UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE - CENTRO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS
Publicação feita pelos alunos do segundo semestre de Jornalismo - Ed 165 - Ano XII - Maio 2016
Pedalando por todos os cantos
da cidade
Instalação de ciclovias em São Paulo representa uma pequena revolução para a cidade, página 3
PIÁ é o início da oportunidade para novas experiências Programa de Iniciação Artística e Vocacional incentivam a formação de novos artistas Por: Beatriz Cerrato e Isadora Travagin
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Programa de Iniciação Artística, mais conhecido como PIÁ, procura levar gratuitamente a metodologia criada na EMIA (Escola Municipal de Iniciação Artística), na qual as Linguagens Artísticas envolvidas são música, teatro, dança e artes visuais, atendendo crianças na faixa etária entre 05 e 14 anos. Essa faixa etária é dividida em três salas, uma de 05 à 07 anos, 08 à 10 anos e 11 à 14 anos; todas são uma vez por semana e cada uma varia em relação a quantidade de horas. O PIÁ possui os seguintes objetivos: despertar o interesse da criança pelas linguagens artísticas; promover uma aprendizagem baseada no fazer artístico, na criatividade e expressividade, no conhecimento histórico, no senso crítico e estético, no respeito pelas diferenças e pelas diferentes culturas; propiciar um espaço favorecedor de uma experiência artística que possa ser ampla e significativa; e considerar o processo de crescimento e amadurecimento humano da criança ao buscar que a experiência por ela adquirida contribua para o seu desenvolvimento e possa ser transferida para as diferentes situações da vida. Marília Carvalho e Maryah Monteiro, duas professoras – ar-
tistas educadores - do PIÁ da Monteiro Lobato, formada em artes visuais e formada em dança e teatro respectivamente, informaram que “O intuito do programa não é fazer com que as crianças saiam dele sabendo tocar todos os tipos de instrumento, dançando todos os tipos de dança e atuando qualquer peça, pois as aulas não possuem uma arte específica, a aula acaba sendo uma mistura de todas as artes (música, artes visuais, teatro, dança e literatura) resultando para a criança uma experimentação de várias coisas e sim, a integração das crianças umas com as outras” – por isso que os trabalhos são todos feitos em dupla ou grupos -. Há sempre duas professoras em cada sala, cada uma é formada em algo específico artístico, como por exemplo, dança, teatro, audiovisual, música e, a partir desse ano, literatura. Maria, 9, enquanto participa alegremente da atividade de desenhos e pinturas, conta que é aluna do PIÁ há 4 anos: “adoro participar das aulas, são muito legais e divertidas”. O equipamento cultural mais central e mais próximo da Universidade Presbiteriana Mackenzie é o localizado na Biblioteca Monteiro Lobato - Rua General Jardim, 485, Vila Buarque -. Além do PIÁ, o equipamento também realiza o Vocacional, conhecido como o irmão mais velho do PIÁ. O Vocacional necessita de uma idade mínima de 14 anos, não possui idade máxima, e orienta processos Professores de discipolina: André N. D. Ferreira (Editoração e Design) e Vinícius Prates (Pauta e Apuração)
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Centro de Comunicação e Letras
Diretor: Alexandre Huady Guimarães Coordenador: André Santoro Supervisor de Publicações José Alves Trigo
Equipe: Beatriz Cerrato; Erika Paixão; Gabriela Cesario; Giovana Rampini; Isadora Travagin; Isabella Banzatto; Julia Fagundes; Letícia Imperador; Ludmila Vilaverde; Pedro Marin; Rafael Brazil; Thaina Prado; Thais Genovese.
