Revista Abeeon Empreende

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Outubro/Novembro 2018 | ano 1 | 1ª edição

SE QUISERMOS UMA SOCIEDADE MELHOR, A MUDANÇA TEM QUE PARTIR DE NÓS

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TRABALHO COM PROPÓSITO

HISTÓRIA QUE INSPIRA

O FUTURO DO TRABALHO

Drª Eva, a Advogada que teve câncer de mama e escreveu o Manual de Direitos da Pessoa com Câncer

Conheça o Casal que largou o emprego para trabalhar como viajante profissional

O futuro pode garantir trabalho, mas não emprego, é o que diz a Futurista Beia Carvalho


Apresentado por

Shopping

comemora de

operação Desde sua inauguração em 2013, o empreendimento é um centro de lazer, serviço, cultura e entretenimento

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P

rojetado com um conceito inovador, o Shopping Iguatemi Ribeirão Preto, que completou 5 anos no último dia 30 de setembro, se consolidou como um centro multiuso da cidade e de toda a região. Para celebrar a data, uma programação especial movimentou o empreendimento e levou aos clientes e convidados lazer, cultura, informação e experiências inovadoras. Entre os destaques, ações como a colheita de jabuticabas, em que os clientes puderam pegar as frutas diretamente das árvores cultivadas no empreendimento, os bate-papos com especialistas e nomes influen“Nossa proposta foi promover uma tes promovidos no Boulevard, programação especial para os nossos Iguatemi Fitness, e Menu clientes, com eventos inéditos, ações Especial 5 anos. Eventos inoinovadoras e excelentes oportunidades vadores como a exposição de compras. Um mês de momentos Mulheres Guerreiras, Mosaico surpreendentes”, explica Manoela Interativo e o Bar de Gelo do Whitaker, gerente de marketing do Renato Aguiar também moviShopping Iguatemi Ribeirão Preto. mentaram o empreendimento em setembro.

Único e Inspirador

fotos: Rafael Cautella

Todos os meses, 600 mil clientes passam pelos corredores do Shopping Iguatemi Ribeirão Preto em busca de experiências diferenciadas, momentos únicos e inspiradores. Com uma localização privilegiada, o empreendimento trouxe o conceito de complexo multiuso e conta com duas torres com 618 salas comerciais. Além disso, o shopping também contribui diretamente para o desenvolvimento de uma área nova da cidade, impulsionando o crescimento e adensamento do entorno. Outro grande atrativo do Iguatemi Ribeirão Preto é o mix de lojas especialmente pensado nas necessidades do público. Com mais de 200 operações, o shopping reúne marcas nacionais e internacionais e relevantes lojas locais, mostrando sua pluralidade e o melhor da moda do varejo brasileiro. Um dos principais polos gastronômicos da região, o Iguatemi tem opções diversificadas para agradar aos mais exigentes paladares, com mais de 15 operações. Desde a sua inauguração, o empreendimento teve 87 novas marcas adicionadas a seu mix e para os próximos anos as novidades continuam com a chegada de lojas consolidadas.

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Sessão O Futuro do Trabalho

O Futuro pode Garantir Trabalho, mas não Emprego

P á g i n a

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Futurista Beia Carvalho fala sobre o futuro do trabalho e das empresas

P á g i n a

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P á g i n a

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Sessão #oMelhorProfissional

Médica de Ribeirão Preto Optou pela Mastectomia para Prevenir Câncer de Mama Com forte histórico da doença na família, a ginecologista Annelise Ruiz passou por cirurgia de remoção das mamas e hoje afirma que se sente mais segura

Sessão #oMelhorProfissional

Bom Humor na Luta Contra o Câncer Entrevista com a Advogada Eva Haig, que teve câncer de mama e escreveu o Manual de Direitos da Pessoa com Câncer

Sessão #oMelhorProfissional

Chef Filipe Lazzuri Desistiu da Economia para se Dedicar à Cozinha P á g i n a

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No início, sem pretensão de construir uma carreira de sucesso na Gastronomia, Filipe Lazzuri, hoje soma 10 anos em uma das mais tradicionais cantinas italianas

Sessão #oMelhorProfissional

Para Andrei Mosman Ser Profissional Autônomo Permite Ter Rotina e “Trocar de Vista”

P á g i n a

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Paulista de Tupã programa computadores desde os 14 anos e construiu sua carreira na área de TI remotamente viajando pelo Brasil e América do Sul

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Sessão #oMellhorProfissional

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P á g i n a

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A Terceira Idade no Mercado de Trabalho

Não parar de aprender é uma das dicas da professora Neide Bertoldi Franco para os profissionais veteranos que não pensam em se aposentar tão cedo

Sessão Entrevista de Capa

Vamos Falar sobre Política e Educação?

P á g i n a

A Professora e Pesquisadora Sandra Molina de Ribeirão Preto esclarece o conceito de cidadania e como as atitudes cotidianas da população podem mudar os rumos de um país

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P á g i n a

Sessão #ViajarFazBem

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Como uma Nutricionista Esportiva e um Concursado Público Tornaram-se Viajantes Profissionais

Nayara Rabello escreve sua trajetória profissional e como é sua vida após ter trocado o trabalho estável para trabalhar com o que ama junto com o marido e filho pequeno, viajando pelo mundo

Sessão #Pride

Sessão Profissões do Futuro P á g i n a

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Conselheiro das Redes Sociais, “Amigo Colorido” Quer Incluir Adultos e Idosos na Era Digital

Aos 18 anos, Rodrigo Colucci criou um personagem no Twitter que atingiu 500 mil pessoas; hoje, tem projeto para incluir adultos e idosos na Internet

Profissões do Futuro Emergem em Meio a Profundas Transformações do Mercado de Trabalho

P á g i n a

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Uma Consultora de Imagem, uma Coaching e um Jogador Profissional de Poker são os Profissionais familiarizados com as tecnologias, que trabalham com qualidade de vida e oferecem serviços que facilitem a rotina e tragam comodidade

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Expediente

BRUNA ZANUTO

Jornalista e Revisora Geral

abeeon.com/bruna.zanuto

MARIANA PACHECO

Jornalista

abeeon.com/mariana-pacheco

JULIANA RANGEL Jornalista

@JubRangel

LETÍCIA AGOSTINHO

Jornalista

abeeon.com/leticia.agostinho

RAFAEL CAUTELLA Fotógrafo

abeeon.com/rafael.cautella

AMANDA SALOMÃO

Consultora de Imagem e Estilo

abeeon.com/amanda.salomao

Impressão: São Francisco Gráfica e Editora Circulação: Ribeirão Preto e Sertãozinho Tiragem: 10.000 exemplares Distribuição e Logística: Página 1 Logística Perfil: abeeon.com/pagina1-logistica

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Conteúdos elaborados por empresas que anunciam na revista estão referenciados por expressões como “apresenta”, “apresentado por”, “oferecimento”, “especial publicitário”, “conteúdo publicitário”, publieditorial”, “publu” e “promo”. A Revista Abeeon Empreende é uma publicação bimestral. Todos os direitos são reservados. É proibida a reprodução total ou parcial. As colunas e matérias assinadas são de inteira responsabilidade dos autores, bem como conteúdos dos anúncios e mensagens publicitarias.


Expediente

THIAGO LUZZI Diretor Executivo

abeeon.com/thiago.luzzi

DEBORAH DORASCIENZI

Diretora de Conteúdo

abeeon.com/eborah.dorascienzi

THAIS MEGUMI SATO Analista de Tecnologia

abeeon.com/thais.megumi

HENRIQUE MORETTO

Projeto Gráfico e Diagramação

abeeon.com/henrique.moretto

INFLUENCERS @Casal.Nomade @ Ro d r i g o C o l u c c i @Mamae.Organizada

C O L U N I S TA S Cris Miura Mariela Passalacqua T h i a g o Fr a n c o

Revista Abeeon Empreende Av. Wladimir Meirelles Ferreira 1660 sl 607 Jd. Botânico – Ribeirão Preto – CEP 14021-630 Site: revistaempreende.com.br Sugestões e Críticas: contato@revistaempreende.com.br Perfil na Rede Social de Negócios: abeeon.com/revistaempreende Publicidade e Anúncios: comercial@abeeon.com

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Nosso Propósito

Existe Vida

após o Desemprego M

uitas pessoas estão acostumadas com uma vida linear: cursam o ensino fundamental e médio, ingressam ou não em uma faculdade, buscam um emprego com carteira assinada, batalham para ser reconhecidas pela empresa e para conquistar promoções e cargos. Parte delas pode nem ser feliz ou se sentir realizada no trabalho. Mas, a sociedade de antigamente ensinou que isso era o correto. Entretanto o mundo mudou, as relações de trabalho mudaram e as empresas também.

Em meio a tudo isso, veio uma crise política e econômica que o Brasil se encontra desde 2016. O resultado foi mais de 13 milhões de desempregados. Porém, as notícias frequentes sobre a falta de emprego incomodaram um casal de engenheiros da computação (Thiago e Déborah), que mora em Ribeirão Preto (SP). A partir daí, eles começaram a pensar como poderiam colaborar para que os profissionais tivessem uma vida após o desemprego. E, em 2017, com a ajuda da tecnologia, o casal lançou a Abeeon – a primeira rede social de negócios exclusiva para profissionais liberais e autônomos, com o objetivo principal de conectar clientes aos profissionais. A ideia deu tão certo, que em abril deste ano, foi lançado o aplicativo da ferramenta. E agora, em outubro de 2018, está sendo lançada a primeira edição da revista Abeeon

Empreende com o foco em fomentar a cultura empreendedora e ajudar os profissionais a trabalharem por conta, investir em conhecimento (veja as nossas páginas com dicas de cursos presenciais e on-line), se inspirar com histórias emocionantes de superação de profissionais de sucesso e perceber que pode até faltar emprego, mas trabalho nunca faltará. A diferença entre essas palavras, você pode ver na reportagem sobre o futuro do trabalho e das empresas. Nesta primeira edição, entrevistamos dezenas de profissionais empreendedores, professores e muita gente que acredita de verdade no empreendedorismo e no trabalho como profissional autônomo. Trabalhamos duro para produzir reportagens interessantes e relevantes sobre o futuro das profissões e histórias de profissionais que “abandonaram” a carteira de trabalho para construir uma carreira de sucesso atuando como profissional autônomo. Vamos contar também histórias de pessoas que conhecem o mundo todo e detalhe: trabalhando. Isso mesmo, elas são os viajantes profissionais. Além disso, vamos mostrar como alguns profissionais encontraram nas redes sociais uma forma de influenciar outras pessoas e ditar tendências – são os chamados digital influencers. Inspire-se! Através dessas boas histórias queremos inspirar você a trabalhar com o que ama e mostrar que o seu trabalho tem um propósito e que você pode ser muito feliz com o que faz. Seu conhecimento, suas habilidades e suas competências não estão atrelados a sua carteira de trabalho, pois elas fazem parte da sua essência. O lado bom disso é que você pode aplicar todo esse conhecimento trabalhando para você mesmo ou para a sua própria empresa. Bora começar a leitura?

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O Futuro do Trabalho

O Futuro pode Garantir Trabalho, mas não Emprego

por Bruna Zanuto

Futurista entrevista pela Abeeon Empreende fala sobre o futuro do trabalho e das empresas

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foto: Projetado por Freepik

s palavras trabalho e emprego já foram muito usadas como sinônimo. Hoje, as pessoas perceberam a grande diferença entre elas. Segundo a futurista e palestrante Beia Carvalho, o trabalho é algo que existe e sempre existirá. “Onde haverá transformações será no emprego”. Diante disso, Beia discorda de comentários sobre vagas restritas no mercado de trabalho. “Existem muitas vagas no Brasil para várias especialidades. O que falta é profissional qualificado para atender essas demandas”.

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O Futuro do Trabalho Ela lembra que antes da crise da Petrobras, a empresa tinha cerca de seis mil vagas abertas, porém não tinham profissionais especializados neste setor. A palestrante insiste que se as pessoas não olharem para o futuro, não vão se preparar para ele. “Chega uma hora que o futuro precisa de uma série de especialistas e eles não estarão lá”. Ou seja, as pessoas não estão se preparando para essas oportunidades. O mundo precisará cada vez mais de conhecimento e domínio das novas tecnologias, segundo Beia. Porém, o que se vê no Brasil é um grande número de universitários analfabetos funcionais. Além de que, atualmente, é inaceitável uma pessoa pegar o diploma na mão – seja de ensino médio ou superior – e dizer que já fez sua parte e terminou os estudos, analisa a futurista. “Isso não é mais possível no século XXI. Não existe a hipótese de parar de estudar”.

“Não existe a hipótese de parar de estudar”

A palestrante acrescenta que o estudo ganhou outra conotação: “estudar não quer mais dizer que o jovem passou no vestibular e só frequentará aulas diariamente”. Hoje, as mudanças estão cada vez mais rápidas. “E acontecem em uma velocidade muito superior à que você se atualiza. Portanto, se pararmos de estudar, não conseguiremos sequer entrar no ritmo, pois as coisas ficam muito distantes”. Beia destaca que é muito comum ouvir frases do tipo: “não tem trabalho para mim”, porém quase nunca se escuta “se eu tivesse inglês, eu poderia ter um trabalho”. Ficou mais cômodo para as pessoas terceirizarem o problema da falta de trabalho, do que fazer algo para se adequar ao mercado e entender o que ele exigirá dos profissionais no futuro. Por exemplo, segundo a palestrante, cada vez mais o mercado exigirá o domínio de tecnologias disruptivas como a inteligência artificial, machine learning, chatbots, blockchain, as moedas criptografadas como o bitcoin, dentre várias outras. “Se você não se interessa e desconhece tudo isso, por que vou querer te contratar sendo que preciso de especialista nessas áreas?”. É por isso que ela afirma que a curiosidade é a maior habilidade que uma pessoa poderá ter no século XXI.

Oportunidades

Beia comenta que o desemprego é algo que sempre existirá e pelos mais variados motivos. Em contrapartida, todos os dias surgirão novos tipos de trabalho e novas funções. Um levantamento realizado pela Cedro Technologies (empresa de tecnologia da informação e inovação) constatou que 90% dos processos de atendimento de uma empresa podem ser resolvidos por chatbot. Segundo o CEO da Aktie Now (empresa especializada em tecnologia para atendimento ao cliente), Bruno Stuchi, diante deste cenário o papel do profissional de atendimento agora é garantir a configuração da ferramenta para que ela ofereça um bom atendimento. Ou seja, sai o atendente e entra o especialista em chatbot.

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O Futuro do Trabalho E quanto mais o mercado se organiza dentro desse formato tecnológico e inovador, mais demandará por mão de obra especializada e que não se importará com coisas do tipo: “já são 18 horas, preciso ir embora”. Para esses profissionais sempre existirão vagas, mas também sempre existirá muito trabalho. Pois, segundo Beia, “eles estarão atuando em áreas mais criativas, que é uma atividade árdua e intensiva. Já os trabalhos repetitivos ou com soluções óbvias estarão sendo executados por máquinas”. Até 2022, o setor de automação poderá extinguir 75 milhões de vagas no mundo associadas às atividades de contabilidade, secretariado, serviço de atendimento ao cliente etc., segundo o estudo Future of Jobs 2018, apresentado pelo Fórum Econômico Mundial, e publicado pelo portal Valor Econômico, em setembro de 2018. Em contrapartida, a inovação tecnológica criará novas funções relacionadas à inteligência artificial, big data e novas tecnologias, gerando cerca de 133 milhões de novos postos, o que resulta em um saldo positivo de 58 milhões de vagas nos próximos quatro anos. “O que existe hoje é uma evolução da forma de trabalho. A tecnologia está sendo aprimorada para que as pessoas deixem de executar tarefas repetitivas e passem a exercer funções mais analíticas”, acrescenta Bruno Stuchi.

foto: Projetado por Freepik

Além da criatividade, os profissionais do futuro deverão ter outra habilidade: a visão holística do negócio e do trabalho. “Não será um mundo onde se separa as coisas em gavetinhas. As pessoas terão que entender o todo. Por exemplo, hoje é impossível entender o funcionamento do Uber de forma fragmentada”. Por trás da ferramenta existe inovação, todo o desenvolvimento de uma economia compartilhada, sistema de GPS, de pagamento etc.

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O Futuro do Trabalho

Empresas e Negócios O futuro também não será promissor para empresas que queiram continuar operando da mesma forma desde sua fundação. As que decidirem não evoluir e não participar do processo de transformação digital deixarão de existir, analisa Beia. “Já, as que aceitarem evoluir, terão novas demandas, novas possibilidades e sempre procurarão novas formas de resolver problemas”. A palestrante explica que existe uma ruptura entre o século XX e XXI. Enquanto que no século XX as mudanças eram lineares, hoje, as mudanças acontecem de forma exponencial. “Não é olhando para o passado que conseguiremos explicar os novos produtos e comportamentos do século XXI. Por exemplo, se estudarmos o passado não chegaremos à criação do Uber”.

foto: Projetado por Freepik

Beia é publicitária, foi sócia de uma agência de publicidade e passou ainda pelas áreas de moda e antiguidade. Toda essa experiência e o fato de ver muitas empresas não pensarem no futuro a levaram para a carreira de futurista e palestrante – que já dura quase 10 anos. “O fato de as marcas, empresas e empreendedores não pensarem no futuro me incomodava bastante. Quando um empreendedor resolve abrir um negócio, significa que ele não está pensando no presente, mas sim no futuro”. O maior problema é quando ele começa a pensar no presente, pois é neste momento que ele fica igual a todo mundo e é aí que muitas empresas fecham suas portas.

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O Futuro do Trabalho

Diante disso, Beia diz que a ideia de “viajar” para o futuro é uma forma de provocar o cérebro das pessoas com uma série de indagações como, por exemplo: como estará minha empresa em 2023? Teremos o mesmo carro-chefe que temos hoje? “As pessoas têm uma tendência absurda de colocar 100% de sua energia no dia de hoje, que é o dia mais pronto de nossas vidas. E não dedicam nem 1% de seu tempo para o futuro, lugar onde nada existe e tudo pode acontecer”. Quando as pessoas dizem “estou 100% dedicada ao presente”, segundo a futurista, elas deixaram de empreender. “Pois, essas pessoas deixaram de pensar se vão expandir, buscar investimentos ou contratar”. Ela acrescenta que dinheiro e investidores existem em todo o mundo, porém só as boas ideias, ou seja, aquelas que resolvem problemas de um maior número de pessoas, terão oportunidade de conquistar investimentos para o seu negócio. Beia exemplifica: imagine duas irmãs empreendedoras, que tiveram a mesma criação e as mesmas oportunidades. Uma é dona de uma padaria em determinado bairro e a outra criou uma startup relacionada ao agronegócio. “É mais fácil a segunda levantar milhões de dólares em investimento, do que a dona da padaria conseguir 10 mil reais para uma reforma, por exemplo”.

foto: Projetado por Freepik

Segundo Beia, isso acontece porque a padaria tem um alcance local. Já as startups resolvem problemas maiores e escaláveis. “Neste exemplo, a padaria está na antiga geografia. As startups estão na nova geografia, pois apesar delas resolverem problemas locais, não precisam estar lá, ou seja, podem estar em qualquer lugar do mundo”. Ela acrescenta que se um empreendedor quiser acertar em relação ao futuro, ele deve seguir uma tendência. “Pois, a tendência é como um farol que ilumina para onde parece que o mundo está indo e aí você tem mais chance de acertar para onde ele vai de fato”. A futurista encerra a entrevista dizendo que onde tiver seres humanos, existirão problemas que precisarão ser resolvidos de forma simples, eficaz e aplicável. “E isso é muito difícil. A nova era é complexa, clama por respostas simples para resolver problemas complexos. Portanto, temos que contar com pessoas curiosas, que gostam de conhecer coisas novas, de aprender e de reaprender, de comparar e de testar, que não se conformam com a primeira ideia e com o primeiro resultado”. Beia diz que as pessoas até podem dizer “já são 18 horas, já fiz minha parte, estou indo” em pleno século XXI, mas é impossível viver dessa forma, se destacar no mercado e ganhar dinheiro. “Pensar no futuro é como fazer exercício físico: dá uma preguiça danada, deixamos para amanhã, mas quem futura colhe resultados”.

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#oMelhorProfissional – Saúde

Médica de Ribeirão Preto optou pela Mastectomia para Prevenir Câncer de Mama por Mariana Pacheco

Com forte histórico da doença na família, a ginecologista Annelise Ruiz passou por cirurgia de remoção das mamas e hoje afirma que se sente mais segura

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câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do de pele não melanoma, respondendo por cerca de 28% dos casos novos da doença a cada ano, segundo informações do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), órgão ligado ao Ministério da Saúde. Não existe uma causa única para o aparecimento do tumor. Entre os fatores de risco relacionados à neoplasia estão histórico familiar e primeira gravidez após os 30 anos. Foi justamente a combinação dos dois que fez com que a ginecologista e obstetra Annelise Ruiz, de 51 anos, que atua em Ribeirão Preto (SP), tomasse a decisão de retirar as mamas. “Em um intervalo de 20 anos, minha mãe foi diagnosticada com a doença duas vezes, uma em cada mama. Minha avó materna e tia morreram em decorrência do tumor. Além disso, fui mãe aos 42 anos, o que aumentou ainda mais as minhas chances de desenvolver o problema”, explica. Annelise descobriu, então, um nódulo inconclusivo em um exame de mamografia, sugerindo uma biópsia. Pensando em todos os prós e contras e, depois que já havia amamentado a sua filha por um ano, decidiu, em agosto de 2011, realizar a mastectomia profilática. A cirurgia consiste na retirada da região interna da mama – ou seja, das glândulas e dos ductos mamários, que são os locais mais prováveis de ocorrer a formação de um tumor – seguida pelo

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implante de prótese de silicone. “Se antes os meus riscos de desenvolver a doença podiam chegar a 80%, hoje é de 3% a 5%”, completa. A médica alerta, contudo, que para passar pelo procedimento é necessário ter uma forte indicação. “O meu histórico justificava a cirurgia. Mas não é algo que todas as mulheres que têm medo do câncer devem fazer. Até porque é um método invasivo e que muda muitos aspectos da vida”, destaca. A ginecologista explica que, ao retirar as mamas, a mulher não pode mais amamentar, por exemplo, e a sensibilidade nos seios tende a diminuir bastante.

