Nota de Repúdio

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NOTA DE REPÚDIO Uma das muitas funções do jornalismo está em fazer a história vir à tona. Através de reportagens, de técnica e, como aconteceu agora, da reação daqueles que estão no centro dos acontecimentos. Não é de se estranhar que a Diretoria da Celesc tenha optado por atacar o jornalista da Intercel. Em um país onde a imprensa e os jornalistas são sistematicamente atacados pelo estado, a Diretoria da empresa se mostra em sincronia com a barbárie. Segundo dados da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o Presidente da República, Jair Bolsonaro, é o maior responsável por ataques à liberdade de imprensa no Brasil. Seus rompantes ditatoriais no trato diário com jornalistas demonstram a falta de respeito pelo trabalho jornalístico. No estado de Santa Catarina, o Governador Carlos Moisés começa a mirar a censura para a imprensa que tem desvendado esquemas de fraude em licitações durante a pandemia. Em reunião com o Grupo Lide, Moisés apelou para que os empresários utilizem o poder econômico para pressionar jornais a não divulgarem notícias de interesse público, como a possível corrupção na compra de respiradores, com pagamento adiantando e mercadoria não recebida, fato que causou a queda do Secretário de Saúde e acusações ao Secretário da Casa Civil. Ao nominar em seu comunicado o jornalista da Intercel, a Diretoria da Celesc demonstra a total falta de ética e respeito ao profissional. Obviamente, nada é feito sem intencionalidade. A personalização vem no mesmo momento que Paulo Guilherme Horn assume a coordenação da Intercel. Desta forma, a diretoria busca um “judas” para malhar. Alguém para desviar o foco da sua covardia e incompetência diante das ações do Governo Estadual, controlador da empresa e responsável por suas indicações aos cargos de comando da estatal. Ao longo desta gestão, os sindicatos da Intercel denunciaram sistematicamente a utilização da comunicação interna oficial da empresa para mentir e enganar os trabalhadores. Aliás, o primeiro comunicado da empresa sobre a Lei 17.933/20 demonstra isso. Entretanto, em nenhum momento a Intercel atacou os profissionais de comunicação que trabalham na empresa, sejam eles do quadro próprio ou terceirizados. A responsabilidade é sempre da Diretoria da empresa. O Boletim da Intercel obrigou a Diretoria a vir a público admitir a gravidade do projeto e a irresponsabilidade do Governador. Ao tentar se proteger da própria incompetência, os diretores confirmaram a irresponsabilidade do Governador ao sancionar a lei estadual, corroborando com todas as críticas feitas pela Intercel e trazendo elementos imprescindíveis à denúncia que os sindicatos irão fazer contra Moisés no Ministério Público. Porém, infelizmente, a Diretoria decidiu atacar individualmente um profissional, fazendo de seu esclarecimento um exemplo de falta de ética. Além disso, a argumentação rasteira sobre a ADI não exime a covardia da Diretoria, afinal de contas, existem outras possibilidades jurídicas para contestação da Lei 17.933/20. Entretanto, para isso a Diretoria teria que estar disposta a defender a Celesc publicamente, afrontando e denunciando o


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Nota de Repúdio by Paulo Guilherme Horn - Issuu