Programa FIMA Mangaratiba

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GRANDES OBRAS PARA VER E OUVIR

Ministério do Turismo e Instituto Cultural Vale apresentam
PROGRAMA CASARÃO DO SAHY

Casarão do Sahy

ÍCONE DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO DE MANGARATIBA, O CASARÃO DO SAHY, É UM REMANESCENTE DO COMPLEXO ARQUITETÔNICO DO “ENGENHO DO GAGO”. PALESTRANTES CRISTOVÃO DUARTE ARQUITETO MIRIAN BONDIM HISTORIADORA

ART METAL QUINTETO

O Art Metal Quinteto, vem desenvolvendo intensa atividade no campo da música de câmara, por mais de 20 anos. Grupo baseado na Cidade do Rio de Janeiro, possui uma discografia significativa, tendo boa parte dessa, voltada para a música brasileira, escrita originalmente para a formação de quinteto de metais, como também em adaptações do repertório para conjunto de metais, bandas, orquestras etc., sempre buscando trazer à tona, a trajetória da música para instrumentos da família dos metais, na história do Rio de Janeiro e do Brasil, sem deixar de dominar o repertório tradicional que vem sendo escrito ao longo da história, para essa formação. Tem frequentemente, estreado repertório para quinteto de metais, em que vários compositores tem dedicado obras ao Art Metal Quinteto, também tem se apresentado assiduamente em vários festivais pelo Brasil, como também pontualmente no exterior.

JESSÉ SADOC, Trompete

WELLINGTON MOURA, Trompete

ELIÉZER GOMES CONRADO, Trompa

JOÃO LUIZ AREIAS, Trombone

ELIEZER RODRIGUES, Tuba

30 MAI SEGUNDA 14h30

JESSÉ SADOC

TROMPETE

Natural do Rio de Janeiro, Graduado em trompete pela escola de música da UFRJ, 2o solista do naipe de trompetes da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de janeiro, integrante do Art Metal Quinteto. Atuou como solista com a Orquestra sinfônica Brasileira, Orquestra Sinfônica Nacional da UFF, Orquestra Filarmônica de Los Angeles, Orquestra Arco Brasil, Orquestra Petrobrás Sinfônica, Banda Sinfônica da CIPMRJ, Orquestra do Festival de Domingos Martins, etc. Na música popular, atuou em inúmeros shows e gravações, no Brasil e no exterior, como trompetista e arranjador, com vários artistas da MPB, como: Marcos Valle, João Donato, Djavan, Marisa Monte, João Bosco, Ed Motta, Emílio Santiago, Roberto Menescal, Carlos Lyra, Joyce Moreno, Nana Caymmi, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Edu Lobo, Guinga, entre vários outros. Tem atuado como professor em diversos festivais e masterclasses pelo Brasil, como: Festival de Domingos MartinsES, Festival de Pirenópolis- GO, MIMO, em Olinda-PE, Oficina de música de Curitiba-PR, Festival de Inverno de Campos dos Goitacazes-RJ, Festival Villa-Lobos-RJ, Festival de Inverno de Ourinhos-SP, CIVEBRA-DF, entre outros.

WELLINGTON MOURA TROMPETE

Bacharel em Trompete pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É trompetista integrante do quadro efetivo de músicos da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro (OSTM) e atua também no Quinteto Art Metal. Suas experiências incluem a participação em diversos Masterclasses e Festivais, incluindo o Festival Internacional de Música de Bayreuth, naAlemanha; o Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão e o Festival Villa Lobos, onde atuou como professor. Como músico convidado, participou de temporadas de concertos com a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), Orquestra Petrobrás Sinfônica e Orquestra Filarmônica de Belo Horizonte.

ELIÉZER GOMES CONRADO TROMPA

Natural do Rio de Janeiro, Elíezer iniciou seus estudos de trompa aos 9 anos de idade sob orientação do professor Carlos Gomes na Escola de Música da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Anos mais tarde entrou para classe do professor Zdenek Svab no curso de bacharelado em trompa da UNIRIO (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro). Trompista da OSB (Orquestra Sinfônica Brasileira) desde de 1995, integra também a OSRJ (Orquestas de Solistas do Rio de Janeiro) e Quinteto Art Metal. Eliézer é constantemente convidado para atuar nas mais diferentes orquestras do país, ao longo de sua carreira já teve a oportunidade de participar em concertos de orquestras como OSN-UFF (Orquestra Sinfônica Nacional da Universidade Federal Fluminense), OSP (Orquestra Sinfônica do Paraná), OSUSP (Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo), OSTM (Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro), OPES (Orquestra Petrobrás Sinfônica), OSBA (Orquestra Sinfônica da Bahia) entre outras. Teve o privilégio de acompanhar e gravar com grandes solistas, da mesma forma com artistas da música popular brasileira e internacional, além de já ter sido dirigido por renomados maestros.

