ano 18
ANovembro



ano 18
ANovembro
A filósofa, ativista e escritora estadu nidense Angela Davis, uma importan te pensadora para o feminismo negro e para a luta antirracista, tem uma fala emblemática que tem reverberado cada vez mais nos últimos anos: “Em uma so ciedade racista, não basta não ser ra cista, é preciso ser antirracista”. A frase da filósofa é incisiva e também aponta para um movimento de ação – especi ficamente para uma ação diária que perpasse em todas as estruturas sociais, inclusive no espaço educacional.
O pensamento de Angela Davis pode ser facilmente transposto para a nossa realidade. O racismo no Brasil, parte de um histórico colonial e de escravidão, permanece vivo – e atuante – em nosso cotidiano, de forma explícita ou velada. E não é preciso acionar memórias lon
gínquas para sustentar essa afirmação. Basta acessar os meios de comunicação de massa, como jornais e televisão, ou até mesmo casos de racismo denunciados na internet ou nas redes sociais. Em resu mo, o racismo está em todos os lugares, inclusive, e sobretudo, nas estruturas so ciais. Como aponta o advogado e filósofo Silvio Almeida, o racismo é um elemen to que integra a organização econômica e política da sociedade.
Partindo da reflexão de Silvio Almeida, do racismo estrutural, e centrando o nosso foco para o ambiente educacional – es paço de suma importância para constitui ção do sujeito – nos questionamos: como desenvolver práticas antirracistas no co tidiano escolar? Essa questão se tornou o tema central trabalhado na Conversa com o Gestor desta edição. Assim, diretoras e
coordenadoras pedagógicas, consultoras, professora e psicóloga comentaram sobre a importância (e a urgência) em inserir di álogos e práticas de combate ao racismo em todos os espaços da escola.
Embora a temática antirracista apareça em grande escala no mês de novembro, em virtude do Dia da Consciência Negra, dedicado à memória do líder Zumbi dos Palmares, bem como ações e manifesta ções de movimentos negros, cabe lembrar que atitudes antirracistas devem ser acio nadas diariamente, em todos os meses do ano – e não apenas em novembro.
Rafa Pinheiro Jornalista ResponsávelDiretor: Alex Santos
Público: Diretores e Compradores
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Coluna - Christian Coelho
Por que algumas boas escolas têm dificuldade em crescer?
Coluna - Ademar Celedônio
A falta de valorização dos professores e seu reflexo negativo na sociedade brasileira
Coluna - Eduardo Shinyashiki
Atitudes e ações na educação que transformam desafios em conquistas
Funcionalidades e otimização
Dica: Software de Gestão Conversa com o Gestor
Ações e práticas antirracistas no cotidiano escolar
Dica: Toldos e Coberturas
Conforto térmico, bem-estar e proteção
Dica: Sala de Aula
Bullying ou conflito?
Oprincipal motivo que faz uma instituição de ensino crescer de forma sustentável, isto é, comprometida com o bom ensino, com os alunos, seus familiares e o meio em que vive, é a quali dade da prestação dos seus serviços edu cacionais, que compreende a proposta pedagógica, o trabalho realizado em sala de aula, a qualidade do corpo docente e as relações interpessoais entre colabora dores, famílias e alunos.
Políticas promocionais de preços e des contos mais agressivos, investimentos na infraestrutura e em tecnologia, estratégias de antecipação das rematrículas, campa nha de propaganda e pós-atendimento são fatores coadjuvantes, que impactam e mexem com o mercado em um primeiro momento, produzindo bons efeitos mo mentâneos que não perduram sem uma base educacional consistente.
É comum nos depararmos com uma escola que possui um bom projeto pedagógico e, mesmo assim, sofre com o baixo cresci mento. Existem fatores externos que difi cultam a vida das instituições de ensino, tais como: crise econômica, instabilidade política, aumento de custos, excesso de oferta, guerra de preços e o crescimento da concorrência; e também fatores inter nos, como: falta de visão sistêmica, desor ganização, baixa gestão e uma liderança pouco profissionalizada.
Um outro fator muito presente nas escolas é a falha na divulgação do trabalho pe dagógico e, consequentemente, na valori zação da prestação dos serviços.
“O trabalho realizado é bom, mas não ul trapassa os muros da escola”.
Falta, principalmente ao corpo docen te, a cultura de disseminar com cons tância e periodicidade o que ocorre em sala de aula para que a instituição e os seus colaboradores sejam respeitados e valorizados.
“Quanto mais os pais conhecerem o que o professor faz em sala de aula, menor será a necessidade da equipe de atendimento e vendas negociar descontos”.
Outro aspecto relevante é o seu bran ding, isto é, o valor e a gestão da mar ca da instituição. Às vezes, mesmo sem intenção, as escolas geram institucionais negativos, como escolas fracas, indisci plinadas, antiquadas ou bagunçadas, que ficam enraizados na memória das pessoas que compreendem o seu públi co-alvo (alunos, famílias, staff, ex-alunos, prospects e mercado regional).