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PIÁ da Biblioteca Monteiro Lobato, as aulas ocorrem de segunda, quarta, quinta e sábado; foto de autoria da página no facebook
criativos específicos na linguagem artística escolhida pelos interessados, um artista orientador vai orientar uma turma que quer se aprofundar em alguma arte (música, artes visuais, teatro ou dança), dando realmente o sentido de irmão mais velho, já que este é mais específico que o PIÁ. Para participar de ambos, os interessados (tanto as crianças do PIÁ, quanto os participantes do Vocacional) devem estar inscritos – para fazer a inscrição deve-se ir até o local onde deseja participar levando uma cópia simples e original de algum documento. Atualmente, as duas ações atendem mais de sete mil participantes em equipamentos culturais distribuídos em todas as regiões da cidade. Para maiores informações do PIÁ da Biblioteca Monteiro Lobato Ligue: (11) 3256-4122, ou acesse a Página no Facebook “PIÁ Monteiro Lobato”. Jornal-Laboratório dos alunos do segundo semestre do curso de Jornalismo do Centro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Impressão: Gráfica Mackenzie Tiragem: 200 exemplares.
Novo trecho de ciclovia é inaugurado O trecho na Avenida Bernadino de Campos liga as ciclovias em funcionamento da Avenida Paulista e da Rua Vergueiro
Erika Paixão e Pedro Marin
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s ciclistas paulistanos ganharam mais um motivo para comemorar. Trata-se da ciclovia da Avenida Bernardino de Campos, inaugurada no último dia 23, cujos 750 metros conectam a Rua Vergueiro à Avenida Paulista. A instalação de ciclovias em São Paulo esteve em debate durante a semana, depois de um senhor de 78 anos ter sido atropelado por um ciclista debaixo do Elevado Presidente Costa e Silva. O ciclista, que foi indiciado por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), afirmou posteriormente, no entanto, que não trafegava pela ciclovia recentemente instalada na região. Ainda assim, a inauguração da ciclovia contou com a presença de centenas de ciclistas, que aproveitaram o domingo para pedalarem em uma Paulista sem carros. O Prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, também se fez presente na inauguração, e em entrevista exclusiva à equipe do Acontece rebateu as críticas que sofreu nos dias anteriores: “O que faltava não era planejamento, tinha planejamento de sobra. O que faltava era a decisão de fazer, decisão política de fazer. Planejamento tem desde os anos 80.” Planejamento As críticas que atacam o planejamento das ciclovias desconsideram um fato importante: o acumulo histórico de projetos de ciclovias e ciclofaixas no Estado de São Paulo. Essa é a opinião do consultor de políticas de mobilidade urbana e cicloativista Daniel Guth, que afirmou em entrevista que o Estado conta com um acúmulo de praticamente 1000km de
ciclovias contempladas por gestões anteriores, dos quais pouco mais de 120km saíram do papel até a gestão Haddad. A ciclovia que ligará o Ceagesp até o Parque Ibirapuera, por exemplo, tem projeto original datado de 1980 e é considerada o primeiro projeto de ciclovia da cidade de São Paulo: “A partir dali, em 1981, foi criado o primeiro plano de ciclovias, que acumulou 174 km. Na gestão do Maluf, foram mais 120. Nas gestões que pipocaram a partir do Maluf; Pita e Marta, acrescentaram mais [...] O Haddad, quando assumiu, já havia na cidade um plano de 1000 km ou talvez mais de ciclovias.” explica Guth. O cicloativista afirmou ainda que o compromisso com as ciclovias era uma responsabilidade de todos os candidatos à prefeitura: “os principais candidatos assinaram a carta [de compromisso] e pedalaram. Ou seja, se qualquer um deles tivesse ganho a eleição, teria de colocar em prática um plano de 400 km de infraestrutura cicloviária.” Pequena revolução Para Guth, a instalação de ciclovias representa uma “pequena revolução” em São Paulo, pois tem