JOÃO LUIZ AREIAS TROMBONE

Professor da UNIRIO obteve seu bacharelado pela UFRJ e Mestrado pela UNIRIO onde cursa o Doutorado em Práticas Interpretativas. Ministrou cursos nos mais importantes festivais de música do Brasil e no exterior, como o Festival em Tanglewwod da Boston University – TMC (2014 e 2017) e no Festival Trombonanza (2016 e 2018). Foi Presidente da Associação Brasileira de Trombonistas (2003/2007) e membro do Board of Advisers da International Trombone Association. Atualmente é 1º trombone da Orquestra Petrobras Sinfônica, e como camerista lançou o CD “Tributo a Gilberto Gagliardi” com o Quarteto Brasileiro de Trombones e junto ao Art Metal Quinteto o CD “Henrique Alves de Mesquita Músico do Império do Brasil” (2013). Organizou e coordenou o I, II, III e IV Festival Internacional de Trombone da UNIRIO. Foi o responsável pelo artigo em homenagem ao Trombonista Radegundis Feitosa “Remembering Radegundis” publicado na ITA Journal (2014). Em julho de 2018 apresentou a palestra “Concepts and Pedagogical Ideas of the Legendary Teacher, Mr. Gilberto Gagliardi” no ITF 2018 in Iowa - USA, e apresentou um recital com o Prof. Donald Lucas. Na música popular se destaca pela participação em musicais, gravações e shows com grandes nomes da MPB.

ELIEZER RODRIGUES TUBA

Iniciou seus estudos musicais aos oito anos de idade, e deu sequência à sua formação no Conservatório Brasileiro de Música, onde se formou no curso técnico. Estudou nessa época com o Professor Oscar da Silveira Brum, Trombonista da OSB. Graduou-se em Licenciatura/Música pelo Conservatório Brasileiro de Música Desde então, se desenvolveu na música, participando de bandas de música amadoras e de igrejas. Em 1988, ingressa na Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, atuando como principal tubista, durante três anos. Desde 1990, integra os principais grupos sinfônicos do país, seja com titular, seja como convidado: Orquestra Sinfônica Brasileira, Orquestra Petrobras Sinfônica, Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal, Orquestra Sinfônica Nacional, Orquestra Filarmônica Brasileira, Orquestra Filarmônica do Rio de Janeiro, OSESP, Quinteto Brasileiro de Metais e Rio Dixieland Jazz Band. Eliézer teve aula com Gene Pokorny, principal tubista da Chicago Symphony Orchestra. Como solista, se apresentou à frente da Orquestra Sinfônica Brasileira em 2002, sendo o primeiro tubista a subir ao palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro como solista, ocasião em que tocou o Concerto para Tuba e Orquestra de Vaughan Williams. Em 2000, solou com o Grupo de Metais e Percussão da Escola de Música da UFRJ. Em julho de 2003, solou com a Banda Sinfônica do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Grava freqüentemente com artistas da Música Popular Brasileira e é membro do aclamado Art Metal Quinteto desde 1994, tendo gravado com o conjunto três álbuns. À frente do Quinteto, solou peças para tuba e quinteto. É também membro do Quarteto de Tubas e Bombardinos do Rio de Janeiro. Na área de ensino, ministrou cursos nos Festivais de Música de Domingos Martins, Nova Friburgo e Curitiba. É atualmente Tuba-Solista da Orquestra Sinfônica Brasileira.

