Diretriz Nº5

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Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie

Nº5 - dezembro 2016

Quem se importa com eles?

Moradores de rua são invisíveis aos nossos olhos! DIRETRIZ

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Ao Leitor

Na edição passada (Diretriz nº 04) mostramos que boas notícias também são vendáveis e é importante que os veículos de comunicação procurem trazê-las ao conhecimento público. E se não for possível na mesma proporção que as tradicionais notícias “ruins”, pelo menos em quantidade não muito inferior. Mas, mais importante que definir se a notícia é boa ou ruim, é fazer com que ela provoque uma discussão na sociedade. É o caso da matéria da capa deste Diretriz (p. 14) que traz um assunto muito explorado pelo jornalismo em todos os meios: a questão dos moradores de rua. Apesar de ser um assunto que está sempre na mídia, nunca é demais falar sobre ele. Afinal de contas, o poder público parece não ter solução para este problema que se arrasta há muito tempo. Evidentemente não é um problema exclusivo do Brasil, ou da cidade de São Paulo. Porém, na capital paulista isso deixou de ser uma questão de uma determinada região ou determinado bairro. Hoje os moradores de rua são encontrados em todos os lugares da cidade, seja no centro, na periferia ou nas regiões consideradas de alto poder aquisitivo. É claro que é um problema do poder público, mas, mais do que isso, é um problema de cada cidadão. Alguém pode dizer que essa é uma pauta “batida”. Até pode ser, mas sai da administração, entra administração, muda o prefeito e muda o partido, e ela está aí! Portanto, é um assunto que não pode ser ignorado. Além do que, é muito importante que o aluno de jornalismo saia um pouco de seu “caminho” habitual - casa e faculdade - para explorar um mundo que ele até vê, mas não convive. O importante desse tipo de matéria, independentemente se ela é corriqueira ou não, é que desperte um sentimento de “atenção”, ou seja, de que algo está errado quando a situação deixa de ser exceção e passa a ser “normal”. Se despertar essa “atenção”, ótimo, caso contrário, que desperte pelo menos no aluno que produziu a reportagem. As outras 21 matérias desta edição trazem assuntos diversos, dentro das áreas de comportamento, cotidiano, cultura e saúde, procurando assim, atender aos mais variados leitores.

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE Reitor: Prof. Dr. Ing. Benedito Guimarães Aguiar Neto Vice-Reitor: Prof. Dr. Marco Tullio de Castro Vasconcelos Pró-Reitor de Graduação e Assuntos Acadêmicos: Prof. Dr. Cleverson Pereira de Almeida Pró-Reitor de Extensão e Educação Continuada: Prof. Dr. Sérgio Lex Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação: Profa. Dra. Helena Bonito Couto Pereira CENTRO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS Diretor: Prof. Dr. Marcos Nepomuceno Duarte CURSO DE JORNALISMO Coordenador: Prof. Dr. Rafael Fonseca

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Índice COMPORTAMENTO Meninasmães.......................................................3 “Resto” que alimenta ....................................4 Amigo não se compra .....................................5 Comoutrosolhos...............................................6 Por elas e para elas..........................................7 Muçulmanas e feminismo ...........................8 Corrupçãonossa.................................................9 Preconceito na balada.................................10 Resistência das videolocadoras .................11 Pokémon Go.................................................12 Viciados em Apps.........................................13 COTIDIANO Moradores de rua.........................................14 Shoppings populares..................................15 Praça Pôr do Sol............................................16 Nocontrafluxo...............................................17 Reforma no Ensino Médio..........................18 KaratêOlímpico..............................................19 CULTURA Vila Itororó....................................................20 Preço da Diversão.........................................21 SAÚDE Transtornosalimentares..............................22 Diagnósticos raros.......................................23 Sonho Infantil...............................................24 CAPA: QUEM OLHA POR ELES? Moradores de rua são invisíveis aos nossos olhos!

DIRETRIZ Nº 05 / Produção Experimental – Curso de Jornalismo Disciplina: Redação e Edição – 3º Semestre (Turmas D e J) Professores: Hugo Harris, Marcia Detoni, Patrícia Paixão, Vanderlei Dias, Vinícius Prates Prof. Responsável: Vanderlei Dias Supervisor de publicações: José Alves Trigo Foto Capa: Camila Moraes Editoras Responsáveis: Marina Paulista, Tainá Silva Tiragem: 300 exemplares

DIRETRIZ

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Comportamento

Meninas mães

ONGs apoiam adolescentes oferecendo ajuda em momento de fragilidade

“Minha vida mudou de repente. Ainda não sei se foi pra melhor ou pior. Só sei que mudou. E muito”, diz Andressa, de 17 anos, grávida de sua primeira filha. A idade ideal para uma gravidez se modificou nas últimas décadas. No começo do século 20, era comum que as mulheres engravidassem na faixa de 14 anos, fazendo com que as mulheres mais velhas grávidas fossem exceções. Já no século 21, o padrão foi invertido e agora o comum são mulheres mais velhas grávidas. Essa tendência invertida faz com que a gravidez na adolescência seja vista como um problema para a sociedade atual. Mesmo com o número de adolescentes grávidas caindo, segundo a ONU, ainda 7,3 milhões de meninas passam por essa situação no Brasil, sendo dois milhões com menos de 15 anos. Os números apresentados pela ONU mostram que 22% das meninas tentam utilizar métodos abortivos, que possuem baixo índice de sucesso. E também que 200 mil mulheres jovens morrem por dia no mundo por problemas em decorrência do parto. Classe social A classe social é fator decisivo quando se trata de gravidez na adolescência. No Brasil, em 2015, foi comprovado que 75% das adolescentes grávidas estão fora da escola. O modo como lidam com a gravidez é diferente e a estrutura até a chegada no parto também. Em 2012, as adolescentes de comunidades pobres responderam por cerca de 31% do total de partos realizados nos hospitais do SUS. DIRETRIZ

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A fim de ajudar as meninas que passam por essa situação e evitar que outras passem, em maio de 2011 foi criado o Programa Casas de Apoio. Ele surgiu de um projeto de lei que estabelece ajuda médica e psicológica às grávidas, educação sexual, planejamento familiar e prevenção à gravidez precoce.

“No Brasil, em 2015, foi comprovado que 75% das adolescentes grávidas estão fora da escola” A gravidez na adolescência pode trazer riscos ao organismo da mulher. Um útero pequeno e uma bacia estreita fazem com que seja complicado o desenvolvimento da gestação. Outro problema é que as jovens tendem a se alimentar mal, causando mal estar ao bebê e falta de vitaminas para ambos devido à falta de renda e atendimento médico público. Assistência Para suprir essa falta de apoio público, existem projetos privados, como por exemplo o Projeto Menina Mãe, que assessora meninas com atendimento por ginecologistas, psicólogos e pediatras, mas também com assistentes sociais para elaborar um planejamento familiar. A equipe diz que recebe meninas de todas as classes, ou seja, não cria um padrão de atendimento; apenas exige que todas que frequentam o instituto façam um pré-natal par-

Juliana Tavares

Gabriele Salyna Juliana Tavares

A expectativa da chegada da bebê

ticular, visto que é o acompanhamento primordial de uma gravidez. Outro projeto de apoio é a Associação Beneficente Santa Fé, que desenvolve vários projetos. Um deles é a Casa Vovó Ilza, que recebe cerca de 20 crianças e adolescentes, entre as quais estão as meninas mães e seus filhos. “As crianças e adolescentes vêm por meio da Vara da Infância e da Juventude, não é um projeto aberto ao público. Nós possuímos um convênio com a prefeitura de São Paulo que dá suporte econômico e de saúde ao projeto”, conta Andrea Morera, coordenadora do instituto. Andressa, de 17 anos, está grávida de sua primeira filha. Ela conta que sua vida mudou a partir do momento que descobriu a gravidez. Em ano de vestibular, na reta final, ela não está mais frequentando a escola. Conseguiu conciliar a gravidez com o estudo até os cinco meses, pois não sentia o incômodo e o cansaço que a maternidade acarreta. “Eu não vou mais para a escola, eu queria ir, mas não dá. A

minha vida está voltada para a minha filha. Tem muita coisa pra pensar, pra fazer, por isso não dá”. A menina tem um acompanhamento pelo SUS, já que apresenta complicações na alimentação de seu bebê. Ela recebe medicamentos para suprir a falta de ferro e realiza os exames pré-natais todo mês na unidade Hospital Municipal Doutor Alípio Correa Neto, em Ermelino Matarazzo.

“A minha vida está voltada para a minha filha” A gravidez na adolescência implica uma série de responsabilidades, as quais jovens não estão acostumadas a passar. “Eu não esperava ser mãe. Eu acho que é muita responsabilidade. Eu nem sei como eu vou criar um bebê ainda”, conta Andressa.

Making Of A pauta escolhida foi sobre gravidez na adolescência. O nosso tema é bem atual, porque não importa a época, sempre acontecem casos de meninas grávidas. Começamos com um comparativo de dados anuais, a fim de discutir a questão de que com o passar dos anos a idade considerada ideal para engravidar mudou. O foco da matéria é no Brasil, foram analisados dados da ONU e SUS. A classe social também foi um fator citado na matéria. Segundo pesquisas, a falta de acesso ao estudo torna as jovens mais sujeitas à gravidez na adolescência. A maioria das meninas mães estão fora da escola. Na matéria, apresentamos os projetos que apoiam as garotas que passam por essa situação, e focamos em dois do Estado de São Paulo. O projeto Santa Fé foi o escolhido, nos explicaram como funcionam os atendimentos e como fazem para auxiliar as meninas. Possuem uma subdivisão de trabalhos como a “Casa Vovó Ilza” que recebe as meninas grávidas. Entrevistamos uma adolescente chamada Andressa, de 17 anos. Ela está grávida da sua primeira filha. Isso faz com que o público seja aproximado da matéria. A matéria tem o intuito de mostrar vários lados de um mesmo assunto e informar a população dos dados sobre o tema, os projetos disponibilizados para a população e como é viável um planejamento familiar para que não passem por isso precocemente. 3

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Comportamento

O “resto” que alimenta Banco de alimentos beneficia mais de 160 instituições só na cidade de São Paulo

Muito do que se desperdiça é suficiente para alimentar uma grande quantidade de pessoas, e é com base nessa proposta que funciona o Banco CEAGESP de Alimentos (BCA). O projeto foi criado em 2003 pela Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo e tem como principal função fazer o repasse de alimentos que perdem o valor de mercado para instituições de caridade, asilos e creches, normalmente por meio de projetos terceirizados, como o Mesa Brasil do SESC (Serviço Social do Comércio). O banco da CEAGESP pode ser encontrado em 11 entrepostos espalhados pelo estado e atende mais de 160 instituições, beneficiando cerca de 300 mil pessoas.

“Se não tivéssemos o apoio do banco de alimentos, gastaríamos o dobro do que gastamos” De acordo com Pedro Couto, um dos responsáveis pela administração do BCA, os alimentos doados não possuem valor comercial. Isso ocorre quando existe abundância do produto no mercado e o seu preço abaixa. As verduras, as frutas e os legumes que não são vendidos se deterioram rapidamente e, se não estão frescos, não há quem compre. No entanto, o alimento ainda pode ser consumido, por isso é coletado e redistribuído entre as instituições beneficiadas. 4

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Para ser beneficiado pela ação é preciso comprovar a necessidade. Depois disso, Pedro e a equipe também visitam o local para saber se ele comporta o espaço demandado. Ajuda que faz diferença A Associação União Beneficente Irmãs de São Vicente de Paulo de Gysegem está entre as entidades cadastradas no programa oferecido pelo BCA. “O banco de alimentos nos ajuda muito”, afirma a irmã Rosina, idosa de 90 anos e fundadora da ONG especializada no atendimento de idosos. A casa oferece, além de cursos, atendimento médico e cuidados higiênicos, mais de 600 refeições por dia para a população local em situação de rua. “São 42kg de arroz e 16kg de feijão que gastamos por dia. Se não tivéssemos o apoio do banco de alimentos, gastaríamos o dobro”, completa a religiosa. A ONG fica na região dos Campos Elíseos, em um antigo barracão comprado pelas irmãs vicentinas. Após a reforma, o local passou a abrigar a entidade que, apesar de pequena, possui biblioteca, sala de computação e cozinha, além de um refeitório onde são servidas as refeições, sempre compostas de salada, legume, arroz, feijão e uma carne. O cardápio é semanal e, além de almoço, são oferecidos café da manhã e jantar. “Nós aproveitamos tudo, desde que esteja em bom estado. Se vier frutas, fazemos uma vitamina ou uma salada de frutas. Os legumes são sempre servidos no almoço ou na sopa que damos à tarde”, diz a madre, orgulhosa em relação à política de reaproveitamento do lugar.

Caroline Meyer

Caroline Meyer Diana Cheng

Fachada do Banco CEAGESP de Alimentos

A iniciativa também conta com a ajuda de sacolões da região e ações da prefeitura, como o Viva Leite. Nesse caso, parte do leite recebido vai para a creche, que também é administrada pelas irmãs vicentinas. Apesar de a entidade receber bastantes doações, muita coisa é comprada, tudo por meio da verba recebida da sede das Irmãs Vicentinas, no Tatuapé, que repassa o dinheiro embolsado das mais de cinco escolas particulares pertencentes à congregação para a manutenção das obras sociais do grupo. Praticidade O banco de alimentos da CEAGESP visa, futuramente, fornecer novas opções de distribuição e novas formas de apresentar seus produtos. A equipe encontra-se em processo de pesquisa, com a iniciativa de desidratar certos alimentos e transformá-los em pó, com o intuito de prolongar a qualidade deles e facilitar

o preparo. “Estamos fazendo o levantamento, vamos começar a desidratar. Desidratando, transformamos isso em pó e fazemos sopa semipronta”, revela Pedro.

“Desidratando, transformamos as verduras e legumes em pó e fazemos sopa semipronta” Tanto o banco de alimentos como a ONG visitada são projetos sociais de combate à fome e à pobreza. “A senhora não sabe o que é passar fome”. A frase dita por um morador de rua à Rosina nunca mais saiu de seus pensamentos. Mesmo tendo o que comer, a incerteza do dia de amanhã e o medo de voltar a passar fome ainda pairam sobre a cabeça dessas pessoas.

