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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE - CENTRO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS

Publicação feita pelos alunos do segundo semestre de Jornalismo - Ed 167 - Ano XIII - Maio 2016

Uma guinada na carreira

Muitos só acabam tendo êxito profissional depois que mudam de carreira. 6 EDUCAÇÃO

Cresce a procura pelas faculdades particulares. 4

ESPORTE

Da base ao profissional. 2

CIDADE

A rua da Consolação e sua história 9


Da base ao profissional Matheus Sales e Yuri Lima explicam os maiores desafios da carreira

Liberdade comemora Ano Novo chinês A chegada do ano 4714 com festa no maior bairro asiático de São Paulo

Juliano Pássaro Texto e foto Karina Micheletti

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uitos garotos no Brasil tem desde cedo o sonho de viver do futebol e ser um craque

consagrado. Em média apenas 1% dos atletas criados nas categorias de base de um clube conseguem chegar a equipe principal, e menos do que esse 1% consegue se manter em alto nível durante toda a carreira. Matheus de Sales Cabral, 20 anos, jogador da Sociedade Esportiva Palmeiras relata que começou sua carreira de fato aos 9 anos de idade, quando ingressou nas categorias de base do São Paulo Futebol Clube. Passou quatro anos de sua carreira no clube, porém foi dispensado repentinamente. Com a saída, o atleta ficou um ano sem treinar, porém, em 2009 um treinador que já o conhecia o levou para fazer uma avaliação no Palmeiras, onde permaneceu e mais tarde se tornara profissional. Matheus Sales fez sua estreia como titular do time principal no ano passado, em um jogo válido pela semifinal da Copa Do Brasil contra o Fluminense. Matheus afirma que nas categorias de base o jogo é muito mais dinâmico do que no profissional, além disso cita também a atmosfera da torcida, que nem sempre existe na base. O jo-

Universidade Presbiteriana Mackenzie

Centro de Comunicação e Letras

Diretor: Alexandre Huady Guimarães Coordenador: André Santoro

Yuri ,à direita, em partida válida pelo Campeonato Paulista.

gador diz que pensa em Seleção Brasileira, mas antes quer ganhar espaço no time. “No momento quero me firmar no Palmeiras e deixar o meu nome marcado na história do clube. Depois, penso sim em Seleção Brasileira. Em 2016, inclusive, poderia rolar uma convocação para as Olimpíadas, estou trabalhando muito para isso e ficaria feliz demais”, conclui o volante. Do outro lado, o também volante Yuri Oliveira Lima, de 21 anos, explica que a intensidade do jogo no profissional é maior: “o jogo é de mais força, acho que a maior diferença da base, pra mim foi isso ”. Yuri começou a carreira jogando na escolinha de futebol Joerg Bruder (clube amador da zona sul de SP) e aos 13 anos foi levado para fazer um teste no Pão de Açúcar

Editor: Paulo Ranieri Supervisor de Publicações José Alves Trigo

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(Grêmio Osasco Audax). Quando estava em seu último ano das categorias de base, o volante foi emprestado ao Palmeiras, fato que o atual camisa seis do Audax relatou ser um dos maiores desafios de sua carreira. “Acho que minha ida pro Palmeiras foi complicada, cheguei lá machucado e o estilo de jogo era diferente, tive que me adaptar ao jogo de lá”, arremata o jogador. Yuri ficou por pouco tempo na base do Palmeiras, e logo voltou ao Audax onde se firmou na equipe principal. Como grande parte dos atletas de qualquer esporte, ele também almeja um dia representar seu país “pretendo chegar o mais longe que eu puder, não sei onde isso vai me levar, todos sonham com a Seleção Brasileira né, é o máximo que um jogador pode chegar, eu também quero isso!”

Jornal-Laboratório dos alunos do segundo semestre do curso de Jornalismo do Centro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Impressão: Gráfica Mackenzie Tiragem: 200 exemplares.

