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O poder sob a ótica feminina

Enquanto lulistas e bolsonaristas dividem o espólio de suas conquistas e derrotas nas eleições de 2022, a atual bancada feminina e as novas parlamentares eleitas para a Câmara dos Deputados saíram na frente e tiveram seu primeiro encontro oficial no último dia 14 de dezembro.

A iniciativa partiu da Secretaria e da Procuradoria da Mulher da Câmara dos Deputados, que reuniu diversas instituições e entidades da sociedade civil e governamentais em uma cerimônia para assinatura do Pacto Nacional pelos Direitos da Mulher em novembro passado.

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O pacto é um instrumento público que busca conquistar avanços nos direitos de mulheres e meninas brasileiras, por meio de um esforço conjunto entre Legislativo, Executivo, Judiciário, sociedade civil organizada e outros parceiros.

O instrumento público vai se valer de ações articuladas e integradas para difundir, promover e fortalecer os direitos humanos das mulheres em 10 áreas temáticas:

. Igualdade no mundo do trabalho e autonomia econômica . Economia do cuidado . Acesso ao bem-estar e à saúde . Enfrentamento a todas as formas de violência . Participação igualitária nos espaços de poder e decisão . Acesso democrático à cultura, ao esporte, ao lazer e à comunicação . Planejamento urbano (mobilidade e outros) . Inclusão e segurança digital . Meio ambiente e desenvolvimento sustentável, e . Educação para a igualdade.

O evento chamou a atenção de algumas novatas que tomarão posse na Câmara dos Deputados em fevereiro do próximo ano, como Iza Arruda (MDB-PE) e Rosângela Moro (União Brasil-SP).

A então coordenadora da bancada feminina, deputada Celina Leão (PP-DF), lembrou que recente pesquisa do Instituto Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apontou que 1 em cada 4 mulheres acima de 16 anos sofreu algum tipo de violência no último ano no Brasil, durante a pandemia de Covid-19.

Novo patamar das mulheres na política

Mais uma vez a bancada feminina cresceu: pulou de 77 para 91 deputadas federais, mesmo assim só ocuparão 18% das cadeiras da Casa. É preciso enxergar que o crescimento do número de mulheres eleitas para a Câmara dos Deputados foi qualificado, se levarmos em conta que 10% delas foram as mais votadas em 9 dos 27 estados da federação.

De qualquer forma, esse crescimento não faz jus ao novo patamar conquistado pelas mulheres nas eleições deste ano, após termos registrado um número recorde de candidatas à Presidência da República: 4 ao todo. Um número bastante significativo se levarmos em conta que apenas 8 mulheres haviam disputado até então o cargo, desde a redemocratização do país. Com destaque para atuação da dupla de senadoras do Mato Grosso do Sul: Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil).

Embora nenhuma das duas tenha conseguido ameaçar a polarização mantida ao longo de toda a campanha presidencial entre o presidente Jair Bolsonaro e o agora presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, elas conseguiram incluir a pauta feminina nos debates e sabatinas eleitorais.

E mesmo fora do segundo turno, Tebet conseguiu capitalizar o seu desempenho na primeira etapa da disputa, da qual saiu em 3o lugar, ao anunciar seu apoio à candidatura de Lula.

Dentro de uma das máximas da política, de que você pode sair vitorioso de algumas derrotas, Simone Tebet não só conquistou um novo patamar na política nacional, como isso lhe garantiu um assento na Esplanada dos Ministérios a partir de 2023, quando encerra seu mandato de senadora da República.

Tebet aceitou o convite de Lula para assumir o comando do Ministério do Planejamento, depois de ser vetada pelo PT para ficar com o Ministério do Desenvolvimento Social, que administrará o Bolsa Família. Mas certamente não deverá se resignar ao papel de codjuvante.

Esse espaço, a partir de agora, estará sempre aberto para analisar com nossos leitores e leitoras o quadro político nacional, só que sob o ponto de vista feminino. Venha conosco mergulhar neste universo!

*Jornalista e consultora em Comunicação Estrategica

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