Making Of Desde o início, buscávamos uma temática ligada à alimentação. Encontramos uma matéria referente à política de reaproveitamento das sobras da Vila Olímpica, e como um chef dava uma nova cara a elas. Descobrimos, então, o projeto do Banco de Alimentos da CEAGESP, o qual julgamos ser coerente com a pauta, pois também traz à tona um forte viés social. O desafio inicial foi chegar até o Banco de Alimentos, que fica na região da Vila Leopoldina. Chegando lá, descobrimos que a CEAGESP é uma verdadeira cidade: caminhões repletos de carregamento indo e vindo, capazes de atropelar quem andasse pelo local distraído. Ao encontrarmos o Banco de Alimentos, fomos muito bem recebidas por Pedro Couto, responsável pelo serviço. Ele explicou toda a política e o mecanismo das doações, e também nos relatou sobre a vez em que duvidou de uma associação que havia entrado com o pedido de cadastramento. Ele e sua equipe foram visitar a entidade em questão e se surpreenderam pelo fato de um lugar tão pequeno atender tantas pessoas e ainda fazer um serviço bem feito. A pedido de Couto, ligamos em um outro dia para solicitar o endereço. Assim foi feito e fomos visitar a Associação União Beneficente das Irmãs de São Vicente de Paulo de Gysegem, situada na Alameda Ribeiro da Silva, próxima ao Bom Retiro. A partir das informações obtidas com a entrevista realizada com a fundadora da ONG, a irmã Rosina, pudemos comprovar como eles reaproveitam tudo e fazem bom uso de todas as doações que recebem. DIRETRIZ

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Comportamento

Amigo não se compra

O trabalho das ONGs e o lado obscuro dos pets com pedigree

Todos os dias nos deparamos com animais abandonados nas ruas da cidade, a cada passo é possível avistar um bichinho que provavelmente algum dia já possuiu um lar. Enquanto muitos abandonam, pessoas se mobilizam em diversos locais da cidade para encontrar uma casa para esses cães e gatos. É o caso da Catland, uma ONG fundada em 2012, com o objetivo de retirar e colocar para adoção gatos em situação de maus tratos e abandono. Cerca de 1580 gatos já foram viabilizados para adoção pela Catland. Todo o processo é feito com muito cuidado. É realizada uma visita na casa da família para olhar as condições do novo lar. A ONG vive de doações e parcerias para arcar com as despesas que crescem a cada dia. Além de adotar um gatinho, é possível colaborar como voluntário nas campanhas promovidas pela organização. Isabella Potye, 19 anos, estudante de Artes Visuais, é um exemplo de uma adoção bem sucedida pela Catland. “Amei muito todo o carinho e cuidado que tiveram durante a doação, eles se preocuparam desde o novo lar do Spock até a interação com a nova família.” O Cão Sem Dono é uma ONG fundada em 2005, especializada no auxílio para cachorros, com a principal meta de achar um lar perfeito para cada um que é resgatado. A ONG mantém mais de dois abrigos, todavia não divulga o endereço pelo constante abandono em suas portas. A entidade abriga mais de 300 animais, os quais são DIRETRIZ

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amparados com tratamentos veterinários e alimentação adequada. Outra maneira de auxílio é a realização de mutirões de castração em comunidades carentes. A Cão Sem Dono também realiza o “apadrinhamento”, que é um pagamento mensal - no valor mínimo de R$20,00 - efetuado para ajudar um cachorro específico. A pessoa recebe o boleto e informações de seu afilhado através do e-mail. André Nogueira, 21 anos, estudante de Administração

“Todos são animais resgatados das ruas [...] faço o que posso para contribuir, é um trabalho heroico!” e voluntário, explica porque se propõe a ajudar esses animais: “todos são animais resgatados das ruas e estradas, são cães que foram abandonados pela sociedade, não posso adotar todos, mas faço o que posso para contribuir. É um trabalho heróico!” Puppy Mills Entretanto, mesmo com a mobilização de ONGs e a trágica quantidade de animais nas ruas, a indústria de vendas de animais com pedigree continua crescendo, devido à expansão do mercado pet. O processo obscuro de formação desses filhotes de raça pura é desconhecido por muitos. “Puppy Mills” ou “Fábricas de Filhotes” são criadouros clandestinos que se concentram em lugares afastados, onde animais de raça são confinados e impostos a condições deploráveis, vi-

Isabelle Ferreira

Camila Pessôa Isabelle Ferreira

Posto de adoção da ONG Cão sem Dono, na Cobasi Morumbi

vendo em pequenas gaiolas, com alimentação inadequada, sem nenhum cuidado veterinário e sem abrigo, expostos ao frio ou chuva. As fêmeas são forçadas a procriarem a cada cio, sem descanso ou cuidados e, quando não conseguem mais atender à demanda de procriação, são mortas ou abandonadas. Ajuda aos animais Todo ano, centenas de cães de raça são resgatados em péssimas condições dessas fábricas e são submetidos a tratamentos e reabilitação, como consequência de maus tratos. Depois, são disponibilizados para a adoção. “As fábricas de filhotes são lugares onde maus criadores se importam muito mais com os lucros do que com a saúde ou bem-estar dos animais, ou seja, além de prejudicarem os animais e, principalmente a fêmea que está parindo sem descanso e cuidados médicos, os filhotes sofrem com problemas de saúde ao longo de sua vida devido à gravidez forçada”, afirma Vivian Rodrigues, 34 anos, veterinária da região

do Morumbi.

“Acredito que se as pessoas vissem com seus próprios olhos, jamais apoiariam isso.” “Acredito que, se as pessoas vissem com seus próprios olhos, jamais apoiariam isso”, conclui a veterinária. Evitar comprar animais em pet shops, feira de filhotes, internet e classificados de jornais seria uma solução para acabar com este sofrimento. Um exemplo da crueldade sofrida por estes animais foi o recente caso do filhote da raça pincher - anunciado na OLX - que teve seu órgão genital mutilado para ser vendido como fêmea. Cão sem Dono: http://www.caosemdono. com.br/ Catland: http://www.catland.org.br/

Making Of Após o acontecimento recente do filhote macho anunciado na OLX, que teve seu órgão genital mutilado para ser vendido como fêmea, resolvemos mostrar que a violência contra os animais se encontra em diversas matrizes. Ou seja o caso do filhote é apenas o começo de algo muito maior e que não possui tanto espaço na mídia. Ao visitar a CatLand, encontramos Isabella Potye, que estava à procura de um novo gatinho. Ela se disponibilizou a manter o contato e contar como a CatLand continua trabalhando com o processo da adoção. Então, colocamos um breve depoimento para mostrar o trabalho efetuado pela ONG. Quando visitamos o posto de doações da Cão sem Dono, na Cobasi Morumbi, conversamos com André que estava trabalhando lá. Ele nos contou um pouco mais sobre a ONG e seu processo de resgate. Ao enfatizar sobre as fábricas de filhotes, decidimos trazer uma visão mais especializada, que foi a da veterinária Vivian Rodrigues, indicada pela Cão sem dono. Ela falou conosco abertamente, mostrando um pouco da sua opinião de todo esse cruel método dos filhotes de raça pura. Encontramos dificuldade em condensar todo o conteúdo absorvido para a matéria e encaixar na quantidade de toques exigidos. Tentamos mostrar os benefícios da adoção e os malefícios da indústria de vendas de animais. 5

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Comportamento

Com outros olhos

Algumas instituições de ensino no Brasil já aderem à inclusão de deficientes visuais

De acordo com o Censo da Educação Superior de 2010, 5,2 mil deficientes visuais simboliza somente 0,09% dos 5,8 milhões de universitários, o que torna a inclusão de deficientes visuais no campo da educação em nosso país um desafio. Maria Fernanda Magri, 23, é deficiente visual desde que nasceu, ela conta sobre sua experiência em algumas escolas especializadas em deficiência visual. Segundo ela, estudou no Padre Chico, Lara Mara e Fundação Dorina (Nowill). “Nessas instituições fui alfabetizada e tive orientação em mobilidade, que é o treino com a bengala, tanto na parte interna como externa de ambientes.” Dedica-se rotineiramente à interpretação e compreensão de texto, assim como pratica digitação no computador para estar em dia com a tecnologia. Amadurecimento Atualmente cursa jornalismo nas Faculdades Integradas Rio Branco. “É uma experiência incrível, um processo de amadurecimento muito grande.” Ela escolheu o curso depois de escutar uma reportagem na Revista Veja, a partir daí se apaixonou pela profissão e quer atuar no segmento cultural. Maria Fernanda diz que a instituição onde estuda tem boa infraestrutura que atende às suas necessidades. Proporciona um ledor – profissional de apoio - ao aluno deficiente visual que o auxilia durante as aulas. No entanto, acredita que a maioria das instituições de ensino – superior em especial - no Brasil não estão preparadas para atender alunos como 6

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ela. “Eu diria que para começar a ter esse preparo, tem de haver maior contato com essas pessoas, cada vez mais abrir espaço para os deficientes.” Ela também escreve o blog Meu Olhar em Palavras, com reflexões pessoais e narrativas de seu dia-a-dia. A motivação veio de uma amiga e desde então desenvolve suas interpretações. Profissionais Silvana Nicoleti, 33, foi ledora nas Faculdades Integradas Rio Branco. Para ela, trabalhar com alunos deficientes visuais foi uma experiência grandiosa. “Pude participar desse mundo, sentir como é estar na sala de aula ao lado de uma pessoa que não possui o sentido de enxergar, presenciar todo seu esforço, dedicação, pois são pessoas normais que querem ter uma profissão, possuem direito ao conhecimento.” Ser ledor, para Silvana, é aprender com o aluno especial, sentir a confiança dele e estar lá como um suporte, alguém para somar, agregar e dar liberdade. Ela acredita que, para haver esse tipo de inclusão, é preciso de uma infraestrutura na instituição. “Percebo ser interessante ter um ledor para elas, para poder dar um suporte melhor ao aluno e ao docente.” Humberto Aragão, profes-

“Tem de haver maior contato com essas pessoas, cada vez mais abrir espaços para os deficientes”

Cristyan Costa

Cristyan Costa

Maria Fernanda Magri, estudante de jornalismo

sor nas Faculdades Integradas Rio Branco e Unifieo, diz que sua experiência com deficientes visuais tem sido muito proveitosa e gratificante. Segundo ele, dois de seus alunos, que foram destaque, já estão inseridos no mercado de trabalho. “Um do curso de Direito, no Unifieo, extremamente atencioso, copiava a matéria de exposição em um laptop adaptado, hoje trabalha como operador no Distrito Federal. Outra de Comunicação Social, na Rio Branco, uma das melhores alunas de todo o curso, atua em um banco internacional.” Humberto acrescenta que ambos são exemplos de uma educação inclusiva que não restringe o privilégio do conhecimento a qualquer pessoa que o pretenda alcançar. O professor conta que nas Faculdades Integradas Rio Branco, onde leciona há 15 anos, há um intérprete - especializado em Libras ou Braille – em cada sala onde existe um deficiente auditivo ou visual.

“É preciso que haja infraestrutura na instituição de fácil acesso” De acordo com Humberto, “essa iniciativa favorece o diálogo entre o professor e o aluno. Seria interessante que a presença desses intérpretes fosse utilizada em todas as instituições de ensino do nosso país, o que, lamentavelmente, ainda é uma utopia. ” Ele pontua que um elemento inclusivo importante é a publicação expressiva de livros em Braille, principalmente os didáticos. “Diante de tanta discriminação e da prática dos atos de bullying nas nossas instituições, é imprescindível a conscientização da sociedade para que, numa demonstração de respeito ao próximo, exercitemos a solidariedade a todas as pessoas.”

Making Of A pauta da matéria surgiu a partir da leitura de uma dissertação de mestrado escrita por Márcia Maria Coutinho e apresentada na Universidade Católica de Dom Bosco, em 2011. Sempre pensei no tema, mas nunca escrevi sobre, tinha ideias, apenas, e observando todo o conteúdo existente, percebi que a maioria é escrito sob a ótica de um especialista – que, em meu ponto de vista, tem visão um tanto distante. Decidi então contatar uma pessoa com deficiência visual, a fim de saber sobre seu dia-a-dia, se frequenta ou frequentou alguma instituição de ensino e o que pensa sobre a inclusão. Não só, decidi procurar um professor que tem alunos nessas condições para falar sobre sua experiência em sala de aula com eles, assim como um ledor, - acompanhante e assistente de alunos especiais - já que este profissional está mais próximo do público-personagem desta reportagem. Tenho uma amiga que é deficiente visual e cursa jornalismo nas Faculdades Integradas Rio Branco, uma instituição conhecida por oferecer acessibilidade de qualidade a seus alunos. Decidi falar com ela para contar um pouco das experiências que teve durante a vida. Durante o processo de produção da reportagem, consegui entrevistar três pessoas das Faculdades Integradas Rio Branco: Maria Fernanda Magri, estudante de jornalismo, Silvana Nicoleti, antiga ledora da instituição e o professor Humberto Lima de Aragão Filho. DIRETRIZ

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Comportamento

Por elas e para elas Aplicativo de frota de táxi cria opção de motorista mulher para clientes desacompanhadas Tawane Barbosa

Tawane Barbosa

Uma proposta do aplicativo 99Táxis chama a atenção de muitas mulheres. O “99 Motorista Mulher” é uma iniciativa que visa conectar passageiras e motoristas mulheres, garantindo assim a segurança e o conforto de mulheres e crianças que costumam utilizar os serviços de carros particulares desacompanhadas. Além disso, a iniciativa também buscou dar mais visibilidade às mulheres que ganham a vida dirigindo táxis, uma área dominada pelos homens.

“Sento atrás do banco do motorista para que ele não me observe. Quando vejo que é mulher, me dá um alívio” Em São Paulo, há 60 mil taxistas cadastrados no aplicativo em geral, sendo quase 7.500 mulheres. Quando solicitamos um táxi não sabemos quem é a pessoa que nos levará ao nosso destino final, seja por um aplicativo ou chamando um carro na rua. “Em setembro de 2016, fizemos uma pesquisa onde 60% de um total de 36 mil passageiras ouvidas relataram que gostariam de ter esse tipo de serviço específico para mulheres, pois se sentiriam mais confortáveis e seguras durante a viagem”, conta Carla Barone, diretora de RH da 99Táxis.

Assédio

O assédio sofrido por mulheres que andam desacomDIRETRIZ

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Sendo mulher, pedir um táxi pelo celular se tornou mais seguro panhadas têm amedrontado as passageiras a utilizar o serviço novamente, essa nova proposta é como uma luz no fim do túnel. “Sento atrás do banco do motorista para que ele não me observe. Quando vejo que é mulher, me dá um alívio”, desabafa Amanda (nome fictício), 20 anos, estudante de Arquitetura, depois de ter sofrido assédio de um taxista voltando da casa de uma amiga durante à noite. O caso de Amanda não é algo isolado, ultimamente o número de denúncias contra os taxistas vem aumentando. O Departamento de Transportes Públicos (DTP) recebeu 1.490 reclamações contra taxistas durante o ano de 2015, sendo 453 reclamações por atitude desrespeitosa. Em 2014 foram 1.534 reclamações, sendo 520 por este enquadramento. O maior medo de algumas clientes que sofrem algum tipo de abuso é o seu contato que fica exposto, quando solicitado por aplicativo, além de o motorista saber onde ela mora (se o destino final tiver sido sua residência). Aman-

da passou por isso. “Pensei muito no que deveria fazer. Eu tinha receio porque o motorista sabia onde eu morava, ainda tinha meu número de telefone, então sabia algumas informações sobre mim. Demorei alguns dias, mas acabei entrando em contato com a empresa. Me deram a opção de realizar uma reclamação formal ao DTP, mas envolveria justiça e eu achei que seria desgastante para mim, então não o fiz”.

“Eu tinha receio porque o motorista sabia onde eu morava, sabia algumas informações sobre mim”

Helena Arida, 22 anos, relata o motivo de não ter denunciado o motorista que assediou sua irmã durante a parada para cobrar a corrida: “Não denunciamos, minha irmã estava muito abalada e entramos cor-

rendo em casa, não lembrei de pegar a placa do carro.” Segundo Amanda, mesmo o Uber sendo uma alternativa melhor, ela tem medo. “O Uber tem sido a melhor opção. No entanto, continuo lendo relatos de assédio vindos de usuários, então sempre vou ter essa insegurança”.

Riscos

O próprio motorista de táxi, Edson Ramalho, 42 anos, diz que também se preocupa com a segurança de suas clientes por ter uma filha que também está vulnerável a esse tipo de coisa. “Sempre busco minha filha nos lugares durante a noite, sei o risco que ela corre e sempre tento fazer com que as minhas clientes se sintam seguras no meu carro, por mais difícil que seja”. Pelos relatos, percebe-se que o risco que as mulheres correm de serem assediadas não acontece apenas no transporte público lotado, mas também em locais aparentemente seguros, como os carros particulares. Tanto para os que são solicitados por aplicativo, quanto os pedidos na rua.

