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Edição nº 1.419 - Ano 28 | 22 a 28 de abril de 2020 | www.panrotas.com.br

Sem tempo para esperar por medidas urgentes e necessárias Com tempo para planejar a retomada, que deve ser lenta, mas estruturada Como os líderes dos agentes de viagens e operadores enfrentam a paralisação nas viagens de lazer devido à covid-19?

R$ 11,00


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PRESIDENTE

José Guillermo Condomí Alcorta

ÍNDICE nº 1.419 | 22 a 28 de abril de 2020 | www.panrotas.com.br

CHIEF EXECUTIVE OFFICER (CEO) José Guilherme Condomí Alcorta (guilherme@panrotas.com.br)

DIRETORA DE MARKETING E EVENTOS Heloisa Prass

CHIEF TECHNOLOGY OFFICER (CTO)

Página 04 Editorial - Jogamos no seu time

Ricardo Jun Iti Tsugawa

REDAÇÃO (redacao@panrotas.com.br)

EDITOR-CHEFE E CHIEF COMMUNICATION OFFICER: Artur Luiz Andrade

(artur@panrotas.com.br) Coordenador de Redação: Rodrigo Vieira (rodrigo@panrotas.com.br) Coordenador Web: Danilo Alves (danilo@panrotas.com.br) Pancorp/Viagens Corporativas: Beatrice Teizen Conteúdo para marcas: Vinicius Novaes e Beatriz Contelli (estagiária) Reportagem: Filip Calixto, Juliana Monaco, Victor Fernandes Fotógrafo: Emerson de Souza (São Paulo) MARKETING Analista: Erica Venturim (erica@panrotas.com.br) CRIAÇÃO Fernanda Souza (fernanda@panrotas.com.br) Pedro Moreno (pedro@panrotas.com.br) COMERCIAL Gerente: Ricardo Sidaras (rsidaras@panrotas.com.br) Executivos: Flávio Sica (sica@panrotas.com.br) João Felipe Santana (joaosantana@panrotas.com.br) Renato Sousa (rsousa@panrotas.com.br) Rene Amorim (rene@panrotas.com.br) Sônia Fonseca (sonia@panrotas.com.br)

Página 06 Opinião - Existirá uma nova hotelaria póspandemia

Página 08 Operadoras - Braztoa já tem cálculo inicial do impacto da crise

Página 14 Agências - 10 perguntas para a presidente da Abav Nacional, Magda Nassar

Página 20

Big Data: Igor Vianna (igorvianna@panrotas.com.br) Jéssica Andrade (jessica@panrotas.com.br)

Pausa - Relembrando a beleza dos destinos

Assistentes: Ítalo Henrique (italo@panrotas.com.br) Rafaela Aragão (rafaela@panrotas.com.br)

Página 22

FALE CONOSCO Matriz: Avenida Jabaquara, 1.761 – Saúde São Paulo - Cep: 04045-901 Tel.: (11) 2764-4800 Brasília: Flavio Trombieri (flavio@panrotas.com.br) Tel: (61) 3224-9565 Rio de Janeiro: Simone Lara (simone@panrotas.com.br) Tel: (21) 2529-2415/98873-2415 Estados Unidos: Helene Chalvire (helene@panrotas.com.br) ASSINATURAS Chefe de Assinaturas: Valderez Wallner Para assinar, ligue no (11) 2764-4816 ou acesse o site www.panrotas.com.br Assinatura anual: R$ 468 Impresso na Referência Gráfica (São Paulo/SP)

Branding - Como cuidar de sua marca em tempos sem vendas

Página 24 Opinião - Turismo sairá mais forte, mas não reinventado

Página 26 Corporativo - Lives indicam medidas de curto, médio e longo prazos

Quer ler a revista PANROTAS pelo celular? Manda um WhatsApp pra gente (11 95609-1507) ou use o QR Code ao lado. Media Partner

Associações

Parceria Estratégica


Editorial

E

MAR DE LÁG... INFORMAÇÃO

stamos em casa, mas estamos exaustos. Estamos trabalhando em serviços essenciais e estamos exaustos. Estamos isolados, longe das grandes cidades, mas também exaustos. Nossa mente viaja, mas não necessariamente para onde gostaríamos de ir. E a recomendação que nos passam é pensar no hoje, no passo a passo, na aceitação da nova realidade. Aceitamos, obedecemos, apoiamos, mas sabemos, lá no fundo, que é preciso mais. Temos de redescobrir propósitos e objetivos de vida, das nossas empresas, das famílias a nossa volta ou às quais pertencemos. No centro de tudo isso está a informação, o trabalho de empresas como a PANROTAS, que querem muito mostrar os caminhos da recuperação, ouvir pessoas sábias e que tenham bons conselhos a dar. E elas estão entre nós. No meio desse caminho, porém, à nossa frente, na nossa caixa de entrada, no WhatsApp, estão as notícias que ainda nos impedem de enxergar essa estrada da recuperação com toda clareza. Sabemos o que queremos, sabemos que teremos de mudar... mas como será esse novo mundo? Parece até aquele filme da Sandra Bullock, todos vendados, mas lutando e seguindo adiante. A imprensa mantém e intensifica sua missão de informar tudo o que apura (e hoje, sim, a maioria é notícia ruim), de analisar cenários futuros (por meio de analistas capacitados para isso, diga-se, e não de achismos ou ouvindo o tio do WhatsApp), de mostrar do horror da doença à politização da mesma, de esmiuçar medidas provisórias e também dar visibilidade aos exemplos de solidariedade, os casos de sucesso no combate à doença, tudo o que deve e pode ser copiado e adaptado a cada realidade. Uma equação complexa e delicada formada por palavras, imagens e opiniões, um misto de objetividade do

jornalismo factual com a subjetividade de quem quer achar sempre o outro lado (bom) da mesma moeda. Ou outros lados. Às vezes com tempo para ser cirúrgico, às vezes noticiando como se em um pronto socorro, minuto a minuto. Vemos, aqui na PANROTAS, o resultado desse esforço e trabalho nos números do aumento de audiência, nas conversas com fontes e leitores, na repercussão de pesquisas, entrevistas e lives para apresentar cenários e soluções, nos elogios, pedidos e críticas construtivas que chegam às dezenas todos os dias. Trabalhamos em prol da indústria, também com a receita quase zero das empresas do setor, mas sabendo que é o nosso papel para cruzarmos esse rio caudaloso. Que bom vermos que estamos na mesma batida e que vocês, da nossa indústria, estão valorizando a informação séria, a busca por caminhos viáveis e a união por um objetivo único. Nossa luta é uma só: a sobrevivência e o fortalecimento da indústria de Viagens e Turismo, com todos os seus profissionais, empresários, estudiosos e viajantes saindo dessa crise com um novo olhar e novas aspirações. Mais que de mãos dadas, de peito aberto, mente alguns níveis acima, alma lavada e o corpo... o corpo doido para voltar a viajar, ir a eventos, celebrar o Turismo. O mundo está sempre mudando, mas a qualidade da informação que levamos a vocês, em todas as nossas plataformas, em eventos dos mais diversos tipos, em todos os níveis de debates, análises e interação, não mudará. Continuará inclusiva, participativa, incentivadora e embasada. Realista sim, mas analítica, propositiva, nunca apenas algo jogado sem tratamento e cuidado. #SomosTodosTurismo e continuaremos sendo. Do mesmo lado. Com as mesmas aspirações. E recompensados e realizados depois dessa exaustão passageira. n

