UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE - CENTRO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS
Publicação feita pelos alunos do segundo semestre de Jornalismo - Ed 156 - Ano XII - Jun 2015
Empreender pode ser a receita para o sucesso
Saiba por que o empreendedorismo tem sido uma alternativa para quem está entrando no mercado de trabalho, página 3
Um dos tópicos mais quentes da atualidade está sendo o espaço urbano e a ocupação e interação da população com ele. A conquista de espaços, direitos, garantias e muitas discussões são assuntos frequentes ao se abordar esse assunto. Como organizar e satisfazer a diversificada população da cidade mais populosa do hemisfério sul? Nesta edição do Acontece, temos uma matéria que converge justamente dois fatores importantes da nossa cidade. Nosso espaço público e a - tão essencial em nossas vidas - internet. A Prefeitura de São Paulo está disponibilizando, através do programa “WiFi Livre SP”, internet de graça em praças e locais públicos da cidade. Não se deve, no entanto, gastar o dia preso ao celular e perder a oportunidade de conhecer melhor nossa rica cidade. Feiras de livros podem ser encontradas pela cidade em pontos estratégicos, com preços mais acessíveis se comparados às tradicionais livrarias. A “Companhia Livros na Cidade” tem como objetivo facilitar o acesso de livros baratos e de qualidade para
Universidade Presbiteriana Mackenzie Centro de Comunicação e Letras Diretor: Alexandre Huady Guimarães Coordenadora: Denise Paieiro Responsável pelas publicações: José Alves Trigo
a população. Essa é com certeza uma ótima oportunidade para os amantes de uma boa leitura, além de ser um ótimo programa cultural, dentre os vários escondidos pela cidade. Outra bela pedida cultural seria uma visita ao CCBB. Visitar uma exposição do grande artista Picasso é possível desde o dia 25 de março. No centro da capital, próxima dos metrôs Sé, São Bento e Anhangabaú, a exposição é essencial para aqueles que gostariam de conhecer mais sobre o espanhol. Nada mais tradicional em São Paulo do que o velho estádio do Canindé no coração da cidade e seu time, a Portuguesa. A atual crise em que vive o querido time paulistano e seu futuro serão discutidos. O giro cultural pela cidade chega ao transporte público. Nessa edição do Acontece, falaremos um pouco sobre a rede da madrugada: linhas de ônibus disponibilizadas desde fevereiro, que circularão da meia noite às 04h. Essa novidade chega para contemplar diferentes tipos de usuários. Desde trabalhadores que saem do serviço de madrugada, até
jovens saindo de bares e baladas de bairros como a Vila Madalena. Ainda nos ônibus, uma matéria nos contará sobre o “Ouvi No Busão”. Um grupo de amigos que reúne em livretos, histórias ouvidas e vividas no transporte público da cidade, e distribui em terminais de ônibus e estações de metrô. Mais uma das peculiaridades culturais dessa megalópole. Caminhões de comida invadem as ruas da cidade. São os food trucks, a febre do momento. É mais um bom programa cultural para se conhecer. O visual descolado, ingredientes de qualidade e preços elevados atraem certo tipo de público para locais específicos da cidade. Em contrapartida, jovens, em sua maioria de classes baixas, com raras oportunidades na vida, são assunto na matéria que tratará sobre a redução da maioridade penal e todas as polêmicas em volta do assunto. Os jovens continuam em destaque nos assuntos sobre o tratamento contra a AIDS através da PEP (profilaxia pós-exposição), e núcleos de empreendedorismo nas faculdades.
Editor de texto: Hugo Harris Editor de Arte: André N. D. Ferreira
riana Tae Rodero Ferraz, Mariane Ussier, Marina Prates, Ramon Candido, Victória Rodrigues.
Equipe: Catullo Goes, Eloísa Lisboa, Euan Marshall, Evelyn Bianca, Frederico Guttilla, Gabriel Biagio, Gabriel Fernandes, Gisele Carvalho, Guilherme Franco, Jamyle Rkain, João Vicente, Julia Galhardo, Julia Garcia Kosior, Kaiqui Breno, Letícia Teixeira, Luan Lordello, Luiz Felipe Gaino, Marcela Carvalho, Ma-
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Jornal-Laboratório dos alunos do segundo semestre do curso de Jornalismo do Centro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Impressão: Gráfica Mackenzie Tiragem: 200 exemplares.
