Revista Empreende - Capa Gustavo Borges

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Janeiro/Fevereiro 2020 | Ano 02 | Edição 08

EMPREENDEDOR COM ATITUDE DE CAMPEÃO

DESIGN CONTEMPORÂNEO Com um estilo sofisticado e atemporal, Jader Almeida tornou-se referência na produção moveleira

SUPREMACIA QUÂNTICA O professor Paulo Henrique explica como essa tecnologia é capaz de revolucionar o futuro

Gustavo Borges

Medalhista Olímpico e Empreendedor

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Especialistas explicam o sucesso e comentam os desafios do ensino a distância no Brasil




Sitemap

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Especial Computação Quântica

Um olhar atento para a Computação Quântica Paulo Henrique Alves Guimarães, professor universitário brasileiro, dedicou seus estudos a essa tecnologia capaz de revolucionar nossas vidas.

#oMelhorProfissional – Tecnologia

Da Pré-História ao Futuro da Internet Brasileira

Edney Souza, o Interney, relembra os tempos em que ensinava como fazer backup e instalar antivírus e aponta os caminhos da internet no futuro.

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O Futuro do Trabalho

Educação a distância cada vez mais perto dos alunos EAD cresce no ensino superior brasileiro e apresenta oportunidades e desafios para instituições de ensino, professores e estudantes.

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#oMelhorProfissional – Agronegócio

Uma Executiva no Agronegócio

Engenheira agronômica, ex-secretária de Estado da Agricultura e presidente do conselho diretor da Abag RP fala sobre a educação para o campo e a participação das mulheres no agronegócio.


Sitemap #oMelhorProfissional – Construção Civil

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Design Contemporâneo Brasileiro

Dono de um estilo sofisticado e atemporal, o catarinense de Videira, Jader Almeida, tornou-se referência na produção moveleira nacional e internacional.

Entrevista de Capa

Atleta Empreendedor O ex-nadador Gustavo Borges, quatro vezes medalhista em Jogos Olímpicos, fala sobre as lições que o esporte pode oferecer a quem quer empreender.

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44 #oMelhorProfissional – Cultura e Arte

Juliano Salgado, o Cineasta por trás do Sucesso de Bilheteria Mundial Acompanhe a trajetória do diretor do documentário “O Sal da Terra”, indicado ao Oscar de melhor na categoria.

Teve uma ideia? Que tal buscar ajuda para financiar?

#Crowdfunding

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As Plataformas de crowdfunding permitem viabilizar projetos com a ajuda financeira de amigos e até de desconhecidos que se interessem por sua causa. #MindSet

Um pouco de Música na Rotina do Escritório

Homem forte da Verizon Business Group na América Latina, Paulo Pontin concilia trabalho com a paixão pela música e forma até banda com outros executivos.

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65 Direto do Vale

O Empreendedorismo Social defendido por Karen Henken Para Karen Henken, professora de Prática e Relações Institucionais na Kroc School, Universidade de San Diego, na Califórnia (EUA), o ato de empreender também pode estar atrelado à promoção de ações capazes de mudar uma realidade.

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Expediente

Déborah Dorascienzi Diretora de Conteúdo

abeeon.com.br/deborah.dorascienzi

Thiago Luzzi

Diretor Executivo

abeeon.com.br/thiago.luzzi

Angelo Davanço Jornalista e Revisor

abeeon.com.br/angelo.davanço

Mariana Pacheco

Jornalista

abeeon.com.br/mariana-pacheco

Henrique Moretto

Projeto Gráfico e Diagramação

abeeon.com.br/henrique.moretto

Camila Rodrigues

Jornalista

abeeon.com.br/camila-rodrigues

Thais Megumi Sato Analista de Tecnologia

abeeon.com.br/thais.megumi

Guilherme Bordini

Fotógrafo

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Lia Verônica Dorascienzi Social Media

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Influencers Revista Abeeon Empreende Av. Wladimir M. Ferreira 1660 sl 607 Jd. Botânico – Ribeirão Preto CEP 14021-630

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Colunistas

Augusto Carminati Leopoldo Andretto Pedro Custódio Thiago Franco

Foto de Capa Ricardo Ferreira

Site: revistaempreende.com.br Sugestões e Críticas: contato@revistaempreende.com.br Perfil na Rede Social de Negócios: abeeon.com.br/revistaempreende

Publicidade e Anúncios: comercial@abeeon.com Thiago (16) 99766-5152 Impressão: Grafilar Gráfica e Editora Circulação: Ribeirão Preto (SP)

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Conteúdos elaborados por empresas que anunciam na revista estão referenciados por expressões como “apresenta”, “apresentado por”, “oferecimento”, “especial publicitário”, “conteúdo publicitário”, publieditorial”, “publi” e “promo”. A Revista Abeeon EMPREENDE é uma publicação bimestral. Todos os direitos são reservados. É proibida a reprodução total ou parcial. As colunas e matérias assinadas são de inteira responsabilidade dos autores, bem como conteúdos dos anúncios e mensagens publicitárias.


Nosso Propósito

Vivemos na Melhor Era por Déborah Dorascienzi e Thiago Luzzi

O

ano de 2020 chegou, e agora vivemos a melhor era da civilização humana. Temos conhecimento e tecnologia suficientes para resolvermos os piores problemas da humanidade. Mas a pergunta é: Por que ainda há pessoas passando fome, sem moradia, sem estudos, e morrendo de doenças que não são graves? Pode haver várias respostas para esta pergunta, mas o que todas vão apontar é que falta gente com iniciativa, com vontade de querer resolver. Gente que não vive apenas para si mesmo, mas que se preocupa com as pessoas ao seu redor. Claro que há pessoas preocupadas e engajadas em produzir e solucionar os problemas do mundo, mas quando comparadas com a “massa”, ainda são minorias. Esperamos por grandes líderes políticos, empresários e ativistas. Mas na verdade, o que precisamos é ser e não esperar. Ao sabermos sobre quem somos, e quais nossas habilidades e limitações, podemos olhar ao redor e fazer mais pelos outros do que além de nós mesmos. Se cada indivíduo pensar dessa forma, teremos uma “massa” de gente que se importa e faz a diferença no planeta. Você, leitor da Empreende, provavelmente é um grande agente de transformação. Isso porque empreendedores são pessoas com iniciativas, que produzem algo que seja útil para as pessoas, geram empregos, fazem o dinheiro circular e, assim, movimentam a economia do país. Por isso, precisamos cada vez mais de pessoas com espírito empreendedor, para sermos a “massa” empreendedora e, dessa maneira, utilizamos os recursos e conhecimentos que estão à nossa disposição para melhorar, de maneira sustentável, a vida do coletivo e, consequentemente, a nossa.

2020. Ele compartilhou conosco os desafios da transição de carreira, de ex-nadador para empreendedor. “A maior dificuldade que encontrei foi perceber quais as expectativas de trabalho que eu teria na vida pós-atleta. Quando você analisa isso, pode ter dinheiro, pode ter conhecimento, pode ter uma série de coisas, mas se não tem perspectiva e não sabe muito bem para onde vai, fica muito complicado”, garante. E você, está na direção certa? A maioria das pessoas que entrevistamos, no início de suas carreiras, trabalhava em áreas bem diferente das que atuam com sucesso hoje. Como é o caso do cineasta Juliano Salgado, outro entrevistado nesta edição. Antes de conquistar seu espaço no meio cinematográfico, Juliano se formou em direito e economia, na Université Paris1 Pantheon Sorbone. “Ao concluir o curso, percebi que não queria passar os meus dias trancados em um escritório”, diz. Graças ao alinhamento de perspectiva, Juliano Salgado encontrou sua paixão e nos brindou com o documentário “O Sal da Terra”, de 2014, reconhecido mundialmente por sua direção. Além de saber onde quer chegar, as pessoas bem-sucedidas, independente da área, pertencem a um conjunto especifico: O conjunto das pessoas que não desistem. Conte com a gente ao buscar conhecimento e motivação. Entre de cabeça nesta edição e sinta-se pronto para superar os desafios que o ano lhe reserva. Feliz 2020 e boa leitura!

Atitude de Campeão

Comprometimento, foco e disciplina são atitudes fundamentais para quem deseja ser um bom empreendedor. Gustavo Borges, medalhista olímpico e palestrante, é o nosso entrevistado de capa, nesta primeira edição de

foto: Guilherme Bordini

Como forma de contribuir para a sua jornada empreendedora, nós da Empreende, há mais de um ano, já abordamos temas sobre o futuro do trabalho, inteligência artificial, indústria 4.0, startups, a era da informação, educação continuada, cidades inteligentes, blockchain, ensino a distância, além de entrevistarmos grandes profissionais nacionais, regionais e internacionais, que ao contarem suas histórias despertam insights e promovem o conhecimento e motivação para superar os desafios diários de quem empreende.

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O NDE VO CÊ

ACONTECE #EunoRBS


@ribeiraoshopping

PORQUE TUDO É SEMPRE

MUITO MAIS. ESTILO DO POP AO TRENDY GASTRONOMIA DIVERSIFICADA GRANDES ESPETÁCULOS EXPOSIÇÕES INOVADORAS CURSOS INUSITADOS O MELHOR DA MÚSICA AS ÚLTIMAS TENDÊNCIAS EM BEAUTY UM CENTRO MÉDICO COMPLETO


O Futuro do Trabalho

Educação a Distância cada vez mais Perto dos Alunos por Angelo Davanço

EAD cresce no ensino superior brasileiro e apresenta oportunidades e desafios para instituições de ensino, professores e estudantes

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prender algum ofício a distância não é necessariamente algo novo na história da educação brasileira. Registros da Associação Brasileira de Ensino a Distância (ABED) dão conta de que em 1904 já existiam anúncios em jornais do Rio de Janeiro oferecendo cursos de datilografia por correspondência. Nos anos 30 e 40, surgiram instituições, como o Instituto Universal Brasileiro e o Instituto Monitor, que se notabilizaram por oferecer cursos a distância das mais variadas disciplinas. De manicure a técnico em eletrônica, de mecânico a cozinheiro, a informação circulava em um ritmo frenético via Correios, programas de rádio ou de televisão.

“É preciso elevar o nível educacional geral. O desafio maior é como oferecer educação a preços compatíveis com a baixa renda média da população brasileira e, ao mesmo tempo, com um bom nível de qualidade” José Pio Martins

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Com o surgimento da internet comercial nos anos 80 e a popularização de novas tecnologias, abriu-se uma nova possibilidade de difusão da informação e, claro, a educação a distância deslanchou. A partir deste período, várias universidades passaram a formalizar suas iniciativas em EAD, culminando na criação, em 1996, da Secretaria de Educação a Distância (SEED), do Ministério da Educação (MEC). Naquele mesmo ano o EAD no Brasil passou a contar com uma legislação abrangente que hoje garante, por exemplo, a validade de diplomas emitidos pelos cursos nesta modalidade de ensino. Ao ampliar os seus braços, atingindo municípios e parcelas da população antes inalcançáveis por questões de estrutura ou de valores de mensalidades, o EAD brasileiro experimenta hoje um avanço sem precedentes. Segundo o Censo de Educação Superior 2018, divulgado pelo MEC em setembro do ano passado, o número de vagas ofertadas no ensino superior a distância no Brasil superou as do ensino superior presencial pela primeira vez na história.


O Futuro do Trabalho Em 2018, foram 13,5 milhões de vagas oferecidas para um curso de educação superior no Brasil. Delas, 7,1 milhões foram para cursos a distância, enquanto 6,4 foram para cursos presenciais. Porém, mesmo com esse salto nas vagas oferecidas, ainda há mais alunos matriculados em cursos superiores presenciais (6,4 milhões) do que em cursos a distância (2 milhões). Especialistas ouvidos pela revista Empreende explicam o sucesso e comentam os desafios do ensino a distância no Brasil. Para a doutora em Educação e diretora de conteúdos da Bett Brasil Educar, Maria Alice Carraturi, o grande papel do EAD está em incluir aqueles que estavam fora do sistema regular de ensino. “O perfil de estudantes começou a mudar e em pouco tempo passou a ser uma opção para segunda graduação, para mais jovens, e ainda continua sendo a primeira graduação para quem não pode frequentar o ensino presencial. Este perfil abrange tanto aqueles que estão no mercado de trabalho e não conseguem frequentar diariamente um curso, aqueles que por tarefas domésticas também não e quanto aqueles que optam pela modalidade pelo preço, pois o custo de um curso a distância pode ser 70% mais barato que um

“O EAD não se resume apenas a transportar para o ambiente virtual o mesmo que se faz no ensino presencial, é necessário que as práticas sejam pensadas para a educação a distância. É uma quebra de paradigmas”

imagem: Shutterstock

Antonio Marcos Neves Esteca

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O Futuro do Trabalho

Alunos apontam Flexibilidade como Vantagem, mas sentem falta de Interação

praticidade de administrar o próprio tempo e a flexibilidade de fazer o curso em diversos espaços são as principais vantagens apontadas por alunos que estão matriculados em cursos na modalidade EAD, porém, a falta de interação com os colegas e professores é um problema comum destacado por quem estuda a distância. “A maior vantagem é a praticidade de você administrar o seu tempo e adequá-lo à sua rotina. Já a desvantagem, comparado aos cursos presenciais, é a relação com os demais companheiros de turma que, querendo ou não, acaba sendo mais limitado a fóruns ou coisas do tipo”, diz Alex Soares, designer de produtos e ilustrador de Cravinhos (SP) que atualmente cursa uma pós-graduação em Neurociência de uma instituição instalada no Rio Grande do Sul. “Tem toda a praticidade de não precisar sair de casa para estudar, já que muitas vezes o dia a dia é corrido e fica cansativo se locomover a outro bairro ou até mesmo outra cidade para fazer as aulas. A principal desvantagem é a falta de discussão e interação com

13,5

milhões Foi o total de vagas oferecidas para um curso de educação superior no Brasil em 2018

7,1

milhões Foram ofertadas para cursos na modalidade de Ensino a Distância (EAD) no mesmo período

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os professores e demais alunos, privilégio que apenas os cursos presenciais proporcionam. Por mais que exista um fórum para debate, ele é pouco utilizado e não é bom para discussões mais aprofundadas”, avalia Caroline Canalle Oliva, administradora de empresas de Ribeirão Preto (SP) que faz pós a distância em Gestão e Governança de Tecnologia da Informação pelo Senac. Outro ponto destacado pelos alunos é a necessidade de disciplina para fazer as atividades longe da sala de aula física. Para Alex, quem quer partir para uma graduação ou pós a distância deveria primeiro investir em cursos livres de menor duração para verificar se consegue se adaptar às características da modalidade. “A pessoa tem que se certificar se está realmente interessada no curso, pois esta modalidade de ensino exige muita disciplina. Se não houver comprometimento é fácil começar a se sabotar, pulando atividades e assistindo as videoaulas pela metade, por exemplo”, aconselha Caroline.

6,4

milhões Foram as vagas oferecidas para cursos presenciais nas instituições de ensino superior do país em 2018

imagem: Freepik

A


O Futuro do Trabalho

51%

imagem: Freepik

Foi o aumento dos cursos de EAD registrados no MEC há dois anos. Eram 2.108 em 2017, saltando para 3.177 no ano seguinte, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep)

presencial. Dessa forma, ele se torna um curso ‘possível’ para uma população que não teria acesso não fossem estas condições de flexibilidade e de preço”, avalia.

dantes de graduação EAD, o que se explica, em parte, pelas atribuladas rotinas que têm, necessitando conciliar os estudos com o trabalho, tarefas domésticas e, muitas vezes, a criação dos filhos”, analisa o especialista em Gestão de Negócios Antonio Marcos Neves Esteca, diretor de operações da Faculdade Metropolitana do Estado de São Paulo.

“O Brasil tem 5.570 municípios, logo, há uma legião de jovens e adultos que querem fazer um curso superior ou de pós-graduação, mas não podem ou não querem sair de suas cidades. Além “O que precisamos disso, os cursos na modalidade neste momento é de EAD são mais baratos e oferecem maior flexibilidade de horários e qualidade e não de atividades”, aponta o economista quantidade. Como José Pio Martins, membro da Acavisto, é uma grande demia Paranaense de Letras e reitor da Universidade Positivo. demanda e não se Apontada como a grande vantagem do ensino a distância, a flexibilidade é uma característica inerente da modalidade, uma vez que os alunos podem estudar nos lugares, horários e dias que melhor se encaixem em suas rotinas. “Pesquisas da Associação Brasileira de Educação a Distância revelam que mulheres representam mais de 55% dos estu-

pode mais oferecer qualquer coisa, pois o aluno também se torna exigente e quer aprender e ser bem atendido no curso a distância”

Maria Alice Carraturi

Oportunidades e Desafios

Se para os alunos o EAD veio como uma ferramenta de inclusão, para os estabelecimentos de ensino superior ele se apresenta como uma grande oportunidade de negócios. “Essa é uma oportunidade sem precedentes para as instituições de ensino superior, pois permite alcançar alunos de todas as regiões do país, o que cria condições para ampliação da oferta de vagas, contribuindo para o aumento do faturamento e das possibilidades de expansão. No entanto, é importante que as instituições se capacitem do ponto de

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O Futuro do Trabalho

Um Novo Campo de Atuação para os Professores Além das oportunidades para as instituições e para os alunos, o EAD amplia o campo de atuação dos professores. “A função do professor na modalidade EAD exige habilidades e tarefas diferentes do professor de cursos somente presenciais. Primeiro, o professor precisa preparar materiais autoexplicativos, didáticos e com bom nível de clareza e profundidade. Isso exige, entre outras, enorme habilidade de escrever e explicar com didática específica de linguagem escrita. Em segundo lugar, o professor precisa desenvolver métodos para esclarecimento de dúvidas e de avaliação”, analisa o reitor da Universidade Positivo, José Pio Martins.

“Existe nesse cenário uma grande oportunidade e também um desafio. A oportunidade é a possibilidade de crescimento expressivo da educação na modalidade EAD. O desafio é produzir materiais e conteúdos de qualidade, dispor de infraestrutura de comunicação moderna e adequada, estruturar polos para as atividades presenciais, como é o caso de provas, e adotar didática que leve ao aprendizado efetivo e de bom nível”, avalia José Pio. Para Maria Alice Carraturi, o principal desafio do EAD hoje no país é manter a qualidade às custas de um baixo valor das mensalidades. “O EAD necessita de investimentos, bons professores, bom material didático, tecnologia de ponta e isso tudo custa caro. Se olharmos as experiências nos outros países, veremos que, além de terem o mesmo valor do presencial, não abrem mão de encontros presenciais e uma metodologia de acompanhamento aluno a aluno, para que tenham certeza que está acompanhando o curso e esteja engajado. Aqui, além de ser muito barato, não há a preocupação do engajamento, o que gera ao menos 50% de evasão”, finaliza.

imagem: Freepik

“Temos elaborado cursos de curta e média duração aos docentes abordando todas as peculiaridades da educação a distância, desde aspectos relacionados à metodologia de ensino, avaliação e interação até as características e recursos dos ambientes virtuais de aprendizagem. Somente desta forma criaremos condições para que o docente, anteriormente habituado com o cenário do ensino presencial, possa desempenhar bem seu papel na modalidade a distância”, diz o diretor de operações da Faculdade Metropolitana, Antonio Marcos Neves Esteca.

vista metodológico e tecnológico para que possam ofertar uma educação a distância de qualidade”, explica Antonio Esteca.

