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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE - CENTRO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS

Publicação feita pelos alunos do segundo semestre de Jornalismo - Ed 146 - Ano XI - Ago 2014

Como os jovens acompanharam a Virada Sustentável 2014

Jovens participam do evento destinado a conscientizar para a reeducação a respeito da sustentabilidade na cidade. A oficina “Uma horta em casa” ensinou a cultivar produtos orgânicos e ajudou a refletir sobre hábitos alimentares

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Redes sociais: ligando tudo do início ao fim Já não é novidade que as redes sociais fazem parte significativa do nosso cotidiano há alguns anos. Inclusive, o assunto parece estar saturado de discussões na sociedade. Tanto se falou e tanto se fala a respeito do assunto, mas pouco parece realmente entrar por nossos ouvidos e permanecer em nossos pensamentos como sementes de reflexão. O que significa fazer parte de um aglomerado de pessoas ligadas a uma rede na qual o único objetivo é vigiar a vida do próximo e expor-se? Aliás, não apenas expor a si mesmo, como também expor o outro. Nesta edição do acontece, você vai acompanhar um caso que gerou prejuízos psicológicos a estudantes de um colégio de São Paulo, após

serem vítimas de comentários ofensivos no aplicativo Secret. Você vai encontrar ainda um exemplo de como as redes sociais não são apenas monstros: no Brasil, elas são instrumentos que exercem influência direta sobre a atitude política dos jovens, promovendo discussões online saudáveis. Saudáveis não parecem ser os hábitos dos universitários e, principalmente, das universitárias quando o assunto é álcool. Nessa publicação, o leitor vai descobrir o que uma pesquisa realizada nos EUA constatou a respeito do assunto. Além disso, vai descobrir também o que mudou, por instituição do Ministério da Educação, nas diretrizes curriculares do curso de Jornalismo e o que isso significa

na prática para os estudantes da área. Falando em estudante, o acontece mostra uma cobertura da Feira Guia do Estudante 2014, apresentando quais foram as atrações e novidades do evento que reuniu 22 universidades neste ano. Por fim, qual é o estudante que nunca ouviu falar e, até mesmo, foi fã de Castelo Rá-Tim-Bum na sua infância? Aqui, você vai acompanhar uma matéria contando um pouco da exposição comemorativa aos 20 anos do programa, que já atraiu mais de 83 mil visitantes. Qual será o motivo de tanto sucesso? Voltamos, agora, ao início do texto: as redes sociais fazem um papel importante na divulgação da mostra. A equipe do jornal acontece deseja a você uma excelente leitura!

Sup. Publicações: José Alves Trigo

Jornal-Laboratório dos alunos do segundo semestre do curso de Jornalismo do Centro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Editor: Hugo de Almeida Harris Universidade Presbiteriana Mackenzie Centro de Comunicação e Letras Diretor: Alexandre Huady Guimarães Coordenadora: Denise Paieiro

Equipe: Maria Carolina, Danielle Albuquerque, Camila Eneyla, Sarah Lucchini, Danielle Antunes, Nicole Fanti, Flávia Steiger, Larissa Sugiyama, Mariana Kovelis, Natália Guimarães, Juliana Ibanez, Letícia Andrade e Lucas Farias.

Impressão: Gráfica Mackenzie Tiragem: 200 exemplares.

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Virada Sustentável: reeducação para a mudança A Virada é referência na conscientização para a preservação no planeta, mas são as atitudes individuais que farão a diferença Texto: Daniela Bontorim e Juliana Pithon Foto: Daniela Bontorim