O empreendedorismo transformando ideias em realidade Em meio aos contratempos do mercado de trabalho, empreender pode ser uma solução Texto: Evelyn Bianca e Jamyle Rkain Fotos: Evelyn Bianca
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empreendedorismo nada mais é do que colocar ideias em prática no mundo dos negócios. Apesar de ser um assunto que não chama muito a atenção dos jovens, ele vem sendo apresentado como uma boa alternativa para quem quer se inserir no mercado de trabalho. Para pessoas que não conseguem se adaptar às regras de uma empresa, buscam novos caminhos, estão insatisfeitas no ramo no qual atuam ou simplesmente são criativas, empreender é um recurso possível. Por isso, as universidades vêm investindo na exposição desse tema para seus alunos, com palestras, workshops e até mesmo incluindo o empreendedorismo nas grades curriculares de alguns cursos. O PUC StartUps, Núcleo de Empreendedorismo da PUC-SP, surgiu para incentivar o desenvolvimento de projetos de alunos da própria universidade e de outras também. O trabalho do núcleo é realizar encontros semanais com núcleos de outras universidades para articular ideias dos projetos que estão sendo desenvolvidos por seus membros. Segundo Guilherme Martins, cofundador do PUC StartUps, há núcleos espalhados por diversas universidades de grande porte, entre elas o Mackenzie e a USP. Para ele, discutir empreen-
dedorismo em ambiente universitário é importante para a abertura de novos caminhos na carreira profissional. Além disso, ele cita o papel social do empreendedorismo: “É uma forma de quebrar barreiras sociais. Se o cara da escola pública, por exemplo, tem um suporte desde cedo, ele tem chances de alcançar um nível econômico melhor”. Existem duas formas de empreender: desenvolver algo que tenha ou não relação com sua qualificação profissional. Vinicius Oyama e Bruno Bueno, fundadores da Codus Tecnologia, se encaixam no primeiro caso. Os dois, formados em Computação pela USP, já tinham interesse em empreender durante a graduação. Assim que se formaram, deram início à criação da empresa, que desenvolve sistemas de web e mobile para clientes. “Queríamos abrir uma empresa com um ambiente bacana de se trabalhar e com uma filosofia na qual as pessoas conseguissem aprender bastante e causar um impacto no mundo”, explicou Vinicius, Bruno complementou: “Qualquer momento é bom para empreender, basta você se sentir confortável, saber aproveitar as oportunidades e conhecer o mercado no qual pretende atuar”. Renata Gancev, formada em Engenharia de Minas pela USP, tem uma realidade diferente. Ela deixou a carreira na mineração para investir em um clube de assinaturas que tem o café como objeto apreciado, o Grãogourmet.com. Ao lado do marido, que trabalha num banco de investimentos no qual atende
Cássio Aparecido Ferraro dá consultoria para futuros empreendedores
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Renata Gancev, do Grãogourmet.com, prepara um café alguns cafeicultores, Renata começou a levantar a hipótese de trabalhar com o grão quando estava fazendo seu MBA e hoje se sente realizada. “Não é porque me formei em engenharia que não posso sair de lá”, apontou Renata. “Acho legal fazer outras coisas. É um grande desafio, mas você tem que fazer o negócio acontecer”, completou. Os assinantes recebem um kit com um tipo de café diferente a cada mês, cuidadosamente selecionado em um processo de curadoria e enviados para todo o Brasil. Algumas empresas oferecem auxilio para pessoas que são ou que pretendem ser empreendedores, como o SEBRAE e o Instituto Endeavor. O SEBRAE presta consultoria gratuita e ensina como desenvolver um projeto para que ele dê certo. Lá, o futuro empreendedor passa por uma triagem, na qual é identificada a sua demanda, e posteriormente é direcionado para o caminho que deve seguir. Cássio Aparecido Ferraro, consultor de marketing no SEBRAE e professor de Análise Mercadológica no SENAC, destacou a diferença entre os jovens e os mais velhos que procuram consultoria: “Geralmente o jovem já tem um plano de negócio, já pesquisou, ou seja, já vem com um alicerce. Alguns só faltam ser lapidados”. Para o consultor, isso facilita o caminho até a concepção da empresa. Cássio deu três dicas para quem pretende empreender: conhecer o mercado no qual que pretende atuar, saber identificar a cultura de cada um e ter um bom planejamento.
PEC 171/93: redução da maioridade penal Discussão da proposta reducionista e suas vertentes
Texto: Mariane Ussier e Assistida (L.A), conversou com o jornal. Seu filho foi preso por assalto de Marina Prates celular e permaneceu sete dias detido. Foto: Mariane Ussier
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CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados, no dia 31/03/15, desengavetou a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 171/93, que propõe a redução da maioridade penal de 18 anos para 16 anos. A emenda já foi aprovada pela CCJ, com 42 votos a favor e 17 contra. Isso gerou polêmica entre os eleitores, pois muitos deputados ou partidos não haviam pronunciado sua posição a respeito da questão. A discussão do tema foi levantada em todos os canais midiáticos, e a opinião pública mostra-se dividida. O Jornal Acontece abordou profissionais e personagens que, de algum modo, encontram-se relacionados com a possível mudança. O Jornal Acontece foi ao UNAS (União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região), onde menores infratores prestam medidas socioeducativas e de ressocialização. Kelly Cristina, mãe de um menor infrator que cumpre Liberdade
Segundo ela, manter o menor encarcerado não é a solução: “Acho que ele poderia piorar se fosse preso mesmo, porque ele ficou lá com gente que fez coisa muito mais grave e querendo ou não acaba se comunicando e sendo influenciado. Colocando com o adulto, ele só vai sair pior do que entra” diz a mãe. “Ele saiu meio que perdido. Vi meu filho perdido, no tempo, com o olho vazio, longe. E ele só falou ‘Mãe, não quero voltar nunca mais pra lá’”, desabafa Kelly Uma pesquisa realizada pelo Datafolha, instituto de pesquisa do Grupo Folha, mostra que 87% dos brasileiros são a favor da redução da menoridade penal para 16 anos. No entanto, parte do Congresso Nacional, organizações não governamentais, e especialistas, debatem outras maneiras de punir o menor infrator. Movimentos contra a PEC começam a ter voz. No dia 28/04/2015 ocorreu na Universidade de Direito da USP um ato contra a redução da menoridade penal. O debate reuniu diversos nomes influentes no jurídico brasileiro e também movimentos que
Ato contra a redução da maioridade penal
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lutam a favor dos direitos humanos. Durante o debate, Márcio Elias Rosa, procurador-geral de justiça do Tribunal de São Paulo diz: “Sob o ponto de vista meramente jurídico e constitucional, a PEC é de conteúdo materialmente inconstitucional porque não produzirá, nós sabemos, o resultado que é vendido à população. Ela não reduzirá índices de criminalidade e violência, mesmo porque a idade não é fator de violência”. A Organização das Nações Unidas (ONU) manifestou publicamente no dia 11/05/15 ser contrária ao projeto. Seus representantes ainda acrescentaram que o Brasil é o segundo país no ranking mundial de homícidios contra a juventude. Wilson Levy, diretor da presidência do Tribunal de Justiça e professor universitário do curso de direito, explicou o rito de aprovação (conforme o art. 60 da CF) da PEC 171/93. O Código Penal e o Estatuto da Criança e Adolescente precisam estar adequados ao texto constitucional. Sendo assim o ECA e o Código Penal deverão observar as mudanças que forem adotadas pela Constituição Federal, por conta da hierarquia de normas. “Por que estamos discutindo maioridade penal hoje?”, Wilson Levy se autoquestiona. “De 100% dos crimes cometidos considerados bárbaros, como crimes contra a vida, contra o patrimônio, latrocínio, roubo seguido de morte. Cerca de um por cento é cometido por menores. Talvez se as pessoas soubessem disso, não estaríamos nesta discussão” conclui. O problema de menores infratores nos grandes veículos midiáticos é tratado frequentemente como uma questão, apenas, de segurança pública. Assim a problematização se limita a um ponto da questão. “Estamos tentando tratar o efeito, não a causa!”, diz Mércia Ribeiro, diretora do UNAS, ao conversar com o grupo de mães de menores infratores. Por conta do sistema burocrático brasileiro, a emenda viverá um bom tempo nos papéis até uma possível legitimação. Durante esse tempo, grupos e movimentos pró e contra prometem expor seu lados. Cabe ao cidadão buscar o entendimento da proposta.