35%

Foi a taxa de conclusão de cursos superiores em EAD no ano de 2016, contra 38,6% na modalidade presencial, segundo o Censo de Educação Superior 2018

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Especial Computação Quântica

Um olhar atento para a Computação Quântica por Camila Rodrigues

Paulo Henrique Alves Guimarães, professor universitário brasileiro, dedicou seus estudos a essa tecnologia capaz de revolucionar o futuro

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arece impossível imaginarmos nossas vidas sem as facilidades e benefícios atrelados à tecnologia. Estamos condicionados a pensar de forma digital, seja para pagar uma conta ou consultar um simples exame médico – o que, antes, seria muito mais complicado e demorado. Contudo, estudos realizados por grandes corporações internacionais no ramo tecnológico estão próximos a alcançar um estágio muito mais avançado: a computação quântica. Ela é capaz, por exemplo, de desenvolver sistemas de criptografia inquebráveis e promover avanços importantíssimos para áreas de pesquisa em bioquímica. Engana-se quem pensa que o Brasil está na retaguarda desse progresso. Pelo contrário. O tema já foi objeto de estudo e tem rondado universidades de renome com intuito de conseguir bons resultados, mesmo com todas as dificuldades encontradas em relação à verba e materiais adequados. Um nome de peso nessa área é o do professor doutor Paulo Henrique Alves Guimarães, de 55 anos, de Brasília (DF), que defendeu seu doutorado sobre Computação Quântica e o Apocalipse Criptográfico.

que rondaram suas escolhas. “Pensei em outros cursos, mas não desisti da física, apenas optei, depois, por outras formações complementares”, afirma. O especialista compartilha que, fora a licenciatura e o bacharelado em Física, também é graduado em Matemática. O acadêmico, pensando em complementar suas formações, optou por especializações, desse modo, tornou-se mestre e doutor em Física pela Universidade de Brasília.

Para alguns, pode soar estranho uma criança almejar uma carreira como físico. Porém, para Paulo Henrique, essa escolha se deu de forma orgânica, baseada em suas aptidões reais e focada em disseminar conhecimento de forma clara e objetiva – exatamente o que faz há, exatamente, 33 anos na área educacional. “Tinha facilidade com a área de exatas e busquei um curso que pudesse explicar coisas que não entendia e, assim, repassar, de uma maneira simplificada, conhecimentos diversos”, relata. Entretanto, segundo o professor, houve outras opções de graduações

Paulo Henrique enfatiza que seu objeto de estudo se trata de um assunto desconhecido por grande parte da população, e que explicá-lo não é uma tarefa simples. “A maneira mais didática e de fácil compreensão seria dizer o seguinte: é um computador capaz de realizar uma quantidade muito grande de processos simultaneamente, o que implicará em resolver problemas do nosso dia a dia em tempo recorde”, afirma, com clareza, o docente da Secretaria de Estado da Educação do Distrito Federal e Adjunto II na Universidade Católica de Brasília.

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De acordo com ele, durante a produção de seu doutorado, direcionado à área de computação quântica, surgiram alguns obstáculos a serem transpostos, contudo, nada que o desanimasse ou diminuísse o seu contentamento em estudar um assunto tão relevante e que, no futuro, trará melhorias para tarefas realizadas no nosso cotidiano. “O tema, na época, era muito pouco conhecido - ainda é -, mas bastante intrigante e apaixonante. O meu maior desafio foi encontrar um computador clássico, que pudesse fazer as simulações que necessitava”, conta.

Computadores mais rápidos


Especial Computação Quântica A fim de nos aprofundarmos no assunto, a revista Empreende conversou com o professor doutor Paulo Henrique Alves Guimarães, que esmiuçou e sanou questões sobre o que é a computação quântica, de uma forma bem didática, e contou os benefícios que essa tecnologia pode proporcionar ao nosso dia a dia. Confira! Empreende – O que há de diferente na computação quântica? Paulo Henrique – É um computador que utiliza, para seu processamento, as propriedades existentes apenas na mecânica quântica, tais como superposição, emaranhamento e decoerência quântica. Em uma analogia clássica, significa que, num jogo de moedas, as faces “cara e coroa” conseguiriam permanecer em ambos estados, de forma simultânea, e ainda interagir e modificar os estados uma da outra, por tempo até que se percam.

foto: Sérgio Kremer

Empreende – O que torna os computadores quânticos tão poderosos? Paulo Henrique – Eles são capazes de resolver problemas do nosso dia a dia em tempo recorde. Por exemplo, um cálculo de fatoração de um número de 512 bits pode ser resolvido em 34 segundos, quando, na computação clássica, levaria quadro dias. Ou uma fatoração que levaria 100 mil bilhões de anos pode ser resolvida em 36 minutos de processamento.

Empreende – O que é supremacia quântica? Paulo Henrique – Conseguir ser o primeiro a construir um computador quântico. Há controvérsias sobre quem atingiu ou atingirá tal supremacia. O Google, em 2019, anunciou o Sycamore, um chip quântico que resolveu um caso bem específico: conseguiu desvendar, em 200 segundos, o segredo por trás de um gerador de números aleatórios, algo que o mais potente computador do mundo levaria 10 mil anos para fazer. A empresa canadense D-Wave anunciou, em 2007, o Orion, como o primeiro computador quântico, que funcionou por um período incrivelmente curto. Em 2017, também anunciou o 2000Q. Porém, não está comprovada a supremacia por meio dessas empresas, pois há dificuldades em manter estas máquinas funcionando - o que dificulta a comprovação na ciência, embora se reconheça que há avanços.

“Os computadores clássicos continuarão sendo os de maior uso, pois, para manter os quânticos funcionando, será necessário um engenhoso sistema de refrigeração que envolve, além de um grande espaço, um gasto muito grande em manutenção”

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Especial Computação Quântica Empreende – Por que demorou tanto tempo para se chegar a este ponto? Paulo Henrique – Questão tecnológica, o domínio do mundo quântico não é tão simples. Somente com o desenvolvimento da nanotecnologia, que atinge o tamanho das moléculas, se chegou mais perto, mas ainda está muito longe de dominar o mundo dos átomos, onde a computação quântica atinge. Empreende – Como o anúncio do Google vai impactar a civilização nos próximos cinco anos? Paulo Henrique – Os computadores clássicos continuarão sendo os de maior uso, pois, para manter os computadores quânticos funcionando, será necessário um engenhoso sistema de refrigeração que envolve, além de um grande espaço, um gasto muito grande em manutenção. Veja que o computador anunciado pelo Google precisa de dois dias para chegar à temperatura de funcionamento, e para qualquer manutenção, dois dias para aquecer e chegar na temperatura de manutenção.

Empreende – Os computadores quânticos não têm a mesma arquitetura que os computadores convencionais, nem mesmo a dos supercomputadores. Como será o futuro dos cursos relacionados à tecnologia da informação, dos profissionais atuantes da área e da indústria de hardwares e softwares? Paulo Henrique – Ainda continuarão evoluindo com o progresso que traz a computação clássica, tendo em vista que estes continuarão existindo por longo período, não será possível descartá-los. Poucos profissionais, por um bom tempo, terão oportunidade de trabalharem com os computadores quânticos, à semelhança do que ocorre, hoje, com os supercomputadores. Empreende – Como você vê o Brasil em relação ao domínio da computação quântica? Paulo Henrique – Há grupos trabalhando na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), contudo, carecem de maiores recursos. Trabalham em coparticipação com grupos de outros países.

foto: Divulgação

Empreende – A capacidade de processamento de uma máquina quântica extrapola tudo o que conhecemos. O que você acredita que seríamos capazes de descobrir/criar/dominar ao unir sistemas de inteligência artificial com uma rede de computadores quânticos? Paulo Henrique – Esta união trará muitos avanços para

a humanidade, haja vista a internet das coisas, tudo será melhorado, mas isso não é para um futuro próximo, pois, além de construir o computador quântico, é necessário mantê-lo, com custo muito grande e muita tecnologia.

Parte interna do Computador Quântico da D-Wave Systems

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#oMelhorProfissional – Tecnologia

Da Pré-História ao Futuro da Internet Brasileira Entrevista a Angelo Davanço

Edney Souza, o Interney, relembra os tempos em que ensinava como fazer backup e instalar antivírus e aponta os caminhos da internet no futuro

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uando a internet comercial dava os primeiros passos no Brasil, em meados dos anos 1990, Edney Souza era um jovem que já gostava de mexer com programação e buscava se informar em livros, jornais e revistas - os meios de comunicação da época -, sobre a tal revolução digital que se anunciava. Incentivado pelos amigos, o nerd da turma criou um site em que se dedicava a explicar como funcionavam as coisas neste novo cenário, desde como instalar um antivírus até a necessidade de fazer backups de arquivos em numerosos disquetes. Como foi um pioneiro do assunto na língua portuguesa, logo virou referência e ganhou o apelido de Interney. De lá para cá, abriu e fechou empresas, continuou sempre pesquisando, anunciou tendências, virou consultor, professor, palestrante e hoje ocupa o cargo de diretor acadêmico da Digital House, escola com matriz na Argentina que chegou ao Brasil em 2015, com foco na formação rápida de profissionais digitais, além da atualização de quem já está no mercado e não quer ficar para trás quando o assunto é a transformação digital.

Na entrevista a seguir, Edney relembra sua atuação nos primórdios da internet brasileira, aborda as transformações das carreiras e alerta: “Enquanto vocês lamentam o fim dos likes, já deram uma olhada nessa outra tendência surgindo aqui? A voz?”. Confira. Empreende – Você já era uma celebridade da internet antes desta categoria chamada influenciadores ser criada. Fale sobre os seus primeiros passos com a comunicação na rede. Edney Souza – Eu era o “amigo nerd” dentro do meu círculo de amizades. Quando criei o primeiro site, um

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deles sugeriu transformá-lo num repositório de conhecimento de tecnologia - coisas como fazer backup e instalar antivírus, entre outras atividades pré-históricas. Como foi o primeiro site em língua portuguesa da categoria, ele viralizou muito rápido e eu acabei me tornando uma referência sobre como usar tecnologia e internet para o público leigo. Isso rendeu, além de muita audiência, que depois eu converti em monetização, muitas matérias em jornais e revistas e fez com que até hoje eu seja lembrado como fonte nesta área. Obviamente que o tempo todo eu tenho que me atualizar, reinventar, abandonar certeza antigas, etc. Eu vivo a transformação digital diariamente, senão já teria me tornado irrelevante. Empreende – Com apenas 13 anos, você aprendeu a programar e passou a trabalhar com os primeiros recursos que a internet oferecia. Programação hoje é algo essencial na formação das pessoas? Edney Souza – A internet comercial, que foi quando eu tive acesso, veio em 1995, seis anos depois que comecei a programar. Atuar em programação me ajudou desde cedo a enxergar as coisas de forma estruturada, em processos, analisar o que podia ser automatizado, otimizado, etc. Esse olhar analítico que a programação desenvolve é essencial para todas as profissões. Então não é exatamente que todo mundo será programador, mas todo mundo deveria aprender programação para desenvolver essas formas de raciocínio.

“Não é exatamente que todo mundo será programador, mas todo mundo deveria aprender programação para desenvolver essas formas de raciocínio”

Empreende – Como oferecer esta formação ao maior número possível de pessoas? Edney Souza – Seria ótimo se programação já fizesse parte do currículo das escolas, enquanto não há


#oMelhorProfissional uma mudança oficial dos currículos nesse sentido. Nós, na Digital House, estamos fazendo parcerias com colégios por meio do projeto DHSchools. O intuito é oferecer programação a crianças de 6 a 16 anos. Acredito que todo mundo, em início de carreira, deveria fazer um curso de programação. Conheço pessoas de RH que fizeram programação lá atrás e hoje têm projetos de dados para RH na empresa. O pensamento analítico da programação fez com que esses profissionais fossem pioneiros em outras áreas. Aqui, às vezes, temos médicos, nutricionistas, entre outros profissionais de áreas diferentes, estudando disciplinas digitais não para mudar de carreira, mas para inovar nestas áreas.

Foto Divulgação

Empreende – Na sequência da evolução da comunicação e dos negócios na internet, o que deve vir por aí em um futuro próximo? Você fala sobre a ‘era da voz’, em substituição à ‘era dos likes’. Edney Souza – Os likes já morreram faz um tempo. Nos Estados Unidos, por exemplo, as campanhas focam muito mais em engajamento. A era da voz não é necessariamente um substituto da era dos likes, meu raciocínio é mais no sentido de chamar a atenção da seguinte maneira: “Hey! Enquanto vocês lamentam o fim dos likes, já deram uma olhada nessa outra tendên-

“O tempo todo eu tenho que me atualizar, reinventar, abandonar certeza antigas, etc. Eu vivo a transformação digital diariamente, senão já teria me tornado irrelevante”

cia surgindo aqui? A voz?”. Empresários e especialistas precisam olhar mais o que vem por aí do que lamentar o que está caindo em desuso. Temos muita tecnologia pronta que ainda não foi amplamente distribuída e a voz é um bom exemplo disso. Já temos soluções com um alto grau de maturidade tecnológica, temos mercados onde a distribuição está chegando a 50% da população e tudo indica que aqui será um hábito que vai crescer rapidamente. No Brasil, 34% das pessoas já usam comando de voz e buscas por voz segundo números do HootSuite e WeAreSocial do começo de 2019. A era da voz é a era da comodidade, a voz é a interface mais natural, vamos aumentar o consumo de podcasts, transcrever mais do que escrever e acionar dispositivos verbalmente ao invés de ícones. Já é uma realidade e é questão de tempo para se tornar mais comum. Empreende – Para quem quer iniciar, hoje, um negócio na internet, para onde deve focar seus esforços? Edney Souza – Olhe as pessoas ao seu redor, fale com quem você imagina que seria o seu cliente, ouça suas dificuldades e problemas. Se muita gente tem o mesmo problema e você sabe resolver, isso é uma oportunidade. Mesmo que já exista uma solução para isso, o fato de que tem muitas pessoas sem saber qual é a solução, significa que as soluções existentes não são

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#oMelhorProfissional – Tecnologia

Empreende – A revolução digital afeta a maioria das carreiras. Como se preparar para este cenário? Edney Souza – Eu costumo dizer que todos precisam começar a desenvolver uma mentalidade de programador, ou seja, ter a capacidade de analisar algo e quebrar em pequenas tarefas para automatizar, esse é o mindset do desenvolvedor de software. O cenário digital não vai mudar, ao contrário, vai crescer cada dia mais. A tendência é que todas as profissões, de alguma forma, agreguem a tecnologia de maneira parcial ou definitiva nos seus processos e no dia a dia. Então, é preciso se atualizar nesse sentido, vai ser necessário uma mudança de área muitas vezes ou, em outras, alguma especialização que pode ser por meio de cursos rápidos e de conhecimento aprofundado que preparem essa pessoa para o mercado de trabalho ágil como é hoje. Buscar cursos digitais é uma das maneiras para estar apto para este momento do mercado e com competências técnicas sólidas para a demanda atual por esses profissionais. Além disso, as Soft Skills, ou habilidades individuais, são fundamentais hoje em dia, elas

podem determinar muito do desempenho das pessoas na sua carreira, então é importante se equipar de conhecimento, mas também aprender a ser resiliente, aberto a discussões e novos aprendizados. Saber trabalhar em equipe e construir bem suas ideias são algumas das habilidades bem avaliadas pelas empresas hoje em dia. Empreende – Hoje há falta de profissionais para atender à demanda gerada pela tecnologia. Como está a busca do mercado por estes profissionais e qual a melhor maneira de se preparar para atender esta realidade? Edney Souza – As empresas precisam começar a investir no desenvolvimento da mão de obra interna. Temos muitos programas bem-sucedidos em parcerias com empresas, onde os funcionários aprendem habilidades digitais, mantêm seu emprego e desenvolvem suas carreiras para o futuro; as empresas economizam no processo de recrutamento, baixam o turnover e melhoram o clima organizacional. As pessoas, independentemente da área que vão trabalhar, precisam entender que pensamento analítico, decisões orientadas por meio de dados, visão centrada no consumidor e storytelling são necessários em todas as áreas e precisam buscar um complemento digital em suas carreiras. Todo mundo tem um celular no bolso e acessa a internet, os negócios do futuro são todos digitais.

“Saber trabalhar em equipe e construir bem suas ideias são algumas das habilidades bem avaliadas pelas empresas hoje em dia”

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Foto Divulgação

muito eficazes ou não são segmentadas e/ou divulgadas o suficiente. Há oportunidades em todas as áreas e nichos, a partir daí, se você conhecer metodologias de negócios como Lean Canvas, pode economizar um belo tempo para modelar algo novo.


#oMelhorProfissional – Startup

Café vira Arte nas Mãos de Ana Paula

por Angelo Davanço

Projeto de conclusão de curso da designer de produtos Ana Paula Naccarato deu início a empresa que produz biojoias e objetos de decoração a partir da borra do café

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foto: Guilherme Bordini

abe aquele cafezinho que você toma todos os dias? Já parou para pensar para onde vai a borra que fica no filtro de papel depois que a água quente passou pelo pó? Na maioria das vezes, vai para o lixo, não é mesmo? Não para Ana Paula Naccarato, que utiliza a criatividade, aliada aos conceitos da sustentabilidade, para dar um novo destino a este resíduo altamente prejudicial para o meio ambiente.

“Acredito que estamos conseguindo passar a mensagem de revalorizar, através do design, materiais que hoje são vistos como inutilizáveis, e conseguir mudar a visão geral de como as pessoas se relacionam com o lixo e o consumo”

Descartada em lixões e aterros sanitários, a borra do café é uma das principais produtoras do chorume, líquido que penetra no solo e tem alto potencial de contaminação do lençol freático, podendo prejudicar a água, aquela mesma que você usa para passar o seu café. Em 2016, ao se formar no curso de Design de Produtos pela FAAP, Ana Paula desenvolveu, para um trabalho de conclusão de curso, um material produzido a partir da borra do café e aglutinantes naturais. “Durante a escolha do tema do meu trabalho, eu só tinha ideia de que a sustentabilidade seria o meu centro. Depois de pouco mais de um mês levantando possibilidades, questionei o café.

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#oMelhorProfissional – Startup

Matéria prima sai de cafeterias e restaurantes A designer de produtos Ana Paula Naccarato encontra nas cafeterias e restaurantes seus maiores fornecedores da borra de café que teria o lixo como destino certo. “Por questões de logística, nós recolhemos o resíduo de cafeterias e restaurantes, mas sempre tem algum conhecido ou cliente que nos entrega o seu resíduo residencial que, apesar de não ser muito, é algo que sempre nos comove bastante, porque compreendemos que essa pessoa já não enxerga mais a borra de café como lixo, ali ela já reconhece que existe valor, e é essa a mensagem que queremos passar para nossos clientes, ressignificar aquilo que chamamos de lixo”.