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quarta edição da Virada Sustentável ocorreu entre os dias 28 e 31 de agosto, em São Paulo. Com público variado de 20 a 60 anos e mais de 700 atrações relacionadas à sustentabilidade, o evento aconteceu em 143 locais da cidade, como parques, museus e estações de metrô. O tema deste ano foi o racionamento de água e as energias renováveis. A Virada contou com oficinas, palestras, dança, música, exposições e jogos, que, de forma lúdica e esclarecedora, colocaram em pauta a questão da preservação do planeta. A Virada Sustentável é o maior evento de mobilização colaborativa a favor da conscientização para a sustentabilidade no Brasil. Com a missão de informar e educar o público, o evento contou com a participação direta de organizações da sociedade civil, órgãos públicos, movimentos sociais, empresas, escolas e universidades. A Virada trata de questões-chave sobre o desenvolvimento sustentável a fim de motivar e empoderar os jovens a assumirem um novo comportamento, promovendo competências como: pensamento crítico, reflexão sobre o cenário do futuro e tomadas de decisões de forma colaborativa e responsável. Para a publicitária Luciana Dalle, 41 anos, que atuou como organizadora no Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro, 1000 - Paraíso), à medida que o evento cresce, a conscientização social também se expande. Segundo ela, “a Virada é uma nova forma de encarar o mundo, com menos consumismo, menos ‘ter’. É uma proposta muito interessante para os jovens porque, talvez, os mais velhos não consigam mais mudar a forma de viver, mas os mais novos são a grande esperança”. Ao relatar sobre as atividades propostas, Luciana destaca o tema “faça você mesmo”, que incita os

Para Gabriel Cavalcante, a Virada ajuda a praticar a sustentabilidade

jovens a substituírem o fast-food pelo alimento orgânico preparado em casa, a consertarem o pneu da própria bicicleta, entre outros. “São coisas naturais do dia a dia, que os encorajam a ter uma visão de mundo mais simples”. Relacionada ao mesmo tema, a oficina “Uma horta em casa: por que e como fazer?”, ministrada por Giulia Giacchè, do Movimento per la Decrescita Felice de Padova (Itália), teve como objetivo estimular a reflexão sobre os hábitos alimentares. De acordo com a pesquisadora, a metodologia sustentável é fácil e não precisa de muito tempo, apenas adquirir uma nova rotina. “O evento poderia ser um símbolo de conscientização para a sociedade, mas depende das pessoas. Se elas voltam para casa e não colocam em prática o que ouviram, não faz sentido nenhum. Se não fizermos algo, não haverá geração futura. Nós estamos consumindo muito mais do que a natureza fornece, estamos gastando todos os recursos naturais. Precisamos parar, pensar e desenvolver diferente”, acrescenta Giulia. Gabriel Salomão, 22 anos, professor e pesquisador, afirma que colocará em prática os ensinamentos adquiridos, mudando sua rotina em casa, nos estudos e no trabalho. Para ele, a proposta da

Virada em mobilizar os jovens e as futuras gerações a respeito da consciência sócio-sustentável estimula mudanças a favor da saúde do planeta. “O segredo é incomodá-los. Os adolescentes têm soluções incríveis e para isso precisam ser inquietados. A nossa geração não está fazendo muito, mas, finalmente, estamos fazendo alguma coisa e a situação da geração futura só depende de nós”. Quando questionados sobre as dificuldades da própria geração quanto à falta de atitudes, interesses e conhecimento sobre o assunto, o estudante Gabriel Cavalcante, 17 anos, diz que, “por conta do egoísmo, deixamos de praticar as ações necessárias e, provavelmente, a reeducação é o grande papel da Virada”. Para o estudante Jonathan Kim, 17 anos, “falta a sustentabilidade estar presente no dia a dia, agregada às minhas ações e ser algo mais natural. Talvez se eu sentisse o desespero de precisar salvar o mundo, trataria a questão como uma parte do meu corpo, ao invés de uma obrigação”. A Virada também ocorreu na Pinacoteca do Estado, Mercado Municipal, Parque Ibirapuera, Museu Brasileiro de Escultura, Praça do Pôr do Sol, entre outros, contando com a presença de mais de 800 mil pessoas.