o final de semana dos dias 13 e 14 de fevereiro foi comemorado o Ano Novo Chinês na Praça da Liberdade e nas ruas Galvão Bueno, dos Estudantes e dos Aflitos localizadas no bairro de mesmo nome da praça, em São Paulo. Nos dois dias o evento recebeu cerca de 200 mil pessoas. “O bom desse evento é que qualquer um pode entrar e aprender mais sobre a cultura chinesa em um bairro propriamente asiático”, conta Yasmin Thin Qi, nascida aqui no Brasil, mas filha de imigrantes chineses. O local estava enfeitado com algumas bolas vermelhas penduradas por postes e o palco, que se localizava bem na saída do metro liberdade, para que o público logo que chegasse entrasse no clima da festa. A festa contava com apresentações de danças, alguns shows de entretenimento, a passagem do dragão chinês que é usado para trazer prosperidade, sorte e renovação e, para encerrar, a queima de fogos. “Eles poderiam colocar aparelhos de som melhores nos shows para que todos pudessem ouvir bem”, sugeriu Lucas Machado. Já Barbara Constantino disse que a falha da comemoração era a sujeira que estava pelo caminho. “Todo lugar que olho tem um pedaço de papel, copinho e até papelão no chão”. “Eu não achei sequer uma única lixeira”, acrescentou Lorenna Maia “Conheço pouco da cultura chinesa, sei que cada ano é representado por um animal diferente que pertence ao horóscopo deles, esse ano é o do macaco”, explicou um pouco Maia. O macaco representa inteligência, agilidade e alegria. Diferente dos brasileiros os chine-

Rua Galvão Bueno no dia 14 de fevereiro de 2016

Criança no Ano Novo

ses se baseiam no calendário lunar o que faz com que eles estejam no ano de 4714 e o ano novo não tenha uma data certa, mas sempre sendo comemorado entre fevereiro e março. “Eu adoro participar do ano novo aqui porque é a única vez em que estamos na cultura chinesa que é bem diferente da nossa”,

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conta Barbara. Algumas culturas que os chineses gostam de seguir nessa época do ano é usar vermelho na noite da virada, pois eles acreditam que essa cor atrai boa sorte. Outra tradição comum pela China é escrever desejos em pedaços de panos vermelho e amarrar em postes para que o evento o espalhem pelo ar. “O bom é que o evento é bem fiel ao da China e faz com que os imigrantes se sintam acolhidos por ver o respeito que os brasileiros têm” disse Yasmin. Segundo a própria organizadora do evento, Kelly Lam, o povo brasileiro abraça todas as culturas e recebeu muito bem a cultura chinesa. A festa feita na Liberdade é considerada uma das maiores fora da China. Não são todos os imigrantes que comemoram a passagem do ano na festa ocorrida no bairro da Liberdade. “O ano novo para os chineses é como o Natal para os brasileiros, a família reunida desfruta da ceia”, explica Yasmin.


Cultura Maori: passado e presente

Cresce procura por faculdades particulares

Ancestralidade contrasta com a atualidade da cidade grande

Cursinhos apostam em preparo específico para o ensino superior privado Texto e foto Larissa Alves

Camila Moraes

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Vista da cidade de Auckland

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resente entre os 25 melhores países do mundo para se viver no ranking de 2014 da The Economist, a Nova Zelândia tem os melhores níveis de qualidade de vida, desenvolvimento humano, educação pública, entre outros quesitos. É considerado um país pequeno, com aproximadamente 4,5 milhões de habitantes. As cidades mais populares são Auckland e sua capital, Wellington. O bioma ímpar presente no país decorre do surgimento da Nova Zelândia através de diversas erupções vulcânicas. A Silver Fern, folha que representa a Nova Zelândia pelo mundo, simboliza o espírito de união entre os membros das tribos aborígenes, proveniente de sua árvore nacional, também conhecida como Fernland. No idioma Te Reo Māori, natural da tribo nativa Maori, a árvore é conhecida como Ponga. A tribo Maori, que provém da Polinésia ou Hawaiiki, chegaram na Nova Zelândia ou Aotearoa - que em sua língua significa “terra da longa nuvem branca” -, aproximadamente no século 10 d.C. Segundo sua cultura, os Ma-

oris tinham conhecimento antigo de navegação a partir das estrelas e correntes oceânicas. Os primeiros europeus chegaram em Aotearoa no século XVIII. Até o ano de 1795 não houve grandes conflitos, contudo a partir desse ano, tripulantes quebraram leis Maoris, o que agravou a situação, gerando batalhas, e resultando na queima de diversas embarcações inglesas, até o ano de 1809. No ano de 1831, o líder Maori, com medo de uma anexação francesa no país, fez uma petição à Coroa Britânica para que os protegessem. Foi só então, no ano de 1940 que surgiu o tratado oficial de Waitangi, dando aos ingleses o direito de permanecerem em suas terras, e extraírem matéria-prima com a condição de um imposto. Antes de suas terras serem colonizadas, os Maoris já tinham suas tradições enraizadas. A lendas e cancoes foram transmitidas oralmente para as gerações seguintes. Outra tradição importante é a dança de guerra. Conhecida como Haka, a dança de guerra era habitualmente feita em campos de batalha, para amedrontar e intimidar o adversário.

