Revista Negócio Rural - Edição 25

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EDITORIAL

O AGRO SUPERANDO TODOS OS DESAFIOS

O ano de 2022 está chegando ao fim. Diante de tantas adversidades vividas por todos nesse ano, o agronegócio mostrou mais uma vez que é muito maior que uma guerra, uma pandemia, o nervosismo político, a crise econômica e até mesmo em relação às mudanças climáticas, sejam com os períodos de seca ou de muita chuva.

A pandemia da Covid-19 praticamente está superada, mas ainda tem alguns reflexos na exportação brasileira, devido ao sistema de Covid zero da China, que ainda registra casos. A guerra da Rússia contra a Ucrânia ainda é uma incógnita: ninguém sabe quando terá um fim e quais as próximas consequências para o mundo. A crise econômica mundial, em que Estados Unidos e países da Europa estão vendo a inflação subir a índices não vistos há décadas, também é um fator que prejudica todos os setores, incluindo o agronegócio.

Na política, após um período conturbado, o novo presidente, os governadores, os deputados estaduais e federais e os senadores de todas as unidades federativas brasileiras foram eleitos. Gostamos ou não dos escolhidos democraticamente, a vida precisa continuar, e mais uma vez, o agro brasileiro já mostra que supera qualquer divergência política que ainda possa pairar no ar.

Um item que interfere na produção agrícola e que é de difícil controle é a mudança climática. Entretanto, no Brasil, ações agroecológicas que estão sendo implantadas por produtores podem contribuir para que a interferência do clima seja minimizada, como mostra a matéria principal desta edição. Cafeicultores brasileiros já estão sendo referência para o mundo, com destaque para a agricultura regenerativa.

Boa leitura, e que em 2023 o agro continue crescendo e superando todos e quaisquer obstáculos!

Editores de jornalismo:

Bruno Faustino - JP - 1375/ES

Julio Huber - JP - 2038/ES

Reportagem: Bruno Faustino Julio Huber

Fotografia: Bruno Faustino, Julio Huber Divulgação

Foto de capa: Agro Beloni Revisão: Sidney Dalvi Diagramação: HM Comunicação (27) 3361-4163 (27) 99276-9848

Periodicidade: Trimestral Outubro a Dezembro Com reportagens apuradas até 04/11/2022

ÍNDICE

4

CAPA

Agricultura regenerativa é a nova era da cafeicultura brasileira

12 COOPERATIVISMO

Coopeavi é eleita a maior empresa do agro em atuação no Espírito Santo

14

PIMENTA

Espírito Santo é o maior produtor de pimenta-do-reino do Brasil 15

PRÊMIOS

Diretores da Revista Negócio Rural vencem duas categorias do Prêmio Sebrae de Jornalismo

21 GIRO RURAL

Atualmente, cerca de 5 mil cachaças de quase mil cachaçarias estão registradas no Brasil

Endereço e assinaturas: Avenida Presidente Vargas, nº 590, Sala 305 B Centro - Domingos Martins ES - Cep: 29.260-000 (27) 3268-3389 revistanegociorural@gmail.com revistanegociorural

Impressão: Grafiisana Circulação Nacional

A Revista Negócio Rural é uma publicação da empresa Nova Comunicação. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem a prévia autorização dos editores.

NEGÓCIO RURAL | 3
CAFEICULTURA
|
TEXTO: JULIO HUBER – ESPÍRITO SANTO E MINAS GERAIS / FOTO: AGRO BELONI
uma nova
cafeicultura
propriedade da família de Fernando Beloni, no Cerrado Mineiro, foi a primeira do mundo a conquistar a certificação de agricultura regenerativa
Agricultura regenerativa:
era da
brasileira A

Os últimos anos têm sido testemunhas de importantes transformações e mudanças de conceitos da sociedade mundial. Na agricultura, não é diferente. As histórias contadas pelos mais velhos são de dificuldades e muito trabalho. Derrubar matas para fazer plantios, usar animais para os trabalhos da roça e o auge do uso de defensivos agrícolas estão ficando na memória de quem viveu àquela época. O apelo por alimentos saudáveis e a busca por ações de preservações ambientais se intensificaram nos últimos anos, principalmente após a pandemia da Covid-19.

Cada vez mais em evidência em todo o mundo, a preservação do meio ambiente é um tema que tem trazido mudanças no setor agrícola brasileiro, e que não tem mais volta. O sistema tradicional de cultivo está dando lugar a práticas agroecológicas, o que tem proporcionado mais saúde aos agricultores e consumidores - já que o uso de agroquímicos tem sido reduzido e até eliminado em muitas propriedades - e contribuído cada vez mais para o sequestro dos gases efeito estufa (GEE) da atmosfera.

São diversas iniciativas ambientais em prática atualmente, mas uma tem ganhado espaço em lavouras de café do Brasil. Ainda desconhecida por muitos, a agricultura regenerativa vem se expandindo no país e já virou referência mundial, após uma lavoura do Cerrado Mineiro obter a primeira certificação no mundo para cafés produzidos nesse sistema.

Como o nome sugere, esse sistema de produção visa regenerar a terra, o meio ambiente e transformar as lavouras em armazenadoras de carbono, o que está de acordo com a meta da Organização das Nações Unidas (ONU), que aponta a restauração de ecossistemas como uma boa alternativa para sequestrar carbono e mitigar as emissões de GEE da atmosfera.

O pesquisador José Antônio

Azevedo Espindola, da unidade de Agrobiologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que fica em Seropédica (RJ), destacou que a agricultura regenerativa apresenta pontos de interação com diferentes sistemas de produção que favorecem o meio ambiente. “Merecem destaque os sistemas agroecológicos ou orgânicos de produção, com os quais são desenvolvidos projetos associados ao Portfólio Sistemas de Produção de Base Ecológica, da Embrapa”, disse. EXEMPLO MUNDIAL - Vários cafeicultores e cooperativas agrícolas do Espírito Santo e de Minas Gerais comprovam que o Brasil está seguindo a pauta escolhida pela ONU como tema central da década temática 2021-2030, que é a remoção de dióxido de carbono da atmosfera.

A Agro Beloni, que fica na fazenda Santa Cruz da Vargem Grande, localizada em Patrocínio, no Cerrado de Minas Gerais, se tornou a primeira produtora de café no mundo a receber a certificação de agricultura regenerativa Regenagri – programa internacional de agricultura regenerativa, que visa garantir a saúde da terra e o cuidado com quem nela vive.

Concedido pela empresa britânica Control Union, presente em mais de 70 países, o certificado reconhece as boas práticas e o uso da tecnologia, aliada às ações sustentáveis com foco na agricultura regenerativa.

“A agricultura regenerativa é aquela que busca melhorar o equilíbrio do solo e das plantas, através do desenvolvimento da vida biológica de ambos”, diz Fernando Nogues Beloni, diretor da produção cafeeira da Agro Beloni. Ele contou que quando se iniciou o plantio de café na propriedade, foi usada a mesma filosofia de plantio direto utilizada na produção de grãos, já que possuem experiência no setor.

“Começamos há uns oito anos com o uso mais intensivo de ferti-

lizantes orgânicos em substituição aos químicos, sempre usando os resíduos produzidos na fazenda. Hoje temos uma unidade de compostagem na fazenda e conseguimos reduzir em até 40% o uso de fertilizantes químicos”, contou Fernando.

A fazenda também possui uma fábrica de insumos biológicos. Com isso, hoje há a redução de até 40% no uso de defensivos químicos. Na lavoura de café, a família começou a plantar braquiária e agora utilizam um mix de plantas de cobertura entre as leiras. Hoje, toda a área de café, de 380 hectares, é certificada como regenerativa.