Programa de Wi-Fi gratuito em SP Prefeitura oferece programa WiFi Livre SP nas praças da cidade de São Paulo Texto: Julia Garcia Kosior Foto: Mariana Tae Rodero Ferraz
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esde 14 de abril, a prefeitura de São Paulo disponibiliza o novo programa “WiFi Livre SP” em 120 praças da cidade. O projeto atende todos os 96 distritos uniformemente. WiFi Livre SP é um projeto que oferece acesso livre e gratuito à internet em praças e locais públicos da cidade. Pode ser usado por qualquer pessoa que utilize notebooks, netbooks, tablets, smartphones ou qualquer outro dispositivo. O projeto é o primeiro das grandes cidades do Brasil, com a coordenação da Secretaria Municipal de Serviços e apoio técnico da PRODAM (Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Município de São Paulo). Segundo Lucas Costa Santos, coordenador geral de wi-fi da Prefeitura de São Paulo, o objetivo inicial foi, além de tornar a internet sem fio mais acessível ao cidadão, de colocar São Paulo no centro de conectividade das cidades do mundo. Socializar relações e ampliar acesso à cultura e informação. É possível medir a estabilidade, disponibilidade e capacidade da banda por meio do SIMET (Sistema de Medição de Tráfego Internet), porém promete conexão de 512 Kbps efetivos por usuário, para download e upload que varia com a quantidade de pessoas que utilizam no momento. Aline Badu, estudante, 19, está muito contente e realizada com a internet livre e gratuita. Ela achou o programa muito importante, porque muitas vezes faz trabalhos perto do cursinho, onde não possui wi-fi liberado. Assim, pode ficar tranquila, sem precisar voltar para casa rapidamente. Relatórios da Coordenadoria de Conectividade e Convergência Digital da Prefeitura de São Paulo mostram que 80% da população usa internet limitada (pré-pago) no aparelho móvel. E também, apesar da intenção ter sido para o público genérico, a internet é
mais utilizada por jovens entre 20 e 30 anos. Para Fábio Brasil, comerciante, 24, a rede de wi-fi não funciona muito bem: “Acho que não foi muito divulgado, antes eu nem sabia da existência, nem sempre possui a placa que avisa sobre a rede e só é de boa qualidade quando se está relativamente perto e quando não há muitas pessoas utilizando ao mesmo tempo”. Bruna Miranda, amiga de Fábio, 24, e que trabalha na área de finanças, acredita que apesar de ser bom, o wi-fi acaba dificultando as relações: “As pessoas ficam o tempo todo conectadas, mesmo a Praça Roosevelt sendo uma praça que foca nos skatistas. Mas internet de boa qualidade é sempre bem-vinda, não importa onde”. O programa foi reforçado no Centro de São Paulo, já que possui maior número de pessoas e para que haja internet livre e gratuita tanto no trabalho, quanto em áreas de lazer, e não só quando estiverem em suas residências. Além disso, 17% dos empregos estão nessa região da cidade. Há possibilidade de ampliar o número de praças com o programa, segundo Lucas Costa, porém nem sempre é possível. Algumas praças possuem muitas árvores, outras são muito pequenas e algumas possuem terminal de ônibus, o que acaba dificultando a instalação.
Fábio Brasil também questionou o aumento de assaltos com o WiFi Livre SP, já que as pessoas ficarão com o celular na mão por maior tempo. Mas segundo Lucas Costa não há esse risco e os cuidados continuam os mesmos, de sempre estar atento com as pessoas ao redor. As redes possuem um sistema de gestão que protege os usuários por confidencialidade, não havendo risco de hacker do conteúdo acessado. Portanto, não há risco de acesso ao conteúdo e não é preciso nenhum tipo de cadastro ou senha para utilizar o programa da Prefeitura. Até o fim do ano, é possível que o projeto abra portas para iniciativas privadas, para que se tenham mais praças, mas com o uso de propagandas. Isso está sendo estudado pela Prefeitura, para que não seja ferida a Lei Cidade Limpa. Através do site da Prefeitura de São Paulo é possível ver todas as praças que já possuem o novo programa. Em breve terá sinalização completa, pois a licitação de novas placas já está em andamento, segundo Lucas Costa. O programa “WiFi Livre SP” da prefeitura e do prefeito Fernando Haddad (PT), atende à meta 73 do seu Plano de Metas e foi cumprido e ampliado, já que apenas constava 42 praças e foram feitas em 120.
