Edição Especial - Encontro de Comunicação 2016

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE - CENTRO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS Publicação especial XI Encontro de Comunicação e Letras - 05/09/2016

Michelle Oliveira

Encontro de Comunicação discute desafios e inovações do mercado


Inovações são fundamentais no marketing Gerente da Bauducco conta sobre os principais passos para criar um produto

Victoria Silva

Larissa Andreoli

O

ceremonial de abertura do XI Encontro de Comunicação e Letras contou com uma palestra da área de publicidade e propaganda apresentada por Thiago Jesus, gerente de produto da Bauducco. Com mais de dez anos de experiência, Thiago é formado em Administração pela ESPM e fez MBA de Marketing na FIA. Ele já trabalhou em grandes empresas como a Coca-Cola, TIM e Unilever. Usando slides engraçados e interativos, o palestrante contou sobre a história da Bauducco, que começou como uma pequena doceria fundada por um imigrante italiano e hoje se tornou a líder do mercado, sendo a maior produtora de panettone, wafer e torradas do mundo todo, distribuído em mais

Universidade Presbiteriana Mackenzie

Centro de Comunicação e Letras

de 80 países. Thiago também falou sobre o portfólio da empresa, mostrando todos os produtos que são vendidos e comentou sobre o perfil dos consumidores de cada um deles. A agência de comunicação que trabalha para a Bauducco é a AlmapBBDO, que cuida da àrea de publicidade. O gerente explicou que um dos segredos para o sucesso da empresa são as constantes inovações nos produtos. O processo de criação de um produto novo consta com uma análise profunda do mercado, um marketing mix da concorrência, tendências de consumo e análise dos consumidores. É muito importante pensar no logo, sabor, preço, promoção e distribuição. Esses fatores são determinantes para que os resultados sejam positivos. No caso da Bauducco, a preocupação era de criar um produto

que fosse saboroso, saudável, barato e prático, visando as mulheres que têm a vida agitada e precisam de alimentos de consumo rápido. Esse trabalho resultou na linha Cereale, que foi criada há dois anos e, apesar de não ter recebido investimento de mídia no começo, já tem uma participação significativa no mercado. Os alunos que estavam assistindo a palestra fizeram muitas perguntas. Ao ser questionado se pensava em abrir sua própria empresa, Thiago respondeu que achava uma ideia muito legal e que pensa nisso, porém, ainda não tem dinheiro para realizar esse projeto. Thiago comentou ainda sobre como está contornando a atual crise brasileira. Ele contou que isso não é algo que o preocupa pois o seu produto é um alimento, coisa que não pode ser "cortada" da vida das pessoas.

Diretor do CCL: Prof. Dr. Alexandre Huady Guimarães

Diagramação: Larissa Andreoli

Coordenador do Curso de Jornalismo: Prof. Dr. André Santoro

Colaboraram os professores Hugo Harris e Fernando Pereira

Supervisor de Publicações Prof. Dr. José Alves Trigo

Edição especial do Jornal Acontece, produzida pelos alunos do Curso de Jornalismo do Centro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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Tecnologia no jornalismo esportivo Palestra sobre Jornalismo Esportivo mostra mudanças na área Beatriz Boturão

Paola Saltoratto

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s Encontros de Comunicação tiveram início ontem, com uma palestra na Escola Americana. São diversas atividades abertas para os alunos. Uma das mais procuradas foi a de Jornalismo Esportivo, mediada por José Alves Trigo, com a presença de Marcio de Castro, Mauro Beting e Naief Haddad. Mauro Beting, jornalista esportivo da FOX Sports, iniciou a palestra focando na imparcialidade e sua importância na busca pelo equilíbrio da informação: “Ficar em cima do muro é importante porque o jornalista consegue ver os dois lados.” Atualmente, o esporte é exibido no modelo de televisão, usando planos fechados e câmera lenta. Foi transmitido um vídeo sobre as evoluções na transmissão das