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o poder de humanizar o trânsito. “Quando alguém questiona a existência da ciclovia, a partir de um episódio como aquele que aconteceu [no Minhocão], isso é grave, porque a gente tem quatro mortos por dia no trânsito de São Paulo; dois motociclistas e dois pedestres, e a gente não vê ninguém questionando a existência de uma rua”, disse, afirmando ainda que, sem as ciclovias, o ciclista se torna vulnerável. Ainda que um número crescente, as ciclovias da cidade de São Paulo contam com apenas 1% de ciclistas ativos nas ruas. Daniel Guth prevê, no entanto, que a instalação de mais ciclovias tenda a fazer esse número crescer: “Políticas públicas são indutoras de demandas. Quando você planeja uma nova estação de metrô, você vai pra um bairro onde ninguém usa metrô. Potencialmente, o número de ciclistas é muito grande em São Paulo. Levando infraestrutura você atende quem já usa e atende aqueles que virão. E essa migração é necessária pra que a gente tenha menos carros, menos motos, pra que quem usa o transporte público também possa optar pela bicicleta”, afirma o ativista. De acordo com pesquisa do Datafolha publicada em fevereiro, a aprovação da população paulistana à instalação de ciclovias é de 66%. Segundo pesquisa anual de mobilidade urbana do Ibope com a rede Nossa São Paulo, 71% dos motoristas gostariam de não usar o carro e apontam a ciclovia como uma das medidas para que eventualmente eles deixem os carros. Atualmente, São Paulo conta com 324,9km de ciclovias. A meta para 2015 é de 400km.
Prefeitura retira pertences de moradores de rua
Thaina Prado e Rafael Brazil
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oradores de rua eventualmente são abordados agressivamente e tomados, restando apenas a roupa do corpo. Do alto de seu poder, a fiscalização da prefeitura retira além do que os moradores carregam consigo, o direito humano e cidadão de voz do morador. Antônio, de 42 anos veio do Rio Grande do Sul para São Paulo, recentemente está com uma inflamação no órgão genital em decorrência de agressão física por um agente fiscal e diz, conformado : “Vejo todos os dias eles levando tudo do povo, falam que é poluição pra cidade, e você não pode fazer se não eles batem na gente. Eles mandam a gente ir pra albergue, mas lá só tem bandido, é bem pior que morar na rua”. Outro vivente desta situação, Eduardo Pereira de 30 anos, declarou: “Eles chegam chegando, levando tudo da gente, eles vem de surpresa”. Ambos ainda ressaltaram que os albergues são sujos e tumultuados, onde a melhor das opções se torna a rua. A
reportagem do Jornal Acontece, procurou a prefeitura durante uma semana de agosto em busca de maiores informações, e na maioria das tentativas as ligações foram ignoradas ao falar sobre o que se tratava a matéria. Segundo o arquivo abaixo, da Prefeitura de São Paulo “Censo da população em situação de rua da cidade de São Paulo, 2015 re-
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sultados”, este ano obteve o maior número de pessoas nas ruas da cidade num total de 15.905 onde a maioria são homens. Por isso, que a AMLURB (Autoridade Municipal de Limpeza Urbana) tem realizado constantemente o processo de triagem e catação de lixo em via pública, incluindo a retirada dos pertences destes. A cidade tem mais de 60 centros de acolhimento, mais conhecidos como albergues. Uma atendente da central de atendimento (156) para desabrigados, que preferiu não se identificar, negou esse tipo de ação, deixando claro a possibilidade de pernoitar em um albergue sendo aparentemente algo simples e fácil. Os moradores ainda afirmaram o quão burocrático é abrir uma solicitação de pernoite, sendo os critérios para ficha: etnia, altura, idade e principalmente a vestimenta.