Aline Badu usa o programa WiFi Livre SP na Praça Roosevelt
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Sangue novo pode ser a solução para a Lusa Novo presidente e ex-corinthiano chegam para salvar a Portuguesa da crise
Texto: Euan Marshall, Gabriel Fernandes, Kaiqui Breno Foto: Euan Marshall
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pós uma série de rebaixamentos nos torneios nacional e estadual de futebol, a Portuguesa, um dos clubes mais tradicionais de São Paulo, encontra-se numa situação precária. No entanto, seus torcedores ainda depositam confiança na gestão do novo presidente Jorge Gonçalves e num plano milionário para a reformulação do seu estádio. O Estádio Dr. Oswaldo Teixeira Duarte, conhecido como “Canindé” devido ao bairro onde é situado na zona norte de São Paulo, é cotado como a solução para quitar as dívidas do clube. Apenas aos governos Federal, Estadual e Municipal, a Lusa deve cerca de R$ 100 milhões. O clube não cogita a venda do estádio, mas estuda vários planos para rentabilizar o resto do terreno. O principal deles vem da construtora paulistana Kauffmann, que pretende erguer um hotel e sete torres comerciais na área, assim como um novo estádio. Luiz Nascimento, jornalista da Rádio CBN e diretor do documentário “O Fado da Bola”, afirma “desde que seja um negócio transparente e sério”, o plano pode ser a única saída para a Portuguesa. Flávio Gomes, jornalista da Fox Sports e torcedor do clube, concorda: “Tomara que saia [o plano]. É isso, ou morrer”.
O principal obstáculo a ser superado pela Portuguesa são suas dívidas. Segundo Gustavo Garcia, vice de Comunicações, além do passivo com o governo, o clube tem "muitos" casos trabalhistas na Justiça: "Não dá nem para saber o número exato [de processos], porque cada semana chega um novo". O encarregado da quitação dessa dívida é Jorge Gonçalves, o novo presidente do clube. Formado em Direito pela Universidade de São Paulo, assumiu o cargo principal na Portuguesa após a renúncia do seu antecessor, Ilídio Lico, em março deste ano. O otimismo em torno da sua gestão vem do fato de que Gonçalves não mantém relação com as famílias que sempre tiveram influência na direção do clube. Para Flávio Gomes, o presidente “é a única esperança que a Portuguesa tem” para sair da crise. “Jorge é inteligente, jovem e não tem vínculo com as múmias que sempre dirigiram a Lusa”, finalizou. Logo após assumir a direção do clube, Gonçalves ganhou destaque na imprensa ao contratar Luiz Paulo Rosenberg como consultor de marketing. Rosenberg ficou conhecido por ter sido o vice-presidente de Marketing no Corinthians entre 2008 e 2011 e o vice-presidente do clube entre 2012 e 2014, época em que o alvinegro conquistou sua volta à primeira divisão e tornou-se campeão mundial. Segundo Rodrigo Mattos, jornalista da UOL e especialista em finanças de clubes de futebol, Rosenberg pode ser um sucesso na Portuguesa: “Em poucos anos, Rosenberg transformou o Corin-
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thians no clube com a maior receita do Brasil”. “Pode ver que após sua saída, o clube já não consegue manter esse equilíbrio financeiro”, explicou Mattos. Além do conhecimento financeiro, Flávio Gomes acredita que Rosenberg “é um cara que abre portas” e pode trazer de volta a “representatividade” do clube. Ele explica: “Os dirigentes da Portuguesa deixavam de ser recebidos pelos presidentes das federações. Rosenberg é diferente. Se Rosenberg telefona para [o presidente da Confederação Brasileira de Futebol] Marco Polo Del Nero, ele atende. Se Lico for telefonar, Del Nero não atende.” Todos esses problemas têm afetado a Lusa dentro de campo, e o calvário da equipe parece não ter fim. Nos últimos anos o clube vem convivendo com diversos rebaixamentos. “A decadência começou quando ela caiu pela primeira vez, em 2002”, declarou Gomes. Entretanto, o mais marcante foi em 2013 quando havia conquistado a permanência, mas foi punida com a perda de quatro pontos pela escalação irregular do meia Heverton. “Aquilo foi uma injustiça que afetou o clube de forma grave. Se não tivesse acontecido, hoje a Portuguesa não se encontraria nessa situação”, reconheceu Mattos. É consenso no clube que a reestruturação passa também pelo acesso este ano. Segundo Garcia, “financeiramente, não tem como ficar mais um ano na terceira divisão”. O discurso tem sido o mesmo, tanto por parte da diretoria quanto da torcida: subir é essencial para o futuro da Portuguesa.
Picasso e a modernidade espanhola Exposição sobre o pintor espanhol chega ao CCBB Texto: Frederico Guttilla e Marcella de Carvalho Foto:Marcella de Carvalho
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ão há como falar sobre a pintura moderna espanhola sem falar de Pablo Picasso. Conhecido mundialmente por seu estilo de pinturas, marcos da modernidade, uma exposição sobre as obras do pintor e suas influências está presente no Centro Cultural Banco do Brasil desde o dia 25 de março e vem atraindo muita gente interessada e até mesmo turistas estrangeiros. A coletânea reúne obras não só de Picasso, mas de outros pintores modernos do país ibérico como Miró, Dalí, Tàpies, entre outros. O intuito é fazer referências às relações entre os artistas e suas pinturas e mostrar suas contribuições para uma noção de modernidade voltada para o tempo presente. O Acontece foi até lá e conversou com Cintia Lima, 64 e Silvana Ladiera, 70, que vieram com um grupo de pessoas da terceira idade de Santos, todos aposentados, que viajam pelo Brasil afora visitando museus e exposições. Silvana explica que prefere viajar a ficar em casa vendo televisão o dia todo: “Me sinto saudável. Por que ficaria em casa o dia inteiro? Temos que aproveitar a vida até o último momento”. Sobre a exposição, a aposentada achou tudo muito bonito e extremamente organizado, e que esta em si agradou muito a ela, pois as obras de Picasso trazem muita emoção em suas cores e gravuras. Para saber um pouco mais sobre a exposição em si, o Acontece perguntou também a Marcia Santos, 36, que trabalha no CCBB há quatro anos, como está sendo a reação do público para com as pinturas do modernista Espanhol: “Nenhuma exposição fez tanto sucesso quanto esta. Todo dia (exceto terças - feiras, quando o local não abre), temos filas enormes para ver as obras e tivemos até estrangeiros que estavam de pas-