Making Of A ideia da matéria sobre o táxi exclusivo para mulheres surgiu através de uma discussão em um grupo fechado no facebook, no qual meninas de todo o mundo, entre 16 e 28 anos, compartilhavam a novidade da 99táxis depois de inúmeras denuncias e alertas sobre assédios sofridos por motoristas homens. No próprio grupo achei minha fonte Amanda, que não quis se identificar, que havia feito um post sobre o assédio que sofreu voltando de táxi para a sua casa alguns meses antes. Minha segunda fonte, Helena Arida, também foi achada no mesmo grupo que Amanda e compartilhou o assédio que sua irmã sofreu no mesmo veículo em que ela estava. Sobre o Departamento de Transportes Públicos (DTP) foi publicada pelo jornal Diário de São Paulo. Para informações mais específicas sobre a iniciativa (taxistas cadastrados), entrei em contato através do site da 99Táxis para conseguir as aspas de Carla Barone, diretora de RH da 99. Em um dia comum, precisei fazer um trajeto de 20m e decidi pegar um táxi, foi quando expliquei sobre minha matéria e perguntei ao motorista, Edson Ramalho, o que ele achava da nova plataforma do app direcionada às mulheres.

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Comportamento

Muçulmanas e feminismo A busca por equidade entre gêneros não se limita apenas ao ocidente

Andando pelos corredores do Mackenzie, a estudante de jornalismo Fatima Cheaitou, 18, costuma chamar atenção por causa de um pequeno detalhe: o hijab. Esse é o nome do lenço que mulheres muçulmanas usam desde os nove anos para preservar sua pureza. Em uma universidade cuja maioria dos alunos é cristã, ainda é uma novidade ver alguém usando os lenços coloridos com que Cheaitou costuma enfeitar o cabelo todos os dias. A falta de informação sobre a religião muçulmana desperta muitos preconceitos e estereótipos, especialmente quando na mídia o muçulmano aparece apenas como membro de grupos extremistas fundamentalistas. Isso colabora para que a visão da mulher muçulmana seja apenas de alguém oprimida e sem voz, mas isso não é verdade. No Oriente Médio há movimentos feministas fortes que lutam para que mulheres e homens tenham os mesmos direitos e oportunidades. Fatima Cheaitou é descendente de libaneses, mas nasceu em Salvador e desde pequena ouviu de sua mãe que uma menina não é nada sem seus estudos. Sempre foi incentivada a fazer suas próprias escolhas e, se ela quiser casar, quando e com quem, é uma decisão puramente dela. Mas, por enquanto, essa não é sua prioridade. “Eu quero continuar estudando, terminar jornalismo e trabalhar. Eu quero viajar, quero ser correspondente internacional. Eu tenho sonhos e ninguém vai me impedir”, diz. O Oriente Médio possui um dos movimentos 8

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feministas mais antigos já criados. Teve sua primeira aparição em 1890, no Egito e na Turquia, e desde então se espalhou por todo o mundo muçulmano. No entanto, ganhou força nos anos 1920 com a criação de um dos primeiro grupos feministas, a União das Feministas Egípcias. Desde então, o movimento feminista se expandiu no Oriente Médio, o que

“Eu quero viajar, quero ser correspondente internacional. Eu tenho sonhos e ninguém vai me impedir”

trouxe consequências como a divisão do movimento em três principais grupos: feminismo islamista fundamentalista, feminismo secular muçulmano e feminismo islâmico. A pesquisadora Cila Lima conta que a religião influenciou na diferenciação do feminismo das moças muçulmanas: “Esse grupo de mulheres muçulmanas dos anos 1980 que passaram a atuar com o nome Feminismo Islâmico usaram como identidade a religião. Elas reinterpretam as fontes religiosas”. Estereótipos Por falta de conhecimento sobre a cultura muçulmana, muitos ainda prendem-se a estereótipos criados por discursos pré estabelecidos que os impedem de conhecer novos conceitos e explorar novas culturas. Daí surge a importância de grupos que divulguem mais informações sobre o Oriente Médio.

Foto: Isabela Gadelha

Ariene Alves Isabela Gadelha

Fatima espera quebrar preconceitos com seu canal no Youtube

O Grupo de Trabalho Oriente Médio e Mundo Muçulmano (GTOMMM) administrado pela Universidade de São Paulo é um exemplo. Criado em 2009, se propõe a discutir os principais textos e acontecimentos do Oriente Médio do momento. As reuniões ocorrem mensalmente e já atingem grandes conquistas desde seu início. A revista Malala é fruto das diversas reuniões do grupo. Seu conteúdo é produzido exclusivamente pelos integrantes que falam dos mais variados temas relacionando o mundo muçulmano, principalmente o feminismo. “ A gente não tem financiamento, começou do zero mesmo. Era só um boletim eletrônico, mas hoje ela é inscrita no Qualis, tem publicações internacionais da Itália, da Grécia, da Indonésia etc.”, conta Cila. A integrante do GTOMMM e também muçulmana Pakize Ozdemir, de 32 anos, destaca a importância de grupos de estudos nas universidades ao relatar que gostaria que houvesse mais destas iniciativas, para quebra de paradigma. “É a maneira mais fácil de com-

preender estes assuntos e conhecer o verdadeiro Islã e os muçulmanos, e isso somente é possível através dos estudos”.

“Tem muita informação errada e generalizações” Ativismo na internet Outra forma de levar pautas como essa a um público maior é o Youtube. Fatuma, como é chamada carinhosamente, recentemente começou o seu canal Fala, Fatuma na rede social. Ela teve a ideia ao perceber que nunca viu uma mulher de lenço representando a religião e a cultura muçulmana. “Tem muita informação errada e generalizações”, conta. “Então eu acho muito importante, porque não adianta nada eu reclamar que as pessoas não me entendem porque ninguém está tentando explicar. Eu quero mudar isso”.

Making Of Pensamos bastante sobre o que seria nossa próxima pauta e decidimos por uma pauta desafiadora. Somos feministas, mas estamos a par do feminismo do ocidente. Como nossas últimas leituras e conversas tinham sido sobre a cultura muçulmana, pensamos em como é o feminismo no Oriente Médio. Nossa única referência sobre isso era a paquistanesa Malala, que luta para que mais meninas tenham o direito de estudar e levou um tiro do Talibã por causa disso. Queríamos ir mais a fundo e entender melhor sobre isso. A nossa primeira fonte estuda no mesmo prédio que nós. Fatima Cheaitou é descendente de libaneses e estuda jornalismo no Mackenzie. Ela prontamente aceitou conversar conosco e a entrevista nos deu uma maior perspectiva sobre o assunto. Depois conversamos com uma especialista acadêmica. Encontramos no site da USP um grupo de estudos sobre o mundo muçulmano e o Oriente Médio. Entramos em contato com a pesquisadora Cila Lima e a entrevistamos pessoalmente, logo após a reunião do grupo de estudos. Também entrevistamos Pakize Ozdemir, membro do grupo de estudos e também muçulmana. Ficamos muito surpresas com o relato de Cila, pois se um dia nos perguntamos se no Oriente Médio o movimento feminista é forte, hoje não temos mais dúvidas. DIRETRIZ

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Comportamento

Corrupção nossa de cada dia

O significado da palavra pode ser mais amplo do que estamos acostumados a ouvir Os jornais não poupam o uso da expressão quando o assunto é politica. Casos de desvios milionários são escandalizados a todo momento na imprensa. Uma multidão foi às ruas contra a corrupção nos setores públicos e operações com nomes peculiares surgiram nos processos da Polícia Federal. Mas tudo isso ainda está atrelado ao fato de que muitas pessoas não conseguem descrever o que é corrupção, apesar de afirmarem que ela existe. Para o estudante Gabriel Nunes, 16 anos, a corrupção é uma injustiça que nunca será contida. Ele acredita que a corrupção está por todo lugar. “É só você sair na rua que vai enxergar corrupção. Primeiramente nos impostos, na TV também. Quem assiste televisão também sabe que só aparece corrupto”, diz.

“Corrupção é toda vez que você coloca o interesse privado acima do público” Tamires de Falco, 27 anos, designer, comenta que corrupção é o ato de roubar ou ser contra as regras, dentro de uma questão ética. Ela conta perceber que a corrupção atua nos lugares onde mais se tem poder. “Eu acho que quanto mais poder você tem mais propício você tá pra corrupção. Seja poder financeiro, seja poder de tomada de decisão.” De acordo com José Antônio Martins, 42 anos, professor de filosofia da Universidade Estadual de Maringá (UEM), a corrupção está muiDIRETRIZ

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to além do que o descrito nos dicionários – onde encontra-se um dos formatos à qual podemos encaixar a expressão. Ele explica que o significado da palavra é amplo e uma de suas definições está ligada à apropriação privada de algo público, ou um desvio de finalidade. “Corrupção é toda vez que você coloca o interesse privado acima do interesse público”, resume. Brasil

“Eu acredito só que a gente precisa de um pouco mais de educação” Uma vez conscientes da existência da corrupção na sociedade, surge a curiosidade de saber por onde ela ganha forma. Para Márcio Bueno, 68 anos, advogado, a força da corrupção vem dos próprios brasileiros que são coagidos a “criar dificuldades para vender facilidades” – ganhando característica de um corrupto intermediário. Ele dá ênfase à deficiência do serviço público, que faz os cidadãos darem um jeitinho no dia a dia, criando um corrupto e um corrompido. José Antônio concorda em um ponto, quando dá exemplo de casos que aparecem nos noticiários como “esquemas”, ou seja, não são atos que envolvem uma única pessoa. Ele ainda destaca que a corrupção não está associada exclusivamente a dinheiro. “A corrupção não é somente nos grandes atos; é nos pequenos atos, envolvendo vários atores”, afirma. Nas ruas, ao colocar em questão as corrupções de menor valor, como furar fila ou não devolver o dinheiro que cai do bolso de alguém, Maria dos Santos, 32 anos,

cuidadora, reafirma a ideia de que o ato é em conjunto. “Se você fecha os olhos para isso, é corrupção. É um tipo de corrupção, diferente mas é.” Renato Cavalcante, 26, vendedor, tem uma outra visão. Para ele a corrupção está presente na sociedade como um todo, mas ao ser questionado se o Brasil é um país corrupto, diz: “Não, eu acredito só que a gente precisa de um pouco mais de educação”. Martins também tem sua opinião sobre o país: “O Brasil não é o país mais corrupto do planeta, é bom que se diga isso. O Brasil, sim, têm casos de corrupção”. Ele acrescenta que há casos muito mais graves em outros países, como a Itália, assim como em outros, não se sabe da existência da corrupção: “Eu não sei se tem corrupção ou não na Coréia do Norte, ou na China, porque não há divulgação. Não há imprensa livre, e isso é uma coisa importante de ser dita também”. Mídia Se as pessoas não conseguem definir o que é corrupção, apesar da mídia estar frequentemente falando do assunto, o papel de informar e dar argumentos para a formação de uma opinião, não está sendo alcançado.

Carlos Junior

Beatriz Gois Carlos Jr.

A corrupção pode estar diante de nossos olhos

Para Antônio, no entanto, a atuação da imprensa livre nem sempre é benéfica à população. Segundo ele, o acesso a documentos públicos e privados com a lei da transparência, acabou abrindo margem à espetacularização da corrupção, uma vez localizada pela mídia. Isso faz dos atos corruptos um novo meio de entretenimento. “A cobertura, a divulgação, as reportagens sobre corrupção, viraram mais um factoide do

que propriamente apuração e uma tentativa de melhorar a vida do país”, justifica. Tamires aponta que é necessária certa cautela ao analisar a corrupção. E quando questionada sobre a possibilidade de ser corrupta, responde: “Se eu fosse falar sim ou não, eu diria que não. Mas se for analisar todas as ações, durante minha vida inteira, é muito difícil que a pessoa se isente de alguma corrupção”.

Making Of A pauta surgiu a partir de uma matéria divulgada no site do El País Brasil, com o título “Brasil é o 4º País mais corrupto segundo Fórum Econômico Mundial”, que abordava muito mais o México do que o Brasil. Resolvemos ir a campo e perguntar o que as pessoas entendiam sobre o assunto. Escolhemos a Av. Paulista, por ter uma diversidade de pensamentos, estilos, classes e

idades. O que ficou claro, é que todos concordavam que havia corrupção, mas poucos sabiam definir o que vinha a ser corrupção. Percebemos também que as pessoas tinham um certo receio de falar sobre o tema. O José Antônio Martins, por ter escrito o livro “Corrupção”, foi indicado pelo professor Antônio Ozai (ambos da UEM), já que entramos em contato com

Ozaí, pela internet, antes. Essa entrevista foi realizada por telefone, já que ele reside no Paraná, mas antes da última pergunta a ligação caiu, e não conseguimos mais retorno (nem uma resposta por e-mail). A foto foi tirada na estação da Luz, e a intenção era que ela “conversasse” com a matéria, mas ainda assim propusesse uma reflexão sobre os nossos atos diários. 9

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Comportamento

Preconceito na balada Página no Facebook boicota boate Villa Mix por discriminar e ganha processo na Justiça

O preconceito no Brasil não é algo que vem de hoje, atitudes discriminando a classe social, cor da pele ou aparência física, acontecem todos os dias, principalmente em uma cidade grande como São Paulo. Entretanto, casos de discriminação são bem comuns também na noite paulista. Frequentar casas noturnas é algo extremamente comum em qualquer lugar do mundo, a intenção desses estabelecimentos é proporcionar diversão, e qualquer pessoa, sendo maior de idade tem o direito de entrar nesses locais pagando a taxa de entrada e respeitando as leis do lugar. Porém, alguns estabelecimentos resolveram selecionar as pessoas que entram no local e criar um padrão próprio, usando como critério a aparência física. Existem diversas casas noturnas em São Paulo que fazem isso, como a Villagio JK, Woods, Brooks, entre outras. Uma especificamente chama mais atenção, a balada Villa Mix, localizada na zona sul da capital paulista. A casa, que é famosa por tocar música sertaneja, foi diversas vezes acusada de preconceito por pessoas que tentaram entrar no local e viver uma boa noite de festa. Foi aí que Luísa Manzin,estudante de Direito da PUC, 20 anos, e suas amigas resolveram tomar uma atitude e criar a página no Facebook, “Boicote ao Villa Mix”. De acordo com Luísa, a idéia veio quando ela viu diversos relatos de homens e mulheres que foram discriminados nessa balada, e isso fez com que ela achasse que devia tomar uma providên10

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cia. “Já ouvi muitas amigas minhas falarem absurdos do Villa Mix e de outras baladas semelhantes e nada nunca foi feito. Então fiz um post falando que ia criar um boicote e perguntei quem queria me ajudar.”

Crédito da foto

Andrey Viana Leticia Pazero

“Eles barram negros, eles barram gente humilde, eles barram gordas”

O sucesso do boicote foi estrondoso, cerca de 20mil curtidas na página do Facebook em apenas três dias. As pessoas viam naquele espaço a possibilidade de fazer justiça, e ali são postados diariamente relatos de exclusão social. Para Luísa, os casos que lhe são relatados não vêm com o intuito de achar que ela vai ajudá-los, e sim ajudar na causa contra o Villa Mix. De fato, a página teve efeito. A casa foi investigada pelo Ministério Público (MP) por denúncias de prática de discriminação. A boate continua funcionando normalmente, entretanto com público reduzido. O Boicote ao Villa Mix também entrou com um processo contra a balada e saiu-se vitorioso. “Ganhamos o caso contra a casa, o que já é um grande passo. Acredito que tenha mexido um pouco as coisas por termos mostrado que os jovens e a internet têm mais força do que parece”, disse Luisa Apesar da vitória no tribunal, nenhuma grande empresa quis dar apoio e lutar contra a discriminação.nas baladas. Na opinião de Lu-

Fachada da boate Villa Mix

ísa, foi por medo da reação de uma empresa tão grande quanto a boate Villa Mix. Ela afirma que o único apoio recebido foi do Ministério Público. “Foi um trabalho em conjunto forte. Eles precisavam de nós para recolher denúncias e nós deles para visibilidade do caso.”