Upcycling Também conhecido como reutilização criativa, o termo Upcycling se refere ao processo de transformação de resíduos, produtos inúteis ou indesejados em novos materiais ou produtos de melhor qualidade ou com maior valor ambiental.​

Comecei a pensar o quanto o hábito de tomar café está presente na nossa cultura e consequentemente no nosso dia a dia. E então comecei a pesquisar sobre seus resíduos. Uma informação que me surpreendeu foi a de que consumimos menos de 5% do produto, seu restante é todo lixo. Bebemos, na verdade, a água que passa pelo pó e retira as essências do café, o produto em si se concentra quase todo no filtro”, explica Ana Paula. Com o resíduo escolhido, a designer partiu em busca de possibilidades para transformá-lo em produto. “Depois de meses fazendo diversos experimentos, cheguei ao que eu queria, um material vegetal rígido e sustentável, que me abria um leque muito grande de possibilidades de aplicações”, relembra. Um ano depois, surgia a Recoffee Design, empresa sediada em Ribeirão Preto (SP) que hoje conta com uma linha de mais de 60 modelos disponíveis, entre biojoias, objetos de decoração e peças de revestimento de paredes, tudo no tom terroso que as diversas variações do café podem oferecer, com preços médios que Resíduos variam entre R$ 35 e R$ 240. Uma das bebidas “Como todo negócio, o início mais consumidas no não foi algo fácil, ainda mais planeta, o café gera quando se trata de um produto cerca de 20 milhões extremamente novo. Dentro de toneladas de resíde nossos desafios estava produos por ano em todo duzir artesanalmente em uma o mundo, segundo escala maior, sem perder a pesquisa da Univeressência da sustentabilidade; sidade de Navarra, e descobrir a aceitação desse na Espanha. novo produto no mercado. Hoje, o desafio maior ainda é fazer com que as pessoas entendam que quando você compra um produto da Recoffee, você compra mais do que o design e o material, você compra também um conceito de sustentabilidade”, avalia.

Ciclo de Vida Segundo Ana Paula, um dos principais pilares para o consumo consciente é o pleno entendimento do ciclo de vida do produto que é oferecido. “Proporcionar ao consumidor escolhas que minimizem os impactos negativos ao ambiente e que gerem impacto positivo, no nosso caso ressignificando materiais que se tornariam lixo através do Upcycling, traz uma nova dinâmica para o processo de inovação que vai além da busca majoritária do sucesso financeiro da empresa”, comenta a designer. “Além de sermos uma marca de design que oferece produtos sustentáveis, temos também uma missão com a educação do consumidor, mostrando que existem alternativas inimagináveis como opções de escolhas sustentáveis, contribuindo para uma melhor qualidade de vida para a nossa e para as próximas gerações”, completa.

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Apresentado por Perplan

Perplan começa 2020 dando Boas-Vindas aos Colaboradores em Nova Sede Própria Com quase 1.000m², o novo escritório possui projeto arrojado e infraestrutura completa, que contemplam tanto as necessidades dos funcionários como o melhor atendimento ao cliente

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onsolidando e iniciando as comemorações de seus 20 anos de história, a serem completados em setembro, ao mesmo tempo em que inicia um novo ciclo, a Perplan começou 2020 de casa nova. Foi inaugurado, em janeiro, o novo escritório da incorporadora, localizado no Civitas Complexo Sul, na avenida Wladimir Meirelles Ferreira, 1.465, Jardim Botânico, Ribeirão Preto. “O dia de hoje se tornou um marco importante na história da Perplan. Trata-se de um lugar preparado para que possamos ser mais eficientes e eficazes nos próximos anos e que permitirá que a empresa seja, realmente, de primeira linha, como esperamos que ela seja”, afirmou o presidente Ricardo Telles no discurso de abertura. A nova sede fica no 1º andar do edifício comercial do complexo, todo ele erguido pela Perplan e parceiros, onde também já funciona, no térreo, o escritório de vendas da empresa – unificando, assim, todas as equipes operacionais, gestoras e estratégicas.

Mais Qualidade de Trabalho

Uma Nova Sede, uma Nova Perplan

A nova sede foi norteada pelo objetivo de integrar os funcionários. O resultado foi a aplicação do conceito de “open space”: um escritório todo aberto, que permite a fluidez do trabalho em equipe. Para esse resultado, todos trabalham no mesmo espaço aberto – inclusive os diretores executivos. Foram levados em consideração os colaboradores que não estão todos os dias no escritório, como consultores, assessores e engenheiros. Para eles foram feitas mesas colaborativas e bancadas de trabalho volante. Essa organização permitirá um aumento dos postos de trabalho, totalizando 150 funcionários atuando ao mesmo tempo e no mesmo local. O cliente também passou a contar com uma área especialmente pensada para que ele conheça a empresa que está contratando, enquanto é atendido com conforto. Assim, em um ambiente envidraçado e voltado para o escritório, ele pode visualizar toda a equipe trabalhando.

foto: Divulgação

A inauguração marcou, ainda, o início de um novo ciclo produtivo. Foi no novo endereço que os cerca de 90 colaboradores da empresa foram recepcionados para começar o ano de trabalho. Para Telles, a mudança de ambiente, oferecendo melhor estrutura de trabalho e acolhimento para os colaboradores, traduz os principais valores da empresa, pautada por honestidade, seriedade, austeridade, prosperidade e humildade. Foi também pensando nesses valores que todos os colabo-

radores receberam, junto com um kit de boas-vindas personalizado, o Código de Conduta Perplan, redigido com apoio de uma consultoria especializada no fim de 2019, com o propósito de reger os padrões de comportamento essenciais da empresa. “São normas comportamentais que já vêm sendo praticadas ao longo de nossa história, mas que, hoje, de certa forma, fica oficializada”, explicou Telles. Todos receberam, ainda, a segunda edição da revista Estilo Perplan, com diversas matérias a respeito do universo no qual a incorporadora está inserida.

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Apresentado por Perplan

Perplan 20 anos: Desafios, Sucessos e Muito Orgulho Completando duas décadas e olhando para o futuro, as lideranças da empresa sustentam importantes valores como base de suas ações ao mesmo tempo em que se mantêm à frente das tendências do mercado

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Perplan nasceu de uma bem-sucedida parceria entre duas empresas sólidas e relevantes, com amplo know-how na área da construção civil – a Perdiza Villas Boas, dos irmãos Adilson e Márcio Villas Boas, e a CP Construplan, de Mateus Candia Leoni, José Rubens Bevilacqua e Fernando Junqueira. O resultado dessa união, por sua vez, evoluiu, nos últimos 20 anos, com foco em desenvolver bairros planejados, loteamentos dotados de completa infraestrutura e empreendimentos verticais que aliam sofisticação e alta qualidade em acabamentos. À frente do Conselho de Administração da Perplan, os cinco acionistas são categóricos em dizer que há um enorme sentimento de orgulho em terem construído uma organização forte, séria, assertiva, que sobreviveu a diversas crises econômicas brasileiras e que está cada vez mais profissional.

Antenados às Mudanças

O acionista Fernando Paoliello Junqueira conta que a Perplan nasceu de um planejamento consciente dos donos da Perdiza Villas Boas e CP Construplan, os quais sempre foram profissionais ativos no mercado da

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construção civil, de forma a se manterem antenados às mudanças estruturais do Brasil. Isso lhes garantiu vantagens competitivas fundamentais para enfrentarem as crises e prepararem a empresa para o atual momento. “Éramos cinco cabeças pensando diferente, mas que sempre, ao final, convergiam para o sucesso da organização. Essa sintonia foi importante para que, agora, tenhamos um conjunto de profissionais também afinados conosco. Foi um processo de profissionalização que só nos fez bem. Um dos exemplos é o crescimento em termos de marketing nos últimos três anos”, pontua.


Apresentado por Perplan

foto: Rafael Cautella

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Fernando Junqueira, Adilson Villas Boas, José Rubens Bevilacqua, Mateus Leoni e Márcio Villas Boas

O Nascimento de uma Nova Ribeirão Preto José Rubens Bevilacqua, um dos fundadores da Perplan, é quem reforça que a incorporadora foi a primeira empresa do setor a entender que Ribeirão Preto, mais que precisar, ansiava por espaços e novos vetores de crescimento. Segundo ele, a empresa desbravou o que atualmente é o Jardim Botânico, construindo alguns dos primeiros condomínios, como o Manacás, o Monet e o Magnólias. “Prédios e loteamentos de qualidade todos fazem. O que diferencia a Perplan é que estamos sempre à frente e, assim como impulsionamos o nascimento de uma nova Ribeirão Preto, criando o Bosque das Juritis, nos ajustamos para tornar a empresa perene. Buscamos outros mercados, estamos indo para todas as regiões do estado. Empreendedor é quem, figurativamente, abre ruas, novos caminhos. É assim que somos”, afirma. É também Bevilacqua, quem está mais perto dos negócios da empresa ligados ao setor agrícola. Ele responde como diretor Industrial da Bioenergética Aroeira, em Tupaciguara, na região de Uberlândia (MG), responsável por moer, em média, 2,2 milhões de toneladas de cana em cada safra visando à produção de açúcar e álcool para exportação. O Grupo Saci, de Orlândia (SP), é sócio, por sua vez, da Perplan na destilaria.

Crescimento Sustentável Nesses 20 anos, a Perplan passou de uma empresa que fazia loteamentos relativamente pequenos para atuar na realização de grandes projetos de urbanismo e incorporação. De acordo com o acionista Mateus Leoni Candia, uma empresa do setor da construção civil tem que sempre produzir, trazer dividendos para os sócios, gerar muitos empregos e auxiliar no desenvolvimento dos municípios nos quais está inserida. “Tenho muito orgulho do que construímos. Fomos de uma parceria de duas empresas sólidas, lá nos anos 1990, que fez produtos econômicos, para, em 2019, chegarmos a um lançamento de alto padrão, o Marquises Park Residence, elogiado até por nossos concorrentes. Uma empresa como a nossa, que teve a coragem de deixar de ser familiar e se profissionalizar, há poucas no Brasil”, destaca. Com essa nova geração de gestores, incluindo um CEO com ampla experiência em grandes empresas de negócios imobiliários e construção civil, mudou-se a cara da empresa, tornando-a mais competitiva e mais propositiva. “Nossa estratégia de expansão leva em conta as necessidades das comunidades onde estamos chegando e, principalmente, projetos nos quais possamos continuar fazendo a diferença”, finaliza Leoni.

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#oMelhorProfissional – Agronegócio

Uma Executiva no Agronegócio

por Angelo Davanço

Engenheira agronômica, ex-secretária de Estado da agricultura e presidente do conselho diretor da Abag RP fala sobre a educação para o campo e a participação das mulheres no agronegócio

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história de Mônika Bergamaschi, presidente do conselho diretor da Abag RP – Associação Brasileira do Agronegócio da Região de Ribeirão Preto, poderia ser completamente diferente se tivesse seguido a tradição familiar, no interior paranaense. “Venho de uma família em que se formaram muitos médicos e professores. Fui a primeira a trilhar o caminho das ciências agrárias”, explica. Formada em Engenharia Agronômica pela Unesp de Jaboticabal (SP), em 1992, logo foi para São Paulo, onde trabalhou em banco e se aproximou da economia, mas sempre com o olhar voltado para as coisas do campo. Vieram o mestrado em Engenharia de Produção Agroindustrial pela UFSCar, o MBA em gestão de empresas pela USP em Ribeirão Preto, com foco no cooperativismo, e o reencontro com um ex-professor dos tempos de Unesp, o ex-Ministro da Agricultura nos primeiros anos do governo Lula (PT), Roberto Rodrigues. “O Roberto me convidou para um trabalho de reestruturação da Abag em Ribeirão Preto. A princípio eu ficaria um ou dois anos na cidade, mas já estou há duas décadas”, relembra. Neste período, só se ausentou da cidade, e da entidade setorial, entre junho de 2011 e dezembro de 2014, quando foi a primeira mulher a ocupar o cargo de Secretária de Estado da Agricultura, no governo de Geraldo Alckmin (PSDB). Na Abag, ajudou a implementar um conceito que já era defendido por Roberto Rodrigues em suas aulas: o de que é preciso educar as pessoas para que elas tenham conhecimento da importância do agronegócio. “Nas aulas na faculdade, ele (Roberto) batia muito nisso, de que é preciso falar do agro como um todo, ninguém consegue enxergar apenas um setor, é preciso dimensionar, mostrar como o agro se faz presente na vida das pessoas, mesmo sem elas perceberem”, diz a engenheira agronômica.

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#oMelhorProfissional

Para quem quer empreender no agronegócio, Mônika Bergamaschi é direta no conselho que dá: “Você tem que estar absolutamente seguro do que quer fazer e estar muito bem informado do conjunto de regras trabalhistas, ambientais, da legislação que rege o setor. Não tem mais espaço para amadores no agronegócio”. Para a engenheira agronômica, o campo não é um lugar para experiências, é preciso ter muito claro o que se quer antes do início da jornada. “É uma indústria a céu aberto, em que você não controla todas as variáveis. Tem chuva, tem seca, tem toda a questão natural. Sem dúvida, é um ramo muito delicado, muito trabalhoso, mas, ao mesmo tempo, muito prazeroso”, finaliza.

foto: Guilherme Bordini

‘Não tem mais espaço para amadores no agro’

E assim surgiu um programa de educação que, desde o ano 2000, já atingiu 256 mil alunos de 106 escolas públicas paulistas. O projeto educacional “Agronegócio na Escola” capacita professores das mais diversas disciplinas, que são levados para visitas de campo a usinas e fazendas, onde eles podem verificar de perto como os conceitos da física, da química, da matemática, da história, entre outras áreas do conhecimento, podem se relacionar com o agronegócio. Depois, em sala de aula, são orientados trabalhos de estudantes em concursos de redação, frases, ilustrações, maquetes, feiras de artes e ciências, com premiações para alunos, professores e escolas de destaque. “Mais do que mostrar aos professores estes conceitos que depois podem ser aplicados em sala de aula, apresentamos aos jovens alunos as oportunidades que o campo oferece na vida profissional. São oportunidades para todos os níveis de ensino, o médio, o técnico, o superior. No campo tem trabalho na parte administrativa, na engenharia, na operação de máquinas, são várias oportunidades bem aqui ao lado de casa, em nossa região”, aponta Mônika.

Mulheres no Campo

Oportunidade que Mônika encontrou não sem um pouco de dificuldade logo no começo. “Eu mentiria se dissesse que não encontrei algumas barreiras no início de minha trajetória. Recém-formada, em alguma seleção de

emprego, se eu tivesse o mesmo currículo que um rapaz, a escolha recaía sobre ele”, comenta. Realidade que percebia ainda na faculdade, quando lembra que menos de 10% das matrículas em Engenharia Agronômica eram de mulheres. “Mas isso nunca me intimidou. Ainda criança, era uma das duas meninas de um colégio interno masculino. Meu pai me matriculou em um colégio de meninos pois não queria ter uma filha ‘fresquinha’”, diverte-se. Hoje, com sua trajetória profissional já consolidada e reconhecida – em 2005, foi eleita pela revista Forbes como a mulher mais influente do setor de agronegócio –, Mônika já não sente tantos problemas, mas diz que ainda há muito o que melhorar: “Em muitos eventos que vou, sou a única ou uma das únicas mulheres”. Para ela, eventos como o Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, que em 2019 reuniu 1.700 mulheres, mostram que elas estão conquistando seu espaço, mas faz uma ressalva: “Para mim, faria mais sentido se estas 1.700 mulheres estivessem participando de um evento masculino e não em algo voltado só para elas. Hoje, o que vemos, em grande parte dos casos, são mulheres que receberam terras ou empreendimentos rurais por herança, dos pais ou do marido. É muito mais no susto do que por vocação, mas, sem dúvida, as mulheres estão se desenvolvendo muito no campo”.

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#oMelhorProfissional – Gastronomia

Comida com Lembranças da infância por Camila Rodrigues

A chef piauiense vem conquistando a atenção dos paulistanos com seus sabores marcantes e sua postura diferenciada à frente dos negócios

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riada no meio de aromas e rituais culinários, que envolvem muito mais do que a mistura de ingredientes e temperos, a chef piauiense Cafira Foz, de 35 anos, não imaginava que viria a trabalhar com culinária. Muito menos que se tornaria um dos nomes mais promissores da gastronomia brasileira, chegando a conquistar uma posição na categoria Bib Gourmand do aclamado Guia Michelin.

foto: Marina Nacamuli

Uma das razões para manter essa ideia distante, foi a escassez de cursos especializados em seu Estado. “Vim para São Paulo, com 19 anos, em busca de novos caminhos. Cheguei sem dinheiro e sem saber o que fazer da minha vida”, lembra. A cozinheira - como gosta de ser chamada -, antes de descobrir sua vocação, passou por diversos trabalhos, que, de alguma forma, formaram alicerces firmes para o seu futuro. “Trabalhei por muito tempo no

A vontade de trabalhar com algo que fizesse sentido na sua vida fez com que Cafira buscasse os sabores e aromas presentes na sua infância para criar novas receitas

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#oMelhorProfissional

Após o despertar, Cafira passou anos estudando, testando receitas, resgatando memórias afetivas e construindo pratos que mantivessem a cultura nordestina, especialmente a sertaneja, viva em suas preparações, e que fosse Despertar da Vocação passada da melhor forma, respeitando as particularidaEm meio a tantas ocupações, a piauiense mantinha, des de cada produto, para seus futuros fregueses. “Fiz mesmo que de forma tímida, o ato de cozinhar presente alguns cursos e testes de receitas com parentes e amiem seu cotidiano. “A minha ex-sogra gostava de organigos e, em julho de 2017, abri o Fitó”, conta. O nome é um apelido de infância da cozinheira zar jantares em casa para convidados. dado por sua mãe. “O restaurante é Eram reuniões intimistas e ela me uma extensão da minha casa. A princhamava para fazer o menu. Nessas cípio, a ideia original era para ser “Eu sempre ocasiões, fui descobrindo que, na verlá, mas depois vimos que, talvez, o dade, a cozinha já estava dentro de soube que queria espaço não fosse suficiente e as opormim intuitivamente”, diz. tunidades apareceram”, afirma. trabalhar com Porém, foi durante uma viagem à Sabores da Primeira mulheres. Era Europa, em um pequeno restaurante tailandês, que a chef vivenciou uma Infância muito claro para experiência que culminaria em seu Para a profissional, foram os sabores mim que, se um despertar definitivo na gastronomia. descobertos em sua primeira infân“A cada colherada, sentia os sabores dia montasse um cia, no sítio de seus avós, no Piauí, que me remetiam a minha infância no bem próximo do Maranhão, que negócio e tivesse Piauí: o cuscuz, o coentro, o leite de deram base, mesmo inconsciente, coco e a cúrcuma utilizados na prea oportunidade para que ela pudesse desenvolver paração. Ali, do outro lado do contiuma identidade própria e uma posde empregar nente. Naquele momento, soube que tura calorosa. “É muito mais sobre queria cozinhar”, lembra com carinho funcionários, afeto e receber”, diz. Todo o carinho do ocorrido. recebido ao longo de sua vida é revivarejo, em hostel, fazia freelas; tudo que rolava, eu encarava. Mas sentia que precisava encontrar algo que fizesse sentido para mim, que clareasse a minha mente”, conta.

essas pessoas seriam mulheres”

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#oMelhorProfissional – Gastronomia vido, segundo a chef, em receitas que a fazem lembrar de sua história, como, por exemplo, o feijão de caldo grosso cozido lentamente com abóbora, preparado por sua avó. “A lembrança é vaga, mas a saudade projeta para esse sentimento. Como boa canceriana, sou apegada às minhas memórias e à família”, destaca.