sagem por São Paulo ou até mesmo que vieram especialmente para esta exposição”. Este foi o caso de Helena Santiago, de 56 anos. Brasileira, se mudou para Buenos Aires com o marido quando se aposentou em 2008 e mora por lá desde então. Ela estava de passagem pela cidade para ver os filhos e netos que por aqui ficaram e resolveu ir à exposição como uma forma de homenagem ao marido falecido, já que se estivesse vivo, ele iria de qualquer forma por adorar as obras de Picasso e a pintura moderna em suas variedades. Além disso, o próprio CCBB, através de contato por e-mail, respondeu que o objetivo era justamente que a mostra pudesse alcançar este patamar de visitas constantes. A intenção era fazer com que o público pudesse conhecer melhor o estilo único de Picasso, mas mais do que isso, que pudesse o relacionar com outros grandes nomes da modernidade Espanhola. No entanto, os organizadores já esperavam uma movimentação maior por conta desta exposição e lembraram que em 2004, uma mostra do espanhol, na Oca, no Parque do Ibirapuera, com cerca de 120 obras, levou cerca de 905 mil pessoas. Em pesquisa rápida, o Acontece também descobriu que em 1999 a amostra “Picasso: Anos de Guerra 1937- 1945” levou ao MASP cerca de 200 mil pessoas. Sobre o local escolhido ser São Paulo, já que o CCBB tem sedes também no Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte, a resposta foi exatamente a esperada. A vida artística paulistana, o fato de a cidade ser o berço do modernismo brasileiro em 1922 e moradia de pintores e escritores como Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Mario de Andrade, entre outros, foi fundamental para a escolha do local. Para quem ainda não conhece e tem interesse, ou para os experientes no assunto que queiram aprofundar seu conhecimento, a exposição “Picasso e a modernidade Espanhola” é um ótimo programa
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Entrada do CCBB para se fazer com família e amigos. Além disso, o belo prédio do Centro Cultural Banco do Brasil por si só já vale como atrativo para o programa. Ele fica localizado na Rua Álvares Penteado, no Centro da cidade e é próximo aos metrôs Sé, São Bento e Anhangabaú. As obras de Picasso estarão expostas a quem quiser até o dia 8 de junho, de quartas a segundas, das 9h às 21h, com entrada gratuita e livre para todos os públicos e idades e possui um ótimo restaurante.
Minibienais nas ruas da cidade Feiras de livros em lugares públicos disponibilizam grandes obras por pequenos preços Texto: Gisele Carvalho e Victória Rodrigues Foto: Victória Rodrigues
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os últimos três anos, feiras vêm sendo montadas com uma grande diversidade temática de livros em lugares públicos e estratégicos da cidade. Inspirados no programa de incentivo à leitura “Leia Mais, Seja Mais” da Fundação Biblioteca Nacional, foi criado um projeto de iniciativa particular chamado “Companhia Livros na Cidade”. Com o objetivo de facilitar o acesso da população a livros de qualidade e preço baixo, o projeto vem atraindo pessoas e inspirando outras feirinhas. A Companhia teve início em 2013 com exposições aos finais de semana no Memorial da América Latina, a partir daí se expandiu com feiras temporárias para diversos pontos da capital. Atualmente estão com duas tendas no centro de São Paulo, uma localizada na saída do metrô Barra Funda, e outra na Avenida Paulista, na altura do Shopping Paulista, das 7h às 23h. Iniciadas em abril deste ano, estão autorizadas pela Prefeitura a permanecer no local até dois meses, mas dependendo
do interesse do público poderá ser estendido esse prazo. Com livros novos e baratos, as feiras têm como maior característica vender as obras pela metade do preço das livrarias, variando de cinco a 50 reais. Matheus Garcia, 24, um dos idealizadores do projeto, afirma: “Vendemos todos os gêneros, de infantil a adulto, mas dentro dessa expectativa de serem de preço popular”. Entre os gêneros mais procurados estão os espíritas, literatura estrangeira e os infantis, entretanto, há muita procura por livros didáticos devido à grande circulação de alunos. Segundo Jéssica, 20, funcionária na feira da Barra Funda, os mais vendidos são as obras de Freud, Da Vinci e da Zibia Gasparetto. As feiras são estrategicamente localizadas nos trajetos do dia a dia do paulistano, como em saídas de metrôs e faculdades, alguns parques e praças. Possuem um segmento diferente das livrarias que dificultam o acesso e têm produtos caros, e as pessoas nem sempre têm tempo de visitá-las. Já as tendas são espaços abertos e convidativos para que todos se interessem pelos livros e se sintam à vontade de olhá-los e manuseá-los. Suelli de Farias, professora de filosofia, apoia a iniciativa: “É um tipo de iniciativa bacana, estimula
As feiras de livros têm atraído um grande número de pessoas
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as pessoas a lerem mais, porque você tem o acesso. É como se colocasse um livro na sua frente pra você se decidir”. Com o sucesso do projeto, a Companhia Livros na Cidade foi convidada a expor também em eventos fechados de prédios comercias e grandes empresas, como da Ford e Coca-Cola. Além desses, levaram sua iniciativa para o interior e litoral de estado de São Paulo. Depois da Barra Funda e Avenida Paulista, Matheus diz que a Companhia irá para o Largo da Concórdia no bairro do Brás. Além de incentivar a leitura, o projeto também inspirou feiras independentes. Flavio Gonzales, proprietário de três livrarias sebos na Avenida Pedroso de Moraes, resolveu aderir a essa ideia. Como tinha uma grande quantidade de livros, montou sua feira particular na saída do metrô Faria Lima, localizado no Largo da Batata. Ele alega ser um ótimo lugar devido à grande circulação de pessoas. A subprefeitura de Pinheiros estipulou um tempo de até três meses, com a condição de venda com preços acessíveis, além de uma doação em livros para alguma instituição. A feira de livro do Sebo Cultural de Pinheiros foi criada em março e se encontra somente na Faria Lima. Seguindo o mesmo estilo da Companhia, essas tendas também apresentam obras de baixo custo e de boa qualidade, porém são livros usados, com o intuito de incentivar a leitura. A tabela de preço é variada, alguns livros chegam a custar um real, outros podem chegar até 90 reais. As pessoas afirmam gostar da feira, pois há uma grande quantidade de livros, além da praticidade e rapidez para obtê-los. Flávio dispôs de boa parte do seu acervo do sebo para a tenda, de acordo com o critério de procura e venda. Entre todos os gêneros, os mais vendidos também são os infantis, literatura estrangeira e de religião, principalmente os livros espíritas. A disponibilidade ao público é de segunda a sábado das 9h às 18h30h.