Artur Luiz Andrade Editor-chefe e Chief Communication Officer da PANROTAS artur@panrotas.com.br

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Artigo

O NOVO NORMAL E A NOVA HOTELARIA Carolina Sass de Haro, sócia-diretora da Mapie e Disque9, e parceira da PANROTAS no TRVL LAB

Que o momento que estamos vivendo é sem precedentes, você já sabe. Você também já sabe que o impacto da crise do novo coronavirus no Turismo e na Hotelaria foi e continuará sendo brutal por vários meses. Mas talvez o que você ainda não saiba é que, quando a tão desejada retomada acontecer, ela não será do jeito que sempre operamos. Ainda temos muito mais perguntas do que respostas e este mundo “VUCA” (volátil, instável, complexo e ambíguo) turbinado que estamos experimentando exige uma capacidade de análise e visão sistêmica elevada à décima potência, além de muitas doses de resiliência e adaptabilidade. Acompanhar e prever tendências sempre foi uma ciência que requer técnica, método e experiência e neste momento, ainda que aplicando todo o rigor nas previsões, só há uma certeza: tudo é incerto! Apesar disso, alguns sinais já começam a ser observados e temos informações vindas do futuro - acontecimentos na Ásia e na Europa que começam a indicar o possível caminho que seguiremos.

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Com isso, apresentamos três previsões para a nova hotelaria. TECNOLOGIA ASSEGURANDO A SAÚDE Enquanto não houver tratamento ou vacina para a covid-19, teremos que operar e conviver com um novo normal. Este novo normal ainda impedirá aglomerações, manterá o distanciamento social geral e os grupos de risco em isolamento, exigirá máscaras em público e testará pessoas em larga escala para monitorar o desenvolvimento da doença. A tecnologia já está sendo uma grande aliada neste monitoramento e países asiáticos estão utilizando apps para rastrear os movimentos individuais e entender os contatos ocorridos. Caso

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alguém seja contaminado, todas as pessoas que tiveram contato são notificadas e isoladas preventivamente. Este controle de movimentação e imunidade também está sendo observado na hotelaria. Em Pequim, há um app específico que obriga hóspedes a fazer o upload de seu certificado de imunidade e concordar com os termos de conduta, especialmente higiênico-sanitários, antes do check in. Caso ainda não estejam imunes, hóspedes são submetidos a testes rápidos diariamente e podem ter seu acesso ou permanência negados. Além disso, a tecnologia contribuirá para a manutenção do distanciamento e valorização da fase low touch atual, como o uso de reconhecimento facial no lugar da biometria, pagamento por aproximação e mais. CONFIANÇA É O ATRIBUTO DA VEZ Conforme identificado na pesquisa realizada pelo TRVL LAB com viajantes brasileiros sobre os impactos da covid-19 no Turismo (baixe de graça em trvl.com.br), confiança é o principal atributo associado à retomada. Clientes só voltarão a ocupar hotéis quando tiverem confiança no controle da pandemia. Cabe, portanto, às empresas hoteleiras proporcionar um ambiente seguro e confiável para seus clientes. Isso significa obedecer a rígidos padrões de higiene e utilização dos espaços. Máscaras farão parte dos uniformes e dos amenities, sinalização de distanciamento será integrada à arquitetura e ao design, processos rigorosos de limpeza e rotação de apartamentos e a ausência de bufês são apenas algumas das transformações necessárias. Este novo normal dura enquanto não houver tratamento ou cura para a covid-19, mas dependendo do tempo que isso demorar a o c o r r e r,

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teremos mudanças permanentes no comportamento, assim como aconteceu com o processo de segurança nos aeroportos após o 11 de setembro e que são vividos pelos viajantes até hoje. REDESENHO DE PRODUTOS HOTELEIROS Para a retomada, será necessário redesenhar os produtos hoteleiros. Engana-se quem pensa que a adaptação acontece com alguns processos e pronto. Áreas comuns devem ser ressignificadas para garantir o distanciamento mínimo. Isso quer dizer controle de acesso para não ultrapassar o número limite de pessoas, redesenho da disposição de móveis e equipamentos, sinalização adequada e comunicação educacional. Além, é claro, da higienização constante, quase infinita. Alimentos & Bebidas será uma das áreas mais impactadas. Os controles de higiene e segurança alimentar serão ainda mais rigorosos e haverá testagem diária da saúde da equipe. Bufês serão substituídos por à la carte e opções executivas e o café da manhã será servido family style. O room service será a preferência (ou obrigatoriedade) absoluta nos hotéis corporativos e horários agendados e mesas determinadas para as famílias serão a nova norma nos hotéis de lazer. O mise en place não será como conhecemos hoje. A governança terá rigor hospitalar com o papel da supervisão reforçado para garantir o atendimento dos novos processos. Não será possível ocupar o mesmo apartamento sequencialmente, superfícies e itens supérfluos serão eliminados (bandejas, máquinas de café, itens não essenciais de decoração), toalhas estarão embaladas e um aroma de limpeza deve estar ainda mais presente. Isso tudo para dar apenas alguns exemplos, mas também haverá modificação de check in, check out, uso dos elevadores, atividades de entretenimento e lazer e mais, muito mais. Enfim, ainda não é possível dimensionar a magnitude e o timing das transformações. No entanto, acreditamos que uma coisa que fazemos bem será ainda mais valorizada: a essência da hospitalidade. Mais do que nunca, acolhimento humano, com personalização e muita empatia serão relevantes. Que venha o novo normal!n