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O canto, executado com emoção durante a dança, se refere poeticamente a seus ancestrais e eventos da historia da tribo. Os movimentos contém pisadas fortes no chão, salientar a língua junto com caretas, e tapas pelo corpo, seguindo o ritmo da música. O All Blacks, time de rugby presente no coração de todos os neozelandeses, carrega a folha da Silver Fern como brasão, e utiliza a tradicional dança do Haka para intimidar os oponentes no início dos jogos. “Assistir um Haka ao vivo é de arrepiar a alma”, contou Fábio Guedes, de 39 anos, sobre sua experiência assistindo aos jogos do All Blacks. Outro aspecto marcante de sua cultura, é a tatuagem ou Tã moko. Tradicionalmente, a tatuagem moko era feita com ossos afiados para cortar a pele, em seguida passava-se uma lâmina para aplicar a tinta (ferrugem obtida de kahikatea queimada ou pinheiro branco, às vezes misturado com fuligem de arbusto koromiko oleoso). Elas refletiam a individualidade e ancestralidade, assim como posição social, conhecimento, habilidade e qualificação para se casar.

e acordo com estatísticas divulgadas pelo Censo da Educação Superior, publicado em 2015, referente ao ano de 2013, o percentual de ingressantes atingiu 85,6%, comparando os anos de 2003 e 2013. No ano referente, a quantidade de alunos que começaram a cursar o ensino superior atingiu mais de 7 milhões. Desses estudantes, 73,5% frequentavam instituições privadas, o que mostra um crescimento de 13,5% na quantidade de alunos ingressantes em carreiras de instituições particulares. Dessa forma, garantir uma vaga em uma faculdade de qualidade torna-se cada vez mais difícil. Com o aumento de matrículas na rede privada, os cursinhos pré-vestibulares passaram não só a preparar os alunos para concorrerem às vagas de instituições públicas, mas também criaram projetos voltados para alunos que querem ingressar nas particulares, que vêm ganhando espaço entre as mais renomadas do país. Um dos cursinhos que atualmente se destaca por seu índice de aprovação é o CPV. Criado em 1959, se diferenciou dos outros programas por oferecer um estudo específico, inicialmente com o preparatório para o vestibular FGV. Hoje ele se expandiu para outras áreas, dando apoio também para outros vestibulares da rede privada, como Insper e ESPM. Segundo Dimi Bezerra, coordenador da unidade consolação, o CPV aprova cerca de 60% do número de vestibulandos, que se mantêm como primeiros colocados nos vestibulares. “O carro-chefe do CPV é a

Vestibulandos em frente ao cursinho Hexag Mackenzie

FGV e o Insper. Temos uma visão de mercado especializada, então a procura maior são pelos cursos específicos”, afirma. O estudante de economia João Marcus Oliveira, 20, conta que procurou o CPV logo após ter obtido um resultado negativo no vestibular do Insper. “No CPV, encontrei um método de ensino bastante alinhado com o meu propósito de estudar para um vestibular específico. O material das apostilas era todo baseado no conteúdo das provas passadas, desde os primeiros vestibulares da instituição. Com isso consegui a aprovação após 6 meses no CPV”, conta. João afirma ter escolhido o Insper com base no seu modelo de gestão e foco na excelência, além das matérias estarem bem alinhadas com os requisitos para o mercado de trabalho. O estudante ainda declara não ter prestado nenhuma universidade pública. “Uma das razões foi a infraestrutura, além da organização das faculdades públicas no Brasil serem bem inferiores quando comparadas a uma instituição privada. Situações recorrentes nas universidades públicas como greves e uma gestão pouco eficiente foram deci-

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sivas para minha escolha”, conta João. Outro modelo que se destaca é o do Grupo Hexag, cursinho pré-vestibular que trabalha com um projeto direcionado para a preparação dos alunos que vão prestar o vestibular do Mackenzie. Segundo Adriana Alcatraz, coordenadora do cursinho, o método utilizado pela equipe é voltado para a preparação de turmas direcionadas ao vestibular Mackenzie, pois se trata de uma universidade que tem um grau de exigência maior do que o das instituições particulares convencionais. “Os nossos professores pegam as dez últimas provas da universidade, estudam o que mais tem sido pedido, para focar no que mais os alunos precisam estudar”, diz a coordenadora do curso, cujo aprova cerca de 80% de candidatos em cada vestibular. Ainda de acordo com os coordenadores, a grande vantagem de se fazer um cursinho voltado apenas para a universidade de interesse do candidato, é que suas chances de aprovação aumentam, pois o aluno fica mais bem preparado para aquela determinadaprova.