PROGRAMA

ANONIMO

Baseado em anotações de Jean de Léry (1536–1613)

Canidé-iouue/ Heüra, oueh

GIOVANNI GABRIELI

Canzona per Sonare N. 2

WOLFGANG AMADEUS MOZART

Exsultate, Jubilate K. 165 III. Alegro “Aleluia” FRANCISCO MIGNONE

Maracatu do Chico-Rei

SIGISMUND NEUKOMM

Marcha militar 3

D. PEDRO I

Hino Imperial e Constitucional (para a Independência do Brasil, 1822)

LUDWIG VAN BEETHOVEN

Sinfonia n.° 9 em ré menor, op. 125 Hino à Alegria

HENRIQUE ALVES DE MESQUITA Ópera “O vagabundo” Abertura Ali Babá (1872) Tango da mágica Polca Carlos Gomes ANACLETO DE MEDEIROS Trés estrelinhas HUMBERTO TEIXEIRA E LUIZ GONZAGA Mangaratiba 1949 BONFGLIO DE OLIVEIRA O bom filho à casa torna MOZART CAMARGO GUARNIERI Dança brasileira HUMBERTO TEIXEIRA E LUIZ GONZAGA Asa Branca

NOTA DE PROGRAMA

Ícone do patrimônio histórico de Mangaratiba, o Casarão do Sahy, é um remanescente do complexo arquitetônico do “Engenho do Gago”. Seu nome provém da localização de suas terras na “Praia de João Gago’’. A arquitetura deste lindo Casarão de Pedra colonial cercado pela Mata Atlântica será reverberada em um programa musical que também traçará um panorama da história da região de Mangaratiba. Uma viagem sonora no tempo e no espaço realizada pelo QUINTETO ART METAL e acom panhada dos comentários da historiadora MIRIAN BODIM e do arquiteto CRISTOVÃO BUARQUE.

Daremos início ao programa lembrando dos povos originários que habitavam esta região, os tupinambás. Apresentaremos duas melodias de seus cantos, anotadas por Jean de Léry, no século XVI, um missionário calvinis ta que veio ao Brasil como integrante da missão da França Antártica lide rada por Nicolas de Villegagnon. Léry registrou seis cantos tupinambás, em 1557 dos quais ouviremos Canidé-ioune, uma invocação à beleza de uma ave amarela, seguido da música cerimonial Heüra, oueh

A partir de 1555, contando com o apoio dos franceses, lutaram na “con federação dos tamoios” contra a escravidão de seu povo e a ocupação de suas terras mas acabaram derrotados e exterminados. A coloniza ção portuguesa de Mangaratiba começou após esta derrota quando a família Correia de Sá construiu um engenho de açúcar e aguardente em Muriqui. Para garantir a posse da terra, Martim Correia de Sá trouxe índios tupiniquins, transportados de Porto Seguro, por volta de 1615 a 1620, es tabelecendo o Aldeamento de Nossa Senhora da Guia de Mangaratiba. Composta no mesmo período em que os portugueses começavam o pro cesso colonizatório do território brasileiro, Canzona per Sonare N. 2 é uma obra que representa bem a época da mudança da música renascentista para o barroco. A obra é de Giovanni Gabrieli, compositor e organista nascido em Veneza, na Itália 1555, que foi um dos músicos mais influentes de seu tempo.

CONCERTO • 28.05.2022
Foto: Vitor Souza Lima

Em 1764, a aldeia de Mangaratiba foi elevada à categoria de Fregue sia de Nossa Senhora da Guia de Mangaratiba. Na Fazenda do Sahy, Manoel Antunes Susano construiu, em 1771, o grande engenho de açú car e de aguardente, conhecido como “Engenho do Gago”. O Casarão da Reserva do Sahy guarda a memória desse estabelecimento que foi muito importante para a economia de Mangaratiba. Este grande complexo ar quitetônico funcionava com um porto particular de escoamento de café e de cachaça. Também contava com uma casa de produção de farinha, lojas comerciais, trapiche, oratório, cemitério, grandes senzalas, barracões para guardar canoas, luxuosas casas de moradias assobradadas, área fechada com muros fortificados, rua calçada com pedra pé de moleque e um sofisticado sistema de canalização das águas do Rio Sahy que passava por dentro da propriedade. Para dialogar com o tempo de construção deste edifício, sua opulência e relevância tocaremos o Aleluia do terceiro movi mento Allegro de Exsultate, Jubilate K. 165 de Wolfgang Amadeus Mozart com posto no mesmo período em 1773, mesmo período de construção deste casarão.

