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jornal literário Número 6 - ano I - maio de 2014
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m mineiro desce pelo funil desativado de um vulcão. O elevador não é usado desde Adão e Eva e seu rangido enferrujado perturba o sono dos gigantes tectônicos, que espreguiçam terremotos em outro hemisfério. Cada camada vencida são mil graus a mais de temperatura. Ele se refresca com nitrogênio líquido numa garrafa térmica. A porta abre no núcleo de ferro da Terra, que um dia serviu de dedais para Deus costurar o universo. Uma bolha de ar o deixa desembarcar. Ele senta na cadeira em frente a uma escrivaninha. Sopra a película de estrelas sobre o papel e lê as letras apagadas: Olaria das Letras n.6. Agradeço a todos os participantes pela colaboração.
Editorial
Boa leitura. Henrique Vale
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edição: Henrique de Almeida Barbosa do Vale (Henrique Vale) textos: Henrique Vale, Elias Antunes, Rômulo Reis Oliveira, Marcus Groza, Aline Borba, Jim Carbonera, Petronilla Alice Meirelles, Jaqueline Lisieski Steinbruck, Moacir Luís Araldi, Daniel Perico Graciano, Ana Claudia de Souza de Oliveira, Bianca Ferraz Bittencourt, José Ronaldo Siqueira Mendes, Ana Esterque Dohi, Joaquim Lopes, Sônia Regina Rocha Rodrigues, Vânia Campos Machado, Rosemary Hanai, Tahira-can Campos Machado Sanchez, João Batista dos Santos, Guilherme Pimenta. ilustração capa: Orion (Márcio Oliveira)vetores Henrique Vale
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a astronave corta as cutĂculas das estrelas tentando escapar de suas unhas de fogo no mar tenebroso os novos navegantes buscam a receita da eternidade onde cada planeta ĂŠ um ingrediente na cozinha do universo. Henrique Vale
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SUAS MÃOS Elias Antunes Suas mãos Cobrem-me de notícias. Suas mãos voam na memória. Suas mãos fendem a noite como furacões. Suas mãos cavalgam na chuva. Suas mãos semeiam lagos na paisagem do dia.
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DIVULGAÇÃO Sobre Deuses & Pássaros - Livro de Elias Antunes ( Kelps, 2013) - livro de histórias de ficção. Baú de Cinzas - Divino Damasceno (Kelps, 2013) -livro de poesia
jornal literário Cada livro sai pelo preço R$12,00 (R$10,00 livro + R$2,00 frete) Para adquirir as obras envie um e-mail para:
jeliasantunes@bol.com.br
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Desafio Literário
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omo desafio do mês de março o tema foi «cebola». Publicamos as poesias e os minicontos classificados.
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POESIA
1ºLugar Elias Antunes O MITO DA CAVERNA
Uma sombra não traduz a verdade. Ela precisa sair pelas ruas encontrando pernas apressadas trotando o asfalto de suor e de fuga, cheiro de corpos e almas, transeuntes, cheiro humano de cebola, cascalho e pequi; luz batendo em cada detalhe de olhos precisos como cristais surrupiando a lua e as estrelas metálicas e compreender as viagens e a brisa e o temporal desenhar no coração a geografia do abismo e dos restos mortais e decifrar o torpor do sol e o vôo das pedras dentro da alma e conduzir brancos carneiros pela alameda e porcos também e outros bichos, pois a beleza, como a sombra, não traduz a verdade.
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2ºLugar –Rômulo Reis Oliveira A cebola e o amor 3ºlugar-Marcus GrozaA cebola e o amor três forcas A cebola é muito semelhante Ao sentimento do amor Falar de amor vende bastante E a cebola tem seu vendedor
no meio da praça
A cebola tempera a comida A cebola melhora o sabor O amor é o tempero da vida Não existe vida sem amor
feridos labirintos
sete caminhos tortuosos desertos da sua palma onde entusiasta
Os dois unidos nessa brincadeira Todo dia na nossa rotina Encontramos a cebola na feira O amor a cada esquina A cebola nasce da terra O amor nasce no coração A cebola no choro se encerra O amor tem a mesma função.
plantei um chão de quintal com brinquedos e álibis a cada refeição tirando do seu prato as cebolas e os fantasmas estirpe de inimigos que não se extingue com esta mania mequetrefe minha de semear flores
4ºlugar – Aline Borba
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Uma lágrima com versos, folhas e cheiro Um olhar com avesos, contextos e mãos Uma lembrança sabor cebola, lagrimejante, com rimas e flores.
turbilhões dentro dos formigueiros e esperar que saiam ventanias da terra rachada
5ºLugar –Jim Carbonera Cebola Amante
gosto do cru da cebola pois chorar de prazer é sempre delicioso.
