Torres Gurza: Minha mãe era uma pintora e me ensinou desde a infância, mas foi depois de um acidente no olho direito que decidi que minha vocação era pintura.

ção?

Magda Torres Gurza: Dos meus sonhos e reflexões, objetos e recordações.

Artium: Teve alguma influência ou referência?

Artium: Quantas camadas de tintas têm suas telas?

Magda Torres Gurza: Eu amo o trabalho de Salvador Dalí, e da pintora Remedios Varo. Artium: Qual técnica utiliza?

Magda Torres Gurza: Óleo sobre

Magda Torres Gurza: Cerca de quinze camadas de tintas. Artium: Como você Consegue capturar a realidade e transportar para a tela?

Foto: Enriqueta Barrera

Artium: De onde vem sua inspira-

A R T I U M 68


Magda Torres Gurza: Ao pintar é muito importante trabalhar nos mínimos detalhes. Isso é o que traz realismo ao trabalho.

co? Magda Torres Gurza: Maravilhoso como em qualquer país do mundo. Fazer arte alimenta o espírito.

Artium: O seu trabalho é maravilhoso realmente lindo, você faz um desenho antes de pintar? Magda Torres Gurza: Obrigada. Naturalmente, a base de todo o trabalho é o desenho. Mas eu gosto de trabalhar com lápis muito leve para abrir caminho para as camadas superiores da pintura.

Artium: Conhece o Brasil?

Magda Torres Gurza: Não.

Artium: Podemos esperar uma exposição sua no Brasil?

E S P E C I A L

Magda Torres Gurza: No momento eu não tenho nenhuma exposição programada para o seu país.

Artium: Como é fazer arte no Méxi-

H2o, óleo sobre tela 90 x 150 cm. Foto: Enriqueta Barrera

A R T I U M 69


A R T I U M

Foto: Enriqueta Barrera

E S P E C I A L

70


Viento azul, รณleo sobre tela 80 x 100 cm. Foto: Enriqueta Barrera

E S P E C I A L

A R T I U M 71


E S P E C I A L

Magda Torres Gurza é uma pintora hiper-realista cuja técnica se baseia na representação precisa e fiel dos elementos além do realismo. Suas obras contêm grandes símbolos, meticulosidade e símbolos ocultos, detalhes de luz em cada uma delas.

EXPOSIÇÕES E LEILÕES:

Nasceu em 10 de maio na Cidade do México. Desde pequena foi cativada pela arte da pintura, sua mãe pintora apoiou, ela cresceu entre artistas e pincéis e a arte se torna uma forma de expressar a vida. Por causa de um acidente grave aos 18 anos que ameaçou com a perda de visão, ela decidiu dedicar-se totalmente a arte da pintura.

• Auto Art Exhibition Val ‘Quirico, Puebla. galeria DB.

2017 • CD bola leilão MX, Clube Industrial, Cidade do México.

• Exposição de “Primavera” Clube Israelita, Cidade do México. galeria DB. 2016 • mexicana hiper-realistas grande exposição “Realismo e suas consequências”, Magda Torres Gurza, Juan Carlos Manjarrez, Sergio Garval, Omar Ortíz e Fernando Motilla; Torre Bicentenario Museu, Toluca, Estado de México.

Iniciou seus estudos no Instituto de Belas Artes Regional, obteve a Menção Honrosa em 1993, no mesmo ano de sua primeira exposição. Buscando aperfeiçoar seu trabalho estudou História da Arte, técnicas e materiais para as artes visuais, ótica e carreira Fotográfica.

• Exposição pela terceira vez em homenagem a Leonardo Da Vinci, “Dia Mundial da Arte”; José Luis Cuevas Museum, Cidade do México.

Ela recebeu inúmeros prêmios de Belas Artes, o Conselho Nacional de Cultura e Artes e a Casa Museu de estudo David Alfaro Siqueiros.

• Exposição na Torre Galeria Relógio, Polanco, Cidade do México. • Exposição “Mad About Art” Paseo de la Reforma Avenue e do Museu da Memória e Tolerância, uma bola de futebol monumental interveio.