Exame Genético e Nova Cirurgia

A mastectomia diminui as chances da mulher ter o câncer de mama, mas não a isenta completamente dos riscos. A ginecologista afirma que, em breve, fará uma nova cirurgia, a de retirada dos ovários. “Os mesmos genes que, ao sofrerem mutação, podem causar o tumor de mama, também podem ser responsáveis pelo câncer de ovário. E esse tipo da doença é mais silencioso, uma vez que não pode ser detectado com exame de toque, e sua evolução é mais rápida”, afirma Annelise.

“No início, o seu tratamento tem altíssimas chances de sucesso”

Antes, contudo, a médica fará o exame que detecta as mutações germinativas nos genes BRCA, que elevam o risco da doença. “Vou fazer agora pensando na minha filha, que está com oito anos. Se der positivo para a mutação, pode ser que ela também tenha o risco


foto: Rafael Cautella

#oMelhorProfissional

aumentado de desenvolver a doença. Esse tipo de informação é essencial para tomarmos medidas preventivas e que garantam nossa qualidade de vida”, diz.

minhas pacientes e curtir momentos em família e entre amigos. Considero-me uma pessoa feliz e tento passar isso para a minha filha”, afirma a médica.

O movimento conhecido como Outubro Rosa nasceu nos Estados Unidos, na década de 1990, para estimular a participação da população no controle do câncer de mama. A data é celebrada anualmente com o objetivo de compartilhar informações sobre a doença e promover a conscientização acerca da importância da detecção precoce do tumor. Desde 2010, o Brasil participa da campanha por meio do Inca.

Ainda no assunto de prevenção, a ginecologista Annelise Ruiz alerta sobre a importância do autoexame de mama. “Sempre lembro as minhas pacientes de fazerem em casa. É muito simples e pode salvar vidas, uma vez que, se o tumor for detectado logo no início, o seu tratamento tem altíssimas chances de sucesso”, destaca.

Outubro Rosa e Prevenção do Câncer

De acordo com o órgão ligado ao Ministério da Saúde, estima-se que 30% dos casos de câncer de mama possam ser evitados quando são adotadas práticas saudáveis como: praticar atividade física; alimentar-se de forma balanceada; manter o peso corporal adequado; evitar o consumo de bebidas alcoólicas; e amamentar. Para Annelise, além destas, outra atitude é essencial para a qualidade de vida, o controle do estresse. “Acredito que felicidade espanta o câncer. Por isso, além de cuidar da minha saúde, procuro não ficar remoendo problemas, ainda mais na hora de dormir, gosto de conversar com as

Autoexame de Mamas

A médica indica a realização do autoexame uma semana após a menstruação, pois os seios não estarão mais sensíveis ao toque. Outra dica é fazer durante o banho, já que a água e o sabão facilitam os movimentos e, depois, olhar no espelho para ver se tem alguma área onde a pele está repuxada. Qualquer indício de anomalia ou caroço devem ser relatados a um profissional de saúde. Já a mamografia de rastreamento é recomendada, no Brasil, pelo Ministério da Saúde, que seja feita em mulheres de 50 a 69 anos, uma vez a cada dois anos (quando não há sinais nem sintomas). Para aquelas com casos da doença na família é indicado realizar o exame a partir dos 35 anos.

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#oMelhorProfissional – Direito

Bom Humor na Luta Contra o Câncer por Letícia Agostinho

Advogada que escreveu o “Manual de Direitos da Pessoa com Câncer” conta como foi o processo de tratamento do câncer de mama e de onde tirou forças para vencer a doença

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âncer de mama. Três palavras que assustam as mulheres, que as fazem alterar sua rotina, prioridades e cuidados. Três palavras que correspondem à 28,1% do total de diagnósticos cancerígenos por ano no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca). Além disso, é o principal tipo de neoplasma que atinge o sexo feminino. Os fatores de risco ficam por conta da idade (acima de 50 anos), histórico familiar ou questões pessoais, como uso de hormônios externos, obesidade, e consumo e álcool. Com o avanço da medicina, hoje o diagnóstico positivo para o tumor não significa mais uma sentença negativa, mas mesmo assim continua mexendo com o estado emocional da paciente, já que a intervenção cirúrgica altera a estética feminina. Ainda assim a forma com a qual se lida com o tratamento é fundamental. E um bonito exemplo é o da Eva. Eva Haig Adourian Colombo Arnold é mestre em Direito pela Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho (Unesp) em Direito Organizacional público e privado, é ex-pesquisadora da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), foi aprovada em primeiro lugar no concurso público para cargo permanente de professora universitária, é coautora do Código Civil Interpretado da editora Manole e membra do Instituto Paulista de Direito Comercial e da Integração (IPDCI), desde 1998. Recentemente, foi aprovada no concurso do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e é professora titular do Centro Universitário Moura Lacerda. Dona de um currículo extenso, a advogada, que se sentiu parte de um “seleto grupo de pessoas condenadas à morte”, escolheu passar por todo o tratamento de uma forma diferente: usar perucas coloridas! Foi isso que levou esperança e alegria aos filhos, que viam a mãe sempre feliz, apesar do processo quimioterápico. “Isso alimentou os corações devastados pela notícia e deu esperança de que tudo poderia melhorar. Não tive dúvidas de que a única pessoa que poderia ter me inspirado, com esta ideia da alegria da escolha pela felicidade, fosse a pessoa de Deus na sua infinita misericórdia”, destacou Eva.

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foto: Rafael Cautella

#oMelhorProfissional

Mesmo com as reações causadas pela quimioterapia, como náusea, dores e vômitos, a vida profissional não foi deixada de lado. Paralelo com suas aulas e palestras, a advogada procurou saber se na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) havia alguma representação para as pessoas que passam por este mesmo tratamento e, ao descobrir que não havia sequer uma comissão, ela foi, mais uma vez, à luta. Foi neste momento que ela pediu essa representação para o presidente da OAB, na 12ª subseção de Ribeirão Preto, tornando-se coordenadora deste projeto. Com a ideia firme de levar ao maior número de pessoas essa sua nova conquista, escreveu o “Manual de Direitos da Pessoa com Câncer”, que foi digitalizado e está disponível no portal da Ordem dos Advogados, com o intuito

de esclarecer aos portadores da doença o seu direito a um advogado sempre que necessário. A estratégia para conseguir ajudar o outro foi simples: parar de olhar só para si e começar a enxergar as outras pessoas que estavam na mesma situação. “Isso me fortaleceu, me tirou da condição de vítima. Me colocou na altura de uma nova história de vitórias. Mas creio que isso não partiu de mim, mas de um coração grato a Deus e pronto a obedecer o mandamento de amar ao próximo como a si mesmo”. Observando que o apoio ao próximo é fundamental, na década de 1990 nasceu o movimento conhecido internacionalmente por Outubro Rosa, que visa estimular a participação popular da conscientização e do controle

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foto: Rafael Cautella

#oMelhorProfissional

“Você sabia que você tem direitos?”

do câncer de mama. É um trabalho desenvolvido durante todo o mês, todos os anos, com o objetivo de compartilhar informações sobre a doença, levando o maior acesso aos serviços de diagnóstico e tratamento, o que contribui com a redução de mortalidade feminina. O Inca participa deste movimento desde 2010 promovendo ações técnicas e ajudando com a produção de materiais usados durante a movimentação anual e sobre a importância do autoexame, que ajuda a detectar precocemente a doença, facilitando o tratamento.

Inclusive, a avaliação é bem simples e conta com apenas três passos, sendo eles observação em frente ao espelho, palpar a mama de pé e repetir a palpação deitada. Em frente ao espelho é preciso observar os seios com os braços caídos, levantados e com as mãos na cintura. Já para palpar, tanto em pé quanto deitado, é necessário levar uma das mãos na nuca e fazer movimentos circulares nas mamas, assim como palpar de fora para dentro e de baixo para cima. Ao sentir alterações, a procura por um ginecologista deve ser imediata. Além disso, os médicos incentivam o exame todos os meses após a menstruação, sendo o período mais fácil para o reconhecimento. E, fora o autoexame, é recomendado a mamografia preventiva, que se torna obrigatória a cada dois anos, após completados os 50 anos de idade.

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A campanha também tem incentivado uma melhor qualidade no estilo de vida das mulheres, que inclui alimentação cada vez mais saudável, cheia de frutas e verduras, evitando sempre alimentos industrializados, e a prática de exercícios físicos, que contribuem no combate da obesidade, um dos fatores de risco da neoplasia. Também é legal lembrar que neste mês, sempre se incentiva o uso de camisetas e laços rosas e corridas solidárias, que simbolizam o caminhar rumo à vitória do tratamento. Mas para saber como realmente ajudar mulheres próximas que estão enfrentando a doença, nada melhor que o conselho de alguém que pôde tirar uma grande lição deste difícil tratamento. Aliás, muito mais que aprender a ajudar e aconselhar, este é um tratamento que deixa lições de gratidão e empatia. Lições aprendidas e colocadas em prática por uma mulher que se colocou no lugar do outro em um momento difícil de sua vida. Ela foi empática. E Eva consegue deixar bem claro como fazer isso. Ela, que é professora e ensina por ofício, também ensina por amor. Questionada sobre o maior aprendizado que o tratamento deixou em sua vida, ela diz que continua ser, justamente, ensinar. Ensina seus alunos que, ao se deparar com alguém que recebeu o diagnóstico, a maior e melhor ajuda é perguntar “você sabia que você tem direitos?”.



#oMelhorProfissional – Gastronomia

Chef Filipe Lazzuri Desistiu da Economia para se Dedicar à Cozinha por Mariana Pacheco

No início, sem pretensão de construir uma carreira de sucesso na Gastronomia, Filipe Lazzuri, hoje soma 10 anos em uma das mais tradicionais cantinas italianas

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uando criança, em suas mais antigas lembranças de família, quando vivenciava seu avô italiano preparando massa fresca, Filipe Lazzuri, chef de cozinha de La Cucina di Tullio Santini, em Ribeirão Preto (SP), não imaginava que construiria uma carreira de sucesso na gastronomia. Hoje, aos 31 anos, casado, o profissional acumula dez anos de experiência em um dos mais tradicionais restaurantes do interior paulista. Lazzuri sempre gostou de cozinhar, mas nunca achou que isso passaria de um hobby. Aos 17 anos, estava no cursinho na tentativa de ingressar no curso de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), da Universidade de São Paulo (USP). “Quando não passei no vestibular, desanimei de ficar mais um ano no cursinho. Foi só aí que pensei na gastronomia como uma opção de carreira”, lembra. No mesmo ano em que descobriu que não havia garantido a vaga no curso de Economia, Lazzuri ficou sabendo que o Centro Universitário Barão de Mauá havia aberto a primeira turma de gradu-

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ação em Gastronomia. “Era um curso de dois anos, eu gostava de cozinhar, então pensei: vou tentar”, conta.

Teoria e Prática Se pensava que no curso de gastronomia ficaria todas as aulas na cozinha, preparando e aprendendo sobre os alimentos, Lazzuri estava errado. “Quando você entra na faculdade imagina que vai cozinhar todos os dias, mas não é bem assim. Tem muita matéria teórica, algumas que te agradam e outras nem tanto. Mas, no geral, gostei bastante da graduação, ainda mais porque peguei a primeira turma”, diz.

“Quando você entra na faculdade imagina que vai cozinhar todos os dias”

Apesar de todo o aprendizado adquirido na graduação, o chef afirma que o que dá a noção real sobre o que é trabalhar em uma cozinha é o restaurante. Logo que se formou, em 2008, ele ingressou na La Cucina di Tullio Santini. No início, desempenhou as mais diversas funções, desde lavar louças, cuidar do forno, preparar massas e até porcionar alimentos. “Na época, ficava o Tullio na cozinha e mais um chef. E eu fazia de tudo, queria aprender”, afirma.


foto: Rafael Cautella

#oMelhorProfissional

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Experiência Fora Seu primeiro período no tradicional restaurante italiano durou quatro anos. Em 2008, já exercia a função de chef de cozinha da cantina, mas decidiu sair para estudar na Itália. Lazzuri ficou quatro meses estudando na Italian Culinary Institute for Foreigners (ICIF), prestigiosa Escola de Cozinha e Enologia Italiana, com sede no Castelo de Costigliole d’Asti, cidade da região de Piemonte.

foto: Rafael Cautella

#oMelhorProfissional

Depois do curso, ainda fez estágio no país europeu e, em 2012, voltou para Ribeirão Preto. Passou um tempo trabalhando com eventos e dando aulas de gastronomia no Instituto Gastronômico das Américas (IGA) e na Universidade de Franca (Unifran), para, então, em 2015, voltar a comandar a cozinha de La Cucina di Tullio Santini, onde está até hoje. “Também cheguei a fazer outros cursos, aqui mesmo no Brasil, para aprimorar as minhas técnicas. Estudei, por exemplo, com o chef francês Laurent Suaudeau, uma inspiração para mim”, conta Lazzuri. Paralelamente ao restaurante, o ribeirão-pretano também possui seu próprio negócio. Ele e o sommelier Junior Iossi abriram, há três anos, a Wine Home, empresa especializada em vinhos e carnes, localizada na rua Heitor Chiarello 822, no bairro Jardim Irajá.

Mercado de Trabalho

Na opinião de Lazzuri, o mercado da gastronomia oferece diversas possibilidades aos jovens cozinheiros. “Acredito que é uma boa área, pois sempre tem oportunidades para quem está disposto a trabalhar, seja em restaurantes, em hotéis ou até em empresas”, diz. Relata que o lado mais difícil, porém, é a carga horária. “Para nós, não existe final de semana ou feriado, mas a gente acaba acostumando”, ameniza. A paixão pelo o que faz também ajuda na hora de aguentar os dois lados da profissão. “O que eu mais gosto, além de ter a oportunidade de alimentar as pessoas com boa comida, podendo até surpreendê-las com o sabor, é a parte do relacionamento. Em um restaurante tradicional como o Tullio, a gente acaba conhecendo os clientes e se conectando com as suas histórias, sem falar que estamos sempre conhecendo gente nova”, destaca. Falando em cozinhar para diferentes pessoas, Lazzuri conta quem foram os famosos que já passaram pela sua cozinha. “Como Ribeirão tem uma agenda de

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“Mais do que a técnica, uma boa comida é feita com ingredientes frescos e de qualidade. Ribeirão Preto tem uma região muito boa e de fácil acesso para conseguirmos esse tipo de matéria-prima”


#oMelhorProfissional

shows cheia, já recebemos vários artistas, como Gilberto Gil, Maria Gadu, os integrantes da banda Skank, além de vários DJs conhecidos”, lembra.

é a polenta com molho à bolonhesa. Aos 15 anos, passou a se arriscar nos fogões, preparando principalmente risotos.

Para quem está querendo começar uma carreira na cozinha, o chef aconselha estudar muito. “A primeira coisa é ir atrás de um curso. Hoje, existem diversas opções, para praticamente todos os bolsos e disponibilidades. Acredito que o estudo ajuda a encurtar um pouco o caminho e a atualização constante é fundamental para se dar bem nessa profissão”, explica.

“Mais do que a técnica, uma boa comida é feita com ingredientes frescos e de qualidade. Ribeirão Preto tem uma região muito boa e de fácil acesso para conseguirmos esse tipo de matéria-prima”, afirma Lazzuri.

Tradição e Boa Comida

Até hoje, quando fala em boa comida, o chef ribeirão-pretano pensa na tradicional culinária italiana. Nas suas lembranças de infância, ao ficar assistindo ao avô cozinhar, o prato que lhe vem primeiro à cabeça

Quando perguntado sobre qual prato de La Cucina di Tullio Santini ele indica para quem for visitar o restaurante, o chef fica entre dois. “A gôndola é o nosso carro-chefe, um ícone do Tullio, não tem como perder. Ela é composta por duas camadas de massa fina e fresca com variados tipos de recheio. Depois, tem a paleta de cordeiro, com macarrão com tartufo, aspargos e ovo mole”, conclui.

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#oMelhorProfissional – Agronegócio

Estudo, Persistência e Tempo como Base do Empreendedorismo por Letícia Agostinho

Executivo enfatiza que o hábito da leitura é fundamental para os empreendedores manterem-se informados sobre o mercado e se destacarem em suas áreas de atuação

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eitura. O hábito que poucos brasileiros têm, vai muito além de melhorar o funcionamento do cérebro. Abre portas que, muitas vezes, não estão no caminho inicialmente traçado por nós. Quem mostra que o caminho sempre é a leitura é José Carlos de Lima Júnior. Doutor em Ciências de Negócios pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), da Universidade de São Paulo (USP), campus de São Paulo (SP), é hoje sócio diretor da Markestrat, empresa especializada em consultoria estratégica e professor em cursos de pós-graduação em algumas das principais escolas de negócios do Brasil: Fundação Getúlio Vargas (FGV), Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) e Universidade de São Paulo (USP). É também, desde 2013, colunista na rádio CBN falando sobre economia aplicada em agronegócio e fonte do Grupo Globo de Comunicação. Aos 45 anos, Júnior vê sua vida profissional como sendo resultado de duas grandes escolhas. “A primeira, quando terminei a graduação e fui atuar como executivo na área de Inteligência de Mercado, em algumas grandes empresas. A segunda escolha foi quando percebi, próximo dos 30 anos, que precisaria rever o meu conhecimento naquele momento”, reflete ele. Foi nesse instante que retornou à universidade e deu sequência aos estudos. O equilíbrio entre a docência e a consultoria foi a única escolha que possibilitou manter uma rotina de estudos e leituras ativa. Dos 21 anos, idade com a qual terminou a graduação, até os 30, passou por agências de propagandas, antes de se tornar executivo de uma empresa de capital misto, em Curitiba (PR). E, foi durante uma leitura, que se identificou com um artigo do professor Marcos Fava Naves, na revista HSM Management. Do primeiro contato saiu a parceria, que começou na orientação do mestrado, e se concretizou com uma sociedade na empresa Markestrat. A empresa foi uma evolução dos profissionais que formavam o grupo de pesquisa PENSA, originado durante o curso de mestrado ou dou-

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#oMelhorProfissional

torado na FEA/USP. Aos poucos a necessidade de aproximar a academia e o mercado foi resultando na empresa, que hoje atua no cenário internacional e tem o respeito tanto das principais universidades do mundo, quanto das maiores multinacionais. Hoje, a multinacional tem como missão “gerar valor para pessoas e organizações”, o que é visto como compartilhar conhecimento com a sociedade, agregar importância para as empresas que solicitam os serviços, para que também virem geradores de conhecimento e “no sentido de fomentar que cada indivíduo se preocupe em aprimorar o próprio conhecimento, para que, por intermédio dele, se torne proprietário de um conhecimento nato que o permita, individualmente, alcançar os próprios objetivos pessoais”, pontua Júnior.

Na atual situação brasileira, Júnior considera o imediatismo a maior limitação para empreendedores de pequeno ou até mesmo de grande porte. “Um bom profissional levará muito tempo se dedicando aos estudos. Nenhum conhecimento é construído de imediato. Penso que o imediatismo impõe um severo limite aos empreendedores, pois estes desanimam ao longo do processo. O tempo é um fator que muitos empreendedores desanimam previamente só em considerá-lo”, analisa ele. Para os que empreendem em agronegócio o desafio está em aprender a comercializar o produto, enxergar o campo como empresa. A produção não deve ser o alvo, a fase de produção já foi superada, o país está entre os maiores produtores mundiais de alimento. Júnior aconselha o produtor a investir no “conhecimento da gestão aplicada nos negócios gerados pelos campos”.

foto: Rafael Cautella

O executivo sempre manteve o hábito de leituras sobre negócios e sobre o mercado, é o que faz dele atualizado sobre economia e o que pode auxiliar empreendedores que buscam a expansão de seu negócio, por exemplo. Além de ler, fazem jus a seu diploma a prestação servi-

ços, através de sua empresa, para associações públicas e privadas, para o atacado e varejo e cooperativas agroindustriais, dentre tantos outros nichos que solicitam a prestação de serviços.

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#oMelhorProfissional

“Gerar valor para pessoas e organizações”

Aos pequenos e novos empreendedores o conselho é o mesmo: estudar e ter como objetivo a eficiência e a coerência com suas próprias escolhas e o dinheiro será apenas consequência de todo o processo. Assim como é preciso ter sempre em mente que não há uma área específica para empreender. O mercado muda constantemente, daí a importância de investir sempre em conhecimento. “Somente uma mente que se preocupa em estudar e aprender constantemente terá melhores condições de identificar aquela que lhe é a melhor área”, pontua o empreendedor.

E, hoje, está fácil adquirir conhecimento. Livros, videoaulas, cursos on-line, educação a distância, jornais, revistas. O importante é estudar, atualizar, estar atento às mudanças do país, do mundo. Basta ser curioso. Curioso para aprender, que, com isso, o dinheiro trabalhará para você.