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Covid-19

A MATEMÁTICA

Artur Luiz Andrade

DAS OPERADORAS

Roberto Nedelciu, presidente do Conselho da Braztoa

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A Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) tem 92 associados, dos quais 62 são operadoras e 30 empresas de representação de destinos, seguro saúde, entre outras. Com o Turismo no meio do furacão da pandemia de covid-19, a Braztoa é uma das entidades que têm feito a articulação e lobby junto ao governo federal para que medidas de proteção a empresas e trabalhadores fossem tomadas. Algumas já saíram do papel com rapidez, outras demoraram um pouco e ainda há espera em relação, por exemplo, a uma linha de crédito específica para o Turismo. “Você entra em um banco e diz que é do Turismo, eles nem querem te receber”, conta o presidente da Braztoa, Roberto Nedelciu, em entrevista à PANROTAS. Isso porque o setor vive dias de receita zero e, pior, de devolução de dinheiro a clientes que pediram reembolso antes da MP 948, que estabelece um prazo de 12 meses após o fim da calamidade pública para o ressarcimento do valor pago pelo passageiro (antes disso, ele tem diversas opções, sem multa, de remarcações e adiamentos da viagem). Pesquisa realizada pela entidade com 48 dos 62 operadores associados mostra que R$ 3,9 bilhões já foram impactados com pedidos de cancelamento, reembolso ou remarcações. Segundo Roberto Nedelciu, 33% das viagens já foram reembolsadas à vista, 7% de forma parcelada e 60% foram renegociadas pelos operadores, via carta de crédito ou remarcações. Isso em relação a viagens canceladas de março a maio especialmente e negociadas com os clientes antes da publicação da MP 948. Os operadores


ainda têm milhares de passageiros com viagens agendadas para o segundo semestre e até 2021 e com a medida provisória elas passam a obedecer às novas regras. Segundo pesquisa do TRVL LAB no final de março, 45% dos consumidores ainda não haviam decidido o que fazer com viagens futuras. E apenas 22% dos clientes pesquisados pelo TRVL LAB haviam decidido pelo cancelamento e pedido de reembolso. Os demais optaram pelo adiamento da viagem, que é a campanha que todo o trade abraçou, evitando o desfalque no caixa das empresas. NECESSIDADE DE CRÉDITO Segundo Roberto Nedelciu, as operadoras que estão sofrendo mais nesse momento são as empresas que tinham pouco capital de giro e envolvidas com financiamento. "Daí a urgência de termos linhas de crédito específicas para o setor de Viagens e Turismo. Estamos falando com o Ministério do Turismo, o BNDES e a Caixa e essa linha deve sair em breve”, diz ele, esperançoso. Nedelciu acredita que os números da pesquisa irão não apenas sensibilizar o governo como provar a necessidade de uma medida urgente em relação a essa linha de crédito especial. REEMBOLSOS O presidente da Braztoa avalia que a MP do Consumo, a 948, demorou um pouco para sair (daí a grande quantidade de negociações de reembolso feitas antecipadamente pelas operadoras) e conta que hoje o principal problema está nos fornecedores internacionais. Muitos têm cobrado multas para o cancelamento das viagens, alegando a pandemia, mas aceitam a remarcação. “Temos mostrado aos clientes que não é algo das operadoras e sim dos fornecedores lá de fora e eles têm acei-

tado mudar a viagem de data. Na minha empresa, a Raidho, 90% dos clientes remarcaram”, conta ele, destacando que os fornecedores nacionais não têm criado problemas de remarcação ou reembolsos. A pesquisa Braztoa mostra que 40% dos fornecedores internacionais estão oferecendo alternativas ao reembolso, pouco mais de 32% reembolso com restrições, 16% estão efetuando reembolso integral, e cerca de 12% estão cobrando integralmente os valores – ou seja, se valendo de cláusulas de não reembolso. RETOMADA A Braztoa acredita em uma retomada para o segundo semestre, com viagens domésticas e curtas. E já está negociando

com o Ministério do Turismo uma grande campanha promocional para esse momento. “O MTur terá uma campanha, inclusive na TV, mostrando as oportunidades de viajar pelo Brasil e a importância do profissional de viagens, que ajudou seus clientes nesse momento em todos os aspectos. Vamos pensar nessa campanha em meados de maio ou em junho, pois temos também de esperar e ver como a pandemia se resolve no Brasil. Pode ser que uma região esteja melhor que outra, somos um país muito grande. Mas teremos sim uma campanha para a retomada no segundo semestre”.

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HIGHLIGHTS DA PESQUISA BRAZTOA

VENDAS

45%

das operadoras pesquisadas não realizaram nenhuma venda em março. Outras 45% afirmaram que as vendas em março representaram, no máximo, 10% do movimento registrado no mesmo mês de 2019.

Entre as vendas realizadas, cerca de

70%

são para embarque no segundo semestre de 2020.

Para este ano, 41% das empresas esperam um faturamento até menor (em relação a 2019), 39% esperam uma queda entre 50% e 75% e 20% uma queda maior que 75%.

50%

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CANCELAMENTOS Os cancelamentos afetaram das empresas: 32% registraram até 30% de cancelamentos, 13% entre 30% e 50%, e 17% das empresas constataram entre 50% e 75% de cancelamentos. E para mais de um terço dessas empresas (36%), o maior grupo de operadoras, os pedidos de cancelamentos chegaram entre 75% e 100%.

98%

Das viagens já canceladas,

33%

dos clientes já receberam o reembolso à vista e 7% negociaram reembolso parcelado.


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NOS ESTADOS UNIDOS ADIAMENTOS Sobre o adiamento das viagens, das empresas estão com adiamento superior a 50% (37% relatam que administram em torno de 50% a 75% de prorrogações, 28% entre 75% e 90% e outros 11% entre 90% e 100%).

75%

A National Tour Association (NTA), associação de operadores de viagens e tours nos Estados Unidos, divulgou pesquisa sobre o impacto da crise causada pela covid-19 nos negócios, incluindo demissões, reembolsos (que chegam a US$ 1 bilhão) e perspectivas para 2020. Segundo a pesquisa, 43% dos associados demitiram ou deram licença não remunerada aos empregados, e 31% reduziram as horas de trabalho dos funcionários. Um alto índice de 70% dos fornecedores de tours licenciou ou demitiu colaboradores, enquanto que entre as DMOs, 59% não fizeram redução de empregados ou horas de trabalho. Todas as operadoras, DMOs e fornecedores que responderam à pesquisa tiveram de lidar com cancelamentos. As operadoras disseram que a maioria dos cancelamentos foi para o período entre março e maio, mas elas estão vendo cancelamentos até para 2021.

Considerando os cancelamentos e adiamentos juntos, os impactos registrados até o final de março foram:

90,4%

dos embarques de março, 96,2% dos embarques

de abril, 94,2% dos embarques de maio e 63,5% dos embarques de junho. A Braztoa acredita que haja uma tendência de normalização a partir de agosto, com os cancelamentos se estendendo, no entanto: atingem 26,9% dos embarques previstos para o segundo semestre de 2020 e 3,8% de embarques para 2021.