Fernando citou que a Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Expocaccer) foi parceira da ideia, e abraçou a prática. “Foi feita uma divulgação muito grande desse trabalho, que estamos tentando converter em geração de um valor agregado maior para o café, não só do meu, mas também dos outros produtores da cooperativa que já obtiveram o certificado de café regenerativo”, disse.

O superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Juliano Tarabal, disse que tem aumentado o número de cafeicultores na busca por sistemas de produção com maior uso de bioinsumos e práticas climaticamente inteligentes, como cobertura de solos e uma arborização que permita a mecanização.

“Isso é muito positivo, pois temos visto ano a ano o aumento do impacto climático, portanto precisamos de práticas que tornem as lavouras mais resilientes. A federação é membro fundadora do Consórcio Cerrado das Águas, uma plataforma multi-stakeholders que dissemina boas práticas agrícolas em propriedades e atua em bacias hidrográficas estratégicas no Cerrado Mineiro. As cooperativas membros da federação têm programas importantes em andamento, como o de carbono neutro e ESG”, contou.

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Propriedade nas montanhas do Espírito Santo tem a agroecologia no DNA

Se para muitos, agricultura regenerativa parece algo recente ou alguma moda do momento, para Henrique Sloper, da Fazenda Camocim, nas montanhas do Espírito Santo, o assunto está literalmente em sua veia, na de seus colaboradores e é a essência da propriedade, que fica bem ao lado da imponente Pedra Azul, no município de Domingos Martins.

“Temos que usar a natureza a nosso favor, não contra a gente. Nunca usamos um defensivo agrícola e nem adubo químico em nossa propriedade, desde que começamos a cultivar café, em 1996. Eu não sei fazer diferente”, relatou Sloper, que produz café orgânico em toda a sua propriedade, de 140 hectares em produção. A fazenda também é conhecida por produzir o segundo café mais caro do mundo, o Café do Jacu.

Ele conta que na propriedade há uma cafeteria aberta a turistas e são realizadas visitas guiadas para quem quiser conhecer a forma do manejo. Além disso, um dos diferenciais fazenda, são os certificados nacionais e internacionais de produção orgânica e biodinâmica, uma vez que se faz exportação direta para 27 países, e também será solicitada a certificação de agricultura regenerativa para a fazenda.

“Já praticamos a agricultura regenerativa desde quando começamos a cultivar aqui. Para nós não existiu uma transição, porque nunca praticamos técnicas tradicionais de cultivo”, frisou o cafeicultor e empresário. Ele acrescentou que a geração atual está mais preocupada com a preservação ambiental, e muitas famílias estão migrando lavouras para a produção orgânica.

Inclusive no combate a doenças que atacam o cafezal, os produtos usados são feitos na propriedade. “Usamos sete homeopatias na terra, que fortalecem o solo. Aliado a outros processos, como a micorriza, que é um fungo que cresce natural-

mente no solo rico, e que estamos fazendo a inoculação, para aumentar a interação entre as plantas e obtermos aumento de produtividade e de qualidade. Estamos obtendo excelentes resultados em testes na propriedade”, revelou.

Henrique Sloper, que é cooperado do Sicoob, destaca o bom relacionamento que mantém com o banco cooperativo. “Eles me ajudam na parte financeira da propriedade e usamos os serviços de cobranças do Sicoob nos nossos negócios”, relatou.

Sloper também enfatizou a importância das cooperativas capixabas para estimular os cafeicultores a migrarem para práticas agroecológicas. “Quando eu comecei, não tinha tanta orientação. Além do Ifes (Instituto Federal do Espírito Santo)

e do Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural), as cooperativas fazem um excelente trabalho de apoio aos seus cooperados”, destacou.

Ele contou que também realiza negócios com a Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel) e com a Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi). “Eu compro café conilon da Cooabriel e também da Coopeavi, para atender algumas demandas. As cooperativas capixabas têm ajudado muito os produtores. Recentemente, participei de dois importantes eventos promovidos por cooperativas, voltados à sustentabilidade. Sem contar os concursos de qualidade de café, que é um estímulo a mais para a produção de qualidade”, acrescentou.

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Henrique Sloper disse que nunca foram usados agrotóxicos e adubos químicos nas lavouras da Fazenda Camocim

Cafeicultura capixaba está migrando para a produção agroecológica

Os cafeicultores do Espírito San to que fazem parte de cooperativas possuem auxílios importantes nas questões ambientais de suas pro priedades. De acordo com o analista de mercado e colaborador respon sável por atender as demandas do setor do café, no Sistema OCB/ES, Alexandre Ferreira, uma das iniciati vas é a Indicação Geográfica (IG) do café conilon capixaba, registrada no Instituto Nacional da Propriedade In dustrial (INPI).

“Essa é uma forma de garantir o cumprimento de boas práticas am bientais na cafeicultura capixaba, pois há regras ambientais a serem cumpridas”, destacou. A IG foi soli citada pela Federação dos Cafés do Estado do Espírito Santo (Fecafés), composta pelo Sistema OCB/ES e pela Cooperativa dos Cafeicultores do Sul do Estado do Espírito San to (Cafesul), Cooabriel, Coopeavi e Cooperativa dos Produtores Agro pecuários da Bacia do Cricaré (Coo pbac).

Além disso, cooperativas capixabas estão realizando atividades focadas na produção de café pelo sistema de agricultura regenerativa, conforme explicou o diretor-executivo do Siste ma OCB/ES e presidente do Conse lho Deliberativo Estadual do Sebrae/ ES, Carlos André Santos de Oliveira.

Um exemplo citado por ele é a parceria da Cooperativa dos Cafei cultores da Região de Lajinha (Coo café) com a start-up francesa Net Zero. A cooperativa está investindo em um projeto que reduz o impacto ambiental e aproveita a matéria or gânica da palha do café, o chama do biochar. “O produto é obtido por meio da transformação de matérias orgânicas, como a palha de café, em carvão biológico mediante processa mento em reatores”, contou.

A produção de cafés orgânicos em propriedades capixabas não é assunto novo. Um exemplo é a Coo perativa de Empreendedores Rurais de Domingos Martins (Coopram), que conta com alguns cooperados, e há alguns anos aderiram a esse sis tema, como é o caso do cafeicultor Adriano Wruck, que juntamente com a sua família produz os cafés espe ciais Wruck, uma marca própria, mas que tem o apoio da Coopram.

“A importância das cooperativas em se comprometerem com ques tões ambientais se deve à necessi dade de atender requisitos legais e de responder às novas demandas do mercado. Os projetos ambientais no Brasil seguem uma legislação ri gorosa, e todas as cooperativas são cumpridoras da lei. Além do mais, os mercados nacional e internacional

estão exigindo práticas mais susten táveis”, destacou Carlos André.

O diretor-executivo do Sistema OCB/ES ainda reforçou que pro dutos certificados e orgânicos têm sido cada vez mais valorizados pelos compradores e consumidores, pois são modelos de produção alinhados ao conceito ESG, ou seja, compro metidos com padrões íntegros de governança ambiental, social e cor porativa.

“Investindo em produtos oriundos de processos que ajudam a preser var ou recuperar o meio ambiente, as cooperativas poderão agregar mais valor aos seus produtos, ser mais bem remuneradas, aumentar sua competividade e ganhar espaço em novos mercados, sem falar nos be nefícios gerados para toda a socie dade”, acrescentou.

Grandes empresas do ramo de co mercialização de café também estão investindo pesado na agricultura re generativa, como a Nescafé, princi pal marca de café da Nestlé. A previ são da empresa é disponibilizar US$ 1 bilhão nos próximos oito anos, com o objetivo de zerar a emissão de GEE da Nestlé até 2050. No Brasil, todos os cafés da empresa são de proprie dades que possuem certificação de boas práticas agrícolas.

