Post Scriptum nº 41 - Junho 2009

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Escola em movimento muitos e não desempenharmos cargos honoríficos. Condescendentes, permitem os monarcas uma volta pelo palácio. Primeira constatação unânime: os monarcas não habitavam um simples duplex. Sorrisos cúmplices aparecem quando se passa pelo quarto da Rainha, distando só para cima de um quinto de quilómetro do quarto de seu (in)fiel esposo. Falta ali qualquer coisa, talvez uma torneira, talvez um bidé, talvez uma sanita… Que frio, sussurram, Como seria possível a João manter a chama acesa enquanto percorre aquele infindável corredor até descobrir, debaixo do cobertor de penas, uma Maria Ana Josefa desejosa e receosa, acompanhada de outras mulheres que a ajudariam antes e depois da função? Pobres reis, tão poderosos, tão tu cá tu lá com o divino, mas tão acompanhados quando deviam estar sós. Rei sofre! Passamos ainda pelos aposentos dos frades, treze ao princípio do projecto, trezentos no fim (nada de estranho nestas derrapagens), passamos à Biblioteca e conhecemos uns exemplares dos guardiões da dita, uns simpáticos morcegos, inspiradores de um qualquer Batman moderno. Nos sinos do zimbório soaria a hora de sexta, sinal de que a paciência real se esgotara e que estava na hora de regressar à terra que nos viu partir. Dispensamos de novo a passarola, abraçamos Blimunda que de nós desvia os olhos, abraçamos Sete Sóis, inclinamo-nos perante El Rei, Nosso Senhor, e regressamos mais ricos e felizes! Junho de 2009

Subamos as escadas e penetremos no templo. Mármores roxos, pretos, brancos vestem as paredes. Entre outros, um São Bruno olha-nos de soslaio…

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