Seu trabalho abnegado através da arte deixou sua marca sobre as crianças de rua, “Ministérios de Amor”. Ela também ensinou os “Pintores sem mãos”.

A R T I U M

• Exposição “O mundo é minha lona,” ESPERTO apoiar o Movimento Cultural. Galiza, Espanha.

Motivo para o altruísmo, em 2013 concebeu e instituiu o projeto “Artistas ao Cubo”, atingindo a participação de mais de 550 artistas nacionais e internacionais, cujas obras foram doadas procurando fundos para apoiar o tratamento de crianças com doenças terminais, como câncer e AIDS. Também participa do projeto “Encorazona2” em apoio às crianças com deficiência visual.

• Nomeada pelo Ministério do Turismo do México no concurso “100 Obrigações”; é o vencedor na categoria de artistas como uma das 100 experiências imperdíveis do país. • Leilão “Art in Time” com a doação de uma obra para beneficiar o Boys and Girls Club

72


de Nuevo Leon.

em co-edição com o Museu Europeu de Arte Moderna (MEAM), Zaragoza, Espanha.

2015 • Convite Maestro Santiago Carbonell como o primeiro “Piece of the Month” na história de Santiago Carbonell Museum Foundation. Queretaro, México.

• Exposição no Congresso de Arte “Espanha Art Open House”. Salamanca, Espanha. • Exposição “Para Dos”, Magda Torres Gurza e Maestro Gustavo Arias Murueta; Torre Bicentenario Museu, Toluca, México

• Exposição pela segunda vez sob o “Dia Mundial da Arte”; José Luis Cuevas Museum, Cidade do México.

E S P E C I A L

2013 • Exposição no Museu Europeu d’Art Modern (Museu Europeu do Art MEAM Modern) na Primeira Bienal de Arte Barcelona. Barcelona Espanha.

• Exposição “8 em arte” Internacional Hiperrealismo; Centro Cultural de Santiago, República Dominicana.

• Exposição no Artheereveenart, Holanda Gallery.

• Sennelier dá sua obra “San Diego 4:25” primeiro no mundo no concurso internacional de arte Competição Arte Latino-Amérique, Paris, França.

• Participação no International Art Fair Amsterdam. Beurs van Berlage, Amsterdã, Holanda.

• Sua obra “The Spiral of Time” é selecionado em agosto como “Piece of the Month”. Torre Bicentenario Museu, Toluca, México.

2014 • Exposição no âmbito do “Dia Mundial da Arte”; José Luis Cuevas Museum, Cidade do México.

• É emitido pela segunda vez no livro “Arte e Liberdade Yearbook”. Editado por Galeria de Arte Livre em co-edição com o Museu Europeu

• Publicação de seu trabalho e carreira no livro: “As melhores artistas modernos e contemporâneos de 2014”; É a única artista mexicana selecionada para participar nesta edição e recebe placa comemorativa por sua alta qualidade estética, concedido pelos editores e curadores do mesmo. Palermo, Itália.

“El arte libera e ilumina el espíritu” WEB www.magdatorresgurza.com FACEBOOK www.facebook.com/magdatorresgurza. oficial

• Publicação do livro “Masters of Hiperrealism 2014”. Catálogo de obras de grandes mestres do hiper-realismo International. Publicado em Milão Itália. • Publicação do livro “Arte e Liberdade Yearbook”, publicado pela Galeria Arte Livre

73

A R T I U M


Foto: Enriqueta Barrera

E S P E C I A L

Hora del Té, óleo sobre tela 90 x 140 cm. Foto: Enriqueta Barrera

A R T I U M 74


Sabor a Jazz, รณleo sobre tela 85 x 130 cm. Foto: Enriqueta Barrera

E S P E C I A L

Vuelos de Libertad, รณleo sobre tela 90 x 120 cm. Foto: Enriqueta Barrera

A R T I U M 75


A R T I U M

Foto: Paulina Chรกvez

E S P E C I A L

76


Móveis Entalhados

GUSSO

A R T I U M AV Anita Garibaldi, 28244 Bairro Ahú CEP: 82.210-000 Curitiba - Paraná (41) 3354-89-09 Cel: 9-9275-05-9077- E-mail andregusso@hotmail.com


INSPIRAÇÃO E ARTE

Toda criação nasce de uma ideia, de uma inspiração! E a inspiração aparece sem avisar, assim de repente como uma benção vinda de uma fonte divina, mágica e invisível. É joia rara e brilha como luz! Muitas vezes se dá durante o caminhar, outras vezes no trabalhar e outras tantas aparece em sonhos! Que “lugar” é esse que produz tantas ideias, movimentos e palavras?