Olimpíadas, como o início da cobertura por rádio em Amsterdã (1928) e da televisão na Alemanha (1936). Marcio de Castro, jornalista da Record, pela qual cobriu a Olimpíada do Rio (2016), explicou que é necessário mostrar a história dos atletas, tratando-os como pessoas comuns e dosando o patriotismo. Além disso, o jornalista deve se preparar e estudar antes de uma transmissão para falar com propriedade. Mesmo com imprevistos, o jornalista precisa manter um estudo amplo sobre o evento, podendo ter que cobrir algo fora do planejado. “O esporte numa transmissão ao vivo é imprevisível, essa é a graça”, afirma o jornalista. Marcio acredita que na Olimpíada de 2020 haverá mais inovações e os custos das transmissões serão menores, levando somente o necessário e diminuindo a estrutura para aumentar a praticidade. O jornalista ainda

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apresentou o Olympic Channel, que é uma plataforma digital que transmite o conteúdo olímpico 365 dias por ano. Naief Haddad, editor do caderno de Esporte da Folha de S. Paulo, considera que para a mídia impressa é preciso ter uma reflexão maior com novas informações, já que a mídia digital trabalha com imediatismo. Durante as perguntas abertas para os alunos, Haddad explicou que é preciso mostrar as variações das performances dos atletas, sendo que as matérias não precisam ser eloquentes e grandiosas o tempo todo. Como lição a ser tomada a respeito do conteúdo deste encontro, ficam as palavras de Mauro Beting que, ao descrever o seu início de carreira, disse que é importante saber trazer conteúdo sem perder o “lado humano”. Para ele, quanto mais informações o jornalista conseguir absorver e em mais áreas conseguir atuar, melhor será para sua carreira.


Passos importantes no jornalismo de moda Nicolle Azevedo e Manu Carvalho dão dicas de como ter uma carreira de sucesso Louise Diório

N

cliente. Seu cliente é seu cliente. E o jornalista é o seu cliente.” Esse ano Nicolle participou da Olimpíada Rio 2016 junto à equipe da Lacoste, que desenhou o uniforme da delegação francesa. Eles trouxeram o estilista Felipe Oliveira Baptista para participar de di-

Jovem Pan, na Glamour e no seu blog, intitulado Manu Carvalho. Outro tema abordado foi o surgimento das blogueiras de moda. As palestrantes disseram que isto mudou a forma de se abordar e apresentar tendências, trazendo um conteúdo mais pró-

estudantes sobre o mercado de trabalho. Ambas são ex-alunas da universidade e hoje possuem carreiras de sucesso bem consolidadas. Nicolle Azevedo começou na área de produção de moda e atualmente é atendente senior na Suporte Comunicação, agência especializada em assessoria de imprensa, produção de eventos e relações públicas. Para ela, o essencial ao começar uma carreira de assessoria é ter conhecimento amplo, visão de comunição, conhecer seu cliente e criar um bom relacionamento com todos. Ela reforça que “o seu chefe é o seu

versos eventos e entrevistas. Ela se mostrou muito feliz com o resultado e disse que “é o momento mais legal da profissão, quando você enxerga a cara por trás da marca.” Manuela Carvalho contou que não sabia qual curso fazer na faculdade e que fez jornalismo por indicação do pai: “Foi muito engraçado, porque no final da história era o que eu realmente queria fazer.” Durante a faculdade, começou a trabalhar na Jovem Pan, porém não gostava de falar sobre política e economia. Assim, criou seu blog, o que a ajudou a se consolidar no mercado da moda. Atualmente, Manu trabalha na

ximo ao leitor. Ao perceberem a concorrência, os jornalistas começaram a desenvolver os textos de uma maneira mais simples e flexível. Hoje em dia, as pessoas que trabalham com redes sociais criam metas, analisam estatísticas e procuram fazer tudo com grande responsabilidade. Isso se dá pois elas são suas próprias empresas. Manu afirmou que, apesar das outras mídias digitais, “o momento de hoje é o Youtube”. Ela ressaltou também que atualmente é necessário ter ou fazer algo diferente para se destacar na Internet.

Thayna Vieira

icolle Azevedo, da Suporte Comunicação, e Manuela Carvalho, da Jovem Pan, falaram sobre Jornalismo de Moda em palestra na Univerdade Presbiteriana Mackenzie e tiraram dúvidas dos

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Expansão de conteúdo na Língua Portuguesa Especialista indica melhora de repertório para o aluno se alinhar com novos tempos Beatriz Boturão

Elen Cristiane

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professora doutora Susanna Florissi esteve ontem nos Encontros de Comunicação do Mackenzie. No intuito de estimular a visão dos universitários sobre as oportunidades na carreira acadêmica, disse a seguinte frase: “Acho que trabalhar com a Língua Portuguesa para estrangeiros é trabalho de formiguinha.” A palestra, intitulada “Desafios para a divulgação de conteúdos em Língua Portuguesa”, foi mediada pelas professoras Marisa Lajolo e Elaine Cristina Prado dos Santos, coordenadora do curso de Letras. Susanna disse aos alunos que é ideal falarem alemão, inglês e até mesmo latim. Esse é um dos desafios da difusão de conteúdo em Língua Portuguesa, preocupação da CPLP (Comunidade de Países de Língua

Portuguesa), organização internacional da qual a docente faz parte. “Não tem mulher rendeira que vai bordar se não tiver material”, complementou aos espectadores, para mostrar a importância de estar sempre antenado em conteúdos diferentes. A animação da educadora proporcionou bons momentos de descontração durante o evento. “Os alunos de Letras estão chegando, que bom! Na minha época, gostava de ficar tomando cervejinha no bar”, ironizou sobre o horário de início da palestra. Brincadeiras como esta favoreceram a interação com os estudantes, que fizeram perguntas e receberam respostas descontraídas que causaram boas risadas. A forma da palestrante contar as suas histórias era divertida, ao mesmo tempo em que ilustrava as possibilidades que a carreira de Letras proporciona aos profissionais.

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Além disso, as vantagens do investimento no ensino do português foi um dos pontos que a palestrante fez questão de ressaltar. Levando em consideração a opinião dos estudantes, que podem achar uma bobagem a unificação do idioma, mostrou através de gráficos os benefícios econômicos que essa decisão proporcionará. Com o acordo ortográfico e o crescimento do mercado virtual, abre-se um novo mercado consumidor, cogitando o número de falantes do sul da África, que aumentará bastante nas próximas décadas: “Uma língua tem o potencial econômico do tamanho de um bonde.” A distribuição de legos de açúcar finalizou a cerimônia de forma curiosa. A explicação para essa recompensa está ligada ao fato de que, para ela, o saber é um doce que podemos nos deliciar e, ao mesmo tempo, unir as partes para construir um todo. “O conhecimento se forma de todos os pequenos pedaços.”


De 'nerd' a gerente do Google Palestra sobre jornalismo e novas tecnologias traz mackenzista Texto: Lianna Antunes Gonçalves Foto: Ana Gabriela

C

auã Taborda é gerente de comunicação e políticas públicas no Google e veio ao Mackenzie para a palestra de Jornalismo e Novas Tecnologias. Optando por fazer um diálogo com os alunos, ele conta um pouco sobre seu trajeto profissional, desde seus tempos como aluno de jornalismo na Universidade Mackenzie até seu mais novo emprego, no Google. Seu primeiro emprego foi em uma empresa de clipping, que ele definiu como um lugar em que “você cataloga as notícias, o que já nem existe mais hoje em dia”. Isso para poder pagar o seu apartamento na rua Maria Antônia, próximo da faculdade. Abandonando o clipping, ele já trabalhou em redações, onde estaava mais próximo da carreira jornalística, mas ele sentiu que ainda não tinha achado seu lugar. “Jornalismo eu não vou largar nunca, agora redação...”, diz Cauã. Ele acredita que a razão para isto foi que ele se frustrou com a falta de capacidade do jornal de se atualizar. Bem-humorado, o ex-mackenzista sempre gostou de tecnologia e foi um “nerd”, um diferencial para seu futuro profissional nessa área. De uma grande empresa para outra, Facebook ao Google, agora sua carreira estava mais adequada para o seu perfil. O seu processo de ingresso no Google não foi do modo mais convencional de contratação da empresa – que consiste no candidato inscrever-se para vaga de-

sejada e aguardar o retorno. Ele foi chamado para trabalhar lá, em janeiro deste ano. Antes disso, já havia aplicado para esse emprego, mas lhe faltou preparo, algo que ele entendeu como incentivo para não desistir e estudar mais para a vaga. Sempre no topo da lista de melhores empresas para trabalhar,

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Cauã explica que o sucesso do Google se dá por conta das inovações dentro da empresa. Além do dinamismo e certa ausência de verticalidade nas hierarquias, há a integração dos funcionários entre si, pois dessa forma é possível fazer as “ideias girarem”. “Grandes ideias nascem da interação de pessoas de times diferentes”, explica.