De uma forma geral, empreender é ter paciência, perseverança, saber administrar, planejar e organizar. É pensar e agir de forma inovadora. É não desistir no primeiro obstáculo. É ter em mente que o resultado desejado pode não vir no tempo estimado. Aliás, quanto mais se matura uma ideia, melhor é o resultado final. E, como bom empreendedor que é, Júnior vê como seu maior desafio manter ativada a vontade de sempre aprender. Enquanto isso, a maior conquista foi a coragem em rever sua vida profissional. “Em um momento em que estava em uma grande empresa e já obtinha ganhos financeiros que poderiam me acomodar. Optei por recomeçar, por acreditar que poderia ter conquistas bem maiores lá na frente se ajustasse algumas rotas pessoais. Felizmente, não desisti dessa ideia desde o primeiro momento que a pensei.”

foto: Rafael Cautella

A empresa de Júnior leva, efetivamente, soluções para as pessoas. O que o levou por este caminho profissional foi, justamente, a curiosidade. A necessidade de entender o porquê as situações eram descritas de uma determinada forma, sob determinada perspectiva. Foi com essa perspectiva que ele pensou em se tornar um gerador de conteúdo, ao invés de mero consumidor. A necessidade

de pensar o fez voltar para a universidade, mas o caminho natural é sua própria necessidade que te faz encontrar. Nenhum caminho é igual. As pessoas têm suas singularidades, isso também vale para a forma como vão captar e gerar conteúdo.

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#oMelhorProfissional – Construção Civil

Quando a Arquitetura vai além da Arte e vira um Negócio por Bruna Zanuto

Arquiteta defende que quanto antes os profissionais enxergarem a arquitetura como um negócio, o sucesso chegará mais cedo

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m dos principais objetivos da arquitetura é criar espaços com foco no ser humano. A arquitetura é uma área muito ampla e diversificada. A arquiteta Andréa Esteves optou pela arquitetura residencial e, principalmente, escolheu trabalhar com famílias. Além disso, proporcionar um espaço verde, mesmo que em um pequeno apartamento, é um dos seus diferenciais. Assim como Andréa disse: os profissionais colocam no projeto aquilo que faz parte da sua essência. Crescer em meio a muita área verde e em um ambiente acolhedor fez parte da sua trajetória e é isso o que ela leva para os seus clientes. Seu lado artístico pode ter sido uma herança da família materna. “Tenho tios que eram músicos, aquarelistas, arquitetos”. O amor pelo desenho se manifestou ainda na infância e era renovado em todas as suas férias escolares, quando a mãe a presenteava com um caderno de desenho. “Quando acabavam as férias, eu já tinha preenchido ele inteirinho”. Andréa não era especialista em desenhos perfeitos e reais. “Nunca fui retratista, mas gostava de formas sinuosas, talvez isso me levou para o paisagismo”. O desenho era algo tão marcante em sua vida, que cogitou cursar Moda ou Design de Interiores, em outras cidades. Porém, a proximidade com a família e as oportunidades que poderiam surgir em sua terra natal fizeram com que optasse por estudar Arquitetura, em Ribeirão Preto (SP). Seu primeiro estágio veio durante o primeiro semestre da faculdade, em uma loja de iluminação. Ela era estagiária de luminotécnica. Depois, estagiou em uma marcenaria, onde fazia projetos de mobiliários planejados, e, por fim, em uma loja de revestimento adquiriu experiência em projetos de paginação de piso. A disciplina de física, inimiga de Andréa nos tempos de escola, foi fundamental para o início de sua carreira. “Na faculdade, tive aula de física aplicada. Era muito diferente do que tinha aprendido, venci o trauma da época de escola, pas-

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sei a gostar e tirei 10 em várias provas”. O professor de física (da faculdade) viu o potencial de Andréa e, seis meses antes dela se formar, fez a primeira proposta de trabalho. “Sei que você ainda não é arquiteta, mas estou comprando um apartamento e quero que faça todos os projetos: de gesso, marcenaria etc.”. Na época, os pais de Andréa tinham uma loja de plantas em um shopping da cidade (o empreendedorismo está no DNA da família) e precisavam de um profissional que fizesse projetos de paisagismo. Foi aí que começou sua carreira como paisagista. Porém, a administração do local não permitiu a criação do escritório dentro da loja e ela teve que empreender e buscar seu próprio espaço para atender seus clientes. “No começo, as pessoas me procuravam como paisagista, mas, quando me apresentava como profissional da arquitetura, sempre tinham algo a mais para fazer nas casas”. Hoje, Andréa percebe o quanto ser autônoma foi bom para sua carreira e para a vida pessoal. “Por ter optado por construir uma família, a principal vantagem de trabalhar como autônomo é ter flexibilidade de horário”. A arquiteta organiza sua agenda semanal deixando sempre quatro períodos livres (durante o horário comercial) para projetar, estudar sobre gestão, ler um livro, socorrer algum imprevisto em uma obra ou alguma necessidade das filhas (Ísis, de 9 anos, e Betina, 6 anos). “Passei anos lutando com a agenda. Sempre trabalhei mais que oito horas por dia. Hoje, não deixo o horário de trabalho consumir o lazer com a família”.

“Cada vez mais, as pessoas têm buscado estar em bons espaços”

Diferentemente, de outras empresas e de outros setores da economia, a crise política e financeira que o Brasil vive desde 2016 não afetou os seus negócios. “Nós mudamos toda a estrutura de trabalho do escritório antes de a crise chegar. E quando ela veio, nós estávamos andamos na contramão. Enquanto alguns escritórios estavam demitindo, foi o iní-


#oMelhorProfissional cio da decolagem do nosso. Foi quando começou a andar definitivamente sozinho e ser mais lucrativo”. Andréa e sua equipe perceberam um novo nicho mercado ao atenderem alguns clientes de paisagismo. “Existia uma fragilidade de comunicação entre os três pilares da arquitetura: design de interiores, execução e finalização das obras”. Obra é um processo demorado e que pode ser muito desgastante e cansativo. “Percebemos que não existia falha de projeto, mas sim falhas de acolhimento desse cliente, que se sentia mal assessorado. Então, começamos a dar suporte para todo esse processo, que vai desde a escolha do terreno até um pequeno detalhe no projeto de marcenaria”. Nesse novo modelo de negócio, Andréa implantou um processo de desenvolvimento profissional para seus estagiários. “Aqui, o estagiário passa por várias etapas e, depois de formado, existe a possibilidade de se tornar um parceiro do escritório”. A experiência deu muito certo. Hoje, Andréa trabalha ao lado de três jovens arquitetas, que entraram como estagiárias e hoje são parceiras de negócios. Recentemente, enquanto entrevistava um profissional, Andréa percebeu que nunca escreveu um currículo, mas que sabia criar um portfólio.

Além de todo o conhecimento voltado ao desenho arquitetônico, Andréa finaliza sua entrevista ressaltando que os cursos de Arquitetura deveriam oferecer disciplinas de gestão e administração de empresas. “Somos formados para sermos artistas. Eu via a arquitetura apenas como arte”. Ela diz que quando mudou sua visão e entendeu seu papel como prestadora de serviço, tudo mudou. Hoje, Andréa compartilha com os jovens arquitetos, algo que gostaria de ter ouvido quando era recém-formada. “Vejam a arquitetura como um negócio e não só como prazer. Quanto antes perceber isso, o sucesso chegará mais rápido”.

foto: Rafael Cautella

“Mesmo tendo conhecimento de gestão, a minha área mesmo é de criação”. Por isso, seu marido é o responsável por toda a parte administrativa e financeira do escritório. A família sempre fez parte de sua essência, por isso, orgu-

lha-se de dizer que seus principais clientes são famílias, que hoje chegam até ela pela indicação de antigos clientes. Para Andréa, a arquitetura terá sempre um mercado promissor. “Cada vez mais, as pessoas têm buscado estar em bons espaços, independentemente, se são grandes ou pequenos. Para mim, o mais importante é o bem-estar dos meus clientes”. Ela defende que as pessoas devem se sentir bem onde moram, trabalham ou estudam e que os espaços precisam oferecer conforto, iluminação, ventilação e acústica adequada. Além disso, Andréa não abre mão de um espaço verde, nem mesmo em um pequeno apartamento. “Faz parte de mim aquilo que trago na memória. A minha infância foi com pé no chão e subindo em árvore, no viveiro do meu pai. Faz parte da minha essência e coloco isso em todos os meus projetos”.

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#oMelhorProfissional – Prestador de Serviço

E o Sonho de uma Profissão se Torna Realidade por Bruna Zanuto

De auxiliar de limpeza a eletricista profissional. Conheça a história de Anésio Antunes França que tinha o sonho de ter o registro no CREA e de poder assinar projetos elétricos

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ão importa para onde se olha, uma coisa é certa: a energia elétrica sempre estará lá. Ao mesmo tempo em que ela é necessária para todas as atividades cotidianas e industriais de um país, também exige cuidados e, principalmente, mão de obra especializada. O eletricista é o profissional responsável pelas instalações elétricas e sua manutenção em qualquer edificação seja ela comercial, industrial ou residencial. Aliás, esta última é a área preferida do eletricista Anésio Antunes França.

foto: Rafael Cautella

A profissão de eletricista surgiu por acaso em sua vida. Os primeiros trabalhos de Anésio foram como auxiliar de limpeza em alguns condomínios de Ribeirão Preto (SP), onde também desempenhava serviços de zeladoria. Ele e um amigo do trabalho sempre faziam pequenos consertos nesses locais. E quando o problema era mais complexo, acompanhavam o trabalho dos profissionais especialistas chamados.

Essas experiências permitiram que Anésio aprendesse seus primeiros conhecimentos de manutenção de instalação elétrica. Habilidades essas que foram fundamentais para o exercício da nova profissão, além de garantir uma renda extra no fim do mês. Parte dos serviços de manutenção era de moradores que sempre tinham pequenos consertos para fazer em suas casas. Nessa época, Anésio tinha um grande sonho: mudar de profissão. O desejo ficou ainda mais forte quando o seu amigo do trabalho saiu do emprego para ser eletricista. Isso o animou muito para investir em sua carreira de eletricista iniciante. Então, decidiu conciliar seu emprego no condomínio com o trabalho de eletricista. Tempos depois, sua demissão tornou-se uma grande oportunidade, pois era possível investir 100% do seu tempo batalhando para conquistar seu sonho. Anésio já fazia vários serviços de manutenção em instalações elétricas, mas ainda não se considerava eletricista. “Não queria ser um trocador de tomadas e ser chamado de eletricista. Eu queria estar preparado. Eletricista é aquele que abre um projeto elétrico, entende e executa tudo corretamente”. A partir daí, ele começou a fazer cursos rápidos em instituições como Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) para se profissionalizar. Mesmo conquistando uma clientela fiel, Anésio queria se especializar ainda mais para poder se posicionar como um profissional qualificado no mercado. Foi quando, após algumas tentativas, passou no curso de Eletrotécnica, no Centro Paula Souza. Mesmo não sendo seu carro-chefe, ele tinha o sonho de poder assinar projetos elétricos e, principalmente, de ter o registro no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) – órgão que habilita profissionais da área técnica para atuarem em suas áreas de formação. Nessa época, Anésio chegou a trabalhar como estagiário para um professor, sempre com foco em adquirir mais experiência. Anésio se formou e sua clientela aumentou, foi quando precisou de um ajudante. “Trabalhei durante um bom tempo com um senhor muito bacana e que ficou comigo

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foto: Rafael Cautella

#oMelhorProfissional

até se aposentar”. O eletricista agora tinha outro sonho: de ter sociedade com um primo, que é técnico em telecomunicações. “Sempre tive em mente que daria certo trabalharmos juntos”. Quando seu primo foi demitido, perceberam que a hora tinha chegado. Em janeiro de 2018, iniciaram essa sociedade que tem um leque diversificado de serviços. Além das instalações elétricas, os primos também prestam serviços nas áreas de telecomunicações e câmeras de segurança. “Hoje, nós dois somos MEI [Microempreendedor Individual], porém temos um nome fantasia para nossa empresa, a MF Instalações Elétricas e Telecom, temos uniforme personalizado, tudo direitinho”. O eletricista orgulha-se de falar que, hoje, tem três obras em andamento. “Prestamos serviços, principalmente, em condomínios. Porém, não deixamos os chamados de manutenção de lado”. Aliás, essas manutenções foram fundamentais para Anésio durante a estagnação do setor da construção. Ele comenta que muitos profissionais abandonam os clientes pequenos quando tem um ‘boom’ de obras. “Só que quando não tem ficam desesperados. Nunca deixo de atender meus clientes pequenos. Durante essa última crise, consegui manter minha família através desses pequenos chamados”. Durante sua trajetória, Anésio cogitou estudar Engenharia Elétrica, mas hoje não mais. “Gosto mesmo é da execução, de elétrica residencial e trabalhar com famílias. Costumo dizer que hoje é uma obra, mas depois será um lar”. O eletricista comenta que quando finaliza o serviço, ele cola sua etiqueta (com todos os seus

contatos) no quadro de energia da casa e isso faz com que sempre retorne a essas antigas obras, agora lares, quando são necessários serviços de manutenção. É com orgulho que ele fala que todos os seus clientes vieram por indicação. “Quando trabalhamos direito, as pessoas gostam e indicam”. O eletricista trabalha em média nove horas por dia, mas, muitas vezes, passa disso. “Atendo, por exemplo, um dono de padaria e para ele o melhor é que eu faça os reparos à noite”. Anésio brinca que não tem uma agenda física onde anota os compromissos, mas que os organiza de acordo com a urgência e garante que não deixa nenhum cliente desatendido. “Eletricista é igual médico, quando alguém liga tem que sair correndo”. Segundo ele, além de faltar mão de obra especializada em sua área, outro grande problema é a falta de responsabilidade de alguns profissionais. “Tem muitos que agendam com o cliente, não vão e nem avisam. Procuro trabalhar com qualidade em vez de quantidade. Se eu abraçar o mundo, não conseguirei prestar um serviço de qualidade”. Aliás, uma das grandes vantagens de ser autônomo, segundo Anésio, é poder organizar seu tempo. “Você define seus horários sem precisar pedir permissão ou atestado e, sem contar, que ganhamos mais também. Nessa área, nunca falta trabalho”. Hoje, ele e esposa, que formou-se recentemente em Arquitetura, moram na parte térrea de um sobrado que estão construindo. “Sou casado há cinco anos, estou construindo aos poucos minha casa e planejando o primeiro filho. Tudo o que conquistei foi através do meu trabalho como eletricista. Trabalho todos os dias e não fico sem serviço. Adoro minha profissão!”.

“Se eu abraçar o mundo, não conseguirei prestar um serviço de qualidade”

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#oMelhorProfissional – Tecnologia

Para Andrei Mosman,

ser Profissional Autônomo Permite ter Rotina e “Trocar de Vista” por Mariana Pacheco

Paulista de Tupã programa computadores desde os 14 anos e construiu sua carreira na área de TI remotamente, viajando pelo Brasil e América do Sul

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esde cedo a mudança fez parte da vida de Andrei Mosman, 38 anos, paulista nascido em Tupã (SP). Seu interesse por tecnologia despertou quando ainda era criança e, aos 14 anos, começou a programar computadores para empresas da cidade. Quando fez 18 anos, já havia desenvolvido uma solução para provedores de internet e passou a viajar pelo Brasil oferecendo seus serviços.

televisão também não faz parte da minha vida, pois são hábitos que nos distanciam da produtividade”, afirma.

“Passei praticamente a vida toda atuando como profissional autônomo. Tive poucos empregos de carteira assinada, sendo que em um deles fiquei durante um ano e meio morando no Rio de Janeiro. Foi um projeto bem legal de B2B (business to business), que integrava 16 bancos parceiros”, conta.

Autodidata

Como PJ (Pessoa Jurídica), Andrei passou por várias cidades do Paraná, de São Paulo e até Rio Grande do Norte e prestou serviços para grandes empresas, como Embratel e Intelig Telecom. Para ele, a principal vantagem de trabalhar por conta própria é, sem dúvida, a flexibilidade. “Ter uma rotina, mas escolher de onde trabalhar, podendo trocar de vista sempre que quiser é uma ideia que me agrada muito”, destaca.

Disciplina

Como tudo na vida, ser um profissional autônomo tem dois lados. “Não podemos nos iludir achando que tudo é tão livre assim. As contas para pagar chegam na mesma regularidade de um trabalhador formal e também é preciso se encaixar no horário do seu cliente, afinal, é ele que permite que você mantenha seu estilo de vida”, alerta Andrei. A questão da disciplina também tende a ser mais desafiadora para os freelancers. “Há algum tempo, deixei de assistir a séries no Netflix, por exemplo. A

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Outra dica que o analista de sistemas dá para quem quer trabalhar de forma independente é diminuir as demandas. “Quanto menos a gente precisa para viver, mais flexibilidade temos. O minimalismo está aí provando isso e ganhando cada vez mais adeptos”, diz. Andrei não chegou a cursar uma graduação na área de Tecnologia da Informação (TI). Autodidata, praticamente tudo que aprendeu foi por conta própria e colocando a mão na massa. “Como comecei a programar muito cedo, quando cheguei na idade de ir para a faculdade já atuava na área há pelo menos quatro anos e estava viajando para outras cidades e atendendo clientes”, explica. Mesmo assim, o estudo sempre foi presente na sua vida. “Estou sempre me atualizando, fazendo cursos on-line e alguns presenciais, vendo tutoriais e conversando com amigos que também trabalham com tecnologia”, diz. Por exemplo, no momento, ele conta que está estudando a nova linguagem oficial do sistema Android, chamada Kotlin, para desenvolvimento de aplicativos.

“Não podemos nos iludir achando que tudo é tão livre assim. As contas para pagar chegam na mesma regularidade de um trabalhador formal”

O programador ainda ressalta que o networking é fundamental na área. “Só assim você consegue entender como está a dinâmica do mercado e quais são as tendências que estão por vir”, completa.

Outras Aventuras Depois de muitos anos atuando na área de TI, o analista de sistemas conheceu o pôquer on-line. Ele começou a se aprofundar no jogo – que já é reconhe-


#oMelhorProfissional cido como esporte da mente – e deixou a programação um pouco de lado. “Fiquei nove anos jogando pôquer profissionalmente e cheguei a criar um time. Mas no ano passado, acabei voltando para o TI”, conta. Seu objetivo, agora, é continuar com a programação e atuar como redator freelancer. “Quando não estou me deslocando para outras cidades, o TI é muito bom, tem um valor-hora que eu considero justo. Mas é preciso uma certa infraestrutura mesmo para trabalhar remotamente. Por isso, quando estou na estrada, foco em escrever para sites, blogs e revistas”, diz. Em 2014, ele fez uma viagem em seu Fusca 1980 pelo Uruguai. No ano seguinte, colocou o carro na estrada novamente até Buenos Aires, onde ficou por um mês antes de sair em tour pela Argentina, totalizando, nas duas viagens, mais de 12.000 quilômetros em quase quatro meses. Este ano, Andrei saiu de bicicleta de São Pedro (SP) e pedalou por 900 quilômetros até Campo Grande (MS). Depois, pegou carona até Corumbá (MS). De lá, embarcou no famoso “Trem da Morte”, que o levou para a cidade de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. Por fim, chegou de ônibus em La Paz, capital do país. Ao todo, a aventura durou três meses. “Durante todo esse tempo, trabalhei remotamente, tanto escrevendo como atendendo na área de TI”, afirma.

Projetos para o Futuro

“Acho desafiador programar, eu curto trabalhar com infraestrutura, com servidores e me identifico bastante com a área, principalmente, porque acho muito legal esse lance de resolver problemas”, ressalta. Sobre o espaço de coworking, que recebeu o nome de “Casa da Vó Landa” (www.facebook.com/casadavolanda), o analista conta que vai além de um escritório compartilhado. “De segunda a sexta-feira, por exemplo, estamos servindo almoço vegetariano com contribuição voluntária, ou seja, cada um paga do jeito que pode. O objetivo é desenvolver o senso de comunidade por meio da reconexão com o alimento e da interação com as pessoas”, afirma. O espaço está crescendo aos poucos. Andrei conta que dois voluntários estão chegando para ajudar, um do Rio de Janeiro e outro da Colômbia. “Atualmente, podemos receber cinco pessoas para ficar aqui e trabalhar remotamente, mas temos outros planos em vista. A garagem está sendo transformada para virar uma área de práticas de meditação e ioga”, acrescenta. A ideia para a criação da “Casa da Vó Landa” surgiu de suas viagens. “Conheci lugares com propostas semelhantes e quis oferecer esse tipo de opção para outros viajantes e profissionais autônomos. Depois que esse projeto tomar mais forma, vou poder pensar em outras viagens que quero fazer. Uma delas é percorrer o caminho de Santiago de Compostela [Espanha] e outra é ir até a Bolívia de carro”, conclui.

foto: Divulgação

No momento, Andrei está morando em São Pedro, a cerca de 200 quilômetros da capital paulista. “Tenho duas filhas que moram em São Paulo e, assim, consigo ficar mais perto delas”, diz. Sobre seus projetos para o futuro, o pro-

gramador afirma que quer aumentar sua atuação no TI e investir no espaço de coworking que montou na cidade.

