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rece-te

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Maria Francisca Gama

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@mariafranciscagama

Estava no ensino secundário, com um livro publicado (“Em Troca de Nada”) e outro em processo de publicação (“Madalena”), e referida pelos mais distantes como uma das “futuras escritoras da nova geração”, quando os mais próximos me alertaram de que estava na altura de decidir o curso de ensino superior a que me iria dedicar, e de encarar a escrita como um hobbie. Gostava de Direito (ou da imagem que tinha daquilo que era o exercício da profissão) e estava certa de que poderia conjugar ambas as coisas: pensei que poderia vir a ser juiz – mais tarde, mudei de ideias: advogada.

Durante os quatro anos em que a Faculdade de Direito me acolheu, recebi-a também de braços abertos: não sei onde me lês, mas eu passava uma boa parte do meu tempo na Biblioteca, num daqueles lugares junto à janela, rodeada de códigos minuciosamente anotados e cheios de post-its. Se estás neste momento nesse lugar, duas coisas: não te vais lembrar do que te custou estudar (temos essa capacidade maravilhosa de reprimir traumas), e as memórias que te vão ficar serão muito mais as dos sucessos, principalmente os partilhados – seja porque acabaste uma cadeira com uma boa nota, seja pelo facto de a teres feito quando te parecia impossível, do que do tempo que passaste a estudar, e te pareceu que o Mundo estava contra ti (em princípio, não é verdade).

Ainda no primeiro semestre do quarto ano, assustada com todos aqueles que já se tinham candidatado e entrado em escritórios de advogados, e sem estar certa se queria fazer mestrado, candidatei-me também: levei a cabo dois processos de recrutamento, e baseei o envio do meu currículo em dois critérios – a opinião dos professores de quem gostava sobre esses mesmos escritórios (ou se trabalhavam lá), e a opinião daqueles com quem não simpatizava tanto sobre esses mesmos escritórios (se trabalhassem lá não me parecia um sítio apelativo).

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