Bruno Milheiro dá cor à nossa capa com a sua vontade de viver

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Bruno Milheiro “Gosto de viver!” PORTUGAL • Nº 116 • NOVEMBRO 2022 Distribuição exclusiva a profissionais • Preço de Capa: € 7,50 Rui Motty AASO e a prioridade à vida!
"Eu vou mudar a visão sobre os óculos com a Phibo"
2022 Uma nova ótica em nome do planeta
Fabien Blon
SEE Summit
*Com base num estudo realizado em 2020 pela Eurosyn, numa amostra representativa de 102 consumidores localizados em França. © ESSILOR INTERNATIONAL. As lentes ESSILOR® e VARILUX® são qualificadas como dispositivos médicos nos termos previstos no Regulamento UE 2017/745. 9/10 CONSUMIDORES QUEREM VOLTAR A UTILIZAR LENTES

A festa da ótica!

Novembro foi um mês de agitação. Enquanto o panorama económico continua em rápida mudança, os consumidores ajustam-se e a ótica não abranda. A prova disso está na nossa “conversa” de capa. Precisávamos de um exemplo de inquietude para nos tranquilizar quan to a este futuro que por natureza é incerto, claro. Bruno Milheiro foi isso mesmo! Positivo, dinâmico, atento e muito feliz. Ensinou-nos a olhar a realidade dos negócios e da vida de forma direta e sem hesitações. A sua inspiração? A vida, vivida todos os dias sem esperas e sem compassos lentos. A sua paixão pelo presente leva-o a tomar as decisões certeiras para a sua Óptica Milheiro, garantindo sucesso para o negócio familiar do Barreiro. No seu olhar seguro e no sorriso fácil redobrámos energias para acabar o ano como se começa um ciclo: com esperança!

A esperança está também no investimento sempre mais alargado no futuro do planeta co mum. A indústria da ótica está ganhar nova velocidade em direção ao verdadeiro significado de sustentabilidade. E porque temos os melhores profissionais do mundo, em Portugal nasceu um movimento, composto por um conjunto de organizações e personalidades proe minentes do setor e de fora da ótica, comprometido com a “vigilância” e a promoção das práticas mais “verdes. Nós também quisemos participar deste capítulo incrível da história que escrevemos desde o número 1 da nossa revista. A Millioneyes é uma das sócias fundado ras da Associação de Apoio à Sustentabilidade da Óptica (AASO), com orgulho, sim, mas cientes da enorme missão que está pela frente. Afinal é a sobrevivência que está em cheque e, à imagem de Bruno Milheiro, queremos viver em pleno. Ainda neste capítulo, cobrimos uma cimeira britânica que deslinda os passos dianteiros em relação à nossa AASO sobre a sustentabilidade na ótica. O trabalho que a Associação de Óticos Dispensadores do Reino Unido tem feito é exemplar e deixamos-lhe aqui um guia sobre o que se faz em prol do planeta além fronteiras.

A chegada do frio não abranda as celebrações, os novos começos, a investigação avançada e muito menos a criatividade. E nós estamos acelerados e atentos. Comprove isso nas próxi mas páginas. Inspire-se ainda na nossa entrevista ao mentor da Phibo Eyewear, Fabien Blon, que viu para lá dos óculos “normais” e já foi premiado por isso. A ótica está aqui, sempre, de olhos num futuro melhor, na sua Millioneyes.

Estatuto Editorial / Sinopse

A Millioneyes é uma revista profissional dedicada ao setor da ótica, contando com presença integral online através da plataforma isuu.com.

A Millioneyes tem o objetivo de cobrir os acontecimentos específicos do seu setor e retratar a informação de forma rigorosa, com toda a dedicação e competência.

A Millioneyes traz uma abordagem íntima, atualizada e assertiva sobre o setor da ótica em Portugal, es miuça perspetivas de outros países sobre a situação do mercado, retrata tendências em óculos, expõe dados científicos essenciais aos técnicos da área com o apoio dos oftalmologistas e optometristas e aborda de forma inédita os empresários que gerem os estabelecimentos nacionais.

A Millioneyes compromete-se a respeitar os princípios deontológicos e a ética profissional aplicada à ativi dade profissional dos jornalistas, assim como a boa fé dos leitores, através do trabalho dos seus colaborado res e diretor. A Millioneyes é independente do poder político e de grupos económicos, sociais e religiosos.

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por
do
social | Sede de Redação– Rua Elísio de Melo,
18 ALL EYES ON YOU Bruno Milheiro “Gosto de viver!” 22 SOCIAL EYES Ótica Vilaflor Um ritmo suave de ótica 16 WHAT’S NEW Guia Prático de Terapia e Treino Visual Abrir caminho para melhores práticas 10 FRAME OUT Tavat Os óculos para sempre 31 IN YOUR EYES Hoya Inteligência Sensity renovada 35 EYES OF THE WORLD MIDO 51ª edição com foco especial nos visitantes 24 EYES WIDE OPEN Rui Motty AASO e a prioridade à vida! #ÍNDICE
Diretora: Patrícia Vieites | Editora: Carla Mendes | Redação: Carla Mendes, Mariana Teixeira Santos, Célia Esteves, Marlene Maia | Design e Paginação: Paula Craft | Fotografia: Ruy Coelho, Sara Marilda | E-mail: millioneyes@outlook.pt | Tel: 96 232 78 90 | Periodicidade: Mensal | Tiragem: 2000 exemplares | Impressão: Uniarte Gráfica, S.A | Preço de capa em Portugal: 7,50 euros Depósito Legal n.º 419707/16 | Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusive comerciais. Os artigos de opinião e os seus conteúdos são da total responsabilidade dos seus autores. A MillioneyesTM é propriedade da Parábolas e Estrelas – Edições Lda. com sede na Rua Manuel Faro Sarmento, 177, 4º esquerdo, 4470-464 Maia, Portugal | NIF: 510195865 | Gerente/Diretor - Cristóvão Jesus - Detentor de 100
cento
capital
28, S 38 – 4000-196 Porto | Qualquer crítica ou sugestão deve remeter-se para: millioneyes@outlook.pt

LUZ SOB CONTROLO

Transitions é uma marca registada e o logotipo é registado por Transitions Optical, Inc. A sua utilização está sujeita a autorização por parte da Transitions Optical Limited. GEN 8 é uma marca registada pela Transitions Optical Limited. A performance fotocromática é influenciada pela temperatura, a expositção aos raios UV e matéria da lente. Armação Caroline Abram® - Lentes Transitions Gen 8 Amethyst. *Lentes inteligentes que se adaptam automaticamente às variações de luminosidade. DESCUBRA AS 7 CORES DISPONÍVEIS
Brun Gris
Amber Sapphire Amethyst
Graphite Green
Emerald

Merry Christmas

2023 É UMA NOVA OPORTUNIDADE

Festejámos em 2022 os nossos 10 anos de mercado e a consolidação da marca em território nacional, com a ajuda de uma embaixadora portuguesa, a Áurea, que nos fez crescer em notoriedade e vendas. Na Opticalia temos sempre os olhos postos no futuro, disponibilizando para a rede o apoio em publicidade, marcas exclusivas, financiamento, formação, assessoria e soluções para os desafios do mundo digital. 2023 PODE SER O ANO PARA SE JUNTAR A NÓS.

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MONOQOOL

Charme cru

A marca independente dinamarquesa anunciou o lançamento de In the Raw, a campanha que destaca as criações para o outono/ inverno de 2022/23. Com inspiração industrial, o design eyewear e a arquitetura “regenerada” nórdica colidem em imagens “cruas” e plenas de texturas e pormenores vanguardistas. A campanha foi realizada num edifício de uma antiga fábrica, tirando-se partido das cores e do interior revitalizado, no quarteirão trendy de Kløvermarken, em Copenhaga. Em destaque estão 12 novos modelos, de tons vibrantes e silhuetas perfeitas para qualquer ocasião. São materializados na avançada poliamida com a que a Monoqool tem vindo a celebrizar-se, impressa a 3D, e unida às hastes em aço inox.

BLACKFIN

Novos horizontes de design

As mais recentes armações Razor da marca transalpina buscam novos níveis de atrevimento. São dois exemplares oversized, de formatos geométricos e materializados com extrema leveza, graças a uma engenharia micro-mecânica especial. Port Cartier denomina a peça unissexo, assinalada pela ponte reta no frontal e as cores que variam entre um azul suave, roxo ou bordeaux e os clássicos preto ou dourado champanhe. Já o Goose Bay atreve-se num desenho hexagonal num fúcsia néon , verde mar, bordeaux, preto ou dourado rosa. E em adição às hastes com extremidades ajustáveis e ergonómicas com o logótipo da Blackfin e às plaquetas em PVC anti-alérgico, a linha Razor tem ainda a charneira patenteada de uma só peça, numa solução de alta tecnologia que permite um detalhe de design de luxo.