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#oMelhorProfissional – Melhor Idade

A Terceira Idade no Mercado de Trabalho por Letícia Agostinho

Não parar de aprender é uma das dicas da professora Neide Bertoldi Franco para os profissionais veteranos que não pensam em se aposentar tão cedo

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or longos anos, a cultura brasileira viu o idoso como incapaz para o mercado de trabalho. Mesmo com inúmeras campanhas pedindo o respeito para com a terceira idade, ainda existe um preconceito escondido com aqueles que são nossa fonte do saber. Enquanto isso na cultura oriental, os mais velhos são tidos como exemplo de experiência e são extremamente respeitados. Em contrapartida, os jovens são estimulados a saírem da faculdade já inseridos no mercado, e fazem isso cheios de energia porém, muito dificilmente, prontos para o cargo de destaque que tanto almejam. Nisso, os mais velhos saem ganhando, já que estão acostumados com o ritmo produtivo, têm uma maior bagagem criativa e lidam de forma mais positiva com novas experiências. Além disso, eles estão buscando manter-se ativos por mais anos. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que, em 2050, a previsão é de que 22% da população seja de idosos, o que nos faz pensar sobre como estará o quadro de funcionários nas empresas de nosso país, que hoje conta com 13,1 milhões de brasileiros desempregados. Nos faz pensar também nessa fusão, de jovens e idosos, que está ganhando cada vez mais espaço no Brasil. Para muitos, trabalhar após a aposentadoria é algo inimaginável. Para outros é um caso de empatia, como pensava Neide Bertoldi Franco, que continuou dando aulas no ensino superior mesmo depois de adquirir seu benefício, pois queria permanecer contribuindo na educação dos mais jovens. Logo após concluir o curso de Matemática Aplicada, Neide, ingressou no mestrado em Análise Numérica, no Instituto de Ciências Matemáticas de São Carlos (ICMSC/USP), hoje Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC/USP) e, com apenas um ano no novo estudo, foi convidada para ministrar aulas de cál-

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culo numérico no campus da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos (SP). Convite feito e aceito, as aulas eram direcionadas aos estudantes de graduação e pós-graduação na área de ciências exatas, onde também orientava em trabalhos acadêmicos vários de seus alunos após a conclusão do seu mestrado e, posteriormente, doutorado e livre docência. Também produziu artigos científicos e escreveu dois livros, sendo um de cálculo numérico e um de álgebra linear, quando já trabalhava como professora colaboradora aposentada da USP de São Carlos e ministrava aulas na Faculdades COC Ribeirão Preto, atual Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto. Depois de 38 anos de dedicação à docência e às pesquisas, e aos 68 anos, Neide está aposentada de vez. O motivo de não continuar com as aulas? “É preciso dar chance aos mais jovens de mostrar o conhecimento que eles adquiriram ao longo de suas vidas”, disse ela, que hoje usa seus dias para cuidar das plantas, costurar, fazer ginástica e fazer pintura a óleo sobre telas, dentre tantas outras atividades que ocupam seu dia. Ela está feliz, pois acredita que contribuiu bastante com a formação de milhares de jovens. Enquanto isso, para muitos idosos continuar trabalhando mesmo depois de se aposentar vai muito além do complemento da renda, é sinal de se sentirem úteis e inseridos na sociedade. É importante lembrar que a atividade remunerada contribui para uma melhor saúde física e mental e, muitas vezes, está ligada ao prazer de quem a exerce. Do outro lado, quem o emprega investe em responsabilidade social. Responsabilidade social, para quem não sabe, é quando as empresas decidem, voluntariamente, contribuir para uma sociedade mais justa. Nesse caso, elas exercem o chamado “nível externo”, pois com essa ação gera consequências no meio em que estão inseridas. Ou seja, é quando


#oMelhorProfissional uma empresa não tem apenas o objetivo de gerar lucro e sabe que ela deve contribuir com a sociedade ao seu redor.

para a cérebro, o que ajuda inclusive no retardo e prevenção de doenças como o Alzheimer.

A lei 9.029/1995 garante que pessoas acima dos 60 anos não podem ser prejudicadas juridicamente em seus trabalhos e também que tenham prioridades em vagas de concursos públicos, caso haja empate com outros candidatos.

Mas, independentemente se você está de fora e quer voltar ou se está dentro e quer sair, ou simplesmente se manter no mercado de trabalho, o importante é fazer sempre aquilo que sinta vontade, pois não há nada melhor do que sentir prazer e motivação ao cumprir com suas atividades diárias.

Assim, quem está fora do mercado de trabalho há tempos e tem o desejo de voltar, fica sempre a possibilidade de interação e criação de novos laços, pois sai de sua zona de convívio e, muitas vezes, zona de conforto e interage com pessoas mais jovens, o que permite uma bonita e intensa troca, se olhado sempre com os olhos carinhosos e com a alma aberta de quem permite ensinar e aprender.

Participar de programas sociais oferecidos por órgãos municipais também é uma boa opção, pois aumenta o contato com as pessoas da mesma idade, possibilitando a elas a troca de experiências de vida e a percepção de quão linda foram suas trajetórias. Mas o prazer de se sentir útil e ensinar alguém não tem preço. Passar ensinamento para gerações mais novas é a melhor forma de deixar o seu legado, firmando um exemplo de trabalho, feito com amor e carinho. Mesmo depois que te dizem que você já pode parar, essa será a mais bela história que poderá ser contada por quem te conheceu ou por quem só ouvirá falar do seu nome.

foto: Davi Rodrigues

Para quem está dentro e quer continuar por bastante tempo o segredo é não parar de aprender nunca. Sempre que tiver a oportunidade, leia livros ou faça cursos de sua área. Hoje, existem muitas faculdades que oferecem aulas on-line ou semipresenciais e que são de boa qualidade. Com a constante atualização acadêmica até o salário pode ser melhorado. Saber interagir bem com os objetos tecnológicos também é muito importante, já que a maioria das coisas são feitas por computadores, celulares, tablets... Sem contar que o estudo é uma boa fonte de ocupação

É muito importante ter em mente que todas as decisões sobre a hora certa de parar ou continuar trabalhando contribuirão para uma terceira idade cheia de qualidade e saúde.

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#oMelhorProfissional – Beleza

Sucesso Ilimitado por Letícia Agostinho

Ter apenas um salão de cabeleireiro era pouco para a empresária Silvia Helena Cantin, que criou diversas empresas, produtos e serviços no setor de beleza e ainda tem muitos planos para colocar em ação

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ascida e criada na fazenda São Pedro, Silvia se mudou para a cidade com a família aos 10 anos de idade. Hoje, aos 54 anos, a menina que brincava de boneca de espiga de milho é uma empresária de sucesso consolidado. Silvia Helena Catin começou a trabalhar cedo, aos 10 anos de idade. Conciliava os estudos com o primeiro emprego. Sua função? Empregada doméstica. E foi assim por cinco anos, quando começou a trabalhar na casa de uma cabeleireira. Na época, Batatais (SP) tinha apenas cinco salões e o de sua nova patroa era o mais famoso. Curiosa que era, Silvia acabava o trabalho e ia para o salão limpar o chão, lavar os materiais... Tudo isso para ficar de olho no que enchia seus olhos: gostava de ver as mulheres ficando bonitas!

O início não foi fácil. Usou um cômodo na casa da mãe e empréstimo do pai para comprar tesouras, espelhos, shampoos, cadeiras e todo o equipamento necessário. Além disso, fez questão de desenvolver um estilo que a fizesse única. Começou se diferenciando pelos horários de trabalho. Se necessário, atendia suas clientes aos domingos. Com as dívidas pagas, o primeiro grande passo poderia ser dado. Sempre consciente, sabia que o mais importante era ter uma boa gestão do negócio que crescia e profissionalizar o atendimento. Foi assim que fez seus primeiros cursos, começando por Ribeirão Preto e Franca (SP), passando pela cidade de São Paulo e, por fim, fez cursos na Argentina e até nos Estados Unidos. Participou de feiras, lançamentos de produtos, fez inúmeros cursos técnicos e no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O objetivo era sempre o mesmo: buscar o que havia de melhor no mercado da beleza.

“O mundo muda e temos que estar alerta ao mercado”

Certo dia precisou largar a escola. A mulher para quem trabalhava teve um problema, aumentando o horário de trabalho da adolescente, que só ia para casa depois de colocar as crianças para dormir. Os dias passavam e o esforço e interesse começaram a ser reconhecidos e uma promessa de trabalhar no salão apareceu: quando uma oportunidade surgisse, a vaga seria dela. E, de tanto rezar, ela veio. Mas veio também a redução do salário. “Ela disse que não poderia me pagar no salão o mesmo que me pagava para limpar a casa. É como se o salário fosse quinhentos reais e ela pudesse me pagar cinquenta. Chorei com meu pai e disse que não poderia aceitar o trabalho porque o dinheiro faria falta. Foi ai que ele me incentivou, disse que se precisasse dividiríamos o prato de comida, mas que se eu gostava e era isso que queria fazer, ele acreditava”, lembra a empresária.

Assim foi o começo. Acompanhado do seu esforço, dedicação e amor, já no segundo mês seu salário começou a aumentar. Pouco tempo depois, viria outra surpresa. Sem explicações, fora mandada embora. O que, no começo, lhe fez sentir raiva, na verdade, foi o melhor que lhe aconteceu. Foi daí que surgiu seu pequeno negócio: seu salão.

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O espaço começou a ficar cada vez menor e, então, era hora de ampliar. Nasceu assim a TokSpecial Salão de Beleza, bem no centro da cidade. “Crescer significa correr riscos e apesar do meu sucesso individual vi que era preciso criar uma equipe com os mesmos valores que eu havia adotado”, comenta a empresária que buscou mulheres empreendedoras para formar seu time, que hoje conta com quinze profissionais. Sua constante especialização e a preocupação em oferecer bons produtos a suas clientes fez com que outro empreendimento surgisse: a TokSpecial Perfumaria. A primeira da cidade. Era mais um diferencial para as clientes, que chegavam cada vez mais. Foi assim, com bons produtos e uma equipe especializada, bem treinada, que a TokSpecial virou referência entre os salões de beleza da cidade. “Olhando para a minha equipe, resolvi criar outros nichos de negócio, foi quando criei a TokSpecial Escola de Beleza, ou seja, decidi abrir no mesmo espaço cursos de formação profissional para Batatais e região”, conta


foto: Divulgação

#oMelhorProfissional

Sílvia, que questionada qual lado fala mais forte, se é a empresária ou a cabeleireira, responde sem hesitar “qual lado fala mais forte? As duas são inseparáveis! A cabeleireira tem sangue de empresária. Não tem como separar”. As necessidades, novamente, viraram oportunidades. A demanda de serviços e a preocupação com o que oferece à quem frequenta seu salão deram origem a duas novas empresas: Philvia Depil e Philvia Cosméticos. A demanda por produtos que fossem de encontro com a necessidade de acertar uma cera de depilação natural e que proporcionassem um rendimento sustentável para as reguladoras foi o ponto-chave. “Através de pesquisas e muitos testes fechamos com os benefícios da cenoura, barbatimão e própolis. Tudo no mesmo produto. Estamos acrescentando no próximo rótulo da cera que ela é vegana. O mundo muda e temos que estar alerta ao mercado”, pontua, mais uma vez. Além de formar sua equipe e tantas outras pessoas que passaram por sua escola, Sílvia deu oportunidade para cinco pessoas de sua família, que hoje também são cabeleireiros. Tem também os três filhos trabalhando com ela: Helena, a caçula, cuida da empresa Philvia; José Eduardo, o filho do meio gerencia a TokSpecial e também é cabeleireiro; e João, o mais velho, comanda o Sr. Barba, barbearia anexa ao salão. Se acabou a história da menina nascida na fazenda e que, hoje, tem uma vida abundante e extraordinária e

que, graças à profissão, viajou o mundo? Não. Nasceu, recentemente, mais uma empresa, a FEBB: Ferramenta Empreendedora da Beleza Brasileira. No curso profissionalizante, este ano, o coaching chegou, fazendo com que as alunas aprendessem mais rápido. Foi assim que veio a ideia de filmar as aulas, para serem transmitidas on-line. Para a menina nascida na fazenda, esse é mais um desafio por se tratar de marketing digital. E é exatamente assim que ela chama as dificuldades, de desafios. O próximo projeto, já em desenvolvimento é o MAS: Mapa de Ação Sistémica para Salão de Beleza, onde ensinará os oito pilares que sustentam qualquer empresa. Mas a caminhada não foi só de trabalho e empreendimento, foi também de reconhecimentos, dentre eles o prêmio “Sebrae Mulher de Negócios”, em 2011, que lhe abriu muitas outras oportunidades. A mulher forte e empreendedora consolidada ficam nítidas quando ela afirma que as pessoas podem ser o que quiserem. Desde que não joguem pedras no passado, porque assim, se esquece de olhar para o mais importante: para frente. “Eu venho trabalhar, hoje, como se fosse o primeiro dia. Sempre. E sempre com muito amor, com muita garra e com muita vontade de aprender sempre mais, porque o segredo do sucesso é ilimitado”, conclui Sílvia, a menina que nasceu na fazenda e aprendeu desde cedo o que é não desistir.

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Entrevista de Capa

Vamos Falar sobre Política e Educação? por Bruna Zanuto

Professora de Ribeirão Preto esclarece o conceito de cidadania e como as atitudes cotidianas da população podem mudar os rumos de um país

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e não bastasse a crise política e financeira que o Brasil tem vivenciado nos últimos tempos, o país se vê diante de uma população polarizada e intolerante quando o assunto é política e eleições. Muitas pessoas estão descrentes, preocupadas e receosas. Mas, como o ditado já dizia: “tudo na vida tem um lado bom”. E é esse lado bom que a professora e pesquisadora Sandra Molina, docente da Universidade de Ribeirão Preto, prefere enxergar. “As pessoas dizem que vivemos em um período triste, mas não o acho necessariamente ruim. Pela primeira vez, em décadas, estamos discutindo política no sentido: ‘o que vamos fazer?’ Parece que vivemos em meio a um caos, porém são as dores do parto da nossa cidadania. Se conseguirmos conduzir isso de forma ponderada, nós vamos sair muito melhor”. Em agosto de 2018, a pesquisadora palestrou no TEDx Talks (eventos organizados para apresentar ideias que merecem ser compartilhadas), que aconteceu em Ribeirão Preto (SP). Sandra falou sobre o problema do amplo conceito da palavra cidadania. Para muitas pessoas, a cidadania está ancorada apenas na macropolítica, nas grandes instituições, nas organizações não governamentais etc. Diante disso, ela propôs que as pessoas desenvolvessem novas práticas para ter novos tempos. Ou seja, em vez de esperar as soluções da macropolítica para resolver um problema local, poderiam começar a se articular na micropolítica. “Por que não podemos criar redes de interesse, de solidariedade e de comprometimento? Por exemplo, se tem um terreno baldio com mato alto na esquina da minha casa, preciso

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Digite no Youtube: Da Cidadania ao Cidadaniar + Sandra Molina e veja a palestra do TEDx Talks.


Entrevista de Capa

foto: Rafael Cautella

“A ausência de coerência é nosso principal problema”

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Entrevista de Capa

A pesquisadora observa que o Brasil acostumou-se com a herança de um Estado patrimonialista e patriarcal e, pela primeira vez, as pessoas estão percebendo que precisam se envolver mais na política se quiser mudanças. “O brasileiro não sabe para onde ir, pois nós tivemos pouco tempo de democracia”. Ela acrescenta que antes de esperar algo dos futuros representantes, as pessoas devem ser coerentes com elas mesmas e refletirem “o que eu espero de mim nos próximos anos? Se quisermos uma sociedade melhor, a mudança tem que partir de nós. Não podemos dizer que o governo é corrupto, se sonegamos impostos, se paramos

foto: Rafael Cautella

“As pessoas dizem que vivemos em um período triste, mas não o acho necessariamente ruim. Pela primeira vez, em décadas, estamos discutindo política no sentido: ‘o que vamos fazer?’”

esperar o governo? Ou posso unir a vizinhança e transformar aquele espaço em uma horta coletiva?”. Atitudes como essa tiram a população de uma situação passiva, de sempre esperar que o governo faça tudo, e mostra como todo mundo pode contribuir para o bem comum. Sandra comenta que aprendeu isso estudando a história de escravos do século XIX, que conseguiam criar redes de solidariedade para suportar a situação em que viviam.

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Entrevista de Capa

em vaga de idosos e assim por diante. Precisamos ter coerência. A ausência de coerência é nosso principal problema”. Sandra chama a atenção para outras questões que vêm junto ao atual processo de aprendizado político: o medo e a descrença nas instituições. As pessoas estão passando fome e estão desempregadas e isso faz com que queiram soluções rápidas, entretanto, o processo é lento. “Não tem como resolver 100 anos de desrespeito, de empobrecimento da população, de desmonte da escola e da cultura de um país em apenas quatro anos”. Ela ainda menciona outro problema: tanto a população quanto a mídia estão focadas apenas nas figuras que representarão o Poder Executivo. “Mas, é o Legislativo que tem o total poder. O presidente não implanta nada sem o aval do Legislativo, que é onde existe nossa capacidade de mudança. Porém, somos manipulados por uma cortina de fumaça e ficamos assistindo as brigas e acusações dos candidatos à presidência”. Mas, o que se esperar das futuras lideranças políticas? Sandra responde: ponderação e equilíbrio. “Ninguém governa um país rachado e brigando”. Além disso, enquanto os candidatos estão focando na ideia de um país polarizado politicamente, estão tirando a atenção da população de assuntos realmente importantes. “Quando focamos em discussões menores, deixamos de pensar em coisas como a reforma do Estado, a reforma tributária e os verdadeiros problemas do país”. Sandra ressalta que, hoje, 11% da população brasileira está abaixo da linha da pobreza absoluta e 33% vivem na pobreza. “Temos 44% da população em situação de vulnerabilidade”.

“Parece que vivemos em meio a um caos, porém são as dores do parto da nossa cidadania”

Ela comenta que, recentemente, estava explicando aos seus alunos que o fato de essas pessoas não terem acesso a um trabalho digno, ao consumo e à qualidade de vida interfere na vida de todos e é um problema de todos. “Significa que eles não têm acesso ao serviço de um dentista, de um fisioterapeuta, de um médico. Falar de pobreza e de direitos humanos, hoje, não é falar apenas de fraternidade e compaixão é também falar de números da economia. As pessoas não se dão conta dessa situação”. Sandra insiste que é preciso trazer esses 44% da população de volta para a economia. “Aí, meus alunos me perguntam: ‘mas como fazemos isso?’ e eu respondo: vocês eu não sei, mas, eu estou fazendo minha parte, porque cada vez que eu entro em sala de aula e ouso falar disso no ambiente acadêmico, estou fazendo meu ato de cidadania”. Gestão e qualificação técnica também fazem parte da lista do que se esperar dos futuros políticos, segundo a professora. “Não nos falta dinheiro, falta boa gestão, fiscalização e transparência”. Ela defende que as futuras lideranças precisam entender de políticas públicas, ter qualificação técnica e assessores qualificados. “Não consigo ser médico sem estudar. A política funciona do mesmo jeito”. E insiste que os políticos também precisam entender que não é mais possível fazer política como se fazia há 100 anos. “As coisas mudaram! Só os gestores que tiverem antenados com o que se diz nas ruas entenderão isso. Por outro lado, as ruas só poderão cobrar os gestores se fiscalizarem. E para fiscalizar tenho que ter autoridade moral para fazer melhor ou igual. Como posso cobrar seriedade e competência se eu não sou sério e competente?”.

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Entrevista de Capa

Educação no Brasil Em um país onde 52% dos adultos (entre 25 e 64 anos) não possuem um diploma do ensino médio (segundo dados divulgados em setembro de 2018, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico-OCDE) sinaliza que algo está errado na área da educação. “A nossa única alternativa é investir em educação. Enquanto ela for visto como gasto e não como investimento, nós teremos problemas”.

Para Sandra, isso depende de uma política de longo prazo, de boa gestão e de maior investimento de capital. “Porém, não é só investir, é investir com racionalidade. Temos pessoas da área da administração focadas em gestão pública, temos advogados especialistas em educação e assim por diante. Por que não juntar essas pessoas para pensarem juntas? Caso contrário, as discussões sobre o problema da educação no Brasil girarão sempre em torno do salário do professor”. Os professores fazem parte sim de um dos pilares do processo de desenvolvimento da educação no Brasil. “É fato que o piso salarial do professor é muito baixo e para reverter essa situação é preciso dar condições de trabalho para os professores. Ser professor não pode ser ‘bico’ e isso acontece muito”, tem

foto: Rafael Cautella

Contudo, para reverter a situação da educação no Brasil, Sandra analisa que é preciso de gestores sérios e competentes para lidar com a questão. “Quem nunca entrou em uma sala de aula não pode legislar sobre a realidade de uma escola. Tem que saber como alocar a verba da educação e tem que entender a especificidade e a complexidade que é a educação neste país”. E acrescenta que quando se fala de escola, o assunto não gira em torno somente da figura do pro-

fessor e do ensino de qualidade, o problema é muito mais complexo e amplo. “Significa que também temos que ter policiamento, iluminação, arborização, saneamento básico etc. É preciso ampliar a política para educação”.

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Entrevista de Capa que ser uma profissão, uma carreira. Segundo estudo da OCDE, divulgado em setembro de 2018 e publicado pelo Jornal O Globo, o Brasil é o país que paga o pior salário para os professores de ensino fundamental e médio das escolas públicas, se comparado aos 40 países membros da Organização. “O professor é fundamental na sala de aula. Ele deve respeitar e amparar o aluno, mas nunca perder de vista que ele é a autoridade dentro da sala. E o aluno também espera essa posição do professor. Mas se não houver um processo de afeto, você não consegue nada. Se não respeitar o aluno e exigir que ele te respeite, também não há espaço para o desenvolvimento do aprendizado”. Sandra sabe bem disso, pois já lecionou em todas as etapas do ensino: começou no ensino superior, deu aula em cursinhos, passou pelo ensino médio, pelo ensino fundamental e até por alunos de pós-graduação, afinal, são 28 anos na área acadêmica – isso significa que no dia 15 de outubro (Dia do Professor) ela tem muito o que comemorar.

