EDIÇÃO 006 · OUTUBRO 2 1
mercadizar
ÍNDICE 04 12 Sobre a capa
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Influenciar com responsabilidade
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O papel social do comunicador
Educar é um ato revolucionário
Audiovisual e o compromisso com a realidade
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O retorno dos anos 2000
Especial PMKT10 54 68 60 62 66 70 72 74
10 anos do PMKT Troféu Nossa História Troféu Honra ao Mérito Top Marketing 2021 Troféu Profissionais Troféu Acadêmico Victor Ribeiro Troféu Criação Publicitária Conheça os jurados
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Representatividade LGBTQIA+ na comunicação
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A arte é reivindicação de existência
A BÚSSOLA SEMPRE APONTA PARA O NORTE
CEO Eulália Ribeiro Direção & Edição Executiva Mariana Moreira
O Mercadizar é um veículo de transformação. Queremos ser, de fato, um portal de e para a comunicação, arte, cultura e conhecimento. Nosso propósito é ser instrumento de incentivo e valorização da Região Norte.
Jornalista Responsável & Planejamento Isabella Botelho nº MTB 1395/AM
Tenha acesso às edições anteriores da revista:
Repórteres Hilana Rodrigues Ludmila Menezes
Repórter & Relações Públicas Patrícia Patrocínio
Direção de Criação Aline Ribeiro Design & Diagramação Lígia Russo Para propostas comerciais, parcerias, sugestões de pautas, reclamações ou dúvidas: contato@mercadizar.com Esta revista possui distribuição gratuita sendo estritamente proibida a venda da mesma. O Mercadizar não se responsabiliza pelos conceitos e opiniões em artigos ou matérias assinadas. A reprodução deste conteúdo editorial não é permitida sem autorização ou citação da fonte. Todos os direitos estão reservados e protegidos para Mercadizar.com - CNPJ: 33.736.015/0001-71.
Revisão Rafaela Viana Capa Rafaela Viana e Lígia Russo Colaboradores Rodrigo Cordeiro Valber Araújo
apresentação POR MARIANA MOREIRA
A cada revista entregue, a sensação é diferente. Já tivemos a sensação de orgulho, de alívio, de cansaço, de (não) querer mais. Nesta nova edição, estamos iniciando um novo capítulo para o Mercadizar e para o PMKT. Este ano, pela primeira vez, o Prêmio Amazonense de Propaganda e Marketing está sendo realizado inteiramente por nós.
O nosso muito obrigada a cada jurado que acreditou no nosso projeto e se permitiu conhecer mais sobre o Amazonas e expandir seus horizontes, esperamos fazer desta uma longa parceria. A todos os profissionais que fizeram suas inscrições e também acreditaram junto com a gente na importância do reconhecimento, da representação e da conexão. Aos artistas que transformaram nosso prêmio muito além da comunicação, que trouxeram arte e autenticidade numa grande mistura de ritmos.
É uma honra muito grande ser responsável por um evento que já tem dez anos de história e poder contribuir para escrever um novo capítulo. Um novo cenário pede novos formatos e novas categorias que, se depender de nós, só vai ser maior (e melhor) a cada edição.
E, por fim, e não menos importante, à nossa equipe que se dedica diariamente para ser uma ponte de informação e transformação, durante o processo exaustivo de ainda viver em uma pandemia, com um cenário político catastrófico, criando conteúdos diários para as redes sociais e para o portal, elaborando esta revista e organizando o prêmio. Com toda a equipe em trabalho remoto, esse processo não foi nada fácil.
Esta revista traz nomes e histórias, mas traz também nossa essência e tudo o que acreditamos ser necessário para construirmos uma publicidade, uma comunicação, um entretenimento e uma cultura cada vez mais justa, inclusiva e transformadora.
Ilustraçoes: Rafaela Viana
Porém, um vídeo com uma reflexão da rainha Marisa Monte me acalentou o coração. Nele, ela fala sobre a origem da palavra sucesso, que vem do latim successus, que significa sucedido, realizado. No atual cenário que vivemos, com tantas crises financeiras e mentais, entender o conceito de sucesso por outro ponto de vista é reconfortante. E, de fato, ver um projeto que foi (e tem sido) idealizado por um grupo de pessoas com sonhos e propósitos tão grandes, se tornar real, e estar no mundo para quem quiser ver, é mesmo um sucesso.
Sobre a capa POR isabella botelho
Em sua 6ª edição, a Revista Mercadizar cumpre, mais uma vez, o compromisso com a divulgação dos artistas locais: como já é tradição, a capa foi ilustrada por uma artista manauara. Rafaela Viana, assinante de seus desenhos como Vico, publicitária que atua como revisora no Mercadizar e ilustradora nas horas vagas, foi a responsável pela criação, finalizada pela Diretora de Arte da equipe, Lígia Russo. Numa edição especial, com parte de seu conteúdo dedicado ao Prêmio Amazonense de Propaganda e Marketing, pela primeira vez com realização do Mercadizar, a capa partia do princípio de unir o veículo e o evento, conforme explica Lígia: “nessa edição, nós queríamos uma capa feita pela equipe do Mercadizar, cheia de personalidade e criatividade. Pensamos num visual que tivesse a nossa cara, mas que também conversasse com o conceito da identidade visual dos 10 anos do PMKT”. Esta união foi representada, então, por meio da ilustração de uma deusa, que carrega um dos principais ideais da empresa, a valorização feminina, colorida com as cores da identidade visual do evento: azul, verde, lilás e amarelo. Ao fundo, a escolha do background tem um degradê que passeia entre o azul e o verde. “As cores e os elementos da capa estão completamente integrados numa composição bem harmoniosa que representa os quatro elementos da natureza. Esse ano, o PMKT trouxe essa nova identidade, usando as cores que representam ar, fogo, terra e água, que segmentam categorias dentro do prêmio que envolvem comunicação e criatividade”, complementa Lígia. Rafaela (Vico), que teve a missão de dar vida às ideias da equipe, explica que foram citadas as palavras “deusa” e “descolada”.
Fotos: Acervo Pessoal
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Processo de Criação
As características que serviram como um dos pontos principais para iniciar a criação por darem uma margem bem criativa na hora de iniciar o rascunho. Partindo da ideia da representação de uma deusa, ela teve a cantora norte-americana Ariana Grande, no clipe “God Is A Woman”, como principal inspiração. “Quando ouvi a palavra ‘deusa’, só consegui pensar na estética daquele clipe, então usei como base uma pose que a Ariana faz em uma cena, adaptando, claro, pro formato da nossa revista. Sempre tive uma identidade nos desenhos muito melancólica, então fiquei com medo de passar isso pra capa, que não deveria transmitir nenhum sentimento negativo. A ideia era transmitir força, a tal da ‘patroa energy’”, conta. A criação da ilustração, que durou cerca de um dia inteiro, foi feita no Procreate, um aplicativo para pintura digital. Falando especificamente sobre as técnicas utilizadas, Rafa optou por um sombreado granulado, que faz com que a textura seja diferenciada e contribui para que o desenho fique menos chapado. Pensando em representar os quatro elementos, carro-chefe da identidade, ela fez as seguintes analogias: “adicionei um brush com efeito de piscina para representar a água na pele, coloquei vermelho e amarelo no cabelo para o fogo, asas roxas para o ar e flores nascendo na pele para a terra”. Após a aprovação da ilustração, foi iniciado o processo de finalização da diagramação, feito por Lígia, com a adição de elementos presentes na identidade visual do PMKT, conforme ela explica: “como a capa foi pensada em conjunto, a criação também precisou estar o tempo todo em sintonia. Foi feito um template simples para que a ilustradora tivesse uma base para o seu trabalho, que depois de feito, precisou dos elementos e cores para complementar o resultado final, que excedeu nossas expectativas de tão lindo”.
Ilustraçoes: Rafaela Viana
“É a personalidade do PMKT deste ano, com elementos da natureza em um corpo feminino, com uma expressão de mulher forte e dona de tudo. Pra mim, representa exatamente isso também, além de uma oportunidade minha como aspirante a ilustradora. E, claro, o conceito que eu adoro de que Deus é uma mulher.” Rafaela Viana
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“Estamos na sexta edição da revista Mercadizar, esse caminho percorrido trouxe uma bagagem que podemos visualizar na nova capa. Ela representa todo o crescimento, a identidade forte e autêntica, a solidez do conteúdo ilustrado com as formas. O colorido dos elementos também remete a liberdade que temos dentro do Mercadizar de ser quem nós somos e produzir conteúdos com os quais nos identificamos.” Lígia Russo
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OUT 21
Influenciar com responsabilidade POR isabella botelho
Quando ouvimos a palavra “influenciador”, é quase que automático, associarmos àquelas personalidades das redes sociais que detêm um grande número de seguidores. “Apesar da ascensão nos últimos anos por meio das mídias digitais, o marketing de influência não é tão recente quanto imaginamos. De forma direta, esta estratégia de marketing consiste na prática de ações focadas em personalidades que exercem influência para potenciais clientes, interferindo nas decisões de compra a favor de uma determinada marca ou produto. 6
Diferentemente do que muitos presumem, esta abordagem não iniciou na internet. A história do conceito, na verdade, pode ser dividida em três fases, e a primeira data, segundo artigo do TecMundo, do longínquo ano de 1760, quando a Rainha Charlotte, da Inglaterra, promoveu a marca de porcelanas Wedgewood. A segunda fase se dá com a ascensão das mídias eletrônicas, em especial a televisão. Neste momento, as marcas passaram a se associar a celebridades da música e do cinema, enxergando uma oportunidade de se aproximar dos fãs. Já a terceira fase diz respeito à popularização da internet, por volta do ano de 2000, e o posterior surgimento das redes sociais, que possibilitaram uma interação maior com pessoas de várias partes do mundo - conhecidas ou não. Assim, surgiram os influenciadores digitais, pessoas que utilizam de seus perfis em plataformas sociais para compartilhar conteúdo, como conhecemos hoje. Eles criam comunidades, formadas pelos seguidores, e utilizam da influência para promover marcas, empresas e produtos, no entanto, não por meio da propaganda direta, mas com as chamadas “parcerias pagas”.
Há 7 anos em atuação, a Squid, empresa do segmento de influência, assistiu ao boom desse mercado e, consequentemente, às transformações que se seguiram conforme a emergência de novas tecnologias, formatos, tendências e, principalmente, à sua consolidação. Em entrevista exclusiva à Mercadizar, o CEO Felipe Oliva comentou como a empresa acompanhou este desenvolvimento, desde um período em que a estratégia era uma aposta, até a criação de áreas de marketing de influência dentro das marcas:
“Ao longo desses 7 anos, a gente viu como esse mercado foi se desenvolvendo, evoluindo e diversificando as estratégias. Hoje, a gente consegue trabalhar o que a gente chama de ‘pirâmide da influência’, desde uma base, em que você trabalha os nano, micro e meso influenciadores, até os macro influenciadores e as celebridades. Essa estratégia começou a derivar para várias estratégias do marketing tradicional. Agora, você utiliza influenciadores para social, marketing digital, para uma estratégia de marketing de conteúdo em um blog, para vendas no e-commerce…” A popularização das redes sociais possibilitou a qualquer pessoa, inclusive personalidades anônimas, ser um potencial influenciador digital. Bastava ter uma boa quantidade de seguidores nos perfis das plataformas, em especial o Instagram, para que as primeiras oportunidades de fazer publicidade para um produto ou empresa surgissem, tanto local, quanto nacionalmente.
O que para muitos se iniciou como um hobby nas redes sociais para compartilhar sobre o dia a dia, dicas de viagens, compras e tutoriais de maquiagem, se profissionalizou com o passar dos anos e, assim como qualquer outra profissão, a influência necessitou ser regulamentada e inspecionada por um órgão competente. Diante do crescimento do mercado, surgiu a necessidade da regulamentação e, em dezembro de 2020, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) publicou o Guia de Publicidade por Influenciadores Digitais, focado nas ações de publicidade dos influenciadores em qualquer plataforma. Desta forma, estabeleceramse regras para a criação de conteúdo nas redes sociais. A principal delas é a sinalização de um conteúdo por meio do uso das hashtags (#publi e #publicidade, por exemplo). Além da necessidade e importância de informar sobre uma publicidade paga, está a responsabilidade social que os influenciadores têm em seu ofício: eles são criadores de novos hábitos e formadores de opinião. Se antes as pessoas queriam acompanhar personalidades que produziam um tipo de conteúdo considerado por muitos como supérfluo, apenas para passar o tempo e se abstrair da própria rotina, hoje, no atual cenário político-social que vivemos, nacional e mundialmente, as pessoas querem se sentir e, principalmente, se verem representadas. Há uma busca incansável por identificação. Passou-se o tempo em que as pessoas queriam rolar o feed ou assistir os stories do Instagram e ver realidades diferentes das suas, às vezes até mesmo inalcançáveis, ou corpos e rostos perfeitos, muitas vezes frutos de cirurgias plásticas. Assim, um fator passa a ser determinante neste processo: o conteúdo. As pessoas querem consumir conteúdo que consideram de qualidade, acompanhar influenciadores engajados em causas nas quais realmente acreditem e, sobretudo, que se posicionem diante de assuntos necessários e tenham responsabilidade, tanto com o que publicam, quanto como agem fora das redes sociais.
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Esta tendência, que já vinha se desenhando há alguns anos, ganhou forma e se estabeleceu principalmente por conta da pandemia do coronavírus que, como sabemos, modificou todos os aspectos da sociedade, inclusive o marketing de influência.
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OUT 21
Durante este período, muitas marcas se apoiaram nos influenciadores como uma alternativa para anunciar, já que outros meios mais tradicionais como a própria televisão tornaram-se inviáveis devido às restrições sanitárias. Ao mesmo tempo, a busca por fontes confiáveis sobre a doença aumentou e os influenciadores ganharam ainda mais importância para contribuir com a propagação de informações verdadeiras sobre a importância da quarentena e os cuidados necessários para evitar a propagação do vírus. Além disso, o isolamento social contribuiu para o aumento do uso de celulares e, consequentemente, das redes sociais. Assim, o ano de 2020 ficou marcado como um período de crescimento exponencial e inovação para este mercado.