HEMP EYEWEAR

Uma tradição que se perpetua no eyewear Esta fabricante escocesa decidiu homenagear a longa tradição nacional do tecido tartan, enquanto promove materiais sustentáveis. “O nosso objetivo é surpreender e deliciar os seguidores de óculos com peças que são inspiradoras e sustentáveis. Desenvolvemos as nossas armações tartan durante dois nos e estamos felizes por finalmente partilhar estes modelos feitos à mão com todos”, declarou o fundador Sam Whitten. O processo de fabrico começa a moldagem de ambos fibras de cânhamo e tecido tartan. Os formatos dos óculos são depois cortados e acabados usando ferramentas rotativas e um polimento com base numa combinação de óleo de uva (um subproduto da produção de vinho francês) e pó de pedra. O resultado surge sob forma de três armações, disponíveis em dois tipos de tartan, MacDonald Clan Modern and Irish National, provenientes dos cortes da indústria dos kilt

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TAVAT

Os óculos para sempre

A marca de estilo intemporal e caráter industrial apresenta uma nova campanha que transmite os seus valores basilares, tanto ao nível de uma construção, que reúne o melhor da manufatura e da tecnologia, como do design que se atreve em variações de desenhos eyewear inesquecíveis. Para a nova temporada as armações renovam-se em materiais e cores, em que o acetato surge com formatos poderosos e tonalidades elétricas e o aço inox exibe-se na charneira patenteada.

COCO SONG E CCS

O Oriente no rosto

Estas coleções desenvolvidas pela empresa italiana Area 98 inspiram-se na beleza e sensualidade do mundo oriental. Seda bordada à mão com cores mágicas e delicadas plumas, frontais boémios com uma nota romântica e uma inserção em ouro de 24 quilates são alguns dos apelos destas armações das linhas Coco Song e CCS. As marcas Area 98, presente diretamente em Portugal desde agosto, através da profissional Joana Almeida, são feitas em Itália, no estilo transalpino que celebrizou esta produção, e querem demarcar os rostos femininos na temporada 2022/23.

MINIMA

A liberdade de ser criança Numa resposta apropriada à morfologia de pequenos aventureiros, a Minima apresenta 25 novos óculos coloridos, sem dobradiças e com hastes, perfeitamente, flexíveis, em formato morfológico e trendy. A nova coleção Minima Hybrid Junior 3 tem um sistema inovador que simplifica o uso de óculos, garantindo a sua segurança e durabilidade. Adicionalmente enchese de cor e uma variedade de desenhos, ao ritmo da personalidade de cada criança. A marca está em Portugal sob exclusividade da CCVO Beyond Optical Care.

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Edifício Premium Rua Miguel Serrano, nº9, 6ºAndar 1495-173 Mira ores, Portugal | Contacto: +351 210 004 552

GÖTTI

Preciosos e apaixonados

Os óculos em chifre da Götti fazem-se de amor, cuidado e paixão e as novas peças Bloom e Bautista são prova disso. Fabricadas à mão para serem únicas, poderosas e audazes, suavizam-se nas arestas redondas e nas colorações delicadas, para garantem um estilo elegante e precioso. A expressividade marcante permitida pelo desenho pleno de detalhes singulares garante uma experiência de uso notável.

VICTORIA BECKHAM

A cor como vida

A designer britânica, em conluio com a fabricante Marchon, propõe tonalidades revigorantes para os dias amenos de inverno. Lentes e armações contrastam cores plenas de energia para criar impacto no guardaroupa e no estado de espírito. Os formatos geométricos declinam em arestas arredondadas que suavizam o desenho para criar um estilo universal, que favorece todos os tipos de rostos femininos.

SNOB MILANO

Um abraço à natureza

A marca italiana introduz a nova gama Bio Lux, com um pensamento ecoresponsável tanto ao nível das matérias como dos processamentos. Esta nova família de produtos da Snob Milano provém de um percurso de pesquisas e experiências para a escolha de novas soluções na produção de óculos, sempre mais compatíveis com o ambiente que nos rodeia. Tudo isto a par e passo com a procura incessante de mais qualidade e padrões estéticos apurados. Em 2022 a casa milanesa acrescenta ainda uma nova vantagem às suas peças solares ao incluir lentes Zeiss solares, produzidas com nylon amigo do ambiente, obtido a partir de materiais alternativos de base biológica e geridos com uma produção em massa equilibrada e com uso de eletricidade renovável. O novo material sustentável mantém as características, padrões e desempenho da poliamida, podendo assim continuar a garantir a alta qualidade do produto.

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#WHAT’S NEW

F3M

Entre as melhores empresas para se trabalhar em Portugal

A empresa do setor das tecnologias da informação e comunicação ocupa um dos lugares cimeiros do ranking que reconhece as melhores práticas de re cursos humanos do universo empresarial português. A F3M integra a lista das Melhores Empresas para Trabalhar, ocupando o 15º lugar. Com este reconhe cimento, que distingue entidades com um bom clima organizacional e que se destacam por uma atitude responsável perante colaboradores, ambiente e so ciedade, a F3M consolida o seu papel e preocupação para com a responsabi lidade social interna e externa. A organização e responsabilidade do estudo e da elaboração do ranking é da revista Exame e do ManpowerGroup Portugal.

GUIA PRÁTICO DE TERAPIA E TREINO VISUAL

Abrir caminho para melhores práticas

Os optometristas ligados à Universidade do Mi nho, António Baptista e Carlos Silva, lançaram o Guia Prático de Terapia e Treino Visual. Representa o primeiro ao nível da terapia visual, treino visual e otimização das capacidades visuais em Portugal e visa dotar os profissionais da área com soluções simples, práticas e económicas. A obra de 192 pá ginas editada pela LIDEL quer contribuir para o melhor desempenho visual de atletas, melhorar a leitura, reabilitar o olho preguiçoso e mitigar a vista cansada perante ecrãs. Destina-se a optometristas, oftalmologistas, ortoptistas, psicólogos, enfermei ros e preparadores físicos. “Diversos problemas de visão podem ser resolvidos através de terapia visual e com resultados muito bons, como na in suficiência de convergência e na insuficiência de acomodação, condições com prevalência elevada e que provocam sintomas como fadiga ocular, vi são turva, visão dupla e dores de cabeça, princi palmente em atividades de visão próxima (leitura, escrita, trabalho de secretária/computador)”, frisou o também docente António Baptista.

VISIONPLUS EXPO

Segunda edição encerra com nota positiva A feira de ótica, que aconteceu entre 19 e 21 de outubro, no Dubai, recebeu uma resposta muito positiva de todos os participantes, com o registo de visitantes vindos de várias parte do globo. Entre as marcas destacadas, a organização da VisionPlus Expo apontou Zeiss, Vision Rx, Rolf, Andy Wolf, Zilli, Charriol, Any Di, Vava Eyewear, Lafont, Minima, J.F.Rey, Opal, Demetz, Monogram, Lancel, Azzaro, Tokai, Schnei der, MEI, entre outros, garantindo uma exposições rica de eyewear, tecnologia, lentes e as demais categorias. “Estou feliz e agradeço aos visitantes assim como aos expositores que demonstraram o seu carinho e apoio à VisionPlus Expo. O sucesso desta edição reforça a posição do Dubai como um hub global para a comunidade profissional da ótica. Na conclusão, quero assegurar a todos os envolvidos na feira que estamos confiantes em trazer uma terceira edição ain da maior, em 2023!”, declarou Siraj Bolar, editor da FourPlus Media, responsável pela realização do certame. De destacar ainda os prémios VP, em que um painel de jurados indicou os que consideram ser produtos de destaque da indústria.

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#ALL EYES ON YOU

BRUNO MILHEIRO

“GOSTO DE VIVER!”

Como é que uma empresa com 65 anos mantém a sua juventude? No caso da Óptica Milheiro o segredo está em Bruno Milheiro. É representativo de uma terceira geração que cresceu entre avô, pai e, claro, os óculos. Precisávamos de saber como se mantém a “alegria da ótica” depois de tantos anos e tantas alterações ao setor. Fácil! Bruno é um amante da vida. Gosta da sua vida profissional, diversifica-a entre várias áreas para crescer enquanto gestor; gosta de ajudar, porque sente o chamamento perante alguém em dificuldades, mas sem pretensões, só coração; gosta da vida, com desafios e alegrias, sem esmorecer. O cliché “o que não nos mata tornanos mais fortes” tem-no presente quando há obstáculos, porque para este ótico, “não custa viver, custa é saber viver!” E falou-nos de forma descomplicada sobre a forma como tem gerido um negócio com mais de meio século, baseado nas aprendizagens que persegue e na experiência de 25 anos de ótica. Claro que, o seu antecessor, José Milheiro, ainda anda por perto, mas com a plena consciência que lançou a empresa para o melhor gestor.

