81 Boletim do CONSELHEIRO MAIO/18
Representante dos Empregados | Leandro Nunes | leandronusi@gmail.com
É preciso defender a democracia Nas últimas semanas o grande debate no Brasil foi a manifestação dos caminhoneiros. Muito já foi dito sobre o movimento e concordo plenamente com a manifestação do Boletim da Intercel nº 67. Entretanto, faço questão de resgatar aquele que deve ser o nosso principal compromisso: a defesa da democracia. Em vários locais onde os caminhoneiros se concentravam era possível identificar faixas pedindo por uma intervenção militar. Eu compreendo a desilusão da população brasileira com os políticos no poder atualmente. Nossos deputados, senadores e membros do executivo tem cada dia se superado, debatendo e aprovando pautas que vão na contramão dos direitos dos trabalhadores. Nosso congresso federal está loteado por bancadas que defendem o próprio interesse, independente da vontade e da necessidade da sociedade. Temos a bancada da bíblia, a bancada ruralista, a bancada da bala, a bancada empresarial, a bancada das empreiteiras e construtoras e por aí vai. Nesse contexto, onde temos parlamentares que defendem exclusivamente seus grupos e um Presidente da República ilegítimo empossado por um golpe de Estado, a decepção da sociedade com o resultado das eleições e o funcionamento dos poderes cresce, e os pedidos para que alguém mude essa situação ganham força. Com a crise de identidade que vivemos, até saídas paliativas são inventadas. Alguns dizem que não seria uma ditadura, e sim uma intervenção. Militares tomariam o poder, se livrariam dos maus políticos, dos corruptos e dos corruptores e o Brasil começaria do zero, com uma nova eleição. O golpe de 1964 tinha a mesma enganação. Com a justificativa de acabarem com a ameaça comunista que representava o governo João Goulart (que apesar de encaminhar certas pautas progressistas e populares estava muito longe de ser um comunista),
os militares deram o golpe e “se esqueceram” de realizar as eleições. Baixaram atos institucionais e baixaram a pancada em quem discordava. Assim, quem pensava diferente, virava subversivo. Quem não se conformava, virava terrorista. Quem tinha coragem de lutar, era assassinado em um dos porões do DOPS. Estamos em um ano eleitoral. Teremos eleições para presidente, governador, senadores deputados estaduais e deputados federais. O momento de fazer valer a indignação é no exercício do voto, escolhendo quem efetivamente irá trabalhar pela classe trabalhadora. Podemos mudar o Brasil, para melhor. Com todas as dificuldades, a democracia permanece como o único caminho possível para um povo livre. Defender a democracia é defender nossos direitos. Direito de pensar, de se manifestar livremente sem colocar a vida em risco. É no debate de ideias que construiremos um Brasil plural e diversificado, como os brasileiros. Nunca defenderei qualquer tipo de intervenção ou ditadura militar. Jamais levantarei a bandeira de um regime ditatorial, de censura, tortura e morte. Infelizmente alguns jovens que não viveram os tempos da ditadura ficam confusos sobre aqueles tempos sombrios. Senhores e senhoras, que tendem a relembrar de momentos passados com nostalgia pela própria juventude, geram lembranças desconectadas da realidade. A ditadura era odiada e combatida pela população no início dos anos 80. A economia era péssima, os direitos sociais praticamente inexistentes e a repressão habitual. O regime militar era tão penoso que toda a população se engajou em um processo político conhecido por “Diretas Já” que durou anos até conquistar o direito ao voto direto. A sociedade lutou muito pela redemocratização. Devemos nos manter firmes, sem ilusões de salvadores da pátria. Nosso caminho é o da democracia, do voto e da participação popular nas decisões do governo.
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