Não podemos falar deste local sem lembrar que aqui eram desembarca dos milhares de negros escravizados que vinham da ilha de Marambaia. Contam também, que dentro desse grande complexo arquitetônico eram realizados abomináveis leilões de negros subjugados à escravidão e após as negociações, os mesmos eram levados pela trilha “Sahy-Rubião”, para as fazendas de café de São João Marcos e demais localidades de serra acima. Assim, para recordarmos a presença africana na região de Manga ratiba, tocaremos a música Maracatu de Chico-Rei de Francisco Mignone. Um bailado afro-brasileiro, composto em 1933, inspirado na lenda de Chi co Rei, a qual se atribui a origem das festas de congado. Esse persona gem, que aqui recebeu o nome de Chico, era o rei de uma tribo africana aprisionada e enviada ao Brasil onde seus componentes foram vendidos como escravos em Minas Gerais. Tão marcante é a presença da memória da escravidão no Sahy, que a maior lenda do município é a Lenda da Pe dra do Banquete, também conhecida como Pedra da Conquista. Reza a lenda que num ato de revolta, os escravizados que trabalhavam no Sahy, mataram o feitor da fazenda, roubaram alimentos e bebidas na despensa da casa grande e foram fazer um grande banquete em cima dessa pedra. Cantaram e dançaram a noite toda. Ao terminar a festa, amarraram-se com cipó e juntos pularam da pedra, cometendo um suicídio coletivo para conquistar a tão sonhada liberdade.

Em 5 de julho de 1818, Itaguaí conquista sua emancipação política e passa a anexar a freguesia de Mangaratiba. A obra Marcha militar 3, que ouvire mos a seguir foi composta no ano seguinte a esta emancipação política. O compositor desta obra, o austriaco Sigismund Neukomm, foi um viajan te incansável. Trocou seu país natal, pela França e passou pelas mais im portantes cortes da Europa e da Rússia. Da França embarcou para o Brasil em 1816 junto com a Missão Artística Francesa. Residiu no Rio de Janeiro até 1821, período em que compôs mais de 70 obras e foi um dos professo res de música do então príncipe regente Dom Pedro de Alcântara.

Ao voltar de São Paulo, depois da proclamação da Independência do Brasil, em 1822, D. Pedro I passou por Itaguaí, da qual a Freguesia de Mangaratiba ainda era pertencente. Na época este era o caminho utiliza do para ir e voltar a São Paulo. É importante lembrar que a Freguesia de Mangaratiba, contando com a ajuda de comerciantes e fazendeiros, colaborou com o processo de Independência e estruturação do país, cons truindo uma fortaleza, por ordem de Dom Pedro I em 1824, para combater grupos de portugueses revoltosos. Também colaborou com o processo de estruturação do país, recém emancipado, contribuindo com donati vos para organizar a Marinha do Brasil. Por isso não podemos deixar de celebrar em Mangaratiba o bicentenário deste acontecimento histórico, trazendo também um aspecto em grande parte desconhecido do grande público, a importância da música para o imperador e também compositor Dom Pedro I. Tocaremos o Hino da Independência do Brasil (Hino Imperial e Constitucional de 1822) de sua autoria. Antes de Neukomm, o impera dor já havia estudado com o lisboeta Marcos Portugal, o carioca Pe. José Maurício Nunes Garcia, considerados os mais importantes compositores de seus respectivos países no período.

Também para lembrarmos da busca do homem pela Liberdade, tocare mos o Hino a Alegria da Sinfonia nº 9 em Ré menor de L.V. Beethoven foi composto dois anos após a independência do Brasil em 1824. Um com positor que como nenhum outro valorizava a liberdade fosse ela política, artística, de escolha, de credo e individual em todos os aspectos da vida. Infelizmente uma liberdade que nesta região e em todo o Brasil era nega da a todos os negros escravizados que aqui chegavam.

Já no primeiro meado do século XIX, Mangaratiba começou a se destacar economicamente devido ao escoamento, para a Corte, de grande parte da produção de café de São João do Príncipe, Barra Mansa, Resende en tre outros municípios. O movimento comercial na beira do Rio do Saco dinamizou a economia local, transformando Mangaratiba em um dos um dos maiores portos de escoamento de café e de tráfico negreiro do Brasil, contribuindo para a conquista de sua emancipação política, em 1831. Por volta de 1850 a 1863, Mangaratiba alcançou o seu apogeu econômico, po dendo considerar o ano de 1857, como o ano mais marcante desse período histórico, devido à construção da Estrada Imperial.