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Fotos: Ruy Coelho

E Bruno tem já a seu lado a quarta ge ração. A sua filha Bruna Milheiro está a acabar o curso de optometria e já vive a dinâmica da ótica diariamente, levada, talvez, pelo mesmo sentimento de amor à empresa familiar que o pai. Na realidade é reconfortante ouvir falar de um futuro que ainda está por vir de forma tão assertiva, sóbria e, acima de tudo positiva. Sejam quais forem os desafios impostos, Bruno Milhei ro procura sempre antecipar-se, com grande sentido estratégico e de sorriso no rosto. Tem em si uma alegria que nos faz tremer e lança as suas ideias de forma leve, relativizando tudo e inspi rando quem o ouve, assim involunta riamente.

Ao mesmo tempo que cita estudos de mercado, que explica onde procura ideias para garantir que as suas empre sas estão na vanguarda, mesmo que lo calizadas numa pequena comunidade, sorri sob as memórias de dias felizes. Aprendeu a lutar pela sua felicidade ao observar o avô e pai a trabalharem mais do que a fazer seja o que for nas suas vidas. Assim, como resposta à pergunta: “quem é o Bruno fora da ótica?” recebemos um louvor à vida, feliz e com todas as certezas. “Embora se diga que é na terceira geração que as coisas se baralham (risos) e por isso tenho que ter cuidado”, finalizou com o seu inevitável humor. Estamos an siosos por ver as conquistas que ainda estão para vir desta família especial do Barreiro.

É uma história de ótica muito bem enraizada com todos os altos e baixos de um setor vivo e dinâmico. Como é agarrar um projeto com tantos anos? No fundo, tem que se ser fiel aos prin cípios preestabelecidos. Eu cresci com

o meu pai e com o meu avô e apreendi o que me ensinaram sobre o negócio, nomeadamente ao nível dos valores. Paralelamente, tive que me ir adaptando ao mercado, o que é essencial. A ótica está sempre em evolução e nos últimos anos cada vez mais, tanto tec nologicamente como ao nível do con sumidor. Os clientes entram nas lojas muito bem informados e sabem quase tanto como os profissionais. Tivemos mesmo que adaptar o atendimento, através de formações, embora o ser viço mantenha os mesmos princípios. As informações estão à mesma dis tância para todos e temos conseguido acompanhar o ritmo.

O seu avô ficaria em choque com a atual realidade?

Acredito que sim. Eu comecei a traba lhar com 19 anos e na altura vendia -se tudo, não havia questões sobre que segmento comprar. Hoje não, temos que pensar bem qual o nosso posicio namento.

O Bruno tem um pensamento predominantemente de gestor e menos de ótico?

Sim, mas admito que me faltam ferramentas, porque a realidade da ótica é a única que conheço e aprendi-a com o meu pai e o meu avô e com os anos de experiência. Por isso mesmo, quando a minha filha Bruna demonstrou interesse em integrar o negócio, disse-lhe que antes tinha mesmo que conhecer outros universos de negócio, por ela e pela Óptica Milheiro. E assim foi, in tegrou grandes estruturas de consumo com perspetivas interessantes. E isto no seguimento do que sempre digo: temos mesmo que pensar grande, mesmo agindo localmente.

A passagem de gerações tem sido pacífica na Óptica Milheiro?

O meu pai sempre esteve aqui com o meu avô, portanto a passagem de tes temunho foi um processo normalíssi mo. Comigo também. Comecei por ter uma ótica própria aqui perto. Durante dez/12 anos fazia a minha gestão, mas trabalhava em conjunto com o meu pai e até partilhávamos colaborado res se necessário. Eu ainda expandi da Baixa da Banheira para a Moita e para Alhos Vedros. Finalmente, ao fim de mais de uma década, há 15 anos, fundi mos tudo sob a mesma gestão. Ainda assim, já trabalhávamos em parceria na parte humano-logística e as pessoas nem distinguiam as empresas, sabendo que éramos pai e filho. Acabámos as sim por reunir seis lojas sob a mesma marca, porque na altura fazia sentido. Usava-se estar posicionado em vários pontos através de lojas pequenas, para ter área geográfica. O mercado entre tanto mudou e passou a fazer mais sentido ter menos lojas, mas maiores.

O seu pai está mais retirado?

Ele já há uns anos que só faz consul tas e já me avisou que depois das férias passava a vir cá só duas ou três vezes por semana. Mas não acredito(risos)! Já o meu avô, depois de reformado, vinha à loja todos os dias, o meu pai vai ser igual e provavelmente eu também. Está-nos enraizado, é a nossa primeira casa.

Como se cria uma relação tão forte com uma área profissional?

Nunca houve nenhuma pressão para que seguisse as passadas da família. Isto é o amor da minha vida, sem pre senti isto assim e a minha filha também veio atraída pelo setor, sem

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"Acredito na valorização da componente humana do setor, acima da digital, embora seja vital estar presente nas duas"

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obrigação. Aliás, “empurrá-la” para conhecer outras realidades foi, preci samente, para ter aquele compasso de tempo e descobrir se era mesmo isto o que queria. No entanto, veio e é o meu braço direito, como eu fui do meu pai e o meu pai do meu avô. Tudo natu ralmente.

Quando passou a gerir a empresa hou ve mudanças expressas, entre outros fatores, na imagem renovada. Quando pensei em mudar a imagem pedi ajuda a quem tinha know-how e me conhecia. É difícil transmitir 65 anos de ótica, passar a ideia de uma empresa familiar com um toque especial e isso tinha que estar implícito na nova imagem. E já estamos a congemi nar a próxima, incluindo a minha filha e a restante equipa. É importante para quem olha para as nossas campanhas que nos reconheça, trata-se de um toque mais pessoal. Aliás, o mundo digital tem afastado as pessoas umas das outras e temos necessidade de transmitir algo mais, mesmo porque a concorrência é feroz e competir pelo preço não vale a pena. A confiança é essencial e é a esses locais que as pes soas recorrem. Não temos uma política de vendas agressiva, porque queremos transmitir segurança. Claro que, também temos a particularidade de estar mos numa região onde esta estratégia tem mais peso. Se fosse em Lisboa, é provável que optasse pela imagem do Institutoptico, onde estamos associa dos e cuja fundação teve a participa ção do meu pai.

No entanto não têm a típica imagem do grupo na fachada. A determinada altura mudámos a imagem para uniformizar com as restantes lojas associadas, no entanto, na nossa zona, passou a ideia de que a loja tinha mudado de gerência. A nossa marca é mais forte aqui.

E a sua descendente assume que posi ção na Óptica Milheiro?

A Bruna está a estudar optometria, já no último ano. Aqui seguimos uma ideologia que já o meu pai impunha, temos que passar por todos os segmen tos dentro da empresa. E a Bruna tem passado por todos as áreas da ótica, assim está preparada para qualquer crise. Claro que, a gestão da Óptica Milheiro será o papel principal da Bruna.

Satisfaça a nossa curiosidade relativa mente à participação no programa televisivo da TVI, A Tarde é Sua. Como se meteu nessa aventura?

Foram três anos de programa e aconte ceu por acaso. Sempre gostei de ajudar e acho que todos temos um dever solidário e as empresas ainda mais. Lem bro-me que estava a ver a rubrica Dr. Saúde e senti necessidade de ajudar a pessoa em causa naquele episódio do programa. Mandei um email para a TVI a dizer que queria ajudar. Recebi uma resposta automática como se quisesse ajuda e, por isso, liguei a explicar que o que queria era contribuir. Só passados,

pelo menos, seis meses contactaram -me do programa da TVI a perguntar se ainda queria participar. Aceitei, claro. Entrámos na dinâmica de irmos ao estúdio gravar ou eles virem aqui. Podia ter tirado mais partido daqui lo, mas ouvi muitas vezes de clientes na loja algum ressentimento por não oferecer óculos aos clientes mais anti gos. Por isso assumi mesmo a postura de dar, sem pedir nada em troca e sem publicitar a empresa. Se ganhei muitos clientes por causa do programa? Não sei, mas que criou burburinho, isso sim, e deu dimensão à marca.

Já falámos sobre o passado e a forma como os reptos atuais do setor são complexos. Acha que futuro será ainda mais desafiante? Temos que estar atentos. Adoro viajar e sempre que saio do país, gosto de ver o rumo do mercado além fronteiras. Faço o mesmo nas feiras internacio nais. Mais do que ver coleções, quero saber quais são as tendências. Assim, quando compro antecipo a direção do consumo. Claro que a ótica vai sofrer no futuro, mas acredito na valorização da componente humana do setor, aci ma da digital, embora seja vital estar presente nas duas.

E já estão preparados para essa realidade. Sim, e estou a preparar outra loja online de raiz para ter uma presença mais forte a nível digital. Não que se façam grandes vendas, mas para ter uma montra para as lojas físicas, para já.

E que planos tem para a Óptica Milheiro?