Gourmetizando as ruas Food Trucks ganham cada vez mais fama em regiões privilegiadas de São Paulo, é o caso do espaço Calçadão Urbanoide Texto: Júlia Galhardo e João Vicente Foto: Júlia Galhardo
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m dezembro de 2013, a Prefeitura de São Paulo sancionou uma lei que permite a comercialização de alimentos em vias públicas. Os Food Trucks, como são chamados nos Estados Unidos, são o que a tradução livre das palavras já deixa dito: caminhões de comida, e se espalham pelas ruas de todo o país, preparando os mais variados tipos de pratos. Entretanto, no Brasil funcionam de forma diferente. Os Food Trucks são organizados geralmente juntos, isto é, existe um determinado espaço separado para esse tipo de negócio. Além disso, a lei permite que os Food Trucks atuem da mesma forma que no exterior, dispersos pela cidade. Em entrevista ao Jornal Acontece, a assessoria de imprensa do vereador de São Paulo, Andrea Matarazzo, responsável pelo projeto da Lei dos Food Trucks, conta via e-mail que a lei foi criada a fim de promover o uso democrático e inclusivo do espaço público. A instalação deles pode ser sim individual, desde que siga certas normas do decreto. “Tem de haver uma compatibilidade entre o equipamento e o local que o comerciante pretende instalá-lo. Isso sempre levando em consideração as normas de trânsito para que não atrapalhe o fluxo tanto dos pedestres quanto dos automóveis”, esclarece o vereador. No entanto, os comerciantes paulistanos parecem preferir agrupar os Food Trucks em um espaço. É o caso do Calçadão Urbanoide, localizado na Rua Augusta, na região central de São Paulo. “Temos horários e termos de funcionamento e todos os Food Trucks aqui seguem. No nosso caso, o espaço alugado por cada um deles”, conta Larissa Alves, 24, responsável pela administração do espaço. Ela complementa: “Lá no exterior é um pouco diferente. Eles se espalham pelas ruas. Aqui é mais organizado e acho que o público prefere, confia mais”. Isso remete também a outros dois tópicos referentes aos Food Trucks: o público consumidor e, junto a eles, os preços. “Apesar da região que nosso
espaço se encontra concentrar muito jovem, vejo gente um pouco mais velha aqui, de trinta pra cima. Depende do dia, mas também vejo muitas famílias.” Larissa também diz que não há como negar que o público, em termos de classe, é limitado: “Querendo ou não, os preços são altos.” Juliana Caram, 23, levou suas duas irmãs ao Calçadão Urbanoide. “Eu acho caro sim, mas o espaço é super legal e diferente. Posso vir aqui com as minhas amigas, mas também posso trazer minha família. O fato de ser ao ar livre também ajuda bastante, não é como um shopping onde você fica cercada por blocos de concreto.” Juliana diz também que a decoração dos Food Trucks é muito interessante e chama atenção de quem passa na rua e vê. Artes, neons e até grafites enfeitam os caminhões espalhados pelo espaço. As cores também tomam conta das paredes que cercam o local. Tudo isso acabam por deixá-lo exótico e diferente de qualquer outro espaço gourmet já visto. É fato que, o que antes era chamado de comida de rua, hoje se tornou algo muito mais sofisticado. Isso é identificado tanto nos preços quanto nas regiões
da cidade por onde se encontra os Food Trucks. Existem espaços como o Calçadão Urbanoide onde você encontra mais de oito tipos diferente de culinária. Inglesa, japonesa, mexicana, tailandesa e cubana são apenas alguns dos exemplos. Para possuir toda essa estrutura, é necessário um investimento de capital, que varia entre R$ 150 mil e R$ 300 mil segundo consultorias especializadas nesse tipo de negócio. Agora, impulsionados pelo grande investimento realizado nos últimos meses, os proprietários de Food Trucks da capital fazem parcerias com criadores de aplicativos para celular. A parceria tem como objetivo facilitar a busca por Food Trucks na internet, divulgando o preço, culinária, localização e horário de funcionamento dos veículos. Em troca da divulgação, os proprietários pagam um valor mensal para a empresa responsável pelo funcionamento do aplicativo. Os investimentos vêm crescendo nitidamente nesse meio, e os comerciantes e proprietários dos caminhões e espaços têm planos de expandir seus negócios cada vez mais.
