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Ministério do Turismo apresenta PROGRAMA THEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO CONCERTO DE ENCERRAMENTO DA 1a EDIÇÃO
JUN
É chegada a hora de encerrarmos esta primeira jornada do FIMA (Festival Interativo de Música e Arquitetura) e nos prepararmos para um novo ciclo de apoderamento de nossos patrimônios culturais.
A palavra patrimônio vem do latim “patrimonium”, sendo formada pela jun ção da palavra “pater” (pai) e “monium” (recebido), ou seja, bens que um pai deixa ao filho. Já o nosso Festival Interativo de Música e Arquitetura existe para que você tome posse de toda a beleza e expressão do patrimô nio cultural brasileiro. Afinal, tudo no FIMA é seu!
Para isso começamos nossa programação multissensorial em dezembro de 2021, no Real Gabinete Português de Leitura, passando pelo Sítio Roberto Burle Marx, a Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, o Parque Lage e a Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé. Em 2022, o FIMA esteve no MAM RIO, na Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, na Igreja matriz de São Francisco Xavier em Itaguaí, no Casarão do Sahy, em Mangaratiba, e finalizando sua temporada inicial, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Além dos dez concertos presenciais, preparamos mais 40 conteúdos vir tuais para o FIMA Digital, um espaço que oferece ao público a oportunidade de vivenciar a experiência proposta pelo festival, de forma gratuita, através de suas mídias sociais e site. Nele apresentamos o podcast Diálogos FIMA, um espaço para amantes da música, da arquitetura e da história co nhecerem mais sobre os patrimônios materiais e imateriais, que formam sua própria identidade cultural. A websérie Obras em nota leva aos espectado res um entendimento mais claro sobre as escolhas das obras musicais, pensadas sob medida para dialogar com cada local. O FIMA Concerto Virtual, oferecido paralelamente às apresentações presenciais, traz um registro ex clusivo do espetáculo para este conteúdo audiovisual, em alta definição, intercalando a música aos comentários ilustrados dos palestrantes sobre a arquitetura, a arte decorativa e a história de cada espaço. O Concerto 360º, onde registramos ao vivo nossos concertos presenciais em câmeras de 360º. Este material tem por objetivo disponibilizar ao nosso público uma experiência interativa e imersiva de cada local visitado. Já no site do proje to são apresentadas informações sobre os espaços onde são realizadas as apresentações e alguns passeios virtuais.
Nas cidades de Itaguaí e Mangaratiba, realizamos também o FIMA na Esco la, onde a direção artística do festival, acompanhada pela historiadora local Myrian Bondim, ofereceu aulas preparatórias para mais de 60 professores, atingindo também, mais de 4 mil alunos do ensino fundamental I e II destas cidades.
Foram propostas e realizadas diversas atividades com estes alunos, tais como: a realização de mapas afetivos, mapas das principais edificações his tóricas, painel com fatos históricos do município, através de linha do tempo, maquetes e reproduções musicais de melodias relacionadas à história da cidade. Os alunos também puderam conhecer um pouco sobre o repertó rio do FIMA pensado para cada local. Além disso, realizaram uma redação sobre a experiência vivida no FIMA na Escola e foram convidados a assistir aos concertos presenciais, realizados em seus municípios. Através de seu professor, cada turma também recebeu um óculos FIMA de realidade virtual para assistir aos conteúdos digitais e imersivos, de todos os patrimônios culturais visitados pelo Festival. No concerto em Itaguaí também tivemos, no final da apresentação, a parti cipação de músicos da Orquestra Jovem de Itaguaí. O grupo participou de Aulas de Música e Oficinas do FIMA, que beneficiaram mais de 110 alunos, incluindo também as bandas e fanfarras desta cidade.
Agora, para terminar esta primeira edição, vamos juntos viver uma visita musical e visual inédita pelo Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Este tem plo da cultura brasileira, ícone entre as casas de espetáculo de toda Améri ca do Sul, será, neste momento, protagonista em sua própria cena.