Uma guinada na carreira Muitos só acabam tendo êxito profissional depois que mudam de carreira Tawane Barbosa

Homenagem a Mário Quintana Bar mistura literatura com gastronomia e homenageia o escritor Texto e foto Giovanna Fiorillo Ribeiro

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Simone Berti na cozinha do instituto “Chefs Especiais”

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udar sua área de atuação no mercado de trabalho pode ser perigoso, porém, um bom investimento. No constante objetivo de conseguir um diploma para encontrar um bom cargo, algumas pessoas se formam e acabam não atuando na área, o que as levam a buscar, ou até mesmo por acaso a profissões totalmente diferentes e mais satisfatórias daquelas que possuem o diploma. Entrar em uma faculdade por pressão ou sonho dos pais faz parte da realidade de alguns jovens, fazendo com que não sejam plenamente felizes na sua profissão. Quantos pais já não compararam sua profissão dos sonhos (aquela que não dá muito dinheiro, mas é o que você gosta) com a profissão do seu primo ou o filho daquele parente distante que você não conhece, que ganha rios de dinheiro? Baseando-se nisso, muitos pais acabam pressionando seus filhos a estudarem aquilo que eles acham melhor. Simoni Berti, 47 anos, formada em Direito, entrou na faculdade que era o sonho

de seu pai. Ela exerceu a profissão do seu diploma por pouco tempo, em seguida, trabalhou na área de consultoria e atualmente é fundadora da ONG “Chefs Especiais”, que através da gastronomia, busca a autonomia e a inclusão social de pessoas com Síndrome de Down. Quando questionada sobre a atual profissão, Simone comenta “Hoje sou muito mais feliz do que antes, pois apesar de trabalhar muito mais e ter mais problemas, tenho algo além do material, que gera combustível intimo” ela também menciona que o trabalho atual é mais satisfatório, apesar de ser uma responsabilidade gigantesca, tem sempre uma novidade, além de trazê-la uma realização pessoal “Tenho algo além do material gera combustível intimo em saber que hoje faço diferença na melhoria de muitas historias, coisa que antes não fazia”. Por outro lado, existem pessoas que começam um curso gostando, mas acabam descobrindo que não é aquilo que realmente querem levar para o resto da vida. “Não desisti por não ter habilida-

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de. Fui um ótimo aluno e monitor de duas matérias importantes (cirurgia e anatomia). Achei chata a rotina de um dentista. Naquela época, ainda não sabia que eu seria bom em trabalhos com muita gente, em posições de comando e me expressando. O que é o oposto da profissão de dentista, que é quieta e solitária.” Menciona Eduardo Rotella, 52 anos, formado em Odontologia, atuou na área de hotelaria e atualmente é especialista em destilados na empresa escocesa Chivas Brothers. Além disso, outro ponto que vale a pena ser levado em conta é a atual crise econômica e a grande dificuldade para arrumar, ou até mesmo, se manter em um emprego formal baseado no diploma. Trabalhar por conta tem sido uma saída inteligente, além de ser uma opção que evita o desemprego e visa manter o individuo no mercado. Deixar um emprego estável e começar do 0 é um grande desafio, porém, segundo o IBGE, 868 mil pessoas começaram a trabalhar por conta própria entre março de 2014 e 2015.

odo inspirado no escritor sulista Mário Quintana, o Quintana Bar foi vislumbrado pelo chefe Marcos Livi. São três andares de pura inspiração à literatura, e cada degrau lembra uma obra do autor. As toalhas de mesa são nada mais que um grande papel repleto de letras, sendo possível brincar de caça-palavras enquanto se espera pelo pedido. Rita de Cássia, responsável pela gerência comunicativa do Bar, afirma que Marcos começou a ideia cultura-cozinha com o Veríssimo, inspirado no escritor Luís Fernando Veríssimo, e localizado no Brooklyn Paulista. Um local onde é possível degustar uma boa comida, folhear um livro e conhecer as obras de um dos autores brasileiros mais influentes na literatura nacional. A parte gastronômica, além de ter sabores sulistas, apresenta pratos de outras culinárias, como a mexicana e espanhola. Foi principalmente por esta razão que Marcos resolveu abrir um restaurante que fosse 100% inspirado na cultura sulista, e por ser naturalmente gaúcho, quis trazer para São Paulo tudo o que ele cultivou e aprendeu em sua terra de origem. Pensando no Quintana Bar, foi criada uma parceria com o arquiteto Vitor Penha, idealizando um boteco que pudesse ter a personalidade de Quintana e ao mesmo tempo inspirasse cultura. A comunicação visual do lugar foi realizada pela Agência Off, que já frequentava o Veríssimo, e aceitou trabalhar lado a lado do Chef Marcos para realizar esse projeto.

