Revista Negócio Rural - Edição 21

Edição 21 - Valor: R$ 11,90 Setembro/Outubro • 2020 / Circulação Nacional

A força do Girolando Raça desenvolvida no Brasil é responsável atualmente por 80% do leite produzido no país

EDUCAÇÃO É A MAIOR ARMA CONTRA INCÊNDIOS FLORESTAIS NO BRASIL

SUPERINTENDENTE DO SISTEMA OCB/ES FALA SOBRE AS SOLUÇÕES DAS COOPERATIVAS PARA ENFRENTAR 2020

O AGRO 4.0 INSERE NOVAS TECNOLOGIAS EM PEQUENAS E GRANDES PROPRIEDADES BRASILEIRAS

EDITORIAL 2020 TERÁ SIDO UM ANO RUIM? Nas últimas décadas o setor rural vem se transformado, seja pela melhoria genética de plantas em laboratório, que tem contribuído significativamente para o aumento da produção agrícola, ou até mesmo com raças de animais, como contamos na matéria de capa desta edição.

No caso do gado Girolando, tema de nossa reportagem principal, o cruzamento de duas raças ocorreu por acaso.

Entretanto, assim surgiu o gado responsável, atualmente, por cerca de 80% da produção de leite no Brasil.

Mas, a maior revolução no campo tem ocorrido nos últimos anos, com a inserção de novas tecnologias da chamada Agri-

cultura 4.0, cujo tema também é destaque desta edição, a partir da página 16.

Seja em pequenas ou grandes propriedades rurais, cada vez é mais constante o uso de sistemas automatizados, programas que ajudam a aumentar a produtividade de culturas, sistemas de monitoramento de pragas de lavouras via satélite, irrigação inteligente e tantos outros exemplos de auxílios tecnológicos.

Com todo esse aparato à disposição dos agricultores e, claro, com profissionais cada vez mais capacitados, o Brasil tem reforçado o seu destaque mundial na produção de alimentos. E, neste ano de pandemia do coronavírus (Covid-19),

o agro brasileiro foi o setor que mais cresceu.

A cada ano, a produção brasileira de alimentos tem crescido e conquistado novos mercados. O ano de 2020 ainda não acabou, mas os números já mostram o recorde na produção de grãos e a elevação dos preços dos produtos agrícolas, o que pode fazer com que o ano que fique marcado não somente pela maior pandemia da atual geração, mas também como um excelente ano para o agronegócio nacional.

Boa Leitura

Julio Huber e Bruno Faustino

ÍNDICE 09 PESQUISA 04 CAPA

Propriedade na Região Serrana do Espírito Santo atrai pesquisadores de insetos de outros Estados

Raça brasileira de gado é responsável por 80% do leite produzido no país

10 MEIO AMBIENTE

Educação é a maior arma contra incêndios florestais no Brasil

14 ENTREVISTA

Superintendente do Sistema OCB/ES fala sobre as soluções das cooperativas para enfrentar 2020

Revisão: Sidney Dalvi Editores de jornalismo: Bruno Faustino - JP - 1375/ES Julio Huber - JP - 2038/ES Reportagem: Bruno Faustino Julio Huber Fotografia: Bruno Faustino Julio Huber Foto de capa: Jadir Bison

Colaboradores: Anderson Percílios Diagramação: HM Propaganda (27) 3361-4163 (27) 99276-9848 Periodicidade: Bimestral Setembro e Outubro Com reportagens apuradas até 10/10/2020

16 TECNOLOGIA

O Agro 4.0 insere novas tecnologias em pequenas e grandes propriedades brasileiras

Endereço e assinaturas: Avenida Presidente Vargas, nº 590, Sala 305 B Centro - Domingos Martins ES - Cep: 29.260-000 (27) 99988-7860 (27) 99996-1288 revistanegociorural@gmail.com

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Impressão: Grafiisana

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PECUÁRIA |

TEXTO: BRUNO FAUSTINO - MINAS GERAIS | FOTOS: JADIR BISON

Gado verde amarelo

Raça desenvolvida no Brasil é responsável atualmente por 80% do leite produzido no país

D

izem os criadores mais antigos que entre as décadas de 1940 e 1950, no Vale do Paraíba, em São Paulo, um touro da raça Gir invadiu uma pastagem vizinha e cobriu algumas vacas da raça holandesa, a qual predominava nos rebanhos daquela região. Ao nascerem, eles perceberam que os bezerros eram totalmente diferentes dos animais tradicionais daquela época. Assim, surgiu o gado Girolando - uma raça genuinamente brasileira.

O sucesso desse cruzamento foi tão grande que os criadores passaram a realizá-lo com mais frequência, porém de forma desordenada. As normas para formação da raça em questão foram elaboradas em 1989 e introduziram uma forma planejada da formação de “raça”.

Nas estratégias de cruzamentos da pecuária leiteira tropical são utilizadas combinações de uma raça europeia (holandesa) e uma zebuína (Gir) para formação do principal cruzamento: o Girolando ½ sangue, representando 50% da genética da raça holandesa e 50% da raça Gir. Mas, outras combinações também são aceitáveis, entre elas, o Girolando ¾ (CCG 3/4 HOL + 1/4 GIR), o ¼ (CCG 1/4 HOL + 3/4 GIR) e, por fim, o 5/8 (5/8 HOL + 3/8 Gir). Os animais da raça são registrados pela

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Associação Brasileira de Criadores de Girolando, que também oferece assistência técnica e capacitação aos criadores.

“Tínhamos animais de outra raça no rebanho, mas já era objetivo do meu marido ficar apenas com Girolando. Já adquiri quatro vacas desta raça e quero comprar outras 10 novilhas de primeira cria ainda neste ano” Silvana Jordão - Criadora

PERFORMANCE - Dentre as diversas características de funcionalidade do gado Girolando destacam-se a produtividade, a rusticidade, a precocidade, a longevidade e a fertilidade, além da alta capacidade de adaptação a diferentes tipos de manejo e clima.

As vacas desta raça são produtoras de leite por excelência e possuem características fisiológicas e morfológicas perfeitas para os trópicos, entre elas, a capacidade e suporte de úbere, tamanho de tetas, fatores intrínsecos à lactação, pigmentação, capacidade termorreguladora, aprumos e pés fortes, conversão alimentar, eficiência reprodutiva, entre outras características.

Já os machos possuem boa adaptabilidade e capacidade de aproveitamento de pastagens grosseiras, resistência às doenças e parasitas, além da velocidade de ganho de peso. Atualmente, a raça está espalhada por todo o Brasil, representando 80% do leite produzido no país.

“Não há raça melhor para produção em sistema semiextensivo. São animais rústicos e altamente produtivos” Luciano Henriques - Secretário municipal de Agricultura de Itapemirim

PROGRAMA FORNECE NOVILHAS PARA PECUARISTAS CAPIXABAS No município de Itapemirim, no sul do Espírito Santo, produtores estão conseguindo aumentar a produção de leite graças a programas da Prefeitura que estão fornecendo gratuitamente material genético, alimento para o gado, vacinas e outras tecnologias. Entre as beneficiadas está a criadora Silvana Jordão, do sítio Boa Esperança.

Há dois anos, a situação da propriedade era desanimadora. A produção de leite, por dia, não passava de 160 litros e melhorias como estrutura e manejo precisavam ser feitas nos pastos. Foi quando ela procurou a secretaria de agricultura do município e conheceu o programa Melhoramento Genético Avançado (MGA) - projeto iniciado no final de 2019 que tem como público-alvo pequenos produtores da cidade, com produção diária de até 200 litros.

Através do programa, cada produtor recebe duas novilhas Girolando, registradas como Livro Aberto e prenhas de embrião CCG 1/2 HOL+ 1/2GIR. Ao todo, serão distribuídas pelo projeto 700 animais. “Já recebi uma novilha e a qualidade dela

é impressionante. Nas fazendas vizinhas, cujas fêmeas já pariram, a produção chega a 40 litros/dia. E isso na primeira cria, cuja produção costuma ser menor, imagina quando estiverem na segunda cria?”, anima-se Silvana, que pretende superar os 500 litros/dia em breve.