Cresce investimento no Youtube como forma de empreendedorismo A plataforma do Youtube abre as portas para novos negócios e é tendência para os jovens criativos que fogem de empregos tradicionais
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oportunidade de ele fazer aquilo. Então acho que cada vez mais os modelos tradicionais de carreira vão ser vistos como uma opção e não como a única saída para uma pessoa, e eu acho isso fantástico.” Entretanto, Albuquerque alerta para a criação de expectativas: “No começo eu acho que era mais fácil você ficar famoso sem ter boas ideias, necessariamente. Hoje em dia não é bem assim, mas isso na verdade é bom porque força realmente as pessoas a terem boas ideias para ter sucesso”. Além disso, ele atenta os que estão começando que façam um planejamento, porque é um trabalho como qualquer outro e que exige dedicação e cautela, para que não imaginem o sucesso batendo a porta desde o primeiro vídeo e desistam quando isso não ocorre.
Foto: Divulgação
om a expansão cada vez mais crescente do mundo digital, surgiram diversos novos formatos de criação de negócios, incluindo o empreendedorismo digital. Essas novas tendências atingem jovens ambiciosos que, na maioria das vezes, buscam profissões fora dos padrões, investindo cada vez mais em plataformas mais acessíveis na web, como o Youtube. Segundo dados do Youtube, os usuários consomem em média oito horas semanais de vídeos na web, totalizando mais de 70 milhões de espectadores de vídeo online no país, até o segundo semestre de 2014, representando assim um negócio significativo para os canais mais populares, que tiveram aumento no faturamento em 60% entre 2012 e 2013. Heloisa Prates Pereira, professora do Curso de Extensão “Redes Sociais e os Novos Paradigmas da Comunicação no Ciberespaço” da PUC-SP, explica a popularidade dessa ferramenta: “o YouTube permite a monetização de vídeos e isso se transformou em oportunidade para muitas pessoas, que ganham dinheiro produzindo seu próprio conteúdo online”. Otávio Albuquerque é uma dessas pessoas. Conhecido como “Tavião” na internet, Albuquerque é diretor da Tastemade Network no Brasil, uma parceria pioneira de canais culinários, co-criador do canal Rolê Gourmet, que atualmente possui mais de 800.000 inscritos, e criador do canal Coisas Que Nunca Vivi Ou Evitava Viver, que com sete meses de existência já possui 68.000 inscritos. Para “Tavião”, a escolha de muitos jovens para iniciar no em-
preendedorismo digital através do YouTube se dá pelas vantagens que ele oferece, diferente de outras plataformas que não alcançam um público tão grande quanto esse. Além disso, essa mídia possui um formato de vídeo que foi desenvolvido para que melhores práticas, o que faz com que o empreendedor entenda o que traz um maior retorno para o canal. Quando perguntado sobre o potencial de investimento dessa plataforma, ele explica que o formato do Youtube que consiste em modelos de parcerias e canais estruturados com programação é muito recente, com apenas 5 anos, e ainda pode se expandir muito. “Apesar de a gente achar que tem bastante coisa, eu acho que ainda nem começou a se desenvolver esse mercado, e o potencial é infinito”, ele explica. Em entrevista, Albuquerque explica o porquê fazer vídeos para o Youtube seja como empreender, e não um emprego: “Eu acho que não é um emprego, é um empreendedorismo. É ter um projeto, você desenvolver uma ideia que é sua”. Para ele, empreender envolve variações, uma gerência em cima do seu negócio, e pode ser comparado a criação de uma padaria: pode dar muito certo, como também pode não ir para frente. Como essas novas formas de negócio atingem principalmente os jovens que buscam sair da redoma convencional de profissões, Albuquerque reforça que é possível ter sucesso, desde que você tenha boas ideias e seja muito competente ao empreende-las. Ele cita o amigo e colega de trabalho, Paulo César Siqueira (PC) como exemplo disso: “O PC pode não ter estudado, não ter se formado na faculdade, mas ele tinha um preparo para entregar o que ele precisou entregar quando apareceu a
Top 5 canais com mais inscritos no Brasil 1. Porta dos Fundos 10,455,095 2. Parafernalha 7,093,376 3. Galo Frito - 6,959,986 4. 5incominutos 5,603,244 5. VenonExtreme 4,366,914 Fonte: SocialBlade