IMPACTO ECONÔMICO

Em termos financeiros, esses cancelamentos e adiamentos de viagens somaram cerca de

R$ 3,9 BILHÕES, ou seja, 25% do faturamento de 2019 das operadoras Braztoa, sendo R$ 3,5 bilhões no primeiro semestre, R$ 350 milhões no segundo semestre e R$ 50 milhões em 2021, números que podem aumentar caso se prolongue a crise gerada pela pandemia.

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Dos operadores que tiveram de cancelar viagens, 79% reembolsaram os clientes e receberam reembolsos de pontos de vendas. Quase metade (47%), porém, reembolsou os clientes antes de receber dos pontos de vendas. Os operadores associados à NTA cancelaram mais de 59 mil viagens, afetando cerca de 1,8 milhão de viajantes e tendo reembolsado quase US$ 1 bilhão aos clientes (mais de R$ 5 bilhões).

EMPREGOS

A pesquisa da NTA teve 253 respostas, incluindo 112 operadoras. Mais detalhes: NTAonline.com/ covid-19das operadoras não pretendem central. fazer demissões, 9% pretendem reduzir até 10% do seu quadro de funcionários, 17% vão reduzir até 25%, 15% vão reduzir até 50% e apenas 4% pretendem fazer até 75% de demissões.

Entre 29/02 e 31/03, houve um corte de 10% de funcionários. Quando questionadas sobre o mês de abril

55% Para não demitir,

78%

das empresas promoveram reduções de carga horária e salários, 74% deram férias a seus colaboradores, 22% promoveram licenças remuneradas e 20% suspenderam contratos temporariamente.


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10 Entrevista

PERGUNTAS PARA

MAGDA

NASSAR PRESIDENTE DA ABAV NACIONAL

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Durante live no Portal PANROTAS sobre a MP 948, a chamada MP do Consumo, o secretário de Desenvolvimento e Competitividade do Turismo, do Ministério do Turismo, William França, citou a presidente da Abav, Magda Nassar, diversas vezes em sua fala, como tendo sido fundamental para mostrar e convencer a pasta da gravidade da situação vivida pelo setor de Viagens e Turismo, especialmente o de agências de viagens e operadoras. Do semblante cansado e denotando urgência, em uma reunião virtual com o secretário a dados técnicos apresentados, em parceria com outras entidades, Magda Nassar tem sido imparável no gerenciamento dessa crise. E o mesmo se deu com outros ministérios, com fornecedores (o vice-presidente da Gol, Eduardo Bernardes, saiu da live com o ministro do Turismo, também no Portal PANROTAS, e já agendou reunião

com Magda), associados e o mercado em geral. Até quem não é abaviano se rendeu ao trabalho de Magda, que divide os louros e o esforço com nomes como Marco Ferraz, Roberto Nedelciu, Carlos Prado, Alexandre Sampaio, entre outro slíderes. Em nossas redes sociais, muitos elogios à sua atuação. Mas o que falta fazer e sair do papel, já que estamos apenas no começo dessa luta? Que recado, dicas e conselhos Magda tem para os agentes de viagens nesse momento? Como o Turismo vai sair dessa? Ela pode não ter todas as respostas, mas temos certeza de que está buscando com muita vontade, foco e disciplina. Parafraseando o apresentador William Bonner: “Tá cansada, né Magda? Mas vai passar”. E acrescentamos: “muito graças ao esforço de lideranças empresariais e setoriais como você”.

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ção: em 2019 as agências Abav movimentaram estimados R$ 33,9 bilhões em vendas)

RP – Qual a recomendação para o agente de viagens nesse momento, no que diz respeito ao relacionamento com o cliente? MAGDA – Esse é o grande momento do agente viagens mostrar o seu principal diferencial que é o atendimento individualizado. Organizar e comprar uma viagem diretamente com os fornecedores pode parecer mais econômico num primeiro momento, mas o que essa crise nos ensinou é que para o consumidor final o contato human to human é essencial. Isso ficou muito claro na busca de auxílio em situações das mais corriqueiras, como uma remarcação de bilhete até as grandes operações de repatriação em que muitas das nossas agências estiveram à frente, mobilizando companhias aéreas e embaixadas até a intervenção do Ministério das Relações Ex16

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teriores. Foram verdadeiras operações de resgate de milhares de brasileiros que ajudamos a trazer de volta ao Brasil. Se ainda há uma recomendação a fazer é de que ele, profissional de viagens, tire o melhor proveito possível dessa experiência, e se mantenha próximo e sempre disponível aos clientes que lhes são fiéis, e também dos que conquistaram no momento em que os seus serviços foram essenciais na vida de quem buscou o atendimento de uma agência de viagens.

RP – A campanha “Adie” deu resultados? Qual o índice de cancelamentos, adiamentos ou de quem ainda aguarda para decidir? MAGDA – Deu muito certo, principalmente pela repercussão e alcance que teve e continua tendo. Diversas entidades e meios de comunicação replicaram a mesma mensagem, o mercado aderiu muito rapidamente e o recado chegou ao consumidor final. O relato das nossas associadas é de que os índices de cancelamento diminuíram gradativamente no último mês, e podemos afirmar que a grande maioria tem conseguido negociar as remarcações com os clientes. Na média, as taxas de cancelamento não ultrapassam 20% dos atendimentos, segundo reportes dos presidentes das Abavs estaduais e do DF. RP – Como a Abav avalia as medidas tomadas pelo governo em relação às empresas, empregos e Turismo especificamente? MAGDA – Temos um longo caminho ainda pela frente, especialmente para que as medidas provisórias publicadas que trouxeram soluções para o setor sejam efetivamente aprovadas e transformadas em lei. Mas até aqui os passos dados são importantes, porque consolidam em nível federal acordos que estavam sendo costurados individualmente pelos Estados, sem um consenso nacional – caso das medidas que envolvem as questões trabalhistas, fiscais, tributárias e agora as consumeristas, com a tão aguardada publicação da MP 948.