A falta de comunicação e os erros de ima gens são uma das principais causas que impedem o crescimento das instituições de ensino que possuem um bom trabalho pe dagógico. Neste caso, a escola precisa fi car atenta a algumas questões relevantes.
Dicas para uma boa comunicação:
• Cuidado com a linguagem para apre sentar o conteúdo pedagógico
Ao invés de usar terminologias no dia leto “pedagogês”, conhecidas somente pela área educacional, a comunica bilidade se dará com mais facilidade quando houver uma linguagem direta e coloquial, com a qual o receptor sinta -se familiarizado com as palavras e que, para isso, não seja necessário esforço para decifrá-las.
Marketing de coopetência ou rede de va lor é a associação da marca de parcei ro conhecido e reconhecido com o nome da empresa. No segmento educacional, o marketing de coopetência acontece pelo acréscimo de parceiros que com plementam o trabalho pedagógico, como os sistemas de ensino, programas bilín gues, empresas esportivas e de projetos diferenciados, como empreendedorismo, maker e socioemocional.
Bem dosado, é um bom apoio institucio nal, porém, a divulgação da empresa parceira não pode chamar mais atenção que a própria escola nas campanhas de matrículas, no site, nas redes sociais, no merchandising da recepção e na fachada. Na busca por um diferencial competitivo, algumas escolas valorizam de forma ex cessiva o marketing de coopetência, cor rendo o risco de tornar sua imagem de pendente da empresa complementar.
Peça para os colaboradores tomarem cuidado com o que divulgam nas redes sociais, na portaria e na recepção. “O institucional nasce e se desenvolve de dentro para fora da escola”.
Os relatórios estatísticos do último exame da Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular), respon sável pelo vestibular da Universidade de São Paulo, mostram que o número de questões para ir para a se gunda fase de muitos cursos de licencia tura e Pedagogia gira em torno de 27 itens dentre o total de 90. Carreiras como Direito, Engenharia da Escola Politécnica e Medicina pedem 64, 68 e 80 acertos, respectivamente. Em alguns casos, como Licenciatura em Matemática/Física, o nú mero de candidatos que alcançam a 2ª fase não chega a 2 por vaga. E, apesar destes números serem apenas um recorte de um vestibular, é possível ver por todo o Brasil um enorme desinteresse dos jovens pela carreira de professor.
Um estudo realizado pelo Instituto Semesp – Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação aponta que, se não mudarmos as políticas públicas para atrair as novas gerações para a car reira de professores, teremos um déficit de 235.000 profissionais em 2040. Alguns problemas principais são apresentados na pesquisa sobre o desinteresse em seguir a carreira de professor, como a precari zação da profissão, infraestrutura ruim de algumas escolas, falta de equipamentos e materiais de apoio, violência, baixa re muneração e falta de reconhecimento da profissão pela sociedade.
Os resultados do trabalho dos professores vão muito além da sala de aula. Países com maiores níveis de escolaridade são os que têm o maior crescimento econômico e
maior qualidade de vida, conforme apon ta o estudo dos pesquisadores Mankim, Rommer e Weil. Em geral, os salários dos professores pelo mundo não são altos, po rém a remuneração inicial de um professor no Brasil é de apenas 37% do valor da mé dia dos salários da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), como aponta o relatório da Education at a Glance 2022, divulgado em outubro deste ano. Segundo o mesmo relatório, os professores têm, em média, 16 horas em sala de aula de uma car ga horária total de 40 horas semanais e assim podem, no restante do tempo, se concentrar em atividades administrativas, como correção de provas, atividades e planejamento. No Brasil, mesmo professo res de escolas particulares, onde os sa lários costumam ser melhores do que no setor público, precisam dar aulas em três ou quatro escolas para complementar a renda e, efetivamente, ficam muitas vezes mais que 40 horas semanais em sala de aula. Assim, o número de alunos e tarefas administrativas aumentam muito, invadin do o fim de semana com estas atividades.
Na Finlândia, país referência em Educação, segundo os resultados do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), a relação candidato/vaga para entrar numa licenciatura é maior que 10, enquanto para Medicina é de 8. Ou seja, é mais difícil entrar no vestibular para ser professor do que para se tornar médico. Os salários dos professores na Finlândia estão na média da OCDE, po rém, lá, a profissão é valorizada e vista com muita importância pela sociedade. Ministério da Educação e legisladores
confiam nos professores que sabem, em conjunto com diretores, coordenadores e familiares, como prover a melhor educa ção para crianças e adolescentes.