Bar oferece menu inspirado na culinária sulista

A gastronomia é toda pensada em pratos típicos da região sul do Brasil. A ideia do chef é proporcionar uma experiência que pode envolver muito além da cultura brasileira, englobando toda a cultura trazida por imigrantes italianos, africanos, alemães e portugueses, para o sul do Brasil. O cardápio vai desde uma comida típica de boteco, como um pastel até algo mais refinado como a lula ao vinagrete, e claro, muitos drinks deliciosos. A estudante de Publicidade e Propaganda, Amanda Borges (19), afirma que uma das coisas que mais gosta no lugar é o caldinho de feijão, que além de custar apenas 15 reais, ainda vem acompanhado de uma farofa de calabresa. No que diz respeito ao atendimento, afirma que é excelente. “Os garçons são muito simpáticos, e eles sabem explicar bem o cardápio que

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é meio complicado, por ter muitos termos específicos da região sul.” Rita diz ainda que existem outros projetos, alguns já realizados como o “Bioma”, um tipo de box reservado para a região de Pampas, no Sul do Brasil, onde Livi realiza uma parceria com o Chef Alex Atala. Esse lugar fica dentro do Mercadão de Pinheiros. Além desse, um restaurante em homenagem à atriz Marieta Severo tem data de inauguração ainda para o ano de 2016. O Quintana Bar é localizado na Rua Olavo Bilac, 57 - Chácara Flora, em São Paulo. Funciona de terça à sábado das 11h45 às 01h, e aos Domingos das 11h45 às 23h. Se você é um amante de literatura brasileira, mas também adora curtir um barzinho, boa comida e boa música, o Quintana Bar é uma ótima opção.


Consumo de cervejas cresce no carnaval

Por dentro da Consolação

Apesar do aumento de 94% nas vendas, produção enfrenta queda

Do Anhangabaú até a Rua Estados Unidos está a Rua da Consolação Texto e foto Laís Araújo

Texto e foto Amanda Sampaio

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olia, agitação e muita música – este foi o cenário do carnaval de rua de São Paulo. Os blocos, até então pouco comuns, passaram a ser marca registrada da capital paulista. Os 355 desfiles pela cidade atraíram cerca de 1 milhão de pessoas em dez dias de festa, segundo um levantamento feito pela Prefeitura de São Paulo. As bebidas alcoólicas protagonizaram o divertimento dos paulistanos. Dentre elas, as que mais se destacaram no mercado foram as “geladas”, desde sempre muito queridas pelos brasileiros. Segundo GPA (Grupo Pão de Açúcar), houve um crescimento de 83% em toda categoria de cervejas da rede. Já a venda de cervejas especiais aumentou em 94%, se comparada ao Carnaval do ano passado. O Assaí Atacadista, pertencente ao grupo, também registrou crescimento significativo na venda de cervejas: na semana que antecedeu o Carnaval deste ano (de 1º a 6 de fevereiro), as vendas na rede de atacado de autosserviço tiveram crescimento de 68,8% em relação ao mesmo período de 2015; em São Paulo, de 58%. A estudante de engenharia Mariana Magalhães, 20, esteve presente no bloco Vou de Táxi, que tomou a Avenida Faria Lima no dia 14 de fevereiro. “Eu vejo as bebidas como uma forma de nos divertirmos, mas tudo depende de como a pessoa vai consumir. Se está calor e nós bebemos para nos refrescarmos é uma coisa, mas exagerar é outra bem diferente”, afirma. Mesmo em tempos de crise, o paulistano não poupa na hora de

Mariana Magalhães (centro) e amigos no bloco Vou de Táxi

comprar bebidas. Para Lucilene Alves, analista de marketing de bens de consumo, isso se deve à falta de educação financeira de boa parte da população. “O brasileiro associa a bebida apenas com felicidade, sem pensar a longo prazo. Em festas como o carnaval ou em fins de semana, a gente sempre vê os bares lotados. Algumas pessoas acreditam que por terem trabalhado a semana inteira, merecem ao menos uma cervejinha. É como uma forma delas se compensarem. Além disso, também temos um forte estímulo das indústrias de lazer e bebidas para que isso aconteça”. O estudo “O Custo Econômico dos Feriados para a Indústria”, di-

vulgado no dia 05 de janeiro pelo Sistema FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), aponta que a indústria brasileira poderá perder até R$ 54,6 bilhões neste ano por conta dos sete feriados nacionais e dos três pontos facultativos federais que cairão em dia de semana. O valor representa cerca de 3,7% do PIB (Produto Interno Bruto) industrial do país. “Para a economia estes feriados são ruins. Nós vemos notícias de que São Paulo teve lucro com o carnaval e pensamos que isso pode compensar os prejuízos dos outros setores econômicos, mas é uma falsa impressão”, comenta Lucilene.