Finalmente, nos despedimos desta primeira edição já de braços abertos para a próxima, que se inicia ainda este ano e que, além do Rio de Janeiro, estará presente também no Maranhão, Pará e Minas Gerais.
PABLO CASTELLAR Diretor Artístico
Foto da capa: Paulo Santos Filho
OSBM – ORQUESTRA SINFÔNICA DE BARRA
MANSA
A Orquestra Sinfônica de Barra Mansa foi criada em 2005, pelo Projeto Música nas Escolas, que vem transformando estudantes de Barra Mansa em músicos qualificados. Além de democratizar o ensino da música clássica e erudita, desenvolvendo a autoestima, a socialização e propiciando a inclusão de crianças e jovens do município, o Projeto também visa a oferecer oportunidades de profissionalização através da formação musical dos alunos, ampliando o horizonte cultural e promovendo a transformação social. A Orquestra é formada pelos professores e monitores do Projeto, juntamente com os alunos avançados, os quais são professores de música nas escolas municipais de Barra Mansa e atendem desde a educação infantil – por meio de aulas de iniciação musical –até o ensino fundamental – com aulas práticas com instrumentos. Até hoje, mais 22 mil jovens já foram atendidos pelo Projeto. A OSBM já se apresentou em importantes palcos como o Theatro Municipal do Rio de Janeiro e a Sala Cecília Meireles, ambas na capital do Estado do Rio, Theatro Municipal de São Paulo, Theatro Santa Isabel, em Recife, Teatro Arthur Rubinstein – da Hebraica, em São Paulo, dentre outros.
NOEMIA BARRADAS PALESTRANTE
Arquiteta e Urbanista formada pela I. M. Bennet (1995), mestre em arquitetura pelo PROARQ-UFRJ (2006) e doutoranda em arquitetura e urbanismo pelo PPGAU-UFF, participou de cursos no Brasil e exterior no campo da Preservação do Patrimônio e Projeto. Desde 1996 leciona em instituições públicas e privadas em cursos de graduação e pós-graduação. Possui larga experiência no campo da Preservação do Patrimônio Cultural, atuando em investigações, ciência da conservação, projetos e obras de conservação e restauro de bens integrados, arquitetura e conjuntos urbanos. Ao longo dos últimos anos tem desenvolvido trabalhos junto aos órgãos de preservação do patrimônio (UNESCO, IPHAN, INEPAC), possuí escritório e é colaboradora em escritórios no Brasil, Colômbia, Espanha e Portugal. Foi Diretora Administrativa do IAB-RJ (2004-2005), e é Conselheira do IAB-RJ e sua representante no Fórum de Entidades em Defesa do Patrimônio Cultural Brasileiro. Atualmente é Conselheira Titular e Vice-presidente do CAU-RJ (Gestão 2021-2023).
NUBIA MELHEM SANTOS PALESTRANTE
Pesquisadora e editora com formação em Letras, Literatura Brasileira e Portuguesa (PUC-RJ). Publicou “Era uma vez o Morro do Castelo” (IPHAN – 2000), “Burle Marx: jardins e ecologia” (Jauá Editora e Senac RJ – 2002), “O Porto e a Cidade: o Rio de Janeiro de 1565 a 1910” (Editora Casa da Palavra) Prêmio Jabuti 2006 de Melhor livro de Arquitetura, Urbanismo, Fotografia, Comunicação e
Artes, “Theatro Municipal do Rio de Janeiro: um século em cartaz” (Jauá Editora –2011). Fez o argumento e pesquisa do documentário “Marcia Haydée, uma vida pela dança” (Indiana Filmes). E recentemente, como coordenadora editorial, “Amazônia das Palavras” (Associação Mapinguari, 2020), “Capanema Maru: O Ministério da Educação e Saúde” (2021), “Panorama da ópera no Brasil” (Edições Funarte). Trabalhou no IPHAN de 1986 a 2003 onde atuou como editora, a partir de 1993 publicando títulos relacionados a pesquisas sobre o patrimônio histórico e artístico.