“Ganhamos o caso contra a casa, o que já é um grande passo” Na página do grupo no Facebook, observam-se os seguintes relatos: “Me olharam de cima a baixo para ver se eu entrava nos padrões da casa”, “Negaram minha entrada pois eu sou negro”, “Eles barram negros, eles barram gente humilde, eles barram gordas.” A campanha não parece que vai cair no esquecimento tão cedo por receber mais relatos a cada dia. Ex-funcionários da casa, também pres-

taram depoimentos à página do boicote dizendo que eram obrigados a barrar na porta, pessoas que não cumprissem o “padrão Villa Mix”. “Trabalhei lá, mas não curti. Era um nível de preconceito muito grande. Toda as baladas têm isso, mas no Villa Mix era demais. Para você ter uma ideia, era difícil que um cliente negro conseguisse fechar uma mesa ou um camarote”, contou uma ex -funcionária que prefere nao ser identificada. A boate Villa Mix não quis comentar o caso. A única entrevista dada pela casa foi ao G1 e nela, a boate afirmou não cometer nenhum crime de discriminação. “Deve-se instar ainda que pelo alto padrão de qualidade oferecido, nos dias que o estabelecimento está em funcionamento, sua lotação é muito rápida e assim não há como atender a todos os que procuram a sua prestação de serviços”, declarou Mauricio Ozi, que além de advogado, é também assessor de imprensa da balada paulistana.

Making Of Para exercício de resposta pensamos nos seguintes temas: ONGS de adoção para animais, ou uma matéria sobre a página do facebook Boicote Mix. Após uma conversa com a professora, optamos pelo tema do Boicote pois ela nos mostrou que esse tema ja havia sido abordado no jornal Diretrizes. No mesmo dia, procuramos a página no Facebook e buscamos algumas informações para descobrir mais sobre o boicote. Após perguntar para alguns colegas de classe se tinham alguma informação, uma amiga disse que conhecia uma das donas e criadoras da página, Luisa Manzin. Enviamos uma mensagem para ela, que respondeu no dia seguinte nos dando informações. Uns dias depois, começamos a escrever e a procurar relatos sobre a casa. Na página do boicote há vários. Nosso intuito era dar mais visibilidade a página, que está tentando mostrar o quanto esses lugares são problemáticos e precisam mudar de atitude. Na nossa opinião, o meio usado pela página, é o ideal, já que a internet tem uma importância muito grande. Por mais que à página já tenha tido um grande alcance por meio do Facebook, consideramos importante continuar falando sobre o assunto, para atingir mais pessoas. Tentamos entrar em contato com a casa por email e telefone, mas não obtivemos nenhum tipo de resposta.

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5/15/2017 12:57:01 AM


Comportamento

Resistência das videolocadoras Locadoras de filmes sobrevivem no interior, apesar do streaming

A era digital revolucionou diversas áreas do entretenimento, seja para buscar praticidade na hora da diversão ou encontrar uma maneira diferente de aproveitar o tempo livre. Quanto à praticidade, houve uma revolução no que diz respeito a assistir filmes: o streaming. Em termos gerais, isso é um modo de transferência de arquivos em alta velocidade através da internet. Serviços como o Youtube e o Netflix utilizam essa tecnologia para oferecer vídeos em tempo real e em altíssima velocidade. Este último vale uma menção especial, pois oferece inúmeras séries e filmes em sua plataforma por um preço bastante acessível. Dentre os vários fatores que contribuíram para que as videolocadoras fechassem suas portas, talvez a Netflix seja considerada a grande vilã dos últimos anos. “Acho que os novos métodos de acesso a filmes, séries e outros, são de grande valia. É fato que tudo que não se renova entra em defasagem, e por consequência não se mantém no mercado. Essas novas ferramentas principalmente as online – foram primordiais para a falência das videolocadoras”, afirma Daniel Moura, ex-funcionário da extinta MC Videolocadora, localizada numa cidade do interior de Minas Gerais. Sabemos que a decadência das locadoras se deu muito pela disponibilidade de encontrar filmes na internet, porém deve-se atribuir uma grande parcela de culpa à pirataria; foi ela que possibilitou um acesso mais fácil a filmes que estavam DIRETRIZ

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até mesmo sendo exibidos nos cinemas ainda. “Me senti um pouco entristecido pelo fato da queda e a falência da locadora não se dar apenas pelo surgimento de novas tecnologias ou canais, mas também pelo aumento do nível de pirataria em todo país. Isso enriqueceu o mercado negro da pirataria e do dinheiro sujo”, conclui Moura.

“Isso enriqueceu o mercado negro da pirataria e do dinheiro sujo”

Dessa forma fica bem visível a trajetória que as videolocadoras tiveram que percorrer graças às inovações no modo de assistir filmes. Contudo, há ainda aqueles que mantêm a tradição – e a preferência - de irem até a alguma locadora e escolherem o filme, tateando a capa vazia de DVD que fica à mostra na prateleira, tal como um ritual que inclui a prosa em dia com o dono do estabelecimento. Tradição Esse costume continua, ainda que respirando por aparelhos, nas pequenas cidades do interior onde tradicionalmente há uma relação mais próxima entre os donos das locadoras e seus clientes. “As locadoras são minha opção preferida”, afirma Denis Vidal, engenheiro de computação de 38 anos; segundo ele ainda existe um tempo de vida para as locadoras, mas pondera dizendo que elas necessitam se reinventar e encontrar manei-

Giovanna Néder Lopes

Igor Néder Giovani Casolari

Locadora se mantêm viva mas com difuldades

ras de terem diferenciais. “Locadoras diferenciadas como a Alpha & Ômega têm muito chão pela frente”. A locadora citada por Vidal se localiza na cidade de Registro, no interior de São Paulo, e além de locadora de filmes também vende jogos e acessórios para vídeo games, contando ainda com seis televisões com consoles da nova geração como o Playstation 4 e Xbox One. Perspectivas Alecsander Martins, dono do local, se mostra feliz por estar no comando da loja por 13 anos. “Orgulho não seria a palavra correta, mas trabalhamos duro para estarmos ainda servindo aos fiéis clientes. São eles que motivam o funcionamento da Alpha & Ômega”, conta. “Alguns estão com a gente desde pequenos e hoje, casados, trazem seus filhos para escolher filmes. É muito prazeroso ainda estar em funcionamento”, conta Wanda Martins, esposa de Alecsander. Newton Akira, dono da videolocadora Sakura, tam-

“Eu vejo que em, no máximo, cinco anos eu deva fechar a loja” bém de Registro, pensa diferente; ele acredita que o fim desses locais está próximo, e não pensa de maneira muito positiva sobre o futuro. “Eu vejo que em no máximo cinco anos eu deva fechar a loja.” Dono da loja há dez anos, Akira vê um diferencial em locadoras de filmes: os grandes lançamentos. “A Netflix possui filmes mais antigos, mas os lançamentos chegam aqui primeiro.” Alecsander concorda com Newton ao dizer que apenas uma pequena porcentagem dos lucros da loja foi afetada, pois segundo ele os clientes gostam de poder ir à loja e escolher filmes para assistir em seus aparelhos Blu-Ray em casa. O costume de alugar filmes parece se manter pelo menos um pouco mais, mesmo com as facilidades da era digital.

Making Of Essa matéria surgiu, principalmente, pela curiosidade dos responsáveis em saber como as locadoras atuais resistiram após o boom da era digital e a popularização de tecnologias e serviços de streaming. A ideia foi sendo moldada (de como seria feita e de que ponto ela falaria) juntamente com o professor através das aulas. Foram entrevistados os donos de três videolocadoras, de cidades e estados brasileiros diferentes, tentando captar uma opinião mais abrangente sobre o assunto. As entrevistas ocorreram sem grandes imprevistos, apenas com alguma demora para obter a resposta em um dos casos; nos outros as respostas foram imediatas e atenderam os jornalistas de maneira prestativa, pois, nos pareceu ser de interesse deles mostrar a situação que estão, além do prazer em poder falar sobre suas lojas que se mantiveram em funcionamento mesmo após todos os problemas enfrentados nos últimos anos. A matéria gerou, em ambos os jornalistas, um sentimento de nostalgia ao analisar a situação de estabelecimentos que marcaram a vida de muitos jovens que cresceram nos anos 1990 ou no início dos anos 2000. Mostrando, de certa maneira, um - talvez - inevitável fim de uma cultura que marcou época e gerações. Com as condições encontradas, é possivel ver que as locadoras estão com os dias contados.

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5/15/2017 12:57:02 AM


Comportamento

Pokémon Go facilita roubo Distração provocada pelo game deixa os usuários mais suscetíveis à ação dos criminosos

Ele chegou ao Brasil há pouco tempo e vem deixando muitos paulistanos mais expostos ao risco de terem seu celular roubado. O game Pokémon Go exige que o usuário caminhe pelas ruas da cidade, com o GPS do celular ligado, para “caçar” os famosos bichinhos virtuais. Mas em determinadas regiões de São Paulo, como o centro, andar com o celular na mão à busca de pokémons é quase que pedir para ser assaltado. Segundo dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP), o número de roubos em geral na cidade de São Paulo cresceu em agosto de 2016 (mês do lançamento do jogo no Brasil) 11,05% em relação ao mesmo período de 2015. Em entrevista ao portal Exame, o secretário da Segurança Pública, Mágino Alves, apontou o aumento de casos de roubos de celulares como um dos fatores que fizeram crescer os índices de roubos em geral na cidade. “Agora se rouba muito celular, há gangues de bicicletas. O celular sempre foi um objeto caro e fácil de ser levado. O que pode estar acontecendo é que pessoas que não praticavam esses delitos passaram a cometê-los”, argumentou o secretário ao portal Exame. O publicitário Leonardo Izuka, 20 anos, costuma jogar Pokémon Go com frequência. Segundo ele, os usuários sabe dos riscos de brincar com o game pelas ruas da cidade. “Todos nós sabemos de lugares onde é mais seguro jogar, como a Avenida Paulista, mas no jogo existe o “nearby” que 12

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indica se o pokémon está perto ou longe de você e, nesses casos, nos arriscamos em lugares menos seguros”, explica Leonardo. Mesmo a movimentada avenida Paulista, citada por Leonardo, não é totalmente segura para quem quer jogar o game. Uma matéria publicada pelo portal G1 em 04 de agosto de 2016 mostrou que no primeiro dia do lançamento oficial do jogo no Brasil um usuário teve o celular roubado na avenida, ao caçar pokémons, próximo à estação Brigadeiro do metrô. Desatenção O especialista em segurança pública, Diógenes Lucca, 52 anos, que é veterano da Polícia Miltar, aponta dois grandes problemas: a falta de atenção dos usuários do jogo nas ruas e a malícia e rapidez dos bandidos. “O criminoso que comete delitos desse tipo é chamado de oportunista, devido à sorte de estar no local certo na hora certa. Esses criminosos agem com base na distração da pessoa. A pessoa desatenta será um alvo fácil ao assaltante e o jogo leva à distração”

“A pessoa desatenta será um alvo fácil ao assaltante e o jogo leva à distração” Diógenes também afirma que não há lugar seguro para jogar o game. “Não recomendo lugares específicos, o brasileiro é mal-educado em segurança. Cada pessoa conhece seu bairro, ou locais famosos, entre parques e avenidas. O bom senso é

Pedro Sanches

Leonardo Nonis Pedro Sanches Vitor Correa

A distração torna a pessoa uma presa fácil para os criminosos

“O mercado ilegal está pegando fogo, principalmente pela facilidade de vender a mercadoria ou trocar por drogas” muito importante nesses casos, mas falta para os cidadãos. É preciso ficar atento, ter uma consciência crítica de onde se deve jogar ou ir em um determinado local e horário”. Objeto de desejo Jorge Lordello, especialista em segurança pública e privada, destaca, em um artigo publicado no site “Tudo sobre segurança”, a grande procura dos criminosos pelo celular: “O celular é o equipamento eletrônico mais subtraído no país; bateu todos os recordes na estatística policial. Da mesma maneira que o mercado legal de telefonia móvel está tremendamente aquecido, o

mercado ilegal está pegando fogo, principalmente pela facilidade em vender a mercadoria roubada ou trocar por drogas”, explica. Segundo Lordello, o interesse do criminoso aumenta de acordo com o valor do celular. Dicas para evitar que seu celular seja roubado Procure não carregar o celular à mostra em ruas de grande movimento ou no transporte público; Em bares, restaurantes, cafeterias e casas noturnas, evite deixar o aparelho sobre a mesa ou balcão; Não deixe o celular à mostra no interior do veículo; Tente instalar um programa rastreador, pois, em caso de subtração, ele aumentará a possibilidade de localização dos criminosos; Cuidado ao atender chamadas em vias públicas. Procure entrar em um bar ou café para fazê-lo.

Fonte: artigo do especialista Jorge Lordello, no site “Tudo sobre segurança”

Making Of Inicialmente o grupo teve muita dificuldade para escolher um tema que tivesse um real interesse do leitor. Em uma reunião, decidimos escolher como pauta “a segurança dos usuários do aplicativo Pokémon Go na cidade de São Paulo”. Então, a nossa busca por fontes começou, e não foi nada fácil. Tentamos incansavelmente o contato com a Secretaria de Estado de Segurança Pública, porém o órgão não nos deu atenção. Foi aí que surgiu a ideia de falarmos com especialistas em segurança e uma pessoa que joga o game com frequência na cidade. Para melhorarmos o conteúdo, conseguimos conversa em off com um policial militar, que preferiu não ser identificado, mas nos ajudou a entender melhor a questão. Para a obtenção da foto, um dos repórteres se posicionou estrategicamente próximo a um semáforo para fazer um f lagrante de uma pessoa usando distraidamente o celular. Também conseguimos autorização do especialista em segurança Jorge Lordello, para usarmos algumas dicas dele sobre como evitar o roubo do celular. Essas dicas estavam em um artigo que ele escreveu para o site “Tudo sobre segurança”. Assim, conseguimos vencer os obstáculos, realizando a matéria de forma que todos saíssem satisfeitos. DIRETRIZ

5/15/2017 12:57:03 AM


Comportamento

Viciados em apps

Aplicativos trazem benefícios, mas podem se transformar em vício, exigindo tratamento

O uso de aplicativos móveis vem aumentando consideravelmente no mundo e o Brasil é um dos países que mais tem se destacado nesse assunto. De acordo com a Flurry, empresa norte-americana de dados de app e venda de publicidade móvel, as pessoas estão mais “viciadas” nos aplicativos. Uma pesquisa mundial feita pela empresa aponta que cresceu em 58% o uso de apps mobiles em 2015. O número de usuários que passaram a consumir mais aplicativos é alto se comparado com os últimos anos, 20% em 2014 e 10% em 2013. Variedade Um dos destaques no mundo dos aplicativos é o Uber, empresa multinacional norte-americana, prestadora de serviços elétricos na área do transporte privado urbano. O aplicativo oferece um serviço semelhante ao táxi tradicional. O estudante Vinícius Silva, 21 anos, é usuário do aplicativo e destaca suas vantagens: “o tempo de chegada e o preço são acessíveis, dependendo do destino, e o aplicativo oferece também informações sobre o carro”, relata. Segundo pesquisa, um quarto dos paulistanos já utilizou o Uber, e 93% deles avaliaram o serviço como “ótimo” ou “bom”. A mesma pesquisa apontou o aplicativo como o “queridinho” entre os moradores da cidade de São Paulo. No centro, 49% usaram o aplicativo; na zona oeste, 38%; zona sul 29%; norte, 25%; e na zona leste, 21%. DIRETRIZ

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Talita Ferreira

Nayane Baldacci Talita Ferreira

Pesquisa da empresa norte-americana Flurry aponta que em 2015 cresceu em 58% o uso de apps mobiles

Outro aplicativo bastante conhecido e utilizado é o Spotify, serviço de música comercial em Streaming, podcasts e vídeo comercial.

