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Conexão jamaifrica

Para Wil da Leste, o termo brasilidades pode ser encarado como uma metáfora do pensamento racial brasileiro, a chamada democracia racial, ideia que se vendeu no século XX. Ideia, pois na prática o que existe é uma desigualdade racial brasileira que é mascarada de várias formas. Will aponta vários problemas no termo brasilidades. Primeiro que não existe um selo brasilidade, na raiz da maioria das músicas existem samplers, batuques, vocais ou mesmo músicas inteiras feitas por pessoas negras. Fora que toda a música brasileira é influenciada pelas diversas nações africanas que foram trazidas para o Brasil e escravizadas ou ainda pelas recentes migrações.

Nessa grande travessia Atlântica, essa grande diáspora tingiu o Atlântico de negro. E constatada a origem da musicalidade brasileira, de verdade mesmo só se toca música preta, afirma Will. Essas formulações e reflexões se desenvolvem partindo da elaboração da pesquisa do projeto Conexão Jamaifrica que começou ainda em 2016 por causa do doutorado. No entanto, ela é muito mais abrangente que isso, pois para pesquisar música tem de se estar vinte e quatro horas trabalhando, afirma o DJ. Não é só ouvir a música, é pensar a música, tocar, pensar também na pista, no que faz os corpos vibrarem, pensar toda a técnica que envolve a mensagem, além é claro de dominar os aspectos sociais de uma música. Ser DJ é entender a arte do ritmo e saber o que põe fogo na pista.

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o n e x ã o j a m a i f r i c a

Promovendo bailes diversos e construindo eventos que tem por base o fortalecimento da cena artística Negra, Will Da Leste tem-se envolvido na execução de trabalhos como a realização do “Serviço de Preto” como Dj residente, baile promovido por diversos coletivos negros atuantes na cidade de Campinas. É DJ residente da festa “ O jazz é primo do samba”, realizada pela Revista antiracista Sikudani da editora Anansi e do grupo N´Goma. Além disso, realiza bailes e discussões no Centro Cultural Áfrika da cidade de São Paulo. Will é um representante da nova cena musical preta e nos mostra que ação social, pesquisa, atuação política, pesquisa acadêmica e o som da pista se costuram no modo que a imersão na música perpassa técnicas ou estudos ou teorias e transborda em pulsão de vida. Diante de tudo isso como sempre diz Will Da Leste é só lembrar: Foco no progresso e mete marcha!!!!

Texto: Alessandra Melo

Fotografia: Maryane Comparoni

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