A Importância da Leitura

“Recentemente, eu estava lendo uma reportagem que as pessoas não estavam conseguindo estágio, porque não sabem ler e escrever.” Segundo a última pesquisa divulgada pelo Ministério da Educação (MEC), em agosto de 2018, apenas 1,6% dos estudantes da última série do ensino médio, que participou do teste realizado pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2017, alcançou níveis de aprendizagem considerados adequados na língua portuguesa. Ou seja, de 1,4 milhão de alunos que fez a prova, apenas 20 mil dominam o português. A professora explica que a educação de aluno é dividida em dois momentos: dentro da sala de aula e dentro de casa. “Não é possível culpar apenas a escola e o governo se os pais não estimulam o estudo e a leitura dentro de casa. E nenhum político fala que a responsabilidade da falta de interesse dos alunos pela leitura é culpa dos pais, que a educação tem que vir de casa e que os pais devem estimular o filho, porque isso não traz voto”. Todo esse processo está diretamente ligado à micropolítica, ao voto, ao cotidiano das famílias e da escola. “Isso dá trabalho, mas preciso ser discutido”. Sandra enfatiza que é preciso comprometimento também da parte dos pais. “As pessoas não querem responsabilidade e não querem ter trabalho no processo de educação dos filhos, pois é muito mais simples dizer que a culpa é do governo”. O resultado disso pode ser visto na 4ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro, onde 44% da população brasileira admite não ter o

hábito de ler e 30% dizem nunca ter comprado um livro. Filha de professores, Sandra comenta que o primeiro presente que ganhou dos pais e que trás na memória foi uma coleção do Machado de Assis. “Eu sempre tive um livro na mão. Na minha casa, educação e livro nunca foram gastos, sempre foram investimento. É isso o que precisa: olhar para o livro como investimento”. E o que resultou todo esse investimento? Sandra graduou-se em História, fez mestrado em História Social do Trabalho e doutorado em História Social. “O conhecimento não precisa ser sofrido, mas exige esforço. Eu acordo todos os dias às quatro horas da manhã para estudar. Nunca entrei em sala de aula sem estudar”. Ela conta que inicialmente sonhava em ser arqueóloga. “Mas, não tinha dinheiro e precisava fazer uma faculdade que me sustentasse para depois cursar Arqueologia”. Como o mundo é cheio de surpresas, Sandra se apaixonou por história, virou pesquisadora e durante o mestrado se descobriu professora. “Descobri também que quando a gente se apaixona e faz algo com amor, fazemos o trabalho com total entrega e quando nos entregamos, nos tornamos melhores no que fazemos”. A pesquisa e a licenciatura foram se completando durante sua carreira. “As pessoas costumam colocar o foco apenas no lado financeiro, que é fundamental é claro, mas o foco está errado. Temos que ter comprometimento e amor pelo o que fazemos. Ao fazer isso geramos dividendos, geramos convites, ganhamos exposição e melhorias no ambiente de trabalho e o dinheiro acaba vindo por consequência”. Tanto é verdade que até hoje, a professora recebe recados constantes de ex-alunos. A oportunidade de palestrar no TEDx Talks, por exemplo, foi através da indicação de um aluno que participou da organização do evento. “Eu dou aula e os alunos vão indo embora, vão para o mercado de trabalho. De vez em quando, eles aparecem e a parte boa disso é que eles me levam no coração”. Ela diz que não tem uma semana em que não recebe uma mensagem de ex-aluno para expressar algo do tipo: “estou te escrevendo para dizer que lembro de suas aulas até hoje e que estou aplicando o que aprendi no meu cotidiano”. Orgulhosa das “sementinhas” que plantou durante sua trajetória como professora, Sandra diz “é isso o que eu chamo de micropolítica”. Seu objetivo não é doutrinar ninguém. “O que eu faço, é compartilhar o que eu penso sobre a vida e o meu olhar para o mundo. E isso tem a ver com o meu conceito de micropolítica e sempre digo que cidadania para mim é verbo. Estou ‘cidadaniando’ cada vez que entro em uma sala de aula”.

“Ser professor não pode ser ‘bico’, tem que ser uma profissão, uma carreira”

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#oMelhorProfissional – Cultura e Arte

Dança: quando o Hobby vira Profissão por Bruna Zanuto

Mara Dias entrou na dança por acaso, mas não foi o acaso que a fez continuar. Conheça a história da professora de dança que sonha em cursar Medicina para ajudar as pessoas que passam pelo mesmo problema que ela

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xistem pessoas que nascem sabendo qual profissão seguir e outras que descobrem na véspera do vestibular. Porém, existem outras que o destino vai encaminhando para uma área e o que era apenas diversão torna-se um trabalho sério, próspero e cheio de frutos, aliás, de bons frutos. Mara Dias pode ter entrado no universo da dança por acaso, mas não foi o acaso que a fez continuar, investir nessa área como profissão e se tornar sócia e diretora de uma escola de dança. “A dança entrou em minha vida, aos 11 anos, por indicação médica. Eu tinha uma doença autoimune e os exercícios ajudavam a controlá-la”. A mãe de Mara tentou levá-la para vários esportes, mas foi ela que decidiu sozinha se inscrever em uma escola de dança. “No início, não tinha aptidão para dança, pois comecei tarde. No caso do balé clássico, principalmente, quanto antes começar é melhor”.

Nenhum artista ou membro familiar inspirou Mara a trabalhar com dança. “Mas, tive três professores de dança que foram fundamentais durante minha trajetória”. O que eles tinham em comum? O amor ao trabalho. “Eles amavam o que faziam, se sentiam bem na sala de aula e felizes de estar com os alunos. Isso me motivou a querer trabalhar com dança e de transformar um hobby em minha profissão”. Sua sede por conhecimento e a vontade de aprender sempre mais fizeram com que Mara não parasse de investir em sua formação acadêmica: além de Pedagogia, fez pós-graduação em Psicopedagogia e em Psicomotricidade. Nessa época, além de ministrar aulas de dança e dirigir sua própria escola, também dava aulas em uma universidade de Ribeirão Preto (SP) e iniciou

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fotos: Rafael Cautella

Mara se sentia acolhida nas aulas de dança e, após sua graduação em Pedagogia, decidiu que a dança entraria profissionalmente na sua vida. Durante a faculdade, ela participou do projeto Escola da Família, que abria as escolas nos finais de semana para a comunidade. O universitário que participava do programa tinha bolsa de estudo e em contrapartida ministrava alguma atividade nas escolas. Foi quando Mara decidiu compartilhar todo o seu conhecimento sobre dança e deu seus “primeiros passos” como professora. “Eu ensinava tudo o que sabia. Dei aula de axé, jazz, danças urbanas. Isso fez com que eu aprendesse sempre mais para ensinar a eles”.


#oMelhorProfissional um mestrado. “Por um tempo, tentei manter os dois trabalhos. Eu amava o que fazia. Mas, sentia que não tinha tempo para nada e isso me incomodou”. Até que chegou a hora de fazer uma escolha. “Escolhi a escola de dança, porque é minha e estava precisando de mim naquele momento. Porém, tenho prazer de lecionar e de levar o conhecimento às outras pessoas. Foi uma escolha dolorosa”. Antes de se dedicar exclusivamente à dança, Mara adquiriu experiência em várias outras profissões, pois, trabalhou em banco, teve empresa de cerimonial e assessoria de casamento, foi promotora de venda, recepcionista e fez trabalhos pontuais como modelo. “Sustentar-se 100% com dança é muito difícil”. Isso fazia com que escutasse, frequentemente, comentários do tipo “não vá viver de dança, faça outra coisa”. Só que a bailarina pensava de outra forma. “Ter trabalhado em vários lugares e em outras áreas só agregou e fez com que eu aplicasse toda essa experiência adquirida na dança”. Hoje, Mara é diretora artística e pedagógica de sua própria escola de dança (Centro Avançado de Dança-CAD), ministra aulas de dança em grupos e aulas particulares para eventos como, por exemplo, casamentos. O longo currículo e a grande experiência profissional não são suficientes para ela. “Sonho em trabalhar com projeto para terceira idade e com crianças especiais”.

de fazer e isso faz toda a diferença”. Ela acrescenta que são muitos os desafios para se administrar um negócio. “As dificuldades vão desde tentar viver apenas de arte até atender as expectativas de cada aluno”. A identidade do negócio, segundo Mara, tem que ser fiel àquilo que o profissional faz e fala. O conhecimento empresarial também é importante. “É preciso ter uma boa administração, fazer investimentos inteligentes e fidelizar clientes”. A professora acrescenta que outro grande desafio de trabalhar com arte é a criatividade. “O tempo todo temos que produzir arte e nos reinventarmos”.

“Ter tra­balhado em vários lugares e em outras áreas só agregou e fez com que eu aplicasse toda essa experi­ência adquirida na dança”

Como uma boa professora, Mara não podia deixar de compartilhar um conhecimento importante com os futuros empreendedores. “O maior problema que percebo em alguns é a falta de planejamento. É preciso saber aonde quer chegar e ter um planejamento para curto, médio e longo prazo. Esse foi um erro no início da minha carreira”. A professora comenta que o artista, geralmente, tem dificuldade para administrar um negócio. “Se não sabe, contrate um profissional. Não é porque você é dono que tem que fazer tudo sozinho. Cada profissional tem que atuar na sua área. Isso garante qualidade no serviço”. Assim como vários outros profissionais, Mara foi ampliando sua carteira de cliente através de indicação. “Na dança, o maior destaque é o seu trabalho. Desenvolvo meu trabalho com muito amor e carinho. É o que gosto

Além dos desafios empresariais e artísticos, Mara também teve alguns obstáculos na vida pessoal. Aos 21 anos, foi diagnosticada com câncer de mama. “Passei por cinco médicos e todos disseram que não era nada. Até que relatei que tinha casos na família e que estava preocupada. Pediram alguns exames e veio a confirmação”. A notícia foi um choque, porém, ela pensava que ainda tinha muito sonho para conquistar. Sua opção para vencer mais esse desafio foi levar a vida normalmente, como se não estivesse doente.

“Não parei de trabalhar, continuei com minhas atividades e com a dança. Preenchi todo o meu tempo”. Neste mês, que acontece o Outubro Rosa, campanha de conscientização sobre o câncer de mama, Mara deixa um recado para todas as mulheres. “Não tenha medo de se tocar. Foi isso que ajudou eu descobrir o problema. O diagnóstico logo no início e o tratamento rápido faz toda a diferença”. A dança sempre foi a grande protagonista na história escrita e interpretada por Mara. Porém, um episódio recente em sua vida fez com que Mara quisesse “escrever” uma nova história. Após, descobrir uma nefropatia grave e ficar um tempo internada, a professora sentiu a necessidade de ajudar as pessoas de outra forma. A dança fez, faz e sempre fará parte de sua vida. Mas, o coração de Mara descobriu uma segunda paixão: a medicina. “Fiquei muitos dias internada, acompanhei o dia a dia dos médicos e isso fez com que eu os admirasse muito. Estou estudando e me preparando para isso”. E os sonhos não param por aí: “um dia, quero poder escrever um livro, afinal é muita história para contar”.

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#oMelhorProfissional – Fotografia

Fotografia que Capta o Melhor das Pessoas por Bruna Zanuto

foto: Rafael Cautella

Fotógrafa Bianca Lemos conta como a vida a levou para a fotografia de partos e para o trabalho como doula e ressalta que, para ela, o cenário mais bonito é a casa de uma família

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fotografia é a arte de registrar em uma imagem um momento único e inesquecível. O fotógrafo nada mais é que um contador de histórias só que, em vez de usar as palavras, ele usa sua câmera e seu olhar. Bianca Lemos tem muita experiência em contar histórias, pois como ela mesma se define, Bianca é “jornalista por formação e fotógrafa de coração e alma”. A fotografia chegou de mansinho, assim como o encanto pelo universo infantil e pela maternidade. Isso tudo a levou para uma nova atividade: doula (profissional que presta apoio físico e emocional para alívio da dor durante o trabalho de parto). Aliás, seus conhecimentos como doula são fundamentais durante as fotografias de parto. “No parto, o mais importante é saber a hora de não clicar, de fazer uma oração e dar apoio para o marido e para a gestante”. A paixão pela fotografia começou na época da faculdade de Jornalismo. Mas, foi no parto de sua prima que passou a enxergar a fotografia com outros olhos. “A pedido de uma prima, fui para o hospital esperar junto com ela o seu nenê chegar. O marido dela me entregou a câmera e pediu que eu registrasse os bastidores. Quando vi o resultado, pensei: uau, isso ficou legal. Eu não imaginava que conseguiria fazer fotos tão bonitas e com tantos sentimentos”.

Bianca Lemos e o pequeno Pedro

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O destino não deu trégua e continuou encaminhando Bianca para o universo da maternidade. Quando trabalhava em um shopping, ela foi fotografar um evento do Dia das Mães e algumas dessas mães pediram seu cartão e perguntaram quanto cobrava pelas fotos. “Respondi que eram fotos do shopping e que estariam disponíveis nas redes sociais do estabelecimento”.


foto: Bianca Lemos

#oMelhorProfissional

“Para mim, o cenário mais bonito é a casa da família”

Nessa época, Bianca já estava pensando em ter seu primeiro filho, mas sabia que conciliar a carreira de jornalista com a maternidade seria algo difícil. “Não queria trabalhar oito horas por dia e de segunda a sexta. Estava buscando novas alternativas”. Após o parto de sua prima e depois do episódio com as mães no shopping, a fotógrafa pensou: “se eu quero ter filho e parar por um tempo com o jornalismo, posso trabalhar com mães e registrar esses momentos. Foi uma virada na minha carreira!”.

A partir daí, ela começou a investir em equipamentos fotográficos e a se posicionar no mercado. Uma semana após registrar o primeiro parto de sua carreira e em meio a um workshop de fotografia, Bianca se descobriu grávida. Hoje, é autônoma e vive apenas de fotografia, principalmente, de festas infantis, partos e fotografia documental de família. “A minha linha de trabalho não tem estúdio. Trabalho com a vida real. Acho incrível quem trabalha com temas e cenários, mas não é meu estilo. Para mim, o cenário mais bonito é a casa da família”. Bianca comenta que um dia estava com problemas para conciliar sua agenda com a de uma mãe que estavas prestes a ganhar o bebê, até que definiram uma data para fazer

o ensaio de gestante. Porém, neste dia, a mãe não estava bem, mas mesmo assim decidiu fazer as fotos. “Ela disse que não queria fazer poses e que não estava legal. Falei para ficar tranquila e comecei meu trabalho. Quando ela viu o resultado, ficou surpresa e disse: ‘você tirou o melhor de mim’”. Depois disso, Bianca ainda fotografou o nascimento e o batizado do bebê, além dos aniversários dele e do irmão mais velho. A fotógrafa acredita que o diferencial do seu trabalho é justamente o amor e a sensibilidade que aplica em cada registro. “Eu carrego todo o amor que sinto por minha família para a família que vou atender. Esse amor está em cada detalhe que eu registro”. Um dos motivos por não trabalhar com um segundo fotógrafo é a dificuldade de passar essa sensibilidade e percepção materna para outras pessoas. “Quando estou fotografando uma festa infantil, por exemplo, não consigo ver uma criança precisando de qualquer tipo de ajuda e não fazer nada. Eu paro o que estou fazendo e vou atendê-la”. A fotografia trouxe para Bianca tudo aquilo que almejava. “Hoje, eu sou dona da minha agenda, fotografo os eventos nos finais de semana e durante a semana, enquanto meu filho [o pequeno Pedro, que tem quase 3 anos] está na

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foto: Bianca Lemos

foto: Bianca Lemos

#oMelhorProfissional

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#oMelhorProfissional

foto: Bianca Lemos

gosta muito de festa e tem um público diversificado”. Bianca vive na cidade há quase dois anos e teve que reposicionar e divulgar sua marca nas redes sociais para encontrar seu público-alvo em Ribeirão.

escola, eu trato as imagens e produzo os álbuns”. Quando é necessário, o marido também entra em ação e ajuda nas entregas dos materiais. “É uma empresa familiar”, diz.

Bianca acredita que para se destacar do mercado, além de o fotógrafo dar o melhor de si e colocar amor em cada “clique”, é preciso ter uma boa estratégia de comunicação, contratar um social media, investir na imagem pessoal e na marca. E acrescenta que um dos grandes desafios dos profissionais autônomos é ter agenda fechada todos os meses, principalmente, quem desempenha uma única atividade. Em contrapartida, ela pondera que o mercado de fotografia é muito amplo e diversificado. “Não vai parar de ter jogos, portanto, o fotógrafo esportivo sempre terá trabalho. As pessoas não vão deixar de fazer festas, sejam de aniversário ou de casamento, e assim por diante. Tem muito trabalho para todo mundo”.

foto: Bianca Lemos

Mesmo com a crise que o país vive, ela comenta que o mercado está aquecido, porém tem potencial para melhorar ainda mais. “Ribeirão Preto [SP] é uma cidade que

“Quando cheguei não sabia por onde começar. Aí, reposicionei minha marca, investi em posts patrocinados nas redes sociais, fiz contatos com alguns fotógrafos da cidade e tive duas grandes parceiras que são decoradoras de festas”. Esses caminhos levaram aos seus primeiros clientes na cidade. Hoje, são seus clientes antigos que trazem os novos. “Quando a gente trabalha direitinho e com carinho, as coisas dão certo”.

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#LookdoDia

Dicas de Moda e Imagem para Novos Empreendedores É Amanda Salomão Consultora de Moda, Imagem e Estilo. @amandasalomaoconsultoria Mais informações de contato: abeeon.com/ amanda-salomao

muito comum novos empreendedores terem dúvidas na hora de se vestir. Afinal, abrir o próprio negócio significa dar início a um novo ciclo e deixar para trás algumas condutas e códigos de vestimentas exigidos pelas empresas onde trabalhavam. Acontece que quando falamos sobre a nossa empresa fica difícil ter um traje já preestabelecido e é nesse momento que começam a surgir as interrogações. • Devo me vestir como um executivo do mercado financeiro ou estar mais despojado?

• Para encontrar um novo cliente é preciso estar sempre mais formal? E por aí caminham as dúvidas do vestir... Pensando em vocês, empreendedores, compartilho aqui algumas dicas fundamentais para inspirá-los na escolha do que vestir e na imagem que desejam passar para os seus clientes ao trabalharem em seus próprios empreendimentos.

Vejamos:

foto: Rafael Cautella

i. É importante pensarmos no perfil do nosso cliente, ou seja, quem é nosso público-alvo. Quando nos tornamos empreendedores, muitas vezes, somos a personificação da nossa empresa. Então, é importante considerar: meu cliente é intelectual ou mais despojado/informal? Quando respondemos essa pergunta, já resolvemos, por exemplo, se vamos sair de casa com sapatos casuais ou com sapatos mais sociais. É importante adequarmos a nossa aparência com a do nosso consumidor.

