Edição Especial 15 anos do Curso de Jornalismo

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Apenas 15 anos ros ex-alunos de Jornalismo do Mackenzie. Mais que isso, o aluno egresso é disputado pelos profissionais que contratam. Com esta publicação queremos agradecer aos professores, em atividade ou que já passaram por esta instituição de ensino, e que ajudaram a construir essa performance.

Imagens de obras de construção do prédio na Av. Piauí 143

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edição desta revista ocorre em um momento importante para o curso. Esses 15 anos serviram para consolidá-lo como um dos mais bem conceituados do Estado de São Paulo. Neste ano, foi considerado, mais uma vez, pelo Guia do Estudante, como um curso cinco estrelas, ou seja, a pontuação máxima. Além disso, nossos alunos são frequentemente premiados. Há um outro reconhecimento que vem do contato com os professores e alunos. A rotina é marcada por histórias nas quais predominam o sucesso, principalmente profissional. Grandes redações e assessorias de comunicação contam com inúme-

Homenageamos também nossos alunos e ex-alunos, que são representados nas páginas desta publicação com alguns depoimentos de profissionais que passaram pelo nosso curso. É apenas uma amostra. Cada aluno que estuda no curso ou que passou por ele é merecedor de nossos agradecimentos, pois ajudou a fazer a nossa história nesse período. No final, tentamos justificar o título deste texto. Quinze anos de curso podem significar pouco na linha do tempo, mas os resultados mostram que em apenas 15 anos muito foi construído. Quem venham os próximos 15! Denise Paieiro Coordenadora do Curso de Jornalismo. José Alves Trigo - Editor

Centro de Comunicação e Letras Edição Especial de 15 anos do Curso de Jornalismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie Reitor: Prof. Dr. Benedito Guimarães Aguiar Neto Decanato Acadêmico: Prof. Dr. Cleverson Pereira de Almeida Decanato de Extensão: Prof. Dr. Sérgio Lex Decanato de Pesquisa e Pós-Graduação: Profa. Dra. Helena Bonito Couto Pereira Diretor do Centro de Comunicação e Letras: Alexandre Huady Guimarães Coordenadora do Curso de Jornalismo: Denise Paieiro Supervisor de Publicações: José Alves Trigo Diagramação e arte final: Imagem Um / Silvio Cusato Fotografia das obras: Carolina Gherardi:

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Alunas do curso de Jornalismo

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Histórias de um professor veterano

O professor Francisco Periago é um dos primeiros professores do curso.

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ma das coisas que aprendi na minha vida foi acreditar! Isso mes­­­­­­­ mo, acreditar! Enfatizo com um pon­­ to de exclamação porque o acre­di­tar sempre foi a força mo­­­­­ triz que me levou a diversas conquistas e rea­­­liza­ ções pessoais. É um modo de pensar porque sei que o acreditar abrange uma con­­cepção mais univer­sal, mais coletiva. Um acreditar na primeira pes­­­­soa do plural. Confiar em um tra­­ balho coletivo que traz benefícios pro­ fissional e ético para quem está pra­ ticamente começando a encontrar um lugar em nossa socie­dade. É nisso que acredito e sempre irei acreditar como ser humano, jor­na­­­lista e professor. E é justamente em cima desse meu ponto de vista que vejo o que acon­­­teceu nesses 15 anos no Cur­­so de Jornalismo da Universidade Pres­­­­ biteriana Mackenzie. Um traba­­­­­lho coletivo empenhado por pro­fes­sores, colaboradores, coordena­do­­­­­res, dire­­­ tores e alunos que fizeram com que o curso, em um curto prazo de vi­ vência, fosse reconhecido como um dos melhores do País. É muito pouco tempo para isso, mas como todos acre­ di­­taram, aconteceu. Sou um veterano. Um dos pri­ meiros jornalistas a integrar o corpo docente do curso juntamente com meus amigos Vanderlei, Lenize e Sil­­­ mara. Começamos juntos com pou­ cos dias de diferenças no prédio 9 que pertencia, e pertence até hoje, ao curso de Arquitetura. A Faculdade de