Desde que começou a receber a assistência técnica, a produção média da propriedade aumentou quase 300%, atingindo atualmente 450 litros/dia. Isso foi possível por conta de uma série de ações integradas, que incluem a parte nutricional, sanitária e genética, desenvolvidas pela Prefeitura de Itapemirim. Segundo Silvana, ela recebeu calcário para aplicação no pasto, que já estava em condição ruim, silagem para o gado e as novilhas prenhas.

O programa “Melhoramento Genético Avançado” pretende beneficiar 350 produtores até o final do ano. “Optamos pelo Girolando por todo o potencial leiteiro da raça e de sua capacidade de produzir bem, mesmo em uma região como a nossa, que possui um clima mais quente e de poucas chuvas. Com isso, esperamos elevar consideravelmente

nossa produção municipal de leite”, destaca Luciano Henriques, secretário de Agricultura de Itapemirim.

Segundo ele, não há raça melhor para produção em sistema semiextensivo, pois são animais rústicos e altamente produtivos. Todas as 700 novilhas que serão doadas foram inspecionadas e registradas por técnicos da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando.

“Foi feita uma rigorosa seleção no momento da inspeção para que se registrassem apenas novilhas de boa qualidade. São exemplares de várias composições raciais”, explica José Renes, técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando. Já nos acasalamentos dos embriões foi priorizada a composição racial CCG 1/2, por conta das características climáticas de Itapemirim.

Foram utilizadas doadoras Gir Leiteiro PO, com lactação acima de 5.000 kg e Beta Caseína A2A2, oriundas de tradicionais criatórios brasileiros e dez touros holandeses importados. A escolha dos reprodutores teve como principais focos: saúde, produção e tipo. Todos são

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positivos para A2A2, CCS abaixo de 2.95, TPI acima de 2.470, leite acima de 1.250 libras e úbere acima de 1.70.

Os produtores que estão recebendo as novilhas prenhas também estão recebendo orientações em relação ao manejo correto dos animais. “Orientamos sobre os cuidados com a alimentação dessas novilhas, que precisam receber bom sal mineral e alimentação adequada, para manterem o escore corporal e boa imunidade”, relata o médico-veterinário e assessor da Secretaria de Agricultura de Itapemirim, Romulo Sobrosa.

Os produtores ainda têm direito à vacinação gratuita dos rebanhos beneficiados. “Assim que visitamos os produtores, recomendamos manter as vacinações obrigatórias e reforço com as demais vacinas. Há produtores carentes de informações com relação ao correto mane-

jo, seja com alimentação, sanitário e reprodutivo. Dessa forma, a secretaria trabalha para que esses produtores recebam toda a ajuda que puderem”, esclarece o médico-veterinário.

PRODUÇÃO - Itapemirim produz 1,4 milhão de litros de leite/mês, abastecendo cooperativas de municípios vizinhos. Uma realidade bem diferente de 2014, ano em que a secretaria iniciou o projeto de fornecimento de ração balanceada e cuja média de produção mensal do município era de 500 mil litros.

A produtora rural Silvana já figura entre os 10 maiores produtores do município. Em junho, ficou na sexta colocação, com a entrega de 12.650 litros de leite. Além das novilhas prenhas que receberá do programa, ela pretende ampliar ainda mais o rebanho, focando apenas na raça Girolando.

“Tínhamos animais de outra raça no rebanho, mas já era objetivo do meu marido ficar apenas com Girolando. Estou dando sequência a isso. Já adquiri quatro vacas da raça e quero comprar outras dez novilhas de primeira cria ainda neste ano”, conta a produtora.

Melhoramento genético de bovinos permite a produção de leite menos alergênico O setor lácteo no Brasil explora, nos últimos anos, um importante nicho de mercado: a produção de leite para pessoas que possuem alergia as beta-caseínas, que correspondem a 30% das proteínas do leite. Trabalhos de melhoramento genético, desenvolvidos pela Embrapa Gado de Leite (MG), em parceria com as associações de criadores das raças Gir leiteiro e Girolando, estão impulsionando ainda mais esse segmento.

Os sumários de touros do teste de progênie dessas raças, que trazem características genéticas dos touros cujo sêmen será usado na fertilização das vacas, já apresentam a característica para a produção do leite que vem sendo chamado de “A2”. Os pesquisadores da Embrapa dizem haver evidências científicas de que a beta-caseína do leite A2 não causa reações em pessoas que possuem alergia a essa proteína específica.

A alergia à proteína do leite de 6 | NEGÓCIO RURAL

vaca, conhecida como APLV, é um problema mais observado na infância. Segundo dados da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), cerca de 350 mil indivíduos no Brasil são alérgicos.

A pessoa que tem o problema terá que eliminar o leite de vaca da dieta, deixando de se beneficiar de uma importante fonte de cálcio e de outros nutrientes num momento da vida em que o ser humano mais necessita.

Embora os alergistas afirmem que o leite A2 não seja indicado para todos os casos, o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Marcos Antônio Sundfeld Gama diz que ele pode ser benéfico para muitas pessoas, pois a beta-caseína é a principal causadora da APLV. ALERGIA X INTOLERÂNCIA - É importante destacar que o leite A2 não é indicado para a intolerância à lactose, que pode ser confundida com a alergia ao leite de vaca.

O alergista e imunologista Aristeu José de Oliveira diz que APLV e intolerância à lactose são problemas distintos. A lactose é o açúcar do leite e não uma proteína.

A intolerância ocorre em pessoas que possuem deficiência na produção de uma enzima chamada lactase, cuja função é quebrar as moléculas de lactose durante o processo digestivo, transformando-a em energia para as células do corpo humano. Os sintomas da intolerância à lactose são: dores abdominais, diarreia, flatulência e abdômen distendido.

A APLV desencadeia uma série de reações, algumas parecidas com a intolerância à lactose, o que pode gerar confusão entre os dois problemas. Mas, além dos sintomas gástrico-intestinais ocorrerem de forma mais acentuada (diarreia e vômitos), a APLV pode causar placas vermelhas no corpo, muitas vezes acompanhadas por coceiras, inchaço dos lábios e dos olhos e, na

reação mais aguda, a anafilaxia, que pode levar à morte.

Diferente da alergia a alguns alimentos como amendoim, castanhas e frutos do mar, que pode acompanhar o paciente por toda a vida, quando a APLV tem início na infância, após a criança ter o primeiro contato com o leite de vaca, há uma grande probabilidade de a alergia se extinguir na adolescência. Mas até lá, os casos mais graves deverão ser constantemente monitorados.

MELHORAMENTO GENÉTICO Cientistas concluíram que até oito mil anos atrás as vacas produziam somente o leite A2. Uma mutação genética nos bovinos levou ao surgimento de animais com o gene para a produção do leite A1. Essa característica é mais comum nas raças de origem europeia (subespécie taurus). As raças holandesa e pardo-suíça possuem 50% de chances de produzirem leite A2.

Na raça Jersey esse índice é maior, 75%. Da subespécie taurus, apenas a raça Guernsey, pouco comum no Brasil, possui 100% dos seus indivíduos capazes de produzir leite A2.

Já nas raças zebuínas (subespécie indicus), de grande predominância na pecuária nacional, que inclui o

Gir leiteiro, 98% dos indivíduos têm genética positiva para a produção de leite A2.

“A alta frequência do alelo A2 na pecuária brasileira é uma vantagem competitiva para nossos produtores explorarem o nicho de mercado que está se formando em torno do produto”, disse o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Marcos Vinicius G. Barbosa da Silva.

Para o também pesquisador da Embrapa João Cláudio do Carmo Panetto essa informação disponibilizada nos sumários dos touros Gir leiteiro e Girolando irá facilitar o processo de melhoramento genético do rebanho, caso o produtor queira produzir leite A2.

Mas, não bastam as informações a respeito do touro, cujo sêmen será usado na fertilização. As vacas do rebanho devem ser genotipadas, ou seja, é preciso identificar no material genético do indivíduo se o animal é homozigoto (possui os dois alelos) para a produção de leite A2.

O ideal é que sejam selecionadas as vacas A2A2, que inseminadas por um touro A2A2 terão 100% das filhas com os alelos A2A2.

Se uma vaca tem o genótipo A2A2, é garantido que ela passará para a progênie o alelo A2. Simi-

larmente, uma vaca A1A1 passará o alelo A1. Para uma vaca A1A2, há 50% de chances de passar para a progênie qualquer um dos alelos.

A genotipagem da vaca é feita com a coleta de tecido biológico do animal, que pode ser uma amostra de sangue ou de pelo.