No livro “País Mal-educado”, de Daniel Barros, que mostra um raio-x da dura realidade da educação brasileira, há um exemplo de como o governo chileno (Chile tem o melhor resultado do Pisa na América Latina) está fazendo para atrair os alunos para se tornarem professores. Segundo Barros, os estudantes que so mam mais de 600 pontos na prova do vestibular (de um total de mil) recebem uma bolsa que cobre a matrícula e as mensalidades nos cursos de licenciatura ou Pedagogia. Se o aluno conseguir atin gir mais de 700 pontos, ele ainda ganha uma ajuda de custo no valor de 80 mil pesos chilenos (equivalente a R$ 450,00 reais). E, se a nota for acima de 720, o estudante também tem direito a um inter câmbio de seis meses em uma universida de estrangeira. A contrapartida é que es ses alunos precisam trabalhar em escolas públicas por, no mínimo, três anos depois de formados. Em geral, acredito que a combinação de boa formação acadêmi ca, importância profissional do professor perante a sociedade, cargas horárias e salários justos podem ajudar a reverter o quadro de falta de profissionais em 2040.
Diretor de Ensino e Inovações Educacionais. Foi diretor do Colégio Ari de Sá por 10 anos e atua no SAS Plataforma de Educação desde 2015.
Afunção da escola há muitos anos deixou de ser apenas alfabeti zar. Além de transmitir conteú dos e cultura, tem como missão o crescimento do ser humano para uma convivência social pacífica e colaborativa, em direção ao fortalecimen to da identidade, autonomia e cidadania.
A educação, em todos os seus sentidos, forma e transforma vidas. A escola é o agente educacional responsável por germinar transformações fundamentais em nossa sociedade; a escola é uma preparação para a vida. Para isso, é essencial que os educadores se questio nem sobre quais estratégias vencedoras, atitudes e ações são adequadas para que esse processo se desenvolva. Nesse sentido, podemos brevemente lembrar e refletir sobre alguns pontos:
• O encontro entre o adulto educador e a criança ou o jovem é a aproximação entre culturas que apresentam caracte rísticas diferentes e que utilizam formas distintas de interpretar o mundo e as ex periências pessoais. A forma do adulto, geralmente mais racional e hipotético -dedutiva, se exprime por meio de ex plicações, demonstrações e descrições consideradas mais objetivas.
Já a da criança e do jovem é uma forma mais empírica que se exprime por meio do comportamento, do jogo ou da utili zação da linguagem simbólica. O desafio é de construir uma ponte comunicativa e uma linguagem comum entre o adulto e a criança que facilite o processo de apren
dizagem e que torne prazeroso para o professor ensinar.
• Além de informações, no ato de ensinar são transmitidas também emoções, sen timentos, atitudes, crenças e valores que exercitam uma influência profunda nos alunos. Essas influências podem ser positi vas, incentivadas em direção ao desenvol vimento; ou ser negativa, desmotivadora e de desinteresse em relação ao estudo, o que pode impedir o aprendizado efeti vo. Se a experiência em sala de aula for positiva, de acolhimento e de sucesso, o aluno constrói uma representação de si mesmo como alguém capaz e confiante. Do contrário, se for uma experiência de desamparo, desamor e fracasso, o contex to escolar e o ato de aprender podem se transformar em uma ameaça.
• Comunicar-se não é um ato unidirecio nal, mas produz consequências em to dos os sujeitos envolvidos, confirmando assim a natureza relacional do proces so ensinamento-aprendizado, dentro de uma experiência interativa que envolve o professor e seus alunos. A relação inter pessoal é a base da relação educativa, onde o educador e o aluno se abrem um para o outro. Fortalecer o significado da comunicação e do diálogo permite que o aluno entenda a importância de com preender o outro e ainda o faz assimi lar o seu papel na diversidade existente no ambiente em que vivemos.
Como educadores, precisamos compre ender que, conforme os estudos da neu rociência confirmam, as competências
emocionais e a competência relacio nal, contribuem de forma determinan te para o processo de aprendizagem do aluno, e ajudam o educador na sua missão de ensinar.
Conhecer os aspectos da interação que ocorre entre o sentir e o aprender, a emoção e a imaginação, significa mo vimentar as energias do coração dos nossos alunos, facilitando a sua aproxi mação aos conteúdos disciplinares com prazer, interesse e curiosidade para que eles possam fazer uma elaboração pes soal das informações, criando a própria realidade no contexto escolar, familiar e social e especialmente buscando a autorrealização e a felicidade.
Palestrante internacional, consultor, escritor e presidente do Instituto Eduardo Shinyashiki. Neuropsicólogo e Mestre em Liderança Edu cadora, é referência em desenvolvimento das Competências Socioemocionais, de Liderança e da Performance Humana. Para mais informa ções, acesse www.edushin.com.br
Atecnologia é, certamente, um dos fenômenos mais notórios na atu alidade. Conexões, aplicativos e ferramentas digitais são palavras -chave que adentraram em todos os espaços nos últimos anos, e que foram intensificados pela pandemia como uma alternativa ao dis tanciamento social. Demonstrando uma cres cente alteração e reorganização no cotidiano – nas relações pessoais, profissionais e, princi palmente, na multiplicidade de ferramentas fa cilitadoras – a tecnologia se mostra como uma aliada, inclusive na educação.
A partir de uma extensa lista de facilidades, entretenimentos e funcionalidades, os recursos digitais podem ser encontrados em salas de reuniões empresariais, grupo de jovens, em es colas especializadas, em imersões de práticas pedagógicas focadas em metodologias ativas, bem como nas áreas administrativa e financei ra das instituições, que utilizam ferramentas e softwares com o intuito de otimizar os proces sos da gestão educacional.