Food Trucks viram opção gastronômica para paulistanos nos finais de semana
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A PEP não é a pílula do dia seguinte Nova forma de tratamento foi aberta ao público após aumento da ocorrência do vírus HIV Texto: Guilherme Franco e Ramon Candido Foto: Guilherme Franco
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PEP (sigla em inglês para profilaxia pós-exposição) é uma medida de prevenção que consiste no uso da medicação contra o HIV, também conhecida como coquetel, em até 72 horas após a relação sexual desprotegida. Ela é indicada para casos excepcionais, quando existe falha nos métodos contraceptivos, mas também para casos de violência sexual contra homens e mulheres. Felipe José, vendedor, 25, assim como muitas pessoas não acha necessário usar preservativos, porque não foi diagnosticado com a doença, e consequentemente não tem conhecimento da PEP. Por conseguinte, pessoas com essa forma de pensamento acabam contribuindo para a possível transmissão do vírus, seja pela falta de informação ou por não se importarem com os riscos que poderá trazer no futuro. Existe uma boa recepção ao entrar em um dos Centros de Referência e Tratamento DST/AIDS. Uma das primeiras impressões que se tem é a quantidade de jovens esperando para ser atendida. Uma fila razoavelmente grande, cerca de duas horas para ser atendido (coletar o sangue), e mais uma espera angustiante de cerca de uma hora para saber o resultado. O resultado do exame para saber se está ou não com o vírus não é tão rápido, mas o principal é a prevenção. “Eu tenho um conhecido que vive com o vírus. Não é a mesma coisa do que viver sem, mas ele não é uma pessoa melhor ou pior por isso, só se esqueceu da prevenção”, afirmou Adriana de Souza, 41, engenheira. Para o medicamento ter efeito, ele deve ser tomado por 28 dias seguidos e sem interrupção. Além disso não poderão ser utilizadas substâncias psicotrópicas no período de tratamento. No início, quando a PEP surgiu, ela era direcionada somente aos profissionais de saúde. Mesmo com a disponibilidade do serviço e do medicamento há 20 anos, poucas pessoas têm conhecimento sobre sua utilidade. Com o evidente
aumento no número de jovens com o vírus, foi necessário usar esse tratamento como forma de prevenção. No entanto, algumas pessoas como Felipe José confundem a PEP com a pílula do dia seguinte. Perguntado sobre a incidência de AIDS, Doutor João Henrique Meira Souza, 37, médico, nos disse que os casos de AIDS não diminuíram: “Os grupos com mais incidentes são os jovens e os homens idosos, estes últimos por conta do advento do viagra e assim podendo continuar a ter uma vida sexual ativa.” Doutor João Henrique ainda ressalta que atualmente os jovens se preocupam mais com diabetes e outras doenças do que com a AIDS, e que para uma possível diminuição desse problema é necessária uma reeducação desde a base, nas escolas. O preconceito contra aidéticos continua, não se tem tanto aquele estigma de que todos os homossexuais têm AIDS, porém a discriminação ainda persiste. Ainda segundo Doutor João, “o que mudou no tratamento dos anos 70 e 80 para os dias de hoje é que antigamente o tratamento era mortal. Já hoje muitas pessoas que andam na rua podem ter AIDS. O preconceito é falta de conhecimento e informação.”
Para quem é portador do HIV, a vida pode ser encarada por meio de uma outra perspectiva, pois é uma doença que ainda não tem cura. O número de jovens infectados em São Paulo é assombroso. De acordo com a SINANNET (Investigação de Agravos – AIDS ADULTO em São Paulo), 120 jovens entre 20 e 24 anos foram infectados pelo vírus em 2013. O número pode ser pequeno, mas se incluídas todas as faixas etárias, ainda de acordo com os dados oficiais do SINANNET, 1.499 novos casos foram diagnosticados em São Paulo em 2013. Flávia Bergamini, 20, estudante, acredita que os jovens não se preocupam tanto com a AIDS, o maior medo e aflição é engravidar. Podemos observar a falta de atenção para com o assunto quanto a maioria não conhece os novos tratamentos. Perguntada sobre a PEP, Flávia disse que nunca ouviu falar, apenas sabia sobre o coquetel de remédios. Para mais informações: Centro de Referência e Tratamento DST/ Aids – Rua Santa Cruz, nº 81 - Vila Mariana – São Paulo/SP – 0800 16 25 5
Soropositivos continuam consumindo enorme variedade de medicamentos
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“Rede de ônibus da madrugada” atende a população “Rede Noturno” promete facilitar vida de jovens e adultos nas madrugadas de São Paulo Texto: Julia Garcia Kosior Foto: Mariana Tae Rodero Ferraz
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esde 28 de fevereiro, a prefeitura de São Paulo disponibilizou as novas 151 linhas de ônibus que circulam da meia-noite às 4h, chamadas de “Rede Noturno” ou “Rede de ônibus da madrugada”. Segundo Eduardo Facchini, integrante da assessoria técnica da SPTrans, o objetivo inicial das linhas era ajudar trabalhadores que saem de madrugada do serviço e que não tinham como voltar para casa. As novas linhas percorrem o trajeto das linhas de metrô, passando pelas áreas com maior concentração de pessoas na cidade, como os próprios metrôs, terminais de ônibus, casas de espetáculo e arenas esportivas. Também passam por serviços 24 horas, como velórios, cemitérios, hospitais e aeroportos. Um dos locais com maior exigência de ônibus foi o bairro Vila Madalena, por possuir muitos bares e baladas. Há grande número de jovens e trabalhadores todos os dias, principalmente nas madrugadas dos fins de semana. A tarifa é a mesma do período diurno (R$ 3,50) e o serviço tem intervalo de 15 minutos para linhas estruturais e de 30 minutos para linhas locais. A Rede também recebeu apoio da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e da GCM (Guarda Civil Metropolitana). Apesar do apoio da Guarda Civil Metropolitana, os pontos da Avenida Paulista, maior e mais importante de São Paulo, não conta com a GCM e nem com a Polícia Militar, apesar de existir diversas cabines de vigilância espalhadas pela avenida. Eles apenas ficam fazendo ronda durante a madrugada, porém não ficam parados perto dos pontos onde passam as novas linhas. Eduardo Facchini revela em entrevista ao Acontece: “Antes não havia ônibus nesse horário, então ocorriam casos do trabalhador ficar sem voltar
Ônibus da madrugada na Avenida Paulista para casa e passavam apuros por ter que esperar até amanhecer, dormir na rua, alugar quartos ou até mesmo dormir no próprio serviço”. Mesmo São Paulo, uma metrópole que possui 11 milhões de habitantes, ainda não oferecia transportes públicos na rede noturna, ao contrário de várias cidades urbanas modernas do mundo, como Nova York e grandes cidades da Europa como Paris, Londres e Barcelona. A prefeitura de São Paulo garantiu a segurança da Rede com a regularidade dos horários do ônibus e com os 160 pontos de conexão com reforço de iluminação realizada pela parceria com o Ilume (Departamento de Iluminação Pública). Um dos grandes benefícios proporcionados pelas novas linhas noturnas poderá ser a diminuição de acidentes de trânsito de madrugada nos fins de semana. Os jovens terão mais uma opção de voltar de seu entretenimento da noite, pois muitas vezes não tinham condições de pegar um táxi por conta do alto custo e não havia a rede de ônibus da madrugada. A jovem Thais Dominicali, estudante de Economia, 24, está muito contente e realizada com as novas li-
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nhas. Ela gosta de sair tarde dos bares e baladas nos finais de semana e isso facilitou sua volta para casa: “Acredito que deveriam abrir ainda mais linhas, principalmente o metrô, porque isso me ajuda e deixa meus pais mais tranquilos”. Eduardo Facchini contou que a SPTrans fez uma pesquisa com 12 linhas piloto antes de inaugurar as 151. Disse que apesar do bom retorno da população nas novas linhas, eles não pretendem oferecer ainda mais, e acredita que a rede de metrô continuará, por enquanto, sem abrir na madrugada. Wesley Cintra, publicitário, 27, conta que a inauguração das linhas foi um alívio, tanto para ele, quanto para seus colegas, já que era muito complicado voltar para a casa na madrugada, depois de um longo período de trabalho: “Trabalhar de madrugada cansa, quando não se tem como voltar para casa, cansa muitas vezes mais”. A Secretaria Municipal dos Transportes disponibilizou um aplicativo para sistemas operacionais Android, em que possui todas as informações sobre a rede de ônibus da madrugada, inclusive qual o ponto mais perto da pessoa e o horário em que o ônibus passará.
