Millioneyes 107

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A salvação do mundo pelo design! A designer, docente da Universidade de Artes de Londres e diretora criativa da Maison/0, o programa de inovação sustentável estabelecido em parceria com a gigante do luxo, LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton, tem a missão de propagar uma nova forma de criar. Carole Collet lança um desafio aos criativos de todo o mundo sob a designação de design regenerativo. “Temos que abrir a nossa mente a um pensamento multiespécies”, declara Collet. Nesta entrevista feita pela Lisa White, diretora criativa da empresa de previsão de tendências WGSN, a designer francesa explora como o departamento de design das indústrias se pode adaptar às expetativas em mudança, para criar um futuro melhor para as pessoas, para os negócios e para o planeta. Tudo isto acentuado pelo sentido global de desilusão depois da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 2021. É mais crucial determinar e discutir como as marcas e criativos podem desenhar sistemas e produtos que respondem à emergência climática. Um dos assuntos na base daquilo que defende é que a sustentabilidade tem que funcionar para todos: natureza, humanos e também negócios. Queria realçar que, como designers, desenhamos para humanos, seguindo aquela máxima de “por humanos para humanos”, mas temos cada vez mais um melhor entendimento sobre o nosso planeta e como funciona e sobre o nosso impacto sobre o mesmo. No que diz respeito à biodiversidade, temos a noção que temos um milhão de espécies em risco de extinção e que pomos em perigo todos os ecossistemas em qualquer parte do planeta, devido ao nosso estilo de vida e aos nossos sistemas de produção e de consumo. Temos que pensar como habitar o planeta, considerando as outras espécies.

Este pensamento multiespécies é cada vez mais proeminente no design. Claro que, continuamos a desenhar para humanos, mas será que o podemos fazer beneficiando outras espécies também? É uma oportunidade em termos criativos, o facto de podermos pensar no design regenerativo. Vamos além da sustentabilidade e da redução do nosso impacto através de um menor consumo de água, ou tendo em atenção a toxicidade das matérias, ou mesmo ao diminuir o uso de energia e diminuindo a pegada de carbono. Temos a possibilidade de desenhar como um ato de amor ao favorecer outras espécies apenas pelas escolhas em todos os estágios da criação, como por exemplo, com a escolha de matérias que provenham de agricultura regenerativa. Assim, asse-

Foto: V2_

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#I eyes wide open

Carole Collet

guramos que os materiais foram cultivados de forma positiva para os solos e respetivos ecossistemas. Estamos agora a perceber que podemos restaurar o que estragámos e temos à disposição a ciência e os factos para ajudar, o que precisamos agora é que nós, designers, mudemos a mentalidade. E no que diz respeito aos negócios e à sua viabilidade? Isso pode acontecer em vários níveis. Muitas marcas focaram-se na sustentabilidade nos últimos anos e algumas das suas decisões fazem sentido, em termos de negócio. Se olharmos para, por exemplo, a mudança de todas as lâmpadas para LEDs, ou para a restrição do uso de água, traduzem-se de imediato em poupança e isso é positivo, tanto


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