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Mackenzie recebe a XXIV Semana de Recrutamento Empresas apresentam aos universitários seus programas de estágio, trainee e vagas pontuais na 2ª edição de 2014 da Semana de Recrutamento Texto: Joyce Farias e Thainá Dias Foto: Thainá Dias

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os dias 15 e 16 de setembro, estudantes das principais universidades do estado participaram da XXIV edição da Semana de Recrutamento, promovida pela Empresa Junior Mackenzie Consultoria (EJMC) no campus Higienópolis da Universidade Presbiteriana Mackenzie. 35 empresas, através de “stands”, ofereceram aos visitantes a oportunidade de conhecer e se inscrever nos programas de estágio, trainee e vagas pontuais. A Feira contou com a participação de grandes empresas, com campos de atuação diversos como Scania, Even, Henkel, Siqueira Castro Advogados e Johnson, a fim de atender alunos de grande parte dos cursos de graduação e pós-graduação regulamentados pelo MEC (Ministério da Educação). As oportunidades oferecidas aos visitantes dividem-se em três grupos, como explica Camila Alcântara, expositora da Camacho, agência responsável pela seleção de trainees e estagiários de empresas como Abril e Unilever: “Tem o estágio, que é um processo amplo de seleção, envolvendo provas, dinâmicas de grupo para quem, geralmente, está nos dois últimos anos de faculdade. O trainee é pra quem já concluiu o curso, num prazo de até dois anos, e as vagas pontuais surgem com a demanda da empresa, precisa ocupar a vaga, independentemente de uma etapa de seleção estabelecida como no estágio. Quem se encaixa no perfil é chamado.” O programa de estágio constitui-se uma dificuldade para estudantes dos semestres iniciais. A maioria das empresas participantes da XXIV Semana de Recrutamento estabelece como critério de seleção que o aluno esteja cursando, no mínimo, o 5º semestre. Fernanda Silva, representante da construtora Odebrecht, explicou que os alunos dos últimos semestres têm maior domínio do

Estudantes visitam os “stands” da XXIV edição do evento conteúdo apresentado em sala de aula e conseguem assimilar melhor o que já sabem com o que a empresa tem a ensinar. Por isso, esses estudantes são preferíveis, além de terem maior chance de efetivação, após o período de estágio. Entretanto, há empresas como a Sanofi, atuante no setor de medicamentos e saúde animal que admitem estagiários em qualquer semestre. “Trabalhamos com estagiários de qualquer semestre, porque acreditamos que é importante complementar o ensino e preparar os talentos com potencial e perfil para efetivação na empresa. Nossos estagiários, mesmo no 1º semestre, trabalham no desenvolvimento de vacinas e quem estuda comunicação pode trabalhar com comunicação organizacional.”, argumentou Barbara Gonzalez, representante da Sanofi. A estudante de Ciências Econômicas, Vitória Batista, ressaltou a importância de participar da feira, após ter garantido sua vaga no processo seletivo de estágio do banco Bradesco: “Eu acho que é uma forma muito boa de ter noção do que está acontecendo no mercado, uma porta para as oportunidades de estágio e de futuro emprego.” A participação em feiras de recrutamento possibilita às empresas

a divulgação tanto de seus programas de estágio e trainee como da própria marca, agregando valor a sua imagem institucional perante o público. “Somos a empresa líder no mercado de prevenção de fraudes no e-commerce e muita gente nem sabe que existe proteção do e-commerce, muito menos sabe quem nós somos. Participar desse evento é uma chance de tornar nosso trabalho conhecido.”, declarou a funcionária da ClearSale, Jessyca Gimenez. A Semana de Recrutamento, realizada há 16 anos, com periodicidade semestral, firmou-se como uma das principais feiras do ramo. Segundo os organizadores, os fatores responsáveis pelo sucesso do evento são os benefícios concedidos aos visitantes, que têm a chance de ingressar no mercado de trabalho em sua área de formação acadêmica e expositores, que divulgam a marca e atraem jovens talentos para seu quadro de funcionários. O evento não é restrito a mackenzistas e de acordo com balanço feito pela EJMC, com base nas últimas cinco edições, houve um crescimento da presença de alunos de outras universidades: Mackenzie - 79% e os outros 21% correspondem a USP, PUC, FGV, INSPER, FAAP, ESPM e Unicamp.