PABLO CASTELLAR
DIREÇÃO ARTÍSTICA E NARRAÇÃO
Compositor e produtor cultural brasileiro formado em composição pelo Instituto Villa-Lobos da UNIRIO com aperfeiçoamento na Manhattan School of Music, sob orientação de Richard Danielpour, e especialização em música de cinema pela New York University. É atualmente diretor presidente da Artemundi Produções Culturais. De julho de 2011 a março de 2019 ocupou o cargo de diretor artístico da Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira onde lançou 8 temporadas com mais de 400 programas. Elogiados pela crítica, muitos figuraram na lista dos melhores concertos do ano no jornal O Globo. Escreveu e apresentou durante este período o programa semanal Radio OSB, na MEC FM. Após 10 anos como diretor artístico e coordenador de produção na G.L. Produções, fundou em 2009 a Artemundi Produções Culturais. Neste mesmo ano assumiu como professor nos cursos de Pós-Graduação em Produção Cultural e MBA em Gestão Cultural, na Universidade Cândido Mendes. Também já realizou cursos, seminários e palestras em outros estados e no exterior. Trabalhou com importantes instituições, tais como os teatros municipais de São Paulo e Rio de Janeiro, Sala Cecília Meireles, Academias Brasileiras de Letras e de Música, FUNARTE, Instituto Moreira Salles, Centro Cultural Banco do Brasil e Caixa Cultural. Construiu parcerias institucionais com diversas embaixadas tais como Áustria, Estados Unidos, Itália, França, Portugal, Espanha, Mexico, e Azerbaijão.Participou da criação de projetos de celebrações nacionais e internacionais, como os 450 anos do Rio de Janeiro, os 200 anos da Revolução de Maio, na Argentina, a Copa da Cultura, na Alemanha, e os 110 anos da Academia Brasileira de Letras. Produziu diversas óperas, séries de concertos, shows, CDs, DVDs, filme de longa-metragem, festivais de teatro e música, circuitos musicais nacionais e eventos de difusão da cultura brasileira no exterior.
PROGRAMA
FRANCISCO BRAGA (1868-1945)
Episódio Sinfônico
COMPOSIÇÃO: 1898 | DURAÇÃO: 6 minutos
CAMILLE SAINT-SAËNS (1835-1921)
Mon couer s’ouvre à ta voix, da ópera Sansão e Dalila
COMPOSIÇÃO: 1877 | DURAÇÃO: 6 minutos
CHRISTOPH W.GLUCK (1714-1787)
Dança dos Espíritos Abençoados
COMPOSIÇÃO: 1774 | DURAÇÃO: 3 minutos
CLAUDE DEBUSSY (1862 – 1918)
Petit Suíte I. En bateau (Andantino) II. Cortège (Moderato)
COMPOSIÇÃO: 1889 | DURAÇÃO: 7 minutos
RICHARD STRAUSS (1864-1949)