Extensão de Casa Entretanto, mesmo decidida em ter um lugar de aconchego e comida nordestina, Cafira teve que enfrentar os desafios de abrir um restaurante na cidade de São Paulo, que abriga mais de 13 mil estabelecimentos com 52 cozinhas distintas. “Na capital paulistana, os restaurantes dão a ideia de diversidade cultural – tem para todos os gostos. Ótimo para os turistas e arriscado para os empresários. Estamos localizados no Largo da Batata, região de Pinheiros, local de constante acessão gastronômica”, pontua. Ela enfatiza, que, nesse caso, a concorrência é o maior desafio a ser enfrentado. “Conseguir um público cativo para eleger seu restaurante como o melhor, não perder a capacidade de se reinventar e atrair novos clientes são lutas diárias”, conta. Um dos pontos primordiais na construção do restaurante, de acordo com a cozinheira, era montar uma equipe 100% feminina. “Sempre soube que queria trabalhar com mulheres. Era muito claro para mim que, se um dia montasse um negócio e tivesse a oportunidade de empregar funcionários, essas pessoas seriam mulheres”, ressalta.

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Reconhecimento Mundial Prestes a completar dois anos de casa, o Fitó não é reconhecido apenas por moradores da região e apreciadores de comida regional de qualidade. O restaurante acaba de conquistar, pela segunda vez, um lugar na disputada categoria Bib Gourmand do conhecido mundialmente Guia Michelin, que seleciona restaurantes que oferecem comida de qualidade a preços moderados. “Ainda não conseguimos mensurar tudo isso – a colocação ainda é recente. Mas, certamente, aumentarão as críticas, as pessoas começarão a nos visitar por curiosidade ou para comprovar se o restaurante é tudo isso mesmo. Podem vir, estamos preparados”, brinca Cafira.

Para aqueles que acham a atitude um tanto severa, já que o país passa por sérios problemas de desemprego, Cafira expõe uma problemática enfrentada diariamente. “Me perguntam muito se isso não é uma ‘discriminação’ com os homens, e eu acho graça. Quem coloca dessa maneira não tem a mínima ideia da desigualdade de gênero no mercado de trabalho. Chamo de reparação histórica, mas sei que ainda não é suficiente”, conclui.



#oMelhorProfissional – Construção Civil

Design Contemporâneo Brasileiro por Camila Rodrigues

Dono de um estilo sofisticado e atemporal, o catarinense de Videira tornou-se referência na produção moveleira nacional e internacional

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A Poltrona Mad foi vencedora do maior prêmio de design do mundo, o IF Design Award, em 2014. A peça traz, em sua concepção, leveza, conforto e ergonomia.

foto: Divulgação/SOLLOS

É por esses valores e um talento indiscutível que o brasileiro Jader Almeida, de 38 anos, é nome de peso no ramo da arquitetura e design. Para alcançar tal feito, o ganhador do prêmio Designer do Ano de 2019, oferecido pela Revista Casa Vogue, começou a trabalhar muito cedo, além de apostar em um modo operacional responsável, que se preocupa desde a concepção do projeto até o

foto: Divulgação/SOLLOS

er capaz de transformar o ordinário em belo é uma tarefa difícil. Mas fundir elementos estéticos apurados com boas práticas de design é para poucos. Contudo, há profissionais que se destacam e consagram seus nomes em prol do consumo consciente e produção de objetos atemporais – aqueles considerados verdeiras peças de arte e passados de geração para geração.

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#oMelhorProfissional impacto produzido no ambiente e na vida dos consumidores. “O bom design e os bons negócios são sinônimos para uma indústria gerar valor à economia e à sociedade”, explica. “Outros diferenciais são a leveza, o traço fluido, a delicada e equilibrada escolha dos materiais somada ao compromisso com o bom desenho”, completa.

Início Precoce

O catarinense natural de Videiras, e residente de Florianópolis, passou a infância certo de que iria trabalhar com algo que remetesse a processos artísticos. Entretanto, não sabia qual graduação se adequava a esse ideal. “Desde criança, quando me perguntavam o que eu queria ser quando crescesse, já tinha convicção de que queria ser engenheiro, estilista ou qualquer coisa relacionada a desenho”, diz Jader. O arquiteto descobriu sua aptidão e teve sua primeira experiência prática ainda muito jovem, com 16 anos, quando trabalhou em uma fábrica de médio porte, no município de Chapecó (SC). “Lá, descobri toda a complexidade do trabalho industrial. São várias pessoas fazendo diversos serviços, dezenas de componentes e milhares de itens. Percebi que era esse o caminho a seguir”, alegra-se ao relembrar. Convicto de sua vocação, com 19 anos, Jader deu mais um passo importante para construção de seu nome no setor. “Em 2001, a Gisèle Schwartsburd, diretora da LinBrasil, viu uma coleção lançada pela empresa em que eu trabalhava. Chamou a atenção dela nossa técnica de encaixe e o cuidado produtivo, então, ela nos procurou para fazer as peças do Sérgio Rodrigues. A ideia era terceirizar e gerir a fabricação”, relata. Jader enfatiza que, mesmo muito novo, ficou encarregado de entender os modelos, confeccionar os moldes e gabaritos, os métodos de fabrica-

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#oMelhorProfissional – Construção Civil ção e fazer as fichas e desenhos técnicos dos componentes para a execução das peças em série. Anos mais tarde, em 2004, o profissional foi convidado para integrar o time da SOLLOS, empresa moveleira, para desenvolver produtos exclusivos para a indústria.

Bases Consolidadas

Os pilares que sustentam anos de profissão e que fizeram Jader ganhar reconhecimento do público e de seus pares são provenientes de um fator que, segundo ele, é de grande valia em sua vida. “A palavra que define tudo é o silêncio. Nossos produtos cumprem a função de maneira calma e harmônica. Não obstruem, mas agregam. Não gritam que são elegantes. Apenas são. São o oposto ao descartável. Viajam pelo tempo, pegam a marca do local e das pessoas, quase que se fundem em uma simbiose e, por isso, tendem a ser cada dia mais belos. Ou seja, perenes”, conta. Tal harmonia e comprometimento com o ofício fizeram o nome do arquiteto ascender não só no Brasil, mas, também, reverberar em uma das feiras mais conceituadas do cenário internacional de design contemporâneo, o International Contemporary Furniture Fair (ICFF), em Nova Iorque (EUA). “A minha participação se deu com o apoio do Projeto Raiz, coletivo promovido pela parceria do Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gon-

O cabideiro Loose, segundo Jader, é uma peça especial, por conta de seu design instigante e o apelo estético que transcende seu uso, além de ganhadora de significantes prêmios internacionais: Good Design Award Chicago (2011) e Red Dot Product Design Award (2012)

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“Nossos produtos cumprem a função de maneira calma e harmônica. Não obstruem, mas agregam. Não gritam que são elegantes. Apenas são. São o oposto ao descartável. Viajam pelo tempo, pegam a marca do local e das pessoas, quase que se fundem em uma simbiose e, por isso, tendem a ser cada dia mais belos. Ou seja, perenes”

çalves (Sindmóveis) e a APEX-Brasil, que visa fortalecer a promoção do design brasileiro”, relata. “A nossa percepção é que, definitivamente, as pessoas apreciam o nosso produto, seja pelo design, pela qualidade ou mesmo pelo conjunto”, ressalta o profissional.

Peças Icônicas

Dentre mais de 150 móveis e acessórios com a sua assinatura, Jader não tem como mensurar qual projeto é mais relevante. Contudo, o arquiteto destaca um em especial, não só pelo design atemporal, marca registrada em seus projetos, mas devido à aceitação tida pelo público. “Não temos, na cultura brasileira, o hábito de usar cabideiros ou mancebos dentro de casa, por isso, para mim, o cabideiro Loose foi algo interessante, já que agora vejo em uso em muitas residências”, diz. Ele ainda ressalta: “A minha predileção não é só pelo aspecto funcional de atender uma necessidade, mas por ser um objeto instigante, com apelo estético que transcende seu uso”, orgulha-se. Para a criação de peças emblemáticas, o catarinense permeia o seu processo criativo em três fatores essenciais: equilíbrio, bom design e execução realizada de forma honesta. “Parto da minha própria produção, ou seja, adição de camadas, refinamento e depuração. É uma maneira da qual gosto, pois me coloca em uma linha de pensamento e garante uma linguagem coerente”, afirma. “A inspiração está associada ao fazer. Tudo se conecta de alguma maneira, e, no momento de desenhar algo, tudo isso está no subconsciente e de alguma forma faz sentido e contribui para o processo criativo”, completa. Estética sofisticada à parte, o profissional é conhecido, também, pela riqueza de materiais usados em suas concepções mobiliárias. “Costumo utilizar uma ampla gama para enriquecer os produtos e amplificar as interpretações e sensações, além de possibilitar, em casos especiais, um novo olhar”, descreve, frisando que, na SOLLOS, o controle dos métodos de produção está em concordância com todos os requisitos ecológicos. Ou seja, o uso inteligente de recursos para minimizar as perdas e excedentes.



#oMelhorProfissional – Saúde

A Tecnologia Utilizada em Favor do Médico por Angelo Davanço

Felipe Lourenço, CEO da iClinic, aposta na força da educação para o empreendedorismo e na simplificação das rotinas no consultório para impulsionar a carreira de médicos em todo o Brasil

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oltar o olhar para o médico em sua rotina de atendimentos no consultório. Foi esta a ideia que Felipe Lourenço, Rafael Bouchabki e Leonardo Berdu tiveram ao criar a startup iClinic. Amigos de infância em Franca (SP), os três encontraram na tecnologia uma paixão em comum nos tempos de adolescência. Já em Ribeirão Preto, cada um seguiu sua vida acadêmica. Leonardo foi para a área de Publicidade e Propaganda no Centro Universitário Barão de Mauá, mesma universidade onde Rafael cursou Ciência da Computação, e Felipe entrou, em 2006, no recém-criado curso de Informática Biomédica da Universidade de São Paulo (USP). Ainda na faculdade, os três amigos criaram uma agência de tecnologia voltada ao atendimento de grandes agências de publicidade de São Paulo. Foi a primeira experiência na trajetória empreendedora do trio. Em 2009, já formado, Felipe percebeu que, quando se observava o mercado de tecnologia aplicada à saúde, o que se viam eram players focados em soluções para grandes hospitais, grandes operadoras de saúde, grandes laboratórios. “O médico individualizado, em sua clínica, em seu consultório, que é uma das engrenagens principais do mercado de saúde, simplesmente não era atendido. Vimos ali uma oportunidade de atuação em um mercado muito grande e muito forte”, explica Felipe. Para se ter uma ideia do potencial deste mercado, a pesquisa Demografia Médica no Brasil 2018 apontou a atuação de 450 mil médicos em todo o Brasil, com previsão de atingir meio milhão de profissionais em 2020, chegando à taxa de 2,5 médicos por cada grupo de mil habitantes, índice similar ao de países desenvolvidos, como Estados Unidos e Canadá.

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A partir desta ideia inicial, os sócios fundadores da iClinic passaram, em 2012, a fazer testes de produtos. “Naquela época, 70% dos médicos ainda usavam papel para seus registros, e 30% usavam alguma solução bem antiga, aquele modelo de software tradicional de caixinha, em que você compra o CD, paga um custo de aquisição muito alto e depois disso não tem um suporte adequado. Vimos uma oportunidade de atender este público de uma maneira diferente. Depois de muito olhar, de muito estudar, ver coisas lá fora, ver para onde o mercado de tecnologia estava indo, com tecnologia SAS, software como serviço, resolvemos iniciar a iClinic, com a missão de ajudar a descomplicar a saúde no Brasil, empoderando o médico em sua carreira”, diz Felipe. “A gente quer dar mais autonomia ao médico, trazendo gestão para o seu dia a dia. A tecnologia para nós é um meio. No final, queremos entregar mais independência, mais autonomia e mais gestão ao cotidiano do médico”, completa.

Mentoria Internacional Como o mercado de software em nuvem ainda era incipiente naquela época, os empreendedores resolveram buscar conhecimento fora do Brasil. “Tínhamos muita informação técnica, mas precisávamos de informação de negócios. A gente tinha um protótipo com potencial, então olhamos para fora, para mercados mais maduros, e nos aplicamos em uma aceleradora holandesa que buscava empresas de tecnologia inovadora, em grandes mercados. Entre 700 empresas em todo o mundo, fomos selecionados para compor um grupo de dez. Passamos seis meses em Amsterdã e outros seis meses no Vale do Silício. Este período foi um divisor de águas, nos fez


#oMelhorProfissional amadurecer nossa visão e aprender toda a dinâmica do mercado SAS. Voltamos com toda a nossa estratégia lapidada e, em 2014, tivemos o primeiro ano operacional da iClinic”, comenta Felipe. O negócio começou oferecendo um sistema de agendamento e prontuário eletrônicos, tudo baseado em nuvem. “O médico tem uma rotina muito corrida, estudos mos-

20 mil

É o número de usuários da plataforma iClinic, distribuídos em todos os estados brasileiros, além de clientes em países africanos de língua portuguesa, como Angola, Moçambique e Cabo Verde. Já há planos de integração do idioma espanhol, para chegar a mercados como México, Colômbia e Chile.

3 planos

São oferecidos atualmente pela iClinic, que podem ser assinados por valores mensais de R$ 79, R$ 99 e R$ 119. Em 2020, a empresa pretende iniciar um modelo de assinatura por pacotes de serviços moldáveis aos negócios dos usuários.

95 pessoas

foto: Guilherme Bordini

Integram atualmente a equipe da startup em Ribeirão Preto e em São Paulo. A projeção é encerrar 2020 com um quadro de 150 funcionários.

tram que ele trabalha em quatro a cinco lugares diferentes toda semana, então ele precisa ter seu consultório na palma da mão”, diz o empreendedor. Com o tempo, conhecendo mais a rotina dos consultórios e ouvindo ativamente os usuários, foram incluídas ferramentas de gestão na plataforma. “Basicamente, identificamos que o médico tem quatro grandes dores em seu dia a dia. Primeiro, ele tem uma necessidade muito grande de atrair pacientes, para isso criamos um módulo de marketing médico. Ele tem outra dor que é gerenciar o atendimento e os dados clínicos do paciente, o que já fazíamos com o primeiro produto. Depois disso vem uma terceira dor, que é fidelizar e engajar o paciente, e criamos um produto de CRM para ampliar o relacionamento médico/paciente além da consulta, com lembretes automatizados de retornos, por exemplo. E, por fim, a quarta dor, que é a questão de rentabilizar, monetizar o negócio do consultório, da clínica em si, e para isso criamos um produto de gestão financeira, que faz todo o controle de receitas, despesas e fluxo de caixa, além de gerenciar o trâmite entre médico e operadoras de saúde”, explica Felipe, que adianta o que deve vir pelo futuro: “Queremos atuar na vida profissional do médico como um todo, queremos trazer questões ligadas à parte de serviços de finanças, ajudá-lo na forma de pagamentos, proporcionar um sistema integrado ao iClinic para que ele receba de seus pacientes, oferecer crédito para seu fluxo de caixa, oferecer ajuda do ponto de vista de aplicações financeiras, auxiliar com informações para gerenciar melhor seu patrimônio e expandir a parte educacional por meio de conteúdo mais robusto, tanto educação da parte clínica como informações de negócios. Temos esta visão, de educar o médico para ele se enxergar como um empreendedor”.

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Entrevista de Capa

Atleta Empreendedor por Angelo Davanço

O ex-nadador Gustavo Borges, quatro vezes medalhista em Jogos Olímpicos, fala sobre as lições que o esporte pode oferecer a quem quer empreender

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os 47 anos, o ex-nadador Gustavo Borges tem seu lugar garantido na história esportiva do Brasil. Afinal, detém a marca de maior colecionador de medalhas em competições internacionais, 35 no total, incluindo as quatro medalhas que conquistou em quatro edições de Jogos Olímpicos em que participou, de 1996 a 2004, em Barcelona, Atlanta, Sydney e Atenas. Uma carreira dentro da piscina que começou a ser construída ainda criança, em Ituverava, no interior paulista. “Se eu fosse colocar a minha carreira em blocos, ela seria dividida em quatro. Primeiro, uma natação infantil, com oito anos foi a minha primeira medalha. Com nove anos, eu estava mais organizado e isso se estendeu até os 14. A segunda etapa foi uma transição de um bloco formativo para um competitivo, que vai até o final da minha fase aqui no Brasil, que é uma etapa não profissional, mas muito competitiva, quando entro para a seleção brasileira, conquisto títulos e a coisa começa a ficar mais séria. Depois, vem a transição para o profissionalismo, que aconteceu ali por volta de 1991 e que se estendeu até o ano 2000. Uma fase em que tive meus melhores resultados e onde tudo aconteceu: patrocínios, questões financeiras, desenvolvimento profissional, imersão nas áreas onde eu precisava me aprofundar tecnicamente e emocionalmente, quando me formei em Economia pela Universidade de Michigan. E a última fase, de 2000 a 2004, de transição para a vida normal, para uma vida de empresa, que levo até hoje”, relembra Gustavo. Além da fase de afirmação enquanto atleta, o ex-nadador e hoje empreendedor encara o último período de transição como um dos maiores desafios enfrentados em sua carreira. “A transição é uma fase muito complexa na vida de um atleta,

“Precisamos exaltar um pouco mais esta emoção pelo resultado, a emoção da entrega e tudo aquilo que a gente quer construir dentro da empresa” 44


Entrevista de Capa

pois você envelhece muito jovem, com 27, 28 anos, que era o meu caso em 2000. Você está jovem para a vida, mas está velho para o esporte, pois tem um outro atleta, com 21, 22 anos, querendo te superar”, avalia. E foi nesta fase, em que se deparou com os questionamentos de como seria sua vida fora das piscinas, que Gustavo começou a moldar o seu futuro a partir dali. “A maior dificuldade que encontrei foi perceber quais as expectativas de trabalho que eu teria na vida pós-atleta. Quando você analisa isso, pode ter dinheiro, pode ter conhecimento, pode ter uma série de coisas, mas se não tem perspectiva e não sabe muito bem para onde vai, fica muito complicado”, garante. Analisada a perspectiva, chega um segundo desafio, de acordo o ex-nadador, que é desenvolver as competências necessárias para a área onde se deseja atuar após uma transição de carreira. “No meu caso, pense o seguinte: durante 30 horas por semana, eu me dedicava à atividade física, se colocar alimentação e descanso, que também fazem parte do resultado final, é um trabalho de 40, 50 horas por semana, em que a gente está se dedicando completamente a isso, pensando, exercitando e fazendo tudo aquilo para a busca do resultado. Então, se consigo ter excelência fazendo tudo isso dentro do mundo do esporte, se eu dedicar o mesmo número de horas, a mesma intensidade, o mesmo foco que eu

foto: Emiliano Capozoli

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“Se você faz um trabalho mais ou menos, o resultado será mais ou menos. Se você faz um trabalho com excelência, com uma equipe focada em alto desempenho, aí o resultado é de alto desempenho, e aí a medalha surge” 45


Entrevista de Capa

A Importância do Trabalho em Equipe São clássicas as imagens do nadador comemorando sozinho, dando socos na água e no ar, quando conquista uma medalha ou bate um recorde. Em sua carreira, Gustavo Borges foi detentor de 14 recordes nas piscinas, mas não esquece a importância do trabalho em equipe, seja na natação ou no empreendedorismo. “Fazendo uma relação entre o esporte individual, na sua execução, e o esporte coletivo, na sua essência e prática, quando eu pulo na piscina, participo de um esporte individual, é o meu resultado que acontece ali, para quem está vendo. Só que tudo aquilo que você faz antes de chegar na piscina é coletivo, pois você precisa de uma equipe para treinar. Você precisa ser forçado durante o treino por um amigo, um colega, um treinador. Tem toda uma equipe interdisciplinar ali, o treinador, o companheiro de time, o nutricionista, o psicólogo, o fisioterapeuta, o cara da musculação,

todos focados no seu resultado e no resultado do time. Muitas vezes, quando eu ganho uma medalha individual, estou carregando todas as pessoas para dentro da piscina, para cima do pódio, e isso é uma questão muito importante”, reconhece. Agora, levando para o campo do empreendedorismo: “Quando a gente fala de uma equipe de alto desempenho, falamos da responsabilidade de cada pessoa do time para alcançar o resultado. Então, você tem objetivos claros, tem o companheirismo, a união, o trabalho em cooperação, pessoas envolvidas com o seu resultado e você só consegue vencer, só consegue chegar até o final e ganhar a medalha de ouro se tiver tudo isso muito bem organizado. Se você faz um trabalho mais ou menos, o resultado será mais ou menos. Se você faz um trabalho com excelência, com uma equipe focada em alto desempenho, aí o resultado é de alto desempenho, e aí a medalha surge”, finaliza o ex-nadador.