A amostra é enviada para um laboratório especializado que apresentará o resultado ao produtor de acordo com o tipo: A1A1, A1A2 e A2A2. Depois, basta escolher o sêmen adequado, cujas informações estão presentes nos sumários dos touros Gir leiteiro e Girolando.

Pesquisadores da Embrapa orientam que o processo de seleção pode ser acelerado por meio do descarte de animais A1A1 e A1A2.

Devem permanecer no rebanho somente as vacas e bezerros com o genótipo A2A2. A velocidade com a qual o rebanho será convertido para a produção de leite A2 dependerá da estratégia de uso do sêmen de touros A2, do investimento na genotipagem das vacas, das taxas de descarte e da retenção dos bezerros.

“Se o criador optar pelo uso conjunto dessas ações, sem reduzir drasticamente o rebanho, o tempo necessário para que todos os animais da fazenda sejam A2A2 poderá variar de duas a três gerações, cerca de dez a 15 anos”, diz Panetto.

MERCADO PROMISSOR - O mercado internacional aponta para o sucesso do empreendimento. A Nova Zelândia, maior exportadora mundial de leite em pó, produz leite A2 desde 2003. O país registrou comercialmente o nome A2 Milk e certifica laticínios e fazendas que produzem exclusivamente o leite A2. Outro grande exportador, a Austrália, também já ingressou nesse mercado.

O curioso é que o produto deixou de ser uma exclusividade de pessoas alérgicas à proteína do leite e está conquistando o grande público. Na Oceania é possível comprar leite e derivados lácteos em diversas lojas e cafés. O produto também já é visto nas gôndolas de supermercados da Inglaterra e dos Estados Unidos.

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AS S I ST Ê N C I A T É C N I C A

Professora deixa a sala de aula para produzir café

Com apoio do Senar, Letícia passou em investir na produção de café conilon

A produção de café conilon foi o motivo que fez a professora Letícia Dalmazo Melotti trocar a sala de aula pela propriedade rural da família em São Domingos do Norte.

Ela está investindo em café conilon de qualidade e se tornou uma microempreendedora rural, como ela mesma se identifica. Seu interesse pela agricultura nasceu depois de participar da Semana Internacional do Café (SIC) em 2018, com a caravana do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Espírito Santo (Senar-ES).

“Já sabia que algumas famílias produziam conilon de qualidade no Estado e me interessei pelo assunto.

Fiz minha inscrição para participar da SIC e chegando lá conheci um outro mundo sobre degustação e barismo.

Voltei com a certeza de que no ano seguinte levaria o meu café para ser provado por especialistas no evento”, declarou Letícia.

Foi exatamente o que a produtora rural fez. Com o auxílio da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar-ES, ela aprendeu a trabalhar melhor com o café, conhecendo técnicas de manejo da produção e entendendo a importância da gestão 8 | NEGÓCIO RURAL

para o controle de gastos e receitas da propriedade.

“Plantei o café em 2015, mas tinha algo que me incomodava principalmente na época da colheita. Eu não queria ser igual a todo mundo. Queria fazer algo diferente. Dessa inquietação, surgiu a possibilidade do ATeG e foi quando aprendi a técnica e adquiri todo o conhecimento que eu precisava”, revelou Letícia.

Antes da SIC 2019, ela fez a análise sensorial de seu café em três locais diferentes no Espírito Santo e em todos eles conquistou mais de 80 pontos na bebida. “Quando levei o café para a SIC, um barista e muitos produtores que estavam participando fizeram a prova. Todos ficaram satisfeitos com a qualidade”, disse.

Os resultados expressivos que Letícia colhe com a produção cafeeira de qualidade são frutos de esforço e dedicação constantes. Todo o processo é feito de forma artesanal em sua propriedade: a “boia” para a separação do café com defeitos, a seleção manual de grãos verdes e maduros, a secagem em terreiro coberto com monitoramento frequente da temperatura e da umidade, e a armazenagem apenas em sacos novos são

alguns dos cuidados diários.

A produtora também disse que busca estar sempre atenta às novidades do mercado. “Para adquirir conhecimento sobre a produção e aprimorar meus processos, além de receber a Assistência Técnica e Gerencial faço treinamentos presenciais e on-line. O Senar é um braço que temos na propriedade que clareia o caminho pra gente”, afirmou Letícia.

Hoje Letícia já comercializa seu Café Dal Maso moído e em grãos e pensa em produzir cápsulas. Ela faz vendas até mesmo pela internet. No futuro, a produtora ainda deseja ter um espaço para receber os turistas que passarem pela cidade. “Como moramos bem próximo da rodovia, penso em ter um espaço para a prova do café e, quem sabe um dia, uma cafeteria”, revelou.

Ela não descarta a possibilidade de voltar a trabalhar com educação, aliada à agropecuária. “Pretendo ainda retornar à sala de aula e levar as atividades simultaneamente. Ser professor é trocar ideias e eu também amo isso”.

Conheça a história de outros produtores rurais capixabas em: www. senar-es.org.br/ValorizeoProdutor.

P E S Q U I SA |

SIDNEY DALVI – MARECHAL FLORIANO (ES) - FOTO: ARTHUR ANKER

Marechal Floriano recebe pesquisadores de outros Estados A Reserva Particular de Proteção Natural (RPPN) Rio Fundo, situada na localidade de mesmo nome, no município de Marechal Floriano, na Região Serrana do Espírito Santo, recebeu as visitas de pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) e também do Museu Paraense Emílio Goeldi, instituição pública fundada em 1866, vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia do Governo Federal.

Os estudiosos visitaram a RPPN a partir de um convite feito pelo proprietário, o sociólogo norte-americano e professor aposentado pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Jaime Roy Doxsey, que ficou muito feliz com a visita dos acadêmicos. “Penso na Reserva para visitação científica. Já recebi dois no ano passado. O levantamento serve para documentar a diversidade da floresta e ajuda no planejamento do espaço que nós temos” observou Jaime.

O Doutor em Zoologia, o alemão Arthur Anker, um dos participantes do grupo, disse que a ideia de visitar o bioma Mata Atlântica partiu de um projeto chamado “Expedição para algum lugar”, que tem como objetivo buscar mais conhecimento em relação às diversidades da fauna brasileira e mundial, assim como, colaborar com o desenvolvimento da pesquisa científica no Brasil.

“Nós estamos aqui com cientistas que estudam aranhas, moscas e escorpiões. Vimos aqui na floresta uma variedade muito interessante desses insetos, alguns nunca vistos antes. E a nossa intenção também é de colaborar com a reconstrução do Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, que perdeu quase todas as amostras de insetos no incêndio de 2018”, relatou Arthur.

O Mestre em Biodiversidade e Evolução, o colombiano Fabian García Oviedo, que trabalha no Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém, na capital paraense, e também participante da expedição, disse que se sentia em casa, pois o clima e as florestas o lembravam muito a Colômbia. Ele também falou sobre a sensação de preservação que teve ao conhecer parte da Região Serrana do Espírito Santo.

“Pesquisando imagens aéreas da região, a gente achou até que há uma boa preservação, se compararmos com o Estado do Rio de Janeiro, por exemplo. É claro que nós vimos muitos “buracos” nessas fotos também, mas como um todo, o Espírito Santo em relação às matas, ainda está de certa forma preservado, mas pode melhorar muito”, afirmou Fabian.

CINZAS HUMANAS - Ainda na RPPN Rio Fundo, o sociólogo e pro-

prietário da área, Jaime Roy Doxsey, desenvolveu um projeto que vai ao encontro da preservação da Mata Atlântica: a Floresta Cinzas Humanas. De acordo com Jaime, os cemitérios tradicionais podem estar com os dias contados, devido à falta de espaço territorial e ainda por infringirem uma série de normas que vão de encontro aos ideais ecológicos.

“O projeto Floresta Cinzas Humanas proporciona aos seres vivos o verdadeiro sentimento de eternização. A possibilidade de diminuir os impactos produzidos pelo homo sapiens e seu processo evolutivo junto à natureza é o que faz a concepção da floresta tornar-se um referencial à vida e a sua imortalidade, fazendo brotar em nossos corações um novo ideal ecológico e humanitário”, explica Doxsey.