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Cultura acessível na cidade de São Paulo Diversas opções de atividades culturais para universitários da capital Texto: Juliana Souza e wRenata Canivezo Foto: Renata Canivezo

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uem reside na capital paulista sabe da variedade cultural que nela pode ser encontrada, resultado da influência recebida de diferentes nações, etnias, hábitos e interesses. É uma cidade conhecida por suas casas de show, teatros, museus, bares e eventos culturais, além de várias universidades que abrigam muitos jovens à procura de conhecimento. Porém, grande parte dessas instituições de ensino são particulares, o que os faz economizar na recreação. A solução para esses estudantes são as programações gratuitas ou de baixo custo espalhadas pelo município, entre elas festivais, eventos de música, cinema e exposições. Esses eventos são proporcionados pela prefeitura ou por redes particulares e acontecem em diversas partes de São Paulo, tanto no centro como em bairros menos frequentados. Um dos universitários que desfruta dessas programações é o estudante de Publicidade e Propaganda da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Daniel Cunha Ferro (18), vindo de Taubaté para estudar na capital. “Quando eu vim para São Paulo descobri muitos tipos de evento, como os solidários, gratuitos, fechados, de todos os jeitos, e vários parques com muitas atrações. Todos em que eu fui eram de graça. Quando aparece na internet, como no site ‘Catraca Livre’, eu vejo e vou aos que me interessam, porque lá tem de todos os tipos, como os de skate. Eu fui em um do Marcelo D2, no Parque Juventude”, afirma Daniel. Em setembro ocorre o “Mês da Cultura Independente”, criado inicialmente pelo Centro Cultural da Juventude (CCJ) e promovido pela Prefeitura de São Paulo. O festival tem como objetivo reunir artistas independentes e seus vários tipos de manifestações culturais, espalhadas pela cidade. Sua principal particularidade são as comemorações de rua,

O Centro Cultural São Paulo, é um dos lugares da capital acessível ao lazer e à arte

já tradicionalmente conhecidas no município, além de atrações internacionais, como a banda The Brothers Unconnected, dos EUA. Grande parte da agenda é gratuita. Neste mês também ocorre o festival “Revelando São Paulo”, localizado no Parque do Trote, na Vila Guilherme. Já na sua 54ª edição, traz cortejos, artesanato, culinária e carros de boi. Exibe costumes interioranos para os moradores da capital e conta com a participação de 200 municípios. Outro evento é a exposição intitulada “30 anos da Travessia do Atlântico por Amyr Klink”, instalada no Conjunto Nacional, trazendo imagens das viagens do navegador brasileiro. Inaugurado em 1982, o Centro Cultural São Paulo (CCSP), da Secretaria Municipal de Cultura, localizado ao lado da Estação Vergueiro, é um espaço destinado a cultura, convívio e lazer. Com bibliotecas, auditório, exposições e área verde, o CCSP é frequentado de domingo a terça-feira, conforme disse o funcionário Roberto Quaresma. “A maioria do pessoal que vem são universitários e jovens. Alguns vêm para ganhar pontos na faculdade, outros para fazer pesquisas. É só você olhar em

volta, grande parte é jovem”, explicou Roberto. No CCJ localizado na Vila Nova Cachoeirinha, zona norte da capital, a prefeitura disponibiliza à população aulas de dança, debates sobre o cotidiano, oficinas de arte, shows e saraus gratuitos. Centros culturais como esse foram projetados justamente para que jovens residentes nas periferias da cidade tivessem o mesmo acesso à cultura disponível aos moradores do Centro. Bibliotecas públicas, como a Biblioteca Mário de Andrade, são uma alternativa para estudantes que buscam opções de leitura e não querem gastar dinheiro em livrarias. Com grandes acervos e áreas de estudo, ainda proporcionam eventos culturais para a comunidade. Muitos universitários entendem a importância da cultura na vida acadêmica, como o aluno de veterinária da FMU, Henrique Bartoluci (21). Ao ser perguntado, declarou: “o intuito dos eventos culturais é excelente, pois vejo que isso é a mudança de que o Brasil precisa. No contexto do conhecimento e das classes sociais, tanto o pobre quanto o rico tem a oportunidade de participar das mesmas coisas, culturalmente falando”.

