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MAPa 2012

MAPa 20129

Alexandra Gesta Arquiteta

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CAPITAL EUROPEIA DA CULTURA – MAPA 2012

Foi determinante para Guimarães a preparação e a realização da Capital Europeia da Cultura. Sendo este território muito rico em associações culturais, encontrou assim capital humano para se desenvolver, elevando aos mais diferentes níveis e escalas metodológicas de participação que urgia implementar. Concomitantemente com a Festa, em 2012, atividades culturais de menor escala trouxeram ao território uma dinâmica de raiz cultural que eleva uma autoestima na população, capaz de estimular vontades que nem sempre estavam conscientes. Com o seu epicentro na cidade, a Festa foi fazendo pulsar às coletividades das freguesias mais distantes ao ritmo e ao modo como a população se envolvia nas atividades culturais das suas raízes, atualizando-as em ritmo contemporâneo. De toda a parte do mundo chegavam participantes, público em geral e assim este lugar foi-se tornando numa tranquila agitação. As atividades económicas conheceram momentos fortes e aprimoraram-se para receber quem nos visi-

tava.

Edifícios de uso coletivo, espaços culturais renovaram-se para acolher novas funções e desempenharem novas missões; inaugurados para esse ano estes espaços ficaram, paulatinamente, a desenvolver programas culturais com o objetivo de cada ano atraírem mais público a usufruir destes momentos culturais. Nesta dinâmica centrífuga e centrípeta parecia urgente que uma política urbanística inovasse numa atuação de continuidade metodológica com o processo/projeto de recuperação do Centro Histórico de Guimarães.

9 A Divisão MAPa 2012 foi criada em 2019, na senda de Guimarães – Capital Europeia de Cultura. Com efeito, a partir da aprendizagem metodológica na recuperação do Centro Histórico de Guimarães, a equipa do MAPa 2012 desenvolveria inúmeras ações no sentido da valorização dos recursos patrimoniais, paisagísticos e naturais do concelho de Guimarães, tendo este blog servido para a apresentação em tempo real dos resultados alcançados por esta equipa da Câmara Municipal de Guimarães, cujas publicações cessaram em 2013 com a extinção da Divisão (Retirado do site Mapa 2012).

Valorizar recursos patrimoniais, paisagísticos e naturais do concelho foi missão assumida pelo MAPa 2012, divisão municipal criada por proposta da vereadora Alexandra Gesta (2009-2013) e aprovada em reunião de Câmara. MAPa 2012 passa a ser chefiado por Ricardo Rodrigues – arquiteto, e tutelado politicamente por Alexandra Gesta, vereadora, com a experiência da recuperação do Centro Histórico de Guimarães, experimentando-se um projeto participado em todo o concelho.

Fábrica Âncora (atual Centro Ciência Viva), foto de Paulo Pacheco

CENTRO HISTÓRICO – PROJETO PARA GUIMARÃES

Aquando do 1º Encontro Nacional de Técnicos Locais, a 18 de junho de 1986, escrevi na comunicação que apresentei:

“A construção de um modelo de intervenção na área do Centro Histórico não pode deixar de ser referida como a conceção dum modelo global de cidade. A reabilitação do Centro Histórico de Guimarães referir-seá a uma estratégia e às tendências sensíveis do desenvolvimento urbano e a um modelo possível para a cidade, tal como se as atuações em perspetiva visassem a reabilitação e a reintegração de qualquer outra unidade morfológica, de qualquer data, na cidade existente.” Acreditava-se e defendia-se que a recuperação do CH de Guimarães seria uma experiência laboratorial sempre numa atuação dialética com o restante território para o qual se pretendia qualidade urbanística em contínuo e harmoniosa leitura do campo de intervenção.

MAPA 2012

Este projeto territorial olhou para todo o concelho com uma perspetiva inovadora de modo a incluir na atuação urbanística todos os recursos e vontades dos autarcas e população de maneira integradora e multidisciplinar capaz de produzir e concretizar lugares agora atualizados nas memórias e tradições das populações.