A força jovem no mercado Conheça o perfil de dois jovens inseridos no universo empreendedor, e entenda a necessidade de mercado para com essa iniciativa sagaz Julia Fagundes
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uhammad Yunus, conhecido mundialmente por estimular os jovens a empreender mais, disse uma vez que o homem não nasceu pra procurar emprego, e o jovem de hoje, que muitas vezes não se encaixa no padrão de uma empresa tradicional, ou que as vezes vai além do que essa empresa espera, esta cada vez mais buscando seu caminho individual. O professor de princípios do empreendedorismo do Mackenzie, Fernando Oliveira, faz uma relação da frase de Muhammad com os dias de hoje, e como ela ganha força nesse cenário de crise econômica. O professor afirma que cada vez mais aquele modelo de trabalho antigo onde se tem o “cartão de ponto” esta diminuindo, como uma consequência do ambiente liberal econômico que temos hoje, e isso faz com que os jovens, inseridos recentemente no espaço econômico, busquem por novas possibilidades, satisfazendo a necessidade do mercado. Para Henrique Duburgas, 18 anos, o espirito empreendedor chegou cedo. Ele tinha só 12 anos quando entrou para o ramo de programador de site, e tudo aconteceu porque sua mãe o proibiu de jogar “Hagna Rok”, um jogo online pago. Então Henrique refez o próprio jogo online, onde se sentiu à vontade para chamar seus amigos a se juntar a ele, o que funcionou muito bem, já que o novo jogo programado por Henrique era gratuito. Mas depois de dois anos, ao chegar em sua casa uma notificação do dono do jogo, a nova fase se encerrou, deixando-o apenas feliz pelo dinheiro que ganhara,
visto que depois de algum tempo de funcionamento do site, Henrique implantou acessórios pagos no jogo. Quando tinha 14 anos, contando com dois parceiros, Henrique lançou uma startup (novo projeto ainda em ascensão) chamado “como estudar nos EUA” cuja função era explicar detalhadamente o processo para quem gostaria de ter essa experiência. O projeto foi muito bem visto e deu muita visibilidade ao programador, aparecendo na primeira capa do Estadão de domingo. Mas segundo Henrique dinheiro mesmo não deu. Entretanto, foi através do startup que veio a real noção do empreendedorismo e toda sua parte burocrática. Depois disso ele e seus parceiros criaram um site chamado “ask me out”, com a mesma tipologia do “tinder”, mas que falhou devido ao pouco engajamento das mulheres na ferramenta. Porém, foi através do site que Henrique conseguiu perceber algumas falhas dos serviços de pagamento online, pois no site era cobrada uma taxa para os homens poderem ver seus respectivos matches. Foi assim que surgiu a ideia de se implantar um novo e mais modernizado programa de pagamento online, o “Pagar. me”, em que ele está até hoje. Quando perguntado se ainda considerava a empresa uma startup, ele disse: “Quanto mais você se considera uma startup, mais você quer crescer, então eu prefiro achar que sim.” Já com Enrico Villela, 20 anos, foi um pouquinho diferente. Desde novo já se identificava muito com a gastronomia, e todos seus trabalhos a partir dos 16 anos foram dentro de uma cozinha. Antes de abrir sua própria hamburgueria, tendo seu pai como sócio, Enrico trabalhou no “Butcher’s”, uma das
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melhores hamburguerias de São Paulo, onde obteve sua base para entrar de cabeça no negócio. Apesar de estar familiarizado com o ambiente e o tipo de trabalho realizado dentro de uma cozinha, Enrico disse que foi só quando abriu de fato a casa que teve a noção de que queria esse trabalho para seu futuro. Agora, como empreendedor de seu próprio negócio, e atuando também na cozinha, o trabalho dobrou. Hoje ele trabalha de terça à domingo, das 10 da manhã até a meia noite. No final das duas entrevistas, perguntei o que eles esperavam do futuro. Enrico respondeu que se imagina uma pessoa bem sucedida, e não se vê trabalhando pouco, mas com uma vida um pouco mais tranquila. Já Henrique se imagina realizando seu sonho, que é poder enriquecer as pessoas que trabalham com ele e que ele considera extraordinárias, e para isso estaria tocando uma empresa grande.