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“Com a pandemia, a gente começou a ver os criadores de conteúdo trazerem cada vez mais a questão da autenticidade. Eles começaram a mostrar que são pessoas normais, com problemas normais, que ficaram em casa e tiveram que se reinventar.” Felipe Oliva A estudante de Direito e Assistente Judiciário, Manuela Lacerda, de 23 anos, define a influência como “uma força que modifica a pessoa, seja no corpo ou na mente”. Ativa nas redes sociais, ela consome conteúdo e acompanha perfis de influenciadores digitais, mas atende a critérios específicos na hora de seguir: “sigo mulheres que me motivam a ser uma pessoa melhor e a refletir sobre alguns paradigmas”, explica. Para Manuela, é essencial que os influenciadores digitais tenham responsabilidade social principalmente pelo seu poder de persuasão e capacidade de convencer uma pessoa de algo que não é real, ocasionando em traumas físicos e psicológicos. Assim, ela conta que nunca parou de acompanhar algum perfil, o unfollow, devido a alguma atitude antiética ou irresponsável de um influenciador, mas que já deixou de seguir personalidades que a faziam ficar mais ansiosa por mostrarem uma realidade inalcançável.
Da mesma forma que os consumidores agora procuram atender a critérios específicos para seguir e acompanhar determinado influenciador nas redes sociais, do ponto de vista das marcas e dos anunciantes, há a busca por criadores com propósito, responsabilidade e cujos princípios sejam compatíveis aos seus. Assim, os critérios para se contratar um influenciador agora vão muito além da estrondosa quantidade de seguidores: a maioria das marcas e empresas já pensam no engajamento orgânico, no posicionamento, na relevância e nos valores que compartilham com o profissional. Esse cuidado é necessário e tem se tornado um diferencial na hora da contratação, pois o influenciador escolhido se tornará uma espécie de embaixador daquela marca, empresa ou produto. A partir do momento em que um influenciador é contratado para divulgar, ele se torna um representante e, de imediato, suas imagens serão automaticamente associadas na mente do consumidor. Ao primeiro sinal de um mau comportamento ou polêmica em que o influenciador esteja envolvido, um posicionamento será cobrado de seu contratante.
Por isso, é necessário que as marcas e empresas entendam que, em alguns casos, os números não determinam a relevância de um criador de conteúdo. Às vezes, apesar do alto número de seguidores, um influenciador pode produzir conteúdo sem impactos positivos, em comparação a outros que, com números menores, produzem conteúdo relevante, com propósito e promovem engajamento real com sua comunidade. Por outro lado, aquelas empresas que ainda insistem em personalidades apenas pela suposta audiência que têm, sem olhar para critérios como a responsabilidade social, estão suscetíveis às críticas do público e, até mesmo ao boicote. No mesmo sentido, anunciantes podem e devem voltar seus olhares aos microinfluenciadores digitais que, na maioria das vezes, trabalham com causas específicas e em determinados nichos e influências, o que pode ser benéfico às marcas, que contratarão alguém que dialoga diretamente e, sobretudo, entende seu público-alvo. Aliado a isto, esses criadores possuem, justamente, a capacidade de dialogar com a comunidade de seguidores com mais facilidade, um fator fundamental para a identificação do seguidor com a personalidade.
Os influenciadores devem ter responsabilidade com aquilo que divulgam e com os discursos que utilizam suas plataformas. Para a jornalista paraense Natália Costa, eles devem entender quem são, seus discursos e a amplitude que eles podem alcançar: “enquanto ser humano, você tem que entender o seu papel social, coisas que você vai reproduzir ou não dentro de um discurso. Quando você tem uma audiência maior, esse discurso é mais importante ainda, porque ele é capaz de atingir milhares de outras pessoas”. Natália também frisa que o discurso, ainda mais nos tempos atuais, é essencial: “eu acho que o influenciador tem um papel social importante, que é de transformação. Nós temos que nos entender enquanto agentes de mudança e agentes transformadores dentro da sociedade, mas o influenciador digital atinge um maior número de pessoas”. Uma questão que vem chamando atenção é justamente sobre a publicidade de influenciadores para produtos e procedimentos ligados à estética, como suplementos para o emagrecimento rápido, cirurgias plásticas e rotinas de alimentação que não são saudáveis do ponto de vista da medicina. Muitos influenciadores recebem o produto ou são convidados a fazer procedimentos gratuitos, por meio de permuta em troca da divulgação, e fazem a publicidade sem ao menos testar ou procurar saber informações aprofundadas. Tais ações incentivam consumidores que, sem questionar, aceitam as “indicações” por se tratar de alguém em quem confiam.
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Antes de atuar como Creative Strategist na YOUPIX, seu atual cargo, Natália participou da criação da área de influência da Sallve, marca de cosméticos brasileira conhecida pela massiva utilização de influenciadores e personalidades em sua publicidade. Lá, ela conta que introduziu, junto à equipe de comunicação, uma estratégia de marketing de influência baseada no propósito e na ligação com um consumidor real, que quer se enxergar na publicidade. Uma das frentes de atuação para pôr tal estratégia em prática foi a contratação de criadores de conteúdo que combinassem genuinamente com a empresa.
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OUT 21
Hoje, um influenciador digital deve se entender enquanto um agente de transformação, que impacta e tem poder sobre decisões ou opiniões de outros, aqueles que o seguem nas redes sociais. Neste sentido, é essencial se manter atento aos debates sociais, posicionar-se sobre eles e ter, fora dos holofotes das redes sociais, um discurso compatível com o que é mostrado nas telas e pensar, também, nos mais diversos públicos que consomem o conteúdo produzido. Uma tendência que ganhou força e cada vez mais adeptos entre os influenciadores digitais é a acessibilidade por meio da descrição de postagens, com as hashtags #PraCegoVer ou #PraTodosVerem, assim como a legenda e profissionais de libras. Desta forma, pessoas cegas, surdas ou com baixa capacidade visual e auditiva têm a oportunidade de acompanhar o que é publicado e os influenciadores são responsáveis pela inclusão digital de um grupo que antes ficava de fora.
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Contribuindo para este pensamento, a relações públicas, professora e consultora de mídias sociais, Carolina Terra, explica que, trazendo as discussões para os dias mais atuais, os influenciadores têm um papel fundamental, por exemplo, na propagação de informações verdadeiras sobre a vacina contra a Covid-19 e no incentivo direto à vacinação:
“Os influenciadores têm um papel social muito forte de entender o que está acontecendo na sociedade e como eles podem ajudar. Penso que eles podem, numa situação que a gente vive hoje, estimular a vacinação, convencer as pessoas a se vacinarem, de que aquilo é seguro, falar em prol da ciência e fazer, efetivamente, um papel de influência, de interferência, de impacto junto àquelas pessoas que têm dúvidas de questões que já estão consagradas.” Carolina Terra
“Eles são o primeiro ponto de entender o pulso do que é essa comunidade. Eu sempre tenho cuidado nas nossas estratégias com essas pessoas que estão construindo diálogos profundos com a sociedade de fato para que a gente não coloque esse grupo no papel de canal apenas, isso seria diminuir a importância das pessoas que estão encontrando a sua forma de se conectar com uma determinada rede. Como, em respeito a esta forma única de se conectar a uma rede, a gente constrói juntos a história? Hoje, eu dou muito valor a esse momento de construir histórias com influenciadores porque, para mim, eles são grandes efeitos multiplicadores e são, inclusive, pessoas que podem direcionar a narrativa do negócio e do produto, não só do ponto de vista da comunicação, mas muitas vezes influenciar no produto ou no serviço que será oferecido.”
Colagens: Lígia Russo/ Imagens: Reprodução da Internet
Para a publicitária Raphaella Martins, é preciso que os influenciadores criem diálogos verdadeiros com a comunidade, e que, sobretudo, agências, anunciantes e o próprio mercado os entenda como criadores de histórias e não só como um veículo de divulgação.
Especialista na área, Raphaella tem mais de 10 anos de experiência de mercado e, antes de atuar como Creative X do Facebook, trabalho em que desenvolve estratégias criativas para os aplicativos da marca no mercado brasileiro, foi eleita, em 2019, pela YouPix, como uma das 15 pessoas que mais contribuíram para o mercado de conteúdo e influência no Brasil.
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É fato que, com a popularização das redes sociais, tornou-se cada vez mais comum acompanhar perfis de influenciadores digitais. Apresentamos acima todas as evoluções na profissão com o passar dos anos, mas não podemos deixar de frisar, novamente, a importância do público neste processo em cadeia. Assim como para os demais meios de comunicação, como a televisão e o rádio, a audiência é um diferencial na contratação e, nos tempos que vivemos, um personagem importante na fiscalização dos influenciadores e peça central na relação entre os criadores de conteúdo e os anunciantes, afinal, eles são procurados por marcas por conta do impacto que causam em determinado público. É essencial que os influenciadores pensem, em primeiro lugar, no público que o acompanha e, da mesma forma, os anunciantes devem olhar para os influenciadores como embaixadores de suas marcas e produtos, adotando critérios na hora da contratação.
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OUT 21
Educar é um ato revolucionário POR HILANA RODRIGUES
Muito além de alfabetizar, a educação, no contexto geral, é a chave para abertura de mudanças sociais. Será ela que levará o aluno a descobrir inúmeras informações importantes sobre o passado, entender o presente e agir para formar um futuro, tendo como objetivos a conscientização e transformação.
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Como diria o patrono da educação brasileira, Paulo Freire, em seu livro Pedagogia do Oprimido, com ela, é possível libertar os indivíduos por meio da “consciência crítica, transformadora e diferencial, que emerge da educação como uma prática de liberdade”. Ou seja, podemos dizer que o ato de educar é uma prática de humanização. Para a Mercadizar, Gustavo Soranz, professor e coordenador de curso da Faculdade Metropolitana de Manaus (Fametro), diz que a educação pode ser definida, de forma mais clara e direta, como: “A área mais importante para criar as condições necessárias para que uma determinada população consiga desenvolver meios para melhorar seus processos, suas habilidades, desenvolvendo valores e princípios necessários para sua existência e interação com o meio em que vive.” Esse também é o conceito mais utilizado por outros educadores e defensores da educação de qualidade. Isso porque os avanços em diversos segmentos da sociedade são perceptíveis quando há investimento na educação, seja na área da saúde, tecnologia, políticas públicas e até tratamento interpessoal. Neste ponto, vale lembrar que a educação não se limita à instrução ou transmissão de conhecimentos no âmbito escolar, entendido como o local oficial para receber informações mediadas por um educador.
É importante comentar sobre a educação informal: o conhecimento adquirido por meio da vivência e da interação social, em que não há delimitação de horário, currículo ou lugar. Esse ensino informal, ocorrido nos processos cotidianos como a família, círculos sociais de trabalho e lazer, também se faz de grande valor para o desenvolvimento moral das pessoas e na formação de uma sociedade respeitosa, em que todos são, ao mesmo tempo, alunos e professores, independente do grau de escolaridade que possuem.
Educação e humanização Segundo a Base Comum Curricular, estão entre as competências da escola e ambiente escolar, a função de desenvolver nos alunos o senso de responsabilidade e cidadania: “agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários” (BNCC, 2018). Essas funções são ligadas ao que educadores chamam de competências socioemocionais, muito presentes nos primeiros anos escolares e são responsáveis por estimular habilidades emocionais necessárias para construir relações sociais saudáveis. A professora de ensino primário da rede pública Jaionara Leite, explica a importância da educação e cuidados emocionais nos primeiros anos escolares: “É nessa etapa que as crianças estão desenvolvendo suas capacidades cognitivas, afetivas e sociais, e é necessário trabalhar de forma que possibilite que as crianças se desenvolvam de forma ampla, por meio das vivências, como a coordenação motora, o respeito pelo outro, a inserção das crianças no universo da leitura literária e da música, tornando o adulto mais humano, mais participativo e mais colaborativo.” E seguindo por esse conceito de formar adultos mais humanos e colaborativos, podemos citar uma parte da educação que ainda é pouco pautada - da forma como realmente deveria ser - na sociedade, que é a educação inclusiva. Para a Mercadizar, o professor e coordenador do Núcleo de Tecnologia Assistiva do Instituto Federal do Amazonas, Dalmir Pacheco, enquanto docente e pessoa com deficiência, vê uma educação inclusiva como a base no debate e valorização da diversidade. “A escola inclusiva é a que valoriza a individualidade, mas tendo como propósito o fortalecimento da vivência coletiva das relações sociais. Sem diversidade e, principalmente, sem respeito à diversidade, iremos cair na armadilha do preconceito e da discrimação, o que infelizmente vemos diariamente.”
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Para Dalmir, sendo a educação um direito de todos, ela tem como base desenvolver e fortalecer a personalidade por meio de temáticas voltadas para a troca de informações de diferentes realidades, em que alguns agentes são essenciais, como a família, a sociedade e os professores, mas sem sobrecarregar estes últimos.
Parte de um todo Não é novidade que professores são sobrecarregados com responsabilidades educativas que em alguns casos são funções da sociedade e da família que também são formadoras da personalidade dos indivíduos. Por estar presente em quase toda a formação acadêmica e desenvolvimento profissional, o docente possui grande importância, não só para a pessoa em seu singular, mas para toda a sociedade.
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OUT 21
A professora Ivânia Vieira, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), resume bem essa relevância do educador na vida dos alunos.
“Ensinar e aprender é parte de um todo. É nesse encontro que o processo se completa e produz aquela alegria única descrita por Paulo Freire, pois se traduz em espaço criativo de possibilidades de construir, recriar e criar. Sem a/o professor/a a obra não se completa, da mesma forma que educador/a não existe sem o estudante.” Ivânia Vieira
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E por essa relação acontecer em diversas fases de nossas vidas, é preciso que ocorra de forma saudável. A visão de Ivânia pode ser complementada com a de Judy Tavares, professora de Comunicação Social da UFAM, ao dizer que, entre tais figuras, “deve haver uma relação madura, respeitosa e ética, em que as pessoas não são silenciadas e essas histórias são construídas juntas. Um professor é sempre inspirador, como um modelo aos alunos que se questionam ‘é esse profissional que eu quero ser’ ou ‘esse tipo de profissional que eu não quero ser’”. Há casos em que os professores são mais próximos dos alunos do que os próprios familiares, seja por questões de fragilidade em casa ou pela sintonia entre as personalidades. Mas o que sabemos é que a escola, assim como o corpo docente, irá se fazer presente em conceitos durante toda a vida do aluno.
A utopia da educação digna Entendendo que uma sociedade se desenvolve positivamente por meio do pensamento crítico e possibilidades de crescimento social, notamos que a educação é esse abridor de portas para compreender que algumas situações são insustentáveis, devendo ser enfrentadas com a sabedoria que a escola de qualidade pode proporcionar. Para Ivânia Vieira, seria valorizando o modelo de educação crítica que o Brasil possuiria uma sociedade mais justa, mas isso requer zelo com a política educacional. “Teríamos muito mais chance de ter avançado em áreas que permanecem como um estigma para a maior parcela da população, tais como: a desigualdade socioeconômica, a discriminação, o racismo, o xenofobismo e a violência contra os povos indígenas, as mulheres e LGBTQIA+.”