Felipe Ferreira, especialista em gestão escolar, defende a importância de escolher um sistema de gestão para escolas que consiga abarcar diversas áreas. Com um sistema de gerencia mento completo, os recursos materiais, físicos e financeiros, além da área pedagógica, for necem dados para uma ampla visão sobre a manutenção geral da escola, a rotina da se cretaria e as operações com o corpo docente.
Um dos benefícios do sistema de gestão é o acompanhamento da área financeira. “Com a função financeira, é possível fazer um levanta mento de receitas e despesas de forma prática,
rápida e econômica, já que pode ser controla da diariamente sem a necessidade da impres são de várias folhas de relatórios”, diz Ferreira. “Acompanhando praticamente em tempo real tudo o que está acontecendo na sua instituição, fica mais fácil ter um controle maior sobre a ro tina de gastos e direcionar o investimento para o setor que realmente necessita do recurso em um determinado momento”, complementa.
A gestão de comunicação e o RH do colé gio, diz o especialista, também ficam dis poníveis no sistema e oferecem, além da questão do controle, “a possibilidade de inte gração das funcionalidades, facilitado traba lho de todos, promovendo a otimização do tempo de trabalho da sua equipe”.
Para o/a gestor/a que deseja contratar um sistema de gestão para a instituição, algumas recomendações são valiosas para o êxito da contratação. Na busca por empresas especiali zadas, Felipe Ferreira destaca que o ideal é as sistir uma demonstração dos sistemas e avaliar as funcionalidades das ferramentas, entender o processo de implantação e conhecer o aten dimento pós-venda. “É muito importante contar com uma empresa que preste suporte e apoio à escola. Além de questionar sobre as atuali zações do sistema, afinal, é preciso contar com uma ferramenta que esteja sempre buscan do inovações e não se mantenha engessada com o tempo”, finaliza. (RP)
No cotidiano escolar, compreendido como um potente espaço para diálogos e compartilhamentos, inserir reflexões e ações que envolvam (não só) a percepção do racismo, como também práticas antirracistas, são demandas necessárias – e urgentes. Nesse sentido, a escola, vista como um espaço privilegiado para a constituição do sujeito, torna-se um campo de possibilidades para abordar as múltiplas diferenças que atravessam os estudantes, a problematização de uma visão única (colonial e eurocentrada) de mundo, além de estimular pesquisas sobre as culturas africana e afro-brasileira
Nossa sociedade é estrutural mente racista. Linguagens, expressões, acessos, relações, discriminações explícitas ou veladas, violências físicas e simbólicas perpassam a realidade bra sileira em diversas esferas e dimensões, seguindo e perpetuando o padrão ho mogêneo e privilegiado de pessoas brancas em detrimento do apagamento e silenciamento de culturas, diversidades e vivências de pessoas negras. Em resu mo, o racismo está em todos os lugares, inclusive, e sobretudo, nas estruturas so ciais. Como aponta o advogado e filósofo Silvio Almeida, o racismo é um elemen to que integra a organização econômica e política da sociedade.
Nesse sentido, se seguirmos a fala da filósofa e ativista estadunidense Ange la Davis quando, em certo momento, ela disse que “numa sociedade racista, não basta não ser racista, é preciso ser an tirracista”, como desenvolver práticas an tirracistas no cotidiano escolar? A partir desta inquietação, na tentativa de abar car um leque de reflexões e rumos possí veis, trouxemos abaixo algumas falas de profissionais que atuam no âmbito edu cacional, refletindo sobre as possibilida des de práticas antirracistas nas escolas para compor este especial.
“Antes de pontuar o ‘como?’, é urgente que reforcemos o ‘por quê?’. A escola é uma das principais inserções das pessoas em estruturas sociais. É o lugar de cons
trução de valores, da lida com normas e, em destaque, o contato com o outro (pon to principal nessa questão). Não se pode negar o fato de que a sociedade brasileira se fundou em uma estrutura preconceitu osa e excludente; muito disso tentou-se camuflar pelo mito da democracia racial, o que também se reflete em diversos espa ços escolares e faz com que o cotidiano do ensino precise urgentemente se ajustar para construir um país mais justo e digno para pessoas cujas etnias levaram a sofrer históricos e sistêmicos ataques.
De acordo com o antropólogo Kabengue le Munanga, para a construção de uma sociedade que enfrente o racismo, temos três pilares essenciais: as leis, as ações afirmativas e - tópico deste texto - a edu cação. Uma das práticas a se adotar nos espaços escolares trata-se, por exemplo, da revisão da apresentação da história de pessoas pretas. É ainda muito comum e muito atrasado continuar a apresentar o continente africano como se fosse um país - e um ‘país’ único e exclusivamente mar cado pela miséria e pela exclusão. Se jun
tarmos a isso, a representação do legado preto pelo mundo se iniciando a partir da escravidão - como se não houvesse toda uma vida antes de uma das maiores des graças da humanidade -, temos conteúdos que invisibilizam milhares de saberes, ri quezas e aprendizados.