“Gosto do Spotify, porque com ele consigo ouvir músicas e baixá-las com facilidade” Ana Ferreira, 21 anos, auxiliar administrativa, diz ser “viciada” no serviço: “gosto do aplicativo, pois é possível ouvir músicas e baixá-las com facilidade”. De acordo com o psicólogo Ezequiel Bento, 42 anos, o termo “viciado” é usado no sentido pejorativo para caracterizar a pessoa que passa a depender de algo. Segundo Ezequiel, os aplicativos têm suas vantagens e desvantagens e os riscos existem justamente quando a pessoa passa a utilizá-los de maneira compulsiva. “Algumas pessoas tornam-

-se compulsivas, por conta da ansiedade. Esse vício faz com que o indivíduo deixe de interagir com outros, o que é negativo”. De acordo com o psicólogo, o viciado atua e age sempre no extremo. “Ele não tem o prazer de saciar o momento ou aquilo que já tenha conquistado, por isso, procura meios alternativos para obter prazeres e quebrar suas limitações”. O tratamento psicológico ou terapêutico não parte do especialista e sim da iniciativa do indivíduo que, normalmente, percebe suas perdas morais ou materiais. Essas perdas são decorrentes do afastamento familiar, perda de bens, dentre outros fatores.

“Algumas pessoas tornam-se compulsivas por causa da ansiedade”

Controle do vício Quer fugir do vício dos aplicativos? Pois saiba que você pode controlar esse vício usando alguns aplicativos voltados especialmente para isso. Conheça dois deles, que são gratuitos: Menthal Se você quer saber quanto tempo passa com o Android, o Menthal é um aplicativo ideal para isso. Desenvolvido como parte de um estudo realizado por pesquisadores alemães, o programa é capaz de medir o tempo gasto com o telefone e com cada função dele. Além disso, o Menthal conta com pesquisas para medir personalidade e oferecer indicativos ainda mais precisos. Movement Usuários do iPhone também podem ter um app completo para administrar o tempo gasto no celular. O serviço monitora a duração e o número de vezes que o aparelho foi desbloqueado.

Making Of A ideia da matéria surgiu a partir de uma reportagem que vimos no portal G1 sobre os efeitos que os aplicativos causam nos internautas. Começamos, então, a reunir informações preliminares sobre os apps. Encontramos a pesquisa da empresa Flurry que mostrou um aumento expressivo em 2015 de pessoas que usam aplicativos. Uma das dificuldades para o desenvolvimento da matéria foi entrar em contato com a Nora Rosa, professora de Psicologia. A docente informou que estava com a agenda lotada e, por isso, não iria conseguir nos conceder a entrevista. Conseguimos uma resposta afirmativa do psicólogo social, Ezequiel Bento, que disponibilizou parte do seu tempo para nos dar uma entrevista. Em visita ao seu consultório, localizado na cidade de Osasco, foi possível tirar nossas dúvidas sobre o vício em aplicativos. Em relação às pessoas que usam os apps, postamos um aviso no Facebook, solicitando que pessoas compulsivas no uso dos aplicativos entrassem em contato conosco. Conseguimos dois contatos: Ana Ferreira, auxiliar administrativa, e o estudante Vinícius Silva. O objetivo da matéria foi mostrar como os internautas estão cada vez mais viciados em aplicativos. 13

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Cotidiano A rua é a morada Por opção ou falta dela, SP registra mais de 15 mil moradores de rua Camila Moraes Yolanda Reis

“Eu não sou daqui. Sou carioca. Mas não tenho sotaque, então não dá para saber. Eu era mecânico, e aí comecei a mexer com reciclagem. Mas abandonei tudo para não entrar em transe. Não tinha mais o que fazer, mas preciso agradecer. Porque os parceiros começaram a usar droga, mas eu não. Eu ando para tudo o que é lado, e vejo, nas esquinas por aí, todo mundo derrubado. Mas eu não! Você tem que querer, ir atrás, não pode deistir. Sabe, sou evangélico Se eu falar meu nome, você não vai nem acreditar. É Jesus da Silva Teodoro!”. Esta história, contada em meio à lágrimas, é uma das milhares que fazem parte da realidade dos moradores de rua de São Paulo. O nível de desabrigados nas ruas de São Paulo aumentou 82% num período de 15 anos, com o total de 15.905 pessoas em situação de rua, segundo dados de pesquisa feita pela

Fipe/USP em 2015. Jesus da Silva Teodoro faz parte dessa estatística. O censo da população em situação de rua cresce a cada ano. Entre os anos de 2011 e 2015 esse censo aumentou, aproximadamente, em 8%.

“Pra você arrumar um emprego hoje em dia, eles exigem muitas coisas” A faixa etária dos desabrigados na rua varia de 31 a 49 anos, segundo dados da Prefeitura de São Paulo. A mesma pesquisa aponta que 82% dessas pessoas são homens. Moradia O centro da cidade é o lugar mais habitado por pessoas em situação de rua. Na Sé, e região da Luz, estão 52,7%. Em seguida na Mooca, com 11,5%. E em terceiro lugar na extensão da Lapa e Vila

Leopoldina, com 5,6%. De 2011 a 2015, o número de pessoas nessa situação quase triplicou na região, passando de 149 para 409 moradores de rua, segundo dados da prefeitura. Esse aumento, porém, não é à toa. Um dos fatores que potencializa esse aumento é a presença da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), maior núcleo de abastecimento de frutas, legumes, verduras e pescado. A Ceagesp atrai esse público devido ao chamado “fim de feira”, quando os moradores de rua pegam os restos de alimentos descartados pelos comerciantes. Além disso, há a tentativa de emprego, já que feirante é considerada uma profissão de trabalho informal, sem necessidade de qualificação específica, ou requisito de documentação. “Pra você arrumar um emprego hoje em dia, eles exigem muitas coisas que às vezes nem precisa. Se você me ensinar a Camila Moraes

Jesus Teodoro: parte de uma triste realidade

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fazer uma coisa eu aprendo”, conta Sérgio, 41. Centros de Acolhida Atualmente em São Paulo, a prefeitura disponibiliza 10 mil vagas em abrigos, para que as pessoas em situação de rua possam passar a noite. Apesar dos serviços oferecidos pelos centros de acolhida - local para repouso, higiene pessoal, alimentação, roupas limpas -, a maioria dos desabrigados ainda prefere ficar nas ruas, por terem de abrir mão de seus objetos pessoais; também são frequentemente roubados enquanto dormem. “Não dá pra seguir as regras desses lugares, eles são muito exigentes”, reclama Cleyton da Silva, 33 anos.

“Você tem que querer, ir atrás, não pode desistir”

O horário estabelecido pelas instituições não é conveniente na visão dos moradores de rua. A entrada é permitida das 16h às 21h, para não incomodar quem já está descansando. Mas o problema mesmo é com o horário da saída, entre 6h e 7h, o que se torna inviável para os desabrigados, que na rua, têm total autonomia. Outro fator que influencia na decisão, é a impessoalidade e discriminação que essas pessoas sofrem dentro dos albergues. “Eu mal chego lá e já me olham estranho, me chamam de vagabundo”, conta Fernando Souza, que já tentou pernoitar em abrigos, mas chegou à conclusão de que é melhor permanecer na rua. “Pra mim, a individualidade é essencial, na rua não tem frescura, aqui eu tenho liberdade.”

Making Of No princípio, nossa matéria falaria sobre literatura fantástica no mercado editorial brasileiro. Chegamos a entrevistar Ana Paula Hook, tia da Camila e autora do livro “Phillipe Oak e as Torres Invertidas”. Em seguida, mandamos e-mails para outros autores e editoras, mas não obtivemos respostas.Resolvemos mudar drasticamente a pauta, e focar em moradores de rua e suas histórias. A pauta nasceu depois de lermos a matéria do portal da TV Brasil que indicava o aumento de moradores de rua no Rio de Janeiro. Então trouxemos isso para São Paulo. Primeiro, levantamos dados sobre o assunto no site da prefeitura, e achamos um documento feito pela Universidade de São Paulo, em 2015. Confirmado o crescimento, fomos às ruas falar com as pessoas nessa situação. A reação das pessoas que contatamos foi diversificada. Parte delas negou-se a falar conosco, achando que ironizávamos sua situação. O entrevistado mais receptivo foi Sérgio. Percebemos a relutância dessas pessoas em passar sua identidade verdadeira. Sobrenome e idade são pouco citados. Outra pessoa que entrevistamos foi Jesus Teodoro. Durante a entrevista, o morador de rua se emocionou pelo simples fatos de falarmos com ele. Isso nos deu forças para continuar com as entrevistas. Apesar de termos escrito a matéria apressadamente, ficamos satisfeitas. E o professor também.

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Cotidiano

Shoppings populares Comércio ambulante avança e camelôs defendem presença em regiões centrais

Diante da recessão econômica e do crescimento da taxa de desemprego, (cerca de 11,8% no terceiro semestre, segundo o IBGE), o número de trabalhadores informais tende a crescer. De acordo com o Sindmei (Sindicato dos Ambulantes, Camelôs, Autônomos e Microempreendedores Individuais do Estado de São Paulo), desde o começo deste ano o trabalho autônomo cresceu cerca de 20%. A falta de opção de emprego leva trabalhadores a migrarem para esse setor, como foi o caso de Luís Aparecido, que trabalha há 30 anos com artesanato, mas acabou atuando nessa área por acaso. “Minha profissão de engenheiro de solo deixou de existir há muitos anos, então comecei a trabalhar com o meu hobby.” Apesar de muitos trabalhadores recorrerem ao trabalho informal como alternativa para fugir da crise, o número de vendas tende a cair com a atual situação econômica do país. “As vendas caíram, pois, se a galera não recebe, a gente não vende”, afirma Paloma Silva que trabalha na Av. Paulista vendendo bijuterias há dois anos. Outra dificuldade encontrada, principalmente pelos camelôs, é a legalização do trabalho. “Todos os trabalhadores querem ser legalizados, mas a prefeitura não tem uma diretriz para a organização desses profissionais. Se não tiver uma gestão DIRETRIZ

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compartilhada, não vai ter como organizar”, conta José Arthur Aguiar, representante do Sindmei. A gestão compartilhada seria a fiscalização da lei 11.039 por parte da prefeitura em conjunto com os sindicatos. A lei é responsável por regulamentar o trabalho dos ambulantes, criando um espaço na rua para cada profissional. Neste caso, cada trabalhador só pode instalar seu ponto de venda cinco metros de distância do outro vendedor.

“Esses shoppings populares já existiram, porém não deram certo, pois ficavam longe de áreas centrais” Camelódromos A alta taxa de desemprego no Brasil foi o motivo que levou o prefeito da cidade de São Paulo, João Doria (PSDB), a anunciar a ideia de retirar ambulantes da rua para colocar em “Shoppings do Povo”. A ideia divide opiniões. Para José Arthur Aguiar, esses camelódromos ou shoppings populares já existiram. “Porém não deram certo, pois ficavam longe de áreas centrais e dependiam de TPU (termo de permissão de uso para comércio ambulante).” Para a economista Patrícia Abud, as vantagens da retirada dos camelôs das ruas seriam diversas, en-

Gabriela Egea

Gabriela Egea Júlia Palas

Stand do vendedor ambulante Luis Aparecido, na Av. Paulista

tre elas a segurança para vendedores e compradores. “A segurança tanto dos vendedores quanto dos clientes também deve aumentar, principalmente se for no formato de shopping que vai exigir uma estrutura mais profissional”. Não é primeira vez que um prefeito da cidade de São Paulo tem um projeto de retirada de camelôs das ruas. O primeiro a fazer isso foi Celso Pita em 1997; na época esses shoppings eram chamados de Popcenter. Alguns lugares no cen-

“A Paulista tem fluxo grande de gente. Nem todo mundo entra dentro de numa loja, mas na rua todo mundo passa e vê”

tro da cidade são marcados pela presença de diversos camelôs, como a 25 de março, Bom Retiro e Av. Paulista. Visibilidade Segundo o representante do Sindmei, a maior concentração de camelôs e ambulantes é no Brás, devido aos grandes Shoppings voltados àquela região. O que leva alguns trabalhadores a escolherem essas regiões mais centrais é a visibilidade. “A Paulista tem f luxo muito grande de gente, aqui nem todo mundo entra numa loja, mas na rua todo mundo passa e vê”, conta Adriana Martins, que trabalhava como designer de joias, mas há cerca de um ano começou a vender bijuterias na Av. Paulista. Para Luís, a grande vantagem de trabalhar na Paulista é o público em si. “É um público eclético, tem pessoas tanto do Brasil inteiro como do mundo”.

Making Of As dificuldades para a realização dessa matéria foram diversas. Inicialmente a nossa pauta era sobre violência contra mulher. Para a realização da matéria tentamos entrar em contato com o coletivo feminista de sexualidade e saúde, mas infelizmente não conseguimos ninguém que pudesse nos atender para a realização da entrevista. Tentamos mais uma vez dando enfoque nas frentes feministas das faculdades e obtivemos apenas uma entrevista. Faltando uma semana para a entrega final da matéria, mudamos totalmente nossa pauta para o trabalho informal, devido a seguinte notícia: “Doria diz que vai tirar camelôs das ruas de São Paulo”, publicada no jornal Estadão. Nossa ideia inicial era dar enfoque em quais seriam os benefícios ou malefícios dessa ideia. Para execução da matéria, entrevistamos uma economista, um representante do Sindmei e ambulantes na Av. Paulista. Não tivemos grandes dificuldades, pois combinamos previamente as entrevistas com a economista e com o representante do sindicato. Como na Paulista há uma grande concentração de vendedores ambulantes, também não tivemos dificuldade para obter entrevistas. Durante a elaboração da nossa matéri,a percebemos uma mudança no enfoque inicial (projeto do Doria), para as dificuldades dos trabalhadores informais na época da crise, por ser um assunto mais expansivo.

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Cotidiano Descuido com a praça

Práticas de vandalismo têm provocado o descontentamento da vizinhança e dos visitantes da praça do pôr do sol

De Praça à Parque No ano passado a pressão exercida por entidades como a Avisol (Associação de Vizinhos da Praça Pôr do Sol) e a Assap (Associação dos Amigos do Alto de Pinheiros) fez com que a gestão do então prefeito Fernando Haddad sancionasse um decreto responsável por oficializar a 16

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“O pessoal vai lá, acende fogueira e destrói toda a área verde. Hoje a Praça virou um terrão” Em entrevista à Folha de São Paulo, Maria Helena Bueno, 73, presidente da Assap, mostra descontentamento com a rotina do local. “Está cada vez pior. Mais gente, mais bagunça, mais barulho. Além dos drogados todos, há pessoas fazendo necessidades fisiológicas nas portas das casas”. João Dória, atual prefeito, ainda não se manifestou em seus discursos sobre o assunto. Prós e contras Mylena Araújo Ferreira, 19, estudante de Publicidade e Propaganda e frequentadora da Praça desde 2014, conta um pouco sobre os aspectos positivos e negativos do ambiente. Entre suas experiências no lugar, a universitária ressalta um

Lixo encontrado na Praça Pôr do Sol

momento em que foi à praça com os amigos assistir a uma banda instrumental da Hungria. O show foi gratuito e todos que estavam lá colaboraram com silêncio para que os artistas pudessem se apresentar. “É muito legal, fora isso, gosto de ir lá, porque é um lugar de fácil acesso e com uma vista maravilhosa”, completa. Confrontada à respeito das reclamações da vizinhança, Mylena complementa que, de fato, há um público com hábitos desrespeitosos, porém esclarece que esse público

“O problema não está na praça, está no povo que é mal-educado mesmo” vai à praça de madrugada, quando os bares da Vila Madalena fecham. Fora as queixas habituais, há também descuido com a grama do lugar. “O pessoal vai lá, acende fogueira e destrói toda a área verde, hoje a Praça virou um terrão”, lamenta a jovem. Victória Johanna

No bairro Alto de Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo, localiza-se um importante ponto de lazer da cidade. A vista panorâmica transformou a Praça Coronel Custódio Fernandes em um ponto turístico da região. Com o número exponencial de frequentadores, o ambiente ficou conhecido como “Praça Pôr do Sol”. O endereço, no entanto, tem sido alvo de controvérsias nos últimos quatro anos, período em que seu movimento tomou maiores proporções, trazendo uma série de questões desagradáveis à vizinhança. As principais queixas se dão por conta dos luais e pancadões, geralmente acompanhados de música alta, lixo no chão, necessidades fisiológicas sendo feitas em lugares inadequados, uso de drogas e constantes assaltos, além da rotina dos moradores sendo condicionada por carros obstruindo sua garagem. José Carlos de Almeida, 40, vigia da Praça há 3 anos, relata que foi confrontado por um grupo de homens por ter advertido uma menina que estava urinando em ambiente público. “O problema não está na praça, está no povo que é mal-educado mesmo”, complementa o funcionário.

