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rece-te
Claro que também pensei no prestígio, nas condições que ofereciam, nos boatos sobre as que “escravizavam” mais ou menos, mas quando estamos na Faculdade não passam apenas disso e é difícil ter uma perceção clara e justa do que é o mercado de trabalho, mas bem, tentei a minha sorte. Entrei num bom escritório de advogados e fiquei nervosa desde dezembro de 2018, altura em que fui selecionada, até setembro de 2019, data em que comecei a ser tratada por Dra. (coisa muito portuguesa), ainda que me faltasse aquilo que o sistema considera mais importante – o crivo da ordem: “Dra. Maria Francisca, advogada” (sem o “estagiária”)
Fiz o estágio, o exame à Ordem com relativo sucesso (não com grande distinção, mas dizem que é irrelevante), mas não me sentia concretizada como acho que uma pessoa de vinte e poucos anos se deve sentir: pelo menos, no caminho para o ser Decidi sair.
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Escrever em Portugal, fazer disso vida, é muito difícil, e por mais que trabalhemos desalmadamente, é um caminho desafiante e com poucas pistas do que fará de nós bem-sucedidos: é um primeiro livro arrebatador e sucesso de vendas? Talvez, se for sobre culinária ou autoajuda. Logo aqui, falhei. É a consistência, as apresentações constantes em bibliotecas? A presença nas redes sociais de forma regular e entusiasta? Os leitores querem ler uma miúda de 25 anos?
Sabia que ter estudado Direito era um selo de qualidade no meu currículo: alguns de vós terão ouvido os pais a dizerem que “ mesmo que não queiras ser advogado, tira Direito”. Continua a ser verdade. Saí de advocacia (sou uma advogada com a Ordem suspensa, para não pagar quotas – nem entremos por aqui, não pensem nisto!), e vi-me desempregada, com um manuscrito para “vender” a uma grande editora (publicado o ano passado, chama-se “A Profeta”) e com pouca vontade de regressar. Comecei a estudar outra área, Comunicação, entrei numa agência de comunicação (onde as skills que adquirimos em Direito, como a organização, o pensamento metódico e o poder argumentativo são valorizados), passei pela MegaHits, e, atualmente, trabalho como freelancer.