PRODUÇÃO EM QUEDA Os dados do SICOBE (Sistema de Controle de Produção de Bebidas, da Receita Federal, indicam uma produção de 1,1 bilhão de litros de cerveja no país, apenas no mês de fevereiro deste ano. Ainda assim, houve uma queda de 3,0% na produção nacional da bebida comparada com o mês anterior, segundo dados dessazonalizados pela CervBrasil (Associação Brasileira da In-

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dústria da Cerveja). No comparativo com o mesmo mês de 2015, a redução foi de 2,7%, e no acumulado do ano houve uma retração de 1,6% no primeiro bimestre de 2016. A inflação da cerveja acumulou uma alta de 0,7% até fevereiro, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor – Amplo (IPCA), mas abaixo do resultado do IPCA Geral (2,2%) e do de Alimentos e Bebidas (3,4%).

ua história começa por volta de 1779, quando um pequeno povoado vem habitar a área por intermédio de devotos que acabara de construir uma pequena capela para Nossa Senhora da Consolação. A região era repleta de chácaras e plantações ligando o bairro Pinheiros e a cidade de Sorocaba. Foi somente em 1870 que a freguesia da Consolação surge. O primeiro nome dado a ela foi Rua dos Piques, em homenagem a um grande comerciante da época. Anhangavahi de Cima, veio logo depois e apenas em 1871, quando a Igreja vira uma grande Paróquia, que o bairro recebe o nome de Consolação, e a rua, consequentemente. No século XVIII as pessoas eram enterradas em Igrejas e foi ai, que a Marquesa de Santos, decidiu criar um Cemitério, em um terreno próprio na avenida. O mais curioso e atrativo aos turistas, é a quantidade de famosos enterrados neste lugar. Monteiro Lobato, Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Armando Bogus, Rubens de Falco, Oswald de Andrade, Washington Luis, Victor Brecheret, Ramos de Azevedo, Guiomar Novaes e Campos Sales e claro a Marquesa de Santos, são alguns nomes nele guardados. Hoje, nesta Avenida estão instalados ícones muito visitados pelos Paulistanos, como o Cinema Belas Artes, inaugurado em 1943 com o nome de Cine Ritz. “O cinema é muito bom, as salas são confortáveis, tem ar condicionado, ótima estrutura” ,diz João Antônio Santos, 18, estudante, que estava a primeira vez. “Os filmes que

Rua da Consolação ganha nova cara

passam aqui são muito bem conceituados, aclamados pela crítica. Eu recomendo e vou voltar mais vezes, pois há garantia de bons filmes e bom atendimento”, conclui. Outro patrimônio da cidade é a Biblioteca Mario de Andrade, fundada em 1925. Hoje é a maior Biblioteca pública de São Paulo e a segunda maior Biblioteca pública do país, perdendo somente para Biblioteca Nacional. É conhecida por ser rica em livros raros e importantes para história. “Venho aqui há muito tempo, busco sempre livros aqui, pois sei que sempre acharei. A Biblioteca é muito boa, tem um acervo incrível”, comenta Joana Pádua, 24, artista plástica. Falando de arte, há uma Passagem literária da Consolação, aberta ao público desde 2005, localizada entre a Rua da Consolação e a Avenida Paulista. É um ambiente cultural que reúne livros, música ambiente, apresentações e exposições de arte. O mais curioso é que fica localizado em uma passagem subterrânea. É um lugar pequeno e para quem passa desatento não irá percebê-lo, pois há um pequeno letreiro escrito “Embarque Parada Paulista”. “Encontrei a passagem literária há pouco tem-

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po. Passo em frente todos os dias, mas foi em um dia de chuva que vi um espaço aberto e decidi entrar”, acrescenta Felipe Oliveira, 22,estudante. Outra parada obrigatória é o Restaurante Sujinho, com mais de 40 anos de história. Fora frequentado por artistas da Jovem guarda que chamavam a Consolação de “Boca de luxo”, pelo fato de lindas damas que desfilavam pelo local. Hoje o espaço atrai tanto os moradores como turistas, que veem como dever parar e experimentar a famosa Bisteca. Laura Monti, 72, aposentada, residente na Consolação, conta “A rua da consolação foi crescendo progressivamente. Primeiro algumas vendas e as casas que tinham foram derrubadas para a construção de prédios .Eu vim morar aqui com 14 anos, meus pais vieram da Itália para viver aqui. Desde então, nunca sai”. Há também a Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde um de seus campus está situada na Avenida e também faz parte de sua história, pois foi em 1870 que a Instituição se estabilizou na Rua da Consolação. Uma unidade da PUC também compõem o local.