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A segurança além dos muros A frequência de crimes em Higienópolis preocupa os alunos da universidade Texto: João Pedro Xavier, Lillian Barbieri e Renata Estimo Foto: Lillian Barbieri

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o decorrer do ano de 2014, uma onda de furtos e roubos vem preocupando os alunos da Universidade Presbiteriana Mackenzie e moradores da região. Foram várias queixas prestadas nas páginas relacionadas à universidade nas redes sociais, uma mobilização criada para alertar uns aos outros sobre os riscos. Por dentro dos fatos, o jornal Acontece foi atrás dos responsáveis pela segurança da universidade para saber mais sobre o assunto. Nos últimos meses, houve uma queda no número de roubos na Cracolândia. Porém, por outro lado, um aumento no bairro vizinho, Higienópolis, onde fica localizada a universidade. Os roubos neste local cresceram 36% (de 139 para 190) nos seis primeiros meses de 2014, e os furtos, 34% (de 347 para 465). Em entrevista cedida ao Acontece, o chefe de segurança da universidade, Orlando Taveiros, afirma que atualmente a Mackenzie possui cerca de 40 mil alunos e colaboradores e conta com quase 200 câmeras de vigilância e 200 seguranças. Além disso, na sexta-feira, 12 de setembro, foi iniciado

um sistema de ronda externa. Durante toda a entrevista, ele deixou claro os três pontos principais que formam a ocorrência do ilícito: oportunidade, risco e lucro. “Você está na Piauí, agora, às seis horas, está escurecendo. Moça bonita, um cordão de ouro, passando pela Piauí perto daquelas árvores, perto da temakeria, deserto, com dois malandros passando ali: oportunidade de roubar. Vê no cordão o lucro que eles vão ter. Terceiro, não veem risco de serem pegos. Vão te roubar. Não tem jeito.”, exemplifica Taveiros. Conta também que é possível identificar um ladrão em público, devido algumas características, como por exemplo: ele normalmente não está preocupado com os ônibus, e sim com as pessoas ao redor; costuma vestir duas camisetas, para não ficar “marcado” pela cor de uma delas; se o sujeito está de bicicleta no ponto de ônibus, as chances dele não estar ali para embarcar são muito grandes. Porém, quando se localiza um indivíduo com essas características, a segurança não pode simplesmente apreendê-lo. Mas também não pode esperar que seja cometido o ilícito. Por isso, é feito o seguinte processo: os seguranças vão em grupo até o local, batem palmas, e alertam os presentes em voz alta sobre os roubos que andam acontecendo na determinada área, o que, acredite ou não, normalmente

Parada Caio Prado na Rua da Consolação, local de grande incidência de crimes

espanta os ladrões. Esse foi um método muito usado no ponto de ônibus da Consolação, em frente à entrada da universidade. Os índices criminais de lá caíram, e aumentaram no ponto de cima, em frente ao tribunal do trabalho. Uma simples medida que causou impacto, graças à ação preventiva. A política utilizada pela segurança para quebrar esse trinômio é a da visibilidade e da pronta resposta. Para que as pessoas se sintam seguras, e o bandido, inseguro. Orlando reconhece que, da porta para fora da universidade, o risco de roubo é real, e alerta os alunos: “O caminho da prevenção é a informação, então assim... Informação é um ponto lógico. Não criar oportunidade. Entender que certas posturas temos que mudar. (...) Tem que tomar atitudes para que algo não aconteça... E informar, informar os leigos que não conhecem.” Não podemos esquecer que o boletim de ocorrência é de extrema importância para o fortalecimento da segurança. A polícia militar conta com o programa de policiamento inteligente, que consiste num mapeamento de ocorrências de crimes. Quando registradas, são adicionadas ao mapa, e conforme o número de incidentes, a região é posta como uma prioridade de policiamento. O que acontece é que muitas vezes as pessoas mentem ou deixam de fazer o B.O., o que acaba atrapalhando o poder público. Fonte dos números apresentados: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/sp/2014-08-21/roubos-caem-na-regiao-da-cracolandia-mas-aumentam-na-cidade-de-sao-paulo.html