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ii. Pense no setor de atuação do seu empreendimento. Empresas envolvidas com áreas mais criativas como moda, design e música possuem como perfil o profissional com um apelo fashion grande. Eles estão sempre com alguma informação de moda ou tendência no look. Por outro lado, empresas de finanças, contabilidade e consultoria portam um estilo elegante e mais conservador, sendo assim, é importante ter uma composição de peças com símbolos de uma mensagem mais formal. iii. Fique atento às regrinhas básicas de higiene e beleza. Não é porque agora você é o dono do seu próprio negócio que deve esquecê‑las. Enquanto estiver vestido de “empreendedor” prefira sempre perfumes e desodorantes com cheiros suaves, a maquiagem deve ser leve, natural e cobrir as imperfeições, não aparentando que você esteja indo para o happy hour no horário de trabalho. Opte pela famosa make nada, é clássica e está sempre em alta. iv. Sabe aquela peça de roupa que não está mais novinha, com algum fio puxado, com alguma mancha na região da axila, que possui sinais de desgaste ou até mesmo sapatos que estão com algum defeito? Eles podem passar uma imagem de desleixo, de uma pessoa que não leva as coisas muito a sério. Lembre-se: você deve cuidar da marca da sua empresa e da sua marca pessoal, ambas estão ligadas. v. Use inspirações para montar seus looks empreendedores. As mídias sociais estão recheadas de conteúdo #lookdodia. Vale a pena procurar aquela empreendedora que combina com você e com o seu negócio para conseguir várias amostras de conjuntos que você pode fazer no seu guarda-roupa. vi. Por último, e muito importante, antes de sair de casa olhe-se no espelho e tente enxergar o que você acha que as pessoas perceberiam. Estou de acordo com a mensagem que construí para o meu negócio e para mim? Se sim, é só sair de casa confiante e empreender com sucesso.


foto: Rafael Cautella

#LookdoDia

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#ViajarFazBem

Como uma Nutricionista Esportiva e um Concursado Público tornaram-se Viajantes Profissionais por Nayara Rebello

u Nayara Rebello e Jair Rebello, meu companheiro de vida desde 2007, decidimos ir na contramão de tudo que a maioria das pessoas consideram como o ideal (estabilidade financeira, casa própria e um carro) e fomos atrás de novos rumos nos tornando o Casal Nômade (viajando e trabalhando ao mesmo tempo). Mas o trajeto não foi assim tão simples, nós dois crescemos em famílias de baixa renda e se formar, ter uma casa e um carro próprio era o ápice do que buscávamos nas nossas vidas. Nos conhecemos em 2007, os dois sem nada, nem uma bicicletinha velha. Jair começou a estudar em duas facul­ dades (Análise de Sistemas e Ciência da Computação). Eu comecei Nutrição em 2008 (como bolsista, pois em Manaus-AM não tinha este curso em faculdade pública). Nos casamos cedo, Jair com 20 e eu com 23 (foi fevereiro de 2011) e começamos do zero. Quando nos formamos na faculdade, começamos a trabalhar e depois de muito tra­balho passamos a ganhar bons salários e conseguimos comprar um apartamento financiado em 30 anos e um carro. Só que, apesar de ter conforto, não tínhamos mais tempo um para o outro, pois quando finalmente chegáva­ mos em casa (depois de enfrentar duas horas de trânsito para voltar do trabalho) tudo o que queríamos era dormir! E como num estalo, Jair decidiu que ia buscar meios de trabalhar em casa, assim não perderia tantas horas por dia indo e voltando do trabalho e poderia decidir os horários em que iria trabalhar (neste momento sermos nômades ainda nem passava pela nossa cabeça). Depois de conhecer outros infoprodutores, que estavam ainda começando a existir no Brasil, Jair decidiu ir a um congresso chamado Afiliados Brasil. Lá, ele conheceu um nômade digital, resultado: chegou em casa com a cabeça a mil e me propôs viver assim, sem casa fixa e conhecendo vários lugares sem data para voltar, e eu topei! Foram aí que os desafios começaram, depois de toda a empolgação de viajar o mundo livres, leves e soltos começamos a pensar no que teríamos que fazer para sobreviver e

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como contar pra família que Jair começou a investir ainda mais tempo (noites e madrugadas depois do trabalho). Em quatro meses o resultado veio, através do lançamento de um template e uma página de captura que nos renderam em um mês o equivalente a cinco meses de trabalho. Daí, decidimos que iríamos partir assim que tivéssemos guardado o suficiente para viver um ano viajando, mesmo se tudo desse errado. Esse tempo entre a decisão de mudar radicalmente de vida e finalmente viajar durou uns 10 meses. Vendemos o que deu para vender e caímos no mundo. Assim que começamos a viajar surgiu o Blog Casal Nômade que hoje é a minha renda juntamente com nossas mídias sociais. Deixamos de ser empregados de alguém para termos a nossa própria empresa, descobrimos que temos que ser disciplinados e hoje trabalhamos alguns dias mais horas que trabalhávamos antes. Às vezes, não tem internet com foto: Nayara Rebello e Jair Rebello

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foto: Nayara Rebello e Jair Rebello

#ViajarFazBem

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#ViajarFazBem

Já viajamos por 20 estados do Brasil e 25 países, desde o final de 2016, junto com nosso filho, que já nasceu viajante. Aprendemos que o que pensávamos que era tudo (coisas materiais) não era tão importante assim. As experiências que vivemos nos mudaram para sempre! Aprendemos a ver a vida de forma mais leve, a respeitar as diferenças e conhecemos pessoas maravilhosas. Nossa principal dica para quem pensa em viver assim é que busque meios de trabalhar on-line, seja como desenvolvedor de softwares, produtor de conteúdo para a internet ou consultor on-line da área que gosta de trabalhar e, principalmente, desapegue porque sua casa precisa caber em uma mala e em uma mochila.

Dezoito Países em Três Meses, Nosso Mochilão pela Europa Em fevereiro deste ano fomos para a Europa pela segunda vez. Desta vez, passamos três meses e viajamos por 18 países durante a viagem, sendo que durante quatro semanas ficamos em Malta fazendo um intercâmbio de inglês. Foi corrido, mas valeu a pena. Esta foi a única viagem em que não levamos o Mateus, pela correria que seria e pelo frio intenso que enfrentamos no início. Durante os dias em que passamos na Suíça, as temperaturas chegaram a -12 graus Celsius.

2. Economize na alimentação: você pode gastar facil­ mente 100 euros em um jantar em Paris (França) ou pode por um tecido na grama perto da Torre Eiffel e gastar 10 euros em um piquenique para o casal. Foi isso o que fizemos, passamos em um dos muitos supermercados que ficam perto dali e compramos um espumante, frios, chocolates e umas frutas e apro­ veitamos muito bem nosso momento romântico em Paris. E essa dica vale para todos os lugares. Procure fazer sua própria comida, caso alugue um apartamento, ou busque restaurantes um pouco mais distantes dos pontos turísticos, pois assim os preços serão bem melhores. 3. Leve pouca bagagem: tente viajar apenas com uma mala de mão e uma mochila. No nosso caso, a mochila foi só para carregar nossos equipamentos para produzir conteúdo para nossas mídias sociais e blog. Andar com pouca bagagem vai te economizar dinheiro porque algumas companhias aéreas cobram para despafoto: Nayara Rebello e Jair Rebello

A seguir algumas dicas indispensáveis para quem tem

1. Planejamento: viaje na baixa temporada para pagar valores mais baixos na alimentação, hospedagem e passeios. No nosso caso, decidimos ir em fevereiro e voltar em maio. Faça um roteiro e reserve todas as hospedagens com pelo menos três meses de antecedência para conseguir ficar em boas localizações e sem pagar uma fortuna. Depois de estar com as hospedagens reservadas, faça o planejamento do desloca­mento. Nesta viagem descobrimos que é infinitamente mais barato viajar de ônibus de um país para o outro, pois a passagem de ônibus custa em média 1/4 do valor do trem, as poltronas são muito confortáveis e a maioria dos ônibus têm Wi-Fi e cafezinho grátis. Nós já saí­mos do Brasil com todas as passagens impressas.

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foto: Nayara Rebello e Jair Rebello

No plano inicial íamos passar uma semana em cada lugar e vimos que isso era impossível. Agora, alugamos um apartamento por um tempo maior e intercalamos turismo, produção de conteúdo e vivência dos lugares.

vontade de fazer uma viagem assim sem ir à falência:

foto: Nayara Rebello e Jair Rebello

uma velocidade boa e nosso trabalho não anda tão rápido como gostaríamos, mas isso se resolve seguindo para outros lugares.


#ViajarFazBem char malas grandes de até 23kg (média de 20 euros). Outra vantagem é que com uma mala pequena fica muito mais simples de caminhar do seu local de chegada no país até o seu hotel ou hostel. Acredite em mim, chegamos a andar 40 minutos em alguns lugares, já pensou fazer isso carregando uma mala gigante? 4. Intercâmbio em Malta: se tiver interesse de estudar inglês sem gastar uma fortuna e ainda descobrir um país maravilhoso, vá para Malta! O intercâmbio em Malta custa bem menos do que para outros lugares que pesquisamos e nosso inglês evoluiu demais depois de quatro semanas estudando, além de termos conhecido pessoas de várias partes do mundo. A escola que estudamos lá foi a IELS Malta. Estudamos durante o mês de março e a temperatura média era de 20 graus Celsius. Casal Nômande Gostou das dicas? Então continue nos acompanhado através do nosso Instagram, canal do YouTube e blog, todos são Casal Nômade.

Viajantes Profissionais @Casal.Nomade casalnomade.com

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#LoveMyJob

Karol Barbosa Venceu o Pânico e Iniciou uma Nova Carreira como Personal Organizer por Mariana Pacheco

Fisioterapeuta por formação, com mestrado e doutorado na USP, Karol lutou contra a síndrome do pânico e a depressão para empreender em uma nova área

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uper ligada nas redes sociais, com uma média mensal de 290 mil visualizações no seu perfil do Instagram (@mamae.organizada), Karol Barbosa, 31 anos, tem uma história de superação e empreendedorismo que surpreende. Formada em Fisioterapia pela Universidade de Franca (Unifran), em 2008, a ribeirão-pretana tinha certeza que queria seguir a área acadêmica. Tanto que, no ano seguinte à sua graduação, iniciou o mestrado no Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), o qual cumpriu em três anos e logo depois iniciou o doutorado. “No primeiro ano de doutorado, eu trabalhava em vários projetos da USP, fazia plantão em um hospital e ainda atendia pacientes a domicílio. Resumindo, saía às seis horas de casa e voltava às 22h30, praticamente sem pausa”, conta. Na época, ainda começou a estudar para um concurso da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) para ocupar uma vaga de docente substituta. Quando faltavam três dias para a prova, teve uma crise de pânico desencadeada pelo estresse. “A minha boca e as minhas mãos entortaram, parecia que meu coração ia sair para fora. Foi horrível”, lembra. Por recomendações médicas, Karol teve que desacelerar. “Fiquei muito assustada, porque depois da crise, come-

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cei a ter sintomas de síndrome do pânico, com medo de ficar em casa sozinha, de entrar no elevador, de passar mal novamente”, diz. Depois, Karol conta que veio a depressão ao perceber que não teria estrutura emocional para prestar outra prova de concurso. “Acabei criando um bloqueio com a minha profissão, não que eu não amasse mais a fisioterapia, mas foi algo que aconteceu devido a esses problemas de saúde que eu tive”.

Mudança de Vida Aos 27 anos, Karol deu início a um processo que mudaria toda a sua vida. Como sempre foi muito organizada para conseguir manter a rotina intensa de trabalho e estudo, ela decidiu fazer um curso, em São Paulo (SP), de personal organizer. “Eu ainda não sabia que isso poderia ser uma profissão, mas era uma coisa que eu gostava de fazer e comecei a estudar e a me dedicar”, afirma. Entre julho de 2014 e o começo de 2015, Karol trabalhou de graça organizando a casa de amigas e conhecidas, a fim de adquirir experiência e criar um portfólio. Em seguida, veio a necessidade de compartilhar o que aprendeu e mostrar o que a organização poderia fazer na vida de alguém. “Foi quando criei meu perfil profissional no Instagram, em 12 de fevereiro de 2015. Na época, chamava Organize Melhor”, diz.


foto: Rafael Cautella

#LoveMyJob

Depois de oito meses de esforço e muito trabalho, o negócio começou a deslanchar. Ela conta que o ano de 2016 já foi ótimo e conseguiu formar uma carteira de clientes. Sentindo a necessidade de trazer produtos específicos de organização para Ribeirão Preto, como as colmeias, ela criou uma loja on-line. “Esse tipo de coisa só existia em São Paulo. Então encontrei um fornecedor e uma costureira e comecei a produzir meus próprios produtos, tanto para usar nos atendimentos como para as outras pessoas comprarem”, explica.

Maternidade

A maternidade foi responsável por mais uma mudança na carreira de Karol. Ela descobriu que estava grávida da Maria Luísa em novembro de 2016. Depois que a pequena nasceu, ela sentiu a necessidade de compartilhar informações e dicas sobre esse novo universo. Foi quando mudou o seu perfil no Instagram para Mamãe Organizada e criou o blog com o mesmo nome. “Acabei me especializando em organização de casas que têm bebês ou crianças pequenas. Quem é mãe ou pai sabe o quanto é difícil manter as coisas arrumadas depois da chegada do filho”, destaca. Hoje, Karol se sente realizada na área e não se vê voltando a exercer a fisioterapia. “Mas eu sei que nada é definitivo, aprendi que temos que ser flexíveis e trabalhar com amor

e vontade naquilo que nos faz bem. No momento, o meu foco é a organização. Foi algo que transformou a minha vida e me tirou do pânico e da depressão”, ressalta. A personal organizer divide seu tempo entre ser mãe da Malu, que já completou um ano, ser esposa, atender clientes e famílias em casa, gerenciar sua equipe de organização e ser influenciadora digital.

Novo Projeto Além disso, Karol ainda continua a empreender. Em outubro deste ano, lançará um curso on-line de organização, voltado para outras mães que querem trabalhar na área. “Sei como é difícil voltar ao mercado de trabalho depois de passar um tempo cuidando do filho e da casa. Por isso, quero oferecer essa alternativa para outras mulheres que, como eu, sabem o valor que uma casa organizada tem e como isso melhora a qualidade de vida da família”, afirma. Entre os diferenciais do curso, Karol conta que haverá módulos de rotina familiar e como cobrar pelo serviço prestado. “Quem assistir às aulas aprenderá as técnicas da profissão, que não são poucas, e como aplicá-las. Com elas, a manutenção da casa fica muito mais fácil e sobra mais tempo para curtir os momentos realmente importantes”, conclui.

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#Pride

Conselheiro das Redes Sociais, “Amigo Colorido” quer Incluir Adultos e Idosos na Era Digital por Mariana Pacheco

Aos 18 anos, Rodrigo Colucci criou um personagem no Twitter que atingiu 500 mil pessoas; hoje, tem projeto para incluir adultos e idosos na internet

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ribeirão-pretano Rodrigo Colucci, de 25 anos, sempre esteve rodeado de amigas, principalmente, durante a adolescência. Sua vocação para dar conselhos amorosos fez com que criasse, em 2010, um personagem nas redes sociais, o “Amigo Colorido”. Seu perfil no Twitter chegou a atingir 500 mil pessoas. Os assuntos mais frequentes eram namoro à distância, relacionamentos passados e, claro, amizade colorida. Ele conta que, aos poucos, os seus seguidores começaram a se abrir mais e compartilhar histórias de vida emocionantes e intensas. “Lembro de uma menina de 13 anos que veio falar comigo quando descobriu que estava grávida. Tinha casos, também, de jovens que não tinham um bom relacionamento com os pais, meninos e meninas que queriam assumir que eram gays, mas tinham medo, outros que sofriam bullying etc.”, diz. Rodrigo sabia da sua responsabilidade como ouvinte e conselheiro desses jovens. “Quando era uma história mais grave ou preocupante, eu sempre falava para a pessoa procurar um profissional especializado ou uma pessoa de confiança que pudesse ajudá-la a enfrentar a situação”, afirma.

Amor de Todas as Formas

Foi nessa época, também, com 18 anos, que Rodrigo assumiu a homossexualidade. “Eu sempre soube qual era minha opção sexual, mas aproveitei o personagem para mostrar isso para o restante das pessoas também”, conta. Segundo ele, não houve problemas com a família e os amigos. “Não sofri preconceito de quem era mais próximo, mas passei por situações nas quais sentia uma reprovação indireta. Por exemplo, na escola, implicavam comigo porque eu sempre andava com as meninas”, lembra. Isso não abalou o influenciador digital. Ele usou sua experiência para ajudar outras pessoas nas redes sociais. “Eu também tive minha fase de dúvidas e inseguranças. Superei e tentei passar isso para quem me procurava com problemas parecidos. Sei que adolescentes querem que tudo se resolva de forma instantânea, mas, quando falamos de aceitação, tanto própria como dos outros, é preciso ter paciência, pois pode demorar meses e até anos”, completa.

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#Pride

Definição da Carreira

O jovem resolveu, então, aproveitar sua paixão pelas mídias sociais para prestar um curso que tivesse mais a ver com essa parte da sua vida. Ele se formou em Publicidade e Propaganda pela Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp). “Senti que o blog e o Twitter me deixaram mais experiente na área de redação e mídia. Com a faculdade, eu consegui me aprofundar mais na questão de empreendedorismo e em como fazer com que meu hobby funcionasse como profissão”, diz. O “Amigo Colorido” cresceu e Rodrigo passou a ter clientes, fazer posts patrocinados e trabalhos voluntários na área. Seu portfólio inclui participações no programa Teleton, exibido pelo SBT, e também no MasterChef Brasil, da Band, onde ficou na bancada dos fenômenos da internet.

foto: Divulgação

Por um tempo, o “Amigo Colorido” foi considerado apenas um hobby por Rodrigo. Quando pensava em uma profissão, o ribeirão-pretano achava que queria ser arquiteto. “Minha mãe trabalha na área e eu sempre tive afinidade com a arquitetura. Cheguei a fazer um ano da graduação, mas depois vi que não era minha vocação”, conta.

Escola de Celular Seu papel de influenciador digital e o trabalho como voluntário na Associação Síndrome do Amor, entidade que dá apoio a famílias de crianças com síndromes genéticas severas, foram o ponto de partida para o novo projeto de Rodrigo. Ele se juntou com a presidente da ONG, a redatora Marília Castelo Branco, para lançar a Escola de Celular e traduzir o mundo dos smartphones para adultos e idosos que ainda não se sentem parte dele. A novidade é destinada a todas as pessoas que não nasceram na era digital, mas que, pelo rápido avanço da tecnologia, veem-se com um celular nas mãos. Os cursos abordam todas as etapas de conhecimento, aprendizado e prática, desde os conceitos básicos de adicionar contatos até as configurações do aparelho e utilização dos aplicativos.

foto: Divulgação

São atendidas pessoas que acabaram de adquirir seus smartphones, aquelas que já conhecem um pouco mas não o suficiente diante de todas as funcionalidades oferecidas, as que querem navegar pelas redes sociais com segurança e até mesmo pequenos empresários que precisam divulgar seus negócios na internet. “Desde criança, eu sonho com um Brasil desenvolvido e moderno. Acredito que a base para isso é a educação, e ela precisa ser estimulada e atualizada. Nossa escola ensina o que há de mais atual para o público adulto que quer se familiarizar melhor com a era digital. As primeiras turmas chegaram até nós com uma necessidade e hoje elas agem com mais naturalidade diante de seus aparelhos modernos”, relata Rodrigo.

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Publique seus trabalhos em www.abeeon.com/publicacoes, capriche na foto, pois você poderá aparecer aqui nas próximas edições! 71


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Publique seus trabalhos em www.abeeon.com/publicacoes, capriche na foto, pois você poderá aparecer aqui nas próximas edições! 72



#StartUp

Professora Cria Startup Premiada de Redação Inteligente por Mariana Pacheco

Cris Miura, fundadora da Pontue, inovou e buscou solução para as dificuldades dos estudantes nos processos seletivos

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nota da redação costuma desempatar candidatos no vestibular e definir quem passa ou não para determinado curso. Em Medicina, por exemplo, a média nessa prova pode corresponder até a um terço do resultado final. No Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), apesar de a prova ter o mesmo peso das outras quatro áreas de conhecimentos avaliadas – ciências da natureza, ciências humanas, linguagens e códigos e matemáticas – ela é a área com maior dificuldade para os alunos. “Todos os anos, mais de sete milhões de jovens fazem a prova do Enem e, infelizmente, mais da metade não consegue atingir 500 pontos na redação, que vai de 0 a 1.000. Logo, percebi que precisava fazer algo para mudar esse cenário”, afirma Cristiane Miura, fundadora da Pontue. A empresa é uma plataforma inteligente de ensino de redação e é uma das participantes do quinto ciclo do Sevna – programa de aceleração de startups, com sede no Supera Parque de Inovação e Tecnologia de Ribeirão Preto (SP). Premiada, a Pontue também foi vencedora do Startup Weekend Education, em 2015, e do Founder Institute, em 2017, o maior programa global de aceleração de startups.

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#StartUp

Da Escola Tradicional de Redação ao Mundo Digital Cris Miura possui Licenciatura em Letras pela Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), é especialista em Linguística pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e tem especialização em Tecnologia aplicada à Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Se sua formação acadêmica é vasta, sua experiência na área também. Ela é professora há mais de 10 anos, foi autora e revisora de material didático para o ensino fundamental e ensino médio e foi sócia-fundadora do AKD Educacional, uma empresa na área de comunicação escrita.

Cris acredita que para ser um empreendedor e conseguir inovar em qualquer área de atuação é preciso ter proatividade, “puxar” a responsabilidade para si e conhecer os riscos do negócio e o mercado. “No caso das startups, é fundamental procurar um ambiente de inovação próximo a você. Para mim, foi o Supera Parque”, destaca.

Como o Aplicativo Funciona

Para se inscrever na Pontue, o aluno precisa acessar o site www.pontue.com.br e fazer o cadastro. Depois, o vestibulando faz o download do aplicativo na App Store ou Play Store e, a partir daí, passa a ter uma rotina de estudos. Às segundas-feiras, ele recebe o tema da semana e escreve a redação, manualmente. Em seguida, tem até o domingo para enviar o texto, por meio de uma foto, via app. Na quarta-feira seguinte, o estudante recebe a correção gravada, em vídeo, com a avaliação, as explicações e as soluções para os problemas textuais. “Os temas são autorais, sempre pensados de acordo com os fatos da atualidade. Assim, aumentamos as chances dos alunos, deixando-os mais preparados para o dia da prova, visto que os vestibulares sempre cobram temas recentes referentes às questões sociais, políticas e culturais do nosso país”, explica Cris. O vestibulando ainda tem acesso a uma seção chamada “Qual é o seu ponto?”, por meio da qual recebe links de textos, vídeos, podcasts e outras sugestões de leituras para aumentar o seu repertório sociocultural e saber como se posicionar em relação a qualquer tema na hora da prova. As videoaulas são divididas em quatro categorias: redação básica, avançada, Enem e vestibulares das universidades estaduais paulistas. “O diferencial das nossas aulas está no modo prático: todas as técnicas apresentadas são exempli-

foto: Divulgação

“Tive uma escola tradicional de redação, com aulas presenciais. Porém, com a plataforma on-line, ultrapassamos os limites geográficos, com a possibilidade de escalar e atingir alunos do país inteiro, já que há um mercado em potencial de mais de 15 milhões de jovens que prestam algum vestibular, todos os anos, em universidades públicas ou privadas, afirma.

ficadas, para que o aluno não só entenda o conceito, mas, principalmente, saiba como aplicá-lo”, afirma a professora. O aplicativo oferece três planos mensais e não há fidelidade.