Eu adoro trabalhar, mas também quero viver e vi o meu pai e o meu avô a viverem tanto em função da ótica que nem “viveram” e eu faço questão, por exemplo, de ter férias. A presença da Bruna traz-me essa paz, de saber que posso “desligar-me” sem medo. Tenho

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amigos que não têm essa sorte. Agora, planos tenho, mas passam essencialmente por fundamen tar os alicerces da Óptica Milheiro. Tive uma formação de quatro dias pelo Institutoptico em Lisboa, numa faculdade de Gestão e Marketing, em que ouvi que o melhor negócio para se crescer neste momento é o da ótica. Claro que, as pessoas que dizem isto olham só para o modelo de negó cio porém não o conhecem no terreno, e seguem as estatísticas que dizem que as pessoas estão a envelhecer e cada vez precisam mais de óculos, também por causa da pressão que os meios digitais exercem sobre os olhos, entre outros fatores. Eu também considero que estou num dos melho res negócios de retalho, mas isto não se reflete nos números. Há também a questão da concor rência forte e os grandes grupos multinacionais que têm uma enorme capacidade e, esses sim, metem-me medo.

Mais do que o segmento low cost?

As ditas “fábricas” não me metem medo. Até lhe digo que, quando uma dessas lojas se instalou aqui no Barreiro, eu e mais dois colegas concor rentes juntámo-nos e abrimos uma low cost mesmo em frente a eles, para garantirmos que tam bém tínhamos presença nesse mercado na nossa área geográfica. Devíamos ter feito isso um ano antes, mas pronto, conseguimos.

Isso é um excelente exemplo de um agrupamento. Claro, trata-se de uma adaptação. Aliás a covid ensinou-nos isso mesmo, que há necessidade de nos adaptarmos constantemente.

E quem era o Bruno antes de se embrenhar no negócio da ótica?

Está a fazer-me a pergunta de quem era eu com 18 anos (risos). Acabei o curso de técnico de ótica no INETE em junho e eu setembro já estava a trabalhar. Mas paralelamente a este setor, onde estou há uma vida, tenho uma empresa de cons trução há 15 anos, e é um prazer. Adoro perce ber como se constroem os edifícios e o que os compõe. Ainda fiz dois anos de Engenharia, aqui na Escola Superior de Tecnologia do Barreiro. Para fazer parte deste negócio, eu tinha que o entender, ter conhecimentos técnicos. Este pen samento deve ser transversal a todos nós e ao que

fazemos. A experiência aliada aos conhecimentos académi cos dá-nos outra preparação e segurança. Tendo a possibi lidade, é bom derivar um bocado do negócio “central”. A construção deriva um pouco e é ótimo e, em todas as obras que fiz nas óticas, poupei imenso (risos). Portanto, respon dendo à sua questão: era um estudante que já sabia o que ia fazer da vida.

E tem mais derivações (risos)? Sim, e começou porque recentemente ajudei uma colega que teve dificuldades, durante a pandemia. Era uma ótica com história e isso para mim tem peso. Foi assim que cresci e todas as histórias parecidas com a minha acredito que não se devem perder. Infelizmente houve uma altura em que já não havia volta a dar, chegámos a uma acordo e fiquei com a loja, embora não fosse essa a intenção. Ao lado dessa loja tinha uma clínica desativada e lembrei-me de abrir uma clínica de estética, uma tendência que está muito em voga. Portanto é mais uma área em que posso variar o meu traba lho e no fundo temos que nos mover em direção ao futuro. Claro que tenho medo, mas não me inibo.

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#SOCIAL EYES

ÓTICA VILAFLOR UM RITMO SUAVE DE ÓTICA

Rita Silva e Rita Ribeiro atreveram-se a inaugurar uma ótica em nome próprio e caráter único. A Ótica Vilaflor abriu portas em Vila Nova de Famalicão, a 22 de outubro, entre amigos e parceiros e sob a vontade de dar um novo compasso à vida de quem precisa de cuidados primários de saúde visual.

Duas mulheres das áreas de optometria e do marketing encontraram-se sob um desígnio comum: a ótica. Exerceram atividade em grandes grupos do setor, cada uma no seu âmbito académico e uniram-se no sonho de evoluir e fazer a diferença, num mercado muito maduro, fascinante e para o qual que riam contribuir de uma forma própria. “Fizemos um estudo, escolhemos a lo calização da loja e iniciamos, assim, aquilo que é hoje a Ótica Vilaflor. As obras iniciaram no inı́cio de Julho de 2022 e a 22 de Outubro de 2022 conseguimos reunir as pessoas que mais nos são queridas, fornecedores e todos os que estiveram envolvidos no projeto e inauguramos a nossa loja”, explicaram as proprietárias. A forma de contornarem o concorrido mercado da ótica de Vila Nova de Fa malicão foi posicionarem-se à margem do centro da cidade, especificamente na Avenida Dom Afonso Henriques, próxima do centro empresarial e por

onde transitam milhares de pessoas diariamente. E a pensar no conforto e numa experiência de consumo especial para quem ali passa, a Ótica Vilaflor tem uma decoração especial. “Os dias são muito corridos e os espaços são cada vez mais pensados para a compra rápida e sem qualquer experiência. Ha viam alguns pontos que eram essenciais

para conseguirmos o nosso objetivo: uma zona de espera agradável, a área de criança com espaço para os mais pequenos brincarem e a parte de exposi ção e atendimento que fosse de acesso a todos. Todos estes propósitos foram alcançados com êxito. Para além dis to, optamos por cores quentes, como o bege e o terracota que tornam o espaço ainda mais aconchegante", detalharam as responsáveis.

Adicionalmente, a nova Ótica Vilaflor tem um serviço de saúde visual primá ria transversal com tonometria, contactologia, retinografia e optometria. Para além disto, Rita Ribeiro e Rita Silva investiram numa oficina, para não ser necessário recorrer a serviços externos. A 22 de outubro, a Ótica Vilaflor passou a proporcionar todas estas vantagens à população. “O dia da inauguração era oficialmente o dia em que a ótica deixaria de ser só nossa e passava a ser de todos e querı́amos muito viver o dia com a mesma dose de tranquilidade, emoção e responsabilidade. O catering ficou ao cargo do Escritório de Sabores, um restaurante perto da ótica e do Sabores da Prova. Para animar a tarde, tivemos uma atuação da Carol Curry, que foi surpresa para todos.” A missão está lançada e Vila Nova de Famalicão ganhou uma nova valência, para quem aprecia qualidade a um ritmo próprio.

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INSTITUTO VISUAL SAMBRASENSE

15 ANOS A DAR VISÃO A SÃO BRÁS DE ALPORTEL

A 20 de outubro, Cristina Costa e Joana Silva celebraram o marco dos 15 anos de trabalho do Instituto Visual Sambrasense. Numa jornada de trabalho intenso, houve tempo para “abraçar” os clientes e amigos de sempre e fazer um balanço de década e meia a servir a saúde visual da população local. Cristina Costa foi a responsável pela fundação desta ótica algarvia e, à Millioneyes falou de um passado e futuro que passa pela tecnologia e pela próxima geração, interpretada já pela sua filha Joana Silva.

Nem um dia chuvoso abrandou a festa do Instituto Visual Sambransense. Situado na vila de São Brás de Alportel, foi fundado por Cristina Costa há 15 anos, dando seguimento ao trabalho iniciado numa outra ótica e onde acabou por se apaixonar pela profissão. “O meu lema sempre foi, e continua a ser, dar primazia à qualidade, simpatia, ex clusividade e honestidade. E sinto que foi isso que sempre foi trazendo cada vez mais clientes à ótica. Dá-me prazer os meus clientes dizerem que se sentem bem e estão satisfei tos por isso sempre optei, tanto em lentes como armações, pelo melhor, por aquilo que eu gostaria para mim”, explicou a ótica. Esta casa algarvia tem a particularidade de traba lhar, essencialmente, com os muitos habitantes estrangeiros que se estabeleceram naquela zona e alguns emigrantes que regressam a casa no verão. Para o dia de festa, houve uma organização cuidadosa. "Preparámos um lindo bolo, champanhe e outras iguarias re gionais, uma decoração primorosa, que esteve ao cuidado da nossa optometrista Joana Silva, que além de uma excelente profissional é muito boa decoradora e organizadora de eventos. Também tivemos o apoio da florista Maria das Flores e da pastelaria Dofir. Fizemos questão de que tudo o que utilizámos para a festa, fosse adquirido no comércio local”, detalhou Cristina Costa. E os clientes responderam de forma positiva, enchendo a loja e mantendo a atividade do Instituto Visual Sambransense ao rubro.

Cristina Costa é uma empreendedora nata e iniciou-se no retalho na área de acessórios infantis. O gosto pela saú de acabou por levá-la a uma passagem pela enfermagem, curso que iniciou em Faro, mas acabou por interromper. Foi com 28 anos que integrou o retalho da ótica e adorou. Durante o tempo que trabalhou na primeira loja, formou-se como técnica de ótica pela Associa ção Nacional dos Ópticos e ainda fez um curso de Optometria. Há 15 anos aventurou-se no próprio espaço e afirma que, ainda hoje, é o que mais gosta de fazer na vida.

“Os sonhos do Instituto Visual Sambransense são os de continuar a servir os nossos clientes com a mesma quali dade de sempre, apostando sempre nas novas tecnologias nas várias vertentes da ótica, que nos permitam garantir o nosso profissionalismo. O futuro pas sa muito agora pela minha filha e op tometrista Joana Silva, que é a minha mão direita e esquerda em todos os sentidos”, concluiu a Cristina Costa.

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#EYES WIDE OPEN

RUI MOTTY AASO E A PRIORIDADE À VIDA!

Nasceu oficialmente, em setembro, a Associação de Apoio à Sustentabilidade da Óptica. Porém, a vida deste organismo composto por organizações e pessoas inquietas já estava “nas ruas” muito antes, entre palavras, encontros, ideias e muita força de vontade.

O “pai” do conceito foi o optometrista e empresário Rui Motty, que decidiu investir pensamentos e coração numa missão que hoje deve ser encarada como uma luta pela sobrevivência do planeta e de toda a vida que ele contém. E, claro, a ele juntaram-se as pessoas próximas do setor, com quem partilhou o ímpeto e arrebatou novos “missionários”. A Millioneyes também faz parte desta premissa, que devemos cumprir com a nossa quota para que o todo sobreviva e orgulhosamente ficamos no registo histórico deste novo episódio da ótica, como fundadores. Nesta edição damos voz ao mentor do projeto, ao homem que inspira gerações no setor e que ficará nos autos pela inquietude e dinamismo. As páginas a Rui Motty!

Como surge o ímpeto de assumir uma missão tão altruísta como a criação desta “ideia”?

O altruísmo é uma característica ge nuína, um modo de estar cuja orienta ção se dedica à partilha e interajuda ao outro. A sustentabilidade não é mais que uma ramificação desse altruísmo.

O que espera que a Associação de Apoio à Sustentabilidade da Óptica (AASO) alcance?

O grupo que ajudou a viabilizar a ideia, com o sentido da manutenção da vida, espera que a AASO venha a ter uma

vida longa e cheia de sucessos. Com isto, quero dizer que contamos fazer cumprir a linha dos Objetivos de De senvolvimento Sustentável (ODS) da agenda da Organização das Nações Unidas. Importar os conceitos genera listas dos ODS e adaptá-los à realidade do nosso setor, de uma forma simples e prática.

Quer desde já lançar premissas para sermos mais sustentáveis enquanto profissionais da ótica, isto para além de nos associarmos à AASO? Os fundadores da AASO, 11 organi-

zações do ecossistema da ótica e 20 indivíduos provenientes de diferentes setores da sociedade, têm a férrea vontade comum de conseguir pro pagar esta mensagem: a situação de emergência ambiental obriga a que a intervenção seja imediata, agora, já. São muitos os pequenos gestos que poderão fazer a diferença. Controlar o consumo de água, redirecionar os resíduos do corte das lentes, reduzir o des perdício do material de merchandising, encontrar um “cemitério limpo” para o fim de vida dos óculos e das lentes de contacto, entre outros. Esta não lhes

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parece uma batalha da comunidade para a humanidade? Este não será um argumento que justifique a existência da AASO e a adesão ao projeto?

O Rui teve que se lançar “no terreno” em busca de perso nalidades que partilhassem esta sua missão. Como foi esse desafio e o que descobriu nesse percurso?

O tema sustentabilidade é hoje muito sensível e não se cir cunscreve às pessoas informadas e diferenciadas. Na sua defesa, encontram-se todos os que para além de imbuídos de uma determinação altruísta, constroem a vida com base na projeção do que deixarão ficar, como legado, e não o que especificamente, no imediato, dela retiram. A minha natureza seletiva faz o trabalho de casa.

Há espírito associativo entre a classe ótica?

Acredito que na sua maioria, as pessoas estão cheias de boas intenções. A grande dificuldade é operacionalizar os projetos, materializá-los. Construímos uma sociedade ime diatista. Procuramos incansavelmente o sucesso das nossas organizações e, talvez por isso, esta coisa da partilha é re metida para o esquecimento. Os níveis de competitividade do setor são enormes e, quase sempre, é uma competição desigual, nos formatos e nos objetivos. Os movimentos associativos em Portugal são importantes no exercício da defesa da cidadania e como complemento da deficiente intervenção do Estado no contexto social. Assim como se constata em muitos outros setores económicos, a ótica e a

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“A situação de emergência ambiental obriga a que a intervenção seja imediata, agora, já”

sua anémica vivência associativa, não é uma exceção.

A AASO está “de pé” e com um amplo e notório grupo de personalidades. Espera conseguir boas ideias e iniciati vas a partir de uma espécie de tertúlia com estas personalidades?

Ambicionamos que muitas das ideias que estão a nascer resultem na sua aplicação prática. O fundamental é assegurar que a AASO venha a ser um “unicórnio” ideológico da susten tabilidade não se desviando dos seus valores, diversidade, equidade e inclusão. Desde os primórdios da sua criação que quisemos associá-la a um movimento representativo da sociedade portuguesa. O seu potencial cres cimento está no facto de não ser um movimento corporativo. Desde a sua formulação que encontramos o apoio da academia e de associações como a UPOOP e a APOR. Tivemos o cui dado de convidar todas as outras as sociações representadas no nosso ecossistema económico que, por uma razão ou outra, declinaram o convite. A in dústria, o retalho e vocês, dos media, aderiram de imediato. Demonstramos que o pretexto não se resumiria a mais uma associação. O enunciado deste

empreendimento é grandioso e dema siado importante para o ignorarem. Todos compreendemos a urgência em tomar medidas.

Que planos e sonhos tem para esta AASO, que entretanto vai ganhar uma vida própria ao ritmo de todas as pessoas que a compõem?

Sim, empenhar-nos-emos para que ga nhe vida própria e afirmar-se para além das personalidades que a constituíram.

Transformar-se no eixo das boas prá ticas ambientais e sociais do setor da ótica. Tudo isso, em benefício da vida, porque é disso que estamos a tratar. O apoio vindo de dentro do setor é cru cial. Não devemos esquecer que elege mos como principal missão, recolher, redirecionar para economia circular e reciclar os nossos resíduos. Não será preciso uma discussão académica sobre qual o impacto ambiental, direto ou indireto. Como agentes poluidores, dei xamos uma marcada pegada ecológica.

Como vão angariar novos elementos?

Está a ser preparada uma comissão de angariação de associados. Partin do da genuína convicção de todos os seus constituintes, a comissão será composta por elementos líderes de

opinião dentro e fora do setor. Devo aqui salientar que o entusiasmo das personalidades fora do setor foi muito motivador.

E que ações se prevêem numa primei ra fase?

Nesta primeira fase estamos a estrutu rar os serviços administrativos, o site e a comunicação. Os princípios organizacionais são exatamente os mesmos de uma empresa. Na linha de priori dades, estamos a preparar o primeiro dossier para a criação da rede nacional de recolha de resíduos. Vamos buscar a experiência às óticas que isoladamen te se dedicam a essas boas práticas e complementar alguns projetos, como o da Madalena Lira, da Universidade do Minho, na área das lentes de con tacto. Na vertente da reciclagem de óculos e lentes, o estabelecimento de parcerias com as universidades visará a promoção da investigação e desen volvimento. A complexidade dos nos sos resíduos não facilitam a sua orientação para o tratamento habitual dos materiais plásticos. Reconhecemos que temos pela frente um caminho muito longo e árduo. Alguém terá que o fazer.

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New frames of culture.

THE EYEWEAR STATE OF THE ART February 4-6, 2023 | Fiera
Rho
MIXER GROUP MAXGALLIPH: Thandiwe Muriu
Milano,

UMA NOVA ÓTICA EM NOME DO PLANETA

A Associação de Óticos Dispensadores do Reino Unido - ABDO - tem investido num programa em direção a um setor nacional mais sustentável, apoiando os seus associados. Um dos reflexos deste investimento é a cimeira Social, Ética e Ambiental, denominada SEE na sigla inglesa. A Milllioneyes registou a segunda edição deste exemplo inglês com a certeza que trará luz aos profissionais do setor da saúde visual português. Este é o momento em que a sustentabilidade representa um caso de sobrevivência.

O evento decorrido online a 3 de outubro teve na voz do presidente da ABDO, Daryl Newsome o seu arranque ofi cial. Este líder destacou os dois pontos fulcrais do SEE Summit: "com a realização deste evento nós, enquanto membros da comunidade ótica, estamos a fazer a nossa parte. O segundo ponto assenta no facto de organizarmos a cimeira em colaboração com outras entidades, nomeada mente Associação dos Produtores de Lentes de Contacto, a Associação dos Optometristas, a Associação dos Optome tristas Independentes e Óticos, Associação Britânica das Lentes de Contacto, College of Optometrists, Concelho Europeu de Optometria e Ótica, Associação dos Profissio

nais de Saúde Visual, Concelho Geral de Ótica, Associação de Fornecedores de Ótica e o grupo de compras SightCare. Portanto, a indústria está representada, incluindo fornecedores de armações e lentes e demonstrando que podemos trabalhar todos juntos.”