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6ºlugar-Petronilla Alice Meirelles O carnaval da cebola 7ºlugar-Jaqueline Lisieski Steinbruck A cebola foi ao baile na cozinha da esquina. Os legumes reclamaram: - Pare história, menina! A cebola muito sensível começou logo a chorar. Suas lágrimas muito ardidas. Fez o povo todo chorar. A batata gritou logo: - Deixem a cebola em paz! -Nada de preconceito somos amigos de paz! - Vamos enxugar as lágrimas e começar a dançar! Todos ouviram a batata, Que com doçura falava. Logo a festa bombou num carnaval sem igual Pula cebola e alho. Pula cebola e repolho. Pula cebola e tomate. Pula dentro do sopão. Ai meu Deus que confusão!
9ºlugar- Daniel Perico Graciano A plantação de cebolas como rodopiam no vento carregado de miomas teus colares feitos de poemas, no gosto avermelhado de teus fonemas, a tempestade lacrimeja roxas primaveras por murchas pálpebras de cebolas.
10ºlugar- Ana Claudia de Souza de Oliveira Salada
O alho disse pra Cebola - Ai, meu olho! E a Cebola ameaçou a Banana: - Não chora! A Banana descascou o Pepino: - Vê se não azeda! O Pepino avisou a Manga: - Vou cortar teu mal pela raiz! Mas foi a Pimenta quem se inflamou contra a Batata: - Pode vir quente que eu tô fervendo, assim falou, toda ardida! Já o Marmelo aproveitou pra zoar de todo mundo: - Chupa essa Manga! Foi quando a cabeça da Cebola explodiu de vez: - Vamos acabar com esse Salseiro, a-go-ra! Ninguém mais pisou no Tomate.
Sou como uma cebola Me descasque, me corte E te farei chorar.
8ºlugar- Moacir Luís Araldi Nuzinho em pelos Siga com tudo. Siga falante, Apanhe a margarida, Dê boas gargalhadas, Deixe risadas espalhadas, Abrace a “rapaziada”. Sorria para a vida Daqui não se leva nada. Deboche das esquinas, Siga no proibido O ridículo também pode ser vivido. Dê um sorriso para o tempo. Abra a boca, coma o vento. Pegue a mão do destino, Picolé para o menino, Abra os braços pra voar O coração para amar. Desalinhe teus cabelos, Sinta-se nuzinho em pelos. Lágrimas só as tolas, Pelo efeito da cebola. Se por sozinho optar Beije a felicidade ao se abraçar.
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Miniconto 1ºlugar - Bianca Ferraz Bitencourt Das semelhanças De todas as coisas que você deixou ao ir embora, ficou apenas a cebola na geladeira. E quanta semelhança! De todas as camadas, o que ficou de você e o que não foi usado da cebola é aquilo que ainda me faz chorar.
2ºLugar- José Ronaldo Siqueira Mendes Cerne Segurou-o nas mãos pegajosas. Debulhou uma camada com auxílio de uma faca. Estava procurando o âmago, outra camada, para entender o que acontecera. Outra camada. No fundo, Fagner cantava...cebola cortada, meu bem, que arde e me faz chorar...Outra camada. Alguma coisa no coração dela, no centro, o fez chorar.
3ºlugar- Ana Esterque Dohi A sopa Chorava, chorava. Aproveitou o momento para chorar as mazelas do passado. Chorou o futuro também. E a sopa de cebolas começava a borbulhar na panela enquanto o coração ardia.
4ºlugar –Joaquim Lopes Dona Lili Cebola A anca larga e sensual ofuscava o pescoço alto e esguio. Enlevado, libertou-a da capa cor de mel. Arrebatado, arrancou-lhe mais dois véus translúcidos. Alcançou, então, emocionado, o corpo níveo que procurava, enquanto as lágrimas lhe rolavam cara abaixo.
5ºlugar- Sonia Regina Rocha Rodrigues O saboroso tempero do amor.
Ora doce, ora picante, a história dos dois, picando cebola e alho, trocando receitas e carícias, na cumplicidade da cozinha.
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6ºlugar- Vania Campos Machado Cebola Me cortam em pedaços, arrancam meu coração, separam minha pele do resto do meu ser. Enquanto lágrimas sem nenhum sentimento caem inevitavelmente dos seus olhos.
7ºlugar – Rosemary Hanai Cebola Multifaces, multidimensões… assim nos dispomos, sobrepostos, condensados na imensa roda. A cada corte, a água brota...
8ºlugar- Tahira-can Campos Machado Sanchez Sopa de Letras E então, de um dia para outro, tudo fazia sentido. Olhando para a sopa Marquinhos não via só macarrão e pedacinhos de cebola ou salsinha flutuando. As letras começavam a se juntar e as primeiras palavrinhas iam nascendo.
9ºlugar- João Batista dos Santos Ele Igual a Amièl, o sentimental que dedicou sua vida a se auto-analisar, através do seu Diário Intimo, quanto mais ele se conhecia, quanto mais ele sabia sobre ele mesmo, mais ele se perdia. Até que um dia se sentiu como uma cebola: totalmente descascado, e, no fim, achou o nada.
10ºlugar- Guilherme Pimenta Puentes Hipnotizado pelo que todo mundo lhe dizia ser certo, ele mordia a cebola e se convencia de que era uma maçã. E ainda se perguntava porque chorava tanto.
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