Praça Pôr do Sol como área verde. A proposta consistia em alteração na nomenclatura, que deu à Coronel Custódio Fernandes título de praça, e infraestrutura com implementação de sanitários, bebedouros e administração. A gestão do parque passou da Secretaria de Coordenação da Subprefeitura para a Secretaria do Verde. Nota-se hoje, contudo, que não houve alteração na estrutura. Em junho de 2016, a Prefeitura emitiu uma nota atribuindo a falta de limpeza na praça às constantes chuva.

Victória Johanna

Victória Johanna Leonardo Olavo

Making Of Um dos integrantes da dupla, ao pegar carona com uma colega de faculdade, tocou no assunto passeios no fim de semana. Foi falado sobre um famoso local, na Zona Oeste de São Paulo, conhecido popularmente por Praça Pôr do Sol. O lugar sobre o qual havíamos comentado foi parte do trajeto de volta para casa. Esse fato somado a uma matéria que encontramos sobre a revitalização da Praça nos levou à pauta dessa reportagem. O objetivo foi abordar a situação do local, levantando opiniões de quem o frequenta. Mostramos à professora a importância da pauta, destacando como jovens estudantes têm esse ambiente como palco para lazer e entretenimento. Conseguimos como fonte uma indicação de uma moradora da região. A entrevista foi realizada por gravação. Conseguimos os relatos de Mylena, em uma conversa virtual. Ao visitarmos o recinto para conseguirmos imagens, nos deparamos com José Carlos de Almeida, vigia da praça, que nos proporcionou uma entrevista, relatando suas experiências enquanto segurança do local. Para ilustrarmos melhor as críticas sobre atos de vandalismo na praça, optamos por extrair, de uma matéria publicada pela Folha de São Paulo, um comentário de Maria Helena Bueno, presidente da Associação dos Amigos do Alto de Pinheiros. Tentamos entrar em contato com ela, entretanto os horários não coincidiam. DIRETRIZ

5/15/2017 12:57:07 AM


Cotidiano

No contrafluxo Faixas reversíveis implementadas em São Paulo auxiliam o trânsito da capital Gabriel Grigoli Juliano Passaro

As faixas reversíveis foram implementadas na capital paulista em 1986, sendo elas de livre uso para qualquer tipo de veículo. A partir de 2014 algumas das faixas passaram a ser exclusiva para ônibus e táxis com passageiro. Hoje as faixas exclusivas para transporte público superam as de uso comum, somando 14 faixas contra 8 respectivamente. São Paulo já conta com mais de 23 mil metros de extensão de faixas reversíveis. Voz do especialista Para o engenheiro de tráfego e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, João Cucci Neto, o motivo de se montar uma faixa reversível. É que normalmente durante os horários de pico há um desequilíbrio entre a demanda, que são os veículos, e a oferta, que é o sistema viário. “A faixa reversível entra como uma medida temporária para aumentar a oferta e amortizar aquela demanda extra”, analisa o engenheiro. Segundo o professor, são necessários certos cuidados quando se monta uma faixa desse tipo, e um deles é a sinalização. “É um problema sério, o pedestre está habituado a olhar para o sentido do fluxo. Quando você não tem sinalização ou um agente de trânsito numa passagem de pedestre, o risco de atropelamento aumenta muito, e isso não pode acontecer”, esclarece. Como toda medida provisória de trânsito, as faixas são feitas com intuito de clarear prontamente as passagens, não apenas para transportes públicos, mas também para veículos particulares. No entanto, é preciso ter cuidado para não se criar um novo problema, DIRETRIZ

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“Se você monta uma reversível, você tem que garantir a segurança, principalmente do pedestre, e também tomar cuidado para não criar apenas um novo gargalo, deslocando o problema já existente para ter um efeito de redução de filas.”, explica Cucci. Sérgio Gomes, agente de

“Quando você não tem sinalização ou um agente de trânsito numa passagem de pedestre, o risco de atropelamento aumenta muito”

trânsito da CET, conta que às vezes é necessário estender o horário das faixas em determinados pontos da cidade, como na região da Casa Verde, onde o agente atua.” O horário da faixa reversível aqui é das 6h às 9h, mas às vezes temos que deixar até as 10h para desafogar um pouco o congestionamento.” Pessoas que moram em regiões que utilizam esse artifício para reduzir a lentidão nas avenidas confirmam a melhoria. É o caso de Egilson Silva, 36, cabeleireiro. Ele conta que, desde a implantação da faixa reversível em horário de pico na Avenida Guarapiranga (zona sul de São Paulo), o trânsito melhorou, mas ainda falta sinalização para pedestres. “Ajudou bastante a desafogar o trânsito, mas faltam pessoas para instruir”, diz o cabelereiro. A preocupação com acidentes é evidente, tanto por parte dos pedestres, quanto dos motoristas. Luiz Alberto Dias,

Making Of

Ônibus utiliza faixa reversível na ponte da Casa Verde, ZN.

empresário, 43 anos, conta que a sinalização está sempre presente nos trechos que ele percorre, mas, segundo ele, sem a ajuda de um agente de trânsito as pessoas podem facilmente se confundir com o fluxo da faixa e acabar se envolvendo em algum tipo de acidente. O funcionamento das faixas tem seu início entre 5h30 e 6h30 e pode ser mantida ate às 21h em determinados locais da capital onde o trânsito necessita de uma atenção maior. Todo o fluxo gerado pelas faixas tem sempre como sentido o centro de São Paulo. Na parte da manhã, as reversíveis têm como propósito melhorar o congestionamento dos bairros no sentido centro e, à noite, no sentido bairro.

“Ajudou bastante a desafogar o trânsito, mas falta pessoas para instruir”

Demais funções Esse método para driblar o grande congestionamento é utilizado hoje em dia apenas nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, onde o trânsito é mais carregado. No Rio de Janeiro essa medida é mais recente. O uso das faixas não se restringe a desafogar o trânsito. Elas também podem ser utilizadas quando ocorre algum tipo de acidente que feche uma ou mais pistas, ou caso haja obras na via. Outros países que se utilizam da faixa reversível são Canadá e Nova Zelândia. A Companhia de Engenharia de Tráfego, órgão responsável pelos dados de trânsito, diz não ter números sobre acidentes em faixas reversíveis. Em resposta a um questionamento de nossa reportagem por meio da Lei de Acesso à Informação, a CET esclareceu que não há estudo específico sobre as reversíveis e que os impactos no trânsito são evidentess nos resultados por região.

A escolha da pauta se deu a partir da observação de algo que está presente em nosso dia a dia, mas que muitas vezes passa de maneira despercebida. Notamos que, em determinadas partes de avenidas com faixas reversiveis, apenas veículos de caráter coletivo utilizavam as faixas . Foi a partir daí que decidimos procurar saber a diferença entre as faixas, as melhorias trazidas por elas e também os pontos negativos dessa manobra de trânsito. O primeiro estágio da matéria foi localizar e entrar em contato com as fontes. A mais importante foi a Companhia de Engenharia de Tráfego, a CET. Utilizamos a Lei de Acesso a Informação para pedir dados levantados por eles sobre as faixas. Obtivemos a resposta em duas semanas. Após recebermos a resposta da CET, procuramos especialistas no assunto, os engenheiros de trânsito. Entramos em contato com diversos profissionais até chegarmos ao professor de Engenharia de Tráfego João Cucci, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Marcamos uma entrevista com o professor no prédio de Engenharia . Ao sair para fazer fotos das faixas, um dos integrantes encontrou um agente de trânsito da CET, Sérgio Gomes. Entrevistamos também alguns pedestres e passageiros que utilizam as faixas reversíveis.

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Cotidiano

Reforma no ensino médio

Sindicato dos professores de São Paulo desaprova a medida provisória do governo federal

O governo federal anunciou mudanças no sistema de ensino e, dentre elas, se encontra uma alteração radical no sistema curricular no ensino médio. A proposta visa manter o aluno na escola em tempo integral, além de trazer de volta os que estão fora dela. O governo prometeu investir R$ 1,5 bilhão para que essa meta seja alcançada. A mudança prevê a ampliação da carga horária mínima anualmente de 800 horas para 1,4 mil horas. Até 2024, 50% das escolas pertencentes ao ensino integral e 25% das matrículas no Ensino Fundamental estarão no mesmo modelo, segundo a previsão do Plano Nacional de Educação (PNE). No projeto, o aluno terá de cursar disciplinas básicas que não poderão ultrapassar o limite de 1,2 mil horas por ano, e outras optativas em que o aluno terá a liberdade de definir sua própria grade, de acordo com seu perfil. Sociologia e Educação Física estão entre as optativas. O principal objetivo é que o estudante concilie os temas vistos em sala de aula com questões práticas da vida profissional, exatamente por isso, o jovem terá aulas teóricas e práticas, que acontecerão no período normal. Prós e contras Embora a ideia seja a de trazer os alunos de volta à escola, muitos se opõem a essas mudanças e afirmam que elas não trarão melhorias. O Sindicato dos Professores de São Paulo (Apeoesp), por exemplo, é contra. Segundo a professora Maria Izabel Azevedo Noronha, presidente da entidade, a proposta não resolve nenhum dos problemas centrais do ensino 18

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“Não aceitamos que exista uma escola para pobres e outra destinada a formar os filhos da elite” médio. “Ao contrário, ao adotar soluções simplistas, cria novos problemas que poderão ampliar ainda mais as deficiências hoje existentes. Haveria uma redução drástica do conceito de Base Nacional Comum Curricular.Primeiramente, porque os estudantes apenas no primeiro ano teriam a formação geral comum. Apenas Português, Matemática e Inglês seriam componentes curriculares nos três anos do ensino médio”, explica a professora. Para a dirigente sindical, a mudança trará à tona a questão de que existe um ensino diferente para as classes trabalhadoras e para as elites. “Esta proposta contém a mesma concepção de exclusão do ensino médio que tínhamos no passado, quando havia uma escola para os filhos da classe trabalhadora, com uma formação mais voltada para o mercado de trabalho, e outra para os filhos da elite, que garantia uma formação mais geral, com vista ao acesso às melhores universidades, ao mundo dos negócios e aos mais altos cargos da administração pública. Não aceitamos que exista uma escola para pobres e outra destinada a formar os filhos da elites.” Qualidade Ela acrescenta que, “se prevalecer uma reforma que desobriga o Estado de assegurar as mesmas oportunidades educacionais a todos os estudantes, não há como preservar o Enem como o grande caminho

Thalita Felipe

Diego Romão Garcia Thalita Felipe de Almeida

Sede da APEOESP na Praça da República

de oportunidades ao ensino superior”. A Apeoesp defende a implementação do Custo Aluno Qualidade (CAQ), indicador que reúne todos os elementos para mensurar o investimento necessário para assegurar a qualidade do ensino. O CAQ está previsto no PNE e no Plano Estadual de Educação (PEE). O sindicato, que tem atuado em várias frentes contra a medida provisória do ensino médio, também defende uma escola que seja mais atrativa para os alunos e na qual os professores tenham mais tempo para ministrar o conteúdo. “A expansão das escolas de tempo integral não pode ser imposta. Não adianta mais tempo dentro da escolar, se ela for chata, sem estrutura adequada. Se não se equipar mais as escolas, possibilitar que os professores tenham melhores salários e que tenham mais tempo para receber formação constante, não haverá avanços”, complementa Noronha. O professor e diretor da escola estadual Flaminio Fávero, Leandro Campos, acredita que a reforma pode dar certo na condição de ser aplicada corretamente, porém, ressalta que

“Todas as disciplinas são importantes, e se foram ministradas até agora, é porque contribuem com a formação do estudante” as disciplinas optativas poderão fazer falta para o estudante no futuro. “Todas as discplinas são importantes, e se foram ministradas até agora, é porque contribuem para a formação do estudante. As aulas práticas, se aplicadas de maneira eficiente no currículo estudantil, trarão um enorme ganho para esses jovens ingressarem mais bem preparados no mercado de trabalho.” O educador também vai na mesma linha quando fala sobre o ensino em tempo integral. Para ele, o tempo escolar precisa ser melhor aproveitado.

Making Of O gancho para essa reportagem foi uma notícia que tratava do discurso do apresentador Fausto Silva, em seu programa “Domingão do Faustão”, na Rede Globo, referente à medida provisória de reforma no ensino médio. O apresentador criticou o plano do governo federal. Decidimos, então, falar sobre essa medida e as mudanças que a proposta trará para a educação, expondo todas as informações de maior relevância, além das opiniões e explicações de profissionais da educação a respeito deste assunto. Na pauta, definimos todos os tipos de fontes que teríamos que ouvir e fizemos uma breve descrição sobre o conteúdo do tema tratado. Pensamos em todos os detalhes para a estruturação da matéria, fomos atrás das fontes e percebemos que não iríamos conseguir entrevistar todas a tempo. O problema foi que só nos demos conta disso, quando já estava em cima da hora. No entanto, entramos em contato com uma fonte que já estava nos planos e conseguimos outra que aceitou dar o seu posicionamento. Em seguida, só tivemos o trabalho de estruturar o texto da matéria e, depois, diagramá-lo. DIRETRIZ

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Cotidiano

Caratê Olímpico Atletas de diferentes estilos lutam pela unificação do esporte para Tóquio 2020 Luan Simões Yuri Pedro

Murilo Trindade Silva, 17 anos, mais conhecido como Mônica devido a aparência semelhante a garotinha dos gibis de Maurício de Souza, esboça um sorriso que vai que de orelha a orelha. Campeão Brasileiro de Muay Thai e Vice Campeão Paulista de Caratê, faz diariamente diversos tipos de luta e treinos funcionais. Após o treino de uma hora e meia num sábado ensolarado no Parque Villa Lobos, Mônica cedeu uma entrevista. Muito empolgado para acabar o terceiro ano do colegial e ingressar na faculdade de nutrição, Murilo, que treina na academia Fight Point, falou sobre o sonho de participar como atleta de Caratê nas olímpiadas de Tóquio em 2020. “Já conversei com meu mestre, o Iuri, e ele falou que se der tudo certo vamos dar tudo e cair matando para daqui a quatro anos estarmos no Japão”. Com a decisão do COI (Comitê Olímpico Internacional) para inclusão do Caratê como modalidade olímpica em 2020, a federação brasileira de Caratê trata agora, junto com líderes dos diferentes estilos espalhados pelo mundo, de chegar a um consenso de como o esporte será representado no evento olímpico. “Existe agora uma conversa muito grande entre a Rússia, o Japão e o Brasil para a unificação do Caratê”, disse o professor Sérgio Pipek, faixa preta em três estilos de Caratê de contato diferentes: Kiokuchin, Thoshinkai e Toeikan. O carateca afirma que ninguém no esporte dá o braDIRETRIZ

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ço a torcer. “Cada um puxa para o seu lado na hora da discussão. Mesmo assim, após anos tentando tornar a arte marcial uma modalidade olímpica, finalmente hoje os atletas podem comemorar”, disse Pipek. Embora os diversos estilos de caratê trabalhem a questão da disciplina e da saúde, alguns focam mais no contato e na luta, enquanto outros focam mais na técnica e nos sentidos espirituais do corpo.