É importante também que as instituições escolares se esforcem para, em seus con teúdos e atividades, capacitarem seus alunos para a análise de representações midiáticas problemáticas, como os milha res que relegam a artistas negros papéis marcados pelo estigma e o estereótipo do que a sociedade colonial convencio nou para si o que é ‘ser negro’: indo da marginalização à hipersexualização. É essencial debater o quanto as mídias reproduzem aquilo que é engessado há séculos, mas também há uma urgência em trazer conteúdos que sejam desen volvidos com e por aqueles que desejam e merecem ter o seu legado celebrado. Não há caminhos de se construir o antir racismo em uma dinâmica exclusivamente dependente de autores brancos (e muitos mantenedores de ideais racistas).
Chimamanda Ngozi Adichie, uma das mais importantes autoras da Nigéria, em palestra para a Ted Talk, trouxe um dis curso poderoso sobre “o perigo de uma história única”. Nesse encontro, a artista pontuou como o racismo rouba a digni dade das pessoas, ao tratá-las como seres sem particularidades e, portanto, menos humanas. É também perigoso negar o
acesso a uma ancestralidade plural na tecnologia, na literatura, na crença, na forma de organização social. E a escola, junto a toda a comunidade que a sustenta, precisa colocar-se no combate a isso. Será que estamos prontos?”
Um educador precisa, antes de tudo, ser o que deseja ensinar. Uma Educa ção antirracista passa pela conscientiza ção do mundo em que se está inserido, de si e da sua relação com esse mundo. Não é possível pensar uma Educação antirracista sem essa conscientização e construção.
Manuella Souza Ferraz – Historiadora, pedagoga e consultora educacional da FTD Educação Filial Bahia
“Não há resposta pronta. Afinal, Educação é um processo que ocorre em diversos am bientes e é atravessado por várias subjeti vidades. Porém, considero que a Educação antirracista é composta, necessariamente, por alguns aspectos. São eles: a conscien tização do educador sobre si; o caráter investigativo do educador sobre sua práti ca pedagógica; uma escola composta por diferentes narrativas; a busca por uma Educação Decolonial; e o diálogo.
Nesse caminho é indispensável que os educadores assumam uma postura inves tigativa na classe, na escola, nos con teúdos e nos objetos do conhecimento trabalhados em suas aulas. Esse caráter investigativo precisa olhar as narrativas por diferentes perspectivas. Não há um único ponto de vista na história, há dife rentes personagens construindo os fatos históricos ao longo do tempo e é função do educador apresentá-los aos estudan tes. Uma narrativa homogênea, com personagens europeus como protago nistas, é um risco para a construção de uma sociedade diversa e justa.
A busca por uma Educação Decolo nial também é importante, ao passo que a decolonialidade entrega o pro tagonismo aos povos subalternizados e às suas sociedades, que são vistas como produto da Europa.
Por fim, o diálogo. Esse é o caminho para ser antirracista na prática pedagógica. É importante dar visibilidade ao conheci mento e a sujeitos históricos, que foram invisibilizados ao longo dos tempos, tra zendo informações e produzindo conheci mento. Sugiro que os educadores se ques tionem: Onde está a diversidade étnica em sua escola? No cotidiano da sua es cola há autores negros ou indígenas que são lidos? Músicas afro-brasileiras ou in dígenas são ouvidas? Os estereótipos são reafirmados ou combatidos? Cada educa dor precisa olhar para si, olhar para o ou tro e construir uma educação antirracista, juntos em comunhão.”
Fabiana Teixeira Lima – Coordenadora de Revisão de Textos no Sistema de Ensino SAE Digital
“Como em todos os espaços sociais, o racismo também está presente na esco
la. Reconhecê-lo no cenário escolar é o primeiro grande passo para entender as formas como ele se manifesta – seja de forma explícita e violenta, seja por meio da omissão ou do silenciamen to – e quais práticas devem ser adota das para a promoção de uma sociedade mais justa e igualitária.
É possível que a escola seja o primeiro lu gar onde muitos jovens e crianças vão falar e ouvir diferentes narrativas sobre como o preconceito e a discriminação atravessam seu cotidiano. Por isso, é importante que a escola ofereça um ambiente seguro e aco lhedor para compartilhar essas experiên cias, refletir sobre elas e propor soluções, em um trabalho conjunto entre diretores, professores, alunos e demais profissionais que convivem nesse espaço.
O ensino antirracista deve perpassar to das as áreas do conhecimento e não ser foco de apenas um componente ou proje to interdisciplinar. Para isso, é importante que as populações negra e indígena este jam representadas de forma positiva em imagens, conteúdos e discursos que tran sitam no contexto escolar. Sugiro a leitura do livro Ensino antirracista na Educação Básica: da formação de professores às
práticas escolares, organizado por Thia go Henrique Mota, professor de História da África na Universidade Federal de Viçosa (UFV). O material está disponí vel para download gratuito na internet –https://www.editorafi.com/182antirracismo.”
peito e diferenças raciais. Acabar com o racismo estrutural é algo complexo, mas que podemos lidar melhor com as novas gerações, conscientizando-as desde cedo sobre as injustiças e as desigualdades so ciais que existem no país.