A Floresta Cinzas Humanas tem em sua base ideológica a sustentabilidade, a continuidade e a transformação, tudo isso formando um sentimento de eternização. “Estamos construindo a área que servirá para que as cinzas dos entes queridos possam ser eternizadas, assim como, um observatório, que servirá para momentos de contemplação, explica o sociólogo”. Para maiores informações sobre o projeto Floresta Cinzas Humanas acesse o site: www.florestacinzashumanas.com.br.

NEGÓCIO RURAL | 9

B R U N O FA U ST I N O - SÃO PA U LO / C O M I N FO R M AÇ Õ E S DA A BAG - R P

INFORMAÇÃO CONTRA

o fogo Associação Brasileira de Agronegócio da Região de Ribeirão Preto alerta para conscientização, prevenção e combate aos incêndios Uma cortina de fumaça encobre a paisagem. Ar pesado, seco. Cena comum no interior do Brasil durante o período da estiagem. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) apontam que, este ano, de janeiro até o início de outubro, o país registrou mais de 171.527 focos de incêndio em vegetação.

Os biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal concentraram os maiores números de queimadas. Dentretodos os Estados brasileiros, São Paulo teve o maior crescimento. O número de incêndios em vegetação no período quase que dobrou, de 2019 (2.771) para 2020 (5.469) - um aumento de 97%.

Os números alertam para um sinal vermelho. O Estado é, hoje, um dos exemplos mais bem-sucedidos do agronegócio brasileiro. Sozinho representa 20% do PIB agro do país.

Segundo informações do Governo do Estado, São Paulo é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar (358,4 milhões de toneladas, o que representa 53,2% da produção nacional), açúcar (24,6 milhões de toneladas, correspondente a 63,7% da produção nacional) e etanol (13,2 bilhões de litros, o equivalente a 47,5% da produção nacional).

Além disso, o Estado responde

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por 60% da produção mundial de laranja e 78,7% da produção nacional da fruta, sendo o maior exportador mundial, e produz 75,1% do limão brasileiro. O agronegócio paulista também é destaque na produção nacional de hortaliças (40%), ovos (38%), codornas (29,6%), borracha/ látex coagulado (90,9%), abacate (43,5%), tangerina (22,6%) e goiaba (49,8%).

O fogo é uma ameaça aos campos de produção, às pessoas e ao meio ambiente. E a informação tem um papel importante na conscientização, prevenção e combate aos incêndios. Esta é a aposta da Associação Brasileira de Agronegócio da Região de Ribeirão Preto, há 6 anos.

“A campanha é realizada durante o período mais seco do ano, quando, historicamente, a ocorrência de focos de incêndio é maior”, diz Mônika Bergamaschi, presidente do Conselho da ABAG/RP. HISTÓRICO - O engajamento da entidade para a questão dos incêndios em vegetação começou em junho de 2014, quando a Estação Ecológica de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, mais conhecida como Mata de Santa Tereza, foi atingida pelo fogo. A queimada destruiu mais

de 50 hectares de vegetação.

O combate às chamas contou com a experiência das brigadas de incêndios das usinas de cana-de-açúcar da região, que foram determinantes para o sucesso da ação, não apenas pela capacitação das pessoas, mas também pelo uso de equipamentos adequados. O fogo foi originado por velas usadas em rituais religiosos, mas foi disseminada a ideia de que a causa foi a queimada em canaviais.

Assim foi criada a Campanha de Conscientização, Prevenção e Combate aos Incêndios para esclarecer a opinião pública e trabalhar proativamente contra as ocorrências de incêndios, no campo e na cidade. A iniciativa reúne, além da Associação Brasileira do Agronegócio da Região de Ribeirão Preto, associados, usinas, cooperativas e associações de produtores rurais. Todos unidos para desenvolver ações de comunicação e educação, com o intuito de conscientizar e engajar toda a sociedade na prevenção às queimadas.

“A campanha é realizada durante o período mais seco do ano, quando, historicamente, a ocorrência de focos de incêndio é maior” Mônika Bergamaschi - Presidente do Conselho da ABAG/RP

AÇÕES - Nos primeiros anos foi necessário desassociar a ocorrência de fogo sem controle de queimadas controladas, permitidas por lei mediante licenciamento prévio. Também foram distribuídas cartilhas em escolas públicas e privadas da região. Técnicos de segurança das usinas de cana-de-açúcar e etanol ministraram palestras e ajudaram a formar brigadas em diversos municípios.

Mapa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostra as queimadas espalhadas pelo Brasil no início de outubro N E G Ó C I O R U R A L | 11

“Este ano, a campanha conta com o apoio da tecnologia para educar.

Além dos materiais já atualizados, entre eles, outdoors, busdoors, placas de estrada, spots de rádio, vídeos e cartilhas educativas, será divulgado, também, o ‘Indicativo de Incêndios’ pelos próximos meses”, ressalta Mônika.

Mas o que é esse “Indicativo de Incêndios”? Diariamente, serão disponibilizadas informações sobre as áreas mais suscetíveis aos incêndios em todo o Estado de São Paulo. Mais uma ferramenta importante para a prevenção e o eventual combate de focos de fogo sem controle. O “Indicativo de Incêndios” é feito pela Somar Meteorologia para todo o território paulista.

FUNCIONAMENTO - A equipe desenvolveu um modelo no qual são correlacionados dados de condições observacionais, e de previsão de chuva em curto e médio prazo, além de umidade relativa, balanço hídrico, e outras variáveis meteorológicas que permitem indicar, com maior precisão, as áreas e regiões com maior potencial de risco de ocorrência e propagação de incêndios. É importante observar que, para o levantamento deste índice não serão usados dados coletados de incêndios anteriores.

“O objetivo da campanha, desde que foi criada, continua sendo a conscientização e o engajamento de toda a sociedade; e me refiro à população, urbana e rural, aos governos municipais e estadual, e aos organismos públicos e privados.

Todos na prevenção aos incêndios, que causam prejuízos ambientais, sociais e econômicos”, reafirma a presidente do Conselho da ABAG/ RP. O mapa do estado com as áreas com maior suscetibilidade à ocorrência de incêndios pode ser acessado pelo site: www.incendiosprevina.com.br, e nas mídias sociais da ABAG/RP e dos parceiros. A expectativa é que a informação sirva de alerta para que todos saibam em quais regiões, nos dias subsequentes, existe maior probabilidade de ocorrência de fogo.

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A Campanha de Conscientização, Prevenção e Combate aos Incêndios disponibiliza, diariamente, mapas com o risco de incêndio em São Paulo.

Monitoramento on-line de incêndios florestais O Estado de São Paulo conta com o Sistema Estadual de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, instituído em 2010, que visa: diminuir os focos de incêndio no Estado; reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) oriundas das queimadas; proteger áreas com cobertura vegetal contra incêndios; erradicar a prática irregular do uso do fogo, respeitando o disposto no Decreto Estadual nº 56.571/2010; e fomentar o desenvolvimento de alternativas ao uso do fogo para o manejo agrícola, pastoril e florestal.

Entre janeiro e setembro de 2020, a Coordenadoria de Fiscalização e Biodiversidade (CFB) aplicou 514 multas por queimadas.A Operação Corta-Fogo, como é chamado o sistema, é formada pela Coordenadoria Estadual de Proteção Defesa Civil (CEPDEC), o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar Ambiental, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), a Fundação Florestal (FF) e o Instituto Florestal (IF).

Ao longo do ano são desenvolvidas uma série de atividades, que são dividas em três fases: verde, amarela e vermelha. A fase verde ocorre entre os meses de janeiro a março e novembro e dezembro. Nela são planejadas, no início do ano, as medidas de prevenção e preparação. Já no final do ano é realizada uma avaliação da temporada de incêndios e são iniciados os preparativos para o ano seguinte.

Na fase amarela, entre os meses de abril e maio, são desenvolvidas as atividades de treinamento, capacitação, elaboração e revisão de planos preventivos e de contingência.

Entre os meses de junho e outubro é ativada a fase vermelha da Operação. As ações de combate ao fogo e de fiscalização repressiva são priorizadas e as estratégias de comunicação e campanhas preventivas ganham reforço.

O painel on-line que registra os dados de incêndios florestais da Operação Corta-Fogo do Estado de São Paulo pode ser acessado pelo endereço: www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/cortafogo.

CHAMAMENTO PÚBLICO - A Fundação Florestal (FF), vinculada à Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente (SIMA) publicou um chamamento público para doação de bens materiais e serviços em apoio ao combate a incêndios florestais.