Estrutura

Logo depois do lançamento oficial, em fevereiro de 2018, a Pontue alcançou mais de 1.000 usuários que acessaram o curso gratuito oferecido pela plataforma. Atualmente, a startup possui 100 clientes cadastrados nos planos mensais. “Nosso objetivo é aumentar esse número para 500 até o final do ano”, conta Cris. Para atender a demanda, a fundadora possui uma equipe de 20 corretores profissionais credenciados. “São todos formados em Letras, certificados pela nossa plataforma e com experiência na área”, diz. Ela ainda afirma que está sempre recebendo currículo, já que precisará aumentar o quadro de colaboradores conforme a empresa for crescendo. Em outubro, por exemplo, a Pontue lançará um curso intensivo para o Enem, que tem as provas marcadas para os dias 4 e 11 de novembro. A metodologia será inteiramente voltada para o exame, incluindo videoaulas, material digital, repertório sociocultural e assessoria semanal.

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Trabalho com Propósito

Motivação, Educação e Moda Profissionais, Apaixonados pelo que Fazem, Compatilham suas Visões


Faça Acontecer

Fazer Escolhas Thiago Franco Coach, consultor, professor e palestrante. Hoje seu principal foco é guiar pessoas para encontrar a melhor forma de se conectarem com seus valores, seus objetivos e com as pessoas à sua volta.

@thiagofranco.coach Mais informações de contato: abeeon.com/ Thiago-franco

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oinville (SC) é uma cidade da qual sempre ouvi falar bem. Nunca visitei e nem me recordo, no momento, se conheço alguém que lá tenha nascido, mas Joinville sempre fez parte da história da minha família. Quando eu tinha quatro ou cinco anos meu pai recebeu uma proposta de emprego para essa cidade. Eram os anos de 1980 onde as multinacionais ainda proporcionavam grandes salários, pagavam mudança, vários benefícios, hotel para a família toda no período de transição. Ofereciam até a chamada “luva”, um bônus de boas-vindas ao novo empregado. Meu pai recusou a oferta por medo e depois se arrependeu. Por anos e anos ouvi ele dizer “ah, se eu tivesse ido para Joinville!”. Nunca sabemos onde nossas escolhas nos levarão. Só sabemos se deu certo quando vemos o resultado. E se chegamos em uma rua sem saída quando tomamos a esquerda ao invés da direita na bifurcação, lamentamos a escolha e fantasiamos o que poderia ter sido. Sartre afirmava que a liberdade de escolha é o maior medo do ser humano. Certamente, raras são as pessoas que lidam bem com a incerteza. A maioria de nós anseia por respostas exatas, mesmo que – bem no fundo – saibamos que algumas afirmações que nos livram da angústia não sejam muito coerentes. Em nosso desconforto para lidar com o senso crítico nos agarramos às soluções pré-fabricadas. Colocar idealismos ou fantasias à frente da realidade com frequência nos leva a escolhas equivocadas. Um amigo “galanteador” uma vez me disse: “eu prometo para as mulheres até o Taj Mahal, se precisar!”. Vendo minha expressão de surpresa ainda complementou “absurdo, não é? Mas o fato é que funciona!”. Em nossa sede por segurança, nos agarramos a pessoas que dizem o que queremos ouvir. Queremos certezas. Queremos quem resolva. Queremos o que queremos. Aceitar que as coisas não mudam num passe de mágica pode nos parecer inaceitável. Mágica é sempre truque. Mudanças reais dependem de escolhas e decisões importantes precisam ser conscientes. É necessário empenho para avaliar bem a situação, entender o que pensamos e sentimos a respeito. Controlar nosso medo para não sermos reféns de ilusões e opiniões alheias. Escolher bem não é simplesmente escolher um ponto final. É escolher um caminho entendendo que algum outro não vai existir. E ainda que não exista garantia de sucesso ou felicidade, em uma boa decisão a consciência e o realismo devem estar em harmonia com nossas maiores esperanças.

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As Novas Profissões do Século XXI: como me Preparar? R

ecentemente, conversava com uma amiga que tinha acabado de pedir demissão de um emprego e precisava recolocar-se no mercado de trabalho. Eu a questionei se ela não teria interesse em atuar em uma outra área, considerando as novas carreiras profissionais. E ela me fez a seguinte pergunta: “mas, quais são as novas profissões?”. Enquanto respondia, eu pensava nas transformações no mercado de trabalho e como poucos profissionais estão percebendo essa mudança. De acordo com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), nos próximos cinco a 10 anos, serão, ao menos, 30 novas ocupações profissionais que irão impactar a conhecida Indústria 4.0 (conceito utilizado para explicar a integração do mundo físico e virtual por meio das novas tecnologias digitais, como Internet das Coisas, Big Data, Inteligência Artificial, etc.). Logo, será comum haver vagas abertas para mecânico de veículos híbridos, técnico em informática veicular, especialista em Big Data ou, até mesmo, para técnico em impressão de alimentos (considerando a produção das impressoras 3D). Dessa maneira, imaginar esse novo contexto profissional é ter a certeza de que as novas profissões nascem para transformar a nossa realidade social. Mas, será que estamos preparados para atender esta demanda? Afinal, tais mudanças só podem ocorrer quando articuladas com um eixo fundamental: a formação educacional. E é aqui que entra um dilema desafiador: de um lado, estamos falando de um cenário no qual mais de 30% dos doutores recém-titulados no país estão desempregados (de acordo com o relatório Mestres e Doutores

2015, elaborado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos). De outro, vagas de emprego fecham sem contratação, como é o caso do setor de Tecnologia da Informação (TI), hoje, com cerca de mais de 460 mil vagas de emprego abertas e não preenchidas, conforme foi apresentado no Startup Summit, em julho deste ano. Nesse sentido, há uma lacuna enorme entre a formação promovida pelas instituições de ensino em todos os níveis, da educação básica ao ensino superior e as reais necessidades do mercado de trabalho atual e futuro.

Educação Inovadora

Cris Miura CEO & Founder da Pontue - Redação Inteligente. Líder do Grupo de Educadores do Google Ribeirão Preto (GEG - RP). Especialista em Linguística pela Unesp - Araraquara e em Tecnologia aplicada à Educação pela PUC - RS.

@crismiura

Mas, o que fazer, então, se você já está na universidade ou já se graduou e não está preparado para esse cenário de inovação? A resposta é simples: ser responsável pela própria formação ou atualização acadêmica. Em uma navegação rápida pela web, é possível encontrar diversas instituições de ensino, sejam elas mais tradicionais, como o Senai (https://senai40.com.br/cursos/) ou mais inovadoras, como a Perestróika (https://www. perestroika.com.br/), a Udemy (https://www. udemy.com/) ou a Veduca (https://veduca. org/) que possibilitam uma atualização na carreira de forma rápida e, muitas vezes, gratuita. Portanto, trazer para si a responsabilidade de estar preparado para as novas profissões é mais do que uma atitude, é a capacidade de desenvolver uma habilidade fundamental para ser um profissional do século XXI: a autonomia. E a tecnologia está à disposição para que isso aconteça, facilitando a formação do trabalhador e, assim como foi para minha amiga – agora já recolocada em outra área – ser um caminho para melhorar a vida em sociedade.

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Muito Além do Provador

Como Encantar Minha Cliente Final se não Consigo Encantar Minha Equipe? Mariela Passalacqua Graduada em Administração com ênfase em Marketing pela ESPM, trabalhou cinco anos na área de Marketing do Itaú Unibanco. Possui uma loja de roupas multimarcas no Iguatemi Ribeirão Preto há cinco anos.

@amarimultibrand

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omecei a escrever esta coluna pensando em dar dicas de como gerenciar estoque, fazer uma compra bem feita para não ter que liquidar grande parte da coleção. Estourei o prazo de envio do texto. Estava chato, sem vida. O varejo de moda não é assim. E meu modo de encarar o trabalho também não. Todos os dias a loja abre às 10 horas da manhã e todos os dias abrimos as portas sem ter ideia do que nos espera. A cliente não marca hora para aparecer como num consultório médico, as marcas não avisam quando vão enviar as mercadorias, o shopping não avisa quando vai acabar a luz, enfim, todos os dias uma nova aventura. Isso me encanta. Encanta, também, saber que de alguma forma podemos mudar o dia de alguém. Às vezes, precisamos apenas ser bons ouvintes, oferecer carinho ao invés de roupas. Faz toda diferença, inclusive na venda. Mais do que um bom gerenciamento de estoque, uma loja hoje precisa de um excelente atendimento. Esse é o maior desafio, encontrar pessoas que estejam dispostas e tenham interesse no outro, em ouvir, ajudar, contar histórias e, sempre, servir um bom café. A meu ver, a dificuldade de encontrar bons profissionais no varejo de moda está, em grande parte, na baixa capacidade que as lojas têm de encantar sua equipe. Aprendi isso no banco em que trabalhei, o brilho nos olhos gera lucro. Demorei para perceber que o aprendizado se aplicava à minha loja. Como encantar minha cliente final se não consigo encantar minha equipe? O desafio é imenso, muito porque existe alta rotatividade de funcionários, especialmente para as lojas em shopping, como é o meu caso. É impossível envolver uma equipe inteira se a todo momento temos pessoas entrando e saindo da empresa. O trabalho começa do zero cada vez que isso acontece e, infelizmente, em alguns casos nem com todas as técnicas de encantamento possíveis conseguimos segurar alguém contra a vontade. O treinamento é a melhor forma de começar, sempre de um jeito leve e não como se fosse um professor alfabetizando. Gosto de usar casos reais, contar histórias de atendimentos que já aconteceram corrigindo erros e, principalmente, enaltecendo os acertos. As pessoas buscam o elogio, estimular a competição na equipe sempre pelo bom atendimento e não pela comissão. O mais importante aqui é entender que a loja só vai lucrar se a equipe comprar a ideia, se estiverem realmente comprometidos em realizar bons atendimentos. Então, antes de focar no cliente, foque na sua equipe. Garanto resultados positivos.

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Profissões do Futuro

Profissões do Futuro Emergem em Meio a Profundas Transformações do Mercado de Trabalho por Mariana Pacheco

Profissionais familiarizados com as tecnologias, que trabalham com qualidade de vida e oferecem serviços que facilitem a rotina e tragam comodidade estão em alta

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mercado de trabalho tem sofrido profundas transformações tecnológicas, organizacionais e comportamentais neste século. A figura do funcionário que fica oito horas por dia - ou mais - fechado em um escritório não faz mais sentido para muitas empresas e profissionais. Com isso, novas carreiras surgem ou são reinventadas. Um estudo realizado pelo Programa de Estudos do Futuro (Profuturo), coordenado por professores do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), identificou as tendências de mercado mais promissoras até 2020. A ênfase crescente na inovação, a busca por qualidade de vida, a preocupação com o meio ambiente e com o envelhecimento da população são alguns dos elementos que já impulsionam as empresas a contratarem profissionais nessas áreas. Outra constatação da pesquisa é de que o desenvolvimento tecnológico exigirá cada vez mais pessoas capacitadas e criativas para transformar as novidades em negócios e em aplicações rentáveis. O estudo também projeta um aumento das atividades empreendedoras. Com isso, as relações de trabalho sofrerão alterações ainda mais significativas. Nesse caso, o setor de serviços deverá gerar as melhores oportunidades, sendo que as grandes tendências socioeconômicas são a demanda por atuações cada vez mais personalizadas. Profissionais autônomos que oferecem serviços que facilitem as vidas das pessoas e que tragam comodidade têm grande potencial no mercado atual e futuro.

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foto: Projetado por Freepik


Profissões do Futuro

Imagem Pessoal

Etapas da Consultoria

Amanda Salomão, 27 anos, empresária, formada em Administração com Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), encontrou o seu caminho profissional pela vontade em ajudar as pessoas a se descobrirem por meio da importância da imagem pessoal. Depois de passar anos trabalhando em multinacionais na capital paulista e em Ribeirão Preto (SP), ela decidiu abrir o próprio negócio como consultora.

Uma consultoria de imagem completa costuma durar, em média, de dois a três meses. Nesse período, a cliente passa por várias etapas. Primeiro, são feitas análises de estilo e de tipo físico, buscando deixar o visual mais proporcional e ressaltar as qualidades da mulher.

“Durante muito tempo, eu trabalhei com uma carga horária bem pesada e comecei a sentir falta de ter mais qualidade de vida. Tinha um salário bom, vários benefícios, estabilidade, mas não tinha tempo para aproveitar. Foi quando eu comecei a procurar outros caminhos profissionais”, conta Amanda. Como sempre gostou de moda, ela se especializou em Consultoria de Imagem e Estilo e cursou uma pós-graduação em Negócios da Moda. “Na última empresa que trabalhei, as meninas me procuravam para eu dar dicas de looks, combinações, cores etc. Percebi que, se me aprofundasse na área e estudasse, poderia trabalhar com isso”, diz. No início, Amanda teve que conciliar o trabalho em Marketing na multinacional com o recém-começado negócio em consultoria. Depois de um ano, pediu demissão.

Para colocar todos os ensinamentos em prática, é feita, então, uma experiência em compras. A consultora faz uma lista do que falta no armário da cliente, seleciona as peças e depois vai com ela nas lojas fazer a prova. “Mesmo que não ocorra a compra efetiva, essa fase é importante para aprender na prática sobre a coloração pessoal e as peças que mais favorecem o estilo e tipo físico”, comenta. A etapa final envolve a coordenação das peças e a montagem dos looks, para que a mulher ganhe praticidade, tempo e confiança. “O foco é aproveitar as peças já existentes e montar composições que englobem diferentes ocasiões e lugares, sempre passando a mensagem que ela deseja”, destaca. Além da consultoria pessoal, Amanda presta serviços para empresas, ministrando palestras para colaboradores e treinamento para o varejo, desenvolvendo ideias criativas para impulsionar a empresa e fazendo divulgação nas redes sociais. “Criei o ‘Dicas da Amanda’ justamente para as marcas que me procuravam para fazer parcerias. Lá, eu mostro as peças selecionadas, dou dicas de como usá-las e explico porque seria legal investir naquele produto”, conta. As dicas são dadas no seu perfil no Instagram @amandasalomaoconsultoria e no seu blog www.amandasalomao.com/blog.

foto: Rafael Cautella

“O que mais me encanta na consultoria de imagem é o fato de poder ajudar as pessoas. Já atendi mulheres que haviam passado por divórcios difíceis e se encontraram depois do atendimento, adolescentes que tinha problemas de autoestima e saíram mais confiantes e até profissionais que buscavam uma promoção no trabalho e conseguiram. Todo o processo é muito emocionante e gratificante”, destaca.

Em seguida, vem a análise de coloração pessoal, na qual é definida a cartela de cores da cliente. “Feito isso, marcamos um dia para olhar tudo que ela possui no guarda-roupa, a fim de tornar o acervo útil, coordenado e organizado”, afirma Amanda.

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Profissões do Futuro

Coaching Assim como a consultoria de imagem, outra profissão que está em alta no mercado – justamente por trabalhar com a busca do autoconhecimento e proporcionar qualidade de vida e serviços personalizados – é o coaching. A tradução de coach é treinador, como um técnico esportivo. Mas, no mundo corporativo, a expressão ganhou outro sentido: é aquela pessoa que te ajuda a traçar estratégias para mudar algum aspecto da sua vida, desde a carreira até o peso corporal.

Ela explica que não há como generalizar o trabalho do coach. Cada profissional usa uma metodologia diferente e que varia de acordo com as aspirações do cliente. “A grande sacada desse trabalho é formar novos caminhos neurais, para que a pessoa consiga encarar a vida de um jeito diferente, traçando novos trajetos e aumentando suas chances de sucesso”, diz.

Ciça Barros, 30 anos, é publicitária formada pela ESPM e, hoje, trabalha ajudando pessoas a descobrirem um propósito na vida, principalmente, na área profissional. “Já atuei em grandes empresas de São Paulo (SP), mas sempre questionei o meu papel social, em como aquilo que eu fazia impactava as outras pessoas”, diz.

Para isso, Ciça usa como parâmetro 10 encontros com o cliente, com duração de 1h30 cada. Logo no início do processo, eles definem um objetivo concreto. “Eu trabalho bastante com pessoas que querem mudar de carreira ou precisam aumentar a produtividade e não sabem por onde começar. A partir disso, trabalhamos com ferramentas de autoconhecimento e exercícios práticos para chegar nesse fim”, afirma.

Ela conta que, no seu último emprego formal, em um instituto de pesquisa, uma de suas funções era levantar todo o tipo de informação sobre os consumidores e passar isso para as empresas criarem novos produtos ou aprimorarem aqueles que já estavam no mercado. “A parte de entender as pessoas, seus desejos e motivações era muito interessante. Mas o modo que esses dados eram usados me incomodava. Foi quando, em uma conversa com a minha psicóloga, ela sugeriu que eu passasse por um processo de coaching”, lembra.

A coach conta que é comum as pessoas chegarem com um objetivo, mas, no meio do processo, descobrem que esse sonho não combina com elas. “Muitas vezes nós idealizamos uma situação e não conseguimos pensar que a realidade é muito diferente. É como uma pessoa que ama café e acha que isso basta para largar o emprego e abrir uma cafeteria. O processo de coaching dá ferramentas e exercícios práticos para a pessoa descobrir se é por aquele caminho mesmo que ela quer seguir”, explica.

Em um dos atendimentos, Ciça conta que sua “treinadora” perguntou se ela nunca havia pensado em atuar como coach, já que possuía várias das habilidades necessárias para exercer a profissão. “Por causa desse trabalho no instituto de pesquisa, eu já sabia como analisar as pessoas e entender os seus desejos. Com o coaching, eu poderia usar essa skill para ajudar a solucionar uma crise, como a mudança de um emprego, por exemplo”, afirma. Quando descobriu essa nova opção de carreira, Ciça começou a fazer cursos e se especializar na área. No início, teve que conciliar os dois trabalhos – como pesquisadora de mercado e coaching – até que, depois de dois anos, deixou de prestar serviço para o instituto e passou a se dedicar exclusivamente aos seus clientes. Ciça criou um perfil no Instagram (@cicabarrosdreamplanner), a fim de compartilhar pensamentos, reflexões e descobertas para quem está buscando uma vida com propósito. Para esse processo, ela deu o nome de “dream planner” ou planejador de sonhos. “Acredito que a gente passa a vida inteira construindo sonhos. Até porque, se não fizermos isso, tudo fica muito cinza, sem graça. A palavra-chave aqui é ‘planejar’ já que os sonhos não caem do céu, temos que nos apropriar deles e tomar atitudes para conseguirmos realizá-los. E o processo de coaching nos dá ferramentas para isso”, salienta.

foto: Divulgação

Planejando Sonhos

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Profissões do Futuro

De Advogado para Jogador Profissional de Poker Falando em mudanças radicais de carreira e profissões do futuro, Carlos Galvão, de 36 anos, se encaixa bem no assunto. Advogado formado, com pós-graduação em Direito Processual Civil, ele largou o escritório para se tornar jogador e instrutor de poker. “Conheci o jogo em uma viagem com amigos e comecei a praticar por diversão, não imaginava que poderia virar um trabalho”, conta. O hobby ficou tão sério que Carlos já vive dele há pelo menos oito anos. “Logo que comecei a jogar, em 2009, fui campeão do circuito Amigos do Poker de Ribeirão Preto. Nessa época, já tinha percebido que era algo que dependia mais da habilidade do que da sorte”, diz. Ele lembra que o trabalho como advogado não estava rendendo tanto e começou a se aventurar nos torneios de poker on-line. “Em 2010, comecei a fazer aula com o time de um jogador americano chamado Collin Moshman. No mesmo ano, ganhei meu primeiro grande prêmio, de US$ 4.500,00. Quando vi que, quanto mais estudasse e me dedicasse, mais aquilo poderia se tornar uma atividade lucrativa, decidi abandonar a advocacia e me tornar jogador profissional”, afirma. Em 2011, Carlos já possuía um bom histórico no poker on-line e foi convidado para dar aula, junto com outros dois instrutores, em um time chamado CCK, que jogava pelo site Betmotion. Ao todo, mais de 200 pessoas passaram pela equipe, que faturou, até 2017, mais de US$ 1 milhão.

Rotina e Disciplina Como acontece com qualquer profissional autônomo, ser um jogador de poker e poder “escolher” a hora e o local que quer trabalhar exige muita disciplina. Entendendo isso, Carlos conseguiu montar uma rotina para cuidar da mente e do corpo antes de dar início à jornada de trabalho. “Em uma profissão com grande variância, cuidar da parte psicológica é um dos fatores mais importantes. Já vi pessoas com muito potencial técnico se frustrarem e desistirem do poker por ser uma carreira estressante”, diz. O jogador conta que ele reserva as primeiras horas do dia para se preparar física e emocionalmente, o que inclui meditação, exercício físico e cuidado com a alimentação. Depois, resolve as pendências do dia a dia e a parte administrativa do time. Geralmente, começa a jogar após o almoço, entre 13 e 14 horas. “Aí não tem como prever exatamente quando vou terminar. Costumo ficar uma média de 10 horas por dia na frente do computador”, afirma. Carlos tem só um dia de folga por semana. “Eu jogo quatro dias, incluindo os domingos, que é quando tem os maiores torneios, e nos outros dois eu dou aulas. Só de sábado que eu tiro para descansar”. Apesar do estresse e da carga horária alta, as vantagens da profissão compensam, segundo o jogador. “Eu tenho mais liberdade do que teria em um trabalho formal e, a qualquer momento, posso ganhar um torneio de milhares de dólares. Isso é muito gratificante”, completa.

foto: Rafael Cautella

Depois de uma crise no provedor onde o time jogava, a equipe teve que ser fechada temporariamente. Foi quando

uma nova – e melhor – oportunidade surgiu. “O Fabiano Kovalski, que é sócio de um dos maiores times do Brasil, o Samba Poker Team, me chamou para migrar os nossos jogadores para lá. E foi uma das melhores coisas que poderia ter acontecido, já que é uma equipe extremamente lucrativa e repleta de profissionais talentosos”, comenta.