CAFEICULTURA

Café orgânico 100% conilon será lançado no Espírito Santo

Os cafeicultores capixabas se destacam quando o assunto é agroe cologia em propriedades rurais. Um exemplo vem do município de Mu qui, onde a Cafesul coordena diver sas ações com os produtores de café conilon “robusta”.

De acordo com o presidente da cooperativa, Carlos Renato Alvaren ga Theodoro, atualmente oito pro dutores estão no processo de tran sição de produção convencional para a orgânica, e um produtor cooperado já possui uma certificação nacional.

“Os produtores que estão com la vouras orgânicas terão uma certifi cação nacional, aceita em vários paí ses. Em breve, teremos uma marca de café conilon orgânico no merca do”, afirmou o presidente da Cafesul.

Segundo Carlos Renato Theodo ro, a cooperativa vê que o mercado de orgânicos é o futuro da cafeicul tura. “Recentemente fui a uma feira em Milão, na Itália, e fui questiona do se eu tinha café orgânico. Assim que conseguirmos a certificação, vamos oferecer o robusta orgânico a estes compradores que se inte ressaram. O principal mercado deve ser o europeu, mas vamos nos cer tificar para vender no Canadá e nos Estados Unidos também”, revelou. APOIO TÉCNICO – Na cooperati va, os produtores interessados em migrar para a produção orgânica recebem todo o apoio técnico. Se gundo Theodoro, o cafeicultor que já está fazendo a transição de lavouras para o sistema de orgânico, está no caminho para a agricultura regene rativa. “Eu assisti uma palestra sobre o tema e me interessei muito. Boa parte das práticas que usamos hoje já está indo neste sentido, e em bre ve teremos lavouras regenerativas”, garantiu.

O Serviço Nacional de Aprendiza gem Rural do Espírito Santo (Senar -ES) também tem apoiado cafeicul tores capixabas, pois possui em seu portfólio treinamentos voltados para o desenvolvimento da agricultura orgânica, inclusive com consultorias individualizadas aos produtores ru rais.

Um dos programas de sucesso é o Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), cujo foco é a sustentabilida

A produção de conilon de Luiz Cláudio Souza, de Muqui, no Sul do Espírito Santo, fará parte de uma marca orgânica da Cafesul

de da propriedade. “O programa faz o diagnostico individualizado, com o técnico de campo. É feito um plano de ação para melhorias tanto am biental, social e econômica na pro priedade, e o atendimento dura 28 meses”, contou o coordenador técni co Murilo Antônio Pedroni.

Das mais de 1.800 proprieda des atendidas pela ATeG no Estado, constam 24 propriedades orgânicas no município de Santa Teresa, sendo oito de cafeicultura. Em Muqui, 21 propriedades de café conilon orgâ nico receberam apoio técnico entre 2019 a 2021. Quem quiser participar dos programas do Senar-ES, pode procurar o Sindicato Rural do muni cípio ou acessar: www.senar-es.org. br.

Um dos produtores atendidos pelo programa é Luiz Cláudio de Souza,

do Sítio Grãos de Ouro, em Muqui, e cooperado da Cafesul. A expectativa é de que ainda este ano ele obtenha a certificação orgânica da Chão Vivo para toda a sua propriedade. Des sa forma, a partir da próxima safra, Luiz Cláudio produzirá todos os seus grãos orgânicos e poderá comercia lizar em todo o Brasil.

“Já era um sonho antigo produzir café orgânico. Quando a cooperativa fez a parceria com o Senar, eu logo comecei a participar e esse já é o 4º ano de acompanhamento. Quando falamos em qualidade de café, te mos que pensar em todos os senti dos, e isso inclui o respeito ao meio ambiente. Com a produção tradi cional, o solo não é vivo, e a planta tem mais dificuldade em absorver os nutrientes necessários para uma boa produção”, destacou.

8 | NEGÓCIO RURAL CAFEICULTURA | FOTO: JULIO HUBER

Cafeicultores Fairtrade do Brasil focam na agricultura regenerativa

Colocando em prática algumas das primícias do Comércio Justo, cafeicultores e cafeicultoras bra sileiras, que fazem parte de asso ciações e cooperativas de pequenos produtores Fairtrade estão focados em migrar a produção tradicional de café Fairtrade para a agricultu ra regenerativa e para o sistema de produção orgânica.

Além de atenderem a uma de manda crescente do mercado glo bal, os produtores e produtoras também seguem orientações da Coordenadora Latino-Americana e do Caribe de Pequenos Produtores e Trabalhadores do Comércio Justo (CLAC), coproprietária e parte do sistema Fairtrade.

No município de Paraguaçu, no Sul de Minas Gerais, a Cooperativa Mista Agropecuária de Paragua çu (Coomap) está implantando um projeto nesse sentido. O gerente de sustentabilidade da cooperati va, Rogério Araújo Pereira, explicou como está sendo esse processo de mudança nos tratos culturais das lavouras.

“Esse trabalho é o foco da coope rativa. Acreditamos que esse mane jo trará muitos benefícios aos coo perados. Decidimos implementar a agricultura regenerativa porque o mercado Fairtrade exige cada vez mais cuidado com o meio ambiente, e também por conta da suspensão do uso do glifosato”, informou.

Rogério explicou que o manejo requer a inserção de plantas forra geiras no meio da lavoura e o uso de produtos biológicos. Assim, se gundo ele, os cafezais terão uma maior resistência às pragas e doen ças, e os fertilizantes biológicos se rão mais eficientes, pois o solo dei xará de ser compactado.

“Temos hoje cerca de 850 coope rados, e cerca de 60% a 70% já es tão aderindo a esse manejo”, disse. Com os recursos do Prêmio Fairtra de, que é um valor adicional pago aos produtos certificados, a Coo map está subsidiando a compra de sementes de plantas de cobertura. A implantação em cada hectare gira em torno de R$ 300 a R$ 400 e a cooperativa custeará cerca de 50% desse valor.

Em Manhuaçu, na Zona da Mata de Minas Gerais, o jovem produtor Fabiano Diniz, que também pro duz café Fairtrade e é cooperado à Cooperativa Regional Indústria e Comércio de Produtos Agrícolas do Povo que Luta (Coorpol), tem se destacado com seus grãos em con cursos nacionais de qualidade e já mira na agricultura regenerativa.

“A agricultura regenerativa é uma ideia que venho incluindo aos

poucos. Hoje já planto duas ou três culturas no meio da lavoura, além do consórcio com abacate. Isso vem me garantido maior teor de maté ria orgânica, uma fauna microbiota mais rica e isso influencia também na minha qualidade de vida. Quem quiser se destacar terá que sair da zona de conforto e buscar no vas maneiras de se diferenciar da maioria, sendo a sustentabilidade algo primordial”, destacou.

NEGÓCIO RURAL | 9 CAFEICULTURA FOTO: COOMAP/DIVULGAÇÃO | CAFEICULTURA
A Coomap, que fica em Paraguaçu, no Sul de Minas Gerais, está auxiliando os cooperados na transição para a agricultura regenerativa

Parceria internacional auxilia implantação de agricultura regenerativa na Minasul

Considerada a 2ª maior coope rativa exportadora de café no Bra sil, a Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Varginha (Minasul), é exemplo em projetos ambientais na cafeicultura. Situada em Varginha, no Sul de Minas Gerais, a cooperativa possui mais de nove mil cooperados, distribuídos em mais de 250 muni cípios.

O engenheiro agrônomo e coor denador de Sustentabilidade Coope rativa da Minasul, Frederico Caldeira, afirmou que a agricultura regenera tiva não será o futuro da cafeicultura, pois já realidade.