É na escola que acontecem as primei ras experiências de racismo, visto que é quando as crianças percebem as di ferenças e as verbalizam por não terem maturidade cognitiva para filtrar o que falam. É importante, então, que elas sai bam que não há problema em serem diferentes, pois as pessoas realmente são diferentes umas das outras. Temos tamanho, cabelos e cores de pele dife rentes. E, para que isso não seja visto como um problema, as diferenças devem ser ensinadas e reconhecidas.
“Existe uma frase famosa do líder africa no Nelson Mandela que diz que ‘Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas pre cisam aprender e, se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar’.
É importante os pais e a escola ensinarem às crianças e aos adolescentes sobre res
Desde pequenas, as crianças aprendem que o céu é azul e o sol é amarelo e, com isso, passam a naturalmente ‘catalo gar’ tudo que visualizam. Não podemos ensinar que somos todos iguais, mas sim respeitar as diferenças. Para isso, nada melhor do que recorrer ao aprendizado lúdico, usando histórias, brincadeiras, li vros, músicas e filmes, onde essas diferen ças podem ser observadas.
E o mais importante: isso não deve ser feito apenas no Dia da Consciência Ne gra, como apenas um evento isolado. Vivemos em um país multirracial e muito marcado pelo racismo, com a falta de representatividade negra em posições superiores ou em ambientes favorecidos. É necessário mostrar aos estudantes que existem histórias onde o herói é negro, índio, mulher e assim por diante. É uma maneira de mostrar que todos podemos ocupar esses lugares. Isso vai ensiná -los a questionar a presença ou ausên cia de negros, reconhecer situações de racismo e evitar que ocorram.”
tar a diversidade nas representações em livros, murais e brinquedos, por exemplo. É um cuidado que começa no espaço, no currículo, nas metodologias e na forma ção docente da Escola.
A formação profissional de um pro fessor é um espaço que proporciona a construção de novos conhecimentos. Por isso, a educação antirracista pode ser encarada como uma formação conti nuada, que permite expandir a prática pedagógica e os materiais disciplinares de professores que não passaram por estudos sobre as relações étnico raciais na sua formação inicial.
Pensar em uma educação antirracista, as sim, envolve tratar da relação entre duas pessoas, mas também de permitir que to dos tenham sua identidade e história aco lhidos no espaço escolar.
“Recentemente, participei de um congres so que tratou da etnicidade e das relações éticas na escola e a fala de um palestran te foi muito marcante. Infelizmente, não podemos afirmar que racismo não existe. Nossa sociedade é estruturalmente racis ta. E numa sociedade racista, não basta não ser racista, é preciso ser antirracista. Mas como estimular ações e práticas an tirracistas no cotidiano escolar?
“Adotar a educação antirracista na escola significa rever escolhas que dizem respei to não apenas a atividades extracurricu lares ou comemorativas. É preciso ressal
Para uma atuação coerente, a escola deve intervir na atitude racista, e também mos trar as contribuições dos negros para a química, o português, a matemática. Tra zer as inovações científicas e tecnológicas que promovem. É por meio dessa valori zação que uma criança deixa de olhar para a outra como inferior.”
O primeiro passo é trabalharmos em par ceria com a família com base no alicerce principal, no respeito ao outro, indepen dente de cor, religião, características físi cas, etc. É necessário partir do princípio de que é necessário consolidar práticas que contribuam para a construção de uma educação antirracista, tornando a comu
nidade escolar no geral mais consciente e inclusiva. A questão étnico-racial precisa ser desmistificada e incluída no currículo, nas discussões de todas as disciplinas, in tegrada com o projeto político pedagógi co das escolas em todo país.
Por isso, não usamos somente o Dia Na cional de Zumbi e da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, para tra balhar a importância da cultura africa na e afro-brasileira para o mundo, mas construímos ao longo de todo o cotidia no de cada ano letivo, como indicado na LDB – Lei de Diretrizes e Base. Cito exem plos: filmes e livros de literatura, princi palmente infantil, para mostrar um pouco mais sobre a riqueza. Os conteúdos dos livros de história podem ser utilizados para os educadores falarem um pouco mais sobre o período da escravidão. O incentivo para os alunos repensarem há bitos enraizados que são preconceituosos também é fundamental.
Aproveitamos essas ações para formar crianças que respeitem as diferenças e que estimulem o engajamento. Para a con solidação de uma educação antirracista é preciso promover relações mais saudáveis entre as pessoas, valorizar a história e a identidade dos povos oprimidos e dar re cursos para que os estudantes tenham a capacidade crítica de perceber e comba ter o racismo que atua de forma transver sal em todas as esferas da sociedade.”
mordial e deve ser realizado desde – e prioritariamente – na primeira infância, para que o indivíduo cresça reconhe cendo e valorizando o conhecimento, aprendendo a fazer, ser e conviver.