Comunicação não possuía uma sede própria e lecionávamos no pe­ ríodo da tarde, acho que por falta de espaço mesmo. Recordo de ouvir, de alguns conhecidos, que o curso não daria cer­­­­­­­­­to, não teria alunos por ser à tarde. Nossa! Como estavam enganados, não faziam ideia de que o curso tinha vi­­­­da e profissionais que acreditavam. Pois é, o curso está aí, vivo e forte até hoje. Vivo e forte e com nova insta­ lação na Rua Piauí. Dividimos os es­ paços com os amigos dos cursos de Letras, Publicidade e Propaganda e juntos formamos o Centro de Co­­­­­ mu­­­­nicação e Letras. Um espa­ço aca­ dêmico compartilhado por exce­lentes profissionais e por amigos que nos incentivam no dia a dia. Professores que não só visam o apren­­dizado do aluno, mas que agem, também, na formação de um “sujeito epistêmico”, como sugere Piaget. Com o passar dos anos, mais amigos chegaram ao CCL e ao curso de Jornalismo para compartilharem aulas, provas, trabalhos e TGIs, ho­je em dia TCC. Até hoje as coisas ro­­­lam assim. O corre-corre do fi­nal de cada semestre, correções de provas, entrega das notas e as ban­cas dos trabalhos de conclusão de curso. Aliás, bancas dão orgulho de participar como orien­­­tador ou como avaliador. Já participei de dezenas delas e confesso que sempre me emo­ciono no final. Acho que to­ dos se emocionam nesse momento

impor­­tante da vida acadêmica do alu­ no e nós fazemos parte disso. Lem­ bro-me dos primeiros orientados ano de 2003. Foram quatro TCCs que ori­­entei. Ah, vou citá-los sim: Guer­ ras – a verdade como primeira víti­ ma dos alunos Anderson, Caroli­ na, Diego e Rafael; Bonete um pa­­­­ raíso perdido da Clareane e Elaine; Rua Augusta das alunas Marina, Tar­ ci­ la, Isis e Ana Cristina. Desses tra­balhos todos, lembro-me de um detalhe que ocorreu um incidente com uma das alunas. Foi na banca do grupo do TCC da Rua Augusta em que a aluna Isis Diniz estava presa no trânsito e não chegaria a tempo para a exposição do trabalho. Foram diversos telefonemas do gru­po e ela que dizia estar presa em um congestionamento. Bom, mes­­­mo assim a banca começou com a apre­ sen­­­­­­­­ta­­­­ção e, no final, na última per­­­­ gunta da banca, Isis entrou na sala, con­seguiu ouvir essa última per­gunta e respondeu. A cena foi demais. O grupo começou a chorar e todos na sala começaram a aplau­­­ dir. Muito emocionante, foi de­mais mesmo. Outro momento em que fi­ quei muito emocionado foi quando dois professores novos no curso fize­ ram parte de uma banca. Foi um dia que senti muita emoção e orgulho dos meus orientados e dos professores Hu­­go Harris e Paulo Ranieri. Sim, foi muita emoção em ver dois ex-alunos, pa­­ra os quais le­cio­­­­nei, integrando a ban­­ca de TCC como professores do Curso de Jor­nalismo do Mackenzie. Muito legal mesmo. Bom, vou encerrando, acho que já ultrapassei os caracteres que me foi determinado. Tudo bem. É um ano de festa, um ano comemorativo no qual um acreditar na primeira pessoa do plural, ajudou a construir um curso cheio de histórias e momentos emocionantes. E que esses 15 anos de aniversário do curso de Jornalismo seja um marco na vida de todos nós. Jornalismo 15 Anos

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Imagens das obras de construção do prédio na Av. Piauí 143. Por Carolina Gherardi