4 Lieder, Op.27 IV. Morgen!
COMPOSIÇÃO: 1894 | DURAÇÃO: 4 Minutos
ABERTO NEPOMUCENO (1864-1920)
Amo-te Muito Arranjo: Anderson Alves Epitalâmio
COMPOSIÇÃO: 1894/1895 | DURAÇÃO: 8 min
CHIQUINHA GONZAGA (1847-1935)
Saudade (valsa) Arranjo: Paulo Aragão
COMPOSIÇÃO: 1896 | DURAÇÃO: 6 min
MANUEL DE FALLA (1876 -1946)
El Sombreiro de Três Picos Parte II
V. Danza Final
COMPOSIÇÃO: 1919 | DURAÇÃO: 6 min
INTERVALO
HEITOR VILLA-LOBOS (1887-1959)
Bachianas Brasileiras No.5 Ária (Cantilena)
COMPOSIÇÃO: 1938 | DURAÇÃO: 6 minutos
Bachianas Brasileiras No.2
IV. Toccata (O Trenzinho do Caipira)
COMPOSIÇÃO: 1930 | DURAÇÃO: 4 minutos
GIACOMO PUCCINI (1858-1924)
Vissi d’arte, da ópera Tosca
COMPOSIÇÃO: 1900 | DURAÇÃO: 3 minutos
GIUSEPPE VERDI (1813-1901)
O Patria Mia, da ópera Aída
COMPOSIÇÃO: 1871 | DURAÇÃO: 5 minutos
CAMILlE SAINT-SAENS (1835-1921)
Airs de Ballet, da peça Parisátide
I. Allegro ma non tropo
COMPOSIÇÃO: 1901 | DURAÇÃO: 2 minutos
JULES MASSENET (1842-1912)
Te Souvens Tu Du Lumineux Voyage, da ópera Thaís
COMPOSIÇÃO: 1894 | DURAÇÃO: 4 minutos
FRANZ LEHÁR (1870-1948)
Lippen Schweigen, da ópera Viúva Alegre
COMPOSIÇÃO: 1905 | DURAÇÃO: 3 minutos
NOTA DE PROGRAMA
Uma das mais importantes casas de espetáculo da América do Sul. A joia mais exuberante da arquitetura eclética, desenvolvida no Rio de Janeiro, no início do século XX. Uma obra executada com os materiais mais nobres, importados da Europa que, em sua arte decorativa, contou com a participação dos mais importantes pintores e escultores de seu tempo. Este é o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, que neste concerto apresenta-se em sua própria cena como protagonista de um espetáculo inédito, que oferece um diálogo entre a música e a arquitetura, arte decorativa e história deste emblemático edifício. Para isso contamos com a participação da soprano Angelica de la Riva, do barítono Homero Velho e da Orquestra Sinfônica de Barra Mansa, sob regência do maestro Anderson Alves. Os comentários em vídeo ficam a cargo da pesquisadora e editora Núbia Melhem, autora do livro Theatro Municipal: um século em cartaz e da arquiteta e urbanista Noemia Barradas, que coordenou a parte técnica da obra de restauro do Theatro Municipal, entre 2009 e 2012. O concerto contará ainda com a participação especial de membros de orquestras e bandas sociais da cidade de Itaguaí, que participaram das aulas de música e oficinas do Festival Interativo de Música e Arquitetura - FIMA, nos meses de abril e maio de 2022.
Damos início ao espetáculo projetando os primeiros comentários elaborados por nossas palestrantes sobre o tempo no qual nossa jovem república, inspirada na grande renovação urbana de Paris, de meados do século XIX, ansiava por dar também à sua capital uma feição moderna. Uma transformação que abre o caminho para a construção do Theatro Municipal em 1905, ainda sob a gestão do então prefeito Francisco Pereira Passos.
Para refletir esse período na música, apresentaremos uma obra de Francisco Braga, maestro que regeu e apresentou composição de sua autoria no concerto de inauguração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 14 de julho de 1909. Composto em 1898, o Episódio sinfônico nos transporta à virada do século XX, momento em que se empreende esta grande reforma urbana e sanitária na capital federal, promovida por Pereira Passos.
A peça, baseada em um fragmento da poesia de O Templo, de Gonçalves Dias, reflete na orquestra a atmosfera de um espaço grandioso e a plenitude de uma música que ressoa de forma comovente e enternecedora.
A arquitetura eclética do Theatro Municipal resultou da fusão de dois projetos inspirados na Ópera de Paris que ficaram empatados na concorrência pública aberta pela prefeitura: o Aquilla, do engenheiro Francisco de Oliveira Passos, filho do prefeito Pereira Passos, e o Isadora, do arquiteto francês Albert Guilbert, vice-presidente da Associação dos Arquitetos Franceses.
Foto: Paulo Santos Filho
Para celebrar todo este ecletismo, começamos nosso passeio multissensorial pela entrada frontal do Theatro Municipal, onde as estátuas de bronze de Raoul Verlet, que celebram a dança e a poesia, serão refletidas em uma música que ecoa a Belle Époque e o estilo Art Nouveau, a ária Mon coeur s’ouvre à ta voix, da ópera Sansão e Dalila, de Camille Saint-Saëns.
