Revista TAXICULTURA

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Leitura de Bordo

www.taxicultura.com.br

Grace Gianoukas A idealizadora do projeto Terça Insana faz da invenção permanente o seu modo de vida

Centro Cultural Banco do Brasil Dez anos de atividades de um dos principais espaços de cultura do mundo

O Prazer da Páscoa

O bacalhau nos idiomas português, italiano e espanhol

Extrema - MG Edição 12

Com atrações para o ano inteiro, a cidade coloca o turismo nas alturas


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TAXICULTURA|Novembro


EXPEDIENTE

Diretoria Adilson Souza de Araújo Davi Francisco da Silva Fábio Martucci Fornerón Isabella Basto Poernbacher (editora@portodasletras.com.br) Redação Editor Waldir Martins MTB 19.069 Edição de Arte Carolina Samora da Graça Mauro Bufano Projeto Editorial Editora Porto das Letras Reportagem Arnaldo Rocha, Estela Guerreiro, Marina Schmidt e Miro Gonçalves Colaboradores Adriana Scartaris , Fernanda Monteforte, Fernando Lemos, Ivan Fornerón, Thiago Rodrigo Salvador e Vinnicius Balogh

Editorial

Fotografia Davi Francisco da Silva Revisão Naira Uehara

Cultura é para todos Em um mercado onde cada dia é mais comum o vale tudo para o sucesso, é um prazer apresentar aos nossos leitores um pouco do trabalho da atriz, autora e produtora cultural Grace Gianoukas, uma artista que faz da criatividade e originalidade um compromisso com o seu público e marca registrada do seu trabalho. Construindo uma trajetória absolutamente singular, Grace conseguiu formatar um estilo de humor rico e que não se vale de lugares comuns e preconceitos para fazer rir. Quem já pôde desfrutar das impagáveis personagens da trupe Terça Insana é capaz de entender quando se diz que a Terça Insana faz um humor levado à sério. E quase nos mata de rir. Seguindo essa proposta de levar a cultura à sério, trazemos para comemorar o aniversário de um dos espaços de cultura mais ativos e relevantes da cidade de São Paulo e que investe de modo intenso na formação de novos públicos: o Centro Cultural Banco do Brasil.

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Ao completar nesse mês de abril dez anos de atividades, o CCBB já recebeu 7,5 milhões de visitantes e patrocinou cerca de 600 projetos culturais. Os mais de 3,5 mil visitantes que recebe por dia o consagraram como um dos cem museus mais frequentados do mundo. Outro espaço relevante que abordamos nessa edição é o Museu da Casa Brasileira que, além de contar com um acervo diferenciado, com obras clássicas e contemporâneas, abre seu espaço para uma intensa programação cultural, sob a curadoria de nomes como João Carlos Martins, Antonio Nóbrega, Benjamin Taubkin, Júlio Medaglia, Roberto Sion, Carlinhos Antunes, Arrigo Barnabé, entre outros. Cientes que os prazeres de uma mesa também integram o universo da cultura, aproveitamos o período da Páscoa para comprovar que nossa metrópole é mesmo a Capital Mundial da Gastronomia e mostramos como o prato mais tradicional dessa data cristã, o bacalhau, pode ter sotaque, português, italiano e espanhol. Boa viagem e boa leitura! Os Editores

Diretor Fábio Martucci Fornerón Assessoria jurídica Paulo Henrique Ribeiro Floriano Comercial Suporte Administrativo Ana Maria S. Araújo Silva Bruna Donaire Bissi Jayne Andrade Assinaturas e mailling (assinatura@portodasletras.com.br) Impressão Wgráfica Tiragem 25.000 exemplares Distribuição Gratuita

TAXICULTURA é uma publicação da Editora Porto das Letras Ltda. Redação, publicidade, administração e correspondência: Rua do Bosque, 896, casa 24, CEP 01136-000. Barra Funda, São Paulo (SP). Telefone (11) 3392-1524, E-mail editora@portodasletras.com.br. Proibida a reprodução parcial ou total dos textos e das imagens desta publicação, exceto as imagens sob a licença do Creative Commons. As opiniões dos entrevistados publicadas nesta edição não expressam a opinião da revista. Os anúncios veiculados nessa revista são de inteira responsabilidade dos anunciantes.

Dezembro|TAXICULTURA

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SUMÁRIO | TAXICULTURA

06 Onde fica? Carlos Gomes

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Big Apple

08 Capa

Grace Gianoukas

19 08 12 Tecnologia

Paulistanos

Tecnologia

34 30 28 30 32 Qualidade de Vida Bandeira Livre 22 28 30

Beleza O turismo nas alturas Agenda

40 Mundo 44Cão

Animais Silvestres

Qualidade de vida Charme e Beleza

Bandeira O tempo Livre Tecnologia

14 Especial

Centro Cultural Banco do Brasil

16 Um Mundo Todo Prazeres da Páscoa

20 14 16 16 36 36 38 São Paulo Tem 32 36

Agenda Cultural São Paulo: um mundo todo

28 Beleza 24 18 38 Morar Bem 38

O tempo e seusAgenda efeitos Capa

Qualidade de Vida

Bandeira LIvre

São Paulo Morar BemEspaço com conforto Museu da Tem Casa Brasileira Morar Bem Mundo&Cia Capa

42 Horizonte Vertical 48

São Paulo que ninguém vê

Arrigo Barnabé

ESPAÇO LEITOR

Para nós, sua participação é fundamental. Para enviar suas críticas, elogios, sugestões ou comentários basta enviar um email para: leitor@taxicultura.com.br Assim que recebermos sua mensagem entraremos em contato para atender a sua solicitação.

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TAXICULTURA|Abril

Assisti ao Arrigo Barnabé, a Banda Metalurgia e ao Itamar Assumpção nos anos 80 e tive a certeza que estávamos diante de um novo momento da música popular brasileira, mas foi um engano. Inacreditável que a nossa indústria cultural consiga sufocar e cercear o processo criativo de artistas tão talentosos e abrir espaços para coisas como “Ai se eu te pego”. Desanimador. Leandro Rodrigues da Costa


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Grace Gianoukas Mergulhada em um turbilhão criativo interminável, Grace Gianoukas faz da invenção permanente o seu modo de vida

14 38 Centro Cultural

Banco do Brasil Dez anos de atividades de um dos principais espaços de cultura do mundo

Museu de Arte Contemporânea Muito legal que o MAC tenha um novo espaço, mas seria importante que o espaço estivesse totalmente adequado para que pudesse receber o acervo do museu e os seus visitantes quando da inauguração. Quando fui visitar o espaço, tive que estacionar numa rua do entorno, sem segurança, onde as calçadas estavam deterioradas e dificultavam a circulação dos pedestres.

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Turismo em Santos

Teatro Drive Thru

Outro dia peguei um táxi e li uma reportagem sobre a cidade de Santos e as atrações que ela oferece além do banho de mar. Tenho um filho de 13 e outro de 11 e a princípio pensei: meus filhos nunca iriam trocar a praia por uma visita ao Museu do Café. Mas estava enganado, pois eles adoraram curtir a cidade, principalmente o passeio de bonde e o aquário municipal.

Acho que nenhuma cidade do mundo tem atrações tão diferentes como São Paulo. Apesar de parecer ingênuo, divertido e descompromissado, o Teatro Drive Thru, de fato, tem um poder transformador, não sei se pela proximidade entre o único espectador e o ator; é como ter uma conversa sem ter para onde fugir. Radical. Marília Andretta

Analice Ribeiro

Omar Hagut

Abril|TAXICULTURA

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ONDE

FICA?

Escultórico em homenagem a Carlos Gomes Por Miro Gonçalves

A

s obras que compõem o parque escultórico que apresentamos nesta edição foram esculpidas em bronze, mármore e granito e repre-sentam personagens de óperas compostas pelo Maestro Carlos Gomes.

Todas as obras, de um total de 12 peças, são de autoria do escultor italiano Luiz Brizzolara, que tem outras obras expostas em importantes pontos da capital. Um dos principais trabalhos realizados por Brizzolara em São Paulo é o Mausoléu da Família Matarazzo, o mais alto e imponente mausoléu da América Latina, localizado no Cemitério da Consolação.

Davi Francisco

As 12 esculturas que fazem parte da imagem desta edição estão dispostas em um espaço verde, de livre acesso. Quem passa por ele encontra a Fonte dos Desejos – Glória, inspirada na Fonte de Desejos de Roma, e principal escultura do conjunto. Há ainda o monumento a Carlos Gomes e aos personagens de suas óperas, como o Guarany, Maria Tudor, Fosca e Schiavo. O conjunto de obras foi um presente da comunidade italiana, em comemoração ao centenário da Independência do Brasil. A sua inauguração ocorreu em 12 de outubro de 1922, com grande festa.

Você sabia?

Davi Francisco

Os primeiros 10 leitores que identificarem a localização da foto acima ganharão um par de ingressos para o teatro.

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Sua resposta deverá ser enviada para o e-mail:

leitor@taxicultura.com.br

O conjunto executado por Brizzolara em homenagem a Carlos Gomes é semelhante ao grupo de esculturas produzido pelo mesmo artista em Buenos Aires, em comemoração ao Primeiro Centenário da Independência da Argentina

O resultado sairá na próxima edição junto com os nomes dos ganhadores. Complexo Cultural Tomie Ohtake Na edição passada, a TAXICULTURA apresentou o Complexo Cultural Tomie Ohtake, que abriga dois prédios (Torre Faria Lima 201 e Torre Pedroso de Moraes 201), além do Instituto Tomie Ohtake, importante centro cultural da cidade.

GANHADORES Anailton Alencar

Alexandre Proietti

Juliane de Araújo

Deborah Gonçalves

Alexandre Pannia

Marcos Machado

Maria de Lima

Vanessa Terra

Selma Belinato

João Batista Leme

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Dezembro|TAXICULTURA

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CAPA Davi Francisco

Por Waldir Martins

Grace Gianoukas Mergulhada em um turbilhão criativo interminável, Grace Gianoukas faz da invenção permanente o seu modo de vida

D

ona de um estilo absoluta- Insana, o ator tem que ter talento e capamente particular e irreve- cidade para exercitar personagens e ideias rente, a autora, atriz e produ- originais, pontos de vista originais”, afirma de modo categórico. tora cultural Grace Gianoukas revela tal Em meio à preparação do seu próximo esseriedade quando se trata do compromisso de subir ao palco, que pode sur- petáculo, Antes que o mundo acabe, Gianoukas recebeu a TAXICULTURA e revelou um preender quem não está acostumado pouco de sua história, do seu trabalho, da com o seu humor, que aposta na origisua paixão pela dramaturgia, dos limites do nalidade e não faz do preconceito e do humor e como sua trupe – a Terça Insana – estigma contra minorias, o seu material terminou por se tornar uma verdadeira refede trabalho. “Para participar da Terça rência do melhor humor paulistano.


Com um elenco renovado, a Terça Insana estreia seu novo espetáculo - Antes que o mundo acabe - no dia 21 de abril no Teatro Municipal de Paulínia e segue para turnê nacional

TAXICULTURA: Você é do Rio Grande do Sul?

Grace Gianoukas: Eu sou gaúcha. Nasci na cidade de Rio Grande, onde tem a maior praia do Rio Grande do Sul, que é a praia do Cassino, com 242 km. Ela vai até o Uruguai, e se tu tiver um bom carro, com tração nas quatro rodas, pode ser uma grande aventura. Ter nascido lá foi uma dádiva, porque eu aprendi a pensar, a raciocinar, a refletir e a filosofar olhando para o mar, aquele mar enorme. Aliás, não sei o que eu vim fazer em São Paulo... (risos)... ah... eu sei sim (risos).