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Uma experiência universitária insubstituível

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empre tive certeza do jornalismo em minha vida. Quando eu era criança, queria ter o cabelo ruivo encaracolado da jornalista Leilane Neubarth e falar no telejornal. No fim do colegial, eu queria estudar em um lugar que não ensinasse jornalismo como uma receita, um “modo de fazer”. Não queria disciplinas que se chamassem “texto”, “TV”, “rádio” etc. O jornalista, para mim, deve ser “multi” não só no que diz respeito às suas habilidades com as plataformas. Sua fome por conhecimento deve ser real. É um profissional que se compromete em saber para poder explicar. Ao meu ver, muita responsabilidade. Quando vi a grade curricular do Mackenzie em 2010, percebi que aquelas 12 matérias por semestre, que pareciam assustadoras para colegas de outras faculdades, faziam todo

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o sentido para mim. Nos meus quatro anos como estudante, tive aulas de filosofia, geografia humana e econômica, sociologia, edição de texto, rádio, diagramação de revistas, economia, epistemologia do jornalismo, teorias da comunicação, fotografia, psicologia e até de música. Aliás, no nosso último dia de aula ainda falávamos da disciplina de cinema, do primeiro semestre. Cursei a faculdade de jornalismo em meio aos debates sobre a validade do diploma profissional para exercer essa carreira - que é em muito ligada à vocação. No meu discurso na colação de grau, dividi o que eu pensava a respeito do tema: acima das disciplinas, a experiência universitária é insubstituível. Consigo ver as diferenças entre a Milena que entrou e a Milena que saiu do Mac­kenzie. Aliás, quando digo experiência, in-

cluo professores que viraram grandes amigos, com os quais converso e divido questões da minha vida até hoje. Por meio da disciplina optativa de jornalismo político, por exemplo, apresentei dois artigos nos congressos da Intercom, que posteriormente foram publicados em livros. Gosto de falar que a faculdade me ajudou a ampliar o olhar para aquilo que já estava ali, ao alcance da visão; me fez criticar mais e reconhecer que o mundo não se faz só de críticas; e, estritamente no meu caso, me fez ainda ter mais certeza da responsabilidade que quis assumir como razão para a minha vida: a de contar histórias – e a importância de ter pessoas com vontade de procurar e contar essas histórias. Milena Buarque formou-se em 2014. É jornalista na Federação dos Professores do Estado de São Paulo e colaboradora do Brasil Post.


Primeira turma de Jornalismo Quinze anos de história, várias histórias, o meu destino.

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alvez você não acredite, mas eu sempre disse que faria Jornalismo no Mackenzie. E por sempre quero dizer que desde os meus 13 anos eu dizia que seria jornalista graduada por esta instituição que hoje me convida para contar um pouco do que ali vivi. Fica mais interessante quando conto que foi em 1999, ano do meu primeiro vestibular, que o Mackenzie abriu seleção para aquela que viria a ser a sua “Primeira Turma de Jornalismo”. Em fevereiro de 2000 cerca de 40 alunos davam início a quatro anos de descobertas, aprendizados, reivindicações e muita euforia. É característica da maioria dos alunos de comunicação um desejo quase que vital pela transformação. Mais que mudança, essa turma chegou àquele espaço com muita vontade de propor um jeito diferente de encarar a forma como as coisas estavam estabelecidas, não só no espaço acadêmico, como também fora dele. Uma geração que presenciou o estabelecimento da internet no país e o início da “Era da informação”, da migração do analógico para o digital, das “Novas mídias”, da interatividade, até chegarmos ao que hoje chamo de a “Era do relacionamento”. Meu sonho tinha a ver com uma marca. Sabemos que Mackenzie representa qualidade no ensino, ética, responsabilidade social (Quantos amigos concluíram o curso com bolsa? Diversos). Mas naquela época eu queria mesmo fazer parte disso tudo porque o Oscar Schmidt jogava basquete pelo Mack. E queria ser repórter de rua, cobrir catástrofes e, quiçá um dia, ser a Ilze Scamparini da Globo. Pena que na primeira vez em que fiz um link ao vivo para a TV do Mackenzie quase tive um AVC após terminá-lo. Até hoje quan-