As Lições do Esporte para o Empreendedorismo Empreender em um país como o Brasil, de economia instável e cenários políticos que mudam a cada dia, pode parecer algo como competir em uma prova de longa distância. Não que seja necessário ser um atleta olímpico para empreender, mas é preciso ter um bom fôlego para não desistir. Para Gustavo Borges, muitas das lições do esporte ajudam na questão do empreendedorismo. “Ter características que um atleta de alto rendimento tem, especialmente coragem, capacidade de assumir riscos, de adaptação, consistência e paixão, independentemente se a economia está boa ou ruim, se o governo está assim ou assado, são fundamentais para se fazer bons negócios”, orienta. Confira, a seguir, outras dicas do ex-nadador e empreendedor:

Coragem “Precisa ter coragem, pois, no Brasil, não é fácil empreender, com leis trabalhistas, questões tributárias, regulamentações que realmente fazem uma força contra o empreendedor”.

Assumir Riscos

“Quando você empreende, está colocando sua energia, sua vontade dentro de um negócio que só tem

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uma saída: ir para a frente. Então, todas as suas fichas estão ali para que o negócio tenha resultado, e isso é um risco tremendo”.

Adaptação “Tem que ter um alto nível de adaptação às coisas que acontecem ao nosso redor, é preciso se adaptar ao cenário, às coisas que mudam, estar ligado na inovação, no que vai acontecer”.

Consistência “A consistência é fundamental para o resultado de qualquer pessoa. Quanto mais consistente, mais persistente você é nas suas ações, mais você terá chance de seguir em frente e ter bons resultados”.

Paixão “Você só vai fazer uma coisa por muito tempo, e seguidas vezes, com muita dedicação, se for apaixonado por aquilo. Você canaliza toda sua energia emocional para a entrega que precisa fazer, e isso traz todo um grau de foco naquilo que você quer como resultado”.


Entrevista de Capa tive naquilo que eu fiz, fora da minha área de atuação esportiva, no mínimo, eu vou ser mais ou menos bom naquilo que eu decidir fazer. Acho que isso é um grande aprendizado do esporte. Se eu colocar a perspectiva como um desafio, saber para onde eu vou, e a questão de desenvolvimento de competências, que é estudar, tomar uma decisão, ir lá e fazer, o negócio anda com certa facilidade ou pelo menos de forma mais organizada para o caminho que a gente quer seguir”, explica.

todo aquele aprendizado do esporte, de ter objetivos claros do que se quer fazer, do planejamento, da disciplina, da persistência, da dedicação, da coragem de assumir riscos, tomar decisões que são muito importantes para que o resultado aconteça, se conseguir resgatar esta memória, tudo aquilo que fez para empreender com o próprio corpo, você consegue, sim, se dedicar, tendo foco e disciplina, em alguma outra coisa e, com certeza, será bom naquilo que se propõe a fazer”, avalia.

E o caminho seguido por Gustavo o levou a empreender em várias frentes: na criação de uma metodologia de ensino de natação presente em mais de 430 academias no Brasil e fora do país, na abertura de academias próprias de natação e de fitness, na atuação como comentarista esportivo na Rede Globo e na sua presença nos palcos corporativos como palestrante motivacional.

E outra característica do esporte que Gustavo traz para o empreendedorismo é a importância da comemoração. “Dentro do esporte, em cada competição que você vai, você comemora o resultado, celebra cada etapa cumprida. Quando estamos empreendendo, a gente esquece um pouco de celebrar as pequenas vitórias, de olhar para este semestre, este mês ou esta semana e ver os resultados. Precisamos resgatar um pouco dessa memória. Se a gente trouxer as lições do esporte, de que são as pequenas competições, as preparatórias que levam ao grande resultado, conceitualmente é tudo muito parecido. Só precisamos exaltar um pouco mais esta emoção pelo resultado, a emoção da entrega e tudo aquilo que a gente quer construir dentro da empresa”, aconselha.

Aprendizado do Esporte

foto: Emiliano Capozoli

Para Gustavo Borges, as principais características de um empreendedor se relacionam com as de um atleta de alto rendimento, como os atletas olímpicos, ou com as pessoas que buscam uma atividade física para resolver algum problema ou por algum outro objetivo específico. “Se você pegar

“Quando estamos empreendendo, a gente esquece um pouco de celebrar as pequenas vitórias”

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E X C L U S I V I D A D E T E R

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V I Z I N H O

A N AT U R E Z A

P E R S P E C T I V A

I L US T R A D A

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P IS C IN A


254 e 298m

LANÇAMENTO

4 SUÍTES

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VISTA ETERNA PARA O PARQUE 2 UNIDADES POR ANDAR HALL PRIVATIVO

JARDIM OLHOS D’ÁGUA

bild.com.br/tayga (16) 99622-9750 Registro de Incorporação Nº R.8/160075, Matrícula 160.075 do 2° OFICIAL DE REGISTRO DE IMÓVEIS DE RIBEIRÃO PRETO. Todos e quaisquer móveis, objetos de decoração e paisagens, vinculados em materiais com o descritivo “perspectiva ilustrada” são meramente ilustrativos e não fazem parte do objeto do contrato. Na entrega do empreendimento, as ilustrações, os desenhos e os modelos poderão apresentar diferenças. A vista apresentada nas imagens é meramente elucidativa, não sendo a fotografia exata do local do empreendimento. Material impresso em janeiro/2020.


#oMelhorProfissional – Cultura e Arte

Juliano Salgado, o cineasta por trás do sucesso de bilheteria mundial por Camila Rodrigues

Descubra a trajetória do diretor do documentário “O Sal da Terra”, indicado ao Oscar de melhor na categoria

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ono de um olhar curioso e atento aos problemas, especialmente no Brasil, e capaz de transformá-los em ferramentas de conscientização, o cineasta Juliano Ribeiro Salgado, de 45 anos, consagrado por dirigir o documentário “O Sal da Terra” (2014), voltou ao Brasil para se dedicar a abordar problemáticas que, segundo ele, devem ser expostas o quanto antes, para que seja possível engajar uma melhora no país. “Estava morando em Berlim, na Alemanha, mas, em 2016, senti a necessidade de voltar às minhas origens. Acredito que o papel do cineasta é apontar questões relevantes para todos”, diz. “Meu trabalho está focado em assuntos relacionados à Amazônia, identidade e questões sociais e políticas”, completa. A paixão pelas artes visuais de Juliano pode ser atrelada, de forma direta ou indireta, ao convívio com o oficio de seu pai, Sebastião Salgado, conhecido por registrar, com maestria, imagens importantes relacionadas a problemas reais do Brasil e do mundo. “O trabalho dele é muito forte e toca as pessoas, e eu convivi com isso desde muito novo”, conta. Nascido em Paris, na França, Juliano passou sua infância vivendo em um país desenvolvido, mas ciente das suas raízes. “Na nossa casa, falávamos português, nossos costumes e comidas eram baseados no Brasil. Entretanto, não tínhamos vivência direta”, diz. Ele explica que seus pais tiveram seus passaportes confiscados, durante o período da ditadura militar, o que impossibilitava o regresso ao país. Com quatro anos de idade, o cineasta conheceu, pela primeira vez, o Brasil, quando sua avó veio buscar seus irmãos e ele para passar férias. “Passei três meses visitando familiares em Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro, convivendo com meus primos e brincando na rua”, relembra. Por ser muito novo, segundo ele, não notou a diferença, especialmente social, entre os dois países. “Vi o Brasil com olhos de uma criança curiosa”, afirma.

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Foto Juliano Ribeiro Salgado

#oMelhorProfissional

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Começo da Carreira Antes de galgar seu espaço no meio cinematográfico, Juliano se formou em Direito e Economia, na Université Paris1 – Pantheon Sorbone. “Ao concluir o curso, percebi que não queria passar os meus dias trancados em um escritório”, conta. Porém, ele reconhece a importância de ambas as graduações como ferramentas de mudança. Certo de sua decisão, o diretor optou, com 22 anos, por trabalhar como repórter em um canal de televisão francês, onde era responsável por coberturas de diversos acontecimentos mundiais. “Desenvolvi matérias em locais de conflitos e em meio a guerras civis, como, no caso, da Iugoslávia e alguns países africanos, como Angola, Somália, África do Sul, Senegal e outros”, relata. Juliano Salgado, Sebastião Salgado e Wim Wenders

Juliano conta que, para ele, as reportagens não duravam o tempo suficiente para conseguir se aprofundar naquelas histórias. “Eram relativamente curtas. Desejava me aprofundar mais na temática e dissecar os problemas com mais atenção”, diz. “Me interessei por cinema, pois poderia me aprofundar mais nos assuntos que julgava serem de maior relevância. Entretanto, necessitava de uma formação mais específica e que me desse mais base para desenvolver o trabalho que almejava”, destaca. Para alcançar seu objetivo, Juliano se formou em Cinema pela London Film School. “Passei dois anos estudando e três trabalhando em diversos setores que compunham uma produção cinematográfica: câmera, montador, maquinista, o que proporcionou um maior entendimento do que era a produção de um filme”, diz. “Cinema é um objeto complexo. Apesar de ser uma obra de caráter artístico, precisa ter um planejamento e estudo detalhados da temática e do público que se quer alcançar”, explica. O seu primeiro trabalho como diretor foi em um documentário exibido no canal francês, o Association Relative à la Télévision Européenne (ARTE). De acordo com Juliano, a obra foi pensada e produzida respeitando todos os envolvidos e tratando o assunto com ética e de forma fidedigna. Contudo, o documentarista percebeu, depois de perder um prêmio em um Festival em Toronto, no Canadá, que esses preceitos, tão zelados por ele, não eram capazes de levar o público às salas de cinema. “A relação com o público não acontece só por meio da ética, mas, sim, pela dramaturgia. Quando fiquei ciente desse fato, estipulei que os meus trabalhos teriam esses fundamentos”, pontua.

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#oMelhorProfissional – Cultura e Arte

Juliano é reconhecido mundialmente por dirigir o documentário “O Sal da Terra”, de 2014, que, segundo ele, retrata a trajetória de sua família. Em meio às fotografias icônicas, e outras nem tanto, de Sebastião Salgado, é possível entender a relação da família e como todos, de alguma maneira, eram impactados com as cenas, muitas vezes, de total horror, retratadas por Sebastião. “Durante as filmagens, o vi contando suas experiências, aquelas que o faziam se ausentar durante a minha infância. Naquele momento, entendi a maneira como voltava de suas viagens, e o que o deixava tão arrasado e abalado”, lembra. A concepção do filme surgiu após Juliano acompanhar uma parte do projeto Gênesis, com os índios da tribo Zo’é, no noroeste do Estado do Pará. “Quando volta-

Foto Lelia W. Salgado

A força de uma Obra

Foto Sebastião Salgado

“Me interessei por cinema, pois poderia me aprofundar mais nos assuntos que julgava serem de maior relevância. Entretanto, o trabalho de repórter não possibilitava. Senti a necessidade de uma formação mais específica e que desse mais impacto”.

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Foto Sebastião Salgado

#oMelhorProfissional

“Meu trabalho está focado em assuntos relacionados à Amazônia, identidade e questões sociais e políticas”. mos, trouxe comigo algumas imagens que tinha editado e mostrei para Tião. Ele viu, de fato, como eu o enxergava. Se viu pelos meus olhos. Foi algo muito emocionante”, relata, e salienta que a experiência também serviu para ajudar a estreitar os laços entre os dois. Entretanto, Juliano conta que seria impossível dirigir o documentário e fazer as entrevistas com o seu pai, por mais que a relação dos dois estivesse caminhando para uma possível melhora. “Precisava de uma pessoa neutra para filmar suas experiências e lembranças. Precisava de alguém que se relacionasse com o Tião e permitisse que ele se abrisse”, compartilha. Juliano contou, então, com a ajuda do alemão Wim Wenders, que dirigiu a película em conjunto. “Não ia conseguir separar a relação pai-filho, por isso, Wim teve um papel tão importante na concepção do filme. Ele foi escolhido para que eu enxergasse meu pai pelos olhos de outra pessoa”, salienta. Ao longo de cinco anos, entre pré e pós-produção, Juliano conta que houve alguns embates com o diretor alemão para terminar e entregar um documentário de qualidade. “A princípio, foi muito complicado trabalhar com ele. Estávamos travando uma briga de ego. Wim não aceitava

muito bem as minhas decisões; sem falar na diferença de idade”, diz. “Após um ano de edição, conseguimos chegar a um resultado muito bacana para ambos”, completa.

Reconhecimento da Obra

Juliano orgulha-se do documentário, mas revela que faria uma mudança em especial. “Esqueci-me de colocar uma sequência de imagens do Rodrigo, meu irmão, no final do filme”, diz. Juliano conta que seu irmão mais novo tem síndrome de Down e tem um papel importantíssimo dentro da família. “Ele fez com que todos mudássemos a nossa forma de conviver e nos comunicar, além de ter uma enorme capacidade de demonstrar emoções”, fala com carinho. Com aceitação e recorde de bilheteria para o ramo de documentários, o filme conquistou o seu espaço entre grandes premiações: foi indicado ao Oscar na categoria Documentário (2015), Prêmio Júri na seção Un Certain Regard do Festival de Cannes, na França (2014), e César como melhor documentário. “Esses prêmios trouxeram mais respaldo do público em relação ao meu trabalho”, conta. Quando o filme foi exibido, pela primeira vez, no Festival do Rio, Sebastião e Lélia, mãe de Juliano, tiveram a oportunidade de assistir ao trabalho desenvolvido pelo cineasta. “Os dois ficaram muito emocionados com o resultado do filme”, finaliza.

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#oMelhorProfissional – Fotografia

Fotografia César Ovalle, às vezes mais conhecido como Cesinha, é fotógrafo e videomaker nascido em São José dos Campos, SP. Atualmente, morando na capital, prestes a entrar na sua quarta década de existência, já acumula trabalhos em foto e em vídeo nos mais variados meios. Fotografou durante 11 anos a estrada da banda NX Zero (incluindo algumas capas de discos, direção de clipes e afins). Outras bandas/artistas que também passaram no currículo são: Jota Quest, Raimundos, Erasmo Carlos, Luan Santana e Ivete Sangalo. Já criou conteúdo também para grandes marcas como: Coca-Cola, Heineken, Mc Donald’s e Ford. Hoje, ainda produz conteúdo para algumas marcas, viaja o mundo divulgando cidades/lugares e também coordena um curso e dá aula sobre fotografia e vídeo na EBAC – Escola Britânica de Artes Criativas, em São Paulo. Mais Informações: cesarovalle.com.br

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#oMelhorProfissional

Comboio

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foto: César Ovalle

56 foto: César Ovalle

foto: César Ovalle

#oMelhorProfissional – Fotografia


foto: CĂŠsar Ovalle

#oMelhorProfissional

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foto: César Ovalle

foto: César Ovalle

foto: César Ovalle

#oMelhorProfissional – Fotografia


#LookdoDia

O que um Empreendedor Nunca deve Vestir? S

empre escuto esta pergunta de muitos clientes que resolveram abrir o seu próprio negócio ou empresa.

Primeiro, precisamos lembrar que, quando nos colocamos como empreendedores, somos responsáveis por apresentar a nossa empresa ao cliente. Precisamos ir a almoços de negócios com futuros parceiros, reuniões com funcionários, negociações com gerentes de banco, eventos de divulgação etc. E, sim, existem peças de roupas que você nunca deve usar nessas ocasiões. Já comentei isso com vocês: quando temos uma empresa para representar, viramos a personificação dela. Se nos vestimos de acordo com tudo aquilo que uma empresa deve passar, como elegância e credibilidade, acertamos como empreendedores. Porém, nem todas as peças de roupa transmitem essas ideias e, por mais informal que a sua empresa seja, é importante ficar atento.

Amanda Salomão Consultora de Moda, Imagem e Estilo. @amandasalomao Mais informações de contato: abeeon.com.br/ amanda-salomao

Imagine se você fosse até uma empresa e todos os funcionários estivessem usando chinelos. Bom, seria estranho, não? Os chinelos estão muito relacionados a momentos despretensiosos e informais, por isso, não é uma peça indicada para o empreendedor que deseja passar uma mensagem de sucesso. Agora, vamos imaginar os shorts para as mulheres e as bermudas para os homens em um almoço com um cliente. Não acha que pareceria fora de contexto, como se estivesse em um almoço de domingo? Por conta dessas impressões de informalidade, é indicado que as mulheres prefiram as saias em comprimentos mais longos (altura do joelho, midi ou longas) e, os homens, o jeans escuro, a calça de sarja ou até mesmo as calças sociais, que também são bem-vindas. Para nós, mulheres, vale lembrar que, nos momentos em que estamos com nossos clientes, é melhor evitar peças que tenham decotes muito profundos ou transparências em lugares que podem ser mais sensuais. Pois, para o trabalho, as peças em tecidos que não marquem tanto o corpo, com pouco decote ou até sem, passam uma mensagem de mais credibilidade. E, por fim, para você não errar, tente pensar assim: as peças que você usa em casa, com a família, no churrasco com os amigos, para passear com o cachorro, normalmente, passam uma mensagem de descontração e elas não devem ser usadas para fazer bons negócios, porque comprometem a confiabilidade da sua empresa. Fique de olho! Bons looks e bons negócios!