“Existe uma conversa muito grande entre a Rússia, o Japão e o Brasil para a unificação do Caratê” A atleta Fabiana Campos, de 42 anos, 11 deles praticando o Caratê, diz que, no começo, via o esporte mais pelo lado do condicionamento físico, mas, depois de algum tempo, tomou gosto e decidiu abraçar completamente o esporte. Também formada faixa preta, Fabi, como é chamado pelos colegas, tem um projeto social em andamento para incentivar as crianças carentes a fazer o Caratê. “Já tem alguns patrocinadores para incentivar as crianças carentes a fazer o Caratê, porque não é só o físico, Caratê é mental também, né”. Fabi, que sofre de depressão há alguns anos afirma que uma das saídas foi praticar o Caratê. Segundo a atleta, isso a ajudou a ter mais autoconfiança e a se livrar cada vez mais dos remédios. Hoje em dia, seu único medica-

Making Of

Murilo Trindade Silva, o Mônica, treina para medalha olímpica

mento é o Caratê. A partir de exemplos como o de Fabi, nota-se cada vez mais que o esporte é utilizado como forma de cuidar da saúde física e também mental, funcionando muitas vezes como um ˜remédio natural˜. O mestre de Murilo, Iuri Messias, 42 anos, professor de Caratê Toeikan há 20, afirma que o esporte tem tudo para crescer agora que se tornou modalidade olímpica. Dono da academia Fight Point, na zona oeste de São Paulo, o “shihan”, nome atribuído apenas a professores que alcançam o quarto grau após a faixa preta, diz ainda que apoia a unificação. “No ano passado, fui três vezes campeão paulista em várias organizações, então, se unificar não teremos vários campeonatos. Com isso a gente valoriza mais o atleta”, comentou. Mas, segundo ele, os alunos devem se

preparar firmemente durante os próximos quatro anos se quiserem ingressar nas Olimpíadas e trazer o máximo de medalhas possíveis para o Brasil.

“Vamos dar tudo para daqui a quatro anos estarmos no Japão” “O que eu tenho mais orgulho é ver pessoas se formando, que conseguiram uma meta e tem um objetivo”, diz Iuri. Com quatro anos pela frente, o debate sobre a unificação do Caratê não tende a ser fácil. Embora a ansiedade dos atletas sobre as decisões seja grande, a alegria de participar de uma olímpiada pela primeira vez é muito maior.

A escolha da pauta “Estilos de Caratê buscam Unificação” surgiu quando vimos uma notícia no Uol falando sobre as cinco novas modalidades olímpicas definidas para as Olimpíadas de Tóquio em 2020. Após uma conversa, escolhemos falar sobre o Caratê devido ao conhecimento da arte marcial de um dos integrantes da dupla. Após ler diversas matérias sobre o assunto, decidimos marcar as entrevistas com três professores e um dos alunos que pretende participar das Olimpíadas. Em cada uma delas encontramos histórias e opiniões diversificadas que foram essencias para a construção da matéria. A partir das conversas com os entrevistados, decidimos abordar a questão da necessidade de unificação do esporte para poder ingressar de fato nas Olimpíadas. Para organização pessoal da dupla, decidimos transcrever os áudios das entrevistas que haviam sido gravadas no celular e assim efetuar a produção da matéria. Mesmo com o processo de unificação ainda em andamento, é muito interessante ver o quão significante é, tanto para os atletas como também para os professores da arte marcial, ver o esporte se tornar uma modalidade olímpica, ainda que temporariamente. Acreditamos que isso foi a motivação principal para produzirmos a matéria.

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Cultura

Mais cultura em São Paulo

Edificação histórica em restauração já abre espaço para exposições

Localizada no bairro da Bela Vista, região central de São Paulo, a Vila Itororó, conjunto formado por mais de dez casas, vem passando por um processo de restauração desde 2013, quando a Secretaria Municipal de Cultura autorizou uma intervenção para que não houvesse uma perda definitiva do conjunto, por causa da deterioração das estruturas. A vila está sendo transformada em um espaço cultural. Mesmo com as obras em andamento, algumas casas já estão sendo utilizadas para exposições e atividades culturais. A Vila Itororó começou a ser construída pelo empresário Francisco de Castro no início do século XX, depois que ele inaugurou seu palacete, principal obra do projeto. Nela, implantou outros dez edifícios voltados para locação. Com a morte de Castro, a Santa Casa de Indaiatuba herdou a vila. Desinteressada, a instituição interrompeu as manutenções. Os boletos de aluguel não eram mais enviados aos moradores, e a Vila se transformou em um cortiço. Para que a restauração acontecesse, a Secretaria de Cultura garantiu pequenos apartamentos em conjuntos habitacionais para os antigos inquilinos. Essas famílias lutaram dez anos para que as novas moradias fossem localizadas na região central da cidade e não em bairros afastados. Depois de desapropriadas as casas da Vila Itororó, algumas famílias encararam o resultado como vitória total por conseguiram moradia no centro. Outras consideraram a vitória parcial, por acharem que o 20

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projeto não faz sentido, uma vez que a vila já abrigava mais de 60 pessoas que também produziam sua cultura ali dentro, através de grafite, saraus, festas e casamentos. Ainda não se sabe quando o projeto ficará pronto, já que ele é inteiramente financiado pela Lei Rouanet. Os organizadores do projeto procuram constantemente patrocinadores que estejam interessados em direcionar o dinheiro de seus impostos para a con-

“É importante ter um espaço assim aqui em São Paulo, nossa cultura precisa disso” clusão do espaço cultural. De acordo com Franchesca Tedeschi, 24 anos, membro do projeto, a obra conta com uma boa quantidade de patrocinadores. “O dinheiro chega por parcelas e, de acordo com o valor dessas parcelas, estabelecemos qual edificação será restaurada no momento.” O que se sabe é que o palacete será o último a ser restaurado. “É uma estratégia. Como o palacete é a menina dos olhos, seria muito mais fácil conseguir um patrocinador disposto a bancar o restauro dessa edificação e, por consequência, seria mais difícil salvaguardar as outras casinhas”, explicou Franchesca. A casa 11, uma das instalações da Vila, foi a primeira a ser restaurada pelo projeto, porém ainda não se sabe ao certo qual será sua finalidade, mas a principal proposta em discussão é a divisão da

Crédito da foto

Giovana Misson Roberta Tokunaga

O palacete da Vila Itororó

casa em 11 blocos, cada um deles destinado a um programa cultural diferente.

“O palacete é a menina dos olhos” Galpão Cultural Enquanto as restaurações não são finalizadas, o instituto Pedra, responsável pelo projeto arquitetônico, construiu um galpão que não é originalmente da edificação da Vila. “Seria interessante ter um quarto acesso ao miolo de quadra, e precisávamos de um espaço pra instalar um canteiro de obra”, conta Franchesca. Porém, o local foi além, e hoje é considerado um experimento cultural, onde a equipe discute com as pessoas que utilizam o espaço qual será o papel da Vila e quais atividades culturais serão desenvolvidas. Hoje, o galpão também é utilizado por artistas de circo, skatistas, atores de teatros e por aqueles que se

interessarem pelo espaço. O local fica aberto de terça feira a sabado e é fechado nos feriados. Porém, as visitações ao local só ocorrem às quintas e sextas às 16 horas. A entrada é gratuita e o indicado é chegar 15 minutos antes do horário para garantir o ingresso. Visitantes Camila Vita, 19 anos, estudante de Direito na Universidade Estadual de São Paulo (UNESP), soube do local através de uma amiga, e está ansiosa para ver a restauração finalizada. “Acho importante ter um espaço assim aqui em São Paulo, precisamos disso, nossa cultura precisa disso, espero ver logo tudo pronto”, disse Camila. Raphael Ferreira, 19 anos, em seu horário vago, já frequenta o espaço para praticar manobras de skate. “Aqui é ótimo pra treinar, porque o espaço é muito grande e não tem tanta gente andando por perto.” Ferreira diz sentir também um fascínio pela história do local.

Making Of Ficamos sabendo da Vila Itororó por meio de uma amiga entusiasmada com a reforma no conjunto histórico. Pesquisamos mais sobre o espaço na internet e, ao ver as fotos do local, não tivemos dúvidas de que falaríamos sobre isso, pois achamos importante ressaltar mais a ideia de projetos culturais na mídia. Como jornalistas devemos sempre ouvir ambos os lados de uma notícia, por tal motivo tentamos ao máximo entrar em contato com ex-moradores do bairro, pois a questão que envolve a vila é maior do que uma restauração. Apenas eles saberiam contar o sentimento que tiveram ao deixar o local, porém não obtivemos os resultados esperados. Na semana seguinte, realizamos a entrevista com uma das organizadoras do projeto. Essa visita durou cerca de duas horas, tempo suficiente para conhecer toda a história da vila, os planos. Para ela, além de visitar todos os espaços, tanto o galpão quanto o canteiro (parte que está sendo restaurada), e ainda tirar fotos. Também realizamos entrevistas com alguns jovens, que estavam no espaço destinado a ensaios de circo, teatro, dança, esporte, e tantas outras atividades. Por fim, ao concluirmos nossa matéria, percebemos que, além de ficarmos sabendo mais sobre cultura, aprendemos um pouco sobre a história da capital paulista. Uma visita à Vila Itororó é um passeio cultural que vale a pena fazer. Principalmente para aqueles que gostam de conhecer novas histórias, lugares e culturas. DIRETRIZ

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Cultura

Preço da diversão

O aumento no preço dos ingressos de festivais causa reações do público Marcela Del Nero

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“Se não tivesse meia entrada para estudantes, não teria condições de pagar 900 reais mais o preço da passagem” produtos à venda dentro dos festivais sofrem inflação. Porém o motivo é outro, a maioria dos produtos é de apenas uma marca e não havendo competição,

os preços aumentam e o público não tem outra alternativa além de consumir os produtos oferecidos pela produção do evento. Dilvulgação A divulgação também sofreu alteração, enquanto jornais e revistas costumavam ser o principal veículo, atualmente a internet é dominante. Comparado com outros países como Estados Unidos e Inglaterra, o Brasil não tem tantas oportunidades de shows internacionais, portanto quando ocorre, os eventos são divulgados com no mínimo três meses de antecedência e assim que liberados, os ingressos esgotam rapidamente. Emoção à flor da pele Independentemente do preço pago, o maior objetivo de qualquer festival é a diversão envolvendo a música. O público é imerso em uma experiência musical que dura mais de 12 horas. O ambiente amplo e aberto propõe o sentimento de liberdade, não pensar em nada além de

aproveitar o momento. A aproximação do artista com o público é um dos principais argumentos abordados pelos espectadores, além da interatividade com pessoas que compartilham do mesmo gosto musical. “A sensação de estar em um festival é contagiante, você consegue fazer amizade com diversas pessoas que provavelmente compartilham do mesmo gosto musical que o seu” comenta Cibele Carla, estudante de jornalismo. Para Cibele, que frequen-

“A sensação de estar em um festival é contagiante” tou a maioria dos festivais realizados no Brasil, ver os seus cantores preferidos ao vivo é uma sensação indescritível e ela acredita que festival é aproximar as pessoas e artistas em um dia que estará sempre na memória. Marcela Del Nero

Em janeiro de 1985, surgia o Rock In Rio, primeiro grande festival de música no Brasil, abrindo as portas do país para diversos artistas internacionais. Desde então, a demanda de atrações internacionais no país cresceu, porém o preço estipulado pelos produtores vêm aumentando ao passar dos anos. Os ingressos aumentaram em média 80 reais de uma edição para outra. De acordo com José Noberto Flesch, jornalista e editor de diversão e arte do jornal Destak, as justificativas são os custos de produção, como aluguel do espaço, pagamento da equipe e hospedagem. A estudante e gaúcha, Jéssica Zottis, participou do Lollapalooza e Rock in Rio. Ela critica o fato de o preço estar tão alto comparado a edição anterior mesmo ainda não tendo a programação totalmente definida. Por ser de um estado diferente de onde os festivais acontecem, a situação fica ainda mais complicada. “Dependendo do preço fica impossível, se não tivesse meia entrada para estudantes, não teria condições de pagar 900 reais mais o preço da passagem”, explica a estudante. A estudante de relações internacionais, Camila Olivieri, é uma das poucas que concorda com o preço dos festivais. Segundo ela, os preços não são tão absurdos levando em conta que são diversos artistas em um único dia. “Pago 200 reais para assistir apenas uma banda durante duas horas. Pagar 400 para assistir vários artistas e ficar no espaço o dia

inteiro não é muito”, relata Camila. Ainda assim, muitos não tem a oportunidade de participar dos eventos em consequência do preço. Os principais eventos estão concentrados na região sudeste do país, dificultando ainda mais o acesso. O salário mínimo atual do Brasil é de 937 reais e o valor médio dos ingressos é de 700 reais, sem incluir o transporte até o local do evento. Além dos ingressos, os

Shows variados a preços altos

Making Of A ideia da pauta veio com a matéria do G1 sobre os preços do festival Lollapalooza 2017. Após uma pesquisa, era perceptível a diferença entre o preço da edição anterior. Interessada em saber como era estipulado o preço, entrei em contato com o jornalista José Noberto Flesch, conhecido no Twitter por sempre informar sobre os artistas que vêm ao Brasil antes de diversos veículos. Na mesma semana, conversando com o professor, fiquei em dúvida sobre qual vertente seguir e após a entrevista com Flesch por e-mail, decidi seguir com a diferença dos preços. Em uma outra consulta com o professor, questionei se a presença do público seria interessante. Numa conversa entre amigos, comentei sobre a matéria e Jéssica Zottis informou que havia participado de grandes festivais e a entrevistei logo depois. Perguntando para os colegas na sala, a Maria Beatriz Avanso me indicou sua amiga, Camila Olivieri, com quem realizei a entrevista por meio do Whatsapp. Cibele Carla me informou que trabalhou com eventos antes da faculdade e participou de todos festivais. Acreditei que fosse uma fonte valiosa para expressar sua opinião. Depois de realizar todas as entrevistas, pesquisei os valores e tirei uma média do aumento, além de pesquisar sobre o valor do salário mínimo para fundamentar a provocação criada. 21

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Saúde

Transtornos alimentares Os casos de anorexia e bulimia são mais comuns em mulheres Distúrbios alimentares como anorexia e bulimia vêm aumentando nos últimos anos, principalmente entre adolescentes do sexo feminino e com boas condições financeiras e sociais. A anorexia é definida pela diminuição de peso, quando há a recusa em comer. Na fase inicial da doença, a perda de apetite não ocorre realmente. Com o decorrer do tempo o organismo acaba se acostumando com a pouca alimentação, fazendo assim, com que a pessoa perca o apetite. A pessoa pesa menos de 85% do indicado para a idade e, também, o índice de massa corpórea (IMC) fica igual ou menor que 17,5%. As pessoas com anorexia seguem uma dieta bem restritiva, eliminando elementos que classificam como mais calóricos. Com o passar do tempo essa restrição alimentar aumenta, diminuindo-se o número de refeições, podendo-se chegar ao jejum. “Na época, comia 300 calorias, no dia seguinte 200, no dia seguinte 100, então passava 3 dias sem comer absolutamente nada”, diz Júlia Saad, que sofreu de anorexia dos 18 aos 20 anos. A bulimia é caracterizada por repetidos episódios de compulsão alimentar seguidos por vômitos, uso de laxantes, diuréticos ou outros medicamentos, jejuns exercícios físicos excessivos. A pessoa sente muita fome, mas logo em seguida busca formas de eliminar o alimento consumido. “Antes comia nos intervalos das aulas um salgado e uma vitamina, cortei. Depois fui cortando as calorias: café sem açúcar, meia barra de cereal, salada, mais café, mais salada. Tomava um laxante dia sim dia não, que depois 22

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se tornaram três por dia”, conta Júlia. Geralmente essas pessoas comem sozinhas e escondidas e após comerem demais sentem certo desconforto físico fazendo com que induzam o vômito para não engordarem. Para a psicóloga Jéssica Bittencourt, mais ou menos para cada 20 casos de mulheres, há um caso com homens. Segundo ela também não se pode desconsiderar que existam causas intrapsíquicas, ou seja, causas particulares de cada indivíduo para desenvolver os transtornos.