Coletivos fotográficos visitam o Mackenzie Fotojornalistas contam suas experiências em manifestações e protestos nas ruas Gabrielle Pedro

O

s coletivos fotográficos R.U.A. e MAMANA compartilharam suas experiências com os alunos de jornalismo, numa palestra mediada pelo professor Anderson Gurgel. Em meio a tantas manifestações e protestos, vemos diversas fotos circulando na internet, mas não prestamos atenção em quem está atrás das câmeras. O coletivo R.U.A. (Registro Urbano Autoral) é composto por cinco pessoas e nasceu a partir de conversas nos bares da Augusta no período das manifestações em 2013. O motivo disso é que queriam um lugar que fosse livre para publicar as fotos que tiravam sem censura das redações. Eles contaram que no começo retratavam apenas protestos, manifestações e reintegrações de moradia, mas que com o passar do tempo resolveram abrir para outros horizontes. Agora fazem alguns ensaios de cotidiano, como o “Banheiro Coletivo”, no qual o

Cecília Ferreira

público também colaborava com o conteúdo fotográfico. O MAMANA nasceu em fevereiro de 2016 e é composto apenas por mulheres, porém elas preferem ser chamadas de “manas”. Na palestra elas reforçaram a ideia de feminismo e da necessidade de as mulheres irem para a rua fotografar algo mais social como manifestações e protestos. ”Falta um olhar

feminino, falta um diálogo feminino”, disse Gabriela Biló ao constatar a maioria masculina nas ruas. A maior preocupação que os palestrantes contaram aos alunos foi sobre a segurança em meio aos protestos. Algumas vezes eles ficaram receosos de irem cobrir alguma manifestação por medo de serem agredidos, pois estavam “marcados” pelos policiais. Cecília Ferreira

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Conflito não é sinônimo de violência Ex-mackenzistas contam sobre trajetórias profissionais na cobertura de conflitos Cecília Ferreira

Leo Rodrigues, Thea Rodrigues e Jéssica Santos de Souza

Thainá Cordeiro

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a tarde de ontem, uma das palestras foi a Cobertura de Conflitos, ministrada pelos palestrantes Thea Rodrigues, Leo Rodrigues e Jéssica Santos de Souza. Eles compartilharam suas experiências na área e deram dicas de como se comportar diante da cobertura de um conflito, independentemente se for nacional ou internacional. Thea Rodrigues, 30, ex-aluna do Mackenzie e agora jornalista do Portal Vermelho, contou sobre conflitos internacionais. Entre elas a viagem para Bolívia, em que cobriu o conflito do Referendo Autonômico, o Movimento 15 M em Barcelona e na Palestina, onde prestou auxílio aos palestinos. Destacou que as manifestações são semelhantes às que acontecem aqui no Brasil, mas

que o comportamento da polícia é diferente. “Conflito armado internacional é o melhor ponto para se conhecer outra cultura”, disse Thea. Leo Rodrigues, fotógrafo da revista Veja, ao responder a pergunta de uma aluna, disse que trabalhar com a cobertura de conflitos é uma área muito difícil para se seguir. Não se deve viver disso, e sim viver de jornalismo com o que você acha coerente.

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Os palestrantes ressaltaram que o jornalista, atualmente, deve lutar pelos direitos iguais, acompanhar e fazer parte da vida da população. É um trabalho de jornalismo investigativo, onde deve-se ir atrás de assuntos que não são muito apurados. Disseram também que aprende-se com o tempo a selecionar o espaço em que se pode ocupar em meio a uma manifestação ou como tomar decisões nas horas mais precisas. Conflito não é sinônimo de violência, e sim de luta! De acordo com a jornalista Jéssica Santos de Souza, os policiais sempre vão atrás dos manifestantes que não estão fazendo nada, enquanto os que estão cometendo atos ilícitos, não são abordados. Conclui dizendo que por ter passado experiências difíceis com manifestações e cobertura de conflitos, hoje, não cobre mais.


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