TAXICULTURA: E como era a vida familiar?

Grace Gianoukas: Sempre gostei de inventar, sou a menor de seis irmãos. Meu pai tem origem grega e italiana e minha mãe tem origem portuguesa. Então, a minha casa tinha sempre essa coisa de reunir todo mundo para almoçar, para jantar e ficava aquele bate papo, contando histórias. Acho isso muito importante, essa ideia de pertencimento, de conhecer a tua raiz, a tua história familiar, acho que isso é o que estofa uma pessoa para sair pelo mundo. Porque hoje em dia os pais trabalham muito, chegam esgotados, as crianças vão para a frente da TV, os pais também, conversa-se pouco, e essa relação familiar vai se perdendo. Estamos perdendo a ideia de pertencer a uma tribo, que é a nossa.

Ao acabar com a nossa história pessoal, zerando a nossa tribo, que é o nosso fortalecimento, que são os nossos ancestrais e as nossas histórias, isso te deixa nulo e prontinho para virar um consumidor. Nós somos gregários, certo? Então passamos a pertencer ao que está mais próximo. E nesse vazio tu vai querer ter o melhor ipod, vai querer ter aquele carro, vai querer pertencer à turma do não sei o que, porque nós temos que pertencer, o ser humano tem isso.

TAXICULTURA: E quando você começou a flertar com a dramaturgia?

ver com o diverso é muito enriquecedor, o seu olhar se amplia, a tua ideia de compaixão, a tua tolerância, o teu entendimento do mundo, o teu egoísmo acaba. Porque a gente aprende a ter respeito pelo outro. Então voltei e cursei artes cênicas. Estava no primeiro ano e fui convidada para trabalhar no espetáculo de conclusão de curso do pessoal do último ano. E essa peça foi assistida por outros alunos que me chamaram para fazer outros trabalhos, outros projetos, já fora da faculdade. Fui convidada para participar de um grupo que se chamava Balaio de Gato, que havia se formado a partir de um workshop que o Asdrubal trouxe o trombone tinha realizado em Porto Alegre.

Grace Gianoukas: Ah, entrou mais tarde. Eu fui fazer vestibular para sociologia e não tinha feito cursinho nem nada, não tinha o menor preparo. Fui me inscrever e me perguntaram: “qual a sua segunda opção?” Eu não fazia ideia do que era uma segunda opção, mas depois que me explicaram eu disse “bote artes cênicas, deve ser um pessoal muito louco”. E aí fiz o vestibular, não passei em sociologia mas passei em artes cênicas. Nesse meio tempo, meu irmão estudava na Inglaterra e surgiu uma oportunidade para eu ir para lá. Como as aulas iriam começar no segundo semestre, fui para Inglaterra. Saí de Rio Grande e fui pra Londres. Terminei ficando um ano lá. Peguei o auge do movimento punk e isso foi muito importante para mim. Poder convi-

leitura de bordo dos taxis paulistanos - Abril|TAXICULTURA

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CAPA ver teu espetáculo e amei! Você é incrível e maravilhosa, mas eu fiquei com vergonha de ir para os camarins”. Ah... pronto, ele me deu essa deixa e fui lá pra mesa dele e ficamos amicíssimos. Não sei o que ele viu em mim.

TAXICULTURA: E como você veio para São Paulo?

Grace Gianoukas: O Caio me trouxe para São Paulo. Ele estava em Porto Alegre, escrevendo o Triângulo das Águas, quando o [ator] Ricardo Blat descolou uma casa aqui, em São Paulo; mas ele tinha que ir para o Rio, acho que fazer uma novela, não sei direito, e passou a casa para o Caio, que estava voltando para São Paulo e me falou: “Grace, vambora (sic) comigo, vamos para São Paulo”.

TAXICULTURA: Nessa época já tinha noção do trabalho que queria realizar?

Grace Gianoukas: Eu já tinha visto o Balaio em Porto Alegre e fiquei louca, porque estava de saco cheio da faculdade e aquela coisa toda teórica, “porque Brecht, porque Sheakespeare...”, uma coisa defasada que não tinha nada a ver com a minha realidade. E quando eu vi o Balaio pensei: “uau! É daí pra frente que eu quero fazer”. Era non sense, era teatro do absurdo. Então montamos um espetáculo, que era uma série de quadros, meio teatro do absurdo, e eu dei o título: “O Acre vai à Rússia”. E ganhamos todos os prêmios daquele ano, de Porto Alegre, de fora, em todos os lugares em que nos apresentamos. Então o [escritor] Caio Fernando Abreu assistiu ao espetáculo. Um dia, eu estava com catapora e estava fazendo o espetáculo, porque ator não pode parar, e o público entrava no teatro com os atores em cena, e eu vi o Caio entrando. Ele tinha recebido indicação de um amigo dele sobre o espetáculo e decidiu ir ver. Depois, fui a um bar em que ele também estava e ele me enviou um bilhete: “fui

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gens e aquilo virou uma febre, as pessoas adoravam. Depois de um tempo eu atendia um pouco, parava, largava a bandeja, fazia uma cena e voltava a atender. Aquele bar começou a encher. Então outros bares me convidaram para fazer isso e comecei a me apresentar em outros bares. Em um bar, as pessoas não foram para te ver; elas foram para beber, para comer, para se encontrar, se drogar, sei lá o que, menos te ver. Então você tem que fazer uma coisa que seja visualmente impactante, rápida e rasteira, intensa e uau: vai-te embora. Esse exercício, de tentativa e erro, de correr riscos, me arriscando, me arriscando, me arriscando, me deu a oportunidade de ir testando coisas e pude construir um estilo.

Eu estava cansada de Porto Alegre, eu gosto de invenção e a coisa por lá estava meio esgotada e eu precisava inventar. Então passei a morar com o Caio e fui trabalhar de garçonete em um restaurante, que era o Café Piu Piu.

TAXICULTURA: E o teatro em São Paulo?

Grace Gianoukas: Depois do Café Piu Piu fui trabalhar em um pub, imenso, nos jardins, o Speakeasy. Um dia apareceram dois caras no Piu Piu e ficaram lá a noite inteira olhando as garçonetes e eu já estava irritada... “o que esses caras estão olhando?” No final da noite me deram um cartão: “nós temos um bar e achamos o teu serviço incrível”. Eu era um polvo, carregava 405 coisas na mão (risos). Então acabei indo. Era um bar de um francês e de um belga e era incrível. Era um pub onde iam escolas do mundo inteiro. Era incrível mesmo. Tinha som, tinha festa, tinha uma arara, tinha uma cobra e eu falei: “Tô em casa! É o meu lugar, aqui é a bagunça”, e foi uma coisa muito legal. Um dia perguntei se poderia fazer algumas coisas diferentes e eles concordaram. Então comecei a fazer ceninhas, onde eu atendia as pessoas vestida de persona-

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CAPA dono do projeto lá do NEXT, que me convidou. Era um estúdio de fotografia e agente ensaiou lá no fundo. Um dia ele falou que queria fazer um teatro lá, queria encontrar alguém que pudesse tocar esse projeto e na hora eu sugeri o nome do Celso Curi, que tinha fechado o espaço Off e estava procurando um lugar. Eu apresentei um ao outro e fui viver.

Marcelo Mansfield e Grace Gianoukas em cena com os personagens Ronaldo e Tesãozinha

TAXICULTURA: E você tinha alguma referência para criar esse trabalho?

Grace Gianoukas: Quem teve influência no meu trabalho foi o rock’n’roll. A literatura e o rock’n’roll. Eu sou filha de Rita Lee, sou descendente disso, das Frenéticas, do [Eduardo] Dusek. Quem me influenciou? Quando eu vi o Eduardo Dusek, naquele festival, vestido de fraque, vaso de anjo, cantado aquela música, também fui arrebatada, também abriu um portal para mim. Eu vivo de arrebatamento: Maria Callas, Billie Hollyday. Tem um cara agora, o Gogol Bordello, que tem uma banda extraordinária, porque é verdade, é alma. Então o que me influencia é tudo o que é bom e é tudo o que é de alma.

TAXICULTURA: E como esse trabalho se consolidou?

Grace Gianoukas: Estava fazendo essas coisas em bares e um jornalista publicou uma notinha em um jornal. Peguei aquela notinha e fui ao Madame Satã [casa noturna que funcionava em São Paulo nos anos 80] para ver se fazia alguma. Aceitaram, eu comecei a fazer,

o pessoal adorou e disse para fazer mais. E isso tem tudo a ver com a base do que veio a ser a Terça Insana, porque não sabia o que fazer para apresentar no Madame Satã; tive a ideia de fazer umas apresentações em algumas datas especiais: 7 de setembro, semana santa, aniversário da Marylin Monroe, assim, procurando e inventando cenas. Foi aí que começaram as apresentações temáticas. Lembro que na semana da pátria, o Tancredo Neves tinha acabado de morrer e ainda não se permitia o uso de bandeiras e outros símbolos. Imagina, no Madame Satã, duas professoras falando do amor sexual pela pátria. E no final, tinha uma mesa, que era uma tábua de passar roupa enrolada com um lençol verde e amarelo, que a gente levava como se fosse o caixão do Tancredo... (risos).

TAXICULTURA: Mas a Terça Insana surgiu como?

Grace Gianoukas: A Terça Insana nasceu porque eu tava de saco cheio e não queria mais ser atriz e queria fazer qualquer outra coisa, eu queria ter um bar. E eu já tinha me apresentado no NEXT, lá no centro, que era um teatro experimental para novos autores. Fiz uma peça do Rocco, o Antônio Rocco, que é o

Um dia o Rocco me chamou e disse: “Pô, preciso inaugurar essa budega e preciso de uma atração, você não quer pensar em alguma coisa?” Eu disse que topava e chamei os meus amigos. E aí tem uma história, porque nos anos 90, no final dos anos 90, tudo foi ficando clean. Nos anos 80, nós éramos uma galera que tinha muito para trocar. Tu ia ao Madame Satã ou ao Aeroanta [casa noturna paulistana]e encontrava todas as tribos. Nos 90, os yuppies tomaram o poder e ficou tudo clean, tudo cult. Arrancaram os bibelôs da parede: quer dizer, se isso era memória da minha avó, não tem mais nada da minha avó aqui, pinta a parede de branco, bota uma cadeira assinada, uma luz dicróica e pronto! E as coisas começaram a ficar sem história. E começou uma coisa, com grandes patrocínios, com grandes peças, com globais, e as pessoas iam ao teatro, viam um musical com alguns globais, que era uma bomba e diziam: “putz, teatro é chato, não volto nunca mais!” Fora da realidade. Tinha a campanha “Vá ao teatro” e um pessoal lançou uma camiseta que dizia “Vá ao teatro, mas não me convide!”... (risos). Estava assim o mercado, e eu, que nos anos 80 até 90 e poucos, tinha feito muitas coisas em espaços não convencionais, em espaços de rock’n’roll, sempre com enorme sucesso de público - mas que não era considerada uma atriz, e sim uma performática: “a Grace é maluca” - também não conseguia espaço para trabalhar. Nessa época, eu procurava os produtores que conhecia, que estavam em outras casas e ouvia sempre “ah, isso acabou Grace. Isso já era. Isso não existe mais, a coisa mudou.”