do assisto um repórter ao vivo me compadeço e, claro, admiro aqueles que têm esta coragem e capacidade. Eu não tive. E não me arrependo. Se precisasse passar por aquela angústia para sobreviver seria terrível. Talvez por isso eu tenha escolhido o caminho oposto. Atualmente sou especialista em comunicação corporativa, trabalho como assessora de imprensa. Uma atividade de back office, se é que podemos simplificar a questão da exposição assim. Apresentava-se assim outra vocação, que acredito ter sido percebida nas aulas do professor Márcio Coelho, de comunicação empresarial. Em uma ocasião ele nos levou até a sede do Citibank para que conhecêssemos os processos de comunicação daquela empresa. Entendi que havia outras oportunidades nesse grande mercado. Mas em quinze anos o mundo mudou conosco. Se hoje a moda é ter um grupo no Whatsapp, no início dos anos 2000 a onda era ter um grupo de e-mails. E nós tínhamos o

“Primeira Turma”. Com o tempo, migramos para outras plataformas e deixamos o grupo no limbo da web (Ou será que alguém ainda está cuidando dele?!). Tudo bem. Hoje alguns se encontram em pautas de verdade. E no bar, sempre. Na época exibíamos nossos primeiros modelos de celular. Mal poderíamos imaginar que hoje não viveríamos mais sem esta invenção, tampouco as coisas que ela seria capaz de fazer. Que cada ser humano portador de um celular com câmera se transformaria imediatamente em um repórter. Mas quando dizem que pra ser jornalista nem precisa de diploma, a resposta: Talvez não seja realmente necessário. Mas que faz diferença, faz ? Saudades: TIA, Maria Antônia, Juca, Dacam, Prédio 3, ilhas de edição do documentário do TGI, aulas e provas com as sete perguntas da Malena, comissão de formatura, estudar à tarde, Poças Leitão, Fábio Rybka. Nem tanta saudade assim: DP’s de Economia e Finanças (Oscar e Lex, desculpa!), matérias e traba­­lhos sobre o 11 de setembro, Ma­trix, sequestro da filha do Silvio Santos. Só pra fechar. Há duas semanas precisei ir à minha agência bancária que ainda é localizada ali. Entrar no Mackenzie passando por catracas foi um baque. Mas o mais arrebatador vem a seguir: “A senhora é ex-aluna?”. Se ao escrever isso já me escorre uma lágrima, imagine cara a cara com a recepcionista. Lado bom: meu nome está registrado para sempre no cadastro e também na história desta instituição. Camila Abranches é coordenadora de Comunicação Institucional do Hospital Israelita Albert Einstein e formou-se no Mackenzie em 2003

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“Entrei aos 17 anos com um sonho...”

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esgatar os 15 anos de Jornalismo do Mackenzie implica não apenas no nobre ato de relembrar histórias do curso, mas na rica atividade de analisar o que o período representou à profissão — e ao mundo. Minha trajetória de vida letiva começa em agosto de 2004. Era a concretização de um sonho, de um garoto que sempre se viu em gramados ou em pisos emborrachados jogando futebol. À época, a popularidade da internet — para onde migram milhões e milhões de nossos leitores — se arrastava em velocidade de conexão discada. O acesso à web por meio de dispositivos móveis era um desejo vivo e impossível de conquistá-lo. O poderoso Facebook era 10 Jornalismo 15 Anos