A R T I U M

Foto: Salete Kuyava.

P S I C O L O G I A

Uruguai no balneário Punta Ballena perto de Punta del Este visitando o Museo Casapueblo (a casa do grande artista Carlos Páez Vilaró, aberta ao público para visitação, e suas obras encontram-se expostas pelos cômodos). Caminhava pela casa encantada com as cores, formas, texturas e seus significados, quando vejo uma porta se abrindo e por ela passa a figura mais nobre e encantadora que conheci em minha vida, o próprio, mestre Carlos Vilaró!! Não era comum sua presença ali em horário de visitação, mas aquele dia a vida me brindou com esse presente inesquecível! Ele imediatamente veio até mim, me olhou nos olhos com sua presença inebriante comum aos grandes homens e aos artistas excepcionais, e ele “me viu”! Ali em poucos minutos (que sim, valem uma eternidade) conversamos sobre mim, sobre o Brasil e sobre nossa Curitiba. Fui escolhida pela vida para ser o alvo da atenção desse ilustre e sensível mestre artista! Mestre Vilaró me impregnou com sua presença e sua luz, deixando sua marca em mim, me presenteando com a Inspiração eterna! Ainda pulsa em meu coração a emoção desse encontro que me visita até hoje como um perfume inspirador! Mestre Vilaró fechou para sempre seus olhos 40 dias depois de fazer os meus brilharem! Cybele de Carvalho é Psicóloga e especialista em psicologia clínica. Amante das artes, trabalha como modelo e atriz. Acredita que toda e qualquer forma de expressão artística leva ao auto conhecimento. É apresentadora do programa BLEND, ministra palestras e cursos sobre a arte do viver.

Existe aquela inspiração do dia a dia e tem a inspiração que você recolhe ao longo da vida e vai colecionando em seu repertório de experiências vivenciadas. Pensando nessa segunda forma de inspiração, uma recordação fez meus olhos brilharem e meu coração se emocionar. Um encontro que marcou minha história! Estava eu no

Al. Dom Pedro II, 456 - sala 4 - Batel - Curitiba Pr Contato (41) 99905-5559 e-mail : decarvalhocybele@gmail.com

78


A R T I U M 79


A L F R E D O A T T I É

A R T I U M

Dr. Alfredo Attié Dr. Alfredo Attié é Presidente da Academia Paulista de Direito, desembargador em São Paulo e leciona como professor convidado no Mestrado e Doutorado na PUC.

e História, se tornou Mestre em Direito e Doutor em Filosofia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

É Master of Comparative Law da Samford University, pela Cumberland School of Law, Pesquisador da Universidade de São Paulo, Professor e Pesquisador da Escola Paulista da Magistratura e Acadêmico Titular da Cadeira San Tiago Dantas da Academia Paulista de Direito (sucedendo ao Professor Goffredo da Silva Telles).

O Dr. Attié ainda atuou como Advogado e Procurador do Estado de São Paulo, lecionou na Universidade de São Paulo e na Universidade Estadual Paulista, foi Professor Visitante e Conferencista em Organizações Internacionais e Universidades Estrangeiras e ex-membro observador do UNCITRAL, da Comissão das Nações Unidas.

Atua como Membro do Banco Mundial e Fórum Global sobre Direito, Justiça e Desenvolvimento, é Membro do Conselho Editorial da Revista Forense, Membro do Conselho Editorial da Revista da Escola da Câmara dos Deputados, Congresso Nacional e do Conselho Editorial da Nuria Fabris Editora.

Além de realizar pesquisas, estudos, aulas, conferências, e publicações de artigos no Brasil (São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Pará, Espírito Santo) e no Exterior (Estados Unidos, França, Alemanha, Áustria, Portugal, Inglaterra, Argentina, México).