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CAPA caixando e eu dizia: “não é possível! Olha tudo o que a gente lutou pela liberdade nesse país, olha o que a gente sofreu, olha quanta gente morreu, quanta gente apanhou, quanta gente foi torturada por uma liberdade de expressão. Não é possível que depois de tudo, tenha virado isso, essa burrice absoluta. Não é possível que, em 1990, os homossexuais continuem sendo ridicularizados na televisão; não é possível que o negro continue sempre sendo o trambiqueiro”. Então convidei os meus amigos e fizemos o primeiro dia e a ideia era criar um show novo a cada semana. E tudo mundo ficou apavorado, porque a Terça Insana era para atores. Atores pagavam cinco pilas. Era uma troca de figurinha, para o povo se encontrar, mas estava aberto para o público. E acabei fazendo uma escola de formação de atores, dentro da arte que eu sabia fazer. A Terça Insana terminou por se transformar também em uma escola de formação de novos autores. Nesse tempo todo tivemos 283 convidados.

TAXICULTURA: O NEXT marcou essa virada?

Grace Gianoukas: O Rocco me chamou para fazer esse negócio no NEXT e eu tinha desistido de ser atriz, queria mesmo era ter um bar e pensava: “ai, se eu pudesse pegar esse bar”, mas não tinha dinheiro para nada. Então chamei algumas pessoas que eu sabia que tinham algumas cenas legais e montei um espetáculo de esquetes. O Rocco fez uma festa de lançamento do livro dele e foi incrível! Depois perguntei o que iria fazer no espaço dali pra frente ele respondeu: “nada, não vou fazer nada, não tenho nenhuma programação”. E eu disse: “Ah, me dá um dia aí, me dá a terça-feira, que eu vou fazer um negócio”. Eu estava cheia de amigos desempregados, talentosíssimos, mas que também não se encaixavam nesse esquema dos lindos e dos cleans e da luz dicróica, pessoas com as quais eu já tinha trabalhado, que eram incrivelmente talentosas e que também não estavam se en-

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E aí a Terça Insana estourou. A Terça Insana é um projeto de pensar a comédia contemporânea e ninguém se dá conta disso. Temos um acervo de 408 personagens, já levamos ao palco aqui em São Paulo, 318 roteiros de shows com duas horas de duração totalmente inéditos, com personagens ou textos novos. Foram oito turnês nacionais e estou iniciando a próxima.

TAXICULTURA:

O limite é o respeito. Originalidade e respeito. Pode ser uma coisa doce, pode ser ingênua, pode ser pura, pode ser apatetado, pode ser para sorrir. A Terça Insana é um encontro filosófico cultural entre os atores e o público. A gente pensa a sociedade juntos. Os textos que eu faço, todos eles vêm da dor. As minhas personagens, todas, têm uma dor no fundo do coração; a Cinderela, a Aline Durel, que é uma atriz bipolar, porque a profissão é cheia de altos e baixos. A história da Aline Durel é essa, é a história do ator, da batalha do ator nesse mercado. Para participar da Terça Insana o ator tem que ter talento e capacidade para exercitar personagens e ideias originais, pontos de vista originais; ser um pouco esquisito ajuda... (risos), a inadequação, ser meio inadequado ajuda muito, porque é da inadequação que surge a originalidade, as novas ideias e o estilo. O estilo vem da inadequação e vou dizer uma coisa para todas as pessoas que se sentem excluídas, que foram vítimas de bulling e que estão traumatizadas e atemorizadas: quanto mais nos colocarem para fora do sistema, mais iremos construir! Não tenha medo de levar tuas ideias adiante. Quanto mais te excluírem, mais você vai ficar pensando nas tuas ideias e quanto menos tu te comportar como massa, mais você terá uma oportunidade de construir uma coisa bonita, que terá muito impacto na sociedade.

Existem critérios pra fazer humor? Como evitar que isso se transforme em censura?

TAXICULTURA:

Grace Gianoukas:

Grace Gianoukas:

O critério é a tua índole, o teu estofo, a tua cultura, a tua ética. Existem coisas que são engraçadas e existem coisas que não são engraçadas, coisas que quem acha engraçadas é ignorante. Tem que ser muito ignorante para achar engraçada aquela piada que diz que mulher feia tem que ser estuprada.

Esse ano resolvi fazer uma coletânea desse nosso repertório, porque, como os espetáculos sempre acontecem às terças-feiras, tem um monte de gente que nunca consegue assistir. Pessoas que estudam, que trabalham; então decidi fazer essas coletâneas. Começamos com as Mulheres Insanas e, agora em abril, iremos estrear os Homens Insanos. Em breve iremos estrear o novo espetáculo no interior de São Paulo: Terça Insana 2012 – Antes que o mundo acabe. Vamos sair em turnê pelo país e apenas em meados de outubro a gente volta para São Paulo. Até lá.

E não é questão de virar censura ou não virar censura, se tu queres falar de cor, etnia, fazer piadinha escatológica para sua turminha, contar piada pronta, ou imitar o Lula, vai pra lá, na Terça Insana não. Aqui são idéias originais e que tenham estofo. Qual o limite da Terça Insana?

E novos planos e projetos?

TAXICULTURA|Abril - É leitura de bordo dos taxis paulistanos



ESPECIAL

Por Marina Schmidt Carlo Ferreri clara

Construído em 1901, no coração histórico da capital, o espaço possui cinco andares, além do subsolo e mezanino, e é tombado pelos órgãos patrimoniais do Estado e do município

Centro Cultural Banco do Brasil Com apenas 10 anos de atividades, o Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo está entre os principais espaços culturais do mundo

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nstalado em ponto estratégico, na capital cultural da América Latina, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) é um espaço relativamente jovem de São Paulo, comemorando, no dia 21 de abril, 10 anos de atividades. Mas o tempo relativamente curto de sua trajetória é inversamente proporcional à importância e intensidade de sua atuação na cena cultural paulistana, ao unir história e arte em um único endereço. Em uma década, atraiu aproximadamente 7,5 milhões de visitantes e patrocinou cerca de 600 projetos culturais. Os mais de 3,5 mil visitantes que recebe por dia o consagraram como um dos cem museus mais frequentados do mundo. Por trás dos números que fortalecem o nome da instituição a cada dia, reside a preocupação em formar mais plateia, democratizando o acesso à cultura e favorecendo bons projetos. Democrático A democratização da cultura é uma das bandeiras do CCBB. A programação, quando não é gratuita, é condicionada a preços populares. O valor cobrado para eventos musicais e teatrais é de R$ 6, e, para as

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mostras de cinema, R$ 4. Exposições, palestras e o programa educativo não são cobrados. Com isso, os visitantes têm acesso às mais diversas manifestações culturais nas áreas de artes plásticas, audiovisual, música, dança, teatro, palestras e debates, e programa educativo, que realiza visitas monitoradas e oficinas. Além de abrigar os programas culturais em suas salas, o Centro Cultural transforma alguns eventos em publicações e catálogos, e recupera e faz novas cópias de filmes do cinema nacional. A programação do espaço segue a tendência à interdisciplinaridade, relacionando um mesmo tema a diversas formas de expressão, ampliando, com isso, a percepção da arte e do mundo. Destaque mundial As exposições temáticas mais visitadas do mundo em 2010 e 2011 foram realizadas pelo CCBB. Em abril de 2011, a publicação de arte londrina “The Art Newspaper” creditou o título de 2010 à exposição Islã. Arte e Civilização, que fez muito sucesso no

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ESPECIAL Divulgação

Divulgação

Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro e ficou em cartaz em São Paulo no início do ano passado, entre janeiro e março. A revista promove o ranking das exposições mais visitadas do mundo desde 1996. Na lista relativa a 2011, destaque também para exposições realizadas pelo CCBB do Rio de Janeiro. A mostra mais visitada no ano passado foi O Mundo Mágico de Escher, que ficou em cartaz no Rio entre janeiro e março e em São Paulo entre abril e julho. Sempre com entrada gratuita. O ranking de 2011 tem mais duas exposições do CCBB RJ entre as dez mais visitadas. Além de O Mundo Mágico de Escher, as mostras Mariko Mori e Laurie Anderson, exibidas tanto em São Paulo quanto no Rio, provam o sucesso da instituição, a única brasileira entre as primeiras da relação, em 2011.

Antes de abrigar importantes exposições e eventos culturais, o prédio que abriga o Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo já tinha muita história para contar. Localizado na rua Álvares Penteado, 112, esquina com a rua da Quitanda, ele foi construído cem anos antes de dar lugar ao CCBB. Construído em 1901, no coração histórico da capital, o prédio pertence ao Banco do Brasil desde 1923. Sua importância cultural, hoje, faz jus à importância que teve para a instituição bancária a qual é vinculado. O edifício foi o primeiro prédio próprio do Banco do Brasil em São Paulo. Com a reforma realizada em 1927 pelo arquiteto Hippolyto Pujol, tornou-se agência bancária – a Agência Álvares Penteado – funcionando até dezembro de 1996. Patrimônio Mais de sete décadas depois da primeira reforma, a antiga agência passou por nova reestruturação, dessa vez para abrigar o Centro Cultural Banco do Brasil. A reforma foi iniciada em outubro de 1999, com restauração dos elementos originais e mantendo as mesmas linhas que tornaram o prédio em um dos projetos mais significativos do início do século. O espaço possui cinco andares, além do subsolo e mezanino, e é tombado pelos órgãos patrimoniais do Estado e do município –

Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) e Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo), respectivamente. Atualmente, o Centro Cultural Banco do Brasil possui salas de exposições e de programas educativos, cinema, teatro, auditório e café, em 4.183 metros quadrados, embora a preocupação não seja apenas a de se manter como um espaço diferenciado de promoção da cultura. Transformar o primeiro prédio próprio do Banco do Brasil na capital em centro cultural foi uma escolha pensada, também, do ponto de vista histórico. A escolha revela o cuidado com a revitalização da área em que o prédio está instalado, uma região tradicionalmente detentora de importantes patrimônios históricos. Ao unir história e cultura, o Centro Cultural Banco do Brasil atua como um ponto de contemplação para as mais de um milhão de pessoas que circulam pela região. Além do projeto arquitetônico, há o favorecimento importante de debates sobre questões culturais da atualidade. Estímulo à cultura Aliado à formação de público, os projetos de incentivo também se consagram como importantes meios de fomento à cultura mantidos pelo Banco do Brasil. Anualmente, propostas de todo o país, e de fora dele, chegam à instituição para seleção que pode culminar com a exibição na programação do ano seguinte.

Nave da artista Mariko Mori, na rotunda do CCBB SP Divulgação

História, além da história

GANESH - Imagem da exposição ÍNDIA!

O espetáculo Cartas de Amor utiliza um espaço cênico diferenciado

Serviços Centro Cultural Banco do Brasil Rua Álvares Penteado, 112 – Centro

Visitas mediadas às exposições e ao prédio do CCBB Diariamente são realizadas visitas mediadas por educadores em português e inglês. Para visitas de terça a sábado é necessário agendamento prévio pelo tel. (11) 3113-3649, de segunda a sexta, das 9h às 18h (máx. 45 pessoas por horário). Aos domingos, não há necessidade de agendamento prévio e o atendimento é realizado mediante solicitação na bilheteria, no térreo, das 10h às 19h

Transporte para Estudantes Serviço de transporte gratuito, de terça a sábado, para visitas de estudantes e grupos. Agendamento de acordo com a ordem de solicitação, prioritariamente para escolas públicas, de segunda a sexta, das 10h às 18h, pelo tel. (11) 3113-3649

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SÃO PAULO

UM MUNDO TODO Por Estela Guerreiro Divulgação

Cazuela de bacalao, servida no La Tasca, que leva bacalhau, pimentões, tomate, cebola, alho e vinho branco cozidos numa caçarola de barro

Os prazeres da Páscoa O consumo do bacalhau na sexta-feira santa é um hábito religioso, mas que, não raro, culmina com a prática de um dos principais pecados capitais: a gula!