Colagens: Lígia Russo/ Imagens: Reprodução da Internet
Por que utopia e não realidade? Diariamente percebemos que a educação no Brasil não é incentivada e investida economicamente da forma como deveria. Recursos são retirados frequentemente desde o ensino básico até as bolsas de mestrado. A professora Judy, que já trabalhou em universidades públicas e privadas, nos abre os olhos sobre essa realidade: “Não tem como não lembrar da frase do Darci Ribeiro, que fala que a crise de educação no país não é uma crise, mas sim um projeto. Infelizmente um projeto perverso, que acaba privilegiando as pessoas que têm um poder socioeconômico maior, porque a educação pública vai lidando com uma dura realidade: sucateamento no ensino e professores em greve.” Devemos pensar que investimento e incentivo tratase de professores bem remunerados, acesso a novas tecnologias, assim como projetos pedagógicos educacionais e apoio psicológico ao corpo discente e docente. Pois sem isso, temos a presente realidade educacional: pessoas com educação básica precária, baixa porcentagem de pessoas pretas, indígenas e periféricas em universidades ou ocupando cargos altos em empresas, empregos informais que abusam das necessidades de pessoas sem grande formação ou possibilidade de trabalho formal.
“Não é sina, azar ou autodecisão dessa maioria em viver assim, é um modelo econômico/político que atua na construção e na permanência desse quadro.” Ivânia Vieira
Ivânia reforça que, por enquanto, a educação se baseia na luta de professores, estudantes e demais profissionais envolvidos no projeto de educação que vai contra as medidas perigosas e irresponsáveis que estão sendo tomadas. Uma luta ampla, com participação de muitas pessoas que prezam por uma educação pensada em um futuro com chances igualitárias para todas as classes.
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“Nela, estão presentes milhares de brasileiros e brasileiras que têm consciência do papel que exercem nesse enfrentamento, dos sem direitos e de setores que somam para que o Brasil se torne uma nação mais autônoma, livre e socialmente justa. Talvez, nessa operação - traduzida em lutas seculares - esteja a ideia de um país independente e soberano. Essa é a utopia que nos faz seguir em lutar e colocar, a cada dia, uma pedra na construção do nosso sonho”, finaliza. Em resumo, podemos confirmar que a educação possui enorme potencial transformador quando pensamos sob a perspectiva de desenvolvimento social. Ou seja, a escola e os educadores são espaço e pessoas formadoras e orientadoras para uma cidadania mais consciente, crítica e participativa.
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OUT 21
OS NOVOS “COACHeS” DO MARKETING DIGITAL “Ganhe dinheiro sem sair de casa”, “te ajudo a aumentar seu faturamento pela internet”, “aumente sua renda com o marketing digital”. Dos mais variados perfis no Instagram, nos mais variados horários e dias da semana, dos mais diferentes sites ou aplicativos, se você usou internet no último ano com certeza já viu uma frase dessa em algum conteúdo que visualizou. 16
Confesso que quando comecei a ver esse tipo de postagem, logo me veio à cabeça aquela famosa rede de “colaboradores” que realiza reuniões inesperadas para te “ajudar” a aumentar sua renda. Além de achar que era mais um esquema de “empreendedorismo” suspeito, comecei a ficar impressionado com a forma que esse tipo de negócio se espalhou em pouco tempo. Mas nada me chamou mais atenção do que no momento em que vi inúmeros perfis denominando isso tudo de marketing digital. Como profissional de comunicação, formado e atuante na área, tive inúmeros sentimentos em relação a essa denominação. Certa graça ao perceber que as pessoas não sabem o que realmente é marketing digital e preocupação por pensar em como esse esquema pode vir a manchar a nomenclatura. Raiva por pensar em como as pessoas reduziram a área apenas a dinheiro instantâneo, sendo que quem se gradua e se especializa na área, sabe que marketing digital é um trabalho complexo e pensado a longo prazo. Enfim, eu tenho trabalhado para analisar de forma mais racional.
Já ouviu aquele verbete popular “de pouquinho em pouquinho, a gente chega lá”? Então, pouco a pouco a gente faz o mundo nos respeitar!
Valber Araújo Também chamado de Valbi, formado em Relações Públicas pela Universidade Federal do Amazonas, tem experiência em marketing digital, comunicação pública e interesse na área de marketing cultural e produção de eventos. Trabalha como criador de conteúdo e social media na VR Studio.
Colagens: Lígia Russo/ Imagens: Reprodução da Internet
“Resumindo: o marketing digital deve ser encarado como um conjunto de sete ações estratégicas, cada uma criando ações táticas e operacionais de forma coordenada e interdependente, gerando sinergia e resultados.” (TORRES, 2009, p.72)
O caminho certo é uma união dos profissionais para que, mesmo em pequenas ações, a área de marketing digital seja cada vez mais conhecida e respeitada. Não digo de levantar várias postagens em suas próprias redes sociais, ou criar uma campanha sobre isso, mas sim conversar com as pessoas que não são do meio e, mesmo que indiretamente, em um assunto que talvez nem seja centralizado na área, inserir elementos que possam reforçar a seriedade da profissão.
Foto: Acervo Pessoal
Definitivamente isso não é marketing digital, é uma estratégia de vendas. Não é o que conhecemos na faculdade de graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado, como Marketing Digital. E eu poderia citar os inúmeros conceitos acadêmicos que temos da área, mas vou deixar aqui o conceito dado por Cláudio Torres, no seu livro A Bíblia do Marketing Digital:
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Aceitar que a área seja reduzida a esse típico esquema, em que muito se promete e pouco é realmente revertido a quem acredita, é aceitar que o marketing digital existe para forjar a realidade. É aceitar que esta importante área da comunicação seja diminuída e que anos de estudo e dedicação dos profissionais formados e atuantes sejam perdidos. Aceitar e não reclamar o título de direito ao ver pessoas se autointitulando como especialistas, sem nunca ter feito nenhuma graduação sobre, é verificar o efeito do “coach” ocorrido na área de psicologia consigo mesmo.
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OUT 21
audiovisual e o compromisso com a realidade POR HILANA RODRIGUES
Em geral, podemos imaginar que o interesse em conhecer determinada localidade se dá pela apresentação que vemos em produções audiovisuais como propagandas, filmes e novelas.
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O conhecimento sobre a cultura local reforça a valorização, assim como o incentivo adequado para o desenvolvimento de determinada região. Mas e quando essas reproduções fogem da realidade local? Não é nada incomum que, após a exibição de um produto audiovisual que retrate alguma localidade, ouve-se falar e vejam críticas sobre como a região, pessoas ou cultura foram mostradas de forma estereotipada ou simplesmente errada. Um exemplo recente sobre isso é a série “Emily em Paris”, uma comédia que, para os franceses, foi alvo de diversas críticas negativas justamente pela forma como representavam sua cultura. Mas fazendo um filtro mais local e popular sobre essa questão, podemos falar sobre as novelas, minisséries e filmes brasileiros que, em suas tentativas de levar diversidade cultural, acabaram reforçando estereótipos ou até se apropriando de contos da Região Norte do país. Rico em uma cultura diversa, o norte, além de possuir produções audiovisuais de qualidade organizadas pelos próprios regionais, também é procurado por produtoras nacionais para servir de inspiração a obras que falem sobre nosso regional ou que deem introdução ou citação.
Mas claro que, assim como outras regiões, a Região Norte não foge da representação equivocada de produções, muitas vezes sulistas. Seja o sotaque, a retratação da localidade, cultura ou até mesmo os personagens mostrados com exagero de estereótipos.
“Sem compromisso com a realidade” Alguns autores, assim como telespectadores, argumentam que produções como novelas, filmes, séries e minisséries são obras de ficção e não documentários para serem fiéis à vida real. A TV Globo, por exemplo, adotou em 2011 a mensagem “esta é uma obra de ficção coletiva, baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade” nos créditos de suas produções, a fim de reforçar a expressão criativa e tirar qualquer comprometimento com a veracidade. Essa frase, hoje em dia é utilizada em outras produções e produtoras, e que pode ser questionada como uma ferramenta para que autores se sintam menos desconfortáveis ao exagerarem em estereótipos idealizados por quem não é da região, como uma forma de chamar mais atenção para a obra.
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Em entrevista à Mercadizar, a jornalista e produtora cultural, Tainá Barral, acredita que a razão para que o norte ainda seja representado de forma tão equivocada por produções audiovisuais do sul e sudeste é o preconceito enraizado que vem de anos de invisibilização, por: “Acreditarem que aqui só existe floresta, junto à centralização de mercado de trabalho do audiovisual, teatro e afins no eixo sul e sudeste, e a falta de pessoas do norte na direção, principalmente a de representatividade e apagamento indígena em muitas produções, ou apropriações superficiais que fazem com que as narrativas sejam mal interpretadas, perpetuando uma imagem do norte preconceituosa.” Há uma idealização do norte que se perpetua cada vez mais no audiovisual, produzida por quem não conhece a região, de que é apenas floresta, rios, indígenas e ribeirinhos. Como se a ideia pré-concebida não pudesse ser alterada, pois é o que chama atenção e precisa ser mostrado para as demais regiões.
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Téta Barbosa, roteirista e diretora de vídeos publicitários, aborda muito bem esse ponto: “O imaginário social é impregnado das narrativas que nós mesmos construímos. Seguir o atalho dessa narrativa é, inevitavelmente, aumentar a chance de erro. Regionalizar uma produção significa pesquisar, envolver pessoas da região, visitar e entender o lugar. É mais difícil, mas é o único caminho de evitar que o Brasil imagine o nordeste, por exemplo, como um prédio, onde cada estado mora num andar e, nesse lugar imaginário, recifenses são vizinhos dos baianos e comem o mesmo acarajé enquanto dizem ‘vixe’.” Em certas obras, há a representação do norte, sem estar no norte, como na minissérie “Cidade Invisível”, feita pela Netflix. Ao contar sobre o folclore da região, mas mostrando o boto-cor-de-rosa em água salgada, ausência de indígenas no elenco e um curupira que o cabelo é de fogo, a obra representa a cultura nortista sem se preocupar em passar veracidade e respeito pelos contos regionais. Como produtora que conhece e vive na região, Tainá explica o porquê de algumas produções evitarem gravações locais. 22
“O principal ‘motivo’ que os produtores dão ao optarem gravar a série fora da Amazônia, é utilizar como empecilho ser caro e trabalhoso demais trazer equipe e equipamentos para cá, mas sabemos que aqui também existem pessoas qualificadas tanto quanto para produzir grandes produções.” Ela explica que quem dá o tempo da viagem e produção muitas vezes é a água, do rio ou da chuva, é necessário esperar o rio encher para se locomover. Realidade que quem não é daqui não entende.
O norte como produto No universo audiovisual, a cultura popular também é retratada como busca para desenvolvimento local. Quanto mais a região é valorizada em forma de manifestações, crenças e expressões populares em obras disponíveis ao mundo todo, mais incentivos, valorização e economia ela poderá recolher. Podemos dizer que os turistas veem nossa cultura como produtos. Em “Cidade Invisível”, que o enredo se passa no sudeste, mesmo que a temática seja sobre as lendas amazônicas, mostra que fizeram algo mais voltado para o público nacional e internacional.
“Produções estereotipadas trilham o caminho fácil da generalização e reforçam rótulos, que muitas vezes carregam características reducionistas e negativas em relação às regiões Norte e Nordeste. Vão, portanto, além da ‘nacionalização’ do produto. Produções do Sul/Sudeste que retratam outras regiões com um olhar preconcebido e superficial, apenas reforçam preconceitos.” Téta Barbosa Danilo Egle, pesquisador e doutor em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais, observa nessa questão que talvez o problema seja mais profundo e se deve ter um adendo para a forma que a imprensa retrata a localidade.
Danilo também nos dá um olhar sobre o que pode dificultar a valorização da nossa cultura. Para ele, o interesse em fazer a representação fiel e respeitosa sobre o norte, parte da necessidade que o produtor local tem em responder a quem demanda a produção. “Se o cliente que tá pagando quer algo fantástico, mais vale estereotipar os indígenas, a selva, e os animais que vivem aqui. Agora, se o cliente exige algo mais voltado para comunidade tradicional e o respeito a essas tradições, a pessoa que produz o conteúdo irá buscar a informação onde quer que esteja. Então acho que além do interesse de quem produz, a questão é a ordem que paga e demanda os recursos para esse tipo de produção.”
E como seria a representação respeitosa do norte? Falar das histórias da região não é o suficiente, principalmente sem a inclusão de pessoas que a representam, tanto na produção, quanto na visualização dos personagens. É essencial que haja na equipe alguém que entenda, desde suas raízes, a cultura e importância da região. Além de proporcionar veracidade ao tema, há a visibilidade e valorização de profissionais que vivem na região dando vez aos que têm voz de fala.
Colagens: Lígia Russo/ Imagens: Reprodução da Internet
“A representação do Amazonas e Amazônia é feita de maneira equivocada há muitos anos por diversas pessoas e segmentos. Inclusive pela própria imprensa, preferindo a estereotipagem, tendo em vista que isso chama mais atenção considerando o valor-notícia, que é colocado como importante para se ter audiência e atenção do jornalista. Penso que quando isso acontece já deve ser, de certa forma, alvo de críticas e mobilização social.”
Falta a representação de um norte além da floresta e rios: prédios, pontos turísticos com arquiteturas urbanas, pessoas em seus diversos trabalhos e com diferenças corporais, claro, sem desvalorizar os povos originários, mas mostrando que o indígena também vive nas cidades e utiliza tecnologias digitais. Ao responder a questão acima, Danilo visualiza que já existe uma representatividade da região sedimentada com vários produtores do audiovisual como um todo. “Não posso falar como seria uma representação fiel, porque ela tá posta nessas produções, precisamos ver para poder identificar ou se encontrar, mas elas já existem. Penso que quando temos pessoas locais produzindo com ferramentas nacionais, elas falam com propriedade e isso já está acontecendo.”
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Tainá soma a fala de Danilo lembrando que os locais também devem valorizar as produções existentes. “Também acredito que a nossa missão é dar mais visibilidade para as produções feitas por nós, nortistas, e quem faz essa visibilidade também são as pessoas que fortalecem as mostras locais, que compartilham e dão prioridade para assistir essas produções.” O apoio dos moradores para as produções desenvolvidas por produtores locais é importante pois, além de valorizar nossas heranças culturais, as registramos a fim de não causar o apagamento de atividades vindas dos povos originários. É essencial que as produtoras do país façam pesquisas mais aprofundadas do local que querem abordar, contratem profissionais da região e gravem cenas locais, tratando com o devido respeito a carga histórica que a cultura tem para os moradores da área.