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Intercâmbio sob medida Conheça lugares, culturas e qualifique-se para o mercado de trabalho Texto: Maria Tereza Lopes Benedeti e Vivian Bastos Jordão Foto: Vivian Bastos Jordão

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mercado de trabalho está cada vez mais competitivo e exigente, por isso, uma ótima oportunidade de sair na frente dos seus concorrentes e conquistar a desejada vaga de emprego é ter no currículo uma experiência de estudos internacional. O intercâmbio proporciona vantagens que vão muito além do aprimoramento de conhecimento em sua área de estudos e em línguas estrangeiras, pois implica na aquisição de independência, em lidar com adversidades e em conhecer diferentes culturas e costumes. Primeiramente, é necessário definir seu objetivo de intercâmbio: cursos de idiomas, graduação, extensão universitária ou trabalho (com cursos de língua simultaneamente). Depois, é necessário escolher o país de destino, a universidade e o tipo de acomodação. Uma vez definidos esses itens, é necessário verificar com a universidade/curso de destino a exigência de documentação. A maioria das entidades se baseia em análise curricular para admissão nos cursos e exige testes de proficiência em língua estrangeira. Hoje em dia, os locais mais procurados pelos alunos brasileiros são Estados Unidos e Canadá, seguidos por Europa e Austrália. Os canadenses são considerados os mais acolhedores pelos intercambistas. Os principais objetivos dos alunos são aprimorar o idioma e participar de cursos de especialização na sua área, que costumam ter duração de 4 a 12 semanas. Há também a possibilidade de continuar a graduação no exterior e de conciliar trabalho e estudo, porém essas duas últimas opções são menos procuradas. Com relação à acomodação, há opção de ficar no campus do curso ou em casa de família. De acordo com Otávio Tuena, gerente da agência de intercâmbio IE (International Exchange), um dos principais papéis da agência é

Otávio Tuena, gerente da Agência de Intercâmbio Ie recomendar moradia segura e de fácil acesso ao local de estudo. “Los Angeles é a segunda maior cidade dos Estados Unidos e a que tem o pior transporte público da América do Norte, então é um local que a gente não aconselha casa de família, mas sim residência estudantil, bem próximo à escola”, afirma o gerente. Quem determina as acomodações dos alunos são as escolas de destino, que possuem um departamento específico de moradia, onde realizam cadastro e fiscalização. A IE já enfrentou problemas com relação à adaptação entre estudante e a família que o recebeu. Nesses casos, a orientação é que o aluno vá até a escola para que seja providenciada uma nova moradia. A agência acompanha o caso daqui do Brasil e oferece o auxílio necessário para que tudo se resolva da melhor maneira e no menor tempo possível. Muitas vezes os alunos enfrentam dificuldades de comunicação, pois a identidade cultural e o modo de se expressar é diferente do seu país. Roberto Amaral, 25 anos, estudante de economia da USP, realizou intercâmbio para os Estados Unidos em 2013 e relata que enfrentou dificuldades com o clima frio, muitas vezes negativo,

e sentiu falta da culinária brasileira. Mas as experiências positivas superaram as dificuldades: “Hoje me sinto seguro para atuar no mercado de trabalho, pois além de adquirir a fluência no inglês, o curso que realizei no exterior me proporcionou mais experiência para atuar na minha área”, relata o estudante. Pais e alunos podem ficar despreocupados, pois as agências fornecem acompanhamento integral através de redes sociais e também por telefone. Dessa maneira, qualquer imprevisto enfrentado pelo aluno será auxiliado pelo representante da agência aqui no Brasil. Existem diversas agências de intercâmbio conceituadas que fornecem atendimento personalizado de acordo com as preferências do estudante. Além dessas agências, há universidades que possuem convênio com universidades internacionais e proporcionam essa experiência aos seus alunos. É muito importante que o aluno interessado pesquise bastante nos sites dessas agências e universidades, procurando definir seus interesses e veja depoimentos de pessoas que já fizeram intercâmbio para alinhar suas expectativas e preparar-se da melhor forma possível.