O

cardápio à base de bacalhau, que se tornou tradição nessa época do ano, foi incentivado pela igreja católica durante o período da quaresma, quando o consumo de carnes vermelhas era proibido pelos religiosos. Os portugueses, fiéis seguidores do catolicismo e amantes do bacalhau, literalmente, caíram de boca na recomendação e trouxeram para cá o hábito sagrado.

O teor de gordura do bacalhau é muito baixo e seu valor nutricional supera o dos peixes comuns

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Bacalhau Versátil e saboroso, o bacalhau é também bastante nutritivo. Rico em vitaminas A, E, B6 e B12, sódio, cálcio, fósforo, magnésio e de Ômega 3, o seu teor de gordura é muito baixo e seu valor nutricional supera o dos peixes comuns. Além de todos os benefícios para a saúde, vale a pena ressaltar as variadas formas de preparo e receita, que valorizam ainda mais o peixe, que é conhecido como o rei das águas frias. Veja a seguir algumas opções da cidade, onde poderá saborear diferentes receitas do tradicional prato.

Villa Cioe Tudo bem que a tradição é portuguesa, mas o hábito ultrapassa fronteiras. O italiano Villa Cioe sugere um menu completo, elaborado com a escolha dos melhores ingredientes. “Para entrada, provençal, que leva mariscos frescos, flambados em vinho branco com alho e salsa. O bacalhau com açafrão sobre cama de legumes e batatas, regado ao azeite aromático, serve como prato principal. Para sobremesa, panacota de doce de leite”, sugere o chef Marcio Viggiano. “Os mariscos flambados no vinho abrem o paladar para uma receita mais condimentada. É o caso do bacalhau que leva açafrão”, acrescenta. Especializado na culinária toscana, o prato não se afasta da essência da casa. “Não dispenso um bom azeite de oliva e tomates selecionados, entre outros elementos típicos da Toscana”, afirma Viggiano.

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SÃO PAULO

UM MUNDO TODO Divulgação

Mas o gostinho do bacalhau vem com a entrada. “Sugiro ensalada de alubias blancas y bacalao, que leva bacalhau desfiado, feijão branco, cubos de tomate e folhas verdes”, destaca a chef. “As duas receitas levam bacalhau, um peixe que no Brasil está tradicionalmente ligado à cozinha portuguesa, mas é bastante consumido e utilizado na gastronomia espanhola. Quisemos combiná-lo de maneira que a entrada aguçasse, com leveza, o paladar evocando um prato principal mais encorpado, que valorizasse seu sabor”, acrescenta.

Panacota de doce de leite, sugestão do chef Marcio Viggiano O Villa Cioe prioriza alimentos frescos no preparo dos pratos e tem essa característica como destaque. “Tudo é muito aromático, colorido e saboroso: as verduras, cogumelos, queijos e frutas”, comenta o chef. “Para a receita de entrada que sugeri, encomendo semanalmente do sul do país os mariscos, que são finalizados apenas no prato, método que colabora para preservar o sabor”. La Tasca

Além das opções tradicionais, Ilda Vinagre, chef da casa, sugere o Bacalhau com Batatas Crocantes e Lentilhas na Mostarda. “Como no Brasil as pessoas não têm muito costume de comer lentilha, e particularmente acho um prato muito saboroso, decidi criar um bacalhau que combinasse com ela”, afirma Ilda. O segredo do prato está no uso de “bons ingredientes com sabores marcantes para criar um prato harmônico, onde todos os ingredientes combinam entre si”, revela a chef.

Onde comer: Villa Cioe

“Nosso diferencial diz respeito ao nosso conhecimento de gastronomia espanhola. Conseguimos criar, fazer combinações, misturar, experimentar sabores e aromas daquela gastronomia, mas tudo isso sem corrompê-la”, finaliza a chef.

Rua Tupi, 564 - Higienópolis Tel.: 11 3662-1121 www.villacioe.com.br

Trindade

Trindade

Especializado na culinária portuguesa, o restaurante Trindade oferece opções de bacalhau para todos os gostos. Entre as sugestões da casa estão o Bacalhau Gomes de Sá, o Bacalhau à Proença e o Bacalhau

La Tasca Avenida dos Carinás, 592 – Moema Tel.: 11 2308-1091 / 3439-4498 www.restaurantelatasca.com.br Rua Amauri, 328 – Itaim Bibi Tel.: 11 3079-4819 / 4861 www.restaurantetrindade.com

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A chef Mireia Vila Garcia, proprietária do restaurante La Tasca, especializado em culinária espanhola, sugere como prato principal, a cazuela de bacalao. “É um prato da região de Málaga, cidade de Andaluzia localizada ao sul da Espanha. Trata-se de um bacalhau cozido na caçarola de barro com pimentões, tomate, alho, cebola e vinho branco, servido com batatas cozidas”, explica.

Da entrada à sobremesa, o destaque é cuidado em preservar a culinária tradicional espanhola. “Para finalizar a refeição, o brazo de gitano, que é o pão-de-ló recheado com creme de amêndoas servido com creme de confeiteiro e um toque especial de vinho do Porto”, indica Mireia.

Nunca Chega. Aliás, o que nunca chega são as opções do restaurante quando o assunto é bacalhau.

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Bolinhos de bacalhau: sempre um bom aperitivo!

Bacalhau à Proença é um dos pratos servidos no restaurante Trindade

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BIG APPLE Por Vinnicius Balogh

Bar Pitti: 268 6 Avenue, West Village

Apaixonado por viagens e gastronomia, Vinnicius Balogh traz aos leitores da TAXICULTURA dicas e sugestões para curtir na metrópole mais badalada do mundo

Vinnicius Balogh é administrador de empresas e atualmente mora em Nova York, onde está realizando um Executive MBA na Columbia University Twitter: @vibalogh

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Sobre restaurantes, um imperdível é o Bar Pitti. Excelente cozinha italiana, o Pitti, sem dúvidas, é uma das melhores opções em Manhattan. Segundo o seu proprietário, a casa é conhecida por ter 100% de seus ingredientes vindos diretamente da Itália: todas as terças, desembarca em NY meio container com farinha, sal, água, polpa de tomate, pimenta, queijo, tartufo, berinjela, entre mil outros condimentos. Em sua cozinha, ele produz artesanalmente tudo o que é servido aos clientes, principalmente a massa. Quando visitá-lo, não deixe de provar o papardelle e, de entrada, a buratta. Nota: por incrível que possa parecer, lá não se aceita cartão de crédito, somente cash!

MoMa (Museum of Modern Art): 11 West 53rd Street, Midtown Se você vem a Nova York durante suas férias, é impossível não visitar um de seus museus. O meu favorito é o MoMa (Museum of Modern Art), que abriga obras famosas de Monet, Picasso, Andy Warhol entre muitos outros. Contudo, o que vale o ingresso é o seu restaurante: o The Moderm! Tudo ali é servido como se fosse uma obra de arte. Os pratos mais pedidos são o Tartare de Salmão e o Pato Assado com Foie Gras. Se voce já assistiu ao seriado Sex and the city, facilmente vai reconhecer o lugar.

CaféFiorello:1900Broadway,UpperWestSide Outro lugar muito interessante é o Café Fiorello, um tradicional restaurante do Upper West Side, pouco conhecido dos turistas, bem frequentado por senhores de meia idade sempre bem trajados e acompanhados. Típico lugar para se gastar horas degustando um bom vinho e provar um pouco de cada iguaria. Destaque para a batata parmegianna com cogumelos e os aspargos fritos no alho e óleo. Imperdíveis.

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TECNOLOGIA Por Fernando Lemos

Web Translator

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avegar pela web é fantástico. Um universo de informações vindas de todas as partes do mundo. Mas muitas pessoas não falam outros idiomas e por isso não podem aproveitar alguns sites interessantes que foram desenvolvidos originalmente em outras línguas. Um aplicativo que pode ajudar muito é o Web Translator. O objetivo é traduzir automaticamente para o português, os conteúdos de sites que estejam em inglês, francês, alemão, espanhol e italiano. E vale para páginas da web, palavras isoladas ou mesmo documentos. O Web Translator tem uma interface simples e intuitiva, muito fácil de usar. É um aplicativo bastante usado no mundo todo, mas, fique atento, pois, no caso do idioma português, a tradução é feita para o português de Portugal. Por isso, vale sempre uma revisão caso você vá usar as informações para trabalhos ou pesquisas, por exemplo. Não basta apenas um copiar-colar. Mas já ajuda muito para você poder navegar na web em sites do mundo todo. É um aplicativo gratuito e pode ser encontrado nos sites de download.

Pinterest

Fernando Lemos é estrategista de Tecnologia e idealizador do Projeto Tecnologia Para Todos palestras@tecnologiaparatodos.tc www.tecnologiaparatodos.tc www.facebook.com/tecnoparatodos

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m meio à febre das Redes Sociais, uma nova Rede está surgindo e crescendo muito rápido no mundo todo, com mais de 10 milhões de ativações a cada mês. O nome é Pinterest e a ideia é permitir a criação de murais temáticos online, onde você possa organizar e depois compartilhar imagens ou vídeos da web, que sejam do seu interesse. Funciona como uma coleção de conteúdos virtuais onde você pode expressar os seus gostos pessoais. E como no Facebook, os seus contatos podem curtir, comentar ou republicar os conteúdos, aqui chamados “PINs”. O objetivo é você poder expressar os seus

gostos pessoais. Os murais no Pinterest se dividem em categorias, com várias áreas da cultura e estilo, que podem ser personalizados. Muito simples de usar: basta entrar no site, pedir o convite e depois se cadastrar. Uma alternativa interessante também para fins comerciais, porque pode funcionar como uma vitrine virtual dos seus produtos ou serviços. O endereço é www.pinterest.com. Uma nova Rede Social com um apelo muito interessante.

Touchcode Divulgação

mam uma imagem quadrada, contendo milhares de informações. E agora, com a evolução da tecnologia, uma novidade muito interessante é o Touchcode. A ideia é que códigos transparentes possam ser impressos em papel e daí serem acessados de qualquer equipamento com tecnologia touchscreen.

O

s códigos de barras sem dúvida revolucionaram os processos comerciais no mundo todo, identificando os produtos de maneira única. Depois veio o QR CODE, um conjunto de pontos que for-

Dessa forma, o Touchcode pode guardar não apenas endereços de sites e informações escritas, mas também vídeos, fotos ou arquivos de áudio. Basta aproximar um equipamento como um tablet ou smartphone e automaticamente reconhecer o conteúdo, como, por exemplo, assistir a um vídeo.

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AGENDA Abril Divulgação

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EVENTOS

Homens Insanos Após o sucesso da temporada das “Mulheres Insanas”, a atriz, autora e produtora Grace Gianoukas estreia, no dia 3 de abril, o novo espetáculo da companhia Terça Insana: “Homens Insanos”. No elenco, Roberto Camargo, Arthur Kohl e Renato Caldas são responsáveis por levar ao público cenas inéditas e também alguns personagens já consagrados pela companhia, como Betina Botox e Magro Miranda, interpretados por Roberto Camargo, e a engraçadíssima A velha a fiar, interpretada por Arthur Kohl.