Ao abrirmos espaço para o diálogo por meio do acolhimento e ao darmos voz aos sentimentos de todos, ensinamos que o respeito é um valor, e só apren demos a respeitar quando podemos usufruir da convivência com a diversi dade, pois é assim que se compreende que o respeito é inegociável.
Além de assegurar a construção de um currículo intercultural que se compromete rá com uma formação democrática, pois sem democracia não há igualdade racial, precisamos garantir a representativida de por meio da contratação de profes soras e professores afro-indígenas para que alunos negros se reconheçam nesses e em outros papéis sociais.
Assim, ao visar o propósito de formar cidadãos críticos, conscientes e éticos, é imprescindível valorizar a diversidade a fim de não dar espaço para o racismo ou qualquer outra atitude preconceituosa, pois, parafraseando Martin Luther King, “nossas vidas começam a terminar no dia em que permanecemos em silêncio sobre as coisas que importam”.
pensar novas práticas de letramentos, que repense o modelo canônico da aula e leve em conta o protagonismo desses/as jovens, que em suas comunidades são muitas das vezes, os/as artistas de suas próprias histó rias. Pensar novas práticas de letramentos exige de nós, profissionais de educação, não ficarmos presos ao texto escrito como única forma de mediação da realidade, pois é necessário reconhecer a linguagem oral, presente na epistemologia dos povos originários, bem como do povo negro, que veio do continente africanos, assim como dos/das seus/suas descendentes.
A opção por esse gênero discursivo se jus tifica pela possibilidade de poder ‘montar’ a a ula na dinâmica do cotidiano de cada evento educativo, uma aula tem um tempo cronológico que determina o horário que ela começa e o horário que deve ser con cluída. Porém o tema da aula, vem da rua, o c upa e transgride a sala de aula, e segue tanto com os/as professores/as, quanto com os/as alunos/as. O passo a passo, como eu disse, pode ser configurado levando em conta as especificidades da cultura local e eu proponho a seguinte forma:
I) Apresentação do autor (biografia) da música Corra (Djonga, 2019), e conse quentemente a temática a ser trabalha da, evidenciando aos/as educandos/as os o bjetivos e as etapas a serem percorridas naquele evento de aprendizagem. É funda mental saber que o saber vem de algum lu gar e é enunciado por alguém. Essa pessoa tem o rigem étnica, tem posição política, tem uma cultura.
II) Produção inicial - uso da oralidade como forma de expressão preliminar dos/ as educandos/as, ativando os conhecimen tos prévios sobre o tema.
https://bit.ly/36GSYfR
“Desenvolver práticas antirracistas no co tidiano escolar é, antes de tudo, reconhe cer que a escola é um microcosmo social composto por pessoas que atuarão como agentes transformadores da sociedade. Portanto, temos nas mãos um valioso e de safiador compromisso com a formação de nossas crianças e jovens.
O trabalho para o desenvolvimento da autonomia intelectual e moral é pri
“Na sociedade atual, que convive com as vantagens e as desvantagens do paradig ma da sociedade contemporânea, onde um a parte considerável dos/as estudantes, de cidades médias e grandes têm acesso a algum tipo de mídia digital, é condição indispensável ao/à docente pensar novas estratégias de ensino e aprendizagem, que valorize e respeite a diversidade dos/as es tudantes que a escola pública recebe. O uso d e t ecnologias de informação e comunica ção por parte daqueles/as, reconfigura as f or mas de aprender, lançando o/a docente no desafio, não de ser refém das TICS e sim
III) A presentar a música e o videoclipe em mídia digital, podendo ser utilizado tablets ou smartphones para evidenciar aspectos da letra, após aapresentação da obra do artista.
IV) A p artir da seleção prévia de tre chos da música, abrir hiperlinks para n otícias sobre o extermínio de jovens negros no Brasil.
V) Produção final, utilizando a platafor ma framehotel.biz, o/a estudante produzirá um ‘quadro’, mostrando a percepção dele/a sobre o clipe e a música.”
Um bom aspecto físico de uma esco la, tanto interno como externo, e os seus devidos cuidados de ajustes e manutenções, é essencial para a con tribuição da sensação de conforto dos alunos, professores, funcionários e colaboradores que transitam diariamente na instituição. Aliado ao conforto térmico, o bem-estar e a segurança são características que devem ser observa das e bem trabalhadas como os pilares físi cos de um colégio, com o intuito de aprimorar a vivência de todos e todas.
Assim, a partir dessa ideia, os toldos e as co berturas, instaladas nas áreas externas, apa recem como uma das soluções utilitárias que compõem a estrutura física da escola, assim como a proteção das dependências da institui ção. Contribuindo para um trânsito funcional entre as áreas; garantindo proteção e seguran ça adicionais para os dias chuvosos; fechamen to de áreas; ideais para corredores de acesso e entradas com toldos estilo túnel passarela; e cobertura para quadra esportiva, bem como demais espaços externos, os toldos e as cober turas também proporcionam uma estética dife renciada para o colégio, reforçando, inclusive, a logomarca e o marketing da instituição.