concebido em muros acadêmicos, mas não havia abraçado o mundo. O Twitter mal estava sendo desenhado. Entre os brasileiros, uma nova sensação era desenhada: o Orkut. Começamos, portanto, a trilhar um novo caminho. Para compreendê-lo, era necessário conhecimento. Diante de um mercado em constante transformação, a estrutura e o corpo docente da instituição construiu a base sólida para formar profissionais com rápida capacidade de adaptação. É mais do que necessário, um ingrediente nada desprezível. Do lide para o hiperlink. Das reportagens de grande fôlego ao SEO (Search Engine Optimization). Escrever para leitores, ávidos por

novidades, mas também para o Google. Quem diria, não? A instituição e seus professores proporcionaram um centro de debate cultural. Ganhei um DNA de tecnologia. Foi ali que concebi meu blog (HTTP://derepente.com.br), ambiente que abriu portas e que completa uma década em 2015. Foi dali também que conheci as melhores leituras, os melhores profissionais. Alguns dos colegas de universidade (e também professores) saíram do ambiente acadêmico para tornarem-se amigos — amigos até hoje, é bom ressaltar. Entrei aos 17 anos com um sonho. Saí com 21 renovado, dotado de um espírito empreendedor e inovador. Foi o berço para uma carreira tão apaixonante e prazerosa, um universo com uma miríade de conhecimento. Em uma década de profissão, passando por iG, Veja, Globo e Faap, é uma enorme satisfação e honra fazer parte do grupo de estudantes que encerrou um ciclo em uma universidade tão importante. Hoje, busco arduamente cumprir com meu dever de professor e compartilhar todo o conhecimento adquirido com os maiores interessados — os meus alunos. Só tenho a agradecer. Muito obrigado! Rafael Sbarai é jornalista e mestre em Comunicação, Tecnologia e Mercado. Desenvolve projetos comerciais no GloboEsporte, do Grupo Globo. Professor dos cursos de pós-graduação de Jornalismo Esportivo e Comunicação Multimídia da FAAP. Foi editor de mídia social e interatividade de VEJA. Ex-editor e repórter de esportes do portal iG.


A faculdade é um alicerce

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uando entrei no Mackenzie, na­ quela segunda-feira ensolarada de fevereiro de 2002, sabia que ali come­­­ çava uma longa e importantíssima jor­­­­­­­­­nada para a construção de uma car­­­ rei­­ra que iria determinar minha vida pro­­­fissional pelas próximas décadas. A pergunta que mais respondo em palestras é: “Gabriel, você acha que um jornalista precisa fazer faculdade para ser um bom jornalista?”. Respondo que sim. E aí me vem à cabeça um filme chamado “Mackenzie”, que me serviu como base sólida e consistente para a minha aventura pelo jornalismo. Hoje, quando participo, por exem­­ plo, de uma cobertura com o minis­tro da Fazenda, onde o pronuncia­mento de 20 minutos se resume a números e cifras econômicas, lembro-me da importância da disciplina de Fundamentos de Finanças, ainda no segun-

do semestre da faculdade, quando o professor explicava a relação da alta do dólar com a inflação e as decisões do governo de mexer na política monetária do país. É nesse momento que as aulas de jornalismo renascem de um passado remoto e flutuam no presente como um instrumento decisivo para o profissional que aprendeu e que, agora, usam essa ferramenta no dia a dia. E foi assim com a maioria das matérias: as aulas no laboratório de rádio em 2003 hoje me servem para improvisar nas entradas ao vivo na TV. Os conceitos de sociologia e antropologia daquela época ainda servem como uma ferramenta de análise crítica quando preciso produzir uma matéria delicada sobre manifestações populares. E foi assim com tantas outras disciplinas. A lembrança mais profunda que

tenho da época de faculdade é a de ter usufruído de toda a estrutura da universidade e do conhecimento dos professores que, de certa forma, me transformaram num profissional de mercado. A faculdade é um alicerce importante na formação do profissional de jornalismo. Porque pode ser determinante nos detalhes, na forma de pensar, de agir com discernimento, cautela e segurança durante a carreira. Vida longa ao jornalismo do Mackenzie. Quinze anos de um legado importante para quem já se formou. E certeza de ensinamento próspero para quem ainda busca um espaço no mercado de trabalho de uma longa jornada pela frente! Gabriel Prado é repórter da Globonews.