O Vestiário, como o lugar que abriga as emoções e expectativas dos jogadores, é o tema da atual exposição temporária do Museu do Futebol. A sala em que ocorre a mostra era, originalmente, uma das utilizadas como vestiário durante os jogos no Pacaembu. Agora, os torcedores e o público do Museu têm a oportunidade de entrar nesse espaço ainda repleto de mistério. A exposição conta com imagens fotográficas feitas pelo gaúcho Gilberto Perin, que acompanhou os atletas do Grêmio Esportivo Brasil, de Pelotas, na disputa pelo título da segunda divisão do Campeonato Gaúcho de 2010. Além disso, os visitantes conferem ainda as obras inspiradas no tema e concebidas pelo artista plástico Felipe Barbosa. Museu do Futebol Até 15 de julho De terça a domingo, das 09h às 17h (com permanência até as 18h) Praça Charles Miller, s/nº - Estádio do Pacaembu Tel.: 11 3664-3848

Like a Rolling Stone

Entre 11 e 22 de abril, o Ginásio do Ibirapuera será a própria Gotham City. O espetáculo Batman Live, que mistura música e teatro, dá vida a Bruce Wayne e outros personagens da história que já ganhou o cinema e milhares de fãs ao redor do mundo. No palco tem de tudo: artes marciais, acrobacias e ilusões nas atuações dos personagens Batman, Robin, Coringa, Charada, Mulher-Gato, Pinguim e Duas-Caras. A experiência traz os fãs para uma Gotham City fictícia, mas que contempla todos os elementos tradicionais da história, como a mansão de Bruce Wayne, a Batcaverna e, claro, o surpreendente Batmóvel.

O autor da música que foi eleita como um ícone para o rock (Like a Rolling Stone) realiza turnê no país em abril. Bob Dylan desembarca no país na segunda quinzena do mês e tem seis apresentações agendadas: Rio de Janeiro (15 de abril), Brasília (17 de abril), Belo Horizonte (19 de abril), São Paulo (21 e 22 de abril), Porto Alegre (24 de abril). Para os fãs do premiado músico, a promessa é de que o show contemple os clássicos que marcaram sua carreira, como Like a Rolling Stone; Knockin’ On Heaven’s Door; Hurricane; Lay, Lady, Lay e Mr. Tambourine Man.

Ginásio do Ibirapuera 11 a 22 de abril Rua Manoel da Nóbrega, 1.361 – São Paulo/SP Bilheteria: diariamente, das 12h às 20h Site oficial: www.batmanlive.com.br Vendas pela internet: www.ticketsforfun.com.br

Credicard Hall 21 e 22 de abril Av. das Nações Unidas, 17.981 Bilheteria: diariamente, das 12h às 20h Vendas pela internet: www.ticketsforfun.com.br

Dos quadrinhos para o teatro

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Teatro Itália Todas as terças do mês de abril Dias 03 / 10/ 17 / 24 Horário: 21h Avenida Ipiranga 344 - República Informações e vendas: 11 2122-2474 www.teatroitalia.com.br

Os segredos do Vestiário


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EVENTOS

A mostra Salvage – o requinte do resto, em cartaz na Caixa Cultural São Paulo até 6 de maio, apresenta peças criadas pela estilista catarinense Baby Steinberg. Reconhecida como designer “Avant Gard”, Baby atualmente mora no Canadá e é referência internacional em sustentabilidade. Os vestidos são resultado da reciclagem de materiais como capas de celulares, carregadores descartados, chaves, filtros de café, flores artificiais, enfeites de natal e meias de náilon. A exposição traz 15 modelos originais que se alinham à característica da estilista, reconhecida, também, por criar “arte para ser vestida”. Caixa Cultural São Paulo Até 6 de maio De terça a domingo, das 9h às 21h Praça da Sé, 111 - Centro Informações: 11 3321-4400

Retrospectiva de Lygia Pape na Pinacoteca Lygia Pape – Espaço Imantado é a primeira exposição retrospectiva da artista que figura entre os principais nomes da arte brasileira contemporânea, junto com Hélio Oiticica e Lygia Clark, com os quais tinha uma forte ligação. A mostra é composta de 200 obras, entre pinturas, relevos, xilogravuras, ações performáticas – registradas em objetos, vídeos e fotografia –, produções cinematográficas, cartazes de filmes, poemas, colagens e documentos e reconstrói a trajetória da artista, que teve forte atuação no processo de modernização do Brasil, a partir dos anos 50. Pinacoteca do Estado Até 13 de maio Terça a domingo, das 10h às 18h Praça da Luz, 02 - Luz Tel.: 11 3324-1000 www.pinacoteca.org.br

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“Isso é o que ela pensa” Na comédia Isso é o que ela pensa, do inglês Sir Alan Ayckbourn, renomado e importante nome da dramaturgia contemporânea, a personagem Susan é uma mulher de classe média que sofre uma queda acidental em seu jardim e começa a “conviver” com uma família que é o oposto da sua. A situação permite-a fugir da frustrante e monótona vida de dona de casa, alternando realidade e alucinação.

Vinte obras fotográficas, de 12 fotógrafos brasileiros, estão em exposição na Torre do Santander até 30 de julho. A mostra Caminhos da Fotografia integra o programa Convivendo com Arte e traz trabalhos de fotógrafos brasileiros como Vik Muniz, Caio Reisewitz, Luiz Braga, Claudia Jaguaribe e Tuca Reinés, além de novos talentos como Bruno Vieira, Fernanda Rappa e Felipe Berndt. A exposição também apresenta a apropriação que os artistas plásticos fazem da fotografia em suas obras. Centro de Convenções – Térreo Torre Santander Até 30 de julho Av. Juscelino Kubitschek, 2041 – São Paulo Tel:11 3071-1326

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Centro Cultural Banco do Brasil Até 6 de maio Sexta e sábado, às 20h, domingo, às19h Rua Álvares Penteado, 112 - Centro Tel.: 11 3113-3651/52 Divulgação

Caminhos da Fotografia

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Moda e arte

Angeli, por completo Quatro décadas de humor e a vida de um dos maiores cartunistas do país estão expostos no Itaú Cultural. A mostra Ocupação Angeli trata do universo vivido e criado pelo artista, com a exposição de 800 de suas 30 mil obras (dessas 800, 80 são originais), além de fotos pessoais. O ambiente em que ocorre a mostra foi montado como uma versão estilizada do estúdio de criação do cartunista. Itaú Cultural De terça a sexta, das 9h às 20h Sábado, domingo e feriados, das 11h às 20h Entrada franca Avenida Paulista, 149 - Estação Brigadeiro do Metrô Tel.: 11 2168-1776/1777

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Uma excelente leitura para você e para o próximo passageiro - Março|TAXICULTURA

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EVENTOS

Universo feminino no teatro de grupo

VIII Mostra Latino-Americana de Teatro de Grupo De 24 a 29 de abril Oficina Cultural Oswald de Andrade Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro Tel.: 11 3397-4002

O Centro Cultural São Paulo promove exposição sobre a cantora Elis Regina no ano em que se completa 30 anos de sua morte. A mostra do Projeto Viva Elis exibe mais de 200 fotos da carreira da intérprete, além de entrevistas, ingressos, pôsteres de shows, vídeos de apresentações ao vivo, especiais de televisão, objetos pessoais (carteira de trabalho, boletins escolares, álbum de casamento), revistas e jornais da época. Completam a exposição um documentário com depoimentos de diversos artistas que trabalharam com a cantora e uma sala onde o público poderá ouvir a voz de Elis sem acompanhamento instrumental. Centro Cultural São Paulo - CCSP De 14 de abril a 20 de maio Terça a sexta, das 10h às 20h sábado, domingo e feriado, das 10h às 18h Entrada franca Rua Vergueiro, 1000 – Paraíso Tel.: 11 3397-4002/4064

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SESC Bom Retiro Alameda Nothmann, 183 – Bom Retiro Tel.: 11 3397-4002

Viva Elis

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A mulher na produção teatral da América Latina é o tema central da 8ª Mostra Latino-Americana de Teatro de Grupo, realizada pela Cooperativa Paulista de Teatro e pelo Instituto Internacional de Teatro da UNESCO no Brasil (ITI- Brasil), entre 24 e 29 de abril. Durante a semana de realização, dez companhias teatrais da América do Sul, América Central e Espanha se apresentarão na Oficina Cultural Oswald de Andrade e na unidade do SESC Bom Retiro. A programação pode ser consultada na página www.mostralatinoamericana.com.br e os ingressos devem ser retirados uma hora antes da apresentação.

It’s only rock and roll Em abril, São Paulo recebe a maior exposição sobre o ritmo que consagrou Beatles, Jimi Hendrix, Led Zeppelin, Mutantes, Barão Vermelho e uma série de outros ídolos roqueiros. Let´s Rock, a maior mostra do gênero na América Latina, fica em exposição no pavilhão da Oca, de 4 de abril a 27 de maio, período em que o público confere raridades e preciosidades que atiçam a curiosidade de qualquer fã. Quatro espaços (térreo, subsolo, 1º e 2º andar) colocam o visitante diante do universo das grandes bandas. Uma Linha do Tempo com fotos, textos, recursos gráficos e canções reconstrói a história do rock, logo no início da exposição. Fotos, objetos e cartazes estão distribuídos em todos os espaços. E, claro, não faltam instrumentos para aproximar, ainda mais, os fãs de seus ídolos, com destaque para o baixo Hofner em formato de violino de Paul McCartney, o famoso baixo em forma de machado de Gene Simmons (Kiss), a primeira bateria de Igor Cavalera (Sepultura), baquetas do baterista Charlie Watts (Rolling Stones) e até um pinball do The Who. Oca - Parque do Ibirapuera De 4 de abril a 27 de maio De terça a domingo, das 10h às 22h Site: www.letsrockexpo.com.br Endereço: Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº, portão 3 Tel.: 11 5572-0985

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Jorge, Amado e Universal Tem início em 17 de abril, a exposição Jorge, Amado e Universal no Museu da Língua Portuguesa. A mostra é uma das muitas atividades realizadas em comemoração ao centenário do autor e trará fotografias, objetos, folhetos de cordel, filmes, entre outros itens, sendo que parte do conteúdo nunca foi vista pelo público. A exposição, dividida em módulos, destaca aspectos da vida e da obra do escritor. Uma das áreas da mostra é dedica aos personagens que consagraram a obra de Jorge Amado, como Gabriela, Dona Flor e os Capitães da Areia. Há, ainda, espaços dedicados a atuação política do autor e à abrangência internacional de sua obra, entre outras temáticas. Museu da Língua Portuguesa De 17 de abril a 22 de julho De terça a domingo, das 10h às 17h Praça da Luz, s/nº - Luz Tel.: 11 3326-0775

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Novembro|TAXICULTURA

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INFORMATIVO

Serra do Lopo – Extrema-MG Pertinho de São Paulo, mas já nas Minas Gerais, na Serra do Lopo, chegamos mais perto do céu, há 1750 metros de altitude. O percurso não exige muito, apesar da distância e um ou outro trecho de subida um pouco mais íngremes. Serve para provar que somos capazes de superar pequenos autodesafios. A recompensa? A vista de 360 graus, de povoados e cidades do entorno, da Represa do Jaguari e da Serra da Mantiqueira. E, com um pouco de sorte – e tivemos! –, acima de nossas cabeças passeiam, com asas delta, os que realizam o sonho de Ícaro.

Próxima Parada: Santos –SP

Programação

Abril

Santos – SP

Dia 22/04/2012 | 08:00 hrs Santos é logo ali, e tem praia e muito mais: tem história, cultura, esportes radicais e atrações bem bacanas. Caminhos planos pela cidade e pela orla marítima (o maior jardim contínuo à beira mar do mundo!) nos permitem apreciar e desfrutar da paisagem, do clima e do ambiente. E, para completar, um passeio de barco nos levará a ver, sob outros ângulos, suas praias e seu entorno. Conhecer Santos é uma experiência diferenciada, é um olhar para o passado com os pés no futuro.