Formação e áreas de atuação

@Attie_Alfredo https://twitter.com/attie_alfredo

Alfredo Attié é formado em Direito

80


Transformações do Humano Para nos compreendermos precisamos dos outros. O espelho não basta.

A L F R E D O A T T I É

da origem de nosso país, tomou emprestada a crítica estrangeira, notadamente britânica, às características de nossa primeira corte, descrevendo-a como decadente e corrupta, liderada por um rei glutão, dorminhoco e pusilânime, que tem a seu lado uma mulher feia e adúltera e que, também com seu olhar estrangeiro, despreza a pequenez da monarquia portuguesa e da colônia brasileira, diante do que presume ser a grandeza da corte espanhola.

Isso parece ser verdade não apenas em relação a nosso modo de ser individual como também a nosso eu coletivo. O caso brasileiro é um bom modo de exemplificar isso. Todos os intérpretes de nossa identidade cultural justificaram suas análises e conclusões por meio da leitura e citação dos textos dos viajantes e cronistas europeus, que por aqui passaram, desde o século XVI até o início do século XX, e deixaram impressas suas opiniões sobre o que viram das relações sociais, em contraste com a natureza de nossa terra e de nossa gente. Mais recentemente, o filme Carlota Joaquina, Princesa do Brasil - que marcou uma espécie de renascimento do cinema brasileiro, em 1995 -, parodiando a história

Percebemos, então, que o olhar do outro não apenas permite a consciência de que somos de certa maneira, mas, sobretudo, impõe as conclusões ou o julgamento gerado por esse olhar. A identidade, enfim, é, no princípio, fruto desse dualismo conflituoso, que sepa-

81

A R T I U M


A L F R E D O A T T I É

que seja nacional ou estrangeiro depende do tempo e do lugar.

ra o eu do outro. Uma medida da diferença, ou uma tentativa de diferenciação, que é uma construção de um relacionamento, consequência de uma mirada e não um dado imediato da consciência. Se não existisse nenhum outro e o eu se deparasse com seu reflexo, ele o atacaria – como fazem os animais, diante do espelho – ou se apaixonaria por ele, como no mito de Narciso. O animal que ataca o espelho se fere. Narciso morre. Nos dois casos, estar só com sua imagem significa sofrer, até o limite do perecimento. O encontro do eu com o outro também pode significar perecimento, seja pelo preconceito do olhar, seja pelo conflito propriamente. Mas ele também pode permitir a formação de um compromisso, que permita a sobrevivência e, no melhor dos casos, a superação do preconceito e a conivência entre pares.

Esquecemos, sobretudo, que qualquer relacionamento se dá no curso de um processo, não é uma comparação pura e simples de seres que são sempre iguais a si mesmos e sempre diferentes um do outro. Todo processo envolve mudanças e encaminha a transformações. As mudanças decorrem, primeiro, do que chamamos de evolução. Até o trabalho de Darwin e Wallace, o mundo dos seres vivos era considerado pronto e acabado, estático. Tudo decorria de um ato de criação, que estabelecera para sempre as espécies e os gêneros. A observação das diferenças entre os seres encaminhava a uma ciência comparativa e classificatória. Cada indivíduo devia ser encaixado numa categoria. Mas a ideia de origem das espécies demonstrou que havia mudança dos indivíduos, o que alterava a classificação e sua natureza. A ciência passou a colocar a comparação a serviço da consideração da dinâmica da evolução.

Precisamos do olhar do outro, dependemos dele para nos entendermos e para sobrevivermos. Estamos acostumados com os dualismos e sempre nos pomos de um dos lados, como maneira de medirmos o mundo e nossa importância no interior dele. Somos nacionais ou estrangeiros, homens ou mulheres, crentes ou ateus, ricos ou pobres, e assim por diante.

A R T I U M

Mas não há apenas mudanças. Com Mendel aprendemos que as espécies possuem além de uma origem, também uma gênese, que resulta da interação de características, que, por meio da reprodução, geram outras características. Há leis da evolução e da genética, mudanças e transformações. Como o próprio nome sugere, a reprodução é um modo de reiniciar o desenho dos seres, refazer, que não é mera repetição nem imitação, cópia, contudo nova impressão, capacidade de inventar.