A Verdade, do Latim VERITAS, que vem de VERUS (real, verdadeiro), foi celebrada na construção deste teatro, através da escultura do francês Jean Antoine Injalbert, vencedor do grande prêmio da exposição universal de 1889. Sua estátua A Verdade, em mármore de Carrara, que encontramos ao subir pelas escadas no acesso ao Balcão Nobre, faz alusão ao renascimento, remetendo ao ideal grego de beleza.
Para dialogar com esta escultura evocamos aqui a Dança dos Espíritos Abençoados, da ópera Orfeu e Eurídice. Nela presenciamos a verdade absoluta do amor do lendário músico e poeta grego por sua ninfa. Uma verdade que nutre o artista na sua criação, na sua arte e no seu viver.
A representação pontilhista da música, em cores de tons harmoniosos de Eliseu Visconti, que encontramos no painel central do foyer do Balcão Nobre, será refletido nas ondas sonoras dos movimentos En bateau (Andantino) e Cortège (Moderato) da Petit Suíte, de Claude Debussy. Aqui, também apreciamos os três grandes vitrais alemães desenhados por Feuerstein e Fugel. Engrandecidas com a luz externa, as deusas da dança, do drama e da música trazem cor e vida para este espaço. O conjunto elaborado por estes dois artistas alemães, de Stuttgart, e executados pela fábrica Franz Mayer, de Munique, se soma a outros vitrais encontrados nas escadas laterais e nas rotundas deste teatro. Desenhos que nos transportam, novamente, assim como nas estátuas de Verlet, para o Rio da Belle Époque Para celebrar a luz do sol, que faz brilhar todo o esplendor de sua beleza, ouviremos Morgen!, a última das quatro canções de 4 Lieder, Op.27, de Richard Strauss. O compositor esteve duas vezes no Theatro Municipal: em 1920, quando regeu seis concertos com a orquestra da Companhia Bonetti (Itália) e em 1923, quando realizou 13 apresentações já como maestro da Filarmônica de Viena.
Nas duas rotundas deste teatro, encontramos em suas cúpulas duas pinturas: Apoteose à Música e Apoteose à Poesia, ambas realizadas em 1906, por Henrique Bernardelli. Já seu irmão Rodolpho Bernardelli coroou as fachadas do Theatro Municipal com um conjunto escultórico e realizou diversos bustos no interior do edifício. Grandes artistas do século XIX, os irmãos Rodolpho e Henrique Bernardelli vieram para o Brasil quando seus pais foram convidados por D. Pedro II para serem mentores das princesas Isabel e Leopoldina. Um dos mais importantes compositores brasileiros deste período, Alberto Nepomuceno morou no Rio de Janeiro, na residência desses artistas, que eram seus grandes amigos. Foram juntos estudar na Europa e seu aprimoramento musical foi financiado pela família dos Bernadelli. Por isso, para vivermos a interação artística e de vida que compartilharam estes artistas, refletiremos as obras dos irmãos Bernardelli em duas canções de Alberto Nepomuceno. Com letra do escritor português João de Deus ouviremos a canção Amo-te Muito, com arranjo sinfônico de Anderson Alves, seguida de Epitalâmio, uma canção concebida para orquestra com letra do romancista e poeta Antônio Sales que, assim como o compositor, era cearense.
Em seguida, ao olharmos para o piano de Chiquinha Gonzaga, atualmente residindo neste mesmo foyer, próximo à entrada da rotunda da Avenida Treze de Maio, lembraremos desta famosa e pioneira compositora, instrumentista e maestrina brasileira. Conhecida pelas dezenas de peças de teatro que musicou, assim como por sua emblemática marchinha carnavalesca, Ó Abre Alas, a obra de Chiquinha inclui habaneras, polcas, quadrilhas, tangos e maxixes. Algumas destas músicas foram compostas, justamente, sobre as teclas deste piano, da marca Ronish, fabricado em 1902, na cidade de Dresden, na Alemanha, e adquirido por Gonzaga, em 1909, mesmo ano de inauguração do Theatro. Chiquinha será lembrada através de sua valsa Saudade, escrita quando do falecimento do compositor Carlos Gomes, com arranjo do compositor Paulo Aragão.
