Informação contra o fogo

Edição 21 - Valor: R$ 11,90 Setembro/Outubro • 2020 / Circulação Nacional

A força do Girolando Raça desenvolvida no Brasil é responsável atualmente por 80% do leite produzido no país

EDUCAÇÃO É A MAIOR ARMA CONTRA INCÊNDIOS FLORESTAIS NO BRASIL

SUPERINTENDENTE DO SISTEMA OCB/ES FALA SOBRE AS SOLUÇÕES DAS COOPERATIVAS PARA ENFRENTAR 2020

O AGRO 4.0 INSERE NOVAS TECNOLOGIAS EM PEQUENAS E GRANDES PROPRIEDADES BRASILEIRAS

EDITORIAL 2020 TERÁ SIDO UM ANO RUIM? Nas últimas décadas o setor rural vem se transformado, seja pela melhoria genética de plantas em laboratório, que tem contribuído significativamente para o aumento da produção agrícola, ou até mesmo com raças de animais, como contamos na matéria de capa desta edição.

No caso do gado Girolando, tema de nossa reportagem principal, o cruzamento de duas raças ocorreu por acaso.

Entretanto, assim surgiu o gado responsável, atualmente, por cerca de 80% da produção de leite no Brasil.

Mas, a maior revolução no campo tem ocorrido nos últimos anos, com a inserção de novas tecnologias da chamada Agri-

cultura 4.0, cujo tema também é destaque desta edição, a partir da página 16.

Seja em pequenas ou grandes propriedades rurais, cada vez é mais constante o uso de sistemas automatizados, programas que ajudam a aumentar a produtividade de culturas, sistemas de monitoramento de pragas de lavouras via satélite, irrigação inteligente e tantos outros exemplos de auxílios tecnológicos.

Com todo esse aparato à disposição dos agricultores e, claro, com profissionais cada vez mais capacitados, o Brasil tem reforçado o seu destaque mundial na produção de alimentos. E, neste ano de pandemia do coronavírus (Covid-19),

o agro brasileiro foi o setor que mais cresceu.

A cada ano, a produção brasileira de alimentos tem crescido e conquistado novos mercados. O ano de 2020 ainda não acabou, mas os números já mostram o recorde na produção de grãos e a elevação dos preços dos produtos agrícolas, o que pode fazer com que o ano que fique marcado não somente pela maior pandemia da atual geração, mas também como um excelente ano para o agronegócio nacional.

Boa Leitura

Julio Huber e Bruno Faustino

ÍNDICE 09 PESQUISA 04 CAPA

Propriedade na Região Serrana do Espírito Santo atrai pesquisadores de insetos de outros Estados

Raça brasileira de gado é responsável por 80% do leite produzido no país

10 MEIO AMBIENTE

Educação é a maior arma contra incêndios florestais no Brasil

14 ENTREVISTA

Superintendente do Sistema OCB/ES fala sobre as soluções das cooperativas para enfrentar 2020

Revisão: Sidney Dalvi Editores de jornalismo: Bruno Faustino - JP - 1375/ES Julio Huber - JP - 2038/ES Reportagem: Bruno Faustino Julio Huber Fotografia: Bruno Faustino Julio Huber Foto de capa: Jadir Bison

Colaboradores: Anderson Percílios Diagramação: HM Propaganda

(27) 3361-4163

(27) 99276-9848 Periodicidade: Bimestral Setembro e Outubro Com reportagens apuradas até 10/10/2020

16 TECNOLOGIA

O Agro 4.0 insere novas tecnologias em pequenas e grandes propriedades brasileiras

Endereço e assinaturas: Avenida Presidente Vargas, nº 590, Sala 305 B Centro - Domingos Martins ES - Cep: 29.260-000 (27) 99988-7860 (27) 99996-1288 revistanegociorural@gmail.com

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B R U N O FA U ST I N O - SÃO PA U LO / C O M I N FO R M AÇ Õ E S DA A BAG - R P

INFORMAÇÃO CONTRA

o fogo Associação Brasileira de Agronegócio da Região de Ribeirão Preto alerta para conscientização, prevenção e combate aos incêndios Uma cortina de fumaça encobre a paisagem. Ar pesado, seco. Cena comum no interior do Brasil durante o período da estiagem. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) apontam que, este ano, de janeiro até o início de outubro, o país registrou mais de 171.527 focos de incêndio em vegetação.

Os biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal concentraram os maiores números de queimadas. Dentretodos os Estados brasileiros, São Paulo teve o maior crescimento. O número de incêndios em vegetação no período quase que dobrou, de 2019 (2.771) para 2020 (5.469) - um aumento de 97%.

