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Rosa Parks A Flor Negra Do Alabama

Depois de um dia de trabalho, sofrido ou rotineiro, a costureira Rosa Parks sobe em seu ônibus que faz o itinerário de sua casa. Um ônibus relativamente vazio, mas era anos 1950 nos Estados Unidos da América, mais precisamente na cidade de Montgomery, Alabama. Era época do Only White (só para brancos). As pessoas de cor (“colored ”) deveriam sentar nos bancos de trás, e Rosa se acomodou nos primeiros bancos destinados aos negros. No decorrer do percurso o ônibus foi lotando e lotou. E Rosa foi questionada pelo motorista por que ela não se levantou para ceder seu lugar para uma das pessoas brancas que estavam em pé. A senhora Parks como uma montanha inabalável permaneceu firme em seu propósito de não ceder. Esse ato seria um marco na luta pelos direitos civis na América. Ela foi presa por violação da lei de segregação racial apesar de estar sentada em um lugar que era destinado aos negros. Isso gerou um boicote aos ônibus de Montgomery, levando prejuízos ao sistema de transporte. A convergência de fatores fez o ato da senhora Parks tomar proporções gigantescas, entre elas o despertar do pastor Martin Luther King Jr. como um dos líderes do movimento antissegregacionista. O incidente com Rosa Parks lembra o mesmo ocorrido com Mahatma Gandhi algumas décadas antes em um trem na África do Sul, quando foi pedido para se retirar da primeira classe que era destinada aos brancos e fosse para os vagões das classes “inferiores”. Rosa permaneceu plantada e Gandhi foi arrancado do vagão, mas isso mudariam suas vidas e o mundo. Ahimsa (não violência) e Satyagraha (apego à verdade) foram suas armas contra a barbaridade do racismo. Gandhi afirmava categoricamente que para ele sempre se constituiu um grande mistério de como o ser humano poderia sentir prazer na humilhação de seu semelhante.

Certa vez o pai de Martin Luther king e ele foram numa loja de sapatos, quando foram pedidos para mudarem de lugar, fato esse que ele relata em sua autobiografia: “Aquela foi a primeira vez que vi o papai tão furioso. Aquela experiência me revelou, numa idade bastante nova, que meu pai não havia se subordinado ao sistema, e desempenhou um grande papel na formação de minha consciência. Ainda me recordo a caminhar ao seu lado, rua abaixo, quando me dissera - ‘Eu não me importo quanto tempo ainda viverei com este sistema, mas eu nunca irei aceitá-lo’

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Há 60 anos Martin Luther king pronunciaria um dos discurso mais emblemáticos da humanidade: I Have a Dream ( Eu tenho um sonho). No qual ele propõe um sociedade diferente da qual os seus olhos estavam vendo: “Agora é hora de sair do vale escuro e desolado da segregação para o caminho iluminado da justiça racial. Agora é hora [aplausos] de retirar a nossa nação das areias movediças da injustiça racial para a sólida rocha da fraternidade. Agora é hora de transformar a justiça em realidade para todos os filhos de Deus”. Essas palavras poderiam perder o sentido e sua contundência ou na pior das hipóteses lembrar um tempo remoto e animalesco e vergonhoso da humanidade, mas das profundezas de um coração humano ainda ecoa-se um grito: “Eu não consigo respirar”.

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