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A importância de entender o papel social do comunicador POR patrícia patrocínio
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Refletir sobre o papel social do comunicador nos leva a adentrar em uma série de questionamentos que remetem diretamente a responsabilidade e transformação. Essa ocupação, que vai além das técnicas de escrita e linguagem, exige do profissional a sensibilidade para enxergar a realidade social e reforça que, além de tornar acessível a informação a todos os públicos, o comunicador - independente da habilitação - possui uma função na construção histórica de indivíduos e sociedade. Assim, seja por meio de uma matéria, propaganda ou até mesmo produção audiovisual com intuito de entretenimento, profissionais de comunicação, antes de desempenharem em tal atividade, devem compreender que são cidadãos inseridos em um contexto social. Logo, têm o poder, a responsabilidade e o compromisso de pautar a realidade, especialmente em relação aos problemas sociais. Além disso, em um momento em que a sociedade é comandada pelo incentivo à desinformação e as fake news são usadas como ações políticas de governo, o papel do comunicador se torna ainda mais imprescindível para o esclarecimento dos fatos. Em entrevista à Mercadizar, Juara Castro, doutoranda de Comunicação no Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Goiás (UFG) e professora do curso de Relações Públicas (UFAM), aponta:
“Todo comunicador social exerce um papel educacional, cidadão e cultural dentro da sociedade. Somos atores sociais protagonistas no processo de estruturação e mudança social, ou seja, também escrevemos a história.”
Natureza de comunicar Compreender a natureza da atividade de comunicação é entender que além de compartilhar e tornar comum, comunicadores constroem pontes, desmistificam ideias, trazem à tona narrativas, questionamentos e, em muitos casos, potencializam vozes. Atualmente, como resultado desse movimento, diálogos sobre as mais diversas questões sociais ganharam espaço nas mídias e ocupam mais a opinião pública, o que abre espaço para perguntas como: qual a responsabilidade social do comunicador? Como agente transformador, o comunicador é portador da palavra, narrativa e informação, o que possibilita a construção de diálogos sobre os mais diversos assuntos, com os mais variados públicos e usando diferentes estratégias. No desenvolvimento da prática de mediação, esse profissional também torna possível a harmonia e igualdade de fala, especialmente nos processos de discussão.
Em relação às várias questões da sociedade, tornase um dos principais responsáveis pelo acesso ao conhecimento e a articulação para a mobilização em busca por soluções para os problemas sociais. Além disso, são instrumentos que impulsionam mudanças, assim como afirma Ana Paula Wehba, Diretora de Projetos Especiais e Negócios da Editora Trip, sobre o papel fundamental do comunicador de colaborar para o desenvolvimento de consciências:
“Somos formadores de opinião, e quando se é um formador de opinião, por menor que seja a sua bolha, existe uma responsabilidade com a mensagem que você vai dividir com a sociedade. Então, nas redes sociais profissionais e pessoais, temos a obrigação de ajudar as pessoas a ampliarem suas consciências. Nosso trabalho é colaborar para o desenvolvimento das pessoas, das empresas e das marcas.”
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Ana Paula Wehba
Responsabilidade do comunicador na construção da cidadania Apesar de possuir um conceito que varia em relação ao contexto social, tempo e espaço, a cidadania é relacionada ao conjunto de direitos e obrigações estabelecidos ao indivíduo para o pertencimento a uma nação. Dessa forma, um dos direitos garantidos a todo cidadão é o de se comunicar e, em relação a isso, o comunicador, unindo as técnicas de comunicação com a responsabilidade social, atua possibilitando a realização desse direito e até mesmo cobrando a execução dos demais.
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OUT 21
Em entrevista à Mercadizar, André Tropiano, jornalista, mestre em Educação, Cultura e Comunicação, doutorando em Sociologia e professor do curso de Relações Públicas (UFAM), aponta:
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“A pessoa profissional da comunicação tem um papel fundamental na manutenção de uma sociedade democrática que assegura não somente o direito à liberdade de expressão, mas que também encoraja ‘todes’ a participar, intervir e dialogar sobre novos mundos possíveis. Para que isso aconteça, é necessário que a gente questione a realidade, reflita sobre a maneira com que as estruturas sociais são desenhadas e mantidas em favor de pessoas que detêm um lugar de privilégio.” André Tropiano “É preciso um constante questionamento sobre as construções simbólicas que comunicadores vão fazendo sobre a sociedade, pois esses símbolos, ideias, imagens vão acomodando os entendimentos dos públicos sobre a realidade. Nesse sentido, é preciso atuar na construção de uma sociedade que seja mais justa, inclusiva e plural. Isso pode ser feito nas diferentes áreas, seja nas relações públicas, no jornalismo, na publicidade, no design, na produção editorial, etc.”
Comunicador nortista Quanto ao trabalho do comunicador nortista, sabese que a Região Norte enfrenta problemas que são resquícios da construção histórica desse espaço. Muitas vezes esquecido como parte do território brasileiro, é tratado como não pertencente à nação. Assim, construir a cidadania não só para o nortista, mas também para o próprio norte - no sentido de torná-lo parte da nação - deve ser um dos principais objetivos e propósitos do comunicador nortista. Dentre as atividades necessárias para o emancipação da região em relação aos esquemas colonizadores, estão: a desconstrução de estigmas e preconceitos, a reapresentação do norte como um local potente e diverso, o impedimento da difusão de imagens e ideias que exotizam a região e reforçam estereótipos de vida selvagem e primitiva, a sobreposição de conceitos do que significa viver próximo da Amazônia. O professor André Tropiano falou sobre sua experiência com o norte, por meio do olhar de alguém que nasce e cresce no sudeste do país: “É indiscutível que essa história que vem sendo escrita é atravessada por políticas de silenciamento e de invisibilização da região em relação às demais do país. Eu nasci e vivi a maior parte da minha existência no Rio de Janeiro e sempre tive uma visão muito folclorizada da região, porque existe uma escassez de símbolos, imagens e ideias que permitam entender essa identidade da região, o que também impacta na construção da identidade cultural do nosso país.”
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Já para a nortista Alice Rosas, que trabalha como Gerente de Contas em uma agência de publicidade em São Paulo, sair do norte para trabalhar no sudeste implica em série de preconceitos e desafios, relata: “Quando eu comecei a trabalhar em São Paulo, em alguns lugares eu sofri preconceito. Muita gente não sabia do que tava falando, achavam que no norte nós andamos na rua de cocar. Acho que uma das coisas mais exóticas que eu ouvi sobre a região, foi: ‘não sabia que existiam pessoas pretas no Amazonas’. Uma parte desse preconceito que a gente vive quando sai do norte, é reflexo da falta de conhecimento do que tem fora da Região Sul e Sudeste. Por isso, no meu trabalho eu sempre busco levar a comunicação para esses lugares e quebrar essas barreiras.”
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OUT 21
“Além de defender as comunidades tradicionais e seus territórios, exaltar a nossa cultura, seja por meio da estética ou modos de falar, a responsabilidade que o comunicador nortista também tem é a de descentralizar referências.” Tainá Barral
Em determinados casos, é necessário haver também um incentivo até mesmo para construção e reafirmação da identidade nortista, especialmente por meio da produção cultural e valorização artística. Como explica Raelly Castro, jornalista e produtora de Belém (PA), que participou de uma imersão do Globo Lab – Profissão Repórter: “Ser um comunicador no norte é criar tempo, é recriar as narrativas, é assumir o protagonismo de nossas vozes. É fortalecer as histórias contadas sobre o ponto de vista de quem vive aqui.” Dessa forma, o papel do comunicador não pode deixar de estar atrelado ao processo de construção da realidade e história, o que precisa ser encarado de forma responsável e com propósito. Afinal, tudo que fazemos faz parte de um processo histórico que vem sendo registrado ao longo do tempo, especialmente em relação à Região Norte. Para isso, como seu trabalho tem contribuído?
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Anos 2000, a moda além das passarelas e capas de revista POR ludmila menezes
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Quando se fala em moda, qual é o seu primeiro e instantâneo pensamento?
Tendência Y2K: afinal, o que é e quando começou?
Provavelmente você deve ter pensando nos desfiles de moda, com modelos indo e vindo, vestindo roupas de alta costura, posando para os apaixonados por tendências e inúmeros fotógrafos. Bom, esta também é uma maneira de representá-la, talvez uma de suas maiores expressões, mas a moda vai além.
Sem chances de ser alguma fórmula de física ou mais um filho do ex-casal Grimes e Elon Musk, quando traduzida, a expressão fica fácil de entender. Y de year (ano) e 2K two thousand (dois mil), ou seja, uma forma descolada e jovem para se referir aos anos 2000.
Nos primórdios, a necessidade do vestir surgiu como forma de sobrevivência para a proteção contra o frio, mas, dando um grande salto temporal, o vestuário ganhou novo significado e, principalmente, conotação social para a distinção de gênero e classes sociais no fim da Idade Média, dando início à moda como conhecemos. Do século XV para cá, o avanço da moda é evidenciado pelo tempo e todas as evoluções e adaptações dos vestidos de cintura marcada, mangas bufantes, as imponentes ombreiras, criação de minissaias, e a mudança no processo de produção. Assim como é na natureza, na moda, nenhuma tendência se perde, mas se reaproveita.
Contextualizando a volta da tendência para os olhos menos atentos, ou até indiferentes, a febre voltou a borbulhar por volta do segundo semestre de 2019
e ganhou dimensão no estouro do Tik Tok e suas inúmeras trends virais, sendo possivelmente um dos efeitos do isolamento durante a pandemia.
Percebendo a volta e influência Y2K Nos mais distintos espaços, mas que ao mesmo tempo se correlacionam, é possível perceber o sentimento forte e contagiante da nostalgia dos anos 2000 e toda a sua estética e conceito caótico presente na moda, basta lembrar das calças de cintura baixa que voltaram a aparecer nos desfiles das grandes marcas, dos glosses labiais, camisas oversized e por aí vai; além das campanhas publicitárias e edições fotográficas, carregadas de efeitos analógicos, nos aplicativos que simulam máquinas analógicas com efeitos de poeira e datas, nas produções audiovisuais carregadas de referências de filmes e séries que fizeram sucesso e, por último, mas não menos importante, na produção e lançamento de músicas. A música nessa era foi como uma árvore cheia de bons frutos. Acompanhamos, por exemplo, o desenvolvimento de personalidades como a princesinha do pop Britney Spears, Christina Aguilera e sua voz marcante cheia notas altíssimas, Justin Timberlake e a facilidade aparente de cantar e fazer coreografias incríveis ao mesmo tempo, e Avril Lavigne, que conquistou uma legião de fãs em cima de um skate, além do título de princesinha do rock da época (também chamada de “Anti-Britney”).
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Foram anos marcantes para o mundo da música considerando que, até hoje, vemos o seu legado na geração atual. Basta olharmos para Dua Lipa e a era energizante do Future Nostalgia (traduzindo para o português, “nostalgia futura”), lançado em março de 2020, em que o nome já diz tudo: a estética das roupas exageradas, curtas, abarrotadas de paetês e plumas aliadas à composição melódica que remete aos tempos de disco, anos 70 e 80 que arrematam todo o conceito nostálgico. Outra prova de que os anos 2000 está entre nós é o Chromatica, último álbum lançado por Lady Gaga, com batidas características e que instintivamente nos carregam para outros tempos guardados em nossas lembranças mais saudosas.
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Já em contrapartida, também é possível ver os nomes da nova geração revivendo memórias sentimentais dos millennials, como é o caso de Olivia Rodrigo, ícone para geração Z e que carrega seu trabalho de referências de outrora. Em seus clipes podemos ver referências no figurino e penteados, relembrando Britney no clipe de “...Baby One More Time”, ou a similaridade com os acordes de Paramore. Quem viveu, sabe e consegue reconhecer de longe! Em solo brasileiro, a tendência e identificação também é forte quando visualizamos os novos trabalhos de Pabllo Vittar, resgatando hits icônicos lá do início do milênio e dando o seu toque pessoal e único, seguindo também Luisa Sonza, que carrega a influência Y2K no seu estilo e também em suas músicas.
O hype das celebridades
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Temida por uns e adorada por outros pela liberdade e o poder de usar e abusar do exagero das composições, a moda dos anos 2000 deu o que falar, exatamente pela desobrigatoriedade em seguir um único padrão. Aliás, seu lema era não seguir padrões, diga lá as celebridades como Paris Hilton, Lindsay Lohan, Britney Spears (olha ela aqui de novo) que influenciaram os adolescentes da época. Inclusive, aproveito para a fazer a pergunta: seriam elas os protótipos do que conhecemos hoje como influenciador?
Em nível de curiosidade: 1. Paris Hilton foi quem inventou o conceito de selfie que conhecemos hoje em dia, viu? 2. Se antes precisávamos de um pedaço de papel e uma caneta para pedir autógrafos e comprovar nosso encontro com famosos, hoje em dia apenas uma selfie é o suficiente - e quem estabeleceu esse parâmetro? Ela mesma, Paris Hilton.
Não que sejam necessárias mais evidências e afirmações, nem teorias de que estamos vivendo em realidades paralelas ou sofrendo delírios coletivos, é fato consumado e constatado de que a todo instante a moda ressurge com tendências e revive o melhor das épocas e, claro, falando de maneira superficial sobre a possibilidade de recordar e revistar tempos passados. A frase é clichê, mas 100% verdadeira, a moda é cíclica e sempre traz à tona o melhor das eras passadas. Um breve exemplo desse revival é que, até anos atrás, vivíamos a influência da moda dos anos 90.
Colagens: Lígia Russo/ Imagens: Reprodução da Internet
A comprovação da nostalgia
Para refrescar a memória, a volta da década de 90 trouxe a febre pelo mom jeans, talvez renegada por muitos de nós ao vermos as fotos de nossas mães, mas que rapidamente absorvemos seu conceito; as chokers, presentes em todos os estilos e variações, indo do minimalista ao mais pomposo; assim como os vestidos de tubinhos com alças fininhas e decotes retos também estiveram presentes. E se ainda não for suficiente, você parou para perceber como o All Star Converse voltou a ser uma febre? E o uso de calças mais largas, tênis brancos e blazers oversized, reproduzindo os melhores looks de Julia Roberts, no auge de suas comédias românticas? Agora, é a vez dos anos 2000. O que mais vem por aí?