Os números alertam para um sinal vermelho. O Estado é, hoje, um dos exemplos mais bem-sucedidos do agronegócio brasileiro. Sozinho representa 20% do PIB agro do país.

Segundo informações do Governo do Estado, São Paulo é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar (358,4 milhões de toneladas, o que representa 53,2% da produção nacional), açúcar (24,6 milhões de toneladas, correspondente a 63,7% da produção nacional) e etanol (13,2 bilhões de litros, o equivalente a 47,5% da produção nacional).

Além disso, o Estado responde

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por 60% da produção mundial de laranja e 78,7% da produção nacional da fruta, sendo o maior exportador mundial, e produz 75,1% do limão brasileiro. O agronegócio paulista também é destaque na produção nacional de hortaliças (40%), ovos (38%), codornas (29,6%), borracha/ látex coagulado (90,9%), abacate (43,5%), tangerina (22,6%) e goiaba (49,8%).

O fogo é uma ameaça aos campos de produção, às pessoas e ao meio ambiente. E a informação tem um papel importante na conscientização, prevenção e combate aos incêndios. Esta é a aposta da Associação Brasileira de Agronegócio da Região de Ribeirão Preto, há 6 anos.

“A campanha é realizada durante o período mais seco do ano, quando, historicamente, a ocorrência de focos de incêndio é maior”, diz Mônika Bergamaschi, presidente do Conselho da ABAG/RP. HISTÓRICO - O engajamento da entidade para a questão dos incêndios em vegetação começou em junho de 2014, quando a Estação Ecológica de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, mais conhecida como Mata de Santa Tereza, foi atingida pelo fogo. A queimada destruiu mais

de 50 hectares de vegetação.

O combate às chamas contou com a experiência das brigadas de incêndios das usinas de cana-de-açúcar da região, que foram determinantes para o sucesso da ação, não apenas pela capacitação das pessoas, mas também pelo uso de equipamentos adequados. O fogo foi originado por velas usadas em rituais religiosos, mas foi disseminada a ideia de que a causa foi a queimada em canaviais.

Assim foi criada a Campanha de Conscientização, Prevenção e Combate aos Incêndios para esclarecer a opinião pública e trabalhar proativamente contra as ocorrências de incêndios, no campo e na cidade. A iniciativa reúne, além da Associação Brasileira do Agronegócio da Região de Ribeirão Preto, associados, usinas, cooperativas e associações de produtores rurais. Todos unidos para desenvolver ações de comunicação e educação, com o intuito de conscientizar e engajar toda a sociedade na prevenção às queimadas.

“A campanha é realizada durante o período mais seco do ano, quando, historicamente, a ocorrência de focos de incêndio é maior” Mônika Bergamaschi - Presidente do Conselho da ABAG/RP

AÇÕES - Nos primeiros anos foi necessário desassociar a ocorrência de fogo sem controle de queimadas controladas, permitidas por lei mediante licenciamento prévio. Também foram distribuídas cartilhas em escolas públicas e privadas da região. Técnicos de segurança das usinas de cana-de-açúcar e etanol ministraram palestras e ajudaram a formar brigadas em diversos municípios.

Mapa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostra as queimadas espalhadas pelo Brasil no início de outubro N E G Ó C I O R U R A L | 11

“Este ano, a campanha conta com o apoio da tecnologia para educar.

Além dos materiais já atualizados, entre eles, outdoors, busdoors, placas de estrada, spots de rádio, vídeos e cartilhas educativas, será divulgado, também, o ‘Indicativo de Incêndios’ pelos próximos meses”, ressalta Mônika.

Mas o que é esse “Indicativo de Incêndios”? Diariamente, serão disponibilizadas informações sobre as áreas mais suscetíveis aos incêndios em todo o Estado de São Paulo. Mais uma ferramenta importante para a prevenção e o eventual combate de focos de fogo sem controle. O “Indicativo de Incêndios” é feito pela Somar Meteorologia para todo o território paulista.

FUNCIONAMENTO - A equipe desenvolveu um modelo no qual são correlacionados dados de condições observacionais, e de previsão de chuva em curto e médio prazo, além de umidade relativa, balanço hídrico, e outras variáveis meteorológicas que permitem indicar, com maior precisão, as áreas e regiões com maior potencial de risco de ocorrência e propagação de incêndios. É importante observar que, para o levantamento deste índice não serão usados dados coletados de incêndios anteriores.