PERGUNTAS

MAGDA

REVISTA PANROTAS – A Abav Nacional tem estimativa das perdas no setor de agenciamento de viagens desde o início da crise com o novo coronavírus em fevereiro (casos na Ásia e primeiro caso no Brasil)? MAGDA NASSAR – Para quem tinha uma operação forte com a Ásia, a crise começou obviamente mais cedo, com o anúncio de surto na China, mas numa escala mais baixa, considerando o fluxo menor de viagens no continente. Para os demais, que são a grande maioria, a crise se intensificou quando o vírus alcançou a Europa, que é um carro-chefe de vendas para os brasileiros. Agravada com a decretação global de quarentena, as vendas paralisaram. Entre nossas agências de viagens associadas, a perda estimada no faturamento é de 90% a 95%, em média. (Nota da Reda-


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RP – O que é urgente e ainda não foi feito? MAGDA – A Abav apresentou através de parlamentares emendas aditivas à MP 948 e nossos principais pleitos foram a validade da remuneração da agência de viagens, a exclusão do índice de correção e outros temas prioritários, como a questão da responsabilidade solidária do agenciamento, que consideramos um absurdo que ainda exista. Nesse item, particularmente, estamos trabalhando incansavelmente com os ministérios do Turismo e da Justiça. RP – As empresas (fornecedores) no geral se prepararam bem para atender os pedidos de reembolso e remarcação? Onde estão os principais gargalos? MAGDA – Desde o início da crise, ainda com os casos de coronavírus concentrados na China, uma das nossas primeiras medidas foi solicitar aos fornecedores que mantivessem canais ativos e atualizados sobre o status das operações e que facilitassem as remarcações e ajustes necessários sem custo aos consumidores. Reforçamos a disseminação dessas informações replicando todos os comunicados do mercado e isso seguiu de forma contínua. Com o agravamento da situação e a decretação de pandemia, o grande gargalo está na falta de agilidade na resposta às solicitações de remarcação, até porque muitos

fornecedores diminuíram ou limitaram os canais de atendimento. A Abav todos os dias trabalha com os fornecedores para que esses canais sejam mais eficientes. RP – Qual a recomendação da Abav em relação à comissão dos agentes de viagens quando as viagens já foram pagas e devem ser reembolsadas? MAGDA – A remuneração das agências de viagens é justa e não passível de reembolso, considerando ser entre todos os fornecedores envolvidos, o único vinculado a serviço efetivamente prestado. Diferentemente da transportadora aérea e dos meios de hospedagem que neste momento estão, infelizmente, impossibilitados de prestar serviços, a agência de viagens é a intermediação necessária para viabilizar o atendimento ao cliente, seja com as remarcações, acerto de créditos ou outros acordos e ajustes entre as partes. Continuamos trabalhando ferrenhamente para que isso se torne lei. RP – A retomada se dará por que segmento? Doméstico? Lazer? Corporativo? MAGDA – Acreditamos que haverá uma demanda reprimida por viagens de lazer, especialmente depois desse longo período de isolamento. Mas será muito natural que esse movimento aconteça com as pessoas plane-

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jando viagens curtas, para destinos próximos da sua localidade, então nesse sentido as viagens domésticas e principalmente as regionais devem prevalecer. O corporativo, na medida em que é essencial para os negócios, também pode retomar rapidamente com o término da quarentena, embora em menor escala. A indústria do Turismo terá no doméstico uma movimentação importante para a economia do País. RP – Quando deve ocorrer essa retomada? Já há indícios de quando o passageiro vai querer viajar? MAGDA – Essa é a pergunta mais difícil de responder neste momento, porque não temos uma data estimada para o fim da pandemia. Tendo como base a situação de países que decretaram a quarentena antes do Brasil, vemos uma hipótese de que em junho ou julho aconteça uma retomada gradual do mercado global de viagens, na medida em que também as fronteiras vão sendo reabertas e as companhias aéreas, que hoje trabalham com uma malha emergencial, retomarem também gradativamente as operações, assim como meios de hospedagem e outros serviços de receptivo. Não temos dúvida de que nesse momento teremos uma demanda reprimida por viagens e a resposta do mercado com boas ofertas vai direcionar essa retomada. RP – Como avalia o papel da Abav e do agente de viagens nesses dois primeiros meses de crise? Onde houve acertos? Onde pode melhorar? MAGDA – Eu tenho dito que os agentes de viagens são também os grandes heróis desta crise, que mesmo com o faturamento completamente comprometido, sem qualquer expectativa de vendas neste momento, têm se mantido 100% operacionais no atendimento aos seus clientes – e até dos que não são clientes, como já mencionamos – trabalhando jornadas dobradas para dar vazão ao aten-

dimento necessário. E buscar a sustentabilidade dessas empresas tem concentrado todos os esforços da Abav nos últimos dois meses. Partimos de cinco medidas emergenciais de enfrentamento em que mobilizamos os ministérios do Turismo, da Economia, do Trabalho e da Justiça na elaboração das medidas provisórias – e agora na pressão para a votação nas devidas instâncias – e temos dialogado quase que diariamente com instituições financeiras, buscando a abertura de canais e atendimento às nossas agências de viagens interessadas nas linhas de crédito disponíveis. Estamos atuando em todas as frentes possíveis e assim seguiremos durante a travessia desta que é, seguramente, a maior crise da nossa geração. Nosso maior acerto foi despertar o reconhecimento do mercado sobre a relevância do papel das agências de viagens dentro do setor.n

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MAGDA

NASSAR

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O TURISMO EM PAUSA

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PARIS FRANÇA Silvia Helena de Cerqueira, da Hola Tours e do blog Direto de Paris, do Portal PANROTAS.


FERNANDO DE NORONHA Hayrton Almeida, da Luck Noronha/ Atalaia Turismo

Mande suas fotos para a Revista PANROTAS (redacao@panrotas.com.br) e nos inspire e ajude a pensar a retomada das viagens 22 a 28 de abril de 2020 — PANROTAS

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Check Point Vinicius Novaes

CUIDANDO DA SUA MARCA EM 6 PASSOS Publicitário e sócio-fundador da Lew’Lara TBWA, Luiz Lara foi o convidado da terceira live Check Point, uma série da PANROTAS e Imaginadora, com parceria da R1, que aconteceu na última quinta-feira (17) no Portal PANROTAS e a página da empresa no Facebook. Lara deu algumas dicas práticas para os profissionais de Turismo diante da pandemia do novo coronavírus. O executivo tem experiência com Turismo desde a Paulistur e Embratur na década de 1980, passando pela campanha “Aruba é do Caribe” nos anos seguintes e nos últimos dois anos atendendo como agência de publicidade da CVC. O publicitário afirmou que, apesar de crise gerada pela pandemia do novo coronavírus, as pessoas ainda mantêm vivo o sonho de viajar. “O mundo parou, mas o sonho não acabou”, garantiu Lara. De acordo com ele, o Turismo é feito de acordo com a essência de cada um, além de proporcionar o encontro das pessoas. Citando o escritor português José Saramago, Lara falou sobre as experiências que as viagens proporcionam. Cuide da saúde de sua empresa e da sua saúde física e mental. É preciso estar bem para atravessar esse momento e iniciar a retomada. Pense nos seus colaboradores e se comunique bem com eles, qualquer que seja a decisão a ser tomada.