As contribuições serão implantadas nas Unidades de Conservação, bem como nas áreas do entorno.

Em razão do período de estiagem e das altas temperaturas, especialmente entre os meses de junho e outubro, o Estado de São Paulo tem sofrido com a ocorrência de incêndios florestais em diversas áreas, muitas delas inseridas em Unidades de Conservação, como a Estação Ecológica de Jataí, Parque Estadual de Águas da Prata e Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade (FEENA). As equipes estão mapeando o total de hectares atingidos nos últimos incêndios.

Podem ser doados Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como roupas de segurança, botas, luvas, óculos, capacetes, abafadores de ruído e outros; extintores e mangueiras de incêndio; bombas hidráulicas; mão de obra no combate ao fogo (voluntários); serviços de mecânica para a reparação de caminhões-tanque e outros veículos de apoio ao combate ao fogo.

Também é necessário o combustível para os caminhões-tanque e outros veículos de apoio ao combate ao fogo; gêneros alimentícios e hospedagem para os profissionais e voluntários que estiverem no combate; contribuições financeiras para subsidiar a compra de equipamentos ou contratação de serviços de combate ao fogo e quaisquer outros bens ou serviços que possam contribuir no combate a incêndios florestais nas Unidades de Conservação paulistas.

Pessoas físicas empresas privadas, associações, organizações não governamentais, entre outros, que pretendam apoiar o projeto, devem apresentar as propostas de doação por e-mail, ao endereço eletrônico: nnp@ fflorestal.sp.gov.br.

Levantamento do INPE mostra que o bioma Amazônia foi mais atingido pelas queimadas de janeiro a outubro de 2020.

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E N T R E V I STA |

TEXTO: JULIO HUBER | FOTO: DIVULGAÇÃO – VITÓRIA (ES)

Cooperativas capixabas estão superando desafios de 2020

O ano de 2020 está sendo desafiador para todo o mundo, mas mesmo com todas as dificuldades, as cooperativas do Espírito Santo estão conseguindo superar e contribuir com seus cooperados de diversas formas.

O Superintendente do Sistema OCB/ES, Carlos André Santos de Oliveira, conversou com a Revista Negócio Rural e contou um pouco sobre como está sendo esse ano, e o que está sendo feito para que os cooperados capixabas superem esses desafios.

Revista Negócio Rural Quais foram os principais desafios enfrentados neste ano de pandemia pelascooperativas capixabas?

Carlos André Santos de Oliveira - Assim como ocorreu com diversos modelos de negócios, o cooperativismo também sofreu os impactos provocados pela pandemia do novo coronavírus, que abruptamente exi14 | N E G Ó C I O R U R A L

giu um alto poder de adaptação. Felizmente, o cooperativismo mostra a sua força nos momentos de crise.

Nossas cooperativas tiraram do papel ações e projetos, e os colocaram em prática. De forma geral, podemos identificar dois principais desafios nesse período: o primeiro deles foi o impacto do isolamento social na relação entre as cooperativas e seus clientes. Os novos tempos chegaram, e foi preciso buscar formas de chegar até os consumidores, garantindo que os nossos produtos e serviços continuassem presentes na vida de toda a sociedade capixaba. A

inovação é um dos pilares da nossa atuação, e esse cenário impulsionou nosso modelo de negócios a ir além.

Atualmente já vemos projetos que nos enchem de orgulho, como o desenvolvimento de aplicativo para aproximação entre seu público consumidor e produtores, a realização de transações de crédito; o desenvolvimento de sites focados no comércio eletrônico; e a adoção da telemedicina, apenas para citar alguns.

O segundo desafio foi a adaptação interna dos processos de trabalho. O teletrabalho passou a ser uma realidade presente no nosso dia a dia, o que exigiu um mergulho nessa modalidade.Para isso, toda a nossa equipe esteve empenhada em disponibilizar todo o acolhimento e suporte às cooperativas para poderem adotar esses novos processos. É importante ressaltar que nós, da OCB/ES, buscamos nos antecipar sempre para que nossas cooperativas estejam à frente quando a crise passar. Com o apoio do Sistema OCB nacional, muitos projetos estão em andamento para apoiar as cooperativas e cooperados na atualização dos seus modos de produção e pres-

De quer forma a OCB ajudou as cooperativas no enfrentamento da pandemia? tação de serviços.

O Sistema OCB/ES tem atuado fortemente em parceria com a OCB Nacional com o objetivo de buscar soluções eficazes para as nossas cooperativas. Durante a pandemia, não foi diferente. Estamos realizando importantes ações e adotando medidas para minimizar esses impactos, e assim, ajudar as cooperativas a enfrentarem e superarem esse desafio, tornando-os ainda mais fortes.

Uma grande parte dessas iniciativas tem uma articulação com o Legislativo, o Executivo e, em vários

momentos, com o Judiciário, tanto em nível estadual quanto federal.

Atuamos fortemente em algumas frentes, como: segurança jurídica, garantia de abastecimento e preservação da atividade economia, proteção à saúde e acesso ao conhecimento.

Desde o início, o nosso modus operandi buscou ouvir e entender as reais demandas e, a partir delas, propor as melhores soluções. Uma construção sempre feita de forma coletiva. Devido ao distanciamento social, procuramos fortalecer ainda mais nossos atendimentos e assessorias virtuais, disponibilizando informações e sanando todas as dúvidas que nossas cooperativas e cooperados traziam. Nosso contato com os dirigentes é permanente, ou seja, mesmo que fisicamente afastados, estivemos presentes e atentos.

Quais as principais ações deixaram de ser realizadas pela OCB ou pelas cooperativas?

Em virtude da pandemia e da necessidade de realizar o distanciamento social, algumas ações foram adaptadas para novos formatos, porém, não deixaram de ser realizadas.

Sofreram alterações, por exemplo, as Assembleias Gerais Ordinárias (AGOs) que, ao invés de serem realizadas presencialmente, passaram a ser realizadas nas modalidades semipresencial e virtual.

A OCB/ES fez todos os estudos necessários para viabilizar essas possibilidades dentro da legalidade, disponibilizando a sua Assessoria Jurídica (ASJUR) e a sua Assessoria de Tecnologiada Informação (ATI) para prestar orientações e apoio às cooperativas.

Quais as principais ações deixaram de ser realizadas pela OCB ou pelas cooperativas?

De certa forma, sim. O agronegócio hoje é o setor mais pujante do

Brasil. O modelo de negócio cooperativista permite que os produtores sejam inseridos nos mercados e que ganhem competitividade, pois possuem estruturas modernas de gestão, escala e economicidade.

Esses fatores criam vantagens competitivas e colaboram para mitigar os impactos negativos dessa crise. Sabemos que, de forma geral, o consumo mundial desacelerou. Entretanto, a busca por alimentos saudáveis é crescente, pois não há como substituir essa necessidade humana.

As cooperativas, por serem “filhas das crises”, possuem condições extraordinárias para perpassar por esses momentos e sair na frente das demais organizações. É importante destacar que, neste momento de incerteza, o campo, e em consequência o cooperativismo agropecuário, nos brinda com notícias cada dia mais animadoras. A Conab trouxe em seu boletim de julho uma expectativa de produção 251,9 milhões de toneladas de grãos, crescimento de 4,1% em comparação à safra passada, quase 9,9 milhões de toneladas incrementais.

Quando analisamos os números em relação à área cultivada, espera-se um crescimento de 2,4%, chegando a 64,78 milhões de hectares.

Segundo pesquisas realizadas pela USP e pela EAESP/FGV, especialistas em planejamento estratégico do agronegócio destacam que a soja deve bater recorde de produção devido às boas condições climáticas, chegando a 124,2 milhões de toneladas com incremento de 2,6% da área. Ou seja, mesmo nesse cenário extremamente atípico e incerto em que vivemos, o agronegócio vai bem e continua a ser o grande e importante fiel da balança no Brasil!

E para esse restante do ano, há alguma ação específica programada?

O Sistema OCB/ES realiza, no mês de outubro, um novo ciclo de reuniões setoriais com a participação de representantes e dirigentes das cooperativas capixabas, reunindo-as de acordo com os seus respectivos ramos. O objetivo é estreitar o

relacionamento com as cooperativas e divulgar os resultados alcançados, as ações desenvolvidas e os serviços disponibilizados pelo Sistema, além de promover um intercâmbio entre os participantes.