Henrique Duburgas escritório de sua empresa
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ONG S.AU.S resgata cães que sofrem maus-tratos ou estão na rua
ONG que resgata cães abandonados e que estão sofrendo maus-tratos dá a eles uma nova chance de ter uma vida melhor e encontrar um lar Thais Genovese
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m 2009, Daniella Baboim cuidadora da ONG S.AU.S e uma amiga foram chamadas para averiguar a situação do lixão de Santana de Parnaíba. Lá só havia barracos de madeira, até que os moradores ganharam apartamentos da Prefeitura e abandonaram seus cães para trás. Muitos foram mortos a pauladas, outros amarrados dentro dos barracos que foram derrubados. Foram encontrados cães muito magros, famintos, algumas estavam prenhas e muitos tinham miíase (bicheira) e devido a isso precisavam ser retirados com urgência do local. Uma outra amiga cedeu um espaço em seu sítio para que pudessem construir algumas baias para abrigar os cães que foram resgatados. O trabalho foi crescendo e acabaram tendo que mudar para outro lugar maior, onde atualmente moram 88 cães e mais 4 em lares temporários. Quando vai adotar um cão tem certos requisitos a cumprir para poder adotá-lo. Você tem de ser maior de 18 anos, apresentar o RG e comprovante de endereço e passar por uma entrevista. É feita uma visita a casa do adotante e se estiver tudo de acordo é combinado a entrega
do animal, sendo assinado um termo de adoção que afirma a responsabilidade do adotante e comprometimento com algumas condições para que possam adotar. Depois que a pessoa adotou um cãozinho nos primeiros dias conversam por telefone e depois fazem uma visita para ver como o animal está, se está sendo bem cuidado. Além disso, seguem postagens no facebook e trocam e-mails com fotos. Para manter a ONG, comprar ração e medicamentos, possuem alguns associados que contribuem efetuando depósitos mensalmente e também fazem um brechó semanal onde vendem artigos seminovos, que são revertidos para os gastos com a ONG. Daniella Baboim cuidadora da ONG disse que: “As doações para o brechó vêm de pessoas amigas, amantes da causa e as vezes algumas lojas nos doam algumas peças.” Beth Crema disse que: “é difícil descrever a emoção que a pessoa sente ao adotar um cãozinho. ” Saber que podemos dar muito amor a um cãozinho que foi desprezado a vida toda, não tem preço. Além de ser dever de todos nós ajudar os animais que sofrem maus tratos, ainda há uma certa discriminação desse tipo de trabalho, pois muitas pessoas não entendem o quanto esses animais sofrem e ao mesmo tempo o amor
Onde encontrar cães para adoção? Você pode encontrar cachorros para adotar em ONGs como, por exemplo a UIPA que se encontra na Av. Presidente Castelo Branco, 3200 – Ponte Pequena – SP e também nesse Centro De Adoção Associação Natureza Em Forma que fica na Rua General Jardim,234 – Villa Buarque - SP, você também pode adotar um cachorrinho em Pet Shops como o Pet Center Marginal localizado na Av. Engenheiro Caetano Álvares, 1480 – Ponte do Limão - SP e no Pet Shop Cobasi que fica na Av. Professor Francisco Morato, 2385 – Butantã, SP.