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Esteja presente, se comunique com o cliente e com o consumidor. Ausência de imagem não existe. Essa ausência pode levar à criação, por outros, de uma imagem falsa, ou à substituição do seu lugar no mercado pela imagem de outro. Se está com problemas, seja verdadeiro. O Brasil flerta com o abismo, não deixe a ausência de imagem sua gerar imagens ruins falsas. Se eu fosse um agente de viagens, faria lives diárias e chamaria clientes

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Luiz Lara deu dicas às empresas de Turismo para esse período de crise econômica e de saúde

para revivermos juntos os momentos que eles passaram em viagens com a minha agência, mantendo esses momentos e sonhos vivos. É hora de estar ao lado dos clientes, não de vender, mas podemos trabalhar o desejo. Somos habitados por memórias, momentos mágicos, como dizia Saramago.

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Acredite na retomada.

Modernize seus canais e suas ofertas neles. O Turismo já era mais multichannel que qualquer setor, invista nisso. Ser vai ser mais importante que Ter, como diz o especialista em Branding Luis Grottera (veja na página 24), portanto invista no valor compartilhado, na experiência. Turismo tem a grande vantagem de poder oferecer isso ao consumidor.

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Para os profissionais: não desanimem. Procurem trabalho e não emprego. Turismo é gente, leve valor às pessoas. O trabalho no Turismo vai mudar e será mais comum termos contratações por projeto, apesar de ainda termos uma lei trabalhista rígida.

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Lara também concordou que o Turismo vai retomar primeiramente com viagens domésticas e eventos de menor porte. E em um segundo momento, com essa busca de mais memórias e sonhos, no internacional. Quanto aos eventos, ele acredita que haverá uma volta com restrições, mas mesmo depois de uma vacina, esse momento nos ensina que os eventos precisam e podem ser ressignificados, atingindo, com tecnologia, uma parcela maior de público, o que vai demandar redesenhos e reprecificações, mas com valores novos e maiores.n


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Artigo

A INDÚSTRIA DO TURISMO VAI GANHAR MERCADO PÓS CRISE Nos últimos dez anos tenho desenvolvido vários projetos para a área do Turismo. Desenvolvi know-how, procedimentos, critérios, métricas para o setor. Passei a ter um enorme carinho por essa indústria e, ao conhecê-la a fundo, tinha absoluta convicção que essa seria uma das indústrias de maior crescimento no mundo durante esse século. Até que um raio caiu sobre a cabeça da Terra e nos encontramos no auge do pandemônio da pandemia! E os players do Turismo sendo abalroados por todos os lados: quarentena, cancelamento de reservas, gerenciamento de fluxo de caixa... até mesmo o risco de virem a ser forçados a receber potenciais doentes em suas instalações, coisa dramática para o branding dos hotéis. Nesses 30 dias de quarentena, entre os calls realizados para ajudar meus clientes a saírem da crise, tenho lido muito e escutado muitas fontes. E refletido. Não estou entre aqueles que acreditam que essa crise vai trazer transformações profundas. Todos nós vamos estar preocupados em recuperar os negócios. 24

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Luis Grottera é o consultor sênior da Rosenberg Grottera Business e Branding, criador da metodologia Branding Como Modelo de Gestão. Foi o responsável pelo rebranding do Beach Park em 2012 e, desde então, incrementou seu portfólio no setor com projetos para empresas como Atlântica, Grupo GPK de Gramado, Costa do Sauípe, Snowland, Termas de Jurema e Slaviero, somando mais de 20 negócios.

Teremos mudanças pontuais expressivas, tais como um espaço cada vez maior para o home office e reuniões por call, no nosso cotidiano. Vai ser um reinício duro. O Turismo vai sofrer transformações. Como em toda recessão, alguns players do setor vão ganhar share, outros perderão, os que já vinham com problemas correrão risco sério. Mas não creio que terá mudanças estruturais e que haverá uma reinvenção. Até porque o Turismo é uma indústria que já vem passando por transformações profundas na última década. Não conheço nenhuma indústria que mudou tanto na área de comercialização e distribuição. Não há nenhum negócio tão multichannel.

Por outro lado, acredito que haverá uma mudança dos valores dos consumidores pós-coronavírus: o crescimento da importância do SER, em contraposição ao TER. Nada adiantou TER um supercarro, parado durante a quarentena. Nada adiantou TER a maior e melhor televisão do mercado, se o dono dela ficou com os olhos grudados para assistir às notícias ruins, que só ampliavam o seu medo. Armários lotados de roupas não utilizadas, relógios caros que marcavam um tempo inerte. Em compensação, fez muita diferença SER uma pessoa com a cabeça mais aberta, com uma visão de mundo mais ampla, com a dimensão da vida pelo País e pelo


mundo, com uma relação mais íntima com a natureza. A experiência do Turismo é campeã em gerar esses valores. É ela que nos faz ter uma visão da diversidade, de entender novos pontos de vista, de apreender a riqueza humana e a importância essencial de preservar a natureza. É vitoriosa uma pessoa em sua casa, sentada na poltrona, lembrando de sua viagem à Europa, a visita ao parque aquático brincando que nem criança com seus filhos, a última viagem romântica para uma pousada de charme, ou o momento em que conheceu a imensidão da Cachoeira da Fumaça, na Chapada Diamantina. Para sustentar esse ponto de vista, gostaria de destacar o twitter do correspondente da Reuters na China, sobre o ocorrido no primeiro final de semana que a China aliviou a quarentena: as atrações turísticas do país superlotaram! O governo aproveitou a data do Qing Ming, quando reverenciam seus ancestrais e ofereceram entradas gratuitas no final de semana, em homenagem aos mortos na pandemia. Foi o suficiente para superlotar as atrações turísticas. Vale a pena também ler a pesquisa realizada pela PANROTAS e a Consultoria MAPIE (baixe de graça em www.trvl.com.br), cujas principais conclusões provam a maturidade com

que o consumidor do Turismo está tratando o setor e os seus sonhos de viagem. Destaco: 55% das pessoas entrevistadas foram impactadas em suas viagens já planejadas. Desses apenas 23% cancelaram, as demais adiaram ou estão esperando os desdobramentos. É muito significativo. Tanto o índice de 55% da amostra que tinham viagens planejadas ou compradas, como o fato que apenas um quarto dessas pessoas saírem no desespero a cancelar suas compras. Diante desse quadro, recomendo a todos players dessa indústria que mantenham o otimismo sobre o futuro. Que façam os ajustes necessários para o curto prazo, sem tirar de perspectiva o médio e longo prazo, pois cortes realizados no momento do desespero custam muito caro para serem refeitos. Que não percam o foco para as transformações e melhorias que já vinham fazendo nos seus negócios. Que aperfeiçoem suas orientações de administrar tendo como alvo o melhor para o consumidor. Que protejam e agreguem valor em torno da sua marca, porque o branding será, mais do que nunca, vital para o sucesso do seu negócio depois que toda essa confusão terminar. Afinal o Réveillon vai chegar. O carnaval de 2021 também. E a guerra vai voltar a ser quem ganha mais mercado.n

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Eventos corporativos (na pandemia) Beatrice Teizen

LIVES QUE APROXIMAM

Em um cenário de isolamento, distanciamento social e quarentena, as transmissões ao vivo vêm sendo uma alternativa para debater temas, desafios e tendências e aproximar, mesmo que virtualmente, elos de diferentes cadeias. No setor de Viagens e Turismo não está sendo diferente e diversas empresas, representações, entidades e executivos estão, cada vez mais, criando opções e apresentando lives recheadas de conteúdo para o mercado. Nesta semana, o setor de viagens corporativas, principalmente, trouxe nomes importantes e debateu sobre diversos temas. Veja a seguir um resumo dos encontros on-line.