“Já trabalhamos há alguns anos com o manejo conservacionista do solo, como a cobertura do solo, prin cipalmente em áreas com mais pro babilidade de erosão. Mais recen temente iniciamos ações voltadas à agricultura regenerativa na proprie dade de alguns cooperados”, contou.

Um dos projetos de sustentabili dade é realizado em parceria com a empresa Mercon Coffee Group, que é um fornecedor global de café verde. O projeto realizado com coopera dos da Minasul se chama Lift, e tem como objetivo aumentar a produtivi dade das lavouras de café por meio de práticas ambientais e socialmente conscientes.

“Estamos implantando o sistema regenerativo em algumas áreas de

café arábica. A Mercon está fornecen do sementes de plantas de cobertura que são implantadas no meio das la vouras, e eu também estou buscan do empresas de referência no Brasil nessa área, como uma empresa que atua no Cerrado Mineiro”, contou.

Frederico destacou que há vários benefícios em ter plantas de cober turas nas lavouras. “Criamos um am biente para os hospedeiros naturais que combatem pragas que atacam as lavouras e há maior fixação de nitro gênio. Além disso, conseguimos efi ciência sobre os microrganismos de solos, como, capacidades de reciclar nutrientes e de fazer matéria orgâni ca. A agricultura regenerativa traba lha a parte física, química e biológica do solo”, enfatizou.

Atualmente, 12 produtores estão participando do projeto de agricultu ra regenerativa, com uma área total de cerca de 50 hectares de lavouras em processo de adequações. “Temos um potencial muito grande dentro da cooperativa para ampliar as ações voltadas à agricultura regenerativa”, explicou o engenheiro agrônomo.

Muito além da melhoria no va lor dos cafés que possam vir a ser comercializados, provenientes de lavouras regenerativas, Frederico comentou que a qualidade e a quan tidade da produção é um dos princi pais ganhos. “Quando melhoramos

a qualidade do solo, temos plantas mais saudáveis. O ganho real está em regenerar, cultivar e melhorar a qualidade do bem mais precioso que todo o agricultor tem, que é a terra”, frisou.

Programa aumenta água em propriedades de café

O Conselho Nacional do Café (CNC), em parceria com a Coope rativa dos Cafeicultores de Guaxu pé (Cooxupé), que fica em Guaxupé (MG), está colhendo frutos de um programa chamado Café Produ tor de Água. Segundo a assessora técnica do CNC e coordenadora do Programa, Natalia Fernandes Carr, o projeto piloto está sendo executado na Cooxupé, mas a intenção é am pliar para outras cooperativas nas demais regiões produtoras de café no Brasil.

Atualmente, a ação está em an damento na propriedade de cinco cafeicultores localizados na bacia do Ribeirão Conquista, em Alpinópolis (MG). “Conhecidos como produtores

modelo, os escolhemos para desen volver o piloto e incentivar os pro dutores vizinhos a se inscreverem, futuramente, para o edital de cha mamento do programa”, informou. Natalia Carr explicou que o pro grama tem como principal objetivo preservar as bacias hidrográficas, por meio da revitalização das áreas de cabeceira, nascentes e matas ci liares. “A recuperação de estradas vicinais faz parte do projeto, afinal, nas estradas a água também deve ser adequadamente direcionada para infiltrar nas lavouras e reduzir o assoreamento dos corpos d’água, além de trazer maior eficiência na logística do transporte rural”, contou.

Na propriedade, após a área ser

analisada, foram propostas algumas ações ao produtor, como: adequação dos carreadores (as ruas entre um talhão e outro dentro da lavoura), construção de lombadas e caixas se cas, direcionando e armazenando a água para sua distribuição uniforme ao longo da área para melhor infil tração.

“Os benefícios são incontáveis e vão desde o aumento em quantida de e qualidade da água na bacia do ribeirão até incremento em produ tividade. As práticas propiciam mais água disponível ao longo do ano, inclusive nos períodos de seca, além da atração de inimigos naturais, por conta do incremento em diversidade acima e abaixo do solo”, relatou.

10 | NEGÓCIO RURAL CAFEICULTURA | FOTO: MINASUL/DIVULGAÇÃO

Estudo confirma que cafeicultura brasileira sequestra mais gases efeito estufa do que emite

Um recente relatório da ONU apontou que os GEE “provavelmente elevarão as temperaturas mundiais a pelo menos 1,5 °C acima das condições pré-industriais nos próximos 20 anos, alimentando ondas de calor, inundações e secas mais comuns e severas”. Uma das formas de minimizar esses impactos ou até impedir que isso ocorra é por meio da remoção de carbono da atmosfera.

Um importante estudo divulgado este ano, intitulado: “Estimativa das emissões e remoções de gases de efeito estufa do café brasileiro”, confirmou, após analisar 40 propriedades em três regiões de Minas Gerais (Cerrado Mineiro, Sul de Minas e Matas de Minas), que a cafeicultura brasileira tem emissão negativa de gazes efeito estufa, e contribui para o sequestro de gazes nocivo à atmosfera.

O trabalho foi liderado pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), e foi desenvolvido em parceria com a Cooxupé, ED&F Man Volcafé Brasil, EISA – Empresa Interagricola, Exportadora Guaxupé e Projeto Educampo do Sebrae/MG.

Foram parceiros financiadores desta iniciativa a Fundação Lavazza e a Starbucks.

No trabalho foi comparada a emissão e sequestro de gazes nocivos à atmosfera em lavouras com manejo tradicional e em lavouras que possuem boas práticas agrícolas. Com base nos resultados obtidos no estudo, constatou-se que a transição da condição de manejo tradicional para boas práticas na cultura do café provou ser uma estratégia eficiente para incrementar os estoques de carbono entre 1% a 19% do solo e de 96% a 129% na planta.

Estimou-se que entre as principais fontes emissoras desses gases estão o uso de adubos nitrogenados (42%), seguido de calcário (28%), combustíveis líquidos, como diesel e gasolina (17%) e agroquímicos (8%).

A estimativa do balanço de carbono total apresenta um valor negativo de -1,63 t CO2e para a cultura do café, mesmo que cultivada de forma tradicional. Já em relação ao balanço de carbono do café cultivado a partir das atividades de boas práticas, essas fazendas acumulam -10,5 t CO2e

ha/ano. Esses dados comprovam que boas práticas foram eficientes para incrementar de forma expressiva os estoques de carbono em relação às práticas convencionais.

Além do acúmulo de carbono nas lavouras de café, o estudo lembra que as propriedades agrícolas do Brasil existem áreas de preservação previstas em lei, possuindo um estoque de carbono incorporado pela vegetação nativa de, em média, 50 t de carbono a mais por área de café cultivado.

O pesquisador Joel Leandro de Queiroga, da Embrapa Meio Ambiente, que fica em Jaguariúna (SP), comentou que estudos como estes também estão em pesquisa e em execução pela Embrapa Meio Ambiente. “A composição deste sistema conta com o café e outras culturas de interesse agrícola, combinadas com espécies arbóreas nativas e exóticas. Estudos para a quantificação e monitoramento do estoque de carbono em diferentes camadas superficiais do solo já foram desenvolvidos. Os resultados destes estudos estão previstos para o final do projeto”, informou.

Sicoob libera mais de R$ 1 bilhão em 12 meses para agricultores capixabas

O Sicoob, que está presente em todo o Espírito Santo, também é um parceiro nessa mudança de cultura da forma de se produzir alimentos. Além de linhas de créditos para produtores rurais, são realizados diversos projetos voltados à preservação ambiental. De acordo com o gerente de crédito e agronegócio do Sicoob/ ES, Eduardo Ton, atualmente a instituição financeira cooperativa trabalha com linhas de créditos, como Pronaf, Pronamp e Demais Produtores, que contam com recursos próprios e de repasses do governo federal.

