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RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS
povo saharaui. Também realizou atos culturais, reuniões com parlamentares federais e distritrais e movimentos sociais.
Para marcar os 50 anos de criação da Frente Polisário, o embaixador Ahamed Mulay Ali concedeu uma entrevista ao Programa Letras e Livros, na TV Comunitária, conduzida pelo jornalista Pedro César Batista.
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Abaixo alguns trechos da entrevista concedida pelo embaixador.
Qual o caminho para alcançar a expulsão do invasor, a soberania e a autodeterminação do povo saharaui?
Ahamed Mulay - Há uma arma fundamental para o povo vencer, quando há unidade do povo sempre há vitória, quando há divisão, o inimigo ganha; todo o povo saharaui está dentro da Frente Polisário, tem gente de esquerda, de direita, tribos, nacionalistas, gente que não gosta de política, todos estão dentro da Frente Polisário. A luta que travamos é o resultado de um programa definido de 4 em 4 anos, durante os congressos da Frente Polisário. Ano passado, durante um congresso foi definido o programa para derrotar Marrocos, que nos obriga a seguir combatendo de armas na mão contra o invasor.
Como Marrocos fez o muro para separar o povo saharaui?
AM - Marrocos construiu um muro que divide nosso país, há uma parte livre e outra que está presa e controlada militarmente pelo invasor. O muro tem 2.700 quilômetros e 8 milhões de minas terrestres, basta procurar na internet, buscar o ‘muro da vergonha”, que encontrará todas as informações. Foi construído tendo como exemplo a política que Israel pratica contra os palestinos. Diariamente, nossos combatentes atacam os marroquinos. A Frente Polisário não tem nenhum problema com o povo marroquino, enfrenta o rei e sua família, que massacra o povo saharaui e prejudica também os marroquinos.
Como tem se dado a solidariedade ao povo saharaui?
AM - Acreditamos que todos os povos amantes da democracia e da justiça apoiam a luta do povo saharauii contra Marrocos. Temos tido apoio de gente de dezenas de países, como aqui no Brasil, onde a Associação Brasileira de Solidariedade e Autodeterminação do Povo Saharaui – ASAARAUI tem feito, há muitos anos, um trabalho grandioso, com a publicação de materiais, realização de reuniões e manifestações de solidariedade e apoio. O mesmo tem se dado com povos de várias partes do mundo, especialmente aqui na América Latina e Caribe.
Quais a decisões dos tribunais internacionais sobre a luta do povo saharaui?
AM - No contexto jurídico, o Tribunal de Haia, as Nações Unidas, os Países Não Alinhados, a Unidade Africana e o Tribunal Europeu de Justiça defendem e avalizam o direito do povo saharaui sobre a soberania de seu território. Possuimos governo, Presidencia da República, Parlamento e Poder Judiciário. A RASD é membro da União Africana, enquanto o Reino do Marrocos não integra este fórum regional. Os organismos internacionais apoiam a luta do povo saharaui, o direito a soberania para poderem decidir o seu futuro, possuirem o controle de suas riquezas naturais e livremente organizarem a construção do Estado da República Árabe Saharaui Democrática, com seu governo, parlamento, Forças Armadas e a estrutura própria de uma nação soberana.
O que leva a imprensa a omitir a luta pela soberania da RASD?
AM - A posição dos meios de comunicação tem sido de esconder a luta do povo saharui, mas chegará um dia que a imprensa falará de nossa luta, infelizmente somente falam quando há muitos mortos, o que terminará acontecendo no atual confronto contra Marrocos, pois o nosso exército segue combatendo e não parará de lutar enquanto não conquistar a plena soberania e a autodetrermninação de nossa nação.
Como funciona o Estado da RASD?
AM - Somos o único Estado no mundo em que os funcionários não têm salário, nem os soldados do Exército, ninguém tem salário, lutamos por nossa dignidade, soberania e a independência. O soldado marroquino vai a guerra para receber o salário. O soldado saharauii vai para libertar seu povo, isso