AVIAÇÃO Os impactos na aviação civil, diante das medidas regulatórias, fechamento de fronteiras e queda brusca da demanda de passageiros, foram tema da live realizada pela Tour House, que contou com o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz, e o diretor da Delta para o Brasil, Fabio Camargo. De acordo com Sanovicz, quando a pandemia se instalou, o País possuía aproximadamente 2,8 mil voos diários. Com a diminuição da demanda doméstica de 90% e praticamente 100% da internacional, uma das primeiras medidas tomadas foi obter junto à Anac a redução da malha normal para a essencial, com cerca de 170 operações diárias, correspondendo a 8,4% da malha normal e atendendo 27 capitais e 19 cidades consideradas essenciais no ponto de vista de transporte de mercadorias. O presidente da Abear acredita também que a capacidade de resposta das aéreas será muito rápida, assim que os passageiros começarem a se sentir seguros e confortáveis a voar novamente. A principal mudança que ele enxerga, relacionada à retomada – que ele afirma que haverá, só não se sabe quando –, 26

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será o exercício dos agentes de viagens e profissionais da cadeia de se adaptarem à nova realidade da recuperação primeiramente da aviação doméstica. “Se pensarmos em daqui seis meses, eu apostaria em um reforço das ações de promoção, vendas e marketing no mercado doméstico, em distâncias mais curtas. E só em um segundo momento no internacional, que vai demorar mais tempo para retomar sua estrutura anterior.” Para Camargo, o comportamento do viajante será diferente, principalmente, porque o mundo será outro. As companhias prezarão ainda mais a questão da limpeza e este quesito acompanhará o mercado daqui para frente. A flexibilidade também será um ponto transformado, tendo em vista que as empresas se adaptaram absurdamente ao momento atual.

EVENTOS No setor de eventos, o que vai mudar no comportamento do consumidor e na rotina do gestor? Como será a volta? O que os profissionais podem esperar? O atual momento e expectativas foram debatidos em transmissão da Alagev, em parceria com a GJP Hotels & Resorts. “Haverá um período de cuidados grandes para os participantes aderirem aos eventos. Quando tudo isso acabar, teremos que dar a garantia real de que o local e as pessoas estão protegidos para não serem infectados, sem contar o aspecto psicológico. Será uma retomada bem tímida, mas, quando a crise passar, acredito que teremos recorde de participação em shows, eventos esportivos e feiras, por exemplo”, comentou o CEO da Tour House Eventos, Mateus Passos. Além de uma mudança nas agências de eventos e empresas clientes, os for-


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necedores também estão passando e passarão por uma transformação profunda, já que estão sendo extremamente afetados. Companhias aéreas, hotéis e provedores de tecnologia vêm agindo para tentar mitigar os efeitos da crise. Para a diretora de Marketing e Vendas da GJP, Ana Masagão, a mudança nos hotéis já está acontecendo, como o reforço na higienização, mas alguns hábitos e medidas, que não são tão comuns, se tornarão definitivos, havendo uma verdadeira quebra de paradigmas da indústria hoteleira. “Algumas práticas, como o bufê, será que vamos manter? As toalhas terão de começar a vir embaladas ou então teremos de sinalizar dentro do quarto que tal item foi higienizado? Será uma mudança desde a forma como os serviços são prestados e o que os clientes pedirão e os hotéis terão de se preparar para atender essas demandas.” E OS CFOS? Como os CFOs de empresas de diferentes segmentos estão encarando o momento atual da pandemia da covid-19 e que medidas estão sendo tomadas para tentar mitigar as perdas decorrentes da crise na visão destes líderes foi o assunto principal do SAP Concur Show, da SAP Concur. Neste momento, é mais importante do que nunca ter uma posição forte de liderança. É preciso pensar na saúde mental e física de todas as pessoas do ecossistema da companhia, assim como flexibilizar e proteger a base de clientes. Ter uma visão de longo prazo, pensando na saúde financeira da empresa, na alavancagem, na reestruturação de dívidas, em alongamento de prazos em geral e na revisão de custos ou despesas que geram receita. O diretor financeiro do Grupo Oncoclínicas, Eric Alencar, mostrou a sua visão como o responsável da área de finanças de uma empresa que precisa continuar operando fisicamente nas clínicas e hospitais, já que atua na gestão e administração de serviços para pacientes com câncer. Sob o lado financeiro, o grupo gastou 400 vezes mais em máscaras do que gastava antes. Diante disso, as questões de investimento, fusões, aquisições e capex estão sendo analisadas para entender quais são as decisões inteligentes para a empresa no momento. Para 28

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Alencar, não é a hora de correr riscos, mas, sim, de ser conservador, ter solvência, sobrevivência e tranquilidade. “O cenário é muito novo, dinâmico e fluido. Precisamos tentar manter as coisas atualizadas e tentar acelerar o processo de tomada de decisão. Focar na gestão de risco, é preciso ter comitês de crise já estabelecidos. Planejar é necessário e utilizar esse plano também, assim como acelerar a tomada de decisão”, finalizou o CFO da SAP Brasil, Paulo Mendes. IMPACTOS NO SETOR A Stabia TMC reuniu especialistas do mercado de viagens e eventos corporativos para falaram sobre o impacto do novo coronavírus no setor e debater quais são as tendências e oportunidades encontradas no pós-pandemia. “Não sabemos ainda quando será a retomada, estamos trabalhando em estratégias já programadas, mas muito