Alex Barbosa, profissional que trabalha em uma empresa especializada em toldos e cober turas, ressalta alguns materiais que podem ser utilizadas em determinadas áreas do colégio.
No corredor e no hall de entrada, por exem plo, é possível utilizar uma cobertura fixa ou retrátil nos materiais lona, policarbonato alve olar ou compacto. Nas vagas de carros e nos tanques de areia, recomenda-se o uso de tela de sombreamento. Já para o fechamento verti
cal, geralmente na área do refeitório, a cortina rolô. Nas quadras poliesportivas, é possível utilizar toldo retrátil e coberturas abre e fecha com paletas em alumínio.
É importante salientar que, para além do planejamento de áreas para a instalação de toldos e/ou coberturas, materiais resistentes e produtos de qualidade são elementos que de vem ser notados. Para a escolha de materiais, o ideal é buscar por estruturas que garantam uma excelente durabilidade e resistência a intempéries. Para as coberturas, deve-se ob servar a qualidade do material, optando por tecidos com condicionamento térmico e pro teção UV em sua composição, prolongando, assim, a vida útil do material e garantindo a estabilidade de sua coloração. Para o/a ges tor/a escolar que pretende inserir toldos e co berturas na instituição, Alex ressalta: “Escolha sempre uma empresa confiável, que atenda o projeto do início ao fim”.
Manutenção, limpeza, reparos ou trocas de pe ças são fatores relevantes e devem ser observa dos periodicamente, com o intuito de conservar e prolongar a vida útil dos toldos e/ou cober turas instalados. Já a limpeza, sugere Alex Barbosa, “deve ser realizada por profissionais especializados da área, de forma periódica”. Em geral, costuma-se incluir a limpeza e a ma nutenção dos materiais no período de férias escolares, para não atrapalhar as atividades diárias da escola. (RP)
Oespaço educacional, visto como um campo aberto para refle xões, está inserido no denso e c o mplexo sistema social. Des se modo, podemos afirmar que as diversas q u estões que emergem na contemporanei dade, repercutem diretamente no desenvolvi mento da educação e formação dos estudan tes. E se notarmos, nos últimos anos, a partir d e um brevíssimo retrospecto, cada vez mais a sala de aula tem se tornado um espaço para fomentar uma variedade de assuntos.
Atualmente, o cuidado com a saúde mental adentrou de forma significativa no cotidia no das escolas, temática que aparece ex plícita na Base Nacional Comum Curricular. Para além da BNCC, a urgência da discus são e da construção de ações para o cui dado efetivo da saúde mental surge tanto c o mo um enfrentamento aos efeitos causa dos pela pandemia do coronavírus, e tam bém como medida de atenção aos casos d e d epressão e/ou ansiedade – casos que podem ser desenvolvidos, inclusive, através de práticas de bullying.
O b ullying (bully = “valentão”, “tirano”, “bri gão”), termo de origem inglesa, pode ser c o mpreendido como atos de intimidação, hu milhação e tantas outras práticas negativas q u e provocam consequências físicas e psico lógicas às vítimas. Esther Carvalho, diretora -geral do Colégio Rio Branco, sintetiza que “o b ullying é uma ação intencional e contínua, não gerada por motivos específicos, que é executada com a intenção de causar danos a uma pessoa, tendo, ainda, a atuação de um grupo, seja por incentivo, seja por omissão”.
Por outro lado, os conflitos são inerentes ao
desenvolvimento das relações intrapessoais e interpessoais, fazem parte do relaciona mento humano e devem ser trabalhados de m a neira construtiva e saudável. “Ele é impor tante para o desenvolvimento do indivíduo, p o rque nos tira do lugar confortável onde muitas vezes pretendemos ficar e nos faz crescer. Por isso, é fundamental trabalhá-lo de maneira construtiva e saudável. Aprender a superar os conflitos, vistos como processos naturais que permitem o desenvolvimento dos indivíduos a partir do desconforto, é fun damental, sobretudo no ambiente escolar”, argumenta a diretora.
Nesse quadro de distinção, tanto o bullying como os conflitos relacionados à convivência social, precisam ser trabalhados sob óticas diferentes. Segundo Esther Carvalho, quan do bem gerenciado, o conflito traz benefícios e m t ermos de tolerância e crescimento indivi dual. Já o bullying precisa de ações efetivas p ara a sua erradicação. “Há relações entre ambos? Conflitos mal conduzidos podem de sencadear no segundo caso, mais extremo, justamente pela abordagem ineficiente”, diz. É importante ressaltar que o bullying se mos tra de variadas formas, inclusive sutis. Por is so, a diretora defende o diálogo dentro da instituição que traga visibilidade à temática, além do trabalho de refinamento do olhar dos professores diante desses casos. “A esco la deve tratar da questão de maneira sistêmi ca, envolvendo os estudantes, os educadores e as f amílias”, conclui. (RP)
ESTHER