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#all eyes on you
Rui Cruz
A nova geração que reflete valores intemporais A entrevista com Rui Cruz foi o nosso “grito” de liberdade. Voltámos às conversas, mesmo que separados por mais de 80 quilómetros, sentados frente a frente, voz com voz. Este ótica de Viana do Castelo representou a figura que queríamos eternizar nas nossas páginas dedicadas à ótica. É a hoje a imagem de um negócio de sucesso, tem em si a resiliência representativa das novas gerações do mercado, é paciente e tem um coração enorme. A Óptica Cruz consegue, por tudo isto, ser uma empresa que está a um ano de celebrar 60 anos de trabalho junto da sua comunidade, através da dedicação à causa ótica, aos serviços exímios e à sua massa humana especial e familiar.
Conseguimos “viajar” até 1962, altura em que a Óptica Cruz foi fundada pelo homem chave desta história de óculos, facas, ouro e muito amor e dedicação. Francisco Jesus atreveu-se a aprender sobre ótica, já com os olhos no futuro, unido ao amor da sua vida, Marina Cruz. Juntos instituíram em Viana do Castelo uma empresa de referência, que absorveu filhos e netos e envolveu tantas famílias, que através de gerações edificaram o negócio. Sim, a Óptica Cruz tinha uma venda diversificada nos seus primórdios e as facas estavam lá, lado a lado com os óculos, para garantir que havia entrada de recursos financeiros, até finalmente a ótica ser maior que tudo o resto. É aqui que o nosso rosto de capa se inspira para dar continuidade à mítica Óptica Cruz. Admirador da postura e valores de Francisco, Rui Cruz, encarou desde cedo a sua missão de prosseguir a ótica familiar, que atualmente divide com a mãe, Maria Isabel Cruz e a tia, Anabela Cruz. Encantou-nos com os detalhes do percurso da empresa que tem expressão em duas lojas definidas ainda hoje pela personalidade do fundador, em Viana e na Póvoa de Varzim.
Quanto ao futuro, Rui tem no pragmatismo das suas respostas a marca de que tem as ideias bem delineadas, passando pela continuação dos valores que a Óptica Cruz cultiva há quase seis décadas. E fora da Óptica Cruz? Como tantos empresários do setor, Rui Cruz dedica muitas horas da sua vida a este objetivo de “levar visão” a todos e adora! Mas também adora a sua família que valoriza com o sorriso fácil que lhe é característico no rosto. É também o reflexo de um jovem que nos seus primeiros anos de vida foi feliz e livre e que faz questão em partilhar com outros. Fá-lo tanto na construção de uma vertente de solidariedade social na Óptica Cruz, levando a cabo missões complexas para levar bens a populações carenciadas. Também dá o pouco tempo que lhe resta à causa humanitária defendida pelo Rotary Clube de Viana do Castelo, instituição que inclusive presidiu, e onde é feliz com a felicidade de quem tem apoio nas suas causas e na união a tantas outras pessoas que se revêm nestes gestos de altruísmo. É com orgulho que deslindamos Rui Cruz, a imagem da ótica que queremos eternizar.
Conduza-nos pela longa história da Óptica Cruz à chegada de quase 60 anos de trabalho. Quase, falta um ano! É realmente um marco. Naturalmente, o mercado da ótica em 1962 era muito pequenino em Portugal. Havia lojas que vendiam armas e óculos. O setor, tal como toda a sociedade portuguesa, realmente evoluiu muito. Mas a nossa história foi muito simples. A minha avó, Marina Cruz, era filha de uma família de ourives de Arcos de Valdevez e o seu pai era importante na área. A minha avó já trabalhava com o meu bisavô desde os 10/12 anos, porém tinha o sono de ser médico. O meu bisavô não deixou e teve que ficar no negócio de família. O meu avô Francisco Cruz apaixonou-se por ela, casaram-se e mudaram-se para Viana do Castelo para se juntarem a um dos irmãos da minha avó que era ourives na região. Isto durou cerca de dez anos e o meu avô integrou-se totalmente na sociedade vianense. Nessa altura, os produtores de ourivesaria começavam a falar-lhe sobre o mercado da ótica e o que se projetava sobre este setor, que depois se veio a confirmar. O meu avô decidiu, por isso, lançar-se