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A verdade é que o universo está sempre em busca de renovação, o que é extremamente positivo para nós, mentes criativas, sempre à procura de boas influências para nos conectarmos, afinal, somos a conjuntura do passado e presente, com um pé no futuro.
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As problemáticas e representação feminina nos animes 36
O mundo dos animes é diverso, cheio de entretenimento e de elementos que muitas vezes causam estranheza ao leitor brasileiro. Quando mulheres são retratadas nessas obras, o choque cultural pode ser ainda maior, levando em consideração o avanço do movimento feminista em terras ocidentais.
O surgimento dos animes e mangás no Brasil Provavelmente você conhece ou já ouviu falar dos mangás, uma febre entre os amantes da cultura japonesa. O termo surgiu em 1814, pelos mangás de Hokusai, que retratavam esboços de paisagens, da fauna, flora, além da vida cotidiana japonesa, sem deixar de fora também características sobrenaturais, muito presentes nas obras mais modernas em diversos gêneros dessa literatura. Os mangás modernos possuem influência de cartuns ocidentais e quadrinhos clássicos da Disney, sob atuação direta de Osamu Tezuka, autor que definiu as características que hoje vemos como comuns nas páginas dos mangás, como expressões exageradas, grandes onomatopéias, linhas de movimento e enquadramentos emocionantes.
No Brasil, o primeiro mangá lançado se chama Lobo Solitário, de Kazuo Koike, em 1988, adaptado para a leitura ocidental, da esquerda para a direita (os mangás são originalmente lançados para serem lidos da direita para a esquerda, forma de leitura usada em alguns lugares do oriente). Nos anos 2000, os mangás começaram a ser lançados na leitura japonesa, após a febre de Dragon Ball Z, que foi transmitido como anime em TV aberta. Entre os mais populares no Brasil, temos: Dragon Ball Z, Os Cavaleiros do Zodíaco, Sailor Moon, Sakura Card Captors, Yu-Gi-Oh!, Naruto, Pokémon, Inuyasha e muitos outros.
Fotos: Reprodução Internet
A sexualização do feminino Como qualquer série ou filme, animes possuem vários gêneros que captam a atenção do público de acordo com seus gostos. Para citar alguns, temos os shoujos, voltados para o público feminino, de conteúdo muitas vezes romântico, mágico e com super-heroínas; os do gênero shounen são direcionados ao público masculino jovem, com lutas, ação e drama; seinen é um gênero mais adulto, com assuntos mais sérios e pesados, entre outros tipos de temáticas. Claro, entre esses gêneros, existem outros que complementam a narrativa ou que existem como fanservice, a exemplo do ecchi. Diferente do hentai, o foco dessa categoria está em um conteúdo com teor sexual, sem cenas de sexo explícitas, mas sim cortes com cenas provocantes, na maioria das vezes (quase sempre) em mulheres. O ecchi pode estar presente em vários gêneros, e muitas vezes é aplicado em personagens tidas como menores de idade.
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Mesmo sem ecchi incluso entre as categorias do anime, ainda em alguns shoujos as meninas são representadas com roupas muito curtas e decotadas, às vezes até mesmo com as roupas íntimas de fora, fatores para agradar especialmente o público masculino, o que incomoda muitas fãs brasileiras de animes por serem cenas irrelevantes à história, reforçando a objetificação da mulher. Nas palavras de BEMLIRO et al (2015), “a objetificação, termo cunhado no início dos anos 70, consiste em analisar um indivíduo a nível de objeto, sem considerar seu emocional ou psicológico”. Considerando isso, a coisificação da figura feminina em alguns animes não para por aí: os autores, mais preocupados com a sexualização da personagem, muitas vezes “esquecem” de dar a ela uma personalidade “realista”, construindo personagens rasas, sem opinião própria e alienadas à história, dando ao protagonista masculino destaque, inteligência, comicidade e individualidade.
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A estereotipização
Devemos parar de assistir?
Mesmo com muitos avanços desde as sufragistas, até o feminismo moderno, a representação da mulher na mídia muitas vezes é deturpada pela idealização da “mulher perfeita”, o que é extremamente visível nas produções orientais, incluindo animes. A “namorada perfeita” ainda é aquela que cozinha, boa em afazeres domésticos e em lidar com crianças, sempre com uma clara submissão a um personagem masculino na história; nunca aquela chefe que sabe comandar uma equipe, uma samurai destemida ou até mesmo uma mãe solo.
Quando estamos dentro da nossa bolha, o mundo todo parece estar evoluindo de acordo com os nossos ideais, mas não é bem assim. A população feminina japonesa é induzida pelos padrões sociais da “dona de casa” a terem poucas ambições em suas carreiras profissionais, genericamente falando, já que uma hora ou outra terão que largar a carreira para cuidar dos filhos e do lar.
A deturpação da imagem feminina também se dá por meio da idealização do “corpo perfeito”, nos animes sempre com seios fartos, cintura finíssima e quadris largos. Apesar disso, o padrão de beleza japonês opta por uma aparência jovem, com franjas para dar um ar de inocência e ser “kawaii” (fofa), um traço de personalidade prezado pelos japoneses como algo atraente, em que a “meiguice” feminina ganha destaque, fazendo com que mesmo mulheres adultas tentem se encaixar nesse padrão “delicado” e infantil. 38
Dentro do mundo dos animes, também existem categorias de personagens diferenciados por características específicas, como a personalidade Loli, que deriva do gênero Lolicon. São crianças menores de 16 anos com aparência infantilizada e características físicas claramente sexualizadas, como seios fartos e modo de falar manso, erotizando sua imagem mais ainda com um ar inocente, um tipo que atrai muito o público masculino japonês. Apesar de em 2014 o governo do Japão ter decretado uma lei que proíbe e penaliza a posse de conteúdos (fotos e vídeos) abusivos de menores de idade, mangás e animes que sexualizam colegiais são legalizados e ainda muito frequentes, permitindo uma “brecha” para a exploração infantil. Alguns autores argumentam que não são crianças reais e sim apenas uma fantasia, alegando que é um direito de livre expressão. A temática é uma polêmica com autores que também não concordam com a erotização desnecessária de meninas e mulheres nessas mídias que possuem tremenda influência em públicos de diversas idades.
Comparando ao Brasil, a cultura japonesa é muito diferente, por isso, esse tipo de conteúdo apelativo é visto lá com olhos diferentes do que estamos abordando neste artigo, apesar de que, aos poucos, não só japonesas, como asiáticas em geral, estão sendo introduzidas e sendo vozes de um feminismo anti-imperialista e anti-patriarcal, com recorte de massa amarela e marrom, incluindo a luta pela xenofobia e erotização de corpos asiáticos no estrangeiro. Mas a pergunta é: devemos parar de assistir? A verdade é que o machismo e a misoginia estão em qualquer lugar, independente da nacionalidade. Em propagandas, matérias, séries, novelas, filmes e curtas, encontramos resquícios de um passado nebuloso para as mulheres, que inclui escravização sexual, proibição de estudos e de direito ao voto e muitos outros fatos que nos assombram até hoje. Mas podemos valorizar criações de mulheres, cuja diferença para uma história de mangá/anime escrita e ilustrada por um homem é gritante. Existem obras populares executadas por autoras maravilhosas, que conseguem captar a força feminina muito bem, com criações de personagens extremamente lendárias na história dessa literatura, que dão borboletinhas no estômago de orgulho pela representatividade.
Para os fãs de shoujo, a metódica Naoko Takeuchi criou Sailor Moon, outro clássico de destaque entre os fãs de anime. Usagi Tsukino e suas amigas são protetoras da terra, cada uma regida por seu planeta e donas de poderes mágicos. À frente do seu tempo, Naoko aborda assuntos como discriminação sexual, representatividade de gênero e de orientação sexual. Ainda para os amantes de um bom shoujo, Akizuki Sorata, autora de Akagami no Shirayuki-hime (A Branca de Neve de Cabelo Vermelho) criou uma boa história com Shirayuki, uma personagem que foge do sistema patriarcal, falando sobre empoderamento feminino.
Existem outras muitas personagens de anime, conhecidas e desconhecidas, que podem inspirar, divertir e emocionar. Conheça mais delas: Nobara Kugizaki (Jujutso no Kaizen), Aisaka Taiga (Toradora!), Sango (Inuyasha), Tsunade (Naruto), Anri Sonohara - a minha favorita da lista - (Durarara!!), Morgiana (Magi), Shouko Nishimiya (Koe no Katachi), Chisuru Hishiro (ReLife), Misaki Ayuzawa (Kaichou wa Maid-Sama!) e várias outras. Apesar dos apesares, elas existem e estão para ficar. É importante valorizar o trabalho de mulheres que se dedicam tanto para transformar e ressignificar conceitos em meio de um mundo que nos apaga, assedia, sexualiza e discrimina. Estamos presentes. Somos a diferença. Vamos começar?
Rafaela Viana Otaku perdida em um mundo 3D que não gosta de animes que façam chorar, mas às vezes se perde no personagem. Graduada em Publicidade e Propaganda, especialista em reality shows, com experiência em redação publicitária e um tiquinho de ilustração. Atualmente atuando como revisora do Mercadizar. Está ansiosa e espera que você tenha gostado do artigo.
Foto: Acervo Pessoal
Apesar da predominância de autores de animes ser masculina, muitas autoras têm destaque por suas obras inesquecíveis, com protagonistas incríveis que conquistaram o coração dos amantes de animes e mangás ao redor do mundo, sem que precisassem apelar ao sexual ou estereotipização feminina. Estou falando de autoras como Rumiko Takahashi, criadora de Inuyasha, uma das obras do ramo mais aclamadas pelos fãs de animes. Com personagens femininas de destaque como Kikyou e Kagome, Rumiko construiu um universo de muita fantasia na era feudal, com aventuras emocionantes entre os protagonistas. É um shonen romântico, focado em um triângulo amoroso e lutas contra fortes youkais.
Fotos: Reprodução Internet
Elas
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Comunicação e diversidade: um olhar à representatividade LGBTQIA+ 41
A comunidade LGBTQIA+ vive em constante mudança e evolução. Novas pautas são adicionadas sempre que surgem novas discussões sobre gênero e sexualidade, seja no âmbito político ou no social. É essencial que a sociedade acompanhe e a mídia dê espaço a estas pautas para que haja entendimento e, sobretudo, respeito pela diversidade. Anteriormente era usada a sigla GLS, que incluía exclusivamente gays, lésbicas e simpatizantes. Com grande foco comercial, a sigla foi criada em 1994 por Suzy Capó, jornalista, ativista e empresária, durante os preparativos do Mix Brasil, festival de cinema de temática LGBT. Com a revelação de outros espectros da sexualidade humana que ainda se mostravam distintas daquelas que eram representadas, novas siglas foram nascendo, novos termos e novos conceitos que serão apresentados a seguir.
Antes de chegar às letras e aos seus significados, vale lembrar que compreender os grupos não tem a ver com rotulá-los, mas sim conhecê-los na pluralidade que são. É preciso “destreinar” a cabeça e sair das caixinhas. Atualmente, a sigla mais completa para se referir à comunidade é “LGBTQIA+”. A seguir, explicamos o que cada letra significa, quais grupos engloba e sua conceituação.
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O L diz respeito às lésbicas e o G, aos gays, respectivamente mulheres e homens que sentem atração afetivo-sexual por pessoas do mesmo gênero que o seu; enquanto o B representa as pessoas bissexuais, que sentem atração não condicionada a gênero. Até aqui, a sigla agrega grupos por orientação sexual.
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O Q vem de Queer, um termo guarda-chuva que não tem definição exata, mas envolve uma pessoa de identidade fluida. No que ficou conhecido como “Teoria Queer” se questiona as noções de uma essência masculina, de uma essência feminina e de uma essência de desejo.
O A agrega os assexuais, aqueles que não sentem atração sexual por outras pessoas independente de orientação e gênero, e agêneros, que não se identificam com nenhum gênero.
L G B T Q I A +
O T acolhe identidades de gênero dentro do amplo espectro da diversidade. Estão incluídas pessoas transexuais: aquelas que não se identificam com seu gênero socialmente designado no nascimento; e travestis, que apesar de transitarem pelo gênero oposto, não se sentem, de fato, em não-conformidade com o gênero masculino. Durante muito tempo, o termo era considerado pejorativo ou associado à prostituição e atualmente vem sendo ressignificado, passando a ter mais peso político. Uma pessoa transgênera rompe com o que está posto e transgride os códigos sociais e culturais atribuídos a cada gênero, uma vez que transita entre eles, como por exemplo é o caso de não-binários. São o oposto da pessoa cisgênero, que são os homens e mulheres que se identificam com seu sexo de nascença.
O I, que é mais recente se comparado às outras, diz respeito ao intersexo, pessoas com variações corporais naturais, relacionadas ao desenvolvimento do sexo. São corpos que não correspondem ao padrão tipicamente aceito de homem e mulher. Pessoas intersexo podem ser de qualquer gênero e ter qualquer sexualidade.
O sinal de mais (+), que há alguns anos foi incorporado, abriga outras possibilidades de orientação sexual e identidade de gênero que não estão dentro da sigla, como os demissexuais, polissexuais e pansexuais, pessoas que sentem atração afetivo-sexual independente de gênero e orientação sexual. A propósito, a sigla já tem aparecido escrita com o P ao final, LGBTQIAP+, e a cada dia surgem novas vivências que vão trazendo mais cor para ela.
Representar sem estereotipar Apesar da pluralidade que carrega a sigla, ao falarmos em representatividade na mídia ou no mercado de trabalho, é nítida a visibilidade que algumas letras recebem se comparadas a outras. Mas, primeiro, você sabe a diferença entre representatividade e visibilidade? Para o psicólogo e terapeuta afirmativo, com foco em atendimento às pessoas LGBTQIA+, Rodrigo Serrão, “a representatividade está relacionada com representação. Nesse caso, podemos ter ótimas representações LGBTQIA+ em quaisquer setores da sociedade, por meio de artistas, escritores, políticos, ativistas, empresas, grupos, símbolos, projetos sociais, e muitos outros exemplos. Mas nem toda representatividade é uma boa visibilidade. Nesse caso, quando temos alguns estereótipos, principalmente na mídia, por exemplo, do gay afeminado sendo melhor amigo das mulheres ou cabeleireiro, ou ainda quando uma pessoa bissexual é representada como promíscua, sendo personagens superficiais e sem contexto, nesse momento a visibilidade não está sendo uma boa representação”. Contudo, a representatividade não tem só uma importância social. Na realidade, ela é extremamente importante para a construção da autoestima. Autoestima nada mais é do que a forma como a pessoa se enxerga no mundo, incluindo habilidades, personalidade e formas físicas. A baixa autoestima pode trazer problemas que vão de complicações físicas como gastrite, dores de cabeça e musculares, ao desenvolvimento de doenças psicológicas como depressão e ansiedade.
