Espera! Há uma parte da história que não está errada, vocês têm razão quando dizem que a mulher é delicada, porque com tantos anos de operações, vocês já levariam porrada. Vocês aplaudem o que eu falo nessa sala, mas lá fora não faz sentido, vocês me dão ouvidos, mas ignoram os meus gemidos. Falar de desigualdade social é uma coisa que todo homem pode até falar, mas nunca sentirá na pele o que uma mulher costuma passar. Por isso vim aqui contestar, na verdade “filho” só é bênção quando você não vai criar. Fuga à paternidade e ponto de interrogação. Eu vim falar sobre exclusão e opressão, por pressão para tocar na moral, Spoken Word, palavra falada, poesia marginal. Falar com vontade, pouco importa se doer, essa é a realidade. E dessa vez minha cabeça está erguida, nas tintas se para ti for a santa ou amargurada oferecida, quero validar minha presença na rua, em casa, não me ensine a andar no chão com objectivo de me cortar a asa. Sou a justificação das rainhas africanas e a sua grandeza até às lutas da revolução francesa e se o assunto, aqui, for de género, direi que é engano porque independentemente de tudo, somos seres humanos, com colhões ou com vagina, sem comparações, sou muito menina. Sou a representatividade que se procura agora, sou Ginga, sou Lurdes, Olympe de Googes, sou Lua de Angola, sou mulher, e capaz de fazer tudo aquilo que eu quiser.
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