Foto: Vitor Souza Lima

A vida em Mangaratiba, em meados do século XIX, apresentava uma pe quena rivalidade entre os negociantes da Vila e os negociantes do Povoado do Saco. Enquanto na Vila a vida cultural estava diretamente ligada à Igreja Matriz de Nossa Senhora da Guia e suas festas religiosas no povoa do as celebrações ocorriam nas tabernas, casas de bilhar e no teatro, onde atores como João Caetano faziam temporada. Para lembrar desse apogeu da cidade tocaremos três obras de um compositor que representa muito bem a época a atmosfera deste tempo de apogeu econômico, Henrique Alves de Mesquita. Nascido em 1830 este compositor, maestro, organista e trompetista foi o primeiro aluno do Conservatório de Música do Rio de Janeiro a ser enviado à Europa para completar seus estudos, período em que escreveu a ópera O Vagabundo da qual ouviremos a abertura.

Mesquita também é historicamente reconhecido como o criador da ex pressão “tango brasileiro”, usando o nome de tango para designar um tipo de música de teatro ligeiro, conhecida entre os franceses e espanhóis como habanera. Um exemplo é o Tango da mágica da opereta Ali Babá, a próxima obra do programa. Mesquita também produziu peças musicais ligeiras, como é o caso da Polca Carlos Gomes que encerra esse bloco.

Infelizmente esse período áureo não durou muito. O desvio do escoamen to do café pela linha férrea Piraiense, em 1864 e a Abolição da Escravatu ra, em 1888 contribuíram de forma significativa para essa decadência. A peça Três estrelinhas, de Anacleto de Medeiros retrata bem a melancolia dessa época. Filho de escrava liberta, Anacleto criou fama como compo sitor, tendo suas peças executadas por bandas de todo o país.

O município só recomeçou seu crescimento econômico com a inaugu ração da linha férrea em 1914. Os trens que circulavam por Mangaratiba, apelidados por “Macaquinhos” possuíam vagões que transportavam suas riquezas: lenha, carvão e, principalmente, a grande produção de banana. Sobre os trilhos dos trens, chegava à região, o que seria hoje a sua prin cipal base econômica, o turismo praiano. Assim pequenas localidades fo ram se transformando em vilas balneárias. Não há peça que melhor retrate esse período do que a música Mangaratiba de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga. Apesar de ser advogado, político, instrumentista, poeta, com positor, fundador e Presidente da Academia Brasileira de Música Popular, Humberto Teixeira era conhecido mesmo como o grande parceiro de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Por conta da ligação afetiva que tinha com a ci dade de Mangaratiba, onde tinha uma casa de praia, compôs esse grande sucesso homenageando o município e mostrando aspectos de sua vivên cia cotidiana neste local. De acordo com o pesquisador Ricardo Cravo Albim, apesar de constar como uma obra de co-autoria com Luiz Gonzaga, a obra é inteiramente de sua autoria, tendo o próprio Gonzagão revelado que não escreveu nem sequer uma única nota desta canção.

Na mesma atmosfera ouviremos Bom filho à Casa torna um maxixe do compositor Bonfiglio de Oliveira que dialoga bem com esse momento de retorno da prosperidade de Mangaratiba. Bonfiglio de Oliveira, integrou o conjunto Choro Carioca, de Pixinguinha, e foi o autor de grandes clássicos das rodas de choro.

Em 1949, a inauguração da Estrada RJ-14 ampliou ainda mais o desenvol vimento turístico da região, facilitando também o escoamento do pescado, da produção de bananas e de outros produtos agrícolas. E finalmente em 1974, com a Rodovia Rio-Santos o município sentiu o boom da ex plosão demográfica. Encerramos o nosso concerto com uma música de caráter alegre e dançante em “Tempo de Samba”, que reflete bem essa fusão dos elementos indígenas, africanos e europeus, típicos da história de Mangaratiba e de todo o Brasil, a Dança Brasileira de Camargo Guar nieri. Este compositor Paulista, de origem italiana, tinha Mário de Andrade como seu mestre intelectual. Com ele discutia estética, ouvia obras musi cais e tomava livros emprestados. Como encore voltaremos a Humberto Teixeira trazendo a mais famosa obra musical deste ilustre personagem de Mangaratiba, Asa Branca

Foto: Vitor Souza Lima

Confira a programação do FIMA, com concertos presenciais e virtuais, podcasts e muito mais. Para ver a agenda completa, acesse: ou aponte a câmera do seu celular para o QR Code abaixo:

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