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Arte e cultura como forma de manifestação na Roosevelt SUB Texto: Guilherme Veloso Foto: Guilherme Veloso

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esde os anos 60 a praça Franklin Roosevelt, por ser localizada em um ponto estratégico na cidade, é palco das mais diversas manifestações artísticas, culturais e políticas. Além de símbolo da liberdade, atualmente a praça também é uma das principais áreas de lazer no centro da cidade, pois nas suas redondezas estão situadas várias casas de teatro e bares que atraem todo tipo de pessoa. Seguindo a mesma ideia da época da ditadura, a “Quinta-feira da Resistência”, constituída por Jaime Cabral do coletivo “A Rua” e por Luiz Guilherme dos “Advogados Ativistas”, visa defender a liberdade nos lugares públicos debatendo e discutindo a vontade do povo buscando uma melhor forma de dialogar com a cidade. As atividades acontecem toda quinta-feira às 19 horas na praça Roosevelt procurando sempre incentivar a arte e a cultura. Para cada ato a equipe desenvolve uma programação específica, podendo variar entre, debates, projeções de documentários e filmes relacionados aos temas das discussões, bailes, apresentações teatrais, apresentações musicais, manifestos, oficinas de criação e até escambo de livros. Os temas variam de acordo com o que está acontecendo atualmente, mas o que está em questão não é o tema e pauta de cada ato, é o direito à manifestação e ao debate. Segundo Jaime Cabral, “aqui acontece de tudo, de trocas de livros a mani-

Polícia fazendo a ronda durante o evento festos, mas o foco mesmo é a ocupação artística e cultural do espaço público pelo próprio público, visando sempre atender a vontade do povo”. Geralmente esses eventos contam com a presença de média de 70 a 80 pessoas. O Evento tenta reunir a cultura do skate, do grafite, do hip hop, do teatro numa linguagem artística que seja produzida por todos e acessível a todos. Nenhum lugar melhor que uma praça pública no centro da cidade para representar o papel do palco para estes artistas. A Roosevelt Livre possui sua própria maneira de se manifestar. Usam do lazer para defender seus ideais, como no baile de máscaras ocorrido no dia 11/09/2014 para protestar contra a lei 50/2014 criada por Geraldo Alckmin que proíbe o uso de máscaras em manifestações populares. Um episódio que não pode ser esquecido foi quando a PM tentou impedir que a população fizesse discussões sobre a cidade na rua. De última hora, cancelaram a autorização para que fosse realizado o show de encerramento do Festival Contra a Violência Policial no dia 7 de junho, que também ocorreu na Roosevelt. Para os

Idealizadores debatendo as ideias colocadas em pauta para o dia

organizadores do ato, atitudes desse tipo da Polícia Militar denotam “práticas típicas de períodos ditatoriais”, por ser uma situação em que apenas os poucos que detém o poder e o uso da força policial podem discutir e decidir as questões que afetam a todos. De acordo com eles a polícia alega que eles perturbam a paz, mas as reuniões sempre são encerradas às 22 horas, respeitando a lei do silêncio. Também dizem que os protestos os ofendem, pois os temas discutidos giram em torno da ideia de que a polícia não tem o direito de decidir o que é debatido no espaço público. Os manifestantes reclamam que as forças de segurança se sentem no direito de reprimir, coibir ou evitar qualquer evento de qualquer grupo que ela, e não a lei, considere contrário à ordem. As autoridades locais não têm permissão para prestar depoimento, mas uma representante da base local da Polícia Militar afirmou que não recebe quaisquer informações sobre o evento da Roosevelt Livre. Fica o convite dos organizadores a todos os que se sentem indignados com este cerceamento de liberdades. “A ideia de fazer da praça um centro de debate não a restringe apenas às discussões políticas. A ocupação cultural pela resistência é o nosso foco. Por isso, venha usar esse dia para promover o ensaio aberto da sua banda, a reunião do seu coletivo, o encontro do seu grupo de estudos, improvise sua aula pública. Todos nós temos o que ensinar, e muito pra aprender uns com os outros”. Para contribuir com suas práticas, saberes e discursos, é só comparecer na praça Roosevelt toda quinta-feira às 19 horas.

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