O problema está em não percebermos que, em nossa classificação do território do mundo, apagamos as variações que o outro e o mesmo podem apresentar. De que há um quê de artificialidade nessa classificação dual. Se contrapomos a noção de nacional à de estrangeiro, por exemplo, deixamos de notar que entre os nacionais há inúmeras distinções, que chegam ao ponto de não permitir até que o nacional seja uma categoria. E de observar que há muitos modos de ser estrangeiro. O comportamento do

Essas ideias – revolucionárias em seu tempo - libertam a compreensão de nossa própria experiência de mundo. Liberam nossa tola insistência em assumir uma posição conservadora em relação à

82


diversidade com a qual convivemos desde sempre. Não há motivo para pensar que a diversidade nos ameace, já que nós mesmos – nosso eu individual e coletivo – somos resultado de um processo de mudanças e transformações, e permanecemos em constante alteração. Além disso, permitem que nos imunizemos contra uma classificação rígida das pessoas e do mundo, engessados em categorias, presos a padrões artificiais e a hierarquias estéreis.

está tornando cada vez mais questionada. É a opressão da identidade de grupos que se isolam e classificam os demais como sendo ruins apenas porque são grupos diversos. E, dentro do grupo, em vez de se valorizar a diferença de cada um, apenas a identidade é exaltada. Os diferentes têm de se conformar e se adequar ao padrão comum, ou serão excluídos, afastados do convívio dos demais, marcados como doentes, loucos, párias, problemáticos.

A L F R E D O

Toda identidade é mais do que diferença, alteração, assim um processo de imperiosa mudança e transformação.

O problema já era sério quando o sistema de educação seguia critérios muito rígidos de disciplina, que impunham o silêncio a todo aquele que era diferente e se via oprimido.

A T T I É

A consciência disso não se dá sem dificuldades, contudo.

Hoje, a situação alcançou um grau de gravidade inaudito.

Essas dificuldades começam quando se pensa o coletivo, os grupos com os quais nos relacionamos na forma de um pertencimento. A família, o clube, o trabalho, a escola, o bairro, a cidade, uma nação e por aí vai até chegar a ideias mais complicadas, como a religião, a cultura, a etnia, e mesmo o gênero.

Por um lado, a situação do desaparecimento da disciplina rígida e artificial e opressora parece apontar para a liberdade de expressão das diferenças e o afrouxamento dos controles sociais sobre os diferentes. Mas não é assim, sobretudo num País como o Brasil.

Sim, enquanto você permanece só e se compara com os outros, você se vê como idêntico apenas a si mesmo e se distingue dos demais. Mas quando penetra num grupo, a sua identidade está em ser igual a seus colegas. Você não é ou não quer mais ser diferente. Para pertencer ao grupo você precisa compartilhar com seus colegas as mesmas características, sentir como os demais sentem, usar o mesmo vocabulário, a mesma língua, a mesma gíria. Enfim, referir-se do mesmo modo como os outros se referem. Você não dirá mais: eu sou diferente, mas: nós somos iguais. Iguais em relação ao grupo, mas diferentes em relação a outros grupos.

O sistema educacional não está, em sua maioria esmagadora, preparado para entender a expressão das diferenças. Tomemos o exemplo das escolas públicas de São Paulo. Recentemente, a tentativa dos alunos e das alunas de ocuparem o espaço da educação, em vez de ser tomada como um sinal alvissareiro de que os jovens estão desejosos de participar, que perceberam que a educação lhes pertence e que lhes é negada, foi rechaçada pelo Estado e pela própria sociedade. Mais grave do que isso foi constatar que, no centro dessa recusa da sociedade e do Estado de darem voz a seus jovens, está