As reuniões se configuram como um espaço de apresentação de sugestões, discussão de estratégias e fortalecimento do sistema cooperativista.Também serão realizados, entre os dias 26 de outubro e 26 de novembro, os encontros do Aproximacoop, contemplando as regiões Sul, Centro-Serrana, Rio Doce Nordeste, Centro-Oeste Noroeste e Grande Vitória.

Vale destacar que, durante o ano inteiro, todos os serviços prestados pelo Sistema OCB/ES continuam sendo ofertados integralmente e estão à disposição das cooperativas.

Na visão da OCB, o ano de 2021 promete ser de retomada?

O ano de 2020 tem sido muito desafiador para diversos setores da sociedade, e o cooperativismo não saiu ileso. Contudo, por se tratar de um modelo de negócios estruturado a partir de princípios humanos e democráticos, e que se mostra resiliente ante as dificuldades impostas pelo “novo normal”, as oportunidades para a retomada têm se provado mais efetivas para o cooperativismo.

Diante disso, acreditamos que as cooperativas sairão mais fortalecidas e preparadas para trabalhar em suas respectivas áreas de atuação no ano de 2021, tendo sempre como foco o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e o desenvolvimento social. O Sistema OCB/ES, do mesmo modo, tem se atualizado para acompanhar as mudanças que operam na nova realidade a fim de atender as suas cooperativas com cada vez mais excelência.

A história do cooperativismo capixaba é permeada por desafios, persistência e conquistas. Inspirando-nos nessa travessia e atentos às novas tendências, poderemos continuar fortalecendo o nosso modelo de negócios e expandindo a nossa atuação dentro e fora do Espírito Santo.

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T E C N O LO G I A |

TEXTO: JULIO HUBER | FOTOS: DIVULGAÇÃO

Agri Cultura

TECNOLOGIA PROMETE REVOLUCIONAR O CAMPO Segundo o escritor Yuval Noah Harari, no seu best-seller internacional “Sapiens – Uma breve história da humanidade”, durante quase 2,5 milhões de anos os humanos se alimentavam coletando plantas e caçando animais. Entretanto, há cerca de 10 mil anos isso passou a mudar, quando os sapiens começaram a dedicar quase todo o seu tempo e esforço a manipular a vida de espécies de plantas e animais.

Nos últimos mais de dois mil anos, nenhuma planta ou animal importante para o consumo humano foi domesticado. Tudo ocorreu entre 9500 e 3500 anos a.C. Entretanto, uma semelhança entre os sapiens que viviam há milhares de anos atrás, para a atual geração, é a busca de como produzir mais.

A grande diferença é que hoje em dia, os agricultores têm a tecnologia como aliada.

Sistemas inteligentes de irrigação, satélites para comandar os

gigantes tratores agrícolas, programas que indicam os locais que necessitam do uso de defensivos e sementes criadas em laboratórios para serem mais resistentes às pragas são algumas das ferramentas usadas pelos homo sapiens atuais para essa busca constante por aumentar a produtividade.

Seja em pequenas ou nas gigantes propriedades agrícolas, que produzem alimentos que são consumidos em vários países do mundo, um termo está se tornando cada vez mais comum no meio rural: agricultura 4.0.

A inteligência artificial, algo antes visto apenas em filmes, já é realidade, e startups estão surgindo a cada dia com o objetivo de solucionar problemas que o homem não conseguiria resolver sem essa ajuda tecnológica. E tudo isso tem colocado o Brasil, cada vez mais, entre uma das principais potências agrícolas mundiais.

Agricultores e empresas criam soluções para o campo com auxilio de plataforma tecnológica da Embrapa

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Telefonia une sistemas inteligentes ao aumento de produtividade Nessa era tecnológica, a telefonia tem seu papel de relevância, pois por meio de sistemas interligados ao sinal de celular é possível usar satélites para auxiliar o produtor rural. No Espírito Santo, nos últimos anos foram instaladas 134 Estações Rádio Bases (torre de telefonia móvel) em regiões rurais do Estado.

Segundo informações da Secretaria Estadual da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), foi realizado um estudo técnico com critérios socioeconômicos para que o Programa Campo Digital possa ser implementado em mais 30 localidades rurais nos próximos anos.

Atenta a essa nova necessidade do campo, a empresa de telefonia TIM, buscando as melhores soluções para seus clientes, firmou parceria com o objetivo de ampliar o seu portfólio de ofertas para o agronegócio, com a inclusão das soluções de agricultura digital da Agrosmart.

A startup brasileira de tecnologia é especializada no desenvolvimento de respostas inteligentes para o campo, gerando informações para diferentes players do agronegócio e tornando a agricultura 4.0 uma realidade.

Com esse acordo, os clientes da operadora passam a contar com a expertise da Agtech, indicada como uma das 50 empresas mais inovadoras do mundo pela Thrive Agtech, uma das principais aceleradoras do Vale do Silício, e única representante brasileira no Fórum Econômico Mundial de Davos, em 2020.

As soluções criadas pela Agrosmart coletam dados de diferentes fontes, como de estações meteorológicas que estarão conectadas na rede NB-IoT, sensores de solo, caderno de campo e de integrações com o legado da fazenda. Essas ferramentas analisam as informações em tempo real e geram recomendações aplicáveis para diferentes players do agronegócio, o que facilitam e agilizam as tomadas de decisões no campo. O objetivo principal da parceria é impulsionar a agricultura 4.0.

Líder em cobertura 4G no agronegócio, a TIM atenderá inicialmente grandes grupos agrícolas pelo país por meio de parcerias com empresas líderes de mercado, mas a intenção é ampliar o pacote tecnológico, e em um segundo momento do projeto, atingir integralmente produtores de todos os tamanhos, culturas e segmentos. Além da operadora, a Agrosmart atende grandes grupos como Nestlé, Cargill e Bradesco.

“A parceria é pioneira, pois é capaz de proporcionar, por meio das soluções de agronegócio digital, o gerenciamento ágil de toda a cadeia produtiva com monitoramento em tempo real de dados.

A conectividade sempre foi um

desafio para os produtores, porém o pacote de soluções Agrosmart já chanceladas pelo mercado é capaz de potencializar as possibilidades tecnológicas e ampliar a geração de novos negócios”, destaca Guilherme Raucci, Diretor de Novos Negócios da Agrosmart.

Para o Head de Marketing Corporativo & IoT da TIM Brasil e líder do projeto “4G TIM no Campo”, Alexandre Dal Forno, é gratificante firmar a parceria, que vai proporcionar a expansão dos serviços para mais clientes de agronegócio. “A Agrosmart cria aplicações inteligentes que terão impacto real no mercado agrícola. Esse acordo vai complementar o projeto 4G TIM no Campo com ofertas de soluções diferenciadas, além de apoiar um dos setores mais importantes para o Brasil”, celebra.

O fato de a TIM ser, desde 2015, a líder em cobertura 4G no Brasil, facilita a inserção de cada vez mais tecnologias agrícolas. Atualmente, a Agrosmart é uma plataforma de agricultura digital líder na América Latina, que oferece informações que auxiliam produtores rurais a tomarem melhores decisões na irrigação, manejo de pragas e doenças, plantio e colheita, aumentando a eficiência da produção.

Sensores instalados nas lavouras enviam informações via satélite e alimentam sistemas inteligentes N E G Ó C I O R U R A L | 17

Embrapa auxilia o setor agrícola com tecnologias própria E com o intuito de estimular a criação de soluções tecnológicas para o setor agro, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) está oferecendo acesso à plataforma AgroAPI. A Empresa conta com milhares de informações e modelos agropecuários que já podem ser acessados on-line, de forma ágil e confiável, por empresas, instituições públicas, startups e desenvolvedores de softwares, aplicativos e serviços web, para testes ou uso comercial mediante um contrato de prestação de serviços.

A sigla API significa Interface de Programação de Aplicativos, que vem do termo em inglês Application Programming Interface, e consiste em um conjunto de códigos e padrões de programação acessíveis por aplicativos de software ou plataformas computacionais baseadas na internet.

Por meio das APIs, os aplicativos, criados por desenvolvedores de software, se comunicam de forma automática e podem ser usados em diversas áreas. Alguns exemplos são os sistemas de pagamentos on-line e de geolocalização por GPS.