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#Etiqueta&Negócios

Namoro na Empresa por Andréa Staciarini

Andréa Staciarini

Consultora de Etiqueta @mesaetiqueta

Dizem os poetas que o amor viola todas as regras, mas e a etiqueta? O que ela nos diz sobre a paquera e o namoro dentro da empresa?

Mais informações de contato: mesaetiqueta.com.br

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poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, um dos maiores nomes da literatura brasileira, em um de seus célebres poemas, profetizou: “Amor não pode ser regulamentado, foge a dicionários e a regulamentos vários”. E ele tinha razão! Sabendo que, no campo das emoções mais profundas, a “razão não é senão escrava da paixão” (Dostoiévski), resta-nos saber... E quando isso acontece dentro da empresa? Existem regras de comportamento entre os apaixonados? Algumas corporações não veem com bons olhos o envolvimento entre funcionários e, inclusive, não contratam casais, temendo que o envolvimento emocional mine a produtividade ou gere conflitos. Entretanto, sabemos que, para quem trabalha às vezes mais do que 40 horas semanais ao lado dos colegas, mal sobra tempo para conhecer e conviver com pessoas externas à empresa, o que acaba tornando o ambiente corporativo um palco para todos os tipos de envolvimentos passionais: casos, namoros, paixões avassaladoras, traições e até casamentos bem sucedidos. Tudo é possível quando se trata do comportamento humano. Para tentar evitar o caos, mais do que regras ou proibições, é preciso estar atento à ética, pois a linha que separa um gentil elogio de uma grotesca cantada é bastante tênue e, muitas vezes, passível de sofrer interpretação errônea pelos interlocutores. Veja algumas dicas no quadro ao lado. Apesar dos percalços a serem observados, muitos relacionamentos e carreiras perduram em sua coexistência, mas é preciso que haja maturidade para lidar com os desafios diários e resiliência no enfrentamento da rotina, afinal, a convivência é muito maior nesses casos. Razão e emoção devem sempre cooperar. Nas palavras de Joseph Campbell: “Siga a sua alegria, e o mundo abrirá portas para você onde antes só havia paredes”.

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#Etiqueta&NegĂłcios

đ&#x;’š A maioria das empresas nĂŁo proĂ­be relacionamento entre funcionĂĄrios, mas observa a conduta dos envolvidos por precaução.

đ&#x;’” Relacionamentos com superiores tendem a gerar ciĂşmes na equipe quando ocorrem privilĂŠgios ou promoçþes. Ética e diĂĄlogo sĂŁo fundamentais para constrangimentos serem evitados.

đ&#x;’” Casal de pombinhos, nĂŁo! Pega mal ser o casal chiclete dentro da empresa: o excesso de grude pode denotar falta de profissionalismo e, no ambiente corporativo, o foco ĂŠ trabalho.

đ&#x;’š Mantenha o seu desempenho crescente, assim como sua boa imagem profissional e sua conduta na empresa. Desse modo, dificilmente o namoro atrapalharĂĄ sua carreira e vice-versa.

đ&#x;’” O tĂŠrmino do namoro requer conduta impecĂĄvel: nada de falar mal do(a) ex, fazer cenas de ciĂşmes ou discussĂľes, provocaçþes e pirraças. Isso queima totalmente o filme!

foto: Shutterstock

đ&#x;’š Discrição ĂŠ fundamental, sĂł reporte seu relacionamento quando perguntado sobre ele e faça isso com bom senso.

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#Crowdfunding

Teve uma ideia? Que tal buscar ajuda para financiar? por Angelo Davanço

Plataformas de crowdfunding permitem viabilizar projetos com a ajuda financeira de amigos e até de desconhecidos que se interessem por sua causa

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ocê é ilustrador, escritor, músico, ator? Trabalha com artes em geral e quer lançar uma nova história em quadrinhos, um livro, um disco ou produzir um filme? Mas não só isso. Precisa de dinheiro para ajudar no financiamento da casa própria, quer comprar um jogo novo ou até mesmo fazer a viagem dos sonhos? Que tal contar com a ajuda dos amigos e até de pessoas que nem o conhecem, mas que se interessem por sua causa e estão dispostas a colaborar com dinheiro? Estes são os princípios básicos do crowdfunding, ou financiamento coletivo, modalidade de arrecadação de recursos que está ajudando muita gente a tirar ideias e projetos do papel. Gente como o arquiteto e urbanista por formação, Carlos Alberto Cordeiro de Sá, 47 anos, quadrinista, escritor, produtor e agitador cultural por paixão. Em 2016, depois de experimentar projetos baseados em leis de incentivo à cultura, resolveu apostar no crowdfunding para lançar o livro infantil A Ema e o Sonho. “Naquele tempo já era muito chato ficar tentando mandar portfolio e currículo para editoras e não receber resposta alguma, ou ficar aquela enrolação e depois você ver material que não era tão bacana quanto o que você tinha preparado, publicado, e o seu não, isso era sempre muito frustrante. Então, pensei: Quer saber, eu vou fazer o meu trabalho, me tornar o meu próprio editor, falar com o meu público específico”, relembra. De lá para cá, além de A Ema e o Sonho, que escreveu e ilustrou, Cordeiro de Sá já viabilizou outros três projetos de crowdfunding, os álbuns de quadrinhos Cospe Fogo, com Arnaldo Jr., RP HQ Chico Lorota, com a participação de vários artistas de Ribeirão Preto (SP), onde vive, e Téo & O Mini Mundo, de Caetano Cury. Projetos realizados entre 2016 e 2019 que

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#Crowdfunding

“O bacana do crowdfunding é você pensar qual que o seu público alvo usa mais. Se ele usa mais uma plataforma que ninguém conhece, mas é lá que o seu público está, não interessa, vai lá e mostra a sua campanha” Cordeiro de Sá

Usos do Crowdfunding O financiamento coletivo vem ganhando cada vez mais espaço no mercado, conseguindo atender satisfatoriamente necessidades pontuais para captação de recursos e até doadores assíduos para o projeto ou proposta lançados na plataforma. O que significa? (Crowd = Multidão) + (Funding = Financiamento) Forma de financiamento que origina na multidão, popularmente conhecido como financiamento coletivo. Como funciona? 1. Você tem uma ideia, um projeto e deseja captar recurso financeiro para viabilizar; 2. Por meio de plataformas de crowdfunding na internet, você lança o seu projeto e fomenta a sua divulgação para conseguir pequenos investidores interessados na sua proposta; 3. Na plataforma existem muitos investidores procurando uma boa ideia, então divulgue bastante para conseguir interessados em apoiar o seu projeto; 4. Diante da proposta de valor, seja pelo oferecimento de recompensas ou pelo objetivo comum identificado pelos interessados em investir no seu negócio, você poderá conseguir alavancar o seu empreendimento. Quando utilizar? Projetos de cunho artístico Aqui a ferramenta de crowdfunding é viável para promover a democracia cultural, despertando o interesse de um público que se identifique com o tipo de arte apresentada e se sinta motivado a apoiar o projeto. Projetos de impacto social As campanhas relacionadas a projetos sociais são bem vistas por pessoas engajadas em ações de cunho social e que muitas vezes não sabem como contribuir. A utilização do crowdfunding também é uma forma de promover a visibilidade do projeto e incentivar outras pessoas a apoiá-lo. Testar produtos/serviços Este tipo de fonte alternativa também é indicado para empresas que desejam validar a sua ideia. O crowdfunding pode ser uma grande saída principalmente para produtos inovadores que possam oferecer exclusividade para os colaboradores da campanha. Aqui será possível testar a aceitação do mercado, receber feedback e muito mais. Financiar ideias Uma ótima opção para empreendedores para viabilizar a ideia inicial e tentar tirar o projeto do papel. Aqui o crowdfunding pode ser indicado para a aquisição de pequenos equipamentos e materiais essenciais para os primeiros passos. Fonte: Sebrae

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#Crowdfunding variaram de R$ 12 mil a R$ 65 mil arrecadados, o que demonstra que campanhas de crowdfunding podem ter variados tamanhos. E cada campanha pode ser de um tipo. Na campanha Flex, você já tem parte do dinheiro para bancar seu projeto, mas precisa de um complemento, de um apoio. Ao final, mesmo se não bater a meta estipulada, o dinheiro arrecadado pode ser utilizado para ajudar a lançar o produto, realizar o projeto ou custear o sonho. Já na campanha Tudo ou Nada, caso a meta não seja batida, todo o dinheiro arrecadado é devolvido para quem se dispôs

Campanhas podem oferecer Recompensas Além de ter garantido o produto que ajudou a financiar, o participante de uma campanha de crowdfunding pode levar um brinde ou recompensa para casa. “Recompensas são produtos adicionais, ou mimos, por exemplo, um livro autografado pelo autor, ou um desenho original. A pessoa deve oferecer algo que agregue ao projeto. Não dá para colocar qualquer coisa só para dizer que tem um brinde, tem que ser coisas que ampliem o projeto e não apenas um presentinho”, alerta Cordeiro de Sá. E também não dá para exagerar. “Tem campanha com tanta recompensa que fica até confuso, é como em um restaurante self service, tem tanta opção de pratos que você não consegue escolher direito”, avalia.

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Veja as plataformas de crowdfunding mais conhecidas no Brasil: Catarse – www.catarse.me Kickante – www.kickante.com.br Vakinha – www.vakinha.com.br

a ajudar e o proponente não precisa finalizar o seu projeto via crowdfunding. E existem ainda as campanhas de Assinatura, uma espécie de mecenato, em que as pessoas interessadas podem ajudar com um valor mensal para que um trabalho seja realizado. Mas, independente do formato, quem promove uma campanha de financiamento coletivo deve ter muita clareza no que está oferecendo. “É preciso avaliar muito bem qual sua real capacidade de produção daquilo que você está oferecendo, pois às vezes você promete um produto que não dá conta de fazer, ou que não dá conta de entregar por questões de logística que não foram calculadas antes, então é preciso fazer um plano de negócios, um planejamento de produção”, aconselha. “Outro ponto muito importante é o tempo de duração de um projeto. Campanhas de sucesso têm de 30 a 45 dias, mais que isso as pessoas acabam esquecendo, menos que isso as pessoas não veem, então tudo tem que ser muito bem planejado”, finaliza Cordeiro de Sá.


#Mindset

Um pouco de Música na Rotina do Escritório

por Angelo Davanço

Homem forte da Verizon Business Group para a América Latina, Paulo Pontin concilia trabalho com a paixão pela música e forma até banda com outros executivos

A

carreira de Paulo Pontin tem todos os ingredientes trilhados por muitos dos executivos brasileiros. Formado em Administração de Empresas pela Unaerp, em Ribeirão Preto (SP), sua terra natal, fez estágio, trabalhou em bancos, iniciou uma pós-graduação em marketing, interrompida por conta do trabalho e da necessidade de viagens constantes, mudou-se para São Paulo, fez MBA focado em negociações internacionais, atuou como analista financeiro, entrou para o mundo da tecnologia, conheceu a área das telecomunicações, passou por empresas como Shell Petróleo, Itautec, Ericsson, AT&T, até chegar a um processo de seleção para gestor comercial de uma holding norte-americana. Após quatro meses e doze entrevistas, seria selecionado para ingressar no Verizon Business Group e hoje, onze anos depois, é o responsável por toda a área de negócios do grupo para a América Latina, com foco em B2B, como fornecimento de conectividade empresarial, transporte de dados, voz, vídeo, segurança da informação, diagnóstico de redes e aceleração de conteúdo web. Pode-se dizer que Paulo faz parte da estrutura de um gigante. A Verizon tem mais de 150 mil funcionários nos 150 países em que atua ao redor do mundo, com faturamento global de US$ 135 bilhões e a

responsabilidade de administrar mais de um milhão e quinhentos mil quilômetros de cabos submarinos nos seis continentes para permitir uma comunicação empresarial global, rápida e segura. Um desafio e tanto que o executivo procura encarar com a ajuda da meditação, da prática do tênis e do contato permanente com uma de suas grandes paixões, a música. “Quando eu era adolescente, me via um músico no futuro, tendo feito conservatório na Inglaterra, mas meus pais me disseram que primeiro era para eu ir atrás de um diploma, depois poderia fazer o que quisesse na vida, pois um músico com um diploma seria mais reconhecido”, brinca. Vieram o diploma e o reconhecimento profissional, e a música sempre esteve por perto. Aos oito anos, começou a aprender violão, mas o instrumento logo foi deixado de lado quando o garoto começou a se interessar mais pelo futebol na rua e pelos passeios no clube. Aos 15 anos, de volta às cordas do violão, formou as primeiras bandas com os amigos. Foi quando identificou uma “oportunidade” de mercado. “Percebi que havia falta de mão de obra de baixista, tinha muito guitarrista e não muitos baixistas disponíveis. Para cobrir uma lacuna de uma banda que tinha na época, passei a

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#Mindset

Almicare Neto

(Head Digital e Sales da Rede TV)

Bateri-a

Gabriel Rozin

(Médico do Hospital Albert Einstein)

Guitarra

Gabriel Silva

(CFO do Nubank)

Guitarra

Júlio Pina

(Sócio da Gulf Partners)

Piano e Teclado Paulo Pontin

(Managing Partner da Verizon América Latina)

Contrabaixo

Marcelo Munerato (CCO da AON)

Vocal e Violão Maurício Cataneo

(CFO e General Manager da Unisys)

Vocal

Amante do jazz e do blues, Paulo Pontin realizou o sonho de ter uma banda neste estilo há 20 anos, já em São Paulo, quando criou, com amigos, a Blue Jam, que se mantém na ativa até hoje. “Comecei ouvindo rock dos anos 50 e 60, como Bill Haley, Elvis, Little Richard, Jerry Lee Lewis, depois vieram os Beatles, o hard rock de Led Zepellin, Deep Purple, o Queen, U2, Dire Straits, Pink Floyd, só coisa boa”, cita. “Hoje, até para meditar a música funciona muito bem para mim, ajuda a combater o estresse e até a exercitar conceitos aplicados nas empresas, como colaboração, equipe, harmonia, cadência. É uma válvula de escape que, ao mesmo tempo, faz a conexão entre os dois mundos, o da música e o da carreira profissional”, completa.

The Corporates

Se a música servia basicamente como um momento de relaxamento em meio à rotina profissional, passou a ser coisa séria há pouco mais de um ano. Paulo faz parte de uma plataforma para executivos chamada Experience Club, que promove encontros, viagens, almoços e eventos para troca de experiências. Em um destes eventos, o Fórum CEO Brasil, realizado em Salvador, em uma

Músicos da The Corporates: Gabriel Rozin, Maurício Cataneo, Júlio Pina, Amilcare Neto, Paulo Pontin e Marcelo Munerato

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foto: Divulgação

Quem é quem na banda The Corporates

aprender a tocar contrabaixo e fui entendendo melhor a importância do instrumento, a sua beleza dentro do contexto de qualquer conjunto, mesmo numa orquestra, e não parei mais”, relembra.


foto: Divulgação

#Mindset

‘Às vezes é preciso parar e fazer o que gosta’ Com uma rotina carregada de trabalho, Paulo Pontin admite não ser fácil encontrar tempo para se dedicar aos shows e aos dois ensaios mensais da The Corporates. “Não é fácil, da mesma maneira que não é fácil encontrar tempo para a academia, para a família, os filhos, os amigos. Mas quando a gente gosta de alguma coisa, dá um jeito. Às vezes é preciso parar e fazer algo que a gente gosta, seja um esporte, seja tocar um instrumento. Tem que ir lá e fazer. Não será uma hora que vai afetar o seu dia. Se você ficar focado apenas em trabalhar, vai trabalhar 24 horas por dia, pois nunca se deixa de ter trabalho para fazer, um e-mail para responder, algo para resolver. É preciso não cair nesta cilada e se dar um tempo sem culpa. Isso vai ser revertido em mais qualidade de vida e maior produtividade na vida pessoal e profissional, pode ter certeza”, aconselha.

conversa despretensiosa com outros executivos, surgiu o assunto música e cada um passou a lembrar dos tempos em que tocava guitarra, da vontade de voltar a cantar ou da bateria acumulando poeira em um canto da casa. “Desta conversa surgiu a ideia de realizarmos alguns ensaios em um estúdio. Claro que os primeiros foram um desastre, mas logo as coisas foram melhorando e conseguimos montar um repertório de oito músicas. Os sócios fundadores da Experience Club descobriram que estávamos neste movimento de ensaios e nos convidaram para uma apresentação na edição mais recente do Fórum, que foi realizada em setembro de 2019”, explica. Surgia então a banda The Corporates que, de lá para cá, já se apresentou em casas noturnas de São Paulo e do Rio de Janeiro

e já tem shows agendados para o início deste ano, sempre com o dinheiro arrecadado revertido para entidades sociais. “Hoje a banda tem sete membros fixos e contamos sempre com outros executivos convidados, que querem voltar a ter algum contato com a música”, diz Paulo. A repercussão em torno da The Corporates tem sido tanta, com entrevistas em veículos como jornal O Estado de S. Paulo, revista Forbes, Veja São Paulo, rádio Jovem Pan e aqui na revista Empreende, que a ideia dos executivos músicos é consolidar o projeto. “Para isso, já estamos montando um time para trabalhar na produção, na agenda. Queremos perpetuar este momento de curtição”, planeja Paulo.

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Faça Acontecer

Ayahuasca e o Pirata na Lâmpada Thiago Franco Especialista em liderança e CEO da Turnus, startup de gestão de escalas de trabalho. Atua como coach, professor e consultor, desenvolvendo pessoas para pensar de maneira mais estratégica e se conectar melhor com outras pessoas.

@thiagofranco.coach Mais informações de contato: abeeon.com.br/ Thiago-Franco

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omo você reage quando alguém te chama para fazer algo que nunca fez? Quando você é mais novo, tudo é alegria e, se você é mais velho, deve pensar: “Pra que vou me enfiar nessa roubada? ”. Mas as coisas, geralmente, são novas para a gente e velhas para o mundo; então, por que não? Pensando nisso, resolvi aceitar o convite de amigos e participar de uma cerimônia xamânica. Nos rituais xamânicos, com frequência se faz uso da Ayahuasca, uma bebida enteógena (ou alucinógena) usada por comunidades indígenas há mais de 5.000 anos. Ou seja, novo para mim, velho para o mundo. A xamã começou explicando o ritual, sobre a Ayahuasca e sua força, o que fazer e quem chamar se você passar mal. Recebi minha dose e sentei. O ambiente foi colocado à meia luz, uma música tranquila tocava e ninguém mais dizia uma palavra. Depois de um tempo, entendi como o ritual é importante. A música, o não falar, a ausência de celular, toda a atmosfera levando à introspecção. Tudo parecia normal e tranquilo até que senti as luzes mais fluidas. Olhei para a lâmpada fraca no teto e vi o semblante de um pirata com tapa olho. Começou a viagem, eu estava entrando na força da Ayahuasca. Nem todos têm uma boa experiência com a bebida. Algumas pessoas ao redor estavam visivelmente sofrendo, lutando contra seus demônios. Já eu, muito pelo contrário, estava tranquilo e feliz! A música com som de água me levou por corredeiras em rios subterrâneos. O tambor oceânico me deixou à deriva no mar ou debaixo de uma chuva agradável. Um dos melhores efeitos da bebida é a amplificação dos sentidos. A xamã colocou um maço de manjericão perto do meu rosto e senti o aroma até dentro do meu cérebro. Mas não me prendi, esta é uma percepção interessante. No “trabalho” com a Ayahuasca, você não fica preso em uma ideia ou sensação. Ela vem, você a sente e depois a deixa ir. Não há controle e ele não faz falta. Na última parte do ritual, cada um pôde falar o que sentiu e como foi seu trabalho. De uma forma ou outra, todos encontraram o que buscavam: prazer, descanso, redenção. Para mim, significou liberdade de pensamento. No dia seguinte, retornei ao local e o pirata não estava mais na lâmpada. O que ficou foi a nova experiência de um conhecimento velho para o mundo: as armadilhas que esmagam nosso espírito são criadas em nossa própria mente. Para alcançar a liberdade, precisamos fechar os olhos para o que entendemos como realidade e abrir em outra direção: a nossa.