Disso decorre a exclusão e a opressão tantas vezes inconsciente, mas que se

83

A R T I U M


A L F R E D O A T T I É

de suas classes de aula, privilegiando a diversidade, para o benefício do ensino e do desenvolvimento acadêmico e pessoal de seus alunos. Percebeu que unindo estudantes de origem diferente numa classe, alcançaria, como veio a alcançar, resultados melhores do que simplesmente unir para conversar e aprender pessoas oriundas do mesmo grupo social, com as mesmas características educacionais, religiosas, étnicas, de gênero, enfim tendentes a ter as mesmas experiências de vida. Uma identidade de tal tipo paralisaria o crescimento de todos, inclusive da universidade e de seus professores, professoras, pesquisadores e pesquisadoras. Já a diferença traria novos conhecimentos a todos, novos desafios, a dúvida a respeito de conhecimentos tradicionais e a vontade de desenvolver coisas novas, responder de modo diferente a perguntas antigas, formular novas questões, enfim, evoluir.

a falta de preparo do Governo, dos professores e das professoras, da imprensa, dos partidos políticos, das famílias, das classes sociais, para lidar com a juventude de hoje e sua liberdade de expressão integral, na qual se inclui, pude aferir, a questão dos gêneros. Uma professora que diz a uma aluna que não vai inscrevê-la numa determinada modalidade esportiva da escola porque a aluna não sabe o que é; pais e mães que expulsam de casa jovens que exprimem a homossexualidade; jovens que são vítimas de violência de gangues e de familiares, com a pretensão de corrigir uma expressão de gênero que, por não ser compreendida, e desde logo negada como nociva; partidos, militantes e grupos que tentam impor um discurso ultrapassado a esses jovens, impedindo que compreendam, pelo debate livre, o que pretendem e como formular suas pretensões; finalmente um aparelho de Estado repressor e violento.

Sem diversidade, a sociedade estanca, carente de desafios.

Tudo isso se põe como obstáculo sério de expressão de membros importantes da sociedade e que, bem ou mal, significam o direcionamento que a sociedade vai tomar no futuro.

Para encontrar a sua identidade, as pessoas precisam se perder na floresta da diversidade e responder aos riscos, compreender que dependem de outros, que dependem da diferença até para construir uma igualdade que não seja de opressão, mas de abertura para o mundo.

Impedir a expressão de jovens já é grave. Impedir a expressão e o livre curso da diversidade é ainda pior.

A R T I U M

Isso porque a diversidade é a condição de desenvolvimento social mais importante. Diversidade da natureza, diversidade dos seres humanos, diversidade de concepções de mundo, de experiência, de saberes, de sabores, de culturas, de gêneros, de temperamentos.

A sociedade precisa da diferença.

Tomemos as relações de gênero. A evidência de que há uma pluralidade de gêneros e de que há necessidade de que essa diversidade se expresse com liberdade choca o senso comum, constantemente devedor da ideia do dualismo sexual. A dificuldade em reconhecer modos de expressão para além da díade masculino-feminino (de resto engessados por ideias preconcebidas e limitadoras das capacidades humanas de constituição e auto compre-

Já no século XIX, apenas para dar breve exemplo, a que hoje é considerada uma das melhores universidades do mundo, engendrou um sistema de constituição

84


humano integralmente fizesse as vezes daquilo que entendemos como instrumentos de nossa comunicação propriamente dita – assim a voz, por exemplo, e a linguagem que indica. O corpo expressa uma mensagem que o constitui, não apenas como veículo de algo existente, mas como constitutivo desse existente. Meio e mensagem se confundem.

ensão) está relacionada com a dificuldade de compreender a interação entre natureza e cultura, no engendramento de múltiplos modos de ser. Já a psicanálise havia levantado a questão de que o masculino e o feminino não seriam integralmente dados da natureza, mas o resultado de uma construção, de um complexo de relações havidas desde a tenra infância entre a criança e os adultos que a cercam.

Assim, deixamos para trás a análise fria de categorias filosóficas, psicológicas, sociais ou culturais, e adentramos o campo de um debate que se constitui não apenas nas salas e laboratórios acadêmicos. Caminhamos em direção aos espaços sociais em que essa expressão dos gêneros se estabelece, de modo conflituoso, porque ainda clivado por atos violentos de preconceito, exclusão e opressão.