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Outros benefícios que o poker trouxe para a vida de Carlos foi o raciocínio rápido para tomar decisões no dia a dia e o desenvolvimento pessoal. “Por causa do jogo, comecei a estudar muito sobre autoconhecimento e alta performance. Hoje, isso se tornou uma outra paixão na minha vida. Gosto de ler livros sobre o assunto e compartilhar esses conhecimentos no Instagram (@carlos.galvao_). Penso que se eu conseguir mudar a vida de uma só pessoa já terá valido a pena”, conclui.



Esporte

Notas Esportivas por Mariana Pacheco

Atleta de RP é Campeã Paulista no Salto em Altura

Rita Lorena Marques da Costa, de 15 anos, da equipe da Associação dos Amigos do Atletismo de Ribeirão Preto (AAARP), sagrou-se campeã paulista no salto em altura com a marca de 1,55m. O torneio foi realizado, em setembro, na Arena Caixa, em São Bernardo do Campo (SP). Além de superar seu melhor resultado, Rita alcançou o índice para participar dos Jogos Abertos do Interior (adulto). Treinando há aproximadamente um ano, esta foi a primeira vez que ela participou de um campeonato de nível estadual.

Éder Militão, de Sertãozinho, Agrada Tite e é Convocado para Amistosos

Nascido em Sertãozinho (SP), na macrorregião de Ribeirão Preto (SP), o ex-são-paulino Éder Militão foi convocado, mais de uma vez, pelo técnico Tite, para defender a seleção brasileira nos amistosos realizados em setembro. O atleta, que atualmente está no Porto, de Portugal, jogou pela lateral direita e na zaga. Entretanto, ele também sabe jogar como volante.

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Alemão é Destaque do Vôlei Ribeirão

A temporada 2018/2019 está sendo boa para o oposto do Vôlei Ribeirão: Rodrigo Telles, conhecido como Alemão. Até o final de setembro, de sete partidas do time, o jogador foi o que mais pontuou em quatro delas: contra o Campinas (23); o Corinthians (21); o Atibaia (12); e o São José (18). Mas, o maior número até então foi do ponteiro Gabriel Pessoa, com 27 pontos, diante do Itapetininga em jogo de cinco sets.

Ribeirão-pretano Michel Velludo é Campeão Brasileiro de Motovelocidade

Ribeirão Preto foi bem representada no Autódromo de Goiânia (GO), no mês passado. Entre os campeões brasileiros de motovelocidade 2018, está Michel Velludo, de 24 anos, nascido na cidade. Ele foi o mais rápido na categoria Super Sport 600 cilindradas e levou o troféu para casa uma etapa antes da temporada chegar ao fim.


Cursos, Feiras e Eventos

Profissionalize-se!

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urante todo ano, diversas instituições de ensino, empresas, especialistas e plataformas on-line oferecem cursos e eventos profissionalizantes para todos os tipos de profissionais. Cada vez mais, o mercado de trabalho busca profissionais qualificados e com competências e habilidades que vão além da graduação. Atualização é a palavra de ordem deste século. Portanto, se você quer se destacar, independentemente, da sua área de atuação, invista em cursos, descubra como se posicionar no mercado, participe de eventos técnicos, pois além de fazer bons contatos, você estará enriquecendo algo que ninguém poderá tomar de você: seu conhecimento. A Revista Abeeon Empreende listou uma série de cursos e eventos para várias carreiras. Veja a seguir.

Eventos Presenciais Curso Análise Estratégica das Demonstrações Financeiras Data: 23 de outubro a 17 de novembro Local: FAAP, Ribeirão Preto (SP) O curso busca entender globalmente um negócio, independentemente, do setor e oferecer técnicas para que o profissional possa gerir com base nas ferramentas de análise. É destinado para pessoas que buscam crescimento profissional e discutir processos internos, além de maximizar a performance das empresas onde atuam. Saiba mais: bit.ly/curso-analise-estrategica

Congresso Nacional de Órtese, Prótese e Materiais Especiais Data: 21 a 24 de novembro Local: Centro de Eventos RibeirãoShopping, Ribeirão Preto (SP) O historiador, escritor e professor Leandro Karnal será o palestrante que fará a abertura da 4ª edição do Congresso Nacional de Órtese, Prótese e Materiais Especiais (OPMED). Além de Karnal, nomes importantes da medicina vão palestrar na quarta edição deste congresso, que já se consolidou como sendo um dos maiores eventos do setor de órtese, prótese e materiais especiais do

Brasil. O principal intuito da OPMED é fomentar novas ideias para o setor que movimenta, aproximadamente, 14 bilhões de reais por ano. Saiba mais: http://bit.ly/congresso-opmed

Treinamento Gestão e Desenvolvimento da Força de Vendas

e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). O encontro, que é promovido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), será dividido em módulos teóricos, atividades práticas e implantação de áreas em propriedade rural. Saiba mais: bit.ly/curso-ILPFeILP

Data: 23 e 24 de outubro

9ª Greenbuilding Brasil Conferência Internacional e Expo

Local: CIESP, Ribeirão Preto (SP)

Data: 5 a 7 de novembro

Fernando Italiani (consultor das áreas de marketing, vendas, liderança e gestão de pessoas) vai ensinar gestores como selecionar profissionais em vendas, como estruturar suas equipes, técnicas de comunicação para engajamento das equipes e como definir objetivos racionais e atingíveis. O treinamento oferecerá uma metodologia prática e ainda vai abordar temas como gestão de resultados e gestão de crises. Saiba mais: bit.ly/treinamento-gestão

Curso Capacitação Continuada em sistemas de ILP/ ILPF - Módulo IV Data: 25 e 26 de outubro Local: São Carlos (SP) O objetivo deste curso é capacitar profissionais de nível superior em Ciências Agrárias, que prestam serviços de assistência técnica e assessoria em sistemas de Integração Lavoura-Pecuária (ILP)

Local: Curitiba (PR) O objetivo do evento é oferecer conteúdo técnico aos profissionais, gestores públicos e acadêmicos das áreas de construção, arquitetura, engenharia, design, agronegócio, sustentabilidade, habitação e planejamento urbano. Serão apresentadas palestras, apresentação de trabalhos técnicos, além de workshops, eventos de networking e visitas técnicas em edifícios de destaque. A edição será realizada simultaneamente a outros dois eventos: 5ª edição do Smart Energy Paraná (voltado à eficiência energética e a energias renováveis) e ASHRAE Brasil Chapter (que trata de eficiência energética em edificações). Saiba mais: bit.ly/conferencia-greenbuilding

Atualização é a palavra de ordem

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Creditos Pexels

Cursos, Feiras e Eventos

InterCoaching 2018 Data: 4 a 6 de dezembro Local: Orlando (EUA) Este é o maior seminário de coaching das Américas com especialistas em neurociência, coaching e business. O evento acontecerá na Florida Christian University e terá palestras sobre neurociência e coaching com profissionais renomados como Daniel Goleman (psicólogo, escritor PhD e considerado o Pai da Inteligência Emocional) e Paulo Vieira (criador do Método CIS, PhD e autor best-seller). Saiba mais: bit.ly/intercoaching2018

Curso Eletricista de Manutenção Eletroeletrônica Data: checar próximas turmas Local: Senai, Ribeirão Preto (SP) O curso tem por objetivo proporcionar qualificação profissional na instalação e manutenção de sistemas eletroeletrônicos em baixa tensão, de acordo com normas técnicas, de qualidade, além de oferecer conhecimentos sobre saúde e segurança no trabalho. A programação do curso ainda abrange temas como comunicação oral e escrita, ciências aplicada, matemática aplicada e desenho técnico. Saiba mais: bit.ly/curso-elet-manutencao

Curso Técnico de Formação de Professores

Data: checar próximas turmas

Data: checar próximas turmas

Local: Ribeirão Preto (SP)

Local: Rio de Janeiro (RJ)

O Instituto Embelleze é a maior rede de franquias da América Latina voltada para formação profissional em beleza. Em Ribeirão Preto, o instituto oferece diversos cursos profissionalizantes como: Barbeiro Academy Hair Completo, Maquiagem Profissional, Designer de Sobrancelhas, Cabeleireiro Profissional, Especialização em Alongamento de Unhas, Especialização em Penteados, Manicure e Pedicure Profissional + Unhas Artísticas e Massagem Relaxante.

O curso orienta e prepara o profissional não só para atuar em escolas privadas, mas também para prestar concurso público nas esferas estadual e municipal. A grade curricular possibilita que o profissional desenvolva a compreensão sobre os processos pedagógicos, capacitando-o para elaboração das aulas, desenvolvimento de didática e conhecimento de dinâmicas de ensino, além de ajudar a sanar as dificuldades dos alunos, fortalecendo o vínculo aluno-professor. Saiba mais: bit.ly/curso-tec-prof

Cursos de programação

Data: checar próximas turmas Local: Ribeirão Preto (SP) e São Paulo (SP) A Center Cursos oferece uma série de cursos presenciais intensivos para desenvolvimento de sites e de sistemas de web. Dentre eles, destacam-se Carreira Web Developer, HTML5 com CSS3, JavaScript com jQuery, Programação com PHP, Programação com Java e Programação com C#. Saiba mais: bit.ly/cursos-programação

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Cursos de Estética e Beleza

Saiba mais: bit.ly/curso-estetica-beleza

Aulas presenciais no Espaço Gastronômico Shopping Santa Úrsula Data: terça e quintas, durante todo ano Local: Shopping Santa Ribeirão Preto (SP)

Úrsula,

O Espaço Gastronômico do Shopping Santa Úrsula oferece aulas gratuitas de gastronomia com Silmar Mica Junior e outros chefs renomados todas as terças e quintas-feiras. Carpaccio di zucchine, Quiche Lorraine, massa fresca e patê de gorgonzola são algumas das delícias ensinas pelos chefs. O espaço oferece programação diferenciada durante todo o ano. Saiba mais: http://bit.ly/EspacoGastronomico


Cursos, Feiras e Eventos

Cursos On-line Cursos on-line Centro Paula Souza

Cursos on-line Embrapa

Data: durante todo o ano

Data: durante todo o ano

O Centro Paula Souza oferece cursos profissionalizantes on-line, gratuitos e sem a necessidade de participar de processo seletivo. O objetivo é qualificar os profissionais com cursos rápidos, que vão de seis a 30 horas, sendo que alguns oferecem certificados após avaliação. Atualmente, a plataforma oferece oito cursos: Mercado de Trabalho (30 horas), AutoCAD (20 horas), Gestão de Pessoas (30 horas), Canvas (8 horas), Gestão de Tempo (6 horas), Vendas (30 horas) e Gestão de Conflitos (30 horas).

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) disponibiliza no seu portal a plataforma e-Campo, que funciona como uma vitrine de capacitação on-line e gratuita. Os cursos são elaborados por equipes multidisciplinares da Embrapa, dentre eles, pesquisadores, designers instrucionais e profissionais de diversas áreas. Atualmente, o site oferece sete cursos virtuais, com duração entre 10 e 200 horas: IrrigaWeb, AbcWeb – Agricultura de Baixo Carbono, Silagens de milho e de sorgo, Amostragem – coleta – transporte de leite, Silagem de Capim, Compostagem e Facilitadores de Aprendizagem.

Data: durante todo o ano

Saiba mais: bit.ly/cursos-embrapa

Saiba mais: bit.ly/curso-ginecologista

O objetivo do curso é reciclar os conhecimentos na assistência à saúde da mulher. São tratados temas como cuidados pré-natais, reprodução humana, oncologia e mastologia. São sete módulos e mais de 100 aulas ministradas por profissionais dedicados aos cuidados de gestantes de alto risco e ao atendimento especializado na saúde da mulher. O curso conta com um ambiente virtual de aprendizagem moderado pelos coordenadores, com fórum para debate e esclarecimento de dúvidas técnico-científicas, videoaulas e assistência ao aluno.

foto: Projetado por Freepik

Saiba mais: http://bit.ly/cursos-paulasouza

Curso Nacional de Obstetrícia e Ginecologia

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Alma de Startup

Paulistano Veio para Ribeirão Estudar e Acabou Criando Startup que Inovou a Gestão da Saúde por Mariana Pacheco

Mario Sérgio Adolfi Júnior é CEO da Kidopi, empresa de desenvolvimento de sistemas de gestão hospitalar, informatização de clínicas e regulação médica de urgência

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atural da cidade de São Paulo (SP), Mario Sérgio Adolfi Júnior, de 31 anos, sempre se interessou pela área da saúde. Seus questionamentos giravam em torno de maneiras de resolver os problemas deste setor de forma pontual. Isso porque, quando criança, costumava acompanhar seu irmão que sofria com asma e outras infecções respiratórias em longas esperas no hospital. Outro episódio que o marcou na infância foi o acidente vascular cerebral (AVC) que sua avó teve durante as férias da família em Ubatuba (SP) e a demora para ela ser tratada no posto de saúde, já que não havia especialistas de plantão. A resposta para Adolfi veio, não no curso de Medicina, mas no de Informática Biomédica. Em 2010, ele se formou pela Universidade de São Paulo (USP), campus de Ribeirão Preto (SP). Nos últimos anos da graduação, juntou-se com outros dois colegas de turma – Hugo Pessotti e Fábio Pallini – para criar a Kidopi, startup ligada ao Parque de Inovação e Tecnologia de Ribeirão Preto (Supera), que hoje atua no desenvolvimento de sistemas de gestão hospitalar, informatização de clínicas e consultórios, regulação médica de urgência e emergência e suporte a pesquisas acadêmicas. “Vimos que muitos problemas da saúde são estruturais e são eles que queremos resolver”, afirma o executivo. Depois de formado, Adolfi se especializou. É doutor em Ciências Médicas pela

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Faculdade de Medicina da USP-RP. Em 2014, foi eleito pelo MIT Technology Review – publicação do Massachusetts Institute of Technology – como um dos 10 jovens mais inovadores do Brasil. O prêmio é voltado para pessoas de até 35 anos que trabalham para encontrar soluções que resolvam problemas reais da sociedade por meio da tecnologia. No ano anterior, recebeu menção honrosa na categoria Empreendedor Social pela revista Pequenas Empresas Grandes Negócios.

Análise de Dados

Logo no início da Kidopi, os estudantes de Informática Biomédica passaram a levantar e analisar a imensa quantidade de dados que as instituições de saúde do país armazenam ao longo dos anos. Quando conseguiram mapear o conteúdo, deparara-se com uma fonte de informações preciosas. Com isso, eles criaram o HealthBi, modelo computacional que permite prever a evolução do quadro dos pacientes, oferecer o cuidado adequado com antecedência e administrar melhor os recursos à disposição. O sistema foi premiado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como a melhor ferramenta digital para a saúde do Brasil em 2013.

“Vimos que muitos problemas da saúde são estruturais e são eles que queremos resolver”

Cuidado Personalizado

Entre os produtos de maior destaque da Kidopi atualmente está o CleverCare,


“O cuidado personalizado reduz a complexidade e o custo da internação.”

aplicativo que monitora à distância a saúde de quem tem doenças crônicas e evita idas desnecessárias ao hospital. Ele interage com o paciente pelo celular, perguntando, por exemplo, se praticou atividade física, se sentiu mal-estar, se mediu o nível de açúcar no sangue etc. O sistema ainda pode marcar uma consulta se avaliar que os indicadores exigem atenção. “O cuidado personalizado reduz a complexidade e o custo da internação. O melhor é investir em prevenção”, ressalta Adolfi. Para explicar melhor a importância do cuidado personalizado, o CEO da Kidopi compara o paciente crônico como um náufrago em uma ilha deserta. “Depois que ele sai da internação no hospital, tem que lidar sozinho com a doença e suas consequências. O CleverCare é como se fosse uma boia de salvação, que conversa com ele, monitora sua saúde, tudo com base em protocolos aprovados e usando algoritmos de previsibilidade e processamento de linguagem natural”, explica o cientista.

med e o Dr. Consulta, rede de centros médicos que possibilita agendar consultas, exames, dentistas e pequenas cirurgias rapidamente.

Facilidade para o Profissional da Saúde

Não é só o paciente que ganha com as ferramentas criadas pela Kidopi. O sistema Sisos (software on-line para gestão de clínicas odontológicas), por exemplo, permite que o profissional de odontologia gerencie sua clínica de modo fácil, por meio da internet, e tenha acesso remoto às suas informações com praticidade e segurança. A ferramenta possui várias funções, como cadastro e busca de pacientes, controle integrado de contas a pagar e orçamentos, agendas de horários com visualização diária, semanal e mensal, armazenamento de imagens digitais e radiológicas, entre outras. “Nosso objetivo é contribuir com a área da saúde como um todo. Poder trabalhar com isso e ver que conseguimos usar a tecnologia a favor da sociedade, levando acolhimento e soluções práticas para tantas pessoas é o que traz a maior satisfação para mim e faz tudo valer a pena”, conclui Adolfi.

foto: Rafael Cautella

O aplicativo já se espalhou pelo território nacional. Entre os maiores clientes da ferramenta estão o Hospital Albert Einstein, de São Paulo, os planos de saúde Amil e Uni-

Alma de Startup

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Notas Sociais por Juliana Rangel

Foco em Veículos Startups Velbrax Agro, Check Point Energia, GlucoGear, One It, Up Angel, Biosensing, Adsrock e Alfred Delivery são as oito startups selecionadas para o novo programa de aceleração do Sevna, a primeira aceleradora do Brasil a fazer parte do Global Accelerator Network (GAN). As oito selecionadas são três de Minas Gerais, sendo duas de Belo Horizonte e uma de Uberlândia. O restante é do estado de São Paulo - uma de Campinas, uma de Franca, uma de Taquaritinga e duas de Ribeirão Preto.

A concessionária Stecar Mercedes-Benz, empresa que faz parte do Grupo Stéfani Ribeirão Diesel, promoveu mais uma edição do Mercedes Experience Coffee´s Day. O evento reuniu clientes da concessionária que conheceram de perto algumas novidades da marca, participaram de test drive nos veículos e de um café da manhã servido pelo truck Coffee´s Day. Mensalmente, a empresa realiza eventos de experiência com seu público no showroom em Ribeirão Preto.

Startups 2 A Sevna soma 20 startups aceleradas em cinco ciclos e um portfólio de R$ 50 milhões. Expectativa ao final do sexto programa é superar a marca dos R$ 70 milhões. Para o sexto ciclo de aceleração foram 600 inscritos e, desse total, 135 foram até o fim no processo. Após análise dos projetos por uma banca de especialistas, investidores, empresários e consultores, 32 startups avançaram para a segunda fase da seleção, as entrevistas.

Expansão O Grupo Utam, de Ribeirão Preto, anunciou que está assumindo as operações da portuguesa Kaffa no Brasil – empresa europeia com know-how na produção de cápsulas de café há mais de dez anos, com a qual manterá a parceria em inovações tecnológicas, garantindo contínuo aprimoramento de processos e produtos. Segundo a diretora da Utam, Ana Carolina Soares de Carvalho, a operação exigiu investimentos na ordem de R$ 2,5 milhões e traça um novo plano de crescimento para o Grupo Utam, com a previsão de dobrar o faturamento no segmento de cápsulas de café para o próximo ano.

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Fotos: Divulgação

Investimentos


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Alemanha por Aqui

A posição estava vaga desde novembro do ano passado e agora volta a prestar serviços consulares, como requerimento de passaportes, autenticação de assinatura e fotocópias, emissão de certificados, requerimentos de constatação da nacionalidade alemã e de atendimento a interesses de cidadãos alemães residentes ou em viagem na região ou para brasileiros interessados naquele país.

Foto: divulgação

Ribeirão Preto agora tem um novo Cônsul Honorário da Alemanha na cidade. O administrador de empresas e publicitário Daniel Malusá Gonçalves assumiu o cargo com a missão de continuar estreitando o relacionamento da região com o país alemão, a 4ª maior economia do planeta.

Mulher no Comando

Foto: Gustavo Rampini/divulgação

Mônika Bergamaschi é a nova presidente do LIDE Agronegócios, cargo anteriormente ocupado por Roberto Rodrigues, embaixador especial da FAO para o Cooperativismo e Ministro da Agricultura (2003-2006). Ela é a atual presidente do Instituto Brasileiro para Inovação e Sustentabilidade no Agronegócio (Ibisa), engenheira agrônoma graduada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Jaboticabal (SP), atuou como secretária geral da Associação Brasileira do Agronegócio da região de Ribeirão Preto (Abag/RP) e como Secretária de Agricultura e Abastecimento em São Paulo.

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Foto: divulgação

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Do Palco para o Campo E por falar em LIDE, o cantor sertanejo Léo Chaves, que faz dupla com Victor, vem crescendo muito no setor do agronegócio. Pecuarista, ele investe desde 2012 na raça Senepol na Fazenda Paraíso, localizada no Triângulo Mineiro. Léo foi um dos convidados do 7º Fórum LIDE de Agronegócios, que ocorreu no Hotel JP, em Ribeirão Preto.

Influente na Moda

Foto: divulgação

Os editores do The Business of Fashion (BOF) elegeram as 500 personalidades mais influentes da moda em 2018. A edição trouxe apenas oito talentos brasileiros no ranking desse ano. Carlos Jereissati Filho, presidente da Iguatemi Empresa de Shopping Centers, foi reconhecido como visionário e também um dos principais empresários do setor.

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O portal classificou o executivo, que figura no ranking desde a primeira edição, como responsável por revolucionar o conceito de shoppings centers e por trazer mais de 50 marcas internacionais para o Brasil. Nomes como Daniela Falcão, Alexandre Birman, Giovanni Bianco, Natalie Klein e Maria Prata também estão presentes na lista.

Juliana Rangel

Jornalista e Colunista @JubRangel




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