Personalidade e estilo

A moda agora é não desperdiçar

Cabelo colorido é tendência para quem deseja mudar o visual com estilo

A responsabilidade social e ambiental move novos estilistas a inovarem

Foto e texto Larissa Manduca

Marcela Del Nero

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a questão de beleza, o céu é o limite. Não bastando as inúmeras tonalidades de loiros, castanhos e ruivos, a nova tendência que vem ganhando seguidores é o cabelo colorido. Cabelos nos tons de rosa, roxo e azul invadiram o cotidiano de jovens antenadas que desejam radicalizar, tornado o visual descontraído e com personalidade. De acordo com Raul Carvalho, hair dresser e colorista, o cabelo colorido é uma moda antiga, na qual vem crescendo gradativamente com mais notoriedade. A tendência começou na década de 70, quando os cabelos eram volumosos e exagerados. “Fazer uma coloração diferenciada é mais ousado, o divertido é diferenciar, misturando tonalidades diferentes”, afirma Rodrigo Silva, colorista do salão Novo Arte um dos maiores salões especializados em cabelos coloridos de São Paulo. Caso uma cor não seja o suficiente para mudar o visual, um dos hits que vêm fazendo sucesso é o tie dye, que nada mais é do que misturar duas ou mais cores que se mesclam de forma suave, resultando em um efeito psicodélico. Conforme a coach e design de moda, Rafaela Henrique, formada pela FAAP, o cabelo tie dye, é um estilo que virou febre a partir de uma novela global ter colorido o cabelo das atrizes com de cores diferentes. “Gosto de cabelo colorido desde pequena. Assistia programas na televisão, nos quais as apresenta-

Cabelo colorido é febre entre jovens modernas

doras tinham cabelos coloridos. “No inicio pintei somente as pontas. Com o passar do tempo criei coragem e pintei o cabelo todo’’ ,afirma Yolanda Reis, estudante de jornalismo. No que se refere a opinião dos pais, o assunto possui diversos pontos de vista. “Acho muito ousado, descolado e divertido. Apoio totalmente minha filha. Se tivesse coragem faria em mim mesmo”, expõe Daniela Reina, 39. Embora muitos familiares aceitem e apoiem seus filhos e netos na hora de colorir os cabelos, muitos são contra. Segundo Emília Brandeburski, 70, “os cabelos de cores chamativas, são fora da realidade, na minha opinião quem faz isso, quer chamar atenção”. “Meus pais ficaram assustados ao me ver pela primeira vez. Com o tempo foram se acostumando e hoje me apoiam a mudar de cor”, declara Bianca Rodrigues, estu-

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dante de medicina, que relata a reação de seus pais em relação a sua cor de cabelo. Conforme a psicóloga Sueli Boffo, estamos em uma época em que os adolescentes estão perdidos, em busca de uma identidade, uma posição no mundo, por isso buscam maneiras de se encontrar. Segundo Rodrigo, tanto o tie dye quanto a coloração normal podem ser feitos em qualquer cabelo, independente de sua base. Em cabelos claros, irá pedir pouca ou nenhuma descoloração, porém as morenas deverão descolorir os fios e isso pode resultar em alguns danos. Sobre o assunto cabelos coloridos as celebridade internacionais como Kylie Jenner e Katy Perry dominam. “Além das celebridades,as semanas de moda de Nova Iorque e Paris vem sendo influência para os jovens” assegura Rafaela.

moda vem se transformando diariamente e lançando tendências em velocidade exagerada, de modo que alguns materiais não sejam mais utilizados. O desperdício faz com que estudantes de moda e estilistas procurem alternativas para manter o desejo de trabalhar na indústria têxtil. O desabamento de um prédio, em 24 de abril de 2013, na capital de Bangladesh que abrigava a produção de diversas marcas como Primark e H&M, deixou 1134 trabalhadores da indústria têxtil mortos e mais de 2500 feridos. Após o acontecimento, o projeto Fashion Revolution foi fundado com o intuito de provocar os consumidores a questionarem suas marcas favoritas. A pergunta “Quem faz minhas roupas?” sintetiza a ideia da organização, que promove protestos anualmente no aniversário do desastre nas principais cidades do mundo. Tal pergunta é sempre feita por Sophia Longo, 29 anos, ilustradora e professora no curso de moda da faculdade Santa Marcelina, cujo estilo de vida sofre grandes influências do conceito de sustentabilidade. As denúncias que diversos grupos têm sofrido fazem parte dos critérios que Longo utiliza para tomar suas decisões, tanto para consumo como parceria de trabalho. “Denúncias como trabalho escravo por exemplo, ou ‘insustentabilidades’ em qualquer parte do processo, eu boicoto a empresa, não consumindo