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Escritório na Mochila

Pare de procurar um propósito: viva a vida R

ecentemente, recebi um e-mail de uma advogada me pedindo socorro – sim, o assunto do e-mail era: “Socorro!”. Eu entendo perfeitamente, porque um dia eu tive que pedir socorro também. Nessa época, eu estava angustiado tentando descobrir qual era o meu propósito. Ah, o propósito… Algo tão simples, que deveria ser fácil de identificar, pois faz parte da gente, mas, ao mesmo tempo, tão difícil de entender e, quando não “encontrado”, torna-se algo tão angustiante. Gosto muito dessa citação da Paula Abreu: “O seu propósito de vida é ser você. Parece simples, mas não é. Sabe por quê? Porque você não sabe bem quem você é. E, se você não sabe quem você é, fica muito difícil ser você. E mais difícil ainda escolher a vida que você quer viver. Essa não é uma tarefa fácil, porque há uma grande chance de que você – assim como eu e a grande maioria das pessoas – tenha, até hoje, de forma consciente ou não, buscado o oposto da sua natureza única: ser igual a todo mundo”.

Pedro Custódio Advogado que carrega o escritório na mochila, escreve e ajuda outros advogados a terem mais tempo e mobilidade.

Mais informações de contato: abeeon.com.br/pedro custodio-advogado

Por muito tempo, eu tentei descobrir qual era o meu propósito. Achei que era ser músico. Enquanto cursei a faculdade, carregava um violão nas costas. Toquei em festivais, acampamentos, conheci muita gente e viajei. Acho que eu sempre gostei de fazer a diferença na vida das pessoas, mas essa ideia de ser músico não pagava as minhas contas, por isso, achei que esse não era o meu propósito. Depois de me formar em Direito, minha vida estava sendo previsivelmente escrita na cadeira de um escritório, enquanto eu esperava os ponteiros do relógio darem 18 horas. Se eu via propósito nisso? Acho que também não. Quando olho para trás e vejo onde estou hoje, escrevendo este texto de um apartamento em Buenos Aires, onde vou morar por um mês com minha esposa e nossa Yorkshire, percebo que a vida é uma viagem, e não um destino. Pelo menos para mim, ser um advogado não fazia parte do meu destino, mas se tornou parte da minha viagem – e eu coloquei um Ray-Ban, abaixei os vidros, aumentei o volume e estou curtindo o vento bater no meu rosto. Uma viagem com alguns poucos processos, mas alguns pedidos urgentes deferidos. Uma viagem com poucos clientes, mas com textos escritos e lidos por milhares de pessoas. Uma viagem na qual jamais imaginaria receber um e-mail de um procurador federal aposentado que queria começar a carreira de advogado e precisava de ajuda para ser visto. Já aconteceu com você da chave estar na sua mão e você ficar procurando pela casa toda? Talvez, o que a gente precisa é parar de tentar encontrar um propósito, mas procurar viver a vida com todas as possibilidades que ela oferece. É enquanto caminha que você pode encontrar o que busca.

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Marca de Ouro

As Marcas e o Paradoxo do Lucro Augusto Carminati

Pós-Graduado em História: Cultura e Sociedade e, também, em Antropologia Comportamental. Especialista em Branding (a criação e conceituação de marcas) pela Curtin University, da Austrália. Professor, mentor e consultor de marcas, além de sócio-diretor do Núcleo Imm. @augustocarminati Mais informações de contato: abeeon.com.br/ Augusto-Carminati

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ocê já ouviu falar no “paradoxo do hedonismo” ou “paradoxo do prazer” alguma vez na vida? Se não, eu vou explicar tudo certinho. Se sim, pode pular o primeiro capítulo que lá pra frente eu vou ensinar a como utilizá-lo para sua marca. Primeiro, the basics: o que é hedonismo? Você pode procurar em vários e complexos livros de filosofia, mas, no caso deste termo, a Wikipédia resume bem: “O hedonismo (do grego hedonê, “prazer”, “vontade”) é uma teoria ou doutrina filosófico-moral que afirma ser o prazer, o supremo bem da vida humana”. Basicamente isso. Viver ao máximo em busca do máximo prazer é o único e verdadeiro sentido da vida, e o único caminho eficaz na busca pela felicidade. E por que existe um paradoxo para o prazer? Simples, porque muitos pensadores disseram isso. Brincadeira. Na verdade, se observarmos a história e o nosso redor, entendemos o que grandes pensadores já disseram: o prazer pelo prazer pode não resultar em prazer. Quando se busca o prazer deliberadamente, quando se busca a felicidade de maneira objetivada, podemos, na maioria das vezes, acabar frustrados.

Próximo Capítulo Se a gente transferir para o PJ (Pessoa Jurídica), o que seria o prazer? O prazer das empresas é o lucro. E, assim, nasce o “paradoxo do lucro”. O consumidor é rei, e hoje ele é um rei conectado, cheio de conselheiros e muito bem-intencionado com relação ao que espera do mundo, mas, principalmente, com relação ao que sua marca deixa para o mundo. Isso acontece porque, ao CONSUMIR sua marca, ele entende que está SENDO sua marca, e ninguém quer ser algo que não deseja, ninguém quer ser algo que causa qualquer coisa diferente de um máximo de bem-estar para um máximo de pessoas. E mais: ninguém quer ser objeto de consumo de uma empresa.

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Por isso, uma marca é um conceito, e só funciona, basicamente, através de uma essência. Termino com uma livre adaptação da célebre frase do filósofo Søren Kierkegaard: “A maioria das pessoas (marcas) persegue o prazer (lucro) com tanto afã que o acaba deixando rapidamente para trás (a concorrência).” Você, neste Exato Momento. E como vencer esse paradoxo, afinal? A descoberta e alinhamento da essência é um fundamento do qual seu negócio não pode abrir mão. É ela quem vai criar um valor ÚNICO que facilmente será absorvido por seus colaboradores, fornecedores e, claro, consumidores em geral. Qual a cara da sua marca? Não estamos falando de logo, slogan e alguma “peça conceito”. Qual é a verdadeira personalidade que sua marca transmite para seus consumidores? Essa essência precisa de um propósito, algo que as pessoas facilmente identifiquem como o “porquê” da marca, qual o seu objetivo de existência no mundo. E, não, o propósito não pode ser o de “ganhar dinheiro”. Esse pode até ser o objetivo da sua empresa (sugiro não ser), mas não pode ser o da sua marca! Os clientes sentem cheiro de armadilhas de caça-níquel. E se afastam. Não, eu não estou falando da hipocrisia de abnegar o lucro, JAMAIS. Só disse que HOJE é preciso, sim, sonhar. Mais do que isso, é preciso entregar sonhos, esperança e, principalmente, inspiração e soluções para um grupo de pessoas, seu nicho. A marca é o garoto que quer mudar o mundo e, mesmo assim, (e talvez por isso) se permite lucrar, não o contrário. Não é, ou não deve ser, uma máquina de fazer dinheiro que, às vezes, se permite mudar o mundo, propor novas soluções para o mundo. Isso tem que estar na alma de seus donos, e, acreditem, pode ser muito lucrativo. Uma dica final? Se o dinheiro é seu último recurso, você já está sem recurso nenhum.


Inovar para Continuar

Diferenciais do Varejo Norte-Americano E

stivemos recentemente na Califórnia fazendo um trabalho de “benchmarking” (análise das melhores práticas no mercado por concorrentes) junto a algumas tradicionais redes varejistas para clientes do setor do Brasil.

Automação Crescente

O cenário atual do mercado norte-americano indica claramente a crescente participação do ecommerce e do omnichannel (combinação lojas física e virtual) em detrimento das lojas físicas.

Há muito tempo que não existem frentistas nos postos de combustível do país.

Gigantes do comércio digital como Amazon e E-bay estão contribuindo decisivamente para a redução do fluxo de clientes nas lojas físicas, sendo que mais de 6.000 destas fecharão até 2020, assim como 25% dos Shopping Centers americanos. Mesmo assim, gigantes do varejo físico resistem bravamente, como é o caso do Walmart, com um faturamento anual equivalente a 25% do PIB brasileiro. Quais seriam as caracteristicas que diferenciam o varejo norte-americano do resto do mundo?

Sempre Aberto As lojas estão sempre abertas até às nove horas da noite, incluindo nos finais de semana. O único dia do ano em que fecham é no Thanksgiving, considerado o mais importante feriado dos EUA. Para compensar, dois dias depois tem o Black Friday, evento consumista criado no país e que vende tanto quanto no Natal.

É perceptível a substituição da mão de obra pelas máquinas, desde os “self checkouts” até os drones, utilizados em entregas em domicílio (quando as condições permitem).

Omnichannel Para sobreviverem, as lojas físicas estão aderindo maciçamente ao Omnichannel, que integra a venda on-line com a física (do tipo “compre on-line e retire na loja”)

Sustentabilidade Incipiente no Brasil, essa característica é relevante no varejo americano (assim como no europeu), transformando-se em importante diferencial de vendas para empresas que adotam essa prática.

Clube de Compras Em crescente utilização, além dos tradicionais cartões fidelidade, com o objetivo de manter a fidelização dos clientes.

Prof. Leopoldo

Andretto

Graduado e pósgraduado pela FGV, com cursos de especialização na Universidade da Califórnia, San Diego, que possui 16 Prêmios Nobel (dois em Economia), onde é palestrante convidado e coordenador dos cursos de Gestão Estratégica e Inovação para executivos do Brasil. Foi coordenador dos MBAs da FGV Management, sendo atualmente consultor empresarial nas áreas de Estratégia e Gestão de Inovação.

Mais informações de contato: abeeon.com.br/ andretto

Lojas de Desconto Produtos de grife são encontrados em lojas de desconto com preços bem inferiores e com grande afluxo de público. São itens de sobra de estoque de fábricas, mudança de linhas/modelos e viradas de estação. Exemplos de redes nacionais: Ross e TG Maxx.

Merchandising Agressivo

Cash Back

Característica comum no varejo físico é no merchandising das lojas, com ênfase em promoções e liquidações, ostensiva e prioritariamente comunicadas ao cliente no visual das lojas.

Incipiente no Brasil, esse sistema é muito popular nos Estados Unidos, no qual você recebe parcela do valor gasto em compras depois de um certo acúmulo de pontos.

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Direto do Vale

O Empreendedorismo Social defendido por Karen Henken Entrevista a Leopoldo Andretto, texto de Camila Rodrigues

“Minha maior paixão é promover a inovação e o empreendedorismo em escala global”

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empreendedorismo não precisa apenas estar ligado a expansão de negócios e geração de lucro em novos mercados. Para Karen Henken, professora de Prática e Relações Institucionais na Kroc School, Universidade de San Diego, na Califórnia (EUA), o ato de empreender também pode estar atrelado à promoção de ações capazes de mudar uma realidade. Pode ser feito, segundo Karen, de uma maneira localizada, como, por exemplo, dentro de uma comunidade carente, promovendo a capacitação de moradores para possíveis vaga de emprego, ou, como ela vem desenvolvendo em anos de profissão, na orientação e trabalho conjunto com grandes empresas, que irão, a partir de decisões positivas, promover atos importantes e rentáveis em países de baixo desenvolvimento, havendo uma melhora no âmbito global. A expertise de Karen é proveniente de duas décadas dedicadas ao mercado tecnológico, especialmente no Japão. “Tive oportunidade de trabalhar com produtos de última geração e fundadores visionários para aumentar as oportunidades de mercado em nível internacional”, relata, enfatizando que foi uma experiência ímpar de aprendizado e crescimento profissional. Contudo, a professora dedica-se, atualmente, a repassar toda metodologia aprendida para organizações em estágio inicial. “Minha maior paixão é promover a inovação e o empreendedorismo em escala global. Trata-se também de vincular o poder dos negócios como propulsor do crescimento econômico e sua capacidade de criar bem social para resolver os problemas mais prementes do mundo. Acredito que as empresas tenham a capacidade de criar mais impacto social do que qualquer outro setor, devido aos vastos recursos que geram e controlam em escala global. Isso é mais do que apenas marcar a caixa para “doações de caridade”. Ela deve ser parte integrante de

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sua cadeia de suprimentos, do envolvimento e retenção de funcionários e dos consumidores que escolhem suas marcas”, salienta ela, que já promoveu oficinas de inovação social e empreendedorismo para ONGs da Colômbia, Vietnã e Brasil. Para saber mais, conversamos com Karen Henken, que compartilhou seu conhecimento e respondeu dúvidas pertinentes sobre essa nova forma de pensar em empreendedorismo e como podemos utilizá-la, de forma a proporcionar uma melhoria em toda uma cadeia de negócio. Veja! Por que o empreendedorismo social é tão importante para a sociedade? Karen Henken – Sou uma defensora apaixonada pelo poder do empreendedorismo social, para criar e promover novos modelos de mudança. Vivemos em um mundo em crescente disparidade econômica. O crescimento exponencial da sociedade civil e organizações sem fins lucrativos, relacionadas nos últimos 20 anos, em quase todos os países, demonstra que há um compromisso em abordar questões globais importantes de acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. No entanto, o setor tradicional sem fins lucrativos nunca será capaz de atingir suas metas de escala e impacto com base no que tem sido sua fonte de financiamento, principalmente, por meio de doações e subsídios. O empreendedorismo social permite que as organizações criem novas fontes de receita sustentáveis ​​para ajudá-las a obter mais escala e impacto, alinhando-se à sua missão de criar mudanças sociais. Quais são os principais fatores que levam os investidores a assumir riscos em startups? Karen Henken – Os investidores buscam retorno. Hoje, existem formas muito mais variadas de capital disponíveis. Capital de risco continua a crescer como uma


oportunidade de investimento e financiamento. Esse modelo mercadológico tem conquistado, historicamente, pelo menos, 10 vezes mais retornos sobre qualquer investimento - pelo menos nos EUA -, em prazos bastante curtos. Entretanto, há também uma tendência crescente de “dinheiro lento”, ou seja, investimentos de capital que tenham um horizonte de tempo mais amplo e que permite um crescimento mais prolongado e estável. Já o crescimento dos fundos de investimento de impacto em escala global também apresenta um investimento diferente, concentrando-se em organizações que geram retorno social ou econômico mensurável, bem como retorno financeiro.

“Minha maior paixão é promover a inovação e o empreendedorismo em escala global. Trata-se também de vincular o poder dos negócios como propulsor do crescimento econômico e sua capacidade de criar bem social para resolver os problemas mais prementes do mundo.”

Qual é o papel da liderança com as novas práticas de inovações reproduzidas pelas organizações? Karen Henken – Para uma liderança verdadeiramente eficaz e exemplar, que promova inovação, ela deve começar no topo da organização. No entanto, também é fundamental que as responsabilidades de liderança sejam compartilhadas entre todos os funcionários e que as opiniões e talentos de todos sejam importantes. A gerência sênior deve estar comprometida com a criação de uma cultura de inovação que permita assumir riscos e apoie o “fracasso” quando apropriado. Os líderes devem estabelecer processos para incentivar e reconhecer ideias novas e potencialmente “disruptivas”, incentivadas por todos os níveis. Ao olhar para organizações globais consideradas verdadeiras líderes em inovação, como Google, Unilever, Apple, General Electric, Salesforce, Natura e Facebook, percebe-se que todas elas fornecem ferramentas e plataformas para permitir que os funcionários busquem ideias alinhadas com suas paixões e habilidades únicas.

Direto do Vale intelectual, patentes e segredos comerciais não garantem mais uma vantagem competitiva na maioria dos setores. Para manter ou conquistar a liderança em inovação, é essencial que as empresas criem processos para garantir que possam buscar e adotar as melhores ideias dos funcionários de toda a organização. Não se trata apenas de envolver apenas aquelas que são as “ideias” mais visíveis ou as pessoas em funções de gerenciamento. As melhores ideias podem vir de qualquer departamento ou geografia. A inovação é alavancar seus recursos da maneira mais eficaz e criar canais de comunicação que possibilitem isso.

Como você enxerga a economia quando for em sua maior parte comandada pela geração Z? Karen Henken – A geração Z nunca esteve sem um smartphone ou acesso instantâneo à Internet. Muitos acreditam que essa geração precisará de níveis muito mais altos de estímulo mental, pois suas vidas são constantemente bombardeadas por informações e envolvimento com seus telefones. Novos produtos e serviços refletirão isso, talvez mais interativos do que nunca. Eles também se importam muito com este planeta e seu futuro, pois muitos veem o impacto das mudanças climáticas, o deslocamento interminável da população em escala global e as preocupações sobre para onde seu mundo e futuro estão indo. Eu acredito que eles serão uma geração que desenvolverão com êxito a liderança de novas maneiras.

Como a senhora vê o desenvolvimento de novas empresas daqui a 10 anos, com a concorrência mais acirrada? Karen Henken – Hoje, as empresas só podem ter sucesso inovando continuamente e reinventando-se continuamente. Elas precisam estar muito sintonizadas com o desejo de seus clientes, pois o consumidor de hoje compara continuamente produtos com acesso a informações instantâneas e, portanto, não é tão fiel como nas gerações anteriores. As empresas devem fazer todo o possível para desenvolver produtos exclusivos e depois proteger sua propriedade intelectual, mas isso não é suficiente. Os ciclos de produtos são cada vez mais. Propriedade

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Invista em Você

Que tal um curso entre as suas resoluções de ano novo?

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odo começo de ano nos pegamos organizando a agenda, fazendo planos de uma vida mais saudável, com mais tempo para o lazer, novas atitudes na carreira ou mesmo uma mudança radical. A época também é ideal para investir em mais conhecimento, seja por meio de cursos presenciais ou on-line, palestras, workshops, oficinas,

debates e tudo mais que possa lhe trazer mais informações sobre sua profissão, sobre a área em que deseja empreender ou, por que não, para descobrir uma nova atividade que lhe dê satisfação. Confira a seguir os eventos e cursos marcados para os próximos dias e não perca tempo, inclua mais conhecimento em suas resoluções de ano novo!

Cursos On-line Sua Startup está Pronta para Captar Recursos?

