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Seus brincos

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Vou ao Louvre

Vou ao Louvre

Minhas atenções estavam todas voltadas para você. Acho que no fundo, bem inconscientemente, sabia que seria nossa despedida.

“ O revez do parto”, como disse o poeta.

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O outro lado da moeda da vida que não queremos encarar, quando o amor é forte.

Que dilema: ver minha passarinha tão frágil, tão insegura, tão amedrontada, sem falar mais uma palavra. Mas, para quê palavras quando se sabe ler o olhar?

E o seu olhar me dizia, que aquela situação não era para você.

A mulher que foi e sempre será minha heroína, meu exemplo de garra, de fortaleza, de sagacidade, de independência....

A quem eu sempre recorria nos momentos de dor e de aflição.. E sempre encontrei colo e apoio.

Desde cedo, percebi o quanto você é especial. Parecia um sol, irradiando alegria e amor, para todos ao seu redor.

E desde cedo, também, decidi que queria ficar perto de você. Te elegi como minha melhor amiga.

Entre nós, não tinha competição, não tinha certo nem errado. Era um respeito mútuo, conquistado à base de uma convivência com muita admiração e amor.

Quantas viagem, quantas noitadas, quantas gargalhadas, quantos momentos felizes, que agora, deixam uma melancolia, uma vida sem cor e uma dor imensa de saudade.

Não fui egoísta em lhe querer daquele jeito. Naquela madrugada, liberei você para sair do corpo, cansado de tantas lutas, e a mente adoecida, que também me fazia adoecer.

Como é difícil não ter mais sua presença, mãe. Mas, como sou grata pela linda parceria e cumplicidade que criamos.

Com você aprendi tanta coisa do pouco que sei sobre a vida.

Sua simplicidade, seu desprendimento, sua capacidade de ajudar da forma mais genuína e verdadeira, quem quer que fosse, sobretudo os mais necessitados, contribuíram para formar a mulher que hoje eu sou.

Meu coração ainda está partido e, possivelmente, continuará assim.

Às vezes, parece que estou em um sonho, onde você viajou e vai voltar a qualquer momento com o sorriso mais lindo que já vi na minha vida e o abraço que me fazia esquecer minhas dores.

Parece que vou ouvir: “ Mamãe chegou”!! Como essa frase alegrava meu coração....

Sigo, sangrando, mas sigo porque você me ensinou assim.

Você é e sempre será minha deusa, minha musa, meu amor. Faça festas, dance seu forró, com sua flor no cabelo, seu perfume francês e seu batom vermelho.

E me espere, porque vamos continuar nossa parceria. Nossa história ainda terá inúmeros capítulos porque o amor é capaz de continuar em todas as dimensões.

Enquanto isso, sigo usando seus brincos. Uma forma simbólica de lhe ter por perto.

Te amo, para sempre.

* Renata Dourado é formada em Jornalismo pelo Uniceub e trabalha na TV Bandeirantes há mais de 13 anos.

Atualmente, apresenta o Band Cidade Segunda Edição, jornal local, que vai ao ar, ao vivo, de Segunda à Sexta, às 18h50. Também apresenta o Band Entrevista, que vai ao ar, aos sábados, às 18h50.

Formada em Psicanálise e Mestranda Especial da UNB em psicologia clínica.

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