“Esses conjuntos de dados, validados pela Embrapa, são úteis para geração de produtos que ajudem a melhorar a tomada de decisão no campo”, destaca o supervisor do Núcleo de Garantia da Qualidade da Embrapa Informática Agropecuária (SP), Isaque Vacari. Cada vez mais ao alcance dos produtores, as tecnologias digitais são as grandes aliadas para apoiar a transformação brasileira rumo à agricultura digital, ou agro 4.0, já que agregam informações fundamentais para gerenciar a atividade agropecuária.

As soluções digitais têm potencial de causar um forte impacto na produtividade e na rentabilidade agrícola, pois trazem informações, muitas vezes em tempo real, e permitem monitorar a produção.

Desde a escolha do cultivar até a comercialização dos produtos agrícolas, passando pela definição da melhor época de plantio, acompanhamento das condições agrometeorológicas e monitoramento da vegetação, por exemplo, essas ferramentas são aplicáveis a todas as etapas do processo produtivo.

Na plataforma AgroAPI já estão disponíveis a API SATVeg, a API Agritec e a API PlantAnnot. Cada sistema tem funções que podem atender a demandas de agricultores e empresas agro,

com resultados de pesquisas da Embrapa e instituições parceiras. As aplicações estão com acesso aberto para realização de testes experimentais, por um período de 90 dias com o máximo de três mil requisições, e as duas primeiras podem ser contratadas por meio de um plano com custo fixo mensal limitado ao uso de um número específico de requisições.

O consumo de 20 mil APIs por mês custa R$ 250,00; e paga-se mais R$ 1,50 para cada conjunto de 100 novas requisições. A contratação é feita por meio da Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento (Faped).

“Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail agroapi@embrapa.br”, orienta a pesquisadora Luciana Alvim Santos Romani, supervisora do Setor de Gestão da Implementação da Programação de Transferência de Tecnologia da Embrapa Informática Agropecuária.

A CNH Industrial (CNHi), multinacional fabricante de equipamentos agrícolas, vai usar a plataforma. “Somos usuários do serviço SATVeg na plataforma AgroAPI. Com esses dados queremos extrair padrões para poder identificar as culturas de clientes e não clientes da CNHi. Esperamos cruzar esse ‘big data’ com nossas fontes de dados internas e obter insights poderosos para o nosso negócio”, adianta Mateus Eduardo Santos, especialista em dados do Departamento Digital da empresa.

Redução de defensivos e aumento de produtividade Além de desenvolver sistemas inteligentes que contribuem para o aumento da produção agrícola, o uso de tecnologia também é um auxilio para o meio ambiente, pois tem proporcionado uma redução no uso de defensivos agrícolas.

Um exemplo é na produção de cana-de-açúcar, cultura em que o 18 | N E G Ó C I O R U R A L

Brasil concentra a maior produção do mundo, alcançando anualmente mais de 746 milhões de toneladas, estimadas em uma movimentação financeira de cerca de R$ 52 bilhões, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o engenheiro

agrônomo, especialista em gestão empresarial e supervisor de marketing para cana e pastagem da UPL Brasil, Luciano Almeida, para manter o volume e a importância econômica dessas plantações – gerando empregos, produtos de alta qualidade e sustentabilidade agrícola – o uso de tecnologias tem se tornado cada

vez mais essencial. Nesse sentido, a inteligência artificial tem despontado como uma importante aliada do produtor.

“O mercado brasileiro está recebendo, a partir deste mês de outubro, a tecnologia mais moderna do mundo para o manejo fitossanitário aéreo de canaviais. Três aeronaves foram equipadas com um dispositivo que captura imagens de altíssima precisão, a uma resolução de 0,3 mm/pixel, podendo percorrer até 5 mil hectares por dia, numa velocidade de 200 km/h. Essas imagens são potentes ao ponto de, em apenas um sobrevoo, identificar problemas do topo das plantas até o nível do solo”, explicou.

Esse projeto, batizado de FlyUP, está posto em prática de forma

Irrigação inteligente e redução de custos Em busca de melhores resultados de produtividade e mitigação de custos, a agricultura tem empregado inúmeras inovações tecnológicas desde o plantio até a comercialização. Uma das principais empresas nacionais de irrigação desenvolveu o primeiro sistema de irrigação com cérebro.

Na prática quer dizer que uma plataforma é capaz de controlar, automatizar e oferecer recomendações de manejo, de forma prática, rápida, segura e eficiente. Todas essas funcionalidades já existem e estão presentes no software NetBeat, da multinacional israelense Netafim/Amanco.

“Acessando o programa, o produtor consegue visualizar tudo que está acontecendo na propriedade rural naquele momento, e o que está programado para as próximas semanas. Ele também tem acesso a dados de clima, previsão de tempo, condições do solo e desenvolvimento das plantas”, explica o gerente de Digital Farming da empresa, Bruno Toniello.

Produtores de cana-de-açúcar estão conseguindo reduzir o uso de defensivos e aumentar a produção exclusiva pela UPL, uma das cinco maiores empresas de soluções agrícolas do mundo, que tem se direcionado cada vez mais em inovações digitais para a chamada agricultura 4.0.

“A partir do sobrevoo equipado

com o dispositivo de inteligência artificial, os produtores receberão informações e insights sobre a cultura de forma imediata, identificando os primeiros sinais do surgimento de plantas daninhas, doenças fúngicas e até deficiências nutricionais”.

Os dados locais são captados por sensores espalhados no campo. Eles enviam as informações em tempo real para o sistema, e com base nelas, a tecnologia de inteligência artificial faz o cruzamento com modelos de cultivo dinâmicos dispostos na nuvem, para disponibilizar relatórios e recomendações de manejo.

“Sabendo exatamente quanto, quando e onde irrigar, as aplicações de água e nutrientes são muito mais eficientes e evitam possíveis desperdícios”, acrescenta Toniello.

Outra empresa do ramo que desenvolve projetos modernos é a Hydra Irrigações, do Espírito Santo. Com a crise hídrica ocorrida em 2015, produzir um café conilon de qualidade e em abundância no norte do Estado, tem se mostrado um desafio permanente. Mas, quem apostou em sistemas de irrigação modernos, aliados ao manejo correto integrado, já começa a colher os primeiros frutos de uma tecnologia que veio para ficar.

Esse é caso do Sítio Santa Júlia, dos irmãos Zando e Jerri Bianchi, em Governador Lindenberg, município do norte do Espírito Santo. Eles implantaram a irrigação por gotejamento fornecida pela Hydra Irrigações em 2017 e, logo na primeira safra, em 2018/2019, colheram em torno de 105 sacas por hectare.

Além da produtividade, o novo sistema ajudou os produtores a economizarem 40% de água e 20% de adubo.

Já na safra 2019/2020, que é a segunda colheita do café, a expectativa de produção deve superar as 150 sacas por hectare, com economia de 33% de água e 39% de adubo.

“Além da alta produtividade, os frutos estão no auge da maturação, com mais de 90% de frutos cerejas, refletindo na qualidade final da bebida. A Hydra, além do projeto de irrigação, prestou toda a assistência agronômica necessária”, explica Eduardo Santana, engenheiro agrônomo responsável pelo pós-venda e assessoria agronômica da Hydra.

Já os produtores Zando e Jerri Bianchi fizeram uso de tensiômetros (que monitoram a umidade do solo) e do extrator de solução do solo (que faz o controle do nível de fertilizante no solo) para manejar de forma correta a irrigação e a fertirrigação. De acordo com Eduardo, todo o processo é facilitado com o uso do Fertione, que automatiza todo o processo da irrigação e da fertirrigação. Desta forma, os produtores têm mais tempo para monitorar e cuidar da sua lavoura.

De acordo com o pesquisador Claudinei Montebeller, do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), resultado acima de 100 sacas de café por hectare é considerado alto, uma vez que a média para este tipo de cultura em área irrigada no norte do Espírito Santo é de 80 sacas de café por hectare.

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GIRO RURAL

DESCRIÇÃO DO CAFÉ COTADO NO ESPÍRITO SANTO MUDOU

A

partir do último dia 1º de outubro, o Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV) modificou a descrição nas cotações diárias dos cafés comercializados no Espírito Santo.