O presidente da associação explicou ainda que a iniciativa se inspirou num relatório de 1987 que identificava a susten tabilidade nos seus pilares fundamentais: social, ambien tal e ético que informalmente são referidos como pessoas, planeta e lucros. O relatório chamava-se O Nosso Futu ro Comum, publicado pelas Nações Unidas. Já na altura apontava a sustentabilidade como uma prioridade máxima.

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SUMMIT 2022

E desde então constatou-se o efeito das mudanças globais, o aumento das águas do mar, o colapsar de ecossiste mas e as mudanças climáticas. “E todos estes efeitos serão mais severos se não impedirmos o aumento das emissões de gases com efeito de estufa”, reforçou Daryl Newsome. E o compromisso do SEE Summit fun damenta-se na proteção do ambiente ao reduzir o impacto ambiental das atividades da comunidade ótica. As ferramentas transmitidas indicaram os próximos passos a empreender nos negócios, com vários especialistas no apoio do entendimento da pegada de carbono de cada empresa e de como reduzir as emissões de gases. E não só, é preciso garantir que a saúde visual chegue a todos sem exceção e que toda a cadeia de valor que envolve o setor esteja envolvida nesta missão.

A BUSCA PELA NET ZERO

O consultor de carbono, Thiago Gentile, encheu o ecrã para partilhar o per curso a fazer-se em direção à mediáti ca, Net Zero, ou seja, a neutralidade de emissões de carbono. Este palestrante que trabalha para a Planet Zero, parte da Redshaw Advisors, uma empresa premiada da área da gestão de risco e intervenção das emissões de carbono, explicou aos participantes por onde devem iniciar a jornada para chegar ao net zero. “Deve iniciar-se com a compreensão e identificação das emissões da sua empresa e pelo estabelecimen to de objetivos realistas para chegar ao net zero. Ao contabilizar todas as emissões provocadas pela sua atividade operacional, pode investir em com pensações de carbono para as equili brar. Trabalhe ainda com fornecedores que invistam na redução da pegada de carbono, reduzindo as emissões indi retas de carbono da sua empresa."

Thiago Gentile identificou as formas de emissões em três âmbitos:

1 - emissões relacionadas com o edifício da empresa, veículos e emissões da apa relhos de aquecimento/refrigeração.

2 - emissões da compra de energia (ele tricidade, gás, entre outros).

3 - emissões indiretas, nomeadamente, deslocações dos funcionários, viagens, compras, investimentos, entre outros sendo que a maioria está relacionada com as cadeias de fornecimento. Começando pelas atividades que estão diretamente ligadas à empresa e são emissões consideradas diretas, pode

intervir-se no imediato. Tornam-se as sim empresas net zero ao nível opera cional. Depois e nos anos seguintes até 2050 deve considerar-se o impacto do produto, desde a produção até ao fim da vida e reduzir as emissões totais em mais de 90 por cento e para o que não se conseguir usar compensações ou re moção de carbono. Exemplos? Pagar a alguém que tem um terreno para não o desflorestar e já há imensos projetos neste sentido. No caso da remoção do carbono da atmosfera, só é possível através de tecnologias complexas e dis pendiosas, sobre as quais investem só as grandes multinacionais para já.

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“Todas as pequenas mudanças e iniciativas ambientais resultam numa melhoria para o planeta”
“Com cada pequeno passo e cada ação, podemos lentamente, mas com segurança, inspirar-nos uns aos outros, uma ótica de cada vez”

Muito importante também é saber-se que o standard internacional reconheci do para declarar neutralidade carbónica é o BSI PAS 2060. Os requisitos são: - redução de cinco por cento de emissões a cada ano;

- Projetos de compensações de carbo no aprovadas pela BSI: Gold Standard, UN CDM, VERRA;

- Deve ser auto-validada e publicada numa Declaração Explicativa da Qua lificação.

“Deve ainda acrescentar-se a comunicação destas conquistas com sinceridade e transparência, para que não se caia no rol de acusados de green washing, expli cou o consultor da Planet Zero.

“MUDAR VIDAS, CUIDANDO DO PLANETA, DAS PESSOAS E DAS COMUNIDADES”

A apresentação seguinte foi de Munish Datta, diretor da sustentabilidade da Sepcsavers, uma rede de óticas multinacional de origem britânica, que opera em 11 países. “Gosto de começar todas as minhas apresentações com a imagem do nosso bem mais precioso como sociedade, o planeta Terra (…) só temos um mas tratamo-lo como se assim não fosse.”

Este orador focou os problemas relacionados com as mudanças climáticas e que levam hoje a uma maior atenção da opinião pública sobre o tema da sustentabilidade. “E quando se pensa em sustentabilidade em ótica, ela deve ser pensada ao longo de toda a cadeia de valor, desde matérias, passando pelo transporte e em como executamos as nossas operações até à forma como o consumidor usa o nosso produto e lhe dá um fim. Aliás, o impacto ambiental de um produto é desde logo definido no seu início de vida, no seu desenho e definição de materiais e nas nossas redes de fornecimento nas quais nos temos que focar com mais atenção. É inspiradora a missão da Specsavers ao querer proporcionar melhor visão e audição e, por isso, temos que mitigar os efeitos negativos dos nossos negó

cios e potenciar os positivos”, realçou Munish Datta.

E o que faz a Specsavers efetivamen te, considerando que o seu impacto no planeta, assim como a dimensão, são enormes. “Reduzimos o impacto dos produtos e embalagens, minimizamos e conservamos a água e maximizamos a eficiência dos recursos. Também apos tamos no offset porque não consegui mos eliminar tudo, mas como último recurso. Colaboramos proximamente com os nossos parceiros e fornecedo res. Incentivamos os clientes a reciclar as armações e lentes de contacto nas nossas lojas. Transformamos tudo em novos produtos, estamos a investir em estojos para os óculos com matérias recicladas de plástico proveniente do pós-consumo. Investimos em óculos feitos a partir de plástico descartado e na Nova Zelândia e Austrália temos um projeto que faz chegar óculos e aparelhos auditivos de qualidade às pessoas em dificuldades”, divulgou o diretor.

A cimeira incluiu ainda um momento de conversa entre figuras fundamentais do setor da ótica inglês, mode rado pela pessoa que tem liderado os projetos direcionados a práticas mais amigas da sociedade e do ambiente da ADBO, Antonia Chitty. Jayne Abel, presidente do comité de sustentabili dade da Associação dos Fornecedores

de Ótica, Rosie Hillson, assistente de controlo de carbono do Centro para a Saúde Sustentável e a ótica e empre sária Sukie Woodhouse falaram sobre práticas amigas do ambiente e das tarefas e investigações que empreen dem em prol da missão sustentável. De assinalar uma conclusão trazida ao evento por parte de Rosie Hillson. “O meu papel é olhar as emissões de carbono das organizações ligadas aos cuidados de saúde e medi-las. Estive mos envolvidos, no último ano, num projeto em que avaliámos a pegada de carbono dos testes da visão em cinco clínicas de optometria e descobrimos que é equivalente a fazer voos de ida e volta entre Londres e Hong Kong 39 vezes por ano.”

Como conclusão de um encontro es sencial aos dias que correm, Antonia Chitty deixou a mensagem importante: “Escolha uma primeira ação, uma primeira pessoa a contactar, faça acordos com negócios próximos do seu para promoveram atividades mais sus tentáveis, pergunte como reciclar os produtos, nomeadamente as lentes de contacto e finalmente diga aos outros o que está a fazer. Não só para mostrar mas para inspirar. Faça uma ação por semana, porque se todos fizermos se rão muitas por mês, por ano.”

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“Não tem a ver com o quanto são grandes as mudanças que se fazem, mas fazê-las, por muito pequenas que seja e de forma contínua”

HOYA INTELIGÊNCIA SENSITY RENOVADA

A Hoya lança a Experiência Sensity, a nova campanha de comunicação. Esta movimentação da fabricante quer combater a indecisão dos consumidores, com a garantia plena de satisfação caso comprem a gama Sensity. A ação publicitária vem ainda acompanhada da mais recente novidade em coloração da lentes fotocromáticas Sensity 2: Oceanic Blue.

Esta Experiência Sensity tem como diferenciação um selo de garantia de satisfação total dos usuários. É a forma da empresa japonesa fazer face à possível indecisão do com prador, quer se trate de uma questão de funcionalidade ou meramente estética. Através desta responsabilidade assu mida pela Hoya, os consumidores podem mudar de ideias quanto às lentes da gama Sensity 2 no prazo de 30 dias, a partir do momento da compra. A fabricante demonstra a sua confiança nas vantagens da nova tecnologia destas foto cromáticas, que representam, segundo a Hoya, um avanço significativo no respetivo segmento.

SENSITY 2: UM OCEANO DE COR

As lentes “inteligentes” da Hoya têm uma tecnologia me lhorada para ativação e desativação da cor, de acordo com a intensidade luminosa. Além disso, esta gama de lentes fo

tocromáticas garante proteção dos raios UV e da luz azul nociva, tornando a Sensity 2, uma das lentes mais comple tas e seguras do mercado.

