Edição 29

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André T. Susin/O Caxiense

Viagem de negócios

ESFORÇO

Elenco grená não irá a Camboriú (SC) curtir a praia, mas a bela paisagem deve servir de inspiração

À BEIRA-MAR

Na intertemporada grená, o técnico Julinho não deve dar descanso aos atletas. Continuará mandando repetir jogadas cinco, seis vezes se preciso for

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por MARCELO MUGNOL marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br ão há quem vislumbre o mar que avança horizonte adentro e não se sinta a menor das criaturas. A tímida espuma da onda minúscula que se esparrama pela areia é só uma pequena porção da volúpia dessa paisagem. Ainda mais quando se trata da sinuosa e sedutora costa de Santa Catarina. Talvez por isso há quem defenda a tese de que Santa Catarina não combina com trabalho. Serve apenas para curtir os prazeres da vida. É como se o Estado todo fosse um grande parque de diversões para crianças, jovens e adultos. Mas o esquadrão grená vai provar que Santa Catarina é o cenário ideal para o Caxias plantar a semente do maior sonho de 2010. O Caxias decidiu fazer uma viagem de negócios. Afinal de contas, nada mais de acordo com um clube que tem a mentalidade de empresa do que encarar uma temporada de treinamentos como uma viagem de negócios. Em vez de reuniões exaustivas, os atletas vão enfrentar demorados ensaios táticos. Quem depara pela primeira vez

O Caxiense

19 a 25 de junho de 2010

com Julinho Camargo, o treinador do Caxias, nem imagina quão exigente ele é. O Julinho é daqueles caras tranquilos, bem-humorados, atenciosos. Mas dentro de campo, trabalhando com os atletas, o jeito manso de falar desaparece. Entra em cena um sujeito determinado, que sabe muito bem aonde deseja chegar. Julinho é daqueles que interrompem um ataque cinco, seis vezes se for preciso. E manda repetir, sem pena. Faça chuva ou sol. Ao mesmo tempo, Julinho é um treinador que enxerga na união do grupo uma arma imbatível pra contra-atacar qualquer adversidade. Foi assim no Gauchão. “Nunca escondi isso, nosso time tinha limitações. Mas nunca faltou à nossa equipe a força do grupo, a união, a responsabilidade, o profissionalismo. Nunca faltou entrega ao nosso grupo.” Mesmo que o negócio seja a bola rolando, a armação das jogadas, a integração no gramado dos novos atletas que chegaram, Julinho ainda entende que os jogadores precisam conviver mais juntos. Antes de mais nada é bom que

se repita que o Caxias vai a Santa Catarina, na sua temporada em Camboriú, entre os dias 22 de junho (terça-feira) e 4 de julho, a trabalho. Lembrem: é uma viagem de negócios. Até para estancar de uma vez as piadinhas de que o pessoal vai lá fazer turismo. Senão vai ficar complicado para Osvaldo Voges explicar às esposas e namoradas dos atletas o que seria inexplicável. Brincadeiras à parte, Julinho explica direitinho os motivos da intertemporada em Camboriú. “Um dos objetivos é tirar o jogador daqui. A convivência do grupo em hotel, viagem, vai fazer bem a eles. Vai ser uma oportunidade de se conhecerem melhor, de se integrarem, já que tem gente nova no elenco”, sintetiza o técnico, pensando bem no que dizer – afinal de contas, para quem não percebeu ainda, o Caxias vai se preparar dentro da casa dos inimigos. Chapecó, terra da Chapecoense, e Criciúma, lar do clube homônimo, se alguém faltou às aulas de geografia, são cidades catarinenses. “Pode ser até que a gente consiga ver algum jogo dos nossos adversários (que estão jogando a Copa

SC), mas o principal objetivo é a nossa preparação. Decidimos ficar em Camboriú porque é uma cidade estratégica. Fica perto de Florianópolis, de Itajaí, ou mesmo se quisermos jogar algum amistoso no Paraná, é mais fácil sair dali do que sair de Caxias”, argumenta. O Caxias já tem acertados dois jogos, com o Marcílio Dias, em Itajaí, dia 26 de junho, e com o Metropolitano, a princípio no dia 1º de julho, em Blumenau, mas essa data pode mudar. A intenção de Julinho é que o clube possa jogar ainda com algum dos times grandes do Paraná: Coritiba, Atlético ou Paraná. A escolha por Camboriú, defende Julinho, não tem nada a ver com a beleza da praia, mas sim com a localização e os bons campos de treinamento. O Caxias deve usar o estádio municipal e mais um gramado particular para os treinos de “lapidação das ideias táticas”, que é como Julinho chama o estágio da preparação em Santa Catarina. Mas, se depender do sinuoso e sedutor recorte da costa catarinense, o Caxias voltará inspiradíssimo para o início da Série C.

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


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