“Construímos a autoestima ao longo do nosso desenvolvimento. A maioria das pessoas LGBTQIA+ crescem em ambientes não tão favoráveis à saída do armário e, por mais que exista um ambiente acolhedor dentro de casa, ainda crescemos dentro de uma sociedade machista, homofóbica e misógina, o que pode nos proporcionar vários tipos de violência. Uma criança ou adolescente, quando cresce assistindo na TV, nos cinemas ou lendo em livros histórias de personagens que se parecem com elas, isso traz um certo acolhimento, então percebem que não estão sozinhas.” Rodrigo Serrão 43
De dentro pra fora A construção desse ambiente acolhedor deve partir da própria comunidade, que não está ilesa à reprodução de falas, comportamentos, que mesmo sem a intenção, acabam machucando o outro. Quanto mais forte o senso de coletivo, menores as chances de invisibilizar qualquer uma das letras. Para a publicitária Suzy Ramos, “apesar de existirem alguns avanços em termos de aceitação e criação de políticas públicas para a comunidade LGBTQIA+, todo o histórico de preconceitos e complexidade de tratar a questão de maneira livre, a existência de informações em massa ainda não é tão significativa para atingir além dos que buscam essa informação”. Isso reflete na representação, principalmente na mídia, que acaba concentrando seu conteúdo em estereótipos que não representam o que seria “ideal” em um universo mais igualitário, “há uma ideia equivocada, por exemplo, de que bissexuais são pessoas indecisas ou que precisam preencher certos requisitos para essa orientação sexual ser legítima”, contribui Lu Guimarães, repórter do Portal O Norte.
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O autor do livro-reportagem Transresistência: Pessoas trans no mercado de trabalho, Caetano Vasconcelos, acredita que “ainda é muito centralizado no G, são os homens gays, brancos, cis, que tão ainda no topo, né, quando a gente para pra pensar em quem é que tá conseguindo acessar esses espaços são esses corpos. As mulheres lésbicas, principalmente, ainda tão tentando ter uma visibilidade, mas normalmente ela é apagada e invisibilizada, mas não tem como a gente falar que não são as pessoas trans que mais morrem em todo o mundo, há anos e anos isso acontece”. Além disso, ao olharmos do ponto de vista regional, essa visibilidade se torna menor ainda. Basta se perguntar: quantas pessoas nortistas que fazem parte da comunidade e estão presentes na mídia, você conhece? Ou, quantas dessas pessoas trabalham com você?
Inclusão de verdade!
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Apesar dos avanços, ainda é difícil medir a participação da comunidade LGBTQIA+ no mercado de trabalho, principalmente quando falamos de algum setor específico, como a comunicação. A ideia de pluralidade e inclusão vem ganhando força, mas é preciso pensá-la não só para o público, mas também para os funcionários, colaboradores e parceiros que precisam contar com esse ambiente seguro não só em datas sazonais como o mês de junho, no qual é celebrado o mês do orgulho LGBTQIA+, período em que muitas marcas e empresas se tornam inclusivas... mas será mesmo? Fundador e CEO da agência de marketing de influência Mosaico, Yheuriet Kalil, acredita que “falar com esse público apenas no mês do orgulho não é apenas oportunismo, mas também é ignorância. O público LGBTQIA+ no Brasil é estimado em cerca de 18 milhões de pessoas de acordo com a ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais). Uma marca que não se comunicar com tal parcela de consumidores ativos da população, certamente não irá se manter relevante no mercado. Muitas empresas ainda estão habituadas a enxergar a inclusão de LGBTs como caridade em vez de uma necessidade de mercado. Fazer publicidade, surfar a onda e falar da pauta LGBTQIA+ apenas no mês de junho não agrega muito na luta por mais inclusão.
O público não é bobo e sabe reconhecer as empresas que estão ao seu lado nos outros meses. É Importante as marcas se posicionarem de forma constante e verdadeira, investindo nos mais variados perfis, afinal LGBT é LGBT todo ano”. Caetano concorda que “há sim um oportunismo, as marcas percebem que há uma demanda muito grande da população, ainda assim sendo fora do ideal, então a gente tá conseguindo avançar e há essa cobrança da sociedade de ativistas, artistas, então as marcas sabem, elas querem vender e as empresas vão querer dizer que tem um funcionário trans, tem tantos funcionários negros, mas na verdade o que elas fazem é esvaziar a palavra diversidade”. Por onde começar? Essa é uma pergunta frequente entre as empresas que buscam verdadeiramente mais diversidade e inclusão no ambiente de trabalho. Lu Guimarães aponta que tudo precisa começar antes da contratação.
Lu Guimaraes
É assim que o empreendedorismo surge como uma alternativa para trazer oportunidades no mercado a essa população de forma consciente. Kalil destaca que “um fator decisivo para a comunidade consolidar seu espaço cada vez mais, é termos startups, agências, comércios e negócios em geral criados por empreendedores LGBTs. Empresários que determinem que seu quadro de colaboradores seja exclusivo ou em sua maioria composta por membros pertencentes à sigla. Infelizmente, atualmente, não podemos contar com políticas públicas, então devemos criar espaços para modificar aos poucos o padrão representado na frente e por trás das câmeras: um mundo dominado por homens brancos cisgêneros e heterossexuais”.
P.S. Tenha calma… Como disse anteriormente, o espectro da sexualidade humana é mais complexo que o alfabeto e acompanha a nossa evolução, a cada dia vão surgir novas identidades, novas siglas, novos termos, e você não precisa dominar cada uma delas e nem se cobrar tanto para descobrir exatamente quem você é. Durante a produção dessa matéria, revi muita coisa que antes eu achava estarem certas sobre mim. Se antes eu me identificava como homem gay cis, hoje já não tenho tanta certeza, mas não tenho pressa, sei que com o tempo as coisas ficarão mais claras ou não, o tempo é que dirá.
Rodrigo Cordeiro Uma RP que ama organizar eventos, fã da rainha do Pará e mestra nos DIY’s tudo.
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Foto: Acervo Pessoal
“É importante nos questionarmos constantemente: por que na minha empresa tem mais homens do que mulheres e porquê a maioria deles é branco e cis? Quantas mulheres estão ocupando cargos de liderança na minha empresa atualmente? Quantas pessoas trans têm no meu time? O ambiente de trabalho é seguro para os meus funcionários?”
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A arte é reivindicação de existência
POR PATRÍCIA PATRICÍNIO
A música e arte podem ser compreendidas de inúmeras formas, inclusive, como registros da história, que refletem o contexto no qual seus criadores estão inseridos. Ambas são a combinação de experiências pessoais, realizadas ao longo de um percurso de vida que resultam em uma série de significados referentes ao lugar e tempo em que se cria.
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No caso da arte produzida na Região Norte, seja pela diversidade presente na floresta, ou pela multiplicidade cultural dos povos nativos e daqueles que migraram para este território, todo artista que nasce, cresce e produz nesse lugar, não deixa de carregar consigo e traduzir em suas criações a combinação histórica dos elementos culturais que formaram essa parte do Brasil. No Amazonas, Manaus é palco para diversos artistas de diferentes segmentos. No âmbito da música, temos representantes de MPB, Pop, Rap, Folk, R&B, Eletrônica, Reggae e muitos outros. O portfólio do estado e região é uma fonte notável de força e criatividade, mas isso parece não ser o suficiente para o reconhecimento. Em âmbito nacional, quantos artistas nortistas ganham repercussão na mídia brasileira? Quantos estão presentes em produções nacionais? E naquelas produções que se propõem representar o norte, quantos artistas daqui são protagonistas? São muitos os questionamentos acerca da representatividade regional no cenário artístico brasileiro e mundial.
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Vale relembrar que exceções não são regras, e em muitos casos, artistas do norte ainda não conseguem alcançar o devido reconhecimento. Em entrevista à Mercadizar, o rapper manauara Ian Lecter aponta: “Não reconhecer a arte e a música da Região Norte é um atraso para a nação brasileira. Nós estamos na região que mais sofre com o processo de invisibilidade, não só no campo artístico, mas especialmente nele. As ideias que se criaram sobre nossa região estar ‘distante de tudo’, principalmente dos pólos culturais do Brasil, faz com que muitas vezes, na falta de interesse nacional, e até mesmo das pessoas da região pelas coisas que acontecem e são produzidas aqui, sejam frequentes.” Para além da falta de reconhecimento, a Dj e Mc Rafa Militão, direciona o olhar para o furto das riquezas (simbólicas e/ou matérias) do Norte, dando ênfase ao fato de que ele sempre foi usado como referência para as diversas expressões das quais nunca recebeu o devido crédito. 50
“Até um tempo atrás, nós nem éramos vistos como parte do Brasil. Eles subiam no norte, pegavam o que interessava a eles e desciam novamente com o que era nosso, dizendo ser descoberta deles, sempre foi assim. ‘É tudo deles’ e para nós sobra o mínimo? Não temos só o boi bumbá! Nós também fazemos outras inúmeras coisas e somos referências nelas. Se puxar o fundamento das coisas, tá tudo no nome do norte.” - Explica.
Halaíse Asaf
Foto: Renner Carneiro
Ian Lecter
Foto: Acervo Pessoal
Foto: Graiu Praia
Rafa Militão
Mas o que evidencia o apagamento da arte nortista? Além da falta de presença em produções de alcance nacional e estigmas que delimitam a produção local em termos folclóricos e exotizantes, baseados numa visão da Amazônia preconcebida, veículos e mídias em geral não abordam produções que demonstram o poder de criação que o nortista possui. Geralmente, assim como acontece com as pessoas indígenas, aquilo que não remete diretamente com a ideia preestabelecida do que sejam as manifestações artísticas e culturais da região, ou tenha vínculos com aquilo que é considerado “moderno” e “civilizado”, não ganha aspecto de arte nortista e, portanto, se torna ainda mais ocultado. É como se a arte regional só tivesse sentido se apresentasse traços naturais e exóticos para se, caso for, ser reconhecida como tal. Todos esses fatores, somados à formação histórica brasileira, criaram a narrativa que coloca a nossa região em uma posição marginal e periférica em relação ao mundo. Tais ideias começam na colonização e se firmam por meio de narrativas estruturais e do predomínio ao longo dos anos de regiões como Sudeste, Sul e Nordeste, que conseguiram se impor e exercer um poder sobre essas narrativas. De acordo com o autor e geógrafo Walter Gonçalves, no livro “Amazônia, Amazônias”: “A visão dominante do que seja a Amazônia é mais uma visão sobre a região do que da região”. Em relação a isso, a poeta, compositora e MC, Halaíse Asaf, que é engajada em projetos de resgate social por meio da cultura Hip Hop, afirma: “Existem várias informações necessárias que as pessoas precisam ouvir sobre a nossa trajetória, mas aquela narrada por nós, porque tem gente que vai falar do Norte, mas nunca pisou aqui. Para as pessoas conhecerem o Norte como ele é, elas precisam ouvir os artistas daqui ou ao menos conhecer nossa região, porque isso é necessário.”
Em entrevista à Mercadizar, o cantor e compositor, Matheus Santaella, aponta: “Todas essas questões deram um tom de resistência para as produções do norte. Apesar das pessoas não consumirem nosso material artístico cultural em outras regiões, é muito importante que o consumo se inicie pelo próprio norte, se todo mundo valorizar a arte local nosso cenário chegará mais longe.”
Mas existe incentivo? Em relação aos incentivos à produção artística regional, as dificuldades se dão desde o acesso à arte e formação de artistas, até a falta de financiamentos para os projetos, especialmente em relação a marcas patrocinadoras. Infelizmente, essa relação de patrocínio com marcas ainda não é uma realidade para a maioria dos artistas do Norte, mais da metade dos projetos se desenvolvem de forma independente ou recebendo um auxílio público mínimo por meio de editais de cultura. A artista pop e manauara, Evelyn Félix, recentemente lançou seu single “Your Crime” com referências que vão desde o gênero disco music, até a febre mundial, K-pop. Em entrevista à Mercadizar, falou sobre falta de patrocinadores para a arte do Norte: “O artista nortista não tem medo de errar, sempre faz as coisas para estar um passo à frente. Infelizmente, para nossa região, o que faltam são patrocinadores. Nós sempre pensamos em trabalhos muito grandes para poder nos destacar, mas é bem complicado fazer isso quando faltam recursos. Nós temos que realmente amar o que fazemos, porque pelo sistema atual, fazer arte é um exercício de persistência.”
Sobre o amor de fazer arte e ainda promover a arte de rua em Manaus, Halaíse Asaf complementa: “é difícil ser artista no Brasil e especialmente no Norte, e na cidade de Manaus são vários os empecilhos que dificultam o nosso acesso e a não valorização do artista, porém eu me sinto grata, porque nós fazemos por amor e por aquilo que acreditamos. O dinheiro não vem tão cedo, sucesso também não, então a gente faz porque acredita no poder da arte com um movimento educacional e emancipador”. Vale lembrar que Asaf é idealizadora do projeto “Slam na Praça” que utiliza o Hip Hop, a literatura e a poesia marginal como ferramenta de resgate social na cidade. Além disso, Dan Stump, um artista ligado ao teatro, ao cinema, à música e demais movimentos artísticos em Manaus, aponta para como esses problemas impactam a autoestima do artista: “Além de todas essas barreiras, nós ainda temos que lidar com a nossa autoestima quanto artistas sendo afetados, porque aqui no Norte nós ainda vivemos em uma espécie de realidade paralela, são tantos os problemas sociais e nós não somos incentivados a ser artistas de nenhuma forma.” 51
Segundo a pesquisa do IBGE sobre os Indicadores Culturais, entre os anos de 2007 a 2018, somente 4,5% das pessoas estavam ocupadas com atividades relacionadas à cultura e artes na Região Norte, outro dado que demonstra a falta de demanda e oportunidades nesse setor.
Evelyn Félix
Foto: Ivan Cammara
Foto: Demi Brasil
Foto: Johnny Moraes
Dan Stump Matheus Santaella
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Pelo coletivo? Apesar de todas as dificuldades, nos últimos anos cresceu um sentimento de coletividade em prol do desenvolvimento da arte nortista. Várias iniciativas estão sendo fundamentais para isso, como o projeto audiovisual “O que é arte para você?” do Mercadizar, em parceria com a produtora audiovisual Oro Creators. A ideia reúne artistas de diversas regiões brasileiras, sobretudo da Região Norte para falar sobre suas experiências com a arte. A iniciativa inaugurou um momento especial para arte nortista e mesmo em meio à pandemia foi possível ver artistas de diferentes regiões e alcances, juntos, por um único motivo: falar de arte.