A gama de lentes Sensity 2 da Hoya é composta por tonalidades naturais, enquanto responde às tendências modernas e vanguardistas. Até agora, estavam disponíveis no mercado três cores: cinzento-pérola, castanho-bronze e verde-esme ralda. A nova campanha Experiência Sensity é acompanhada pelo lançamento de uma nova tonalidade, tão natural como as anteriores, moderna e fresca. É uma cor azul intensa que se adapta perfeitamente à tecnologia Sensity 2. Adicionalmente, a sua transparência em estado inativo é ligeiramente superior à da tonalidade cinza-pérola, o que torna Oceanic Blue numa opção ainda mais atrativa para o utilizador. A nova tonali dade escurece com uma intensidade até 85 por cento, uma vantagem em termos de proteção e tecnologia.

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ALCON PROMOVE DISCUSSÃO SOBRE ASTIGMATISMO

A Alcon tem promovido a troca de conhecimentos e aprendizagem contínua através do valioso Programa de Desenvolvimento Profissional. A iniciativa aportou em Peniche, entre 28 e 29 de setembro, com a melhoria da experiência do uso de lentes de contacto em pessoas com astigmatismo. E já tinha passado por Madrid e Barcelona, contando com cerca de 270 optometristas em todos os eventos e garantindo um conhecimento de alto nível e o trabalho em rede com outros profissionais do setor. Nas apresentações, a empresa dedicada às lentes de contacto conseguiu especialistas de destaque para elevar a experiência do programa. Entre os palestrantes destacaram-se David Pablo Piñero, membro do departamento de Ótica, Farmacologia e Anatomia da Universidade de Alicante, Juan Gonzalo Carracedo, professor da faculdade de Ótica e Optometria da Universidade Complutense de Madrid e José Manuel Gonzalez, professor catedrático, coordenador do Laboratório de Investigação em Optometria Clínica e Experimental e presidente da Escola de Ciências da Universidade do Minho. À Millioneyes, Carlos Pedroviejo Fraga, professional customer developer manager Iberia – Optical da Alcon, detalhou os contornos da iniciativa, a razão da escolha do astigmatismo como tema e ainda as vantagens das novíssimas Dailies Total 1 for Astigmatism.

Considera que o evento de formação a Alcon foi um sucesso? Os Programas de Desenvolvimento Profissional (PDP’s) fo ram muito bem recebidos em Madrid, Barcelona e Lisboa. O feedback que tivemos foi positivo, o que para nós já é um sucesso. Procuramos promover a excelência na prática da optometria e contactologia para poder fornecer os melho res resultados aos profissionais e aos pacientes.

O tema deste PDP relacionou-se com um produto da vossa empresa, mas acha que há interesse na temática do astig matismo?

O principal foco do nosso evento de formação tem sido aprender como melhorar a experiência dos utilizadores de lentes de contacto, especialmente aqueles com astigmatismo, uma vez que existem muitas oportunidades de melho ria no respetivo segmento. Neste contexto, apresentámos as Dailies Total 1 para astigmatismo, a nova solução em lentes de contacto da Alcon destinada a pacientes com esta con dição refrativa. É um orgulho para a Alcon introduzir este produto, porque sabemos que os profissionais dos cuida dos oculares têm estado à espera de algo novo para os seus pacientes astigmáticos. Desta forma, tanto com o nosso evento de formação, como com as Dailies Total 1 para as tigmatismo queremos responder às necessidades de ambos profissionais de saúde ocular e pacientes.

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Num período em que se versa tanto so bre sobre a miopia, a Alcon lança um produto dedicado ao astigmatismo.

Na Alcon oferecemos uma vasta car teira de produtos para poder melhorar a visão e a vida das pessoas e as ajudarmos a ver de forma brilhante. Olhámos com especial atenção para o astigmatismo, porque aproximada mente 47 por cento de todos os pa cientes que necessitam de correção da visão são astigmáticos1. Além disso, os pacientes com astigmatismo tendem a sentir mais desconforto com as suas lentes habituais do que os utilizadores de lentes esféricas2

De que forma se destacam as novas Dailies Total 1 para astigmatismo?

As Dailies Total 1 para astigmatismo oferecem um conforto excecional3 Após a colocação, estas lentes de con tacto estabilizam rapidamente no olho na posição correcta, proporcionando ao usuário uma visão nítida numa questão de segundos4

São as pessoas com astigmatismo as que desistem com mais frequência das lentes de contacto?

Os estudos mostram que 23 por cento dos utilizadores de lentes de contacto abandonam completamente as lentes de contacto devido ao desconforto5

Como já mencionado, os pacientes com astigmatismo tendem a sentir mais desconforto com as suas lentes habituais do que os utilizadores de lentes esféricas2 e isto tem uma relação muito próxima com o possível abandono do uso de lentes de contacto. Nesse sentido, os nossos eventos PDP têm servido para abordar de perto como gerir o desconforto das lentes de con tacto e como poder melhorá-lo, assim como a experiência dos utilizadores.

E os palestrantes são estudiosos prestigiados. Como os reuniram em torno deste PDP?

Para os nossos PDP 2022 optámos pela participação de profissionais de

renome da optometria com vasta expe riência no setor. Juntamente com estes especialistas, definimos tópicos de importância para o mundo da contacto logia. Os palestrantes foram capazes de contribuir muito para os eventos, devido à vasta experiência e conhe cimentos e foi precisamente isto que nos motivou a trazê-los e a integrá-los no projeto. Os tópicos que discutimos

nesta ocasião foram: como o design e os fatores anatómicos influenciam a estabilidade das lentes tóricas, como melhorar a gestão do desconforto nas lentes de contacto e mitos e preconceitos sobre as mesmas.

A Alcon tem já previstas novas ações formativas para os profissionais?

Ao longo deste ano temos reafirmado o nosso compromisso com a formação e é precisamente por isso que vamos continuar com os nossos eventos de formação, tais como os PDP’s. Além disso, promovemos o conhecimento e a educação de forma contínua a partir do nosso Alcon Experience Center (AEC) em Barcelona, o nosso maior centro europeu de educação e forma ção em cirurgia ocular. Isto faz parte da Alcon Experience Academy (AEA), uma rede global de formação com mais de 80 centros de formação em todo o mundo.

"Tanto com o nosso evento de formação, como com as Dailies Total 1 para astigmatismo queremos responder às necessidades de ambos profissionais de saúde ocular e pacientes"

REFERÊNCIAS:

1. Young G., Sulley A., Hunt C. Prevalence of astigmatism in relation to soft contact lens fitting. Eye Contact Lens. 2011; 37:20-25.

2. Multi-sponsor Surveys Inc. The 2014 Gallup target market report on the market for toric contact lenses.

3. In a clinical trial to assess overall performance of DAILIES TOTAL1 for Astigmatism lenses where n=134 patients; Alcon data on file, 2021.

4. CLO870-C003 DAILIES TOTAL1 Toric Fit and Rotation Claims Trial – Claims Support Summary

5. Dumbleton K, Woods CA, Jones LW, Fonn D. The impact of contemporary contact lens discontinuation. Eye & Contact Lens. 2013;39(1):93-99

As lentes de contacto DAILIES TOTAL 1 for Astigmatism são dispositivos médicos indicados para a correção visual. Para mais informações sobre indicações, advertências, precauções, contraindicações e eventos adversos, leia cuidadosamente a rotulagem e as instruções de utilização, disponíveis em https://ifu.alcon.com. ©2022 Alcon Inc. Revisto em 10/2022. Alcon Portugal-Produtos e Equipamentos Oftalmológicos, Lda. NIPC.501 251 685. PT-DTA-2200063

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CECOP PREMIADA COMO EMPRESA DO ANO

O grupo de óticas multinacional foi vencedor dos prémios Ponce de León como Melhor Empresa de 2022. O galardão foi atribuído pela Câmara de Comércio Espanha-EUA que reconhece o desenvolvimento das estratégias de gestão operativa, desenvolvimento, formação e transformação da CECOP nas mais de 7600 óticas independentes associadas, em todo o mundo.

Esta recompensa destaca a CECOP como uma proeminente comunidade global do setor ótico que, em conluio com as restantes empresas ligadas à Câmara de Comércio Espanha-EUA, conseguiu consolidar, nas palavras do próprio presidente daquela organiza ção, Javier Estades Sáez, “a sua recu peração no mercado norte-americano após alguns anos difíceis, devido à pandemia.” A cerimónia de entrega dos prémios aconteceu a 11 de novembro, na gala anual da Câmara, em Mia mi, momento em que se celebra ainda o seu 42º aniversário. “Antes de tudo quero agradecer ao

Cônsul da Câmara do Comércio por nos atribuir o prémio Ponce de León e pelo excelente trabalho no apoio às empresas no desenvolvimento do seu plano estratégico internacional, que é verdadeiramente significativo. A in ternacionalização é a chave para qual quer companhia, porque dessa forma consegue descobrir-se as melhores metodologias do mundo e isto permite -nos posicionarmo-nos melhor face à concorrência. (…) Queremos continuar a alargar a nossa comunidade em todo o mundo, especialmente no competi tivo mercado norte-americano. (...) Gostava de agradecer aos nossos for

necedores de lentes, armações, lentes de cotnacto, audiologia e de serviços profissionais pela contínua confiança em nós. Obrigado ao mayor de Miami, Daniella Levine Cava, por nos presen tar com as Chaves da Cidade de Mia mi. É uma grande honra receber este reconhecimento. Obrigado à Golden Sachs, pelo contínuo apoio e colaboração e obrigado ao secretário de co mércio dos EUA, GIna Raimondo e ao cônsul e embaixador de Espanha nos EUA, Santiago Cabanas. Boa sorte!", discursou em modo de agradecimento, o CEO e fundador da CECOP, Jorge Rubio.