Para ter acesso ao crédito, o produtor deve ser cooperado do Sicoob e atender a algumas normativas do Banco Central. O Sicoob/ES é o maior repassador do Estado em relação aos recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) e a segunda maior instituição financeira em total de liberações do Plano Sa-

fra no Espírito Santo. Nos últimos 12 meses, foram liberados mais de R$ 1 bilhão em crédito rural.

Em sintonia com o incentivo ao desenvolvimento sustentável e combate às mudanças climáticas, o Sicoob/ ES mantém a linha especial de crédito Ecoar, destinada às empresas que desejam financiar projetos de geração de energias renováveis, reaproveitamento de água e instalação de biodigestores, além de projetos de reciclagem em geral.

Entre os destaques dos projetos financiados pela linha Ecoar, está o Projeto Água Limpa + Saúde, que prevê o financiamento sem juros para a compra de biodigestores (sistema de tratamento de esgoto) por produtores rurais.

“A iniciativa vem ao encontro de um dos principais problemas brasileiros, que é a falta de saneamento básico. Com os recursos do programa,

os produtores rurais poderão instalar biodigestores para tratar o esgoto doméstico de suas propriedades, evitando a contaminação dos rios e mananciais”, destacou Eduardo Ton.

Dessa forma, segundo ele, o Sicoob espera contribuir tanto para proteger o meio ambiente quanto para melhorar a saúde das famílias, ao prevenir doenças causadas pela ingestão ou contato com água contaminada.

O programa é desenvolvido pelo Sicoob/ES e tem como parceiros o Sistema OCB/ES a Coocafé, a Cooabriel, a Coopeavi, a Unimed e a empresa Fortlev. O biodigestor pode ser financiando em até 36 meses, a um baixo custo (taxa de 0,99 a.m.) ou com juro zero para as parcelas pagas em dia. Nos últimos 12 meses, foram liberados R$ 174.963.725,47 para a execução do projeto no Estado.

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Coopeavi é a maior empresa do agro em atuação no Espírito Santo

A surpreendente força do cooperativismo agropecuário

É consenso que o agronegócio é uma das forças motrizes da economia brasileira. Em 2021, o setor foi responsável por 27,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP. No cooperativismo, o fenômeno se repete.

vidades mais nobres que existem. Essa é a razão pela qual tantas pessoas – e me incluo nesse grupo – admiram o trabalho no campo.

A Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi) obteve o reconhecimento de maior empresa do setor de agricultura e pecuária em atuação no Espírito Santo, (considerando a receita operacional líquida em 2021) na 26ª Edição do Anuário IEL 200 Maiores e Melhores Empresas no Espírito Santo - 2022.

A cooperativa conquistou a 13ª colocação entre as empresas de capital exclusivamente capixaba e a 25ª entre todas que atuam no Espírito Santo. A Coopeavi aparece ainda como a 15ª maior empregadora (976 colaboradores até o ano passado), sendo pelo terceiro levantamento consecutivo a primeira do setor agro estadual.

A Coopeavi é uma cooperativa agroindustrial com unidades no Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia. Fundada em 1964, em Santa Maria de Jetibá (ES), atualmente conta com mais de 19 mil cooperados.

“É muito honroso para nós da Coopeavi sermos reconhecidos como a maior empresa do setor de agricultura e pecuária em atuação no Espírito Santo. Fruto do trabalho que a cooperativa faz com seriedade e profissionalismo junto aos cooperados, buscando melhores práticas na agricultura e na pecuária, com insumos de qualidade e todos os nossos parceiros”, afirma o presidente da cooperativa, Denilson Potratz.

No cenário nacional, as cooperativas agropecuárias alcançaram um ativo total de R$ 230 bilhões em 2021, com ingressos somando R$ 358 bilhões. O ramo concentra 1.170 cooperativas das 4.880 contabilizadas em 2021 pelo levantamento que gerou o AnuárioCoop 2022. Esses dados mostram a pujança dos negócios agropecuários no movimento cooperativista e na economia em geral.

Ao observarmos ainda mais de perto a nossa realidade, notamos mais indicadores positivos. Em 2021, os empreendimentos agro do Espírito Santo foram responsáveis por 40,47% do faturamento do cooperativismo local, movimentando R$ 3,4 bilhões dos R$ 8,4 bilhões registrados no Estado, pelo modelo de negócio cooperativista.

Há pouco tempo passamos por uma profunda crise humanitária e econômica, que foi a pandemia de Covid-19. Agora assistimos e sentimos os impactos de uma guerra prolongada entre os territórios russo e ucraniano. Todos esses cenários geraram impactos para o setor agropecuário, incluindo para as cooperativas. Porém, de maneira surpreendente, o setor tem resistido às provações e superado os desafios.

As coops agropecuárias ainda fomentam a prosperidade em regiões rurais e criam conexões com as pessoas das zonas urbanas, ao comercializarem e distribuírem seus alimentos. Levar comida para a mesa das pessoas é uma das ati-

Sinto orgulho dos resultados que as cooperativas agropecuárias capixabas e brasileiras estão conquistando, e acredito que esse é um sentimento comum entre elas e a sociedade. Motivos não faltam, pois quando uma cooperativa cresce, mais renda, empregos, tributos e reconhecimento são gerados para a nossa população.

Tenho certeza de que o ramo agropecuário continuará surpreendendo positivamente, atingindo indicadores cada vez mais promissores. Obrigado por essa promessa sólida de prosperidade contínua.

12 | NEGÓCIO RURAL COOPERATIVISMO | FOTO: ASSCOM/COOPEAVI
Carlos André Santos de Oliveira Diretor-executivo do Sistema OCB/ES e presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/ES
NEGÓCIO RURAL | 13

SÃO MATEUS:

O REINO DA PIMENTA

O Espírito Santo é hoje o maior produtor de pimenta-do-reino do Brasil. A liderança se consolidou nos últimos cinco anos e o município de São Mateus é destaque.

São Mateus, no Norte do Espírito Santo, guarda parte da história do Brasil. Os primeiros colonizadores portugueses chegaram à cidade por volta de 1544. No fim do século XIX, o último navio negreiro aportou no país. As embarcações subiam pelo Rio Cricaré e os africanos eram vendidos como escravos no Porto de São Mateus. Em 1888, a escravidão foi abolida. Hoje, o município tem cerca de 110 mil habitantes e concentra a maior população afrodescendente do Espírito Santo.

A característica principal da eco nomia de São Mateus é a diversi ficação. A agricultura, pecuária e fruticultura são vocações no muni cípio. O café, que até então, domi nava a paisagem das propriedades rurais, nos últimos 40 anos cedeu espaço para a pimenta-do-reino.

“A nossa região é privilegiada tanto no quesito de solo, de clima, de posicionamento geográfico pe rante os trópicos, já que estamos na mesma linha do sul da África quanto a região central e sul da Índia e Vietnã. Então, a localização de São Mateus favorece a produti vidade e qualidade das especiarias

aqui produzidas”, explica Eras mo Negris, diretor administrati vo da Cooperativa dos Produtores Agropecuários da Bacia do Cricaré (COOPBAC).

O Espírito Santo é hoje o maior produtor de pimenta-do-reino do Brasil. A liderança se consolidou nos últimos cinco anos, quando a produção capixaba superou a do Pará, em 2018. Em anos anteriores, a média de produtividade capixaba girava em torno de 13 mil tonela das, enquanto a do Pará era de 30 mil toneladas. Já em 2019, o Espí rito Santo produziu mais de 62 mil toneladas, enquanto a produtivi dade paraense permanecia estável. Em 2021, os produtores capixabas produziram 72.084 toneladas de pimenta-do-reino.