‘Ouvi no Busão’ conta histórias do transporte público em SP Grupo de amigos cria projeto para distribuir livros com relatos ouvidos e vividos em ônibus e metrô da capital Texto: Catullo Goes Luiz Felipe M. Gaino Foto: Catullo Goes
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transporte público de São Paulo, geralmente considerado ineficiente e lotado, costuma apresentar certo desconforto para seus passageiros. Os trens, ônibus e metrôs, no entanto, são parcela importante do cotidiano do paulistano. Inclusive, muitos dos usuários provavelmente já passaram por situações inusitadas. Talvez tenham presenciado alguma cena curiosa, ou ouvido uma história que chamou atenção. Foi pensando nisso que Amanda Pina, estudante de jornalismo, 20, Harrison Kobalski, estudante de fotografia, 20, e Maria Nascimento, estudante de publicidade, 19, criaram o projeto Ouvi No Busão (ONB). A ideia é fazer pequenos livros com histórias vivenciadas nos transportes públicos da cidade e distribuir em estações, terminais e até mesmo no próprio transporte. “A ideia surgiu em uma conversa entre o Harrison e a Maria no metrô. Pensaram que seria legal
escrever as histórias que aconteciam no metrô e mostrá-las às pessoas, que às vezes nem percebem o que acontece ao lado delas.”, explicou Amanda. O plano dos três estudantes passou de simples conversa e foi tomando forma aos poucos. A primeira grande ajuda partiu da Agência Escola de Jornalismo “ÉNOIS”, local onde os amigos trabalhavam. “Entrei fazendo textos para a “Na Responsa”, revista da Agência. Além de me fornecer essa experiência única, a ÉNOIS nos cedeu o espaço físico para realizarmos nossas reunião e produzir o Ouvi no Busão. A ÉNOIS foi a nossa grande mãe nesse projeto todo”, contou Maria, que atualmente está afastada do projeto, mas sempre ajuda no que pode. A realização do projeto, mesmo com esse apoio, não foi fácil. Através da ÉNOIS, o grupo descobriu o Programa VAI (Valorização de Iniciativas Culturais), que daria a estrutura necessária para o projeto do ONB sair do papel. O Programa, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, visa contribuir financeiramente para atividades artístico-culturais que beneficiem principalmente jovens de baixa renda, com idade entre 18 e 29 anos, de regiões do Muni-
ONB distribui seus livretos em terminais e estações de São Paulo
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cípio desprovidas de recursos e equipamentos culturais. “A maior dificuldade sempre foi o dinheiro. Existem dificuldades técnicas, como conciliar o projeto e vida pessoal, mas se tivéssemos a verba, estaríamos produzindo a todo vapor. A verba era o fator limitante.”, lembrou Gustavo Alencar, estudante de design, 21. Ele e Fernando Oliveira, 25, são colegas de curso e entraram no projeto após a aprovação do edital no VAI. Os jovens o escreveram em março, e em maio foram aceitos. A partir daí, o plano finalmente se tornaria realidade. Foram distribuídas cinco edições mensais, com mais de 1000 exemplares cada. Cada livreto contém três histórias curtas, uma de cada um dos integrantes iniciais, com exceção da quinta edição, onde cada um publicou duas histórias cada. Gustavo e Fernando não escrevem os contos, mas trabalham com toda a arte e ilustração. O mais curioso é que apenas depois de publicadas todas as edições, o ONB ganhou certa visibilidade. Portais de notícias e sites se interessaram pela história do grupo em 2015, mas enquanto as edições eram distribuídas em 2014, ninguém os procurou. Isso não quer dizer que novas histórias não serão publicadas. “A intenção é que as próximas edições sejam em versões digitais, por mais facilidade técnica, além de ter uma maior interatividade com o público, onde as pessoas poderão mandar suas histórias”, revelou Gustavo. Este não é o único plano para o futuro. O grupo planeja também criar uma oficina de produções para jovens, mais focada na criação de conteúdos escritos. “Estamos precisando de mais gente para escrever e queremos focar no público jovem. Quem sabe não os incentivamos e os ajudamos a entrar em boas faculdades.”, apontou Amanda. “Queremos focar na periferia também. Nós moramos na periferia e sabemos que falta incentivo na área cultural.”, completou Gustavo. O ONB ainda não teve seu segundo edital aprovado para o VAI, mas eles garantem que não desistirão do projeto. A versão digital e a oficina devem ser as novidades para o período do próximo ano.