Acesse o QR code para assistir: Em entrevista à Mercadizar, Beatriz Procópio, considerada uma das promessas da música nortista, comentou sobre o sentimento de coletividade ser um diferencial dos artistas da região:
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Beatriz Procópio
Outra cantora que representa nosso estado é Yaneza, a professora de Kirtan Yoga, que lançou recentemente o EP “Era de Aquário”, e revela que “O norte tem uma energia muito forte e uma presença muito potente que precisa chegar ao resto do Brasil”.
Yaneza Foto: Laryssa Gaynett
Foto: Demi Brasil
Karen Francis
Foto: Juliana Pesqueira
“A força dos artistas nortistas com certeza é um diferencial, não temos tantas possibilidades e oportunidades como os artistas do eixo Rio-SP, e isso reflete bastante em como encaramos nossa carreira. Acho que outra coisa que nos difere, é que temos uma noção muito forte de coletivo, sinto que a gente torce de verdade um pelo outro e sempre agarramos com unhas e dentes as oportunidades que surgem, valorizamos de verdade, e essa vontade de fazer acontecer, faz com que nossa arte ‘brilhe’ diferente.”
“Precisamos entender o Norte como parte da história do Brasil, eu me sinto parte dessa história e o meu trabalho é político”. Dan Stump
A arte é reivindicação de existência Valorizar, consumir e incentivar a arte da nossa região, além de estimular seu crescimento e reconhecimento é um ato político, diretamente ligado ao enfrentamento de todas as tentativas de apagamento. O reconhecimento de nossa contribuição a partir da arte, possibilita a reivindicação de nossa existência, e quanto a isso, talvez seja esse o motivo pelo qual a estrutura teima em nos dar a devida visibilidade. Em entrevista à Mercadizar, a cantora e compositora Karen Francis fala sobre a importância de reconhecer e valorizar o Norte para além do campo artístico: “Esse olhar para o Norte é importante, porque nós estamos aqui, nós somos vidas potentes e essenciais e porque nós estamos falando sobre coisas que estão à margem do contexto brasileiro, se a gente for levar em consideração onde as coisas ficam centralizadas. Nós estamos falando de coisas que são comuns para nós, mas que o mundo não conhece, o Brasil não conhece. Por isso, é importante entender que valorizar a nossa arte, também é valorizar a nossa vida.”
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Além disso, ações que possibilitam o desenvolvimento social, cultural e sobretudo a afirmação de nossa identidade, sempre serão um deslocamento da narrativa que tenta nos limitar e constrói novas possibilidades para nortistas. Não somos invisíveis, pelo contrário, temos cores, somos ricos, plurais, multifacetados e principalmente diversos. Vale ressaltar que todos os artistas entrevistados nesta matéria foram convidados pela organização do Prêmio Amazonense de Propaganda e Marketing a se apresentarem no evento. Dessa forma, o Prêmio, além de incentivar o consumo do trabalho desses artistas, também apresenta para o Brasil o talento e versatilidade de potências artísticas da região.
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Uma década de PMKT 54
O que hoje é consagrada como uma das maiores premiações do estado, nasceu a partir de um sonho entre mãe e filho. O Prêmio Amazonense de Propaganda e Marketing (PMKT) proporciona a promoção, o reconhecimento e desenvolvimento do mercado da comunicação local. Idealizado pela administradora e publicitária Eulália Ribeiro, o PMKT se compromete, desde 2010, a premiar os talentos da comunicação da Região Norte que envolvem agências de publicidade, profissionais de marketing, jornalistas, estudantes de comunicação e empresários. A criação do prêmio foi uma forma de Eulália demonstrar a gratidão que tem pela cidade de Manaus após chegar, muito nova, do interior para trabalhar. Iniciando no ramo de comunicação, instruída por Phelippe Daou, na Rede Amazônica, Eulália se fez comunicóloga ao escrever uma linda e sólida carreira, percorrendo empresas de comunicação e agências de publicidade. “Foi uma forma de agradecer o acolhimento que o mercado me deu”, afirma Eulália. 55
A idealizadora narra, de forma simples e direta, que o objetivo do PMKT é alavancar a comunicação nortista além da fronteira regional. “O meu maior sonho é fazer com que a nossa região seja reconhecida e que o Prêmio seja um grande encontro dos nossos profissionais que, desde o início eu digo, com poucas verbas, fazem com que grandes campanhas sejam veiculadas. O nosso mercado não é um mercado de investimento, campanhas de pequenas verbas fazem sucesso, pois os nossos profissionais se esmeram com a sua competência”.
Foto: Acervo PMKT
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Seguindo para o destaque de um de seus valores sociais, o PMKT reconhece as personalidades e instituições engajadas socialmente que merecem visibilidade por meio da entrega dos prêmios Nossa História e Honra ao Mérito.
Foto: Studio Lumi
Ao longo dos anos, o PMKT se atualizou conforme a movimentação do mercado da comunicação e Eulália continuou encabeçando projetos com o objetivo de dar visibilidade à Região Norte. Em 2018, a 8ª edição foi marcada pelo lançamento oficial do Mercadizar.com, portal idealizado por ela e comandado por Mariana Moreira, Diretora Executiva, com o intuito de divulgar e ser uma vitrine da comunicação amazonense.
Em 2019, na última edição realizada antes da pandemia do coronavírus e que marcou o 1º ano do Portal no ar, o evento já se apresentou com novidades e teve, pela primeira vez, atrações artísticas, além do lançamento da 2ª edição da Revista Mercadizar para quem esteve presente.
Foto: Studio Lumi
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Foto: Acervo PMKT
Ao longo de uma década, foram mais de 50 agências de publicidade inscritas, 30 premiadas e centenas de profissionais e estudantes reconhecidos na premiação que se dividia em duas partes: Troféu Top Marketing, que por meio de pesquisa de opinião realizada pela Action Pesquisas de Mercado, identifica 25 empresas e órgãos públicos de destaque em diferentes segmentos, premiando os mais lembrados pelo consumidor amazonense. E o Troféu Criação Publicitária, que tem como objetivo estimular e fomentar a produção publicitária local em que a curadoria de julgamento seleciona as melhores peças e campanhas publicitárias veiculadas no Amazonas. Ainda dentro de Criação Publicitária, há o Troféu Acadêmico Victor Ribeiro, nome em homenagem à memória do filho de Eulália, que premia acadêmicos de Marketing e Publicidade com campanhas desenvolvidas durante o curso.
10ª edição Após um hiato, o PMKT retornou em 2021 com um novo formato, novo conceito, uma nova identidade visual, mas com a mesma essência: reconhecer o trabalho produzido pela nossa gente. Uma das principais mudanças veio no comando da organização: durante 9 anos, o evento foi encabeçado pela VR Assessoria em Comunicação e, este ano, a empresa passou o bastão ao Mercadizar, que a partir de agora ficará responsável pela realização da premiação. Sob o mote “Para criativos, para criadores, pra gente”, o PMKT 10 se tornou um evento para todos e, acompanhando a evolução do mercado, incluiu novas categorias de premiação (Melhor do Design, Melhor do Audiovisual e Influenciador do Ano), bem como atualizou categorias que já faziam parte do regulamento para se adequarem às novas realidades da comunicação. Este é apenas o começo da renovação e de um novo PMKT. Para Eulália, o sentimento é de que, nos últimos anos, o evento vem cumprindo o propósito de fomentar o desenvolvimento do mercado publicitário amazonense e seguirá assim.
Nestes últimos 10 anos, o PMKT escreveu uma história pautada em compromisso, respeito e responsabilidade. Conhecer esta caminhada é também conhecer um pouco mais sobre a história do mercado da comunicação amazonense.
Com o QR Code você faz uma viagem no tempo, relembrando desde os vencedores da 1ª edição do PMKT, até os mais recentes:
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“O Prêmio vem cumprindo o seu papel de homenagear e destacar os feitos de quem faz comunicação de qualidade em nosso mercado. A minha expectativa para esta 10ª edição é muito grande, justamente por fazermos de uma forma diferente por meio digital, uma forma inédita para o Prêmio, mas muito necessária para este momento.” Eulália Ribeiro
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Troféu Nossa História Rosemary Pinto Desde o início de 2020, sofremos com a pandemia do coronavírus. Até o momento, são 4,95 milhões de vítimas no mundo e 605.804 no Brasil. Nós perdemos personalidades, conhecidos, amigos, parentes e amores. A dor é grande e o sentimento de luto permanece, apesar da passagem do tempo. Olhando para o futuro, o caminho é longo e há esperança em dias melhores, mas não podemos deixar de lembrar e honrar quem se foi.
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Para o Prêmio Nossa História deste ano, o Prêmio Amazonense de Propaganda e Marketing homenageia e reconhece, por meio de uma personalidade, todos aqueles que atuaram e atuam diretamente no combate à doença. Temos a honra de estender à família Costa Pinto uma homenagem à epidemiologista Rosemary Costa Pinto, ex-diretora-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP). Defensora ferrenha da ciência, ela dedicou sua vida a salvar pessoas por meio da saúde. Farmacêutica bioquímica formada pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e epidemiologista de carreira, Rosemary foi uma das idealizadoras da FVS-AM e esteve como diretorapresidente da instituição nos últimos cinco anos. Durante seus 25 anos de carreira na área, trabalhou ativamente em todos os surtos registrados no estado. Com o coronavírus não seria diferente.
Foto: Lumi
Desde o início da pandemia, antes mesmo do primeiro caso ser confirmado no Amazonas, tornou-se rotina assistir, todo fim de tarde, às coletivas da equipe de saúde do estado, liderada pela epidemiologista. Quando a população não tinha muitas informações e o medo tomava conta, ela foi uma voz sábia e sensata que guiou os amazonenses com maestria por meio de suas ações, sempre prestando os melhores esclarecimentos sobre o que estava acontecendo. Nos bastidores, atuou no monitoramento, interpretação de cenário epidemiológico e estabelecimento de medidas de contenção da disseminação da Covid-19, que foram fundamentais para salvar vidas. Em outubro de 2020, Rosemary recebeu, do Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), o Diploma de Honra ao Mérito pelos serviços prestados ao povo amazonense durante a pandemia. Posteriormente, em 11 de dezembro, recebeu a medalha da Ordem do Mérito do Governo do Amazonas, em reconhecimento ao seu trabalho desenvolvido no combate à Covid-19.
“Ela levava muito, muito a sério o seu trabalho. Ela entendia o sistema público de saúde como uma rede complexa, que cada ator deveria desempenhar bem seu papel para garantir respostas rápidas em caso de surtos e epidemias, além da atenção básica de saúde. Assim, ela nunca deixava de lado suas obrigações, por mais cansada ou doente que estivesse.”
Em janeiro, quando o estado passou pelo seu pior momento na pandemia e a saúde entrou em colapso, ela foi uma das 3.556 vítimas daquele mês que ficou para sempre em nossas memórias. No início da noite do dia 22, numa semana que já era suficientemente difícil, todos os amazonenses sentiram como se estivessem perdendo alguém muito próximo. Antes de ser hospitalizada, Rosemary ficou sob cuidados médicos em casa e, mesmo assim, pensava no trabalho desempenhado na FVS no combate à Covid-19, como conta Camila: “recordo que ela lamentou dizendo: ‘em vez de estar doente aqui, eu deveria estar com minha equipe planejando a vacinação’. Mesmo assim, confiou que a equipe da FVS faria o melhor para prosseguir com esta missão da melhor forma possível, como tem acontecido na ausência dela”. Sua partida é uma perda irreparável, mas seu legado permanecerá sempre nas páginas da história amazonense. Rosemary Costa Pinto é um exemplo de mulher e profissional. É uma honra para nós, do Mercadizar e da produção do PMKT, ter a oportunidade de honrar a grande mãe, esposa, cientista e personalidade que ela foi a sua família, amigos e, com toda certeza, aos cidadãos amazonenses.
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“Ela é insubstituível, assim como cada vida perdida: cada um que se foi é o amor de alguém. Também aqui recordo de uma frase dela, sempre que lidava com um óbito em seu trabalho: ‘não são só números, cada dígito deste é uma pessoa, é o amor de alguém que se foi’”, completa Camila.
Camila e Mônica Pinto, filhas de Rosemary
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Troféu Honra ao Mérito Manifesta LGBT 60
Preconceito, discriminação e violência fazem parte da rotina de luta diária de pessoas da comunidade LGBTQIA+ onde quer que seja. No Brasil, por exemplo, a situação é alarmante. Além de ser o país que mais mata pessoas da comunidade, os estigmas que rodeiam esse grupo não permitem o avanço em relação às garantias públicas de direitos básicos a essa população. Diante desta realidade e levando em consideração a importância do apoio à causa, o Prêmio Amazonense de Propaganda e Marketing deste ano, por meio da entrega do Troféu Honra ao Mérito, dedicado ao reconhecimento de organizações e instituições socialmente engajadas, homenageia a Associação Manifesta LGBT+ pelo seu trabalho e contribuição para a sociedade nortista. Fundada em 2017, com o objetivo de desenvolver ações para a promoção de direitos da população LGBTQIA+, a Associação Manifesta LGBT+ atualmente possui mais de 50 associados, que desenvolvem projetos e iniciativas. Dentre as principais iniciativas desenvolvidas pela equipe, está a Casa Miga, a primeira casa de acolhimento LGBTQIA+ da Região Norte.
Além de acolher, representar e promover, a Casa Miga também desenvolve ações e atividades voltadas para educação e formação dos acolhidos e pessoas da comunidade. Inaugurada em 17 de agosto de 2018, a casa de acolhimento é referência no amparo de refugiados e membros da comunidade que vivem em situação de abandono. Desde o início do projeto, há pouco mais de três anos atrás, até julho de 2021, foram mais de 110 pessoas acolhidas, entre brasileiros, cubanos e venezuelanos. Apesar da relevância, necessidade e importância do trabalho que é feito, a casa permanece sem ajuda pública e sobrevive apenas do auxílio de parceiros como a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e outras organizações. Além disso, o auxílio vem por meio de campanhas nacionais e internacionais, amigos e doadores pontuais. Em entrevista à Mercadizar, Karen Arruda, Presidenta do Manifesta, falou sobre a felicidade de receber a homenagem:
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“Estamos muito felizes e honrados de estarmos recebendo um prêmio pelo trabalho que a Associação desempenhou em todos esses anos. Enquanto Presidenta, eu me sinto muito honrada e privilegiada de representar o trabalho de várias pessoas. Durante esse período, ver o número de pessoas que nós já conseguimos ajudar é muito satisfatório, o nosso foco tem sido em ajudar pessoas de uma forma real e é o que temos feito.”