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Maio

Parque Estadual da Serra do Mar (EMAE) Aldeia Indígena Curucutu / Núcleo Curucutu – Parelheiros, São Paulo-SP

Junho

São Luiz do Paraitinga

Julho

Campos do Jordão

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Novembro|TAXICULTURA

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Por Marina Schmidt

Julio Kantovitz

BELEZA

O tempo e seus efeitos Cresce o número de pessoas que tem buscado alternativas para retardar a ação do tempo

A

Obesidade, má alimentação, sono inadequado, cigarro e álcool são alguns dos fatores que aceleram o relógio biológico

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pesar de inevitável na vida de todo ser humano, o envelhecimento é sempre encarado como o seu maior vilão. Tanto é assim que, desde sempre, o homem vem criando mitos e histórias que falam sobre fontes da juventude, pessoas que viveram muito além da expectativa de vida ou mesmo deuses imortais (muitos deles, inclusive, mantendo a aparência jovem por toda a eternidade). Não há como negar, a preocupação com a velhice é tão natural quanto ela própria.

Muito simples na teoria, não tão fácil na realidade. As consequências da degradação dos processos fisiológicos são detectadas e sentidas em diferentes formas. Seja na pele, que já não tem aquele mesmo aspecto dos vinte e poucos anos, seja na disposição e vivacidade para encarar os desafios do cotidiano. O tônus diminui gradativamente na medida em que aumenta o número de cabelos brancos, provando que a eternidade é mesmo exclusividade dos deuses mitológicos.

“Envelhecimento é o acúmulo de lesões ao nosso DNA e às nossas células, causado por radicais livres (substâncias inflamatórias produzidas pelo nosso próprio corpo e por contaminantes ambientais) que levam à perda progressiva de funções fisiológicas normais”, explica o endocrinologista e nutrólogo Wilmar Accursio, presidente da Sociedade Brasileira para Estudos do Envelhecimento, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina Estética e diretor do CIPE (Centro Integrado de Prevenção do Envelhecimento).

Mas nem tudo está perdido: se não é possível impedir o envelhecimento, retardá-lo é algo viável. Basta um pouco de empenho. Nunca é tarde para começar “Nosso envelhecimento depende 25% da nossa genética, que pode ser boa ou ruim, e 75% do modo como vivemos”, revela Accursio. Ou seja, dependendo dos hábitos, além de não ser possível conter o avanço do tempo, algumas práticas podem acelerar o processo de envelhecimento. Obesidade,

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BELEZA sedentarismo, alimentação desequilibrada, sono inadequado, desleixo com o tratamento precoce de doenças, tabagismo, uso de droga e consumo exagerado de bebidas alcoólicas são alguns fatores que fazem o seu relógio biológico correr mais rápido. A primeira atitude a ser adotada por quem quer reduzir os efeitos da degradação do tempo é seguir o ritmo inverso o quanto antes, investindo em qualidade de vida e na retomada de uma rotina saudável. Além disso, visitar um médico periodicamente também tem um grande impacto. “Deve-se procurar um médico que tenha a proposta de tratamento preventivo, como um todo”, recomenda Accursio. “Pode ser de qualquer especialidade, desde que tenha essa visão, e ainda melhor, se tiver formação em alguma pós-graduação em antienvelhecimento”, acrescenta o médico. “Nunca é tarde para começar”, dita o médico como um lema, mesmo para os que já estão na casa dos 60. “A diferença é que para aqueles que começaram a se cuidar aos 40, quando começa a haver queda das funções fisiológicas mais evidentemente, o benefício será maior, e se alguém quiser começar mais cedo é ainda melhor”, esclarece, reforçando que quanto antes houver o cuidado, mais saudável será o envelhecimento. “Mágica não existe, mas sempre haverá benefícios”, orienta. Rejuvenescer é possível “Costumamos dizer que rejuvenescimento não existe, pois a idade não dá pra ser mexida”, afirma Accursio. Mas para a alegria das mulheres, “a pele é a única exceção”, pondera o médico. E, por isso, não faltam opções de cremes nas perfumarias, farmácias e catálogos; do mais simples hidratante aos promissores anti-idade. “A ideia desses cremes é recuperar a pele, melhorando a aparência causada pelos danos acumulados e diminuindo a velocidade de aparecimento de novas alterações degenerativas. Contudo, há alguns cremes eficazes e muitos que

têm apenas o efeito de hidratação e nada mais”, revela. “No que se refere à pele, as alterações são tão pessoais e diversas e a resposta de cada pessoa a cada creme é tão variada que não vejo alternativa a não ser procurar um médico especializado em estética antes de realizar a compra”, sugere o médico. Além disso, você ainda pode contar com tratamentos mais complexos como laser, radiofrequência, peelings e técnicas de estimulação da produção de colágeno (injetáveis ou não), sempre com a recomendação e o acompanhamento de um especialista. Independente da técnica, ela precisa estar aliada a um estilo de vida que favoreça a saúde. ”Se não houver cuidado, longevidade não traz qualidade de vida e sim o contrário, provocando uma implacável deterioração das funções fisiológicas do ser humano”, reflete o médico. Por mais simples e coerente que pareça, envelhecer mantendo saúde e beleza depende da atitude de cada um. “As pessoas já perceberam que não dá para mudar o mundo atual, não dá para evitar o progresso e que não dá para envelhecer bem sem ajuda. O que falta é passar da percepção para ação; o percentual de pessoas decididas a mudar alguns hábitos ainda é pequeno, a maioria ainda está no estágio de só tomar conhecimento”.

Retarde o relógio • Controle e mantenha o peso adequado • Pratique atividade física com regularidade • Invista em alimentação saudável e balanceada • Durma adequadamente • Cuide da saúde: aposte na medicina preventiva e trate doenças precocemente • Corte hábitos nocivos, como cigarro, drogas e bebidas em excesso

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BANDEIRA

LIVRE PorWaldir Martins

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TAXICULTURA|Abril- Seja gentil: deixe a revista a bordo para o pr贸ximo passageiro


Conhecida como Portal de Minas, a cidade de Extrema recebe visitante durante todas as estações do ano

Extrema: o turismo nas alturas Integrada ao circuito Serras Verdes do Sul de Minas, a cidade de Extrema tem atraído um crescente número de visitantes em busca do turismo de aventura e rural

I

ncrustada em plena Serra da Mantiqueira, no sul de Minas Gerais, classificada como um dos melhores climas de todo o Brasil para se viver, a cidade Extrema se coloca como um destino turístico diferenciado, capaz de agradar tanto aqueles que buscam a adrenalina dos esportes radicais, como aqueles que desejam encontrar a tranquilidade e a paz da vida no campo.

Para atender o crescente número de visitantes que têm chegado à cidade e região, a prefeitura tem investido na profissionalização do seu receptivo, firmando parcerias com entidades como o SEBRAE e o SENAC, viabilizando a realização de cursos de profissionalização e programas de gestão de qualidade.

Distante apenas 111 quilômetros da capital paulista, praticamente na divisa entra os estados de Minas Gerais e São Paulo, a cidade é conhecida como o Portal de Minas e oferece tal variedade de atrativos e roteiros que, aliados ao clima de montanha e o povo hospitaleiro, atrai visitantes durante todo o ano.

Apoiado por essa nova dinâmica, o visitante que chega a Extrema encontra uma sinalização turística padronizada, um moderno e eficiente Centro de Informações Turísticas, onde tem à sua disposição uma maquete interativa da cidade, além de totens com folhetos explicativos e painéis com os principais atrativos da região.

Do rafting à Serra do Lopo

Segundo Moisés Crescente, proprietário da agência Radix Aventura, responsável por organizar e desenvolver diversas modalidades de esportes radicais na cidade, o atual momento de expansão do turismo é resultado de um projeto de longo prazo.

Segundo Ana Paula Odoni, diretora de turismo do município, nos últimos anos, tanto o poder público como a iniciativa privada passaram a apostar e investir na indústria do turismo como uma importante alternativa de desenvolvimento aliada à inclusão social. “O turismo de Extrema vem ganhando destaque por fomentar novos negócios dentro de uma lógica de desenvolvimento sustentável. Isso tem permitido a consolidação do setor como uma das principais ferramentas de inserção social”, enfatiza. Como resultado direto desse processo, Odoni destaca a crescente profissionalização que o setor vem alcançando e cita como exemplo a criação de cinco diferentes rotas – Água, Vento, Sol, Pedras e Rosas – que, juntas, apresentam toda a potencialidade atrativa do turismo local. “O visitante pode percorrer e desfrutar serras, picos, rios, cachoeiras, parques estruturados, trilhas com manejo planejado, além de praticar esportes radicais como rafting, plataforma de voo livre e diversas outras modalidades”, ressalta.

Uma cidade pronta para o bem receber

“Esse trabalho teve início há 15 anos e os resultados começam a acontecer. Na temporada do rafting - que vai de novembro a maio - recebemos em nossa agência, apenas para essa atividade, uma média de 500 pessoas por mês”, relata Crescente. “Não resta dúvida que a prática do rafting é hoje a que mais atrai visitantes para nossa região. Até porque, o praticante tem a certeza de que irá encontrar muita aventura e emoção, ao encarar uma descida de três horas pelo Rio Jaguari, com direito a uma queda de onze metros de altura, a maior do Brasil. O pessoal curte muito”, continua o empresário. Mas a cidade é movimentada nas diferentes estações e temporadas, inclusive durante o período de outono-inverno, quando chegam à cidade aquelas pessoas interessadas em outras modalidades, como o montanhismo, rapel, cavalgadas e o trekking, que não ficam restritas ao verão.

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BANDEIRA

LIVRE nicípio, restaurado e preservado para visitação. A uma altura de 1560 metros, a pedra tem formato de um sapo gigante e pode ser vista de quase todos os pontos do município. Cachoeira do Jaguari

Organizados de forma simples, os clubes da caminhada são uma alternativa econômica e divertida para quem curte estar em contato com a natureza e em boa companhia Os melhores sabores de Minas

Clube da caminhada

A zona rural de Extrema, particularmente o bairro Salto do Meio, que é cortado pelo rio Jaguari - responsável pelo abastecimento de 80% da água potável da Grande São Paulo – é o local indicado para quem deseja combinar o fascínio de uma natureza exuberante, com o melhor da cozinha mineira. Pode ainda saborear uma boa cachaça artesanal, elaborada com modernas técnicas de manuseio e cana produzida na própria região, como no alambique J.J. Carvalho e na Empyreo Destilaria Cachaça Salto do Meio.

Uma forma de praticar turismo que tem conquistado um grande número de adeptos são os chamados clubes da caminhada. Organizados de maneira simples, esses grupos terminam por se constituir em verdadeiras comunidades, que ampliam de forma expressiva o leque de opções e roteiros para quem deseja curtir o melhor do turismo com uma prática muito saudável.

Outro destaque da região, que vale uma visita, é o Restaurante Cachoeira, onde é possível curtir, com toda calma e tranquilidade, a boa e tradicional gastronomia regional de Minas, totalmente caseira, preparada em fogão à lenha e panelas de barro, com seus assados, virados, e diferentes tipos de feijões e cozidos que fazem a alegria de quem aprecia uma boa mesa. O Recanto do Ipê, com seus tradicionais quitutes, pães, bolos, doces, geleias, licores, biscoitos, queijos, defumados e embutidos, produzidos artesanalmente, completa esse incrível roteiro gastronômico. A casa, bem ao estilo da vida no campo, prepara um Café Mineiro, onde o visitante tem à sua disposição uma variedade de opções, que proporciona uma harmoniosa combinação de sabores e aromas. O Apiário Flor Brasil, que permite a degustação de produtos como hidromel, licores, favos e o exótico Fermentado de Mel (vinho), e ainda abre espaço para que o visitante possa acompanhar colmeias de diferentes espécies de abelha em atividade, também é outro passeio imperdível.