Como Funciona uma Franquia

Data: O ano todo

Data: O ano todo

O mercado exige soluções cada vez mais criativas e inovadoras. Por isso, o empreendedor de startup deve buscar todos os recursos disponíveis - e não só os financeiros - para desenvolver seu projeto e alcançar o sucesso do empreendimento. Você sabe se a sua startup está pronta para captar recursos?

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Linkedin Pessoal Data: O ano todo O LinkedIn é a principal rede profissional do mundo, mas muitas pessoas não utilizam todo o potencial desta plataforma. Alguns detalhes na configuração do seu perfil podem ser capazes de lhe tirar do anonimato e colocá-lo na página de resultados das buscas de potenciais recrutadores, parceiros ou clientes. Neste curso, você vai aprender como explorar esta rede para se posicionar como uma autoridade em sua área de trabalho por meio da produção de conteúdos.

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Como Construir uma Loja Virtual Data: O ano todo

A compra on-line é uma realidade - e não é de agora. Mas, para haver a compra, é preciso fazer a venda. E, neste sentido, é necessário entender como construir uma loja virtual. O curso oferece as informações necessárias para que a sua empresa possa se relacionar com o público via Internet. A atividade vai oferecer todas as ferramentas para que você veja o seu produto e/ou serviço fazendo sucesso on-line.

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Abrir uma franquia tem sido comum, atualmente, para pessoas que querem empreender e ter o próprio negócio. No entanto, levar o nome de uma empresa já reconhecida no mercado requer alguns cuidados e exigências: estar totalmente alinhado às condições estabelecidas, por exemplo, é fundamental. Por isso, é muito importante saber como funciona uma franquia, para não começar seu negócio às cegas. O participante aprenderá os principais pontos do sistema de franquias no Brasil, os requisitos legais e terá, ainda, condições de avaliar se esse tipo de negócio é o mais adequado para o seu perfil.

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Produtividade: Aprendendo a Administrar o Tempo Data: O ano todo O Curso de Produtividade: Aprendendo a Administrar o tempo, da área Administração, aborda O que é o tempo? Percepção de tempo, Aprenda a gerir seu tempo, Planeje seu tempo, Aprenda a lidar com o desperdício de tempo, Urgência e importância, Estimativa e duração de atividades, O tempo é seu melhor amigo e Estime o seu tempo.

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A Jornada do Empreendedor Data: O ano todo A jornada que o fundador da StartSe percorreu capaz de transformar uma pequena empresa de Minas Gerais em uma multina-

cional de 200 milhões em 3 anos. Junior Borneli fundou e transformou a StartSe de um simples cadastro de startups, nascido em uma cidade de 80 mil habitantes, em uma empresa que está ao mesmo tempo no Vale do Silício (EUA) e China, avaliada em 200 milhões. É a maior empresa lifelong learning especializada em negócios e startups do Brasil. Ganhou o Prêmio Lide Educação e Inovação 2018, pelo Instituto Ayrton Senna, tornando-se a Empresa de Educação mais inovadora do país.

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Blockchain e Criptomoeda: O que Você Precisa Saber Data: O ano todo Estima-se que em 2020, o valor de mercado da indústria de blockchain ultrapasse US$ 60 bilhões. Essa oportunidade se tornou o centro das atenções para muitos desenvolvedores, investidores, empresas e até governos que procuram a próxima grande inovação. Através dos olhos dos principais especialistas do setor e instrutores de Stanford, você aprenderá o que são blockchains e criptomoedas, como elas podem ser usadas e para onde está indo o futuro dessa tecnologia.

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Invista em Você

Eventos Presenciais Data: de 20 de janeiro a 27 de março Local: Instituto SEB (rua Mariana Junqueira, 33 Centro, Ribeirão Preto/SP) Com um conteúdo completo, o participante terá acesso a noções básicas de Python, variáveis, funções, estrutura de dados, web services, entre outros temas essenciais para a programação. Durante a trilha de aprendizagem, os alunos trabalham com situações-problema de empresas patrocinadoras.

Mais informações: (16) 3603-9900.

Nova Lei de Proteção de Dados Data: 21 de janeiro Local: Distrito Fintech (Av. Rebouças, 1585, Pinheiros, São Paulo/SP) Sua startup está pronta para as mudanças que virão com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais? A Nova Lei Geral de Proteção de Dados, aprovada em agosto de 2018, defende a criação de instrumentos de controle, pelos cidadãos, do uso que se faz dos seus dados. Precisamos ficar ligados, pois a nova lei entrará em vigor a partir de agosto de 2020! Aproveite este encontro para tirar todas as suas dúvidas!

Mais informações: https://distrito.me/eventos

Influencer Marketing: Gestão, Métricas e Identificação de Influenciadores Digitais Data: 24 e 25 de janeiro Local: FAAP (rua Adolfo Mantovani, 395 Res. Flórida, Ribeirão Preto/SP)

Indicado para profissionais da área de marketing e comunicação que estejam em busca de ampliação de repertório e conhecimento com novas práticas. O curso tem por objetivo fornecer conhecimento sobre o mercado de influencer marketing no Brasil, focando em dados dessa área que possibilitam a identificação de oportunidades, criar planejamentos estratégicos para campanha com influenciadores, e identificar, escolher, negociar e mensurar os resultados de ações com influenciadores. Atividade coor-

denada pelo professor Gabriel Ishida, criador do blog Midializado e um dos criadores do Atlas Media Lab.

Mais informações: (16) 3913-6300.

Workshop Empreendedorismo Digital Data: 25 de janeiro Local: SuperGeeks Ribeirão (Av. Carlos Consoni, 195 Jardim Canadá, Ribeirão Preto/SP) Além de aprender a pensar como um “founder” de uma startup, o participante passará pela simulação de uma jornada de lançamento e aprenderá mais sobre: o que é uma startup e quais seus princípios básicos; como criar uma startup de sucesso e o que não se deve fazer ao tentar abrir uma; e como captar dinheiro para começar o seu negócio.

Mais informações: (16) 3505-4512.

Como Modelar um Negócio Baseado em Ecossistemas e Plataformas Digitais Data: 28 de janeiro Local: Inovabra Habitat (Av. Angélica, 2529 – auditório 1 São Paulo/SP) Aproveite esta oportunidade e saia na frente em uma palestra que demonstra uma poderosa metodologia para projetar plataformas: uma estrutura de design, uma teoria de mercado unificada e um conjunto de ferramentas para levar seus projetos ou negócios de facilitação ao próximo nível. Acelere seu aprendizado em Modelagem de Plataformas Digitais compreendendo

e aplicando ao seu negócio, empresa ou startup em uma experiência incrível!

Mais informações: (11) 3335-0237.

Plano de Ação e Dashboard (Indicadores de Gestão) Data: 29 de janeiro Local: Acirp (Av. Saudade, 834 – Campos Elíseos, Ribeirão Preto/SP) Destinado a empresários e gestores das empresas em comércio, indústria e prestação de serviços, o curso tem como objetivo capacitar os participantes no desenvolvimento de painéis de monitoramento (dashboards) para acompanhamento de metas, análise de desempenho e formulação de plano de ação auxiliar na execução e controle das ações propostas. A atividade será oferecida pelo professor Alexandre Duarte, pós-doutorando pela FEA-USP.

Mais informações: (16) 3512-8000.

Liderança para Times Inovadores Data: 8 de fevereiro Local: Instituto SEB (rua Mariana Junqueira, 33 Centro, Ribeirão Preto/SP) O objetivo do treinamento é ajudar o participante a compreender seus modelos mentais e seu processo de tomada de decisão. O programa também faz o mapeamento das competências sociais, para identificação de comportamentos característicos da natureza humana.

Mais informações: (16) 3603-9900.

imagem: Shutterstock

Programação para Iniciantes

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Web Summit 2019

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isboa, em Portugal, se transformou na capital mundial da tecnologia, entre os dias 4 e 7 de novembro de 2019, ao realizar o Web Summit, evento que ocorre anualmente e reune os principais atores do ecossistema de inovação e empreendedorismo do mundo.

foto: Sam Barnes

Com o número recorde de participantes, foram mais de 70 mil congressistas de 163 países, sendo 46,3% de mulheres, superando o número de todas as edições anteriores.

Paddy Cosgrave, CEO do Web Summit, Fernando Medina, prefeito de Lisboa, Pedro Siza Vieira, ministro da Economia de transição digital – David Fitzgerald

O evento contou com a presença de 1.206 palestrantes, 2.150 startups e mais de 1.200 investidores. Segundo os organizadores, houve um aumento de investidores com foco nas Startups. O Brasil foi um dos países que atraiu muito a atenção do público investidor, através das mais de 140 Startups participantes do evento.

Web Summit 2019

Um dos temas em alta durante o evento foi a privacidade de dados pessoais. O palestrante Edward Snowden se apresentou remotamente por meio de um telão no palco, e explicou as motivações que o levaram a denunciar o maior esquema de espionagem da CIA. “O modelo de negócio é abusivo”, disse Snowden, sobre as megaempresas de tecnologia como Facebook, Amazon e Google.

Comportamento Anticompetitivo

foto: Pixebay

Em dezembro de 2019, o Google recebeu da França uma multa de 150 milhões de Euros. Segundo a autoridade de concorrência da França, a empresa pratica comportamento anticompetitivo, além da falta de clareza nos anúncios na página do Google Ads.

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Em uma coletiva de imprensa, a chefe da autoridade francesa, Isabelle de Silva, afirmou ser “extraordinário, o fato do Google ter uma participação de 90% no mercado de publicidade digital”.


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Sistema de Pagamentos Instantâneos

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foto: Divulgação

nviar e receber dinheiro em menos de 10 segundos, durante 24 horas por dia, sete dias por semana, será possível no país a partir de novembro de 2020, quando está prevista a implementação do ecossistema de pagamentos

instantâneos no Brasil. As instituições financeiras já estão se preparando para aderir ao sistema e investem em infraestrutura, tecnologia e discussões técnicas para padronizar e organizar uma plataforma de pagamentos instantâneos dentro de um ambiente de segurança para os clientes. “A nossa meta é fazer com que uma transação realizada pelo sistema de pagamento instantâneo leve até, no máximo, 10 segundos”, afirma Leandro Vilain, diretor de Negócios e Operações da FEBRABAN. Hoje, 95% das TEDs acontecem geralmente em até 5 minutos, apesar de o prazo estabelecido na regulação ser de até 30 minutos. ” A partir de fevereiro de 2020, estará disponível, no Banco Central, o ambiente de testes de conectividade com as potenciais instituições participantes. Em junho, todas as instituições iniciam os primeiros testes relacionados à implementação do sistema de pagamentos instantâneos.

Gerente da Supera Incubadora na Rússia

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foto: Divulgação

aulo Rodrigues, gerente da Supera Incubadora de Empresas de Base Tecnológica, ligada ao Supera Parque de Ribeirão Preto, esteve em Sochi, na Rússia, entre os dias 1º e 4 de dezembro, participando do Winter Island – evento que contou com a participação de empreendedores e especialistas de diversos países. O objetivo do evento foi reunir o maior número possível de startups, especialmente as

Saulo Rodrigues, Gerente Supera Incubadora

mais maduras, e colocá-las em contato com especialistas do mundo inteiro. Houve a participação de representantes da China, Japão, Tailândia, Estados Unidos, entre outros países. “A ideia foi que os especialistas ajudassem as startups, os agentes do ecossistema e as empresas de recursos humanos a entender um pouco mais sobre as possibilidades de cada mercado. Fui convidado para representar o Supera Parque, como especialista de mercado da América do Sul e, claro, do mercado brasileiro”, conta o gerente. Na visão de Saulo, os negócios entre Brasil e Rússia podem ser intensificados. “O mercado russo tem uma grande disponibilidade de recursos financeiros, um mercado muito arrojado e que oferece muitas possibilidades. Mas há uma barreira, que é a linguística mesmo. Muitos russos não falam fluentemente inglês, e no Brasil isso também é muito comum. Fica o desafio de melhorarmos nossas condições linguísticas e as condições culturais. Entretanto, as possibilidades de interação são muito grandes”, finaliza.

CADE autoriza compra do Estante Virtual

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foto: Divulgação

Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, em dezembro de 2019, o processo de aquisição do marketplace de livros Estante Virtual pela rede varejista Magazine Luiza. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União, com o parecer de que a fusão entre as duas empresas não coloca em risco o equilíbrio do mercado. Essa transação representa uma oportunidade de expansão no comercio eletrônico do Magazine Luiza.

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Valor exportado pela Região de Ribeirão Preto aumentou 10 vezes

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studo evolutivo sobre comércio exterior, desenvolvido pelo Núcleo de inteligência da ACIRP - Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto, aponta aumento no valor exportado das commodities na Região Administrativa de Ribeirão Preto (RA11), no interior do Estado de São Paulo.

foto: Rafael Cautella

De 1997 a 2019 o valor exportado na região, em dólares, cresceu 937%, ou seja, ficou dez vezes maior. A média anual de crescimento ficou em 14,5%. Além do aumento do volume de exportações, teve destaque a elevação de preço de boa parte dos produtos da região, sobretudo daqueles relacionados ao setor sucroenergético. Adicionalmente, não se considera nesse

valor a inflação em dólares no período. A participação dos produtos relacionados ao agronegócio no total exportado saiu de 63% em 1997 para 70% em 2019. Embora aparente ser pequeno, o ganho de participação do setor o consolidou como carro chefe das exportações na região, e veio com a inclusão de novos produtos. A soja e o amendoim, que no início da série não tinham qualquer valor exportado, passaram a representar 11,9% e 4,7% do total exportado em 2018, e garantiram lugares entre os produtos mais representativos na região. Em âmbito nacional, a China lidera no ranking de valor de importação de produtos do agronegócio brasileiro, com US$ 25,8 milhões. Os dados, de 2019, são da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária no Brasil).

Ribeirão Preto – Anel Viário contorno Sul

Alteração de ICMS para equipamentos do agronegócio

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Governador João Doria assinou no dia 19 de dezembro, um decreto que faz alterações no ICMS para a aquisição de máquinas importadas no Estado de São Paulo. As medidas beneficiam setores importantes, conferindo maior competitividade ao agronegócio, diretamente à indústria de alimentos paulista, mas com impacto em toda a cadeia produtiva. Os setores beneficiados, direta ou indiretamente, além de responsáveis pelo abastecimento alimentar, contribuem fortemente para a geração de emprego e renda nos meios rural e urbano. Os setores de leite e derivados, frutas secas, moagem e produtos de origem vegetal passarão a contar com benefícios de ICMS para a aquisição de equipamentos. Entre as mudanças estão a desoneração do imposto incidente na importação de máquinas sem similar nacional; anteriormente a alíquota variava entre 18 a 12%. No caso de aquisição direta de fabricante localizado no Estado de São Paulo o creditamento do

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imposto incidente passa a ser à vista; até então o pagamento era feito apenas após quatro anos. Fica alterada também a exigência do imposto incidente no desembaraço aduaneiro de bens. No caso de produto sem similar produzido no país, o imposto deverá ser pago apenas no momento da entrada no estabelecimento do importador. “As mudanças irão beneficiar produtores rurais e famílias que se dedicam à produção da matéria-prima para a indústria de alimentos e bebidas. Estas últimas, responsáveis pela geração de milhões de empregos, passam a ter mais razões para se instalar em São Paulo, além de todo o benefício logístico e proximidade das áreas de produção. Neste governo, focado no modelo liberal e na modernização, o produtor rural paulista pode acreditar e contar com o reconhecimento do Estado às suas atividades”, ressaltou o secretário de Agricultura e Abastecimento, Gustavo Junqueira.


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Encontro das AgTechs

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Cerca de 50 avaliadores, dentre eles profissionais de engenharia, agronomia, investidores, administradores e professores universitários, analisaram as startups que participaram do evento. Eles consideraram quesitos como inovação, organização, apresentação etc. Apresentaram-se empresas de fertilizante, controle biológico e prestadores de serviço, como

foto: Divulgação

ais de uma dezena dessas empresas, majoritariamente da região de Ribeirão Preto, se apresentaram no mês de dezembro de 2019 no 2º AgTech Day, promovido pela Lidera Consultoria e ESALQtech com o apoio da Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto (AEAARP).

Avaliadores Ag Tech Day

Henrique Croisfelts

foto: Divulgação

uma plataforma que oferece instalação de sistema fotovoltaico no modelo dos apps de transporte individual. “Cheguei aqui refletindo que as imposições da quarta revolução industrial resultariam no fim das possibilidades de trabalho no campo e sairei certo de que um novo mundo de oportunidades se abre para o futuro”, observa o engenheiro mecânico Josenildo Melo, de Uberaba (MG) que, assim como o professor Eliseu Martins, reitor do Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal (UniPinhal), foi um dos avaliadores no 2º AgTech Day Ribeirão Preto. Eliseu admira a inspiração dos empreendedores, mas considera que devem ser mais realistas em relação aos seus produtos e à organização de suas empresas.

Prêmio Líderes do Brasil

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foto: Divulgação

Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, recebeu na noite do dia 9 de dezembro de 2019, empresários, CEOs, presidentes e outras lideranças corporativas para a cerimônia de entrega da 9ª edição do Prêmio Líderes do Brasil. Promovido pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais, a premiação é o maior reconhecimento nacional do talento, da competência e do comprometimento das empresas e respectivos executivos. O evento teve a presença do governador paulista João Doria, seu vice Rodrigo Garcia, os governadores sergipano Albano Franco e goiano Marconi Perillo e secretários estaduais, entre outras autoridades. Em uma emocionante interpretação, o Hino Nacional Brasileiro foi cantado por Luciana Mello. “O Prêmio Líderes do Brasil destaca anualmente a importância de empresas

9ª Edição do Prêmio Lideres do Brasil

e gestores que, no dia a dia, buscam superar desafios e atingir bons resultados em seus negócios, tornando-se merecidamente referências dos setores em que atuam e fontes de inspiração para toda a sociedade”, disse Luiz Fernando Furlan, chairman do LIDE. Ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Furlan foi o Homenageado Especial, devido sua trajetória como exemplar empresário, administrador e cidadão brasileiro, que nunca se esquivou de enfrentar – e vencer – desafios. Indicados pelo júri oficial, entre os premiados em 33 categorias estão o CEO David Vélez, do Nubank, em “Startup”; o CEO Renato Franklin, da Movida, em “Serviços”; o diretor-geral da Airbnb no Brasil, Leonardo Tristão, em “Turismo”; o CEO Marcos Lutz, da Cosan, em “Grupos Econômicos”; o CEO John Rodgerson, da Azul, em “Logística e Transporte”; o presidente Pedro Bueno, da Dasa e da Ímpar, em “Gestão Inovadora”; o diretor-executivo Noël Prioux, do Carrefour Brasil, em “Varejo”; o diretor de Expansão e cofundador Ricardo Bechara, da Rappi no Brasil, em “Inovação em Serviço”; o presidente do Conselho Carlos Eduardo Sanchez, da EMS, em “Indústria Farmacêutica”; o ministro Tarcísio Gomes de Freitas, do Ministério da Infraestrutura, em “Gestão Pública”; e Yoonie Joung, presidente da Samsung, que faz sua primeira aparição pública em um evento de premiação corporativa como novo dirigente da gigante sul-coreana no Brasil, contemplada em “Eletroeletrônicos”.

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