Filho
Nas paredes das duas rotundas do Theatro Municipal foram representadas, em 1916, por Rodolfo Amoedo, de um lado as Danças Antigas da Judéia, Roma, Grécia e Egito, e do outro as danças modernas da Hungria, França, Polônia e Espanha.
Assim, finalizamos a primeira parte deste programa reverberando na música estes painéis de Rodolfo Almoedo, mais especificamente com o painel da Espanha, trazendo o último movimento de El Sombrero de Três Picos, de Manuel De Falla.
Iniciamos a segunda parte do nosso programa na Sala de Espetáculos. Observamos neste local a grande reforma realizada em 1934, durante a era Vargas. Em 1909, quando o Theatro Municipal do Rio de Janeiro foi inaugurado, a sala de espetáculos tinha um formato bem diferente do que podemos presenciar agora. Com lugar para 1.739 espectadores, o Theatro tinha aproximadamente 500 lugares a menos do que tem hoje, apresentava arcadas em sua galeria e Balcão Nobre, só havia camarotes.
A música de Heitor Villa-Lobos, que ocupou o cargo da Superintendência Educacional e Artística no regime Vargas, irá dialogar com esta reforma através de dois movimentos de suas Bachianas Brasileiras. Nesta série de nove composições escritas, a partir dos anos 30, Villa faz uma fusão dos materiais folclóricos brasileiros com as formas pré-clássicas de Johann Sebastian Bach.
Iniciaremos com o primeiro movimento Ária (Cantilena), da Bachianas Brasileiras nº 5 para oito violoncelos, novamente com Angelica de la Riva. Em seguida, ouviremos o quarto movimento Tocata (O trenzinho do caipira), da Bachianas Brasileiras Nº 2
No saguão de acesso ao Salão Assyrio destacam-se oito painéis, realizados pelo ateliê de Gian Domenico Facchina, que representam cenas de óperas e peças famosas da dramaturgia universal. No século XIX, Facchina realizou, em prazo curtíssimo, os principais mosaicos da Ópera de Paris e seu ateliê enviou ao Rio de Janeiro, em 1908, estes belos trabalhos de arte em mosaico para o Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Neste programa, para representar musicalmente estes mosaicos escolhemos um painel que apresenta uma cena do segundo ato da ópera Tosca, de Giacomo Puccini, onde Tosca está com o Barão Scarpa. Na ária Vissi d’arte, que se passa justamente neste ato da ópera, a protagonista pensa em seu destino e se pergunta por que Deus aparentemente a abandonou.
Finalmente, para ecoar na música o Salão Assyrio, realizaremos uma viagem no tempo pelo Oriente Médio. Primeiro, passando pelo Egito de O Patria Mia, da ópera Aída, de Giuseppe Verdi; depois à Pérsia com Airs de Ballet, Allegro ma non troppo, da música incidental da peça teatral Parysatis, de Camille Saint-Saens. Teremos ainda a ária para soprano e barítono Te souviens tu du lumineux voyage, da ópera Thais, de Jules Massenet, para um libreto em francês de Louis Gallet.
Encerramos este passeio visual e musical pelo Theatro Municipal do Rio de Janeiro com todo o nosso amor a este, que é um dos maiores patrimônios culturais brasileiros, trazendo a canção Lippen Schweigen, da ópera Viúva Alegre, de Franz Lehár, que contará com a participação da Orquestra Jovem de Itaguaí (ORJI), e de outros jovens músicos, contemplados pelas aulas de música e oficinas oferecidas pelo FIMA nesta cidade.
Foto: Paulo Santos Filho
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PABLO CASTELLAR Direção Artística e Coordenação de Produção
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