Com Michel Foucault, a sexualidade deixou de ser uma oferta da natureza para se mostrar o produto de uma história. Com Joan Scott, o gênero passa a designar uma categoria de análise da sexualidade e de sua constituição plural. Finalmente, com Judith Butler, os gêneros passam a ser considerados performances do humano, isto é, atos, gestos e sinais que expressariam significados. Assim, a expressão de modos de ser diferentes dos padrões (rigidamente artificias) da heterossexualidade proporia para a sociedade não mais um problema, mas uma solução para os impasses de uma época de revolução permanente dos papeis sociais, sobretudo os ligados a essas características – históricas e culturais - da sexualidade.

A L F R E D O A T T I É

Devemos esse engajamento sobretudo aos jovens, portanto ao que neles indica o futuro de nossa humanidade. A educação, a ciência, a arte, a política e o direito mostram-se instrumentos importantes nesse envolvimento com a difícil realidade que estão vivendo esses jovens. Cumpre atualizar cada um desses campos ou entender de que modo se alteram para compreender as transformações do humano.

Uma das características mais interessantes da humanidade – ou dos hominídeos, como sublinha a antropologia cultural – estaria em sua capacidade de se adaptar a alterações, por meio da reconfiguração de seu, por assim dizer, aparato natural. Isto é, há uma interdependência e uma interação constante entre natureza e cultura - se quiserem fazer uso de uma metáfora cibernética, entre o hardware e o software humanos. Assim, os modos de expressão não são apenas reflexos de características estabelecidas. Meios de expressão constituem igualmente as características humanas. Tudo se passa como se o corpo

A R T I U M 85


RM EDI A R T I U M

Diagramação Criação de capa Ilustração Inscrição da obra no ISBN Impressão e acabamento artesanal ou industrial Livos e revistas Projeto gráfico Revisão e atualização ortográfica Tratamento de imagens

RM 86

Rua Leonidas Xavier de Freitas, 183 casa 02, Pila


ITORES

M EDITORES EDITORA E GRĂ FICA

arzinho, Curitiba, PR 82.115-040 41. 3335-84-24 celular87 41. 9265-29-32 rmeditores@gmail.com

A R T I U M


RM EDI

LANÇAM

Quem de nós nunca ficou horas ao lado do telefone, coração aos pulos, ataque de ansiedade, esperando uma ligação dele? Aí toca, mas é engano! Socorro!!!!! E uma questão começa a martelar na cabeça, misto de suspeita e premonição: “Será que ele não vai me ligar?”. O tempo passa e nada!!! Nem hoje, nem amanhã, nem depois. O telefone continua mudo! Então, você faz a perguntinha fatal: “Por que??????”. Tem início a ideia fixa! Por que? Por que? Por que? Vira uma verdadeira obsessão!

A R T I U M

Por isso, achei que, além de perguntar por que os homens somem, deveria tentar responder também por que as mulheres morrem de medo disso? Por que insistem tanto na busca de uma resposta que, às vezes, é óbvia, ou que, nem sempre, virá? Por que, simplesmente, não partem para outra? Por que só de pensar que o cara não está a fim, a vida vira um pesadelo, uma tragédia grega? Sofrer assim é um clássico feminino. Mas nem por isso dói menos. E o pior é que os novos meios de comunicação deram aos homens novas formas de pular fora: bloquear a garota no msn, romper por e-mail, colocar o nome dela na black-list do celular, twittar a palavra “Fui”, etc. Mais rápido do que a velha desculpa de sair para comprar cigarros e... fugir! Hoje, as relações são descartadas de modo virtual e impessoal. Isso é um choque para a alma feminina!

Titulo: Homens que somem Autor: Sonia Abrão Editora: RM Editores Ano: 2017 Quantidade de páginas: 198 Formatos: Livro / E-pub

88


ITORES

MENTOS

Falar de amor com a mulher em geral e falar de submissão em particular é sempre delicado. Geralmente, quem se força a ficar numa relação amorosa que só faz mal, deixando-se dominar pelo outro, não gosta de ouvir a verdade, porque se sente impotente para pular fora e recomeçar sua vida sentimental em bases saudáveis. Aí o quadro se agrava. Mas a proposta deste livro não é apenas jogar sal na ferida. Ao contrário, o objetivo é ajudar a encontrar a saída, a se libertar das ideias e das pessoas erradas. Neste livro, há histórias de mulheres que deram a volta por cima, há poemas que retratam os sentimentos femininos, há uma análise do que nos leva a insistir em relações falidas, em homens que só nos fazem sofrer. Há também inúmeras sugestões e dicas de como trocar tudo isso por uma nova forma de amar. Em cada capítulo, você entenderá a importância da auto estima, da independência emocional e financeira, de não ter medo da solidão, de poder contar com você mesma em qualquer situação. No final do livro, há testes para fazer uma avaliação do nível em que se encontra o seu amor-próprio. Titulo: Abaixo a mulher capacho Autor: Sonia Abrão Editora: RM Editores Ano: 2017 Quantidade de páginas: 192 Formatos: Livro / E-pub