EXPORTAÇÕES - De janeiro a se tembro deste ano, as exportações capixabas de pimenta-do-reino chegaram a US$ 149 milhões. O Estado é responsável por 57% da pimenta exportada pelo país.

“Em 2016, iniciamos a exporta ção de especiarias pela cooperati va. Entre os produtos, a pimenta -do-reino se destacou. Começava

assim as nossas atividades inter nacionais. Atualmente, exportamos para 32 países. Nossos principais compradores estão na região norte da África e do Oriente Médio”, re vela Negris.

O Pará e Bahia vêm na sequência dos maiores Estados exportado res de pimenta-do-reino do Brasil com, respectivamente, 34% e cer ca de 8,8% de participação. As ex portações das pimentas brasileiras para os países da Liga Árabe têm crescido acima da média. De 2017 a 2021, as vendas da pimenta-do -reino aumentaram expressiva mente para esse mercado, tanto em toneladas, com uma média de 47,5% ao ano, quanto em valor ex portado, 41,7% ao ano.

De acordo com a Agência Brasi leira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), o cres cimento acentuado das exportações para os países árabes está relacio nado com uma maior divulgação do produto brasileiro no mercado oriental, além da consolidação de novas relações comerciais entre as empresas nacionais e os compra dores da região.

14 | NEGÓCIO RURAL
PIPERICULTURA | BRUNO FAUSTINO / SÃO MATEUS (ES) – FOTOS:
ENVATO

“A localização de São Mateus favorece a produtividade e qualidade das especiarias aqui produzidas”

(COOPBAC)

PEQUENOS PRODUTORES - No Espírito Santo a produção da especiaria é predominante de agricultura familiar. Segundo o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), existem 11,5 mil produtores de pimenta-do-reino no Estado. Os produtores desenvolvem o plantio com propriedades entre cinco a 15 hectares.

A reportagem da Revista Ne-

gócio Rural visitou São Mateus e conheceu de perto o trabalho dos pipericultores. Uma das paradas foi na propriedade do produtor rural Jean Pinto Trevizani. Numa área de cinco hectares, na região de Nestor Gomes, ele possui nove mil pés de pimenta plantados.

“Eu comecei em 2013. Plantei 1.300 pés de pimenta como aposta. E não é que deu certo? Gostamos tanto do resultado que a nossa fa-

mília decidiu investir numa área maior e estamos satisfeitos”, conta o produtor.

Ele é um dos cooperados da COOPBAC e nunca imaginou que a produção pudesse ganhar o mundo por meio do trabalho da cooperativa. “Hoje, a pimenta-do-reino garante a renda da nossa família e ainda proporciona sabor às refeições de centenas, milhares de famílias lá fora”, ressalta Jean.

Quantidade Produzida

72084t

60555t 62633t 67594t 2018 2019 20202021 Fonte: IBGE

35524t 36156t 35469t

NEGÓCIO RURAL | 15
33877t
PIPERICULTURA
Erasmo
Negris - Diretor administrativo da Cooperativa dos Produto res Agropecuários da Bacia do Cricaré

por quê a pimenta capixaba agrada tanto o paladar estrangeiro? “O principal interesse dos compradores nas nossas especiarias se dá porque a gente tem um diferencial de sabor. Além disso, temos uma pimenta graúda, de excelente qualidade e alta densidade. É o capricho que o produtor tem nas lavouras e, assim, conseguimos fazer uma das melhores pimentas do mundo”, explica o diretor administrativo da Cooperativa dos Produtores Agropecuários da Bacia do Cricaré.

Para o presidente da Associação Capixaba dos Exportadores de Pimentas e Especiarias (Acepe), Rolando Martin, o mercado brasileiro de pimenta-do-reino pode crescer ainda mais. “Estamos vendo o mercado do Vietnã, maior produtor do gênero de pimentas Piper, diminuir a quantidade de produção, e esse vácuo poderá ser preenchido pelo

Brasil, o segundo maior produtor. Estamos prevendo um incremento (nas vendas) não só dos países

árabes, mas para o mundo inteiro, quando se trata da pimenta brasileira em 2022 e 2023”, disse.

Principais Destinos

16 | NEGÓCIO RURAL
das Especiarias produzidas no Brasil VietnãÍndia Alemanha Países Baixos (Holanda) Estados Unidos México Emirados Árabes Unidos Arábia Saudita Argentina Peru Colômbia Turquia Marrocos Egito Senegal 5,7% 6,7% 4,1% 18% 6,4% 8,0% 6,3% 2,1% 8,0% 3,5% 9,1% 3,0% 1,4% 0,72% 0,75% Jan - Out / 2022 FONTE: Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços DIFERENCIAL –
Mas,
“Hoje, a pimenta-do-reino garante a renda da nossa família e ainda proporciona sabor às refeições de centenas, milhares de famílias lá fora”
PIPERICULTURA

INDICAÇÃO GEOGRÁFICA - A grande conquista dos produtores acaba de ser alcançada: a Indicação Geográfica (IG) para a pimenta ca pixaba. A IG foi publicada na Revista da Propriedade Industrial (RPI) nº 2.705. A área geográfica abrange 29 municípios capixabas, e algumas características do cultivo são im portantes, entre elas, a altitude de até 500 metros, temperaturas entre 23C° e 38°C e umidade relativa en tre 70% e 88%.

Com esta concessão, o Brasil chega a 106 Indicações Geográficas (IG) registradas no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), sen do 32 denominações de origem (23 nacionais e nove estrangeiras) e 74 indicações de procedência (todas nacionais).

Notícias publicadas na imprensa e estudos contidos em publicações técnicas e acadêmicas foram incluí das na documentação, o que cola borou com a comprovação de que o Espírito Santo se tornou conhecido como o centro de produção de pi menta-do-reino.

“Nós queremos expandir mais os negócios e, em particular, conquis tar os mercados europeu e ameri cano. Mas, para isso, é preciso me lhorar nossos processos: do plantio ao beneficiamento. Esse consumidor internacional quer saber de onde vem o produto que ele está consu mindo, ou seja, quer a procedência e a rastreabilidade da pimenta. E tudo isso é a base da Indicação Geográfi ca”, diz Francisco Vieira Dantas, pre sidente da Associação de Produto res de Pimenta do Reino do Espírito Santo.

Ficou interessado no cultivo da pi menta-do-reino? Quer melhorar a sua produção? Aponte a câmera do seu celular para esse QR Code, ao lado, e baixe gratuitamente um manual desenvolvido pelo Instituto Capixaba de Pes quisa, Assistência Técnica e Exten são Rural (Inca per) sobre “Boas Práticas na Co lheita e Pós-Co lheita da Pimen ta-do-Reino”.

Que tal experimentar o sabor da pimenta-do-reino? A Revista Negócio Rural preparou uma receita especial, que está na página 22 desta edição.

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“Estamos vendo o mercado do Vietnã, maior produtor do gênero de pimentas Piper, diminuir a quantidade de produção, e esse vácuo poderá ser preenchido pelo Brasil”
Rolando Martin - Presidente da Associação Capixaba dos Exportadores de Pimentas e Especiarias (Acepe)
PIPERICULTURA

Diretores da Revista Negócio Rural vencem Prêmio Sebrae de Jornalismo

Os jornalistas Julio Huber e Bruno Faustino, diretores do portal e da revista Negócio Rural, venceram duas das três categorias da etapa estadual do Prêmio Sebrae de Jornalismo, promovido pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (Sebrae/ES).