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A Cachoeira do Jaguari tem uma localização privilegiada, a apenas 1,5 km do Centro da cidade de Extrema. A cachoeira envolve uma bonita formação de corredeiras numa área bem arborizada. Importante ressaltar que não é permitido nadar por causa da intensa correnteza do rio. Muitos visitantes praticam a pesca no local. Trilha da Pedra das Flores e Pedra Cume Caminhada de três horas com médio grau de dificuldade, passeio pelos altos da serra do Lopo, em direção à pedra do Marino e Pedra dos Cinco Dedos, indicadas para a prática de rappel, até chegar à Pedras das Flores – uma grande laje de rocha em tom róseo, que, em determinadas épocas do ano fica coberta de bromélias e Amarílis. Para chegar à Pedra do Cume,

Percorrendo a Trilha da Pedra das Flores e Pedra de Cume, uma das mais procuradas na região de Extrema, que percorre altos da Serra do Lopo, Leticia Sena, que trabalha com automação residencial, revela alimentar uma verdadeira paixão por caminhadas e pelo contato direto com a natureza. “Nos finais de semana é somente natureza”, relata a andarilha, que já realizou trilhas no Pico do Jaraguá, no Horto Florestal e no Núcleo Cunha do Parque Estadual da Serra do Mar, entre outros. Outra participante do grupo, a arquiteta e publicitária, Rejane Farias encontrou na prática da caminhada uma alternativa para a retomada de suas atividades esportivas: “Já fiz caminhada e corrida de aventura; como fiquei parada por dois anos e meio, achei melhor retomar as caminhadas antes de voltar à corrida. O lugar é lindo e é muito bom participar de um grupo com diferentes pessoas, felizes com o que estão fazendo”.

Acompanhe outros roteiros da região Trilha da Pedra Sapo De médio grau de dificuldade e duas horas de duração, sai do Mirante da caixa d’ água, que é um antigo reservatório de água do mu-

Letícia Sena (foto acima) e Rejane Farias puderam curtir de perto a natureza

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BANDEIRA

LIVRE

Clube da Caminhada

o ponto mais alto da região, com 1780 metros e visual deslumbrante de 360°, é preciso seguir uma trilha em meio à mata. Considerado por grupos esotéricos, local de grande concentração de energia cósmica e telúrica.

Conheça a programação e novos destinos do Clube da Caminhada

Antigamente conhecida como Pedra do Tucuruva, e posteriormente como Pedra dos Cinco Dedos . Oferece uma intrigante visão de um índio velho, como guardião da montanha, e ao lado uma mão com seus cinco dedos. Muito visitada para a prática do Rappel.

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Agências de turismo de Extrema JCM Turismo Rua Cel. Antonio Cardoso Pinto, 80 - Centro Fone/Fax: (35) 3435-1215 www.jmcturismo.com.br

Rampas de voo livre Instaladas a 1.600m de altitude, oferecem um visual inesquecível. Da rampa Sul, pode-se avistar a belíssima represa do Rio Jaguari e os municípios paulistas de Joanópolis, Piracaia, Atibaia, Pedra Bela e Bragança Paulista, rodeados de montanhas e imponentes paredões de pedras. Da rampa voltada para o Norte, vê-se, logo abaixo, a cidade de Extrema com as belíssimas montanhas da Serra das Anhumas (que forma a Serra da Mantiqueira).

Extreme Adventure Estr. do Salto, s/nº Bairro Salto de Baixo Tel. : (35) 9951-1956 www.extremeadventure.com.br Radix Aventura Rua Tiradentes, 76 - Centro Tel. (35) 3435-2193 www.radixaventura.com.br

Lago da Serra do Lopo O lago formado por águas de nascentes no topo da serra é um excelente local para reflexão e contemplação. Não serve para a prática de pesca.

Extrema Eco Aventura Tel. (35) 9924-8171 | (35) 3435-4534 email: extremaecoaventura@ hotmail.com

Rafting no Rio Jaguari O Rio Jaguari é considerado um dos melhores para a prática do rafting no Brasil. Praticado no trecho entre os municípios de Camanducaia e Extrema, passando por muitas cachoeiras, a aventura tem duração de 3 horas.

Um patrimônio histórico construído de pau-a-pique (estruturada com bambu e barro). Foi posteriormente reconstruído e ganhou altar nas laterais. As pinturas sacras, que antes estavam danificadas, foram restauradas em 2005 com a utilização de recursos do IEPHA - Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais. O pintor, José Medeiros, era um andarilho que, passando pela cidade, recebeu dinheiro da paróquia e fez o trabalho. Não há registros sobre a origem de Medeiros.

Clube da Caminhad

www.clubedacaminhada.com.br email: fale@clubedacaminhada.com.br http://tinyurl.com/clubedacaminhada Tel: (11) 3294-9373

Pedra Cinco Dedos

Capela de Nossa Senhora da Conceição Aparecida

Bandeira Livre

Casa Ain Karim Pertencente ao convento Padre Antônio Maria, o local é cercado por um jardim paisagístico onde o visitante pode passar algumas horas em um ambiente rural, saboreando um delicioso almoço preparado e servido pelas religiosas. É possível ainda curtir animais como macacos, cisnes e araras e conhecer artesanatos produzidos pelas irmãs. Para realizar estes ou outros passeios turísticos na cidade de Extrema, o recomendável é que o turista entre antecipadamente em contato com uma das agências de turismo da cidade.

Portal da Aventura Rua Bragança, 21 - Centro Fones: (35) 3435-3438 www.portaldaaventura.com

Como chegar Carro Acesso pela BR 381, Rodovia Fernão Dias Ônibus Do terminal rodoviário Tietê Empresa: Auto Viação Cambuí – Extrema (35) 3435-1029

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QUALIDADE

Por Fernanda Monteforte

Divulgação

DE VIDA

A sabedoria abalizada pelo tempo Atributos como vitalidade, bem-estar e alegria de viver estão diretamente relacionados com práticas saudáveis que adotamos no nosso cotidiano

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enho o privilégio de conhecer septuagenários que transbordam vitalidade, energia, lucidez e uma alegria sincera, capaz de contagiar todos os que estão ao seu redor. São notáveis empresários, professores e empreendedores ativos que, certamente, ainda irão desfrutar décadas de realizações. Além de tudo, contam ainda com uma virtude única e intransferível: a sabedoria abalizada pelo tempo.

to. Sutilizar, gerenciar e transformar as emoções são competências que irão contribuir para que você adentre à sua maturidade de maneira equilibrada. Será que já não é tempo de perceber que você não é aquilo que sente? Que pode escolher conduzir os sentimentos a ser conduzido por eles? Isso não significa reprimir as emoções, mas sim observá-las, respeitá-las, entendê-las e transformá-las.

Cuidar do corpo físico como um veículo precioso

Como o nosso corpo, nosso intelecto precisa ser bem nutrido. Leitura, cinema, concertos, exposições, vernissages, teatro, shows, viagens ou estudar algo que lhe dê prazer são formas de cevar a mente e a alma.

Desenvolver a vitalidade é uma questão de escolha. É o que fazemos hoje com o nosso corpo que irá definir o quanto ele irá durar e em quais condições. Para tanto, precisamos filtrar tudo o que ingerimos. Adotar uma alimentação seletiva e nutritiva, pautada no bom paladar, prazer e bem-estar, torna-se um potente combustível à longevidade.

Fernanda Monteforte é consultora de qualidade de vida e ministra aulas do Método DeRose Maiores informações: Tel.: 11 4125-6658 fernanda.monteforte@ metododerose.org

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Nutrir o intelecto com boa cultura

A cultura amplia a visão sobre o mundo em que vivemos. Quando travamos contato com a crença, a arte, o costume e com os hábitos dos diferentes povos, temos elemento para dissolver preconceitos e tornamo-nos mais abertos. O preAlém disso, é preciso suprir as necessidades fisi- conceito exclui, enquanto admirar as diferenças integra, dá a ológicas e ergonômicas com movimentos biológicos, oportunidade de enxergarmos novos paradigmas. Na beleza como as técnicas do Método DeRose, do qual sou ins- da diversidade, a percepção de que somos iguais. trutora, ou ainda diversas outras práticas que você Confiar na sabedoria que provém da intuição e agir considerar mais ao seu gosto, como caminhadas ao O processo de autoconhecimento nos faz travar contato com ar livre, andar de bike ou patins, nadar, dançar, enfim, uma via direta de conhecimento: a intuição. Na maior parte movimentar o corpo com o que lhe dá prazer. das vezes, as respostas mais profundas não estão nas instabiliPreservar a sacralidade de suas noites de sono e ze- dades dos nossos pensamentos e sim numa sabedoria profunlar pela qualidade de um bom descanso são também da que cala em nossos corações. elementos fundamentais para proporcionar uma vida A partir dessa experiência interior é preciso agir e atuar longeva e produtiva. Um ambiente limpo e arejado, no mundo. Agora, pense: como gostaria de intervir na sua lençóis macios e cheirosos, técnicas de descontração família, no seu trabalho, na sua comunidade, na sociedade e reprogramação antes de adormecer podem fazer em que vive? Quais valores você gostaria de sedimentar nos com que esse momento seja pleno de experiências relacionamentos interpessoais? Por que tipo de atitude gossensoriais e extrassensoriais enriquecedoras. taria de ser lembrado? Gerenciar as emoções é essencial à plenitude Cada dia que passa deve ser vivido como se fosse o último. Contudo, como o dito popular, de nada adianta ser Como diria Victor Hugo, a vida já é curta e nós a encurtamos por fora uma bela viola e por dentro um pão boloren- ainda mais desperdiçando o tempo.

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P. C. Scheier

SP

TEM

Por Arnaldo Rocha

Mais do que um museu Além de um acervo diferenciado, com obras clássicas e contemporâneas, o Museu da Casa Brasileira abre seu espaço para uma intensa programação cultural

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radição e inovação: nunca dois opostos estiveram tão próximos. Referência nacional e internacional em design e arquitetura, o Museu da Casa Brasileira é o único do país dedicado ao mobiliário brasileiro. No acervo, composto por 404 peças, os contrastes são evidenciados o tempo todo. Passado, presente e futuro não são meros indicativos de tempo, mas de estilo. Dos desenhos mais clássicos aos contemporâneos, cinco séculos estão representados no museu. Os objetos mais antigos do acervo datam do século 17, como a Mesa Manuelina, Cama de Bilros, Escabelo e o Armário de Carvalho e contam parte da história da casa brasileira. Os mais atuais, já deste século, demonstram a vocação da instituição para divulgação do que há de mais atual sendo produzido no país.

A mansão virou museu

Vida cultural intensa

ra também se caracteriza como um importante polo de lançamento de tendências nas áreas de arquitetura e design, abrindo suas portas para uma programação cultural extensa. Nas manhãs de domingos, o Projeto Música no Museu oferece um incremento a mais à vista, com apresentações gratuitas. A curadoria dos espetáculos é assinada por renomados artistas do país, como João Carlos Martins, Antonio Nóbrega, Benjamin Taubkin, Júlio Medaglia, Roberto Sion, Carlinhos Antunes, Arrigo Barnabé, entre outros. Exposições temporárias, debates, palestras, cursos, oficinas, lançamentos de livros e programas de inclusão reforçam a importância da visita ao museu, que mais do que um museu, é um espaço de convivência com a arte e a história.