atentos que tudo está mudando a cada momento. Gestores de viagens têm de estar alinhados ao planejamento, com todas as mudanças, e, então, desenhar o programa de viagens com base nessa estratégia”, contou a gestora de Viagens do Ebanx, Andrea Matos. Um ponto importante é manter toda a cadeia viva. Equilibrar o caixa, buscando dinheiro dos clientes que têm mais saúde para apoiar, e negociar com os fornecedores, tentando entender a situação de cada um. Assim, a retomada pode vir mais rapidamente, com as empresas tendo fôlego de recuperação e sobrevivência. “Em eventos, por exemplo, não teremos com quem contar, quando a demanda voltar, se nós não garantirmos a sobrevivência de toda essa cadeia. Como vou entregar um bom evento em termos de transfer, equipamentos, RSVP etc. se eu não tiver as pessoas que normalmen-


te me atendem garantidas? Se quisermos ter essas pessoas que já conhecem a nossa demanda, cliente final, política de compliance, eu preciso conseguir que elas sobrevivam”, pontuou a CEO da Evento Único, Roberta Nonis. Para o presidente do Reserve, Luís Vabo, as providências pré-covid-19 continuam, mas é preciso pensar também nas ações pós-pandemia do novo coronavírus. “O que cada uma

das empresas está fazendo para a retomada? Agora é o momento que conseguimos identificar, na cadeia, qual parceiro é parceiro de verdade. Nós vamos sobreviver a essa crise., mas é fundamental mantermos a nossa rede de fornecedores, parceiros e clientes viva. Esse é o momento que vamos exercitar mais do que nunca a negociação e a empatia”, afirmou.n

Victor Fernandes

A VEZ DAS AGÊNCIAS Em webinar realizados pela HIP Hotels, o fundador da Viagens & Cia, Thiago Cuencas, afirmou que "pode parecer loucura, mas a indústria do Turismo será a mais beneficiada quando isso acabar devido à mudança no comportamento humano". O executivo estava acompanhado de Eby Piaskowy, da Queensberry, e Carol Sagioro, da Selections; abordando os caminhos superada a pandemia de coronavírus, focando no relacionamento com clientes. Os profissionais acreditam que, após a crise, as pessoas buscarão valor ao invés de preço no momento de planejar a viagem, assim preferindo agências de viagens e não OTAs. "A sociedade, os clientes, estão vivendo uma situação única, que é um isolamento social enorme que nos priva a liberdade, associado a um dos sentimentos que mais fazem com que o ser humano mude: a escassez. O isolamento e a escassez levam a um processo de reconstrução dos pensamentos, crenças e valores do ser humano, levando a desejar outras coisas. Diante desses ressignificados todos, o cliente quando puder pisar fora de casa e se sentir seguro, vai querer viver da forma mais intensa e natural que existe. O produto viagem é o melhor nesse sentido. OTAs vendem preço, mas não humanização. Clientes voltarão às agências na busca por valor", afirmou Cuencas ao introduzir o assunto. Eby foi enfática ao concordar afir-

"Nós seremos diferentes em um mundo diferente"

mando que "é sem precedentes o que estamos passando, e nunca nos deu tanta oportunidade de estar junto ao cliente. Precisamos aproveitar o momento para passar dicas, informações e construir relacionamentos. O Turismo vem sofrendo com os avanços das OTAs e esta é a nossa oportunidade. Agora é o momento de mostrar seu potencial para o passageiro e

mostrar a necessidade de ter uma empresa, pessoas e assitência por trás da viagem. Mais do que preço, as pessoas vão buscar confiança e segurança". A representante da Queensberry completou afirmando acreditar que o preço vai ficar em terceiro plano e em primeiro estará a assessoria de um agente, acompanhando detalhe por detalhe a viagem de seu clientes. 22 a 28 de abril de 2020 — PANROTAS

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COMUNICAÇÃO HUMANIZADA Carol, da Selections, focou na comunicação necessária às agências durante o período atual. "Buscamos uma comunicação inspiracional para nos conectarmos com os clientes. Nossa função é sermos vetores para os nossos clientes sairem um pouco dessa realidade atual e nossa principal estratégia tem sido tours virtuais. Temos um engajamento maior, mas não é o momento de converter em vendas, e sim nos aproximar dos clientes. Não tem muita dica, é preciso ter empatia, identificação e conexão. É um momento em que todos se beneficiarão a partir da consolidação dos relacionamentos", afirmou. "A humanização é muito importante nesse momento", concordou Eby. O assunto também foi abordado por Cuencas que afirmou: "Estamos diante de uma história que nós vamos escrever. É primordial demonstrar apreço e cuidado, e o manejo das mídias sociais precisará de criatividade. A abordagem e presença serão ressignificadas".n

PARA O GESTOR Pensando no contexto da covid-19, a gestora de Eventos da Bayer, Juliana Patti, levantou dez dicas que podem contribuir para uma nova abordagem no mercado de viagens e eventos corporativos. Confira a seguir:

1. Propor para clientes e prospecções uma experiência de desenvolvimento pessoal, por meio de webinars e eventos sociais on-line. Propor um encontro no final da tarde com conteúdo voltado ao desenvolvimento profissional; 2. Criar um mestre de cerimônias virtual com o perfil da agência para fazer visitas semanais via e-mail marketing; 3. Estabelecer novo modelo de precificação para eventos presenciais e eventos híbridos; 4. Buscar novas parcerias com criadores de conteúdo para eventos, designers de apresentações na web, curadores de conteúdo, profissionais/coachings ensinando como falar pela webcam, pessoas com experiência em marketing digital; 5.Promover reuniões de negó-

cios com fornecedores buscando troca de experiências em eventos, com foco em ouvir cases de inovação já presenciados por eles (que recebem eventos de vários segmentos do mercado). Essa é uma grande fonte de inspiração para receber insights de mercado e recriar novas propostas;

6. Pensar em pacotes de

eventos com desconto para pagamento em maio/junho, com realização no período de até um ano – um “vale evento”;

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7.Promover uma ação solidária

com os clientes para estabelecer conexão e empatia. Por exemplo: Adote um Freelancer / Vaquinha solidária / Hotel Tarifa Solidária;

8.Promover café virtual com os

times para proporcionar interação e gestão remota;

9.Investir em criar uma rotina de

trabalho, incentivar as pausas, não marcar reuniões on-line na hora do almoço e pós-horário comercial;

10. Enviar boletins semanais para

os colaboradores, com dicas de entretenimento, webinars, orientações de relaxamento e incentivo aos exercícios físicon


WWW.TRVL.COM.BR

Inteligência de Mercado para o Turismo As melhores análises para o seu negócio O TRVL LAB - Laboratório de Inteligência de Mercado em Viagens é uma parceria da PANROTAS com a MAPIE para levar às empresas e profissionais da indústria de Viagens e Turismo pesquisas, estudos, análises e eventos exclusivos, aliados à divulgação nas múltiplas plataformas PANROTAS (portal, publicações, redes sociais, ferramentas de marketing, eventos).

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