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Não conseguiria muita coisa sem um arcabouço sólido

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eus dias no Mackenzie, ven­­­do hoje, quatro anos depois de formado, passaram rápido demais. Vapt-vupt. Esse ritmo a gente não percebe quando está lá, no meio da jornada, no olho do furacão, com a corda no pescoço por causa dos prazos apertados, da carga de leitura, de todas aquelas obrigações acadêmicas que, no fim, acabam enchendo os picuás. A impressão que temos nessa época, a bem da verdade, é o contrário: o tempo passando lento, moroso, devagar quase parando. As aulas são arrastadas, os compromissos tangem o infinito. E as férias tardam a chegar. Essa concepção sobre universidade mudou logo depois que passou a ressaca da formatura. “E agora?”. Foi a pergunta que me perseguiu por um bom tempo, até me resignar que era hora de tocar o barco, preencher os buracos que, mais adiante, mal sabia, acomodariam a saudade que hoje tenho daquela época. Se a vida fosse um filme, rebobinaria a fita para poder reviver tudo, se possível aproveitando melhor cada momento, cada perrengue, reviver tudo de novo, com a profundidade que não desenvolvi antes. 12 Jornalismo 15 Anos

Não dá para negar a importância do Mackenzie em minha vida. Seria cabotino demais achar que conquistei tudo sozinho, pelos méritos tão somente meus. Não conseguiria muita coisa sem um arcabouço sólido, sem uma estrutura sobre a qual pudesse edificar minha carreira. Não iria muito longe sem os professores que tive, sem os contatos que fiz, sem os amigos. O Mackenzie me fez ser quem sou, dando suporte para que eu chegasse onde cheguei. O Mackenzie me deu de bandeja amizades preciosas que levarei para a vida toda. Deu-me experiências únicas, testou minha paciência, alguns limites. Construiu não só um jornalista, mas também o Ricardo atual. O Mackenzie tem parte nisso tudo. Vida longa ao Mackenzie. Essa concepção sobre universidade mudou logo depois que passou a ressaca da formatura. “E agora?”. Foi a pergunta que me perseguiu por um bom tempo, até me resignar que era hora de tocar o barco, preencher os buracos que, mais adiante, mal sabia, acomodariam a saudade que hoje tenho daquela época. Se a vida fosse um filme, rebobinaria a fita para poder

reviver tudo, se possível aproveitando melhor cada momento, cada perrengue, reviver tudo de novo, com a profundidade que não desenvolvi antes. Não dá para negar a importância do Mackenzie em minha vida. Seria cabotino demais achar que conquistei tudo sozinho, pelos méritos tão somente meus. Não conseguiria muita coisa sem um arcabouço sólido, sem uma estrutura sobre a qual pudesse edificar minha carreira. Quem fez isso foi a minha faculdade. Da qual hoje sinto saudade. Muita saudade.

Ricardo Chapola é jornalista. For­mado pelo Mackenzie, em 2011, atua como repórter de política do jornal O Estado de S. Paulo desde 2010. Ingressou no jornal ainda quando estagiário, alcançando o cargo de repórter dois anos depois. Participou das coberturas das eleições de 2010, 2012 e 2014. Atua também na área da literatura. Em 2012, passou a escrever crônicas em um blog próprio hospedado no Estadão. Escreve semanalmente, todas às sextas-feiras. É também autor do livro: “Crônica: o jornalismo de short”, publicado em 2014 pela editora Patuá. Cursa mestrado em Letras pelo Mackenzie, título que deve receber até dezembro de 2015.


Alunas em aula sobre fotografia

Os laboratórios funcionam como redações experimentais.

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Os laboratรณrios servem como espaรงo para oficinas e aulas prรกticas.

Alunos em aula externa sobre fotografia

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