mais e compartilhando a informação”, explica. Atitudes como priorizar marcas que se preocupam com a qualidade e a durabilidade dos produtos, assim como evitar o uso excessivo e desnecessário de sacolas já é um começo. Começando do zero Após trabalhar por 14 anos com moda, Mariana Lombardo, 34 anos, estilista, começou a se questionar sobre como tudo era feito. Em seu último emprego, deparou-se com a enorme quantidade de matéria prima que ficava estocada, de modo que os tecidos iam perdendo seu valor no mercado até deteriorem. Suas pesquisas resultaram na conscientização desse problema e a motivaram na criação sua própria marca sustentável, Karmen. Com a intenção de proporcionar peças que são inspiradas no agora com referências do R&B e Hip Hop, a marca recebe um artista brasileiro a cada coleção para a ilustração de suas estampas. Na primeira coleção, Rimon Guimarães, artista curitibano, eternizou sua arte nos artigos de Karmen. “Quando se pensa em moda sustentável, vem na cabeça algo bem hippie, mas não, eu estou fazendo uma roupa com informação de moda, urbana mas com preceitos da sustentabilidade”, explica. A iniciativa de Mariana apenas abre portas para que diversos estilistas entrem no mercado com ênfase na sustentabilidade e responsabilidade social.

Mariana Lombardo com a sua primeira coleção

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A Vila do Chaves no Memorial Exposição de muito sucesso está no Memorial da América Latina Nayara Nascimento

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exposição “A Vila do Chaves” apresentada pelo Memorial da América Latina, em São Paulo, que começou dia 20 de fevereiro e termina em abril, teve o seu primeiro final de semana com todos seus ingressos vendidos. Chaves, um menino de 8 anos que mora em um barril de uma vila cheia de conflitos, é o protagonista da trama. Por transparecer ingenuidade nas coisas da vida e simplicidade no que tem, cativou milhares de fãs que levam seu legado por gerações. Segundo Antônio, 63, contador, seus filhos assistiram ao programa, assim como ele, quando era menor, e completou com um comentário sobre o protagonista: “Ele é muito bom, tem uma simplicidade, um carisma que só ele!”. O programa Chaves foi criado por Roberto Bolaños, no México, em 1971. Na época os episódios eram exibidos como quadro do progama Chespirito, mas pela repercusão que obteve em todo o mundo, principalmente na América Latina, tornou-se independente pouco tempo depois. Nas primeiras exibições do Chaves na televisão ocorreram críticas devido a cenas com agressões físicas, em que a personagem de Florinda Meza (Dona Florinda), para proteger seu filho Quico, agride sempre sem coerência e apuração dos fatos, o Senhor Madruga (Ramón Valdés). Ao todo foram feitos mil episódios com alguns inéditos no Brasil, pois em 1984 o SBT, antiga TVS, os comprou. “O Festival de Boa Vizinhança” pelo qual os próprios

Foto do primeiro ambiente do da exposição “A Vila do Chaves”

moradores mostram seus talentos e “Vamos Todos a Acapulco”, no qual viajam em férias para Acapulco são os episódios mais conhecidos do programa do Chaves. A exposição do Chaves elaborou o cenário idêntico licenciado pela Televisa com o tamanho original, junto dos pequenos detalhes. “Eu gostei muito, está bem legal, até tem os mofos nas paredes”, diz Maria Velozo, 43, dona de casa. Quem é fã do Chaves, só na hora de entrar no primeiro ambiente ganha motivação e entusiasmo por estar ali, a linha do tempo desde o início do seriado está exposta, junto com dois barris do personagem e uma televisão passando alguns episódios. Em seguida, passando para a segunda parte da exposição conseguimos ver a vila completa, com os botijões de gás, as portas com os números da casa dos moradores, a casa do do Senhor Madruga, que está quase completa junto

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com seus troféus, faltando somente o quarto da Chiquinha, filha do Senhor Madruga.Porém, o objeto que chama a atenção de diversas câmeras fotográficas é o barril do Chaves, igual ao do seriado. Ao perguntar sobre o dia em que a exposição encerrará, o gerente de comunicação, Thiago Carvalho, 35, disse que há previsões para uma prorrogação. “Não sabíamos que a exposição seria tão bem aceita quanto a de 2014, que fizemos somente um painel cenográfico. No entanto, agora estamos pensando em mais uma oportunidade para aqueles que ainda não compareceram”. A exposição “Vila do Chaves” trouxe a euforia dos fãs para conhecer mais de perto o mundo daquele que fez a alegria de boa parte da infância de muita gente. A exposição ficará no Memorial da América Latina até dia 30/04 aberta de terças a domingos, das o9h às 18h.


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