Passam a serem adotados termos usados largamente no dia a dia do mercado do Espírito Santo e que representam os tipos mais comercializados. Anteriormente, usava-se a terminologia técnica (Classificação Oficial Brasileira), enquanto a nova descrição corresponderá à linguagem cotidiana.

De acordo com o CCCV, a nova descrição, em forma resumida, passa a ser da seguinte forma: arábica, bica corrida, bebida dura, máximo de 20% de “cata”, mínimo de 30% de peneira 17 acima; arábica, bica corrida, bebida rio, máximo de 30% de “cata”, mínimo de 30% de peneira 17 acima e conilon, bica corrida, tipo 7/8, com até 13% de umidade e até 5% de broca.

Segundo o CCCV, considerando que o fluxo de comercialização da safra contempla principalmente armazéns e comerciantes localizados pelo interior do Estado, os preços também passarão a corresponder: ao preço pago no interior do Estado (e não mais “Posto na Praça de Vitória”); livre de “Funrural” e custo de frete. Mediante consulta, também poderão ser fornecidos preços de cafés de diferentes tipos e formas de comercialização.

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PROGRAMA CNA JOVEM IRÁ QUALIFICAR 1.400 PARTICIPANTES O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) apresentou o primeiro balanço das atividades remotas da quarta edição do CNA Jovem - programa de desenvolvimento de novas lideranças.

O programa registrou 3.742 jovens inscritos de acordo com os critérios do edital. Desse total, 53% são mulheres e 47% homens. Em relação à escolaridade, 45% possuem ensino superior completo, 14% têm o ensino técnico, 8,4% pós-graduação, 7,5% têm mestrado e 1% possui doutorado.

As cinco áreas mais representadas são: administração rural, bovinocultura de corte e de leite, extensão rural, consultoria rural e agroindústria. Esses jovens tiveram a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos sobre o setor agropecuário brasileiro e a atuação do Sistema CNA/Senar durante o módulo introdutório a distância. Os 1.400 jovens que foram classificados para continuar no programa participarão das oficinas digitais.

Q U AGLI R I FOI CRAÇ U RÃO AL

ESPÍRITO SANTO JÁ CONTA COM 25 MARCAS DE CHOCOLATE Um levantamento elaborado pelo cacauicultor de Linhares Emir de Macedo Gomes Filho aponta que o Espírito Santo já conta com 25 fábricas de chocolate. O Estado é o terceiro maior produtor de cacau do Brasil. A produção capixaba vem crescendo não apenas em quantidade, mas principalmente, em qualidade. E o incentivo à produção de amêndoas de qualidade e a abertura de novas fábricas contribuem para o fortalecimento da cadeia produtiva do cacau no Estado.

“O aprimoramento das amêndoas agrega valor aos produtos que utilizam o cacau como matéria-prima e, consequentemente, melhora a rentabilidade do produtor. A busca pela valorização do produto e pela agregação de valor tem como consequência o aumento no número de fábricas de chocolate no Esta-

do. O agricultor não quer só vender amêndoa, ele quer chegar ao produto final”, disse Lucas Calazans, extensionista do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e referência capixaba na área de cacauicultura.

O empreendedorismo dos cacauicultores do Espírito Santo é outro fator preponderante para o aumento do número de fábricas de chocolates no Estado. Segundo Calazans, as fábricas são, em sua maioria, de agricultores que produzem cacau e fazem seu próprio chocolate.

“As pessoas estão procurando fazer seu próprio chocolate, seja por curiosidade, por paixão, ou pela agregação de valor. Um quilo de amêndoa é vendido por cerca de R$ 10,00. Já um quilo de chocolate de qualidade sai por cerca de R$ 100,00”, acrescentou o extensionista do Incaper.

SAFRA BRASILEIRA DE CAFÉ DEVERÁ SER A SEGUNDA MAIOR DA HISTÓRIA Um levantamento elaborado pelo cacauicultor de Linhares Emir de Macedo Gomes Filho aponta que o Espírito Santo já conta com 25 fábricas de chocolate. O Estado é o terceiro maior produtor de cacau do Brasil. A produção capixaba vem crescendo não apenas em quantidade, mas principalmente, em qualidade. E o incentivo à produção de amêndoas de qualidade e a abertura de novas fábricas contribuem para o fortalecimento da cadeia produtiva do cacau no Estado.

“O aprimoramento das amêndoas agrega valor aos produtos que utilizam o cacau como matéria-prima e, consequentemente, melhora a rentabilidade do produtor. A busca pela valorização do produto e pela agregação de valor tem como consequência o aumento no número de fábricas de chocolate no Esta

PROGRAMA MUNDO COOPERATIVO É A NOVA ATRAÇÃO DAS TELINHAS O Espírito Santo ganhou um novo programa de televisão dedicado ao cooperativismo: o Mundo Cooperativo, que irá ao ar de segunda a sexta-feira em três horários (7h, 13h30 e 18h30). O jornalista Bruno Faustino, diretor da Revista Negócio Rural, é o apresentador do programa.

“Fiquei muito feliz com o convite e a oportunidade de comandar a atração que tem o papel de valorizar e impulsionar o cooperativismo do Espírito Santo e do Brasil. Ter um programa diário na televisão aberta com a temática cooperativismo é muito importante para fortalecimento das cooperativas, um setor tão importante para nosso Estado”, afirmou Bruno.

O Mundo Cooperativo conta com entrevistas e reportagens sobre os principais ramos do cooperativismo: agropecuário, consumo, crédito, in-

fraestrutura, trabalho, produção de bens e serviços, saúde e transporte. O conteúdo será produzido pelas afiliadas da Rede Sim em todo o Espírito Santo.

Dois colunistas também irão colaborar com conteúdo para o programa diário: Vera Caser e Carlos André Santos de Oliveira. A jornalista será responsável pela coluna Comunicação Cooperativa, que abordará duas vezes por semana (terças e quintas) a importância da comunicação para as cooperativas.

Da mesma forma, o superintendente do Sistema OCB-ES irá apresentar os conceitos do cooperativismo para os telespectadores, as segundas e quartas-feiras. Além da TV, o programa Mundo Cooperativo também poderá ser acompanhado pelo Portal Sim Notícias (https://www.simnoticias.com.br/).

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R E C E I TA & C A L E N DÁ R I O R U R A L

Lombo com

goiabada Ingredientes

Uma peça de lombo suíno (aproximadamente 2 kg) Duas xícaras (chá) de vinho branco seco Quatro ramos de tomilho Quatro dentes de alho picados grosseiramente Pimenta-do-reino moída a gosto Sal a gosto 500g de panceta suína (em tiras finas)

Molho

Uma pimenta dedo-de-moça Uma xícara (chá) de goiabada cremosa Barbante Papel-alumínio Modo de Preparo

Carne

- Em um recipiente, coloque o lombo e regue com o vinho.

Esfregue a peça de carne com o tomilho e com o alho; tempere com pimenta-do-reino e sal.

Deixe-a marinando por, pelo menos, duas horas, dentro da geladeira.

- Retire o lombo da marinada e coloque-o sobre um pedaço de papel-alumínio. Reserve o tempero.

- Envolva o lombo com as 22 | N E G Ó C I O R U R A L

fatias de panceta, até que esteja totalmente coberto.

Prenda com o barbante, fazendo várias amarrações paralelas, depois, faça uma amarração, com o barbante, no sentido do comprimento da carne.

Embrulhe com o papel-alumínio e leve ao forno a 220 graus, por 40 minutos.

- Retire a carne do forno, retire o papel-alumínio e regue a carne com o tempero reservado. Volte ao forno a 250 graus, por mais 30 minutos ou até que a panceta fique bastante dourada.

Molho

- Pique finamente a pimenta dedo-de-moça. Caso queira um molho mais picante, mantenha as sementes. Se quiser mais suave, retire-as. Em uma panela, coloque a goiabada, a pimenta e uma xícara (chá) de líquido da assadeira.

- Leve ao fogo baixo, mexendo constantemente, até que engrosse levemente (aproximadamente 5 minutos).

- Sirva a carne fatiada com o molho.

Calendário Veja os alimentos que estão na safra em Outubro

VERDURAS Abóbora • Alcachofra • Cenoura • Ervilha • Inhame • Pimentão vermelho

FRUTAS Acerola • Caju • Coco verde • Jabuticaba • Laranja • Manga

LEGUMES Aspargo • Brócolis • Erva doce • Espinafre • Hortelã • Mostarda

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