“O objetivo da campanha, desde que foi criada, continua sendo a conscientização e o engajamento de toda a sociedade; e me refiro à população, urbana e rural, aos governos municipais e estadual, e aos organismos públicos e privados.

Todos na prevenção aos incêndios, que causam prejuízos ambientais, sociais e econômicos”, reafirma a presidente do Conselho da ABAG/ RP. O mapa do estado com as áreas com maior suscetibilidade à ocorrência de incêndios pode ser acessado pelo site: www.incendiosprevina.com.br, e nas mídias sociais da ABAG/RP e dos parceiros. A expectativa é que a informação sirva de alerta para que todos saibam em quais regiões, nos dias subsequentes, existe maior probabilidade de ocorrência de fogo.

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A Campanha de Conscientização, Prevenção e Combate aos Incêndios disponibiliza, diariamente, mapas com o risco de incêndio em São Paulo.

Monitoramento on-line de incêndios florestais O Estado de São Paulo conta com o Sistema Estadual de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, instituído em 2010, que visa: diminuir os focos de incêndio no Estado; reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) oriundas das queimadas; proteger áreas com cobertura vegetal contra incêndios; erradicar a prática irregular do uso do fogo, respeitando o disposto no Decreto Estadual nº 56.571/2010; e fomentar o desenvolvimento de alternativas ao uso do fogo para o manejo agrícola, pastoril e florestal.

Entre janeiro e setembro de 2020, a Coordenadoria de Fiscalização e Biodiversidade (CFB) aplicou 514 multas por queimadas.A Operação Corta-Fogo, como é chamado o sistema, é formada pela Coordenadoria Estadual de Proteção Defesa Civil (CEPDEC), o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar Ambiental, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), a Fundação Florestal (FF) e o Instituto Florestal (IF).

Ao longo do ano são desenvolvidas uma série de atividades, que são dividas em três fases: verde, amarela e vermelha. A fase verde ocorre entre os meses de janeiro a março e novembro e dezembro. Nela são planejadas, no início do ano, as medidas de prevenção e preparação. Já no final do ano é realizada uma avaliação da temporada de incêndios e são iniciados os preparativos para o ano seguinte.

Na fase amarela, entre os meses de abril e maio, são desenvolvidas as atividades de treinamento, capacitação, elaboração e revisão de planos preventivos e de contingência.

Entre os meses de junho e outubro é ativada a fase vermelha da Operação. As ações de combate ao fogo e de fiscalização repressiva são priorizadas e as estratégias de comunicação e campanhas preventivas ganham reforço.

O painel on-line que registra os dados de incêndios florestais da Operação Corta-Fogo do Estado de São Paulo pode ser acessado pelo endereço: www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/cortafogo.

CHAMAMENTO PÚBLICO - A Fundação Florestal (FF), vinculada à Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente (SIMA) publicou um chamamento público para doação de bens materiais e serviços em apoio ao combate a incêndios florestais.

As contribuições serão implantadas nas Unidades de Conservação, bem como nas áreas do entorno.

Em razão do período de estiagem e das altas temperaturas, especialmente entre os meses de junho e outubro, o Estado de São Paulo tem sofrido com a ocorrência de incêndios florestais em diversas áreas, muitas delas inseridas em Unidades de Conservação, como a Estação Ecológica de Jataí, Parque Estadual de Águas da Prata e Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade (FEENA). As equipes estão mapeando o total de hectares atingidos nos últimos incêndios.

Podem ser doados Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como roupas de segurança, botas, luvas, óculos, capacetes, abafadores de ruído e outros; extintores e mangueiras de incêndio; bombas hidráulicas; mão de obra no combate ao fogo (voluntários); serviços de mecânica para a reparação de caminhões-tanque e outros veículos de apoio ao combate ao fogo.

Também é necessário o combustível para os caminhões-tanque e outros veículos de apoio ao combate ao fogo; gêneros alimentícios e hospedagem para os profissionais e voluntários que estiverem no combate; contribuições financeiras para subsidiar a compra de equipamentos ou contratação de serviços de combate ao fogo e quaisquer outros bens ou serviços que possam contribuir no combate a incêndios florestais nas Unidades de Conservação paulistas.

Pessoas físicas empresas privadas, associações, organizações não governamentais, entre outros, que pretendam apoiar o projeto, devem apresentar as propostas de doação por e-mail, ao endereço eletrônico: nnp@ fflorestal.sp.gov.br.

Levantamento do INPE mostra que o bioma Amazônia foi mais atingido pelas queimadas de janeiro a outubro de 2020.

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