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OUT 21
Top Marketing 2021 62
Assim como a água, a comunicação tem um comportamento resiliente e está em constante transformação. Dinâmica e adaptável ao espaço e tempo, a essência das ideias permanece a mesma, permeia entre as barreiras e, embora sofra mudanças por conta das condições do ambiente, termina se adaptando. Da mesma forma se comportam as empresas que seguem na mente de seus consumidores, mesmo em tempos difíceis.
A pandemia do coronavírus trouxe um novo cenário e uma mudança de realidade nas mais diversas áreas da sociedade, inclusive no mercado da comunicação. Marcas e empresas precisaram se transformar para se manterem ativas e próximas aos consumidores. Por meio de uma pesquisa realizada pela Action Pesquisas de Mercado, um instituto de pesquisas sociais, em parceria com o Mercadizar, o Troféu Top Marketing Empresarial premia as empresas, órgãos e instituições públicas, de 27 segmentos diferentes, mais lembrados pelo consumidor manauara no ano. Em entrevista à Mercadizar, Flávia Soares explicou que a Top Marketing Empresarial é uma pesquisa de recall, ou seja, de lembrança de marca. Para isto, é realizada por meio de uma coleta de dados na qual pesquisadores da Action ficam face a face com o entrevistado e obtêm as respostas de modo espontâneo, sem quaisquer formas de estímulo. Para isso, a pergunta é aplicada em tom de voz normal, sem entonações fonéticas, a fim de evitar a dispersão da atenção do entrevistado.
Foto: Lumi
Foto: Lumi
O resultado final da pesquisa é definido a partir das respostas recebidas: quando o entrevistado não se lembra de alguma organização, empresa ou loja, registra-se como NR (“não respondeu”); quando lembra e responde, registra-se o nome da empresa. Assim, organiza-se o percentual das respostas, o ranking das mais lembradas 63
e somente o primeiro lugar é premiado. “Ser lembrado espontaneamente significa estar na mente das pessoas. É diferente de se estimular nomes para que os respondentes digam se conhecem ou não. Na forma espontânea não existe estímulo por parte do pesquisador, mas certamente houve por parte da organização lembrada. São raríssimos os casos de lembrança negativa, então o recall se deu por uma competente gestão de marca, publicidade e propaganda do presente ou até mesmo do passado. Certamente, as mais lembradas fazem um excelente trabalho de comunicação integrada em múltiplos canais”, completa. A parceria entre o PMKT e a Action Pesquisas de Mercado vem desde a primeira edição do evento, em 2010, e, para este novo ano, o objetivo é fazer história novamente. “Nossa expectativa é ver, mais uma vez, um evento sério e verdadeiro, em que não tem ninguém pagando nada para participar, muito menos para ser premiado, que já se tornou a maior referência para os segmentos de marketing, publicidade e propaganda, design e relações públicas. Temos certeza que será um absoluto sucesso”, finaliza Flávia.
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OUT 21
Confira a lista completa de vencedores: Categoria LOJA DE MÓVEIS LOJA DE ELETROELETRÔNICOS LOJA DE ELETRODOMÉSTICOS
Categoria LOJAS DE CONFECÇÕES
Categoria LOJA DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÕES
Categoria DROGARIAS
Categoria ÓTICAS
Categoria SHOPPING CENTERS
Categoria SUPERMERCADOS
Categoria RESTAURANTES
Categoria ÁGUA MINERAL
Categoria GUARANÁ REGIONAL
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Categoria REFRIGERANTES
Categoria CERVEJAS
Categoria CONCESSIONÁRIAS DE VEÍCULOS
Categoria INDÚSTRIAS DO POLO INDUSTRIAL DE MANAUS
Categoria CONSTRUTORAS
Categoria ESCOLAS PARTICULARES
Categoria ESCOLAS PÚBLICAS
Categoria UNIVERSIDADES PARTICULARES
Categoria UNIVERSIDADES PÚBLICAS
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Categoria PLANOS DE SAÚDE
Categoria TELEFONIA CELULAR
Categoria ÓRGÃOS PÚBLICOS
Categoria INSTITUIÇÕES DE CURSOS TÉCNICOS
Categoria HOSPITAIS PÚBLICOS
Categoria HOSPITAIS PARTICULARES
hospital 28 de agosto
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OUT 21
Melhor do Jornalismo A terra é o elemento que dá forma e sustento. Ela é firme e, quando fértil, gera crescimento, vida e frutos, assim como os jornalistas que, por meio de suas matérias e conteúdos, informam e transformam. Do mesmo jeito que a terra é necessária para o plantio, o ofício jornalístico é essencial à sociedade. Um dos pilares de uma sociedade democrática, é por meio do jornalismo de qualidade e feito com responsabilidade que o público tem acesso à informações imprescindíveis e necessárias ao conhecimento para a formação de opinião. 66
Presente no PMKT desde a 7ª edição, realizada em 2017, a categoria Melhor do Jornalismo ampliou a abrangência da premiação para além do Marketing e da Publicidade e vem como uma forma de incentivar e prestigiar o trabalho dos jornalistas amazonenses. No Melhor do Jornalismo será premiada a melhor matéria que aborda temáticas e incentive a responsabilidade social, ambiental e o regionalismo, veiculada nos diversos meios de comunicação no mercado amazonense. Conheça os finalistas, em ordem alfabética: Alessandra Taveira e Walter Carvalho Pandemia dificulta e casas são tomadas pela cheia em Manaus Lucas Henrique Silva Fome atinge 2,7 milhões de amazonenses durante pandemia Ricardo Ribeiro Chaves Amazonas é o segundo estado com mais registros de mortes de enfermeiros no país
Melhor do Design Na filosofia chinesa, a terra é o elemento da estabilidade e da harmonia, itens indispensáveis aos criativos designers gráficos. De alma criativa, eles transformam ideias e projetos em realidade, sendo responsáveis por um item fundamental na comunicação: o visual. Completando o quarteto das categorias integrantes do Troféu Profissionais, o Melhor do Design se compromete a premiar e reconhecer a melhor peça gráfica feita por designers para empresas ou personalidades. A novidade foi apresentada como uma forma de abranger trabalhos realizados além das paredes das agências de publicidade manauaras.
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Nesta categoria, puderam ser inscritas ilustrações, capas de CD, capas de revistas/catálogos e materiais institucionais como embalagens, rótulos, branding, logo, banners, uniformes, cartazes, capas de cartilha, sendo para campanhas ou para internet. Conheça os finalistas, em ordem alfabética: Márcio Alexandre Matéria Promocional - Amazônia Imaginada - Casa do Jazz Nayani Teixeira Identidade Visual - Mume - Music & Media
Tanous O’Azzi Embalagem - Ama Verde
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Melhor do Audiovisual Nossa terra é rica em cultura e produções que representam esses valores. No audiovisual não é diferente. Caracterizada pela união perfeita entre elementos sonoros e visuais, esta linguagem nos mostra, por meio de curtas e documentários, uma história que merece e precisa ser contada e, com os videoclipes, dá vida às músicas, tudo isso regido pela harmonia e criatividade necessárias para que a mensagem seja clara, coesa e, sobretudo, bonita de se ver e ouvir.
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Mais uma categoria estreante no PMKT, o Melhor do Audiovisual premiará a melhor produção audiovisual criada por produtoras independentes que abordam temáticas relacionadas à responsabilidade social, ambiental e/ou o regionalismo. Conheça os finalistas, em ordem alfabética: Chibata Filmes Clipe Musical | Sou forte, sou do norte - Aurora Boreal
Ramon Ítalo e Dan Stump Clipe Musical | O amor do mundo inteiro - Chapéu de Palha Ronin Filmes Clipe Musical | Vem cá me diz - Beatriz Procópio e Santaella
Influencer do Ano Acompanhando as transformações e inovações do mercado da comunicação, o PMKT olhou para uma profissão que vem crescendo cada vez mais e se tornando essencial no Marketing e na Publicidade: os influenciadores digitais. Diretamente ligada ao marketing de influência, abordagem que consiste em ações capazes de transformar a decisão do público, o próprio nome é autoexplicativo: influencer é aquela pessoa capaz de influenciar o público, criar hábitos, tendências e, sobretudo, informar por meio das plataformas digitais. Para isso, acumulam seguidores e se baseiam no engajamento vindo de comentários, curtidas, alcance e compartilhamento.
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Muito mais que vender um produto ou promover uma marca, os influenciadores impactam, suas vozes e imagens têm poder. Por isso, esta carreira deve ser exercida tendo como base principal a responsabilidade social. A categoria Influencer do Ano será dedicada a premiar criadores de conteúdo ou influenciadores digitais do Amazonas que tiveram destaque no ano, baseando-se nos critérios essenciais de criatividade e responsabilidade social no exercício de seu trabalho e influência nas redes sociais. Conheça as finalistas, em ordem alfabética:
Amanda Monteiro (@amandamonteirods) Caroline Lins (@carolinelinsph) Samela Awiá (@sam_sateremawe)
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OUT 21
Troféu Acadêmico Victor Ribeiro Regidos pelo fogo, os estudantes são os profissionais do futuro. Da mesma forma que o elemento é impulsivo, tem força e energia, eles têm a luz e ousadia necessárias para renovar e transformar o mercado. Nas salas de aula, eles não têm medo de inovar e seus projetos e atividades exalam criatividade. Acreditando que o reconhecimento é o combustível para a transformação, o PMKT dedica o Troféu Acadêmico Victor Ribeiro aos estudantes de Marketing e Comunicação Social Habilitação em Publicidade e/ou Propaganda, que podem inscrever campanhas publicitárias produzidas durante a graduação. 70
Além da valorização aos estudantes, a categoria também enaltece o fundamental e importante papel dos professores, guias e instrutores das produções realizadas na Academia. Por meio de seus ensinamentos, experiências e da educação, eles contribuem para a formação, desenvolvimento e evolução dos profissionais. Presente no regulamento da premiação desde a primeira edição, o Troféu Acadêmico passou a se chamar Troféu Acadêmico Victor Ribeiro em 2013, em homenagem à memória de Victor, filho de Eulália, acadêmico de Publicidade e um grande incentivador do evento, como uma forma de honrar sua força e vontade de fazer a diferença, características também dos estudantes. Confira ao lado os finalistas da categoria:
Danielle Limeira e Silva
Danielle Limeira e Silva
Josué Quintela
Monik Cicero da Silva
Rodrigo Gama de Oliveira
Edinei de Souza dos Santos Júnior Rodrigo Gama de Oliveira
JRD Studio Heleno de Almeida Lima - Professor Orientador Faculdade Martha Falcão
Manaus contra a Obesidade Karina Gonçalves - Professora Orientadora Faculdade Martha Falcão
Brenda Pinheiro Muniz Dhean Marcksson Lima Dantas Erivan Silva Rebouças Felipe Batista Barros Jonathan Nogueira da Silva Julian Guimarães Kamila Lobo Miranda Ferreira ADS presente na sua vida Márcio Alexandre dos Santos Silva - Professor Orientador Nereida Tavares Neves - Professora Orientadora Uninorte
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Foto: Acervo PMKT
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Categoria Criação Publicitária Ligado ao mundo das ideias e do pensamento, o ar representa criatividade, abstração, mente, liberdade e comunicação. Sempre em constante expansão e movimento, este elemento não possui uma forma física e, por isso, representa tão bem a Criação Publicitária, que é livre para criar e se movimentar pelos mais diversos espaços. 72
Principal e maior premiação do PMKT, o Troféu Criação Publicitária está presente desde a primeira edição do evento, em 2010, com o objetivo de estimular a produção publicitária local, e carrega consigo um pouco da história do mercado publicitário amazonense no tempo. Ao longo dos anos, as categorias foram atualizadas conforme a evolução e inovação na área. Confira abaixo as categorias e os finalistas, em ordem alfabética:
Jornal/Revista
Rádio
Digital Comunicação Visite Manaus e viva essa experiência
AMP O melhor para o campo, naval e energia
Digital Comunicação Combate ao uso do cerol
Digital Comunicação Xô Coronavírus
Mene & Portella Aniversário Suframa 53 anos
Digital Comunicação Combate ao uso do cerol
TV
Mídia Exterior
Digital Comunicação Dia Internacional da Mulher
AMP Vem que combina com carnaval
Mene & Portella Prevenção à Síndromes Respiratórias
Digital Comunicação Vacinação das síndromes gripais
Mene & Portella Essa é minha gente
Doppio Studio Meu espaço é singular
Campanha Publicitária
Conteúdo Digital - Vídeo
Digital Comunicação ECA 30 anos
Digital Comunicação Inspiração em cuidados - Dia das Mães
Doppio Studio Sempre evoluindo
Digital Comunicação Consciência Negra
Mene & Portella Ninguém merece a culpa
Follow Up Nova Concessionária Fiat Digital
Projeto digital
Campanha | Ação Digital
Doppio Studio Site Dr. Ilner Souza
Digital Comunicação Live Encontro dos Bumbás Samel - Festa dos Visitantes
Doppio Studio Site Soluções em Iluminação e Mobiliário
Doppio Studio Bond Banho
Inovape Site Jambucana
Mene & Portella Setembro Amarelo
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Conheça os jurados do
Foto: Acervo Pessoal
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PMKT10 Idealização Eulália Ribeiro
Motion Tony Otani
Direção Executiva & Produção Criativa Mariana Moreira
Produção Artística Cauê Paciornik Patrícia Patrocínio
Produção Executiva Rodrigo Cordeiro Planejamento Isabella Botelho Direção de Criação Aline Ribeiro Design Lígia Russo 76
Apresentação Hilana Rodrigues Isabella Botelho Patrícia Patrocínio Rodrigo Cordeiro Mariana Moreira Cauê Paciornik Direção Audiovisual Cauê Paciornik Mariana Moreira Produção Audiovisual Oro Creators Tempera Filmes Captação de Imagem & Som Oro Creators Tempera Filmes Edição e Finalização Oro Creators Tempera Filmes Tony Otani
Produção de Conteúdo & Social Media Ludmilla Menezes Redação & Revisão Rafaela Viana Assessoria de Imprensa Hilana Rodrigues Coordenação de Julgamento Isabella Botelho Rodrigo Cordeiro Afrânio Soares Design do Troféu Aline Ribeiro Colaboração VR Studio
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