Ser “capacho” no amor acontece em algumas fases da vida da maioria das mulheres, independentemente de idade e de classe social, mas não pode durar para sempre. É uma condição que deve ser modificada. E ler este livro é o primeiro passo! 89

A R T I U M


RM EDITORES LANÇAMENTO Hazrat Inayat Khan era um professor sufi da Índia que iniciou “A Ordem Sufi no Ocidente” (agora chamado de Internacional Sufi) no início do século XX. Embora o seu passado familiar fosse muçulmano, ele também estava mergulhado na noção sufí de que todas as religiões têm seu valor e lugar na evolução humana. Inayat nasceu em uma família de músicos em 1882. Seu avô era um conhecido músico respeitado como compositor, artista e desenvolvedor de uma anotação musical que combinava um grupo de linguagens musicais diversas em uma notação integrada simplificada. A casa em que cresceu foi uma encruzilhada para visitar poetas, compositores, místicos e pensadores. Lá se conheceram e discutiram seus pontos de vista (religiosos e de outra forma) em um ambiente de abertura e compreensão mútua. Isso produziu no jovem uma simpatia por muitas religiões diferentes e um forte sentimento de “unicidade” de todas as religiões e credos.

A R T I U M 90


A R T I U M 91


U N I V E R S O I N F A N T I L

PRISCILA GOLDENBERG PERSONAL SHOPPER NOS EUA E PARIS www.pgoldenberg.com

A R T I U M

Luminรกrias Divertidas para o quarto do baby e kids 92


ricano, para deixar o ambiente bem alegre como por exemplo, modelos de animais, figuras geométricos, letras, frutas, robôs, dinossauros, luminárias de led entre outras.

Quando os pais começam a pensar em como será o quarto do bebê ou quarto do filho mais velho, um dos itens que compõe a decoração são as luminárias que ajudam a criar um ambiente aconchegante para a criança tanto durante o dia como a noite.

Estas luminárias podem ser presas no teto, na parede ou mesmo apoiadas sob a cômoda ou numa mesinha.

É importante considerar o uso da luminária, se será apenas decorativa, se será utilizada para leitura de historinhas na cama ou se servirá para complementar a iluminação do quarto, entre outros pontos.

O importante é atender a necessidade de cada família, estar harmoniosa e deixar a decoração escolhida ainda mais linda. Separei algumas luminárias temáticas que estão na moda e fazem o maior sucesso, confiram:

Algumas crianças gostam quando deixamos uma luz fraquinha para dormir, para não ficarem com medo do escuro e se sentirem mais seguras na hora de dormir. Neste caso opte por luminárias que controlam a intensidade da luz. Existem vários modelos descolados e divertidos disponíveis no mercado ame-

Mr. Maria Kokeshi Lamp

Zzzoolight Lamp

93

U N I V E R S O I N F A N T I L

A R T I U M


U N I V E R S O I N F A N T I L

A R T I U M

Zzzoolight Lamp

Zzzoolight Lamp

A Little Lovely Company

94


U N I V E R S O

A Little Lovely Company

A Little Lovely Company

95

I N F A N T I L

A R T I U M


U N I V E R S O I N F A N T I L

A R T I U M

A Little Lovely Company

A Little Lovely Company 96


U N I V E R S O

Aloka Night Light

I N F A N T I L

A R T I U M Aloka Night Light 97


U N I V E R S O I N F A N T I L

A R T I U M

Glo Night Light Boon

MIFFY LAMP

98


U N I V E R S O I N F A N T I L

SkipHop

A R T I U M 99


A R T I U M 100


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.