Mais do que um espaço para contemplação, o Museu da Casa Brasilei-

MarianaChama

Concebida para ser a residência do ex-prefeito de São Paulo (1934-38), Fábio da Silva Prado, a mansão, projetada em estilo neoclássico pelo arquiteto paraense Wladimir Alves de Souza, foi construída na década de 40. Prado viveu no local

com a esposa, Renata Crespi da Silva Prado, por 15 anos. A posse do espaço foi transferida à Fundação Padre Anchieta por solicitação de Renata Crespi, em 1968, cinco anos depois do falecimento do marido. Em 1972, o local tornou-se sede do Museu da Casa Brasileira, que havia sido criado em 1970 (na época, com o nome de Museu do Mobiliário Artístico e Histórico Brasileiro). No edifício, com mais de 1,2 mil metros quadrados de área construída, foram reproduzidas as linhas do Palácio Imperial de Petrópolis. A área externa, atualmente, é um jardim com 6,6 mil metros quadrados, onde os visitantes encontram bancos, uma clareira central gramada, ladeada por mais de duas centenas de árvores, além de uma trilha para caminhadas.

Museu da Casa Brasileira Av. Brigadeiro Faria Lima, 2705 Tels.: 11 3032-3727 / 3032-2564 www.mcb.org.br

O acervo do museu contempla cinco séculos de desenvolvimento do mobiliário brasileiro

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MORAR

BEM Divulgação

Por Adriana Scartaris

Carlos Torres

Espaço para a família com o máximo de conforto Sintonizados com o conceito de qualidade de vida e sustentabilidade, novos projetos apostam em espaços amplos para intensificar o convívio familiar

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uem não sonha morar em um imóvel com uma grande varanda, no estilo Terraço Gourmet, integrada à cozinha e living, como se fosse quase um ambiente único? Pois essa é a tendência que tem predominado nos novos projetos imobiliários que chegam ao mercado.

Adriana Scartaris Designer desenvolve projetos de design de interiores aplicando técnicas acadêmicas e de terapias espaciais www.adrianascartaris.com.br

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Uma grande mudança nos hábitos e comportamentos das famílias está entre as causas fundamentais destas inovações. Isso porque, diferente dos anos 80 e 90, quando a tendência era ocupar os espaços com peças de grande valor e marcas famosas, a partir da última década, a interação entre as pessoas e o convívio familiar passaram a ocupar o lugar central desse processo.

Curtir a casa com a família deixou de ser sinônimo de falta de opção, e receber os amigos em casa ganhou um novo status para quem busca mais qualidade de vida. Projetos para promover o encontro Hoje, os projetos de arquitetura privilegiam amplos espaços, capazes de trazer ao morador a sensação de contato com a natureza e propiciar uma maior interação entre os moradores; a proposta é tornar a casa um verdadeiro ninho para onde todos sempre querem voltar. Chegar em casa no final do dia e poder ficar em um ambiente agradável com a família tornou-se uma das premissas mais solicitadas pelos clientes aos profissionais que irão conceber os projetos de interiores.

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MORAR

BEM Divulgação

É comum encontrar nas campanhas de marketing dos empreendimentos, grandes espaços mostrando uma bela varanda integrada ao living. O sucesso é garantido! Isso fará com que o morador sinta mais prazer em ficar em casa para relaxar, curtir a família e receber os amigos. O seu espaço na varanda Independente da metragem, da área trabalhada, dos móveis, plantas e flores utilizadas, ou ainda pequenas árvores frutíferas, fontes e outros objetos, várias são as possibilidades para o desenvolvimento de um projeto de varanda. Um ponto importante é buscar adequar o perfil com a necessidade dos moradores. Acompanhe alguns exemplos de projetos que foram desenvolvidos dentro desse estilo, que busca privilegiar o encontro das pessoas entre si e com o espaço que habitam.

Refletir a personalidade do morador é uma ótima proposta para o décor. Este projeto, concebido para uma senhora muito simpática e religiosa trouxe para o ambiente alguns de seus tesouros como o oratório mineiro com seus santos de devoção e uma bela coleção de galinhas muito divertidas. O espaço tornou-se seu refúgio onde descansa, faz trabalhos manuais, brinca com os netos e faz sauas orações diárias. Nenhuma suspresa quando a família o elegeu como ambiente preferido para um bom papo depois dos almoços de domingo.

Divulgação

Divulgação

A generosa varanda totalmente integrada ao living por uma grande porta em vidro que, quando aberta torna o ambiente único. Sentir que está em um sítio foi a proposta do morador e o verde e flores naturais trazem esta sensação. Objetos coloridos conferem o toque de descontração.

O fechamento em vidro confere mais versatilidade ao ambiente. Protegido do vento e da chuva, o espaço pode ser projetado com objetos mais delicados. Esta varanda foi concebida para unir a família no café da manhã e em agradáveis noites depois do jantar.

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Uma grande varanda que integra living e cozinha. No acesso para a cozinha estão o bar e a churrasqueira, que compõe com mesa para refeições e café da manhã. Uma bela maneira de começar bem o dia e um ótimo motivo para reunir os amigos no final de semana. Móveis em fibra natural e piso de madeira conferem ao espaço toque de aconchego.

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MUNDO Por Thiago Rodrigo Salvador

Divulgação

CÃO&CIA

Animais silvestres e exóticos

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á algum tempo, os animais de estimação presentes nas residências dos brasileiros vão além de cães e gatos. Em grandes cidades, como São Paulo, é cada vez mais comum encontrarmos adeptos de animais silvestres e exóticos. A criação de animais silvestres (animais da fauna brasileira) e animais exóticos (animais que não pertencem à fauna brasileira) é uma prática que está crescendo de maneira vertiginosa. Para se ter dimensão, tanto nos EUA quanto em países europeus, o segmento é considerado um dos maiores da indústria PET, perdendo apenas em popularidade para cães e gatos, tendo superado inclusive a criação de peixes ornamentais.

Dr. Thiago Rodrigo Salvador Médico veterinário Pós-graduado em Clínica Médica e Cirúrgica de Animais Silvestres e Exóticos

No Brasil, a criação de animais silvestres e exóticos vem seguindo esta mesma tendência, porém, estes animais exigem cuidados diferenciados dos demais animais domésticos, e por isso é fundamental a busca por conhecimento adequado sobre o animal e seus hábitos antes de optar pela compra. Atualmente, os animais silvestres e exóticos mais procurados são as aves, como papagaios, calopsitas e canários. Algumas pessoas possuem simpatia por outros animais, optando muitas vezes por variedades de roedores e coelhos. Há também quem prefira os répteis, como serpentes e jabutis. Vale ressaltar que a adesão a estes tipos de animais está ganhando espaço maior a cada dia. Um dos motivos é o fato de serem dife-

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renciados naturalmente pela sua beleza exótica e também por não necessitarem de grande tempo para cuidados diários. Cuidados ao adquirir um animal silvestre ou exótico Diferente de cães e gatos que são criados soltos ou em quintais, esses novos PETS são criados em gaiolas, terrários ou até mesmo em recintos específicos de acordo com a espécie. A escolha de um local adequado é extremamente relevante para a qualidade de vida do animal, o que também facilita a manutenção e auxilia na prevenção de doenças. Informar-se sobre o animal e suas necessidades quanto ao ambiente, alimentação, cuidados e manutenção são fundamentais. Não se esqueça de verificar a procedência do animal, pois, a comercialização e criação doméstica de animais silvestres e exóticos só são permitidas para animais legalizados pelo Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Lembre-se: O comércio ilegal de animais silvestres é a terceira maior atividade clandestina no mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas e armas. O Brasil é um dos principais alvos dos traficantes devido a sua imensa diversidade de animais silvestres. Por esses e outros motivos, antes de adquirir um animal, seja qual for a espécie (aves, mamíferos ou répteis), não deixe de consultar um médico veterinário especialista no assunto.

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Crônicas de uma São Paulo que ninguém vê

HORIZONTE

Ilustração e texto: Ivan Forneron

VERTICAL

EU QUERO É PESPEGAR!

A

aguardava apenas o momento certo pra desferir a palavra certa no meio da frase certa

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h, a língua e seu alcance imprevisível! Você nunca sabe o poder de uma palavra até ela se apresentar na sua plenitude de incógnita mortal. E quando ela se apresenta numa determinada rota de acidente como tantas outras coisas inesperadas, mais do que razão ou lógica, é pelo instinto e intuição que você aposta nesse encontro e o coloca num pedestal pra admirar como joia rara. Pois bem, ele queria aquele emprego mais do que tudo; havia quase duas semanas que se preparava para a última etapa, a tão temida e definitiva entrevista que selaria seu destino e responderia, ele assim acreditava, a todas as suas preces. Foi quando leu numa inofensiva notícia de jornal a palavra ‘pespegar’, que ele não atinou de imediato, mas depois de consultá-la no dicionário — a palavra não lhe saía da cabeça — foi tomado de amores e a tudo queria incorporar o novo verbete. Primeiro a preocupação gramatical, preocupação de todo adulto que decora a matemática da língua que usa desde bebê. Assim, repetia pra si mesmo: “Eu pespego, tu pespegas, ele pespega, nós pespegamos, vós pespegais, eles pespegam...” empregando a todos os tempos e a toda frase que construía: “Se eu pespeguei, ele pespegou...” e seguia desse modo até esgotar todas as possibilidades da palavra como um anatomista dedicado investigando as entranhas das entranhas das entranhas. O fascínio pelo termo não chegou a trazer-lhe insanidade, mas próximo disso passou a funcionar como mediador dos seus pensamentos e de suas ações. “Pespego ou não pespego? Eis a questão!” Redigiu cartas, esboçou ensaios e até um poeminha (com ares de plágio) dedicou à sua tão amada palavra: “Pespego é fogo que arde

sem se ver”. Sua concepção sociológica, antropológica, filosófica, política, poética e, sobretudo, pespegológica do mundo abarcava também a religião (“Deus, o grande pespegador”), a psicanálise (“minha mãe pespegadora”) e o indescritível das equações físico-quânticas: Pes+32(t)(ty)+Ego+47+Ar= Em+Ec+ Ar-peg-pes. Enfim, um verdadeiro Ás na arte do pespego e do pespegar. Enfim, também, que o tão esperado dia da entrevista amanheceu e ele o esperava com a impavidez, digamos, pespegada na testa. Diante do entrevistador, aguardava apenas o momento certo pra desferir a palavra no meio da frase certa para, uma vez jorrado o encantamento, sorrir para a vitória que seguramente o aguardava. Sem pigarro ou gagueira, fuzilou: “Sim, trabalharei com afinco e não descansarei até pespegar os produtos da empresa em âmbito nacional!” O entrevistador o olha e no lugar de olhos tem dois sinais gráficos de interrogação. “Pespe o quê?” “garia!”, responde enfático nosso herói da palavra. “O senhor talvez queira dizer ‘colocaria, emplacaria’, não é?” Ele, um apaixonado e já convertido ao pespego e a toda sua falange, já não podia abandoná-la, muito menos traí-la, mesmo que seu emprego dependesse disso. “Não, não! É pespegaria mesmo. Você não sabe? Eu pespego tu pespegas, ele pepega...” E arregala os olhos em desafio. (Até o diabo tem medo dos apaixonados! Com cara de paisagem o empregador agradeceu e se despediram. Nosso amante, orgulhoso, ganhou as ruas da cidade — quem nunca pespegou a Paulista com a Consolação? — e caminhava respirando com um pulmão de três mamíferos. Quem ama enxerga mais. E celebra. À noite ele ia comemorar. Certamente uma pespegação...

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