Desde a reabilitação do parque de lazer das Taipas, passando pelo ProxectoTerra – intercâmbio territorial entre Guimarães e Galiza para alunos do secundário, à reabilitação do último moinho de Moreira de Cónegos, num processo exemplarmente participado, elevando ao ponto de toda a execução ser feita em voluntariado, gerando, por isso, também uma verdadeira nova centralidade. A reconversão, no Mosteiro de Souto S. SalSite do MAPA, foto de Paulo Pacheco vador, do espaço de ação social e residência paroquial, e o estudo do percurso do parque de Selho/Hídrica de Sumes. Muitos outros projetos desenvolvidos podem ser vistos no site MAPa 2012, site esse que é exemplo de um inovador modo de comunicar, pois ele apresenta em tempo real os trabalhos executados por esta equipa municipal. Não se pode deixar de referir o projeto então desenvolvido e executado cuja visibilidade mediática mais deu que falar: o Bairro de Nossa Senhora da Conceição.

REABILITAÇÃO DO BAIRRO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO

Localização: Azurém Data: junho de 2011 Área: 53.824,78 m2 Orçamento: 2.294.090,04 €

Estado: Projeto Executado

Sinopse: O projeto de reabilitação do Bairro de Nossa Senhora da Conceição partiu de uma vontade comum de proporcionar melhores condições de habitabilidade e salubridade a uma

Bairro de Nª. Sª. da Conceição, foto de Miguel Oliveira

franja de população do centro urbano de Guimarães à altura segregada numa zona de habitação social em franca degradação. Aproveitando o desejo anunciado à fábrica Lameirinho pela designer espanhola Agatha Ruiz de la Prada, de oferecer um mural à cidade, o MAPA2012 propôs que esse mural fosse aproveitado para a transformação positiva de uma das principais entradas na cidade, designadamente na transformação do Bairro de Nossa Senhora da Conceição e envolvente. A intervenção proposta pelo IHRU - Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana constituiu uma oportunidade para Câmara Municipal de Guimarães, através do MAPA2012, desenhar uma proposta mais alargada, envolvendo os espaços públicos, a população residente e várias associações e entidades locais interessadas em aderir ao projeto. Paralelamente à intervenção material, a ideia do mural, então concebido especificamente para cada uma das faces dos 4 blocos, serviu de base para se repensar a entrada noroeste da cidade e inverter um ciclo depreciativo a que esta zona e os seus habitantes estavam sujeitos. A cooperação e participação dos residentes foi essencial. Os moradores foram envolvidos em todas as decisões, numa assembleia plenária onde puderam votar as várias propostas apresentadas pelo MAPa2012 para as fachadas. Esta ação participada no processo de reabilitação proporcionou aos moradores a possibilidade de serem agentes ativos, apropriando se e abraçando um projeto primeiramente destinado a eles. O envolvimento dos parceiros Dyrup, Lucios e Lameirinho, contribuiu para o estabelecimento de uma sinergia orgânica, que capacitou o projeto de se tornar mais sustentado no tempo. No final da obra, foi realizada uma grande festa de São João, que uniu os esforços de várias associações locais - Fraterna, Círculo de Arte e Recreio, Vinte Arautos, Trovadores do Cano, Cineclube-e da associação de moradores do bairro, numa comemoração participada por mais de 4000 pessoas. Imagem do Cartaz da festa de S. João Em termos de estratégicos, a reabilitação do bairro de Nossa Senhora da Conceição enquadrou se num programa de mediatização com o objetivo de tornar este um caso visível por força do que nele é singular e

específico. Através de um trabalho que compreende a médio prazo o favorecimento de novas formas de aprendizagem dentro do próprio bairro e de apoio à criação e à expressão popular, num espírito integrador, foi claro através dos resultados desencadeados por este projeto, que também é nestes espaços que se sedimenta uma história comum e urbana da cidade de Guimarães.

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