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que as pessoas tem por esses animais. Segundo uma publicação realizada no JusBrasil, maus tratos aos animais tanto os silvestres como os domésticos vem sensibilizando as pessoas contra essas ações de crueldade. Isso levou vários países a criarem regras mais rigorosas de proteção aos animais. Aos poucos a sociedade começa a entender que os animais realmente precisam ser protegidos contra qualquer tipo de crueldade e maus tratos. No Brasil nós temos como forma de proteção aos animais a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, da UNESCO, a qual foi celebrada na Bélgica no ano de 1978, e subscrito pelo Brasil, que consta que entre os direitos dos animais estão o de “não ser humilhado para simples diversão ou ganhos comerciais”, bem como “não ser submetido a sofrimentos físicos ou comportamentos antinaturais”. Ainda no art. 14 da Carta da Terra criada na RIO+5 diz que devemos tratar todas as criaturas decentemente e protege-las da crueldade, sofrimento e matança desnecessária. Diante do que foi dito concluímos que provocar lesões físicas e estresse desnecessário aos animais constitui crimes. Também se constitui crime: abandonar animal de estimação deixando eles passarem fome e desabrigados, já que dependem do seu dono para sobreviver. Aqui vai uma dica faça sua parte, caso você veja ou saiba de maus tratos cometidos contra qualquer tipo de animal, vá a uma delegacia de polícia mais próxima para fazer um boletim de ocorrência. Mais uma dica antes de adotar um cãozinho veja se você está preparado para cuidar de um, se o ambiente é ou está adequado para a raça de cão que você pretende adotar.
Movimento promove união entre mulheres A proposta, que surgiu na internet, é alternativa para evitar o assédio masculino
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egundo pesquisa na internet realizada pela campanha “Chega de fiu-fiu”, do coletivo Olga, em parceria com a defensoria Pública de São Paulo mostrou que 99,6% das mulheres entrevistadas já haviam sido assediadas. Cerca de 81% disseram ter deixado de sair para algum lugar com medo de sofrer assédio e 90% trocaram de roupa pensando no lugar que iriam por receio de passar por esse tipo de situação. Para ajudar a reduzir essa estatística, a jornalista porto-alegrense Babi Souza, 24 anos, idealizou em julho deste ano o “Movimento Vamos Juntas?”, que tem como foco unir mulheres desconhecidas para andarem juntas na rua e assim evitar o assédio masculino. “A velha ideia de que a união faz a força ao invés de reclamar”, diz Babi. A mobilização acontece através de uma página no facebook, que hoje conta com mais de 150 mil curtidas, influenciando e inspirando outras ações nos meios universitários. Exemplo disso é projeto
que leva o mesmo nome idealizado pela Frente Feminista Mackenzista. Segundo a estudante de Direito Gabriella Cardoso, 20 anos, representante da frente, o movimento surgiu com o mesmo objetivo do movimento original, porém visando a união das universitárias, para que elas de fato conseguissem ter uma companhia sempre que necessário para fugir do assédio na rua. Segundo Gabriella, a cultura de violência contra a mulher existe também entre universitários, mas é mais difícil de ser discutida. “Existe um manto que na universidade as pessoas têm um intelecto superior”, diz. Ela ressalta ainda que as situações de risco e as opressões são diárias na vida de uma mulher. Segundo Gabriella, fazer com que mais mulheres se unam contra as formas de opressão é a chave para uma luta de equidade de gêneros. “A gente não consegue desbancar nenhum sistema sem união”, completa. A estudante de Psicologia Maria Luísa Prado, 20 anos, relata uma situação de assédio que sofreu na rua no trajeto da universidade. Diz que estava atravessando a Rua da Consolação para encontrar uma
Rua da Consolação, em São Paulo
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Giovana Rampini
Giovana Rampini Letícia Imperador
Na foto a estudante Maria Luísa Prado
amiga na Rua Bela Cintra quando um homem de dentro de um carro intimidou-a verbalmente, fazendo com que ela reagisse. “Ele gritou do carro que eu era bravinha e que ele ia me seguir e abusar de mim”, contou a vítima. A estudante acredita que se estivesse acompanhada se sentiria mais segura. “As meninas hoje estão querendo se unir muito mais.”