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MIDO

51ª EDIÇÃO COM FOCO ESPECIAL NOS VISITANTES

Oportunidades para o debate, reflexão, troca de ideias e interação estão a ser cuidadosamente desenvolvidas pela organização da feira internacional de Milão para os óticos de todo o mundo. Entre 4 e 6 de fevereiro, a Fiera Milano Rho abre portas à maior representação da cadeia de distribuição do setor, desde fabricantes de lentes e maquinaria, passando pelos maiores produtores de armações aos pequenos designers independentes. Viva a maravilha!

E enquanto o calendário de conferên cias, eventos e encontros para a MIDO 2023 está a ser finalizado, as áreas de exposição já estão “fechadas”. São seis pavilhões no fantástico complexo de feiras de Rho que albergam as áreas Fashion District, Design Tech, Lab, Lenses, FAiR East, Tech, Lab Acade my e Start Up. A MIDO tem ainda um espaço em colaboração com a Agência do Comércio Italiano dedicado às marcas novas do país.

Os expositores chegam de todas as partes do globo, incluindo os principais mercados europeus, dos EUA e ainda uma excelentes resposta dos negócios asiáticos. “Estamos muito satisfeitos com a participação dos países asiáticos, especialmente a China, Hong Kong, Taiwan, Japão, Coreia do Sul, Índia, Malásia e Tailândia, que apesar das ainda fortes restrições devido à

covid-19, vão expor na próxima edi ção da feira. No passado mês de maio, quando fechámos as portas da MIDO 2022, estávamos determinados a trazer de volta os expositores asiáticos e, ape sar da situação internacional complexa, estamos a cumprir com esse objeti vo, outra prova do apelo internacional do certame milanês”, declarou Giovan ni Vitaloni, presidente da MIDO. A feira também quer tornar os visitan tes ativos no evento e, por isso, envolve novamente a comunidade profissional no prémio BeStore, decidido por um júri internacional de especialistas que decide, entre os candidatos, qual a me lhor loja nas categorias de design e ino vação. As candidaturas acabam a 9 de janeiro de 2023. A 2ª edição do Stand

Up for Green também é um reconhe cimento, mas desta feita às empresas expositores mais amigas do ambiente com os respetivos stands. Aqui as candi daturas acabam a 15 de janeiro de 2023. De realçar ainda que a MIDO desenvolveu uma campanha especial, a Frames desenhada por Max Galli em parceria com o Mixer Group e que tem sido apresentada em diferentes momentos. Tratam-se de imagens poderosas que homenageiam a cultura que rodeia os óculos e a respetiva in dústria. O encontro está marcado para fevereiro no “local habitual”, em que entre 4 e 5 de fevereiro o horário é das das 9h até às 19h e no dia 6 das 9h às 18h. Tudo sob garantias de maravilha e moda.

#EYES OF THE WORLD

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FABIEN BLON

“EU VOU MUDAR A VISÃO SOBRE OS ÓCULOS COM A PHIBO"

A Phibo Eyewear fez uma estreia impressionante no palco mundial da ótica, no SILMO Paris 2022. Vencendo os olhares céticos de quem passou pelo stand na feira e nunca tinham visto um sistema como o Inside, com design patenteado e materializado em silicone biocompatível e feito na França, Fabien Blon foi convencendo os profissionais da eficácia da sua invenção. A nossa equipa acercou-se do produto também, aceitámos o convite de sentir este objeto que entra nos “livros de história” da ótica. Depois de colocado é, de facto, imperceptível e os óculos são esteticamente apelativos. E a aprovação suprema veio com a premiação dos SILMO d'Or na categoria Inovação Tecnológica, que motiva e impele o nosso entrevistado Fabien Blon na sua missão de mudar os óculos sob o desígnio da Phibo Eyewear.

O conceito Inside envolto de designs bem delineados é de facto inovador. De onde nasceu a ideia? Muito obrigado! Tudo começou há dez anos, quando estava descobrir o univer so da ótica. Na altura fiquei muito surpreendido com a adaptação dos óculos ao rosto. Ou seja, até se pode fazer um

ótimo trabalho com os óculos em si, mas e se a pele do cliente for demasia do específica na zona onde a haste lhe toca ou, simplesmente, pela questão da maquilhagem? Podem não funcionar. A partir daqui observei a conceção do eyewear, estudei a anatomia da cabeça e deparei-me com a conclusão de que

os óculos tinham que mudar! Nos três anos em que a pandemia abrandou a sociedade em geral, consegui estudar o formato da cabeça humana e encontrei uma solução...não atrás da cabeça, mas “dentro”, onde não suamos, onde há menos terminações nervosas e um pon to de fixação forte e confortável.

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EYES

Pensou em algum segmento de consu mo em especial quando concebeu este projeto?

Sim, inicialmente pensei nas pessoas que precisam de óculos e assistência auditiva. Elas precisam de encon trar conforto entre os dois suportes. Numa segunda abordagem, podemos falar nos desportistas! São consumi dores que precisam de um sistema forte e fiável para a sua performance Em terceiro lugar, os profissionais no desempenho das suas funções, como por exemplo, os dentistas. Trabalham todo o dia de cabeça inclinada e pre cisam de proteção... Inside é a solução perfeita! Finalmente, a Phibo Eyewear trabalha num produto específico para crianças. Têm o nariz pequeno e pre cisam de manter os óculos numa boa posição e em segurança!

A Phibo Eyewear está dedicada só ao projeto Inside?

Sm, de momento a nossa empresas mantém-se totalmente dedicada a este único objetivo e não é pequeno! (risos)

Qual foi a reação dos profissionais da ótica ao vosso Inside? O SILMO foi o palco oficial de lançamento?

Sim, o SILMO Paris 2022 foi a primei ra apresentação para a Phibo e prova velmente no melhor palco para o fazer.

A reação generalizada foi de surpresa! É muito importante lembrar a história dos óculos...durante 400 anos a haste foi atrás das orelhas das pessoas. Pela primeira vez, a haste foi apresentada nestes moldes, dentro da orelha. O meu mo mento preferido é quando as pessoas experimentam o sis tema, em que a magia acontece porque descobrem algo, de facto, novo e sobre o qual têm algum ceticismo.

E sabemos qual foi o veredicto do painel de jurados do SILMO d'Or, parabéns! Foi compensadora, em muitos sentidos, esta vitória num evento mundial?

Obrigado! Foi simplesmente fantástico...confesso que so nhei durante muito anos com este prémio. Eu vou mudar a visão sobre os óculos e a Phibo Eyewear é só o início. Claro que, este prémio confirmou a boa direção do meu trabalho.

"O meu momento preferido é quando as pessoas experimentam o sistema, em que a magia acontece porque descobrem algo, de facto, novo"

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E de que forma se deparou com o mundo da ótica?

Comecei com um estágio numa ótica independente em 2012...depois disso foi impossível pensar noutra coisa qualquer. Tal e qual apaixonar-se! (risos)

E o design das armações, de onde vem a inspiração?

Eu estudei arquitetura e design no pas sado e, especialmente, a inspiração biomimética. Algumas pessoas, como Zaha Hadid, arquiteta iraquiana-britânica, inspiraram-me para encontrar a melhor forma.

Que sonhos tem para a sua Phibo Eye wear?

A Phibo abriu um novo caminho para o design e para o usuário e, por isso, te nho esperança que inspire as novas gerações e outras marcas para o uso desta tecnologia.

De facto, não há muitas alternativas às tradicionais hastes ou até para qualquer outra parte dos óculos. Acha que estas alterações podem abranger ou tros pontos das peças eyewear? De facto, uma das outras áreas pro blemáticas para os óculos é a parte do apoio no nariz. Acredito que a próxi ma inovação focará esta zona para que os modelos se tornem mesmo muito confortáveis e estáveis para os consu midores.

E como vê o mercado do eyewear no global? É incrível ver tantas marcas independentes surgirem. É o futuro? Espero que sim! As grandes marcas são muito poderosas atualmente, mas penso que as pessoas estão interessadas em marcas mais artesanais que propõem algo distinto. A inovação converteu esta visão para a Phibo Eywear, por que não é preciso ser grande para sur preender o mercado.

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"Não é preciso ser grande para surpreender o mercado"

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