“Na época, comia 300 calorias, no dia seguinte 200, no dia seguinte 100, então passava 3 dias sem comer absolutamente nada” Aumento de casos Desde 1960 tem aumentado muito os casos de transtornos alimentares e isso está muito relacionado com o padrão cultural. De lá pra cá houve uma explosão de celebridades, ícones da mídia, de revistas, jornais, agora também do Facebook, e a onda das selfies. Perdas familiares, separação dos pais, nascimento de um irmão, atitudes sociais, padrões de beleza, podem ser causas para estas doenças. “Assistia uma série chamada Skins onde uma das personagens tinha anorexia, além de blogs e sites sobre Ana e Mia”, diz Júlia. Geralmente, os pacientes anoréxicos e bulímicos apre-

julia Saad

Ana Laura Oliveira

Júlia Saad sofreu de anorexia dos 17 aos 18 anos

sentam uma alteração comportamental, fazem dietas mesmo quando já estão nos seus pesos ideias, se dizem insatisfeitos com alguma parte de seus corpos, diminuem suas atividades sociais. “Eu tenho hiperlordose o que empurra bastante minha barriga para frente dando uma sensação de que estou com a barriga grande. Isso era um incômodo pra mim porque todas as meninas à minha volta eram magrinhas e não tinham essa barriga que eu tinha”, conta Larissa Sodré, que teve ambas as doenças com 15 anos.

uso de drogas (lícitas e ilícitas) e até infertilidade. “Comecei a fumar para substituir a comida. Passei a me cortar mais, como forma de punição quando comia mais do que 300 kcal”, comenta Júlia.

Tratamento e recaídas O tratamento acontece com ou sem internação e utiliza uma equipe de multiprofissionais (gastroenterologista, psicólogo, psiquiatra, nutricionista). “Em princípio não voltei a comer normalmente porque, como praticava bulimia há um bom tempo, tudo que eu comia eu botava pra fora sem fazer força. Era natural. Comia e tinha que correr para o banheiro”, conta Larissa. Ambas as doenças são de difícil controle e é muito importante o acompanhamento a longo prazo, já que as recaídas são frequentes. A percepção rápida do diagnóstico e o Alguns sintomas para am- tratamento podem fazer uma bas as doenças são queda de grande diferença no controle cabelo, cansaço, pele seca, da doença. dor abdominal, intolerância ao frio, ausência de ciclos Ana e Mia são apelidos para menstruais, aumento da an- se referir à anorexia e bulimia. siedade e da impulsividade,

“Mais ou menos para cada 20 casos de mulheres há um caso com homens”

Making Of Minha ideia inicial era fazer uma pauta sobre escolas móveis, um projeto realizado pelo GRAACC e na Santa Casa. Basicamente, eles levam as aulas que acontecem em salas na escola para dentro do hospital, para as crianças que estão internadas. Consegui entrevista com a coordenadora do projeto no GRAACC, cheguei até a enviar as perguntas para ela, mas não obtive resposta até algumas semanas atrás. Preferi então trocar de pauta, pois o prazo estava ficando apertado. Escolhi duas pautas para fazer ao mesmo tempo, caso uma das duas não desse certo. Existem alguns grupos no Facebook só para meninas, então postei lá falando que estava fazendo uma matéria sobre transtornos alimentares e adolescência na gravidez. Uma menina veio falar comigo sobre sua gravidez na adolescência e duas sobre quando sofreram anorexia e bulimia. Resolvi falar sobre transtornos alimentares e, para isso, entrevistei duas meninas. Uma de São Paulo que sofreu anorexia e bulimia, Júlia Saad e uma menina de Cabo Frio, Larissa Sodré. As duas acharam melhor fazer as entrevistas por mensagem, então enviei as perguntas para elas e me responderam bem rápido. Entrevistei uma psicóloga também para falar sobre o assunto, Jéssica Bittencourt, que preferiu fazer sua entrevista via whatsapp, porque sua agenda estava bem apertada para nos encontrarmos. DIRETRIZ

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Saúde

Raros, mas não invisíveis

Bullying e irregularidades médicas estão na vida de quem tem um diagnóstico raro

Doença de Crohn, Agiodema hereditário, Acromegalia e Fibrose Cística são consideradas junto a tantas outras doenças, como doenças raras. Mas essas enfermidades só se tornam raras pela ampla diversidade de sinais e sintomas que variam não só de doença para doença, mas também de pessoa para doença, que com o mesmo diagnóstico, pode ter uma variação de pessoa para pessoa. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), esse tipo de diagnóstico afeta 65 pessoas em cada 100 mil indivíduos, ou seja, 1,3 para cada 2 mil pessoas. No Brasil há estimados 13 milhões de pessoas com doenças raras, segundo pesquisa da Interfarma. “Até meus 16 anos, mais ou menos, a minha doença não era rara. Antes de mudar da clínica pediátrica para a adulta onde faço tratamentos, eu achava que tinha paralisia cerebral”, diz a estudante de Gestão em Saúde Ambietal, 20, Beatriz Bebiano, que é diagnósticada com a Paraplegia Espástica Familiar que por sua vez é hereditária e causa rigidez progressiva e espasmos nos membros inferiores. A síndrome que é rara afeta Beatriz em um grau mais leve. Segundo o Ministério da Saúde, atualmente existem no Brasil cerca de 240 serviços que oferecem ações de assistência e diagnóstico. No entanto, DIRETRIZ

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Mirela Lemos

Julia Sampaio Mirela Lemos

São mais de 65 mil pessoas com doenças raras

“Eu achava que tinha paralisia cerebral” por se tratar de doenças raras, muitas vezes elas são descobertas tardiamente. Diagnosticada em Taubaté por um médico da região, Camila Pereira, 27, publicitária, tem Fibrose Cística, e há 8 anos realizou um transplante pulmonar. A doença que é genética, tem como principais sintomas a pneumonia de repetição e tosse crônica. Quando diagnosticada, teve que encaminhar uma carta ao Hospital das Clínicas de São Paulo para realizar o tratamento da doença. “Lá comecei a fazer o tratamento da Fibrose Cistica e também pude conf irmar o meu diagnóstico. Nunca paguei pelo tratamento, mas as viagens de Taubaté

até o centro de São México, passava pelo que Paulo eram todas pagas hoje chamam de bullying. por mim. Já remédios e Passava os intervalos exames, nada foi pago!” sozinha e voltava Atualmente, o Supremo chorando para casa todos Tribunal Federal os dias, e não era só por suspendeu o julgamento causa dos meus colegas sobre uma decisão que de turma mas também impede que o estado pelas pessoas que me for neça remédios de alto davam aula”, relata custo para pacientes Beatriz. Ela mudou de com doenças raras. O escola depois que a irmã caso foi levado à justiça, mais velha descobriu o porque os remédios que que acontecia, e procurou não estão na lista do várias escolas que Sistema Único de Saúde estavam preparadas para (SUS) e não tem registro recebê-la. Após várias na Anvisa, poderão ser respostas negativas cortados, possibilitando conseguiu uma vaga a diminuição do impacto numa escola, que não 1973 – Zecão, Pescuma, das ações nas contas era preparada mas estava Raiumundo, Isidoro, Carpúblicas. disposta a aceitá-la. “Fui doso, Dicá, Enéas, Basílio, muito feliz lá”. Feitosa, Wilsinho e Tatá. Camila, passou pelos Técnico: Oto Glória menos problemas no ensino fundamental, 1985 - Serginho, Luciano, tinha Eduardo vergonha das Luis Pereira, e minhas condições. Só não Albéris, Célio, Toninho e queria Toquinho, que soubessem Edu Maragon, e f icassem com aquele Luiz Müller e Esquerdinha. Técnico: Jair Picerni olhar piedoso. “Era Bullying muito engraçado pois 1996 –imaginava Clemer, Marcelo Além disso, há também como as Miguel, Emerson,não Valmir, o preconceito que as pessoas percebiam, Roque,eu Alexandre Gallo, pessoas sofrem todos os tossindo demais e a Capitão, Caio, Zé Roberto, dias. “Quando morava no boca roxa por falta de ar”. Rodrigo Fabri e Alex Alves. Técnico: Candinho

Principais times da Portuguesa:

“Só não queria que soubessem”

Making Of Antes de começar a matéria, a dupla fez a reportagem anterior separadas. Já nessa decidiram se juntar porque tinham trabalhado anteriormente na elaboração de uma revista e obtiveram um resultado que as agradou muito. A pauta surgiu de uma matéria exibida pelo Fantástico (Globo) sobre remédios de alto custo que não estão inclusos na lista do SUS e são necessários para pessoas que tem doenças raras e/ou graves. Mirela tem Broncodisplasia pulmonar que é semelhante a uma doença rara. Com isso em mente, a dupla conversou com o editor e nessa reunião ele deu dicas para onde direcionar a matéria. Uma das fontes aceitou ser entrevistada, o nosso contato com ela foi por email, mandamos as perguntas e até o momento do fechamento da matéria não obtivemos o retorno. Ela é psicóloga e tem uma doença rara, a fibrose cística. Seria muito importante para a nossa matéria se tivéssemos. As outras duas fontes conseguimos pois, Mirela é amiga de uma delas(Camila), e a Beatriz a conhecemos pois já tinha dado entrevistas falando sobre o assunto. As entrevistas foram feitas por mensagens, o motivo foi falta de tempo, tanto nosso quanto das fontes. Resolvemos contar as histórias delas pois é um assunto de extrema importância que deve ser debatido e conhecido pela população. A foto é um autorretrato de Mirela, porque não conseguimos fotos das fontes. 23

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Saúde

Sonho de criança

Instituição realiza desejos de crianças em tratamento de doenças raras Para muitas crianças com doenças raras, o dia a dia é algo desesperançoso e a leveza das coisas pequenas e satisfatórias quase já não existem. Porém, nos últimos anos, a vida de várias destas crianças em situações como essas vêm se transformando através de ações de ONGs que se empenham em realizar sonhos. A Make a Wish é um exemplo de instituição de apoio à criança. Com sedes em todo o mundo, ela realiza desejos com o auxílio de uma rede de voluntários e parceiros que colaboram com recursos financeiros, produtos e serviços. Vivências Lucas Silva Moran, 5 anos, diagnosticado aos 3 anos com leucemia, é uma das 1420 crianças que teve o seu sonho realizado pela Make a Wish. A mãe de Lucas, Andreia Silva Moran, conta que a descoberta foi um ano difícil para a família. A rotina de quimioterapia de segunda a sexta era cansativa. “O Lucas não entendia nada, estava sempre choroso, sempre com as veias estouradas e sempre cansado.” A Make a Wish realizou o maior sonho do garoto, ele queria todas as casas de brinquedo do Imaginext. A entrega foi mais que especial: todos os super-heróis entregaram pessoalmente os presentes para o garoto. Durante a entrega, Lucas salvou pessoas, encontrou objetos perdidos, desamarrou uma pessoa, descongelou outra e achou o martelo do Thor. Durante um dia, a Make a Wish fez Lucas ser um super-herói. Andreia conta que o menino sofreu muito por conta 24

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do tratamento e da imunidade baixa. O processo tirou dele as vivências comuns de crianças. Lucas deixou de ir à escola, praticar esportes, sair e brincar.Os momentos como o que a Make a Wish proporcionou foram renovadores para o garoto e para a família que sofre junto. “A Make a Wish veio lembrá-lo que ele é uma criança, que ama brinquedos, super heróis, que existe sim a magia, que existe sim o amor ao próximo”, completa Andreia.

“A Make a Wish veio lembrá-lo que ele é uma criança” Ana Laura dos Anjos Teixeira, 14 anos, também teve seu sonho realizado pela Make a Wish. A garota diagnosticada com linfangioma cervical e de face fez várias cirurgias e aplicações com quimioterápicos. Seu sonho era conhecer a blogueira Taciele Alcolea. A adolescente se encantou com a blogueira por conta dos seus vídeos ensinando receitas de comidas e, justamente nessa época, Ana não podia comer nada pela boca, só se alimentava pela sonda. “Essa foi uma maneira que encontrou pra não ficar tão triste por não comer nada”, conta. O encontro demorou para acontecer, mas foi exatamente como a garota sonhou. “O encontro materialmente falando foi muito simples, na própria sede da Make, mas extremamente rico de encontro de almas. Tenho certeza que ali houve uma troca entre a Ana e a Taci”, completa Marly. Crianças e adolescentes

Arquivo Pessoal

Amanda Alves Juliana Melguiso

Lucas ao lado dos pais durante realização de seu sonho

nessa situação estão acostumados a sentir que nada no ciclo da vida deles se fecha ou termina e a Make a Wish renova as esperanças nesses momentos difíceis. “A Make a Wish chega e diz: temos uma lâmpada e dentro tem um gênio. Peça qualquer coisa aqui da terra que moveremos as montanhas mais pesadas para realizar seu sonho. E a mágica se faz”, conta Marly.

“Muitas vezes a gente se pega chorando, emocionada com o que está vendo” Como funciona Tayra Vasconcelos, uma das “fadas madrinhas” da Make a Wish Brasil, conta que o único requisito é que a criança tenha alguma doença que coloque a vida dela em risco. O cadastro do sonho é feito pelo site e uma equipe faz uma triagem para verificar se a criança é elegível,

e então colocá-la na fila. O processo natural do sonho é seguir a fila. Um time de “fadas e gênios” entra em contato com a criança e a família, conversa sobre o sonho, e pensa em como pode realizá-lo da maneira mais mágica possível. O prazo padrão para a realização (desde o contato com a família, captação de recursos e dia da magia) é de três meses. Existem quatro tipos de sonhos que a Make a Wish realiza: ter, ser, ir e conhecer. Quando a criança está com o estado de saúde mais crítico, ela é considerada uma rush-kid, e por conta disso, o sonho acaba “furando” fila. Para Tayra Vasconcelos, realizar sonhos dessas crianças com condições especiais é muito emocionante porque eles fazem a criança esquecer de tudo por estar diante de um dia de magia. “A ideia é transportá-la para um instante único, em que ela não lembre de nada a não ser daquele momento em que nada é impossível.” “Muitas vezes a gente se pega chorando, emocionada com o que está vendo”, completa.

Making Of Para nossa segunda pauta do Jornal Diretriz, buscamos apresentar como os projetos de crowfunding combinados com a Internet, vem ajudando jovens na recuperação de doenças raras, e através de diversas pesquisas descobrimos a Make a Wish. Em uma sociedade como a nossa, ainda é possível ver que existe exclusão não somente voltada para raça ou gênero, mas também voltada para pessoas que possuem algum tipo de deficiência. Crianças, e principalmente adolescentes, enfrentam não somente sua própria doença, mas também o preconceito que ainda existe em muitas pessoas. Para a elaboração da pauta, primeiro buscamos saber um pouco mais sobre o projeto, e assim, buscar os contatos necessários com diversas fontes que já tivessem participado de alguma forma do Make a Wish, sejam eles mães de pacientes que tiveram seus sonhos realizados, ou até mesmo colaboradores do projeto. Todas as entrevistas foram feitas pelo Facebook ou WhatsApp, devido à falta de disponibilidade na agenda tanto dos entrevistados como na nossa, e ainda assim, não obtivemos respostas de parte dos voluntários. Essa escolha de pautas humanizadas é uma vontade pessoal de ambas autoras da matéria, que visa colocar em protagonismo pessoas que nem sempