boletim da intercel Informativo da Intercel
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29 de maio de 2018
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N67
ESCLARECIMENTOS SOBRE O MOVIMENTO DOS CAMINHONEIROS EM DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO A SERVIÇO DA POPULAÇÃO Desde o início da última semana, uma mobilização de caminhoneiros tem parado o Brasil. Vários trabalhadores têm nos questionado sobre a situação. Afinal de contas, os sindicatos apoiam a mobilização? Com certeza compreendemos que neste movimento existem muitos trabalhadores que apenas buscam melhores condições de vida e trabalho. Acreditamos que é preciso olhar o plano geral. Quando organizado por trabalhadores e sindicatos, movimentos reivindicatórios são chamados de greve. Este é um direito constitucional de todos trabalhadores. Entretanto, quando organizado por patrões com o objetivo de corte de custos e aumento de lucros, é um locaute. Esta prática é proibida, também pela constituição. Grande parte do debate têm sido se a manifestação é uma greve ou um locaute. Para nós, é evidente que ela se construiu em cima de um forte descontentamento dos trabalhadores, mas que beneficia, principalmente, os patrões. A principal reivindicação do movimento é a redução do preço do diesel, com a redução de impostos. Entretanto, o real problema do aumento dos preços dos derivados de petróleo é a política de preços implementada pela Petrobras após o golpe de 2016. Quando assumiu a presidência da estatal, Pedro Parente (ex-ministro de Minas e Energia de FHC e responsável direto pelo apagão de 2001) determinou que os preços da Petrobras seriam indexados ao praticado no exterior. Ou seja, a Petrobras seguiu a “mão invisível do mercado”. Desde julho de 2017 a Petrobras reajustou 230 vezes os preços nas refinarias, resultando em aumentos de mais de 50% na gasolina e diesel e 60% no GLP.
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À época, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) denunciou que a estratégia de desmonte da Petrobras estava amplamente ligada a esta política. Na prática, a gestão de Pedro Parente fez com que a estatal não utilizasse suas próprias refinarias para produção de derivados, dando prioridade para exportação do petróleo e – pasmem – compra de combustível no mercado internacional, a preços muito superiores. Dados da FUP mostram que os derivados importados já representam 24% do mercado nacional. Na prática, a Petrobras está sendo reduzida a uma mera exportadora de petróleo, quando poderia abastecer o país com diesel, gás e gasolina a preços bem abaixo do mercado nacional. Não utilizar suas próprias refinarias faz parte do plano de privatização da Petrobras, o que é altamente prejudicial à população brasileira. Antes do golpe, a Petrobras tinha condições de atender 90% da demanda interna de combustíveis. Em 2017, esse percentual caiu para 76%, resultado da subutilização das refinarias da Petrobras. Não adianta, então, reduzir os impostos se não houver uma mudança estrutural na gestão da Petrobras. Os combustíveis continuarão a subir de forma descontrolada, enquanto o foco principal do problema não for atacado. Defendemos a utilização do patrimônio público à serviço da população. A redução de impostos como proposta, apenas beneficia as entidades patronais e traz sérios danos à seguridade social brasileira. A manutenção da política privatista de Michel Temer e Pedro Parente é o caminho da privatização da Petrobras, a maior estatal brasileira e isto não aceitaremos.