Foram mais de 30 trabalhos avaliados pela comissão estadual julgadora do prêmio, que nesta 9ª edição tem como tema central “A importância dos pequenos negó cios para a economia do país”.

Concorrem ao prêmio matérias e reportagens veiculadas de 1º de setembro de 2021 a 29 de junho de 2022. Os primeiros lugares da eta pa estadual receberam um troféu de reconhecimento, e os trabalhos classificados ainda seguem na dis

puta nas etapas regional e nacio nal. A fase nacional será finalizada em dezembro.

Huber foi o vencedor da cate goria Jornalismo em Texto, com a reportagem “Café com sabor da garra feminina”. Com esse, Julio acumula 19 prêmios de jornalismo em sua carreira, entre estaduais e nacionais. Nesta reportagem, o jor nalista fala sobre os cafés produ zidos por mulheres em diferentes regiões do Brasil.

“É muito bom, mais uma vez, ter um trabalho reconhecido em um importante prêmio de jornalismo como o do Sebrae. Vou sempre continuar escrevendo com amor, e essas premiações são consequên cias de um trabalho que faço com prazer”, destacou Julio Huber.

Bruno Faustino, que já venceu 30 prêmios de jornalismo do Es pírito Santo e do Brasil, ficou com a primeira colocação na categoria Jornalismo em Vídeo, com a ma téria “Sabor & Tradição”, veiculada na TV Educativa do Espírito Santo. A reportagem conta um pouco so bre os produtos que são símbolos tradicionais da gastronomia e do agroturismo capixabas.

O prêmio ainda conta com outras três categorias especiais: Jornalista Revelação, Jornalista Empreende dor e Jornalista Influenciador Digi tal. Os trabalhos inscritos para dis putar essas categorias concorrem direto na etapa nacional e os fina listas serão anunciados próximo à data da cerimônia de premiação desta fase.

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PRÊMIOS | FOTO: LARISSA VEDOATO
Bruno Faustino e Julio Huber venceram a etapa estadual e concorrem ao prêmio nacional

Agroturismo e artesanato capixabas encantam chefs brasileiros e italianos

Produtos típicos do Espírito Santo brilharam durante a Convenção da Federação Italiana de Cozinha (FIC), um dos maiores encontros nacionais de gastronomia, que esse ano foi realizado no Hotel Fazenda China Park, em Domingos Martins, nas montanhas do Espírito Santo.

As panelas de barro feitas em Goiabeiras, Vitória, as lâminas de legumes e frutas de Domingos Mar tins, a polenta e o socol de Venda Nova do Imigrante, entre tantos ou tros itens do agroturismo e do ar tesanato capixaba, encantaram im portantes chefs de cozinha do Brasil, como: Roberto Ravioli, Edd Campos, Erick Jacquin e Bruno Stippe, além dos chefs italianos Rocco Pozzulo, Salvatore Bruno e Gianluca Tomasi.

Durante os dois dias do evento, que contou com a participação de mais de 500 pessoas, entre chefs, cozinheiros, donos de restaurantes e estudantes de gastronomia, foram servidas mais

de oito mil refeições, preparadas com ingredientes tipicamente do Espírito Santo, como o mel, os queijos espe ciais, o morango, o azeite de abacate, a pimenta-do-reino, a carne de sol e diversos outros.

Roberto Ravioli se encantou com as recém-lançadas lâminas de legumes e de frutas desidratadas, que são produzidas em Aracê, Domingos Martins, por um casal. O presidente da FIC Brasil, Bruno Stippe – que tem um restaurante tradicional em São Paulo -, presenteou os italianos com panelas de barro. Eles também levaram para a Europa um avental com a receita da moqueca.

O renomado chef Erick Jacquin, jurado no programa Máster Chef Brasil, levou uma panela de barro de Goiabeiras para a sua casa. “Eu amei as panelas de barro do Espírito Santo. Eu já tenho outras, mas uso pouco, porque depende do pre-

paro, e é um outro tipo de comida, diferente da que fazemos no dia a dia. Adorei as afinações, como os desenhos dos peixes, os detalhes. Essas vão para a minha casa”, afirmou o Jacquin.

FOTO: JULIO HUBER | GIRO RURAL
Erick Jacquin levou as panelas de barro produzidas no Espírito Santo para a sua casa

Coocafé inaugura nova unidade comercial em Imbiruçu

mentos, termos as mercadorias e os técnicos para nos atender. Facilitou muito”, enaltece o produtor.

“Ficou muito bom. Teremos mais comodidade e mais qualidade no atendimento. E a iniciativa faz jus a nossa comunidade, considerando que a região, em termos de números, recepção de café, volume de sacas, representa um percentual significativo do que a Coocafé recebe. Com certeza vem somar”, avalia Robson Dutra, cooperado Coocafé.

A Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Lajinha (Coocafé) avança em seu projeto de expansão dando mais um importante passo em 2022. No início de setembro, foi inaugurada a unidade comercial em Imbiruçu, distrito do município de Mutum (MG). Uma cerimônia que reuniu colaboradores, cooperados e comunidade marcou esse momento especial para a cooperativa.

A cooperativa foi pioneira com estrutura de prova de café na localidade, funcionando desde 2004. Agora essa estrutura ganha corpo e

se torna uma loja com a plataforma completa de serviços aos cooperados. O empreendimento contribui com o desenvolvimento local gerando renda e pelo menos 12 empregos diretos.

Cooperados de Imbiruçu e comunidades do entorno receberam com entusiasmo a nova unidade. “Com a cooperativa estando mais perto, o resultado é positivo”, comemora o cafeicultor Josué do Carmo. “Já tínhamos a atuação aqui por meio de Mutum, mas hoje ganhamos essa unidade onde podemos fazer paga-

Fernando Cerqueira, diretor presidente da Coocafé, comenta que Mutum é um município privilegiado. “Essa é nossa segunda filial lá, o único município com duas unidades Coocafé”, lembra. “E agora, com essa estrutura completa, as notas fiscais vão ser emitidas a partir da filial de Imbiruçu, gerando impostos e renda para a região, além da geração de empregos ao contratarmos pessoas de lá. Um ganho para toda essa comunidade, que tem um parque cafeeiro muito grande, com muitos cooperados”, finaliza Cerqueira. A unidade comercial Imbiruçu funciona na Rua Dorvalina Armesina de Oliveira, nº 50, com horário de funcionamento de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 17h30, e aos sábados, das 07h30 às 11h30.

Concurso elege os melhores ovos do Espírito Santo

A Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (Aves) e a Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi) se uniram para promover o 6º Concurso de Quali dade de Ovos Capixaba, realizado em Santa Maria de Jetibá, na Re gião Serrana do Espírito Santo.

Pelo terceiro ano consecuti vo, a premiação foi realizada com transmissão ao vivo. Toda a dinâ mica do concurso destacou a tra dicional qualidade dos ovos do Espírito Santo, além de estimular a busca constante por melhorias no sistema produtivo do Estado.

As etapas de avaliação do con

curso compreenderam: 1ª etapaAnálise na máquina digital EGG Tester, onde foram selecionadas as amostras para as demais eta pas; 2ª etapa - Avaliação visual da qualidade externa dos ovos; e 3ª etapa - Avaliação visual da quali dade interna dos ovos.

Os vencedores do Concurso Ca pixaba, nas categorias ovos ver melhos e brancos, terão o direito de utilizar um selo em suas emba lagens indicando que foram elei tos os melhores ovos de 2022. No total, foram 27 produtores parti cipantes, sendo 15 avicultores na categoria ovos brancos e 12 na ca

tegoria ovos vermelhos.

Na categoria Ovos Brancos, os vencedores foram: Ademar Kerckhoff e Igor Kerckhoff (Ke rovos), em 1º lugar; Waldemiro Berger (Ovos Santa Maria), na 2ª colocação e Fredy Seidler Berger e Kevin Seidler Berger (Berg’ Eggs), que ficou com o 3º lugar.

Já na categoria Ovos Vermelhos, o vencedor foi Antônio Venturi ni (Ovos da Nonna), seguido por Ademar Kerckhoff e Igor Kerckhoff (Kerovos) e Granjas Foesch Agro negócios/Flotério Foesch (Ovos Foesch), com a 2ª e 3ª colocação, respectivamente.

20 | NEGÓCIO RURAL GIRO RURAL | FOTO: COOCAFÉ/DIVULGAÇÃO
Essa é a segunda unidade da Coocafé no município de Mutum

Festival de cafés do Sul do Espírito Santo terá diversas atividades em Muqui

A Cooperativa dos Cafeicultores do Sul do Estado do Espírito Santo (Cafesul) irá realizar, nos dias 25 e 26 de novembro, a 4ª edição do Festival de Cafés Especiais da Região Sul do Espírito Santo. O objetivo é promover a Indicação Geográfica (IG) do Café Conilon do Espírito Santo. O evento acontecerá no Mercado Regional dos Vales e do Café, que fica no sítio histórico de Muqui.

Os cafés especiais da Cafesul serão apresentados para o público consumidor, baristas, coffee hunters, comerciantes e donos de cafeterias. A proposta é que o evento

sirva de estímulo aos produtores, na busca por melhores práticas de produção, além de proporcionar informações do mercado de café aos cafeicultores.

No primeiro dia do evento, a programação terá início às 13h. Durante a tarde haverá teatro sobre o cooperativismo para alunos de escolas do município, participantes do projeto “Cidades Latino Americanas de Comércio Justo”; oficina de barismo e métodos; cupping popular com cafés das diversas regiões capixabas; premiação de concurso de fotografias e a 4ª edição do “Falando

de Café com Elas” com o tema “Comércio Justo e Mercado Fairtrade Sul/Sul”. O encerramento será com show regional.

No dia 26, a programação começa com uma palestra sobre os desafios e oportunidades na produção de cafés, a partir de 15h, seguida de palestras sobre os desafios do mercado e da produção de cafés orgânicos e sobre as perspectivas do café conilon. A partir de 18h haverá a premiação do 12º Concurso de Qualidade do café Conilon da Cafesul e do Concurso de Qualidade do Café Conilon das Mulheres da Cafesul.

Setor da cachaça apresenta crescimento de produtos registrados

O número de registros de cachaças no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) aumentou 40% entre 2020 (3.533 produtos) e 2021 (4.969 produtos). Se compara dos aos números de 2021 com 2019 (período pré-pandemia), esse cresci mento é de 67%.

As informações fazem parte do Anuário da Cachaça, divulgado pelo MAPA, em Brasília, em evento or ganizado pelo Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC). Também foi reve lado o número de estabelecimentos produtores de cachaça registrados no Ministério. Em 2021, o setor fechou o ano com 936 estabelecimentos, o que representa uma pequena diminuição de 2% em relação a 2020, quando ha via 955 registrados.

Em 2021, foram registrados 98 novos estabelecimentos produtores. Outros 117 cancelaram seus registros, o que corresponde a uma redução lí quida de 19 estabelecimentos em re lação ao ano anterior.

Na participação das regiões, o Su deste continua sendo a que mais con centra produtores. Já na participação dos Estados, Minas Gerais aparece em primeiro lugar em número de produtores (353 estabelecimentos), seguido de São Paulo (143) e Espírito Santo (64). Em número de registro de produtos, Minas Gerais aparece no

vamente na primeira posição (1.778 produtos registrados), seguido de São Paulo (738) e Rio de Janeiro (464 pro dutos registrados).

Em termos relativos, observa-se que o maior aumento percentual no número de cachaçarias ocorreu no Sul, onde a abertura de 20 novas fábricas representou um aumento de 16,9% em relação ao ano anterior. Outro destaque é o Espírito Santo, que tem quase a metade dos seus municípios (47,4%) com pelo menos uma cacha çaria. Apesar de ser o terceiro Estado quanto ao número total de estabele cimentos, com 64 cachaçarias, este se encontra na segunda posição no que diz respeito à densidade cachaceira, apresentando um estabelecimento para cada 64.214 habitantes.

As únicas unidades da Federação que se mantiveram com o mesmo número de cachaçarias foram: Ala goas (3), Acre (1), Amazonas (1), Mato Grosso do Sul (1) e Rondônia (1).

O anuário não retrata volume de produção, mas sim, o número de esta belecimentos produtores. “Apesar de Minas Gerais possuir um maior nú mero de estabelecimentos, a estima tiva feita pelo IBRAC é que São Paulo seja o Estado com o maior volume de produção”, explica Carlos Lima, do IBRAC. Segundo dados do Anuário, São Paulo também se destaca com o

maior aumento no número de estabe lecimentos produtores em relação ao ano anterior, apresentando um acrés cimo de 15 estabelecimentos quando comparado com 2020 - mais de uma inauguração por mês.

Glauco Bertoldo, diretor do De partamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal do MAPA, esteve presente no evento e fez um com parativo dos dados dos últimos anos. “Se avaliarmos desde 2018, o número de estabelecimentos produtores de cachaça mostra uma leve oscilação ao redor de 943 estabelecimentos. Nesses últimos quatro anos, o único aumento de estabelecimentos regis trados se deu de 2019 para 2020, quando passou de 894 estabeleci mentos para 955, o que representou um crescimento de 6,8%”, destaca Bertoldo.

RETOMADA - Segundo Lima, com o aumento expressivo no número de registros, além da estabilidade em relação ao número de estabelecimen tos registrados no MAPA, o anuário retrata um setor em plena recupera ção. Ele destaca que após o impacto da pandemia de Covid-19 no setor, prin cipalmente pelo fechamento de bares e restaurantes, e proibições de venda e de consumo de bebidas alcoólicas, os números de 2021 e 2022 são pro missores.

NEGÓCIO RURAL | 21 GIRO RURAL

Filé ao molho de pimenta-do-reino

Ingredientes

Modo De Preparo

Doure uns pedacinhos da aba do filé na manteiga, acrescente a pimenta-do-reino levemente socada e coloque o caldo knorr e água (na quantia que quiser o molho). Tampe e deixe no fogo para incorporar o sabor da pimenta. Descasque as batatas e corte-as em quatro e leve para cozinhar na panela que está no fogo.

Cozinhe até o ponto onde não desmanche, retire as batatas e passe-as na manteiga com a salsinha e reserve em uma travessa à parte (mantenha aquecida). Tempere os filés e frite na manteiga (se fritar em uma chapa fica mais saboroso ainda). Engrosse o caldo com a maizena e coe na travessa por cima dos filés. Sirva com arroz branco e as batatas na salsinha.

Frutas: abacate, abacaxi, acerola, amora, avelã, banana-prata, coco verde, graviola, jaca, laranja-pera, maçã Fuji, mamão, manga, melão amarelo, nectarina nacional, nozes, sapoti, tangerina e uva Thompson.

Legumes e verduras: aspargos, berinjela, beterraba, brócolis, cebola, cenoura, couve-de-bruxelas, espinafre, hortelã, manjericão, maxixe, mostarda, nabo, palmito, pepino, rabanete.

22 | NEGÓCIO RURAL
Novembro/Dezembro
4
2
2
1
1
medalhões de filé
batatas
colheres de pimenta-do-reino em grão Sal a gosto
tablete de caldo knorr sabor carne Margarina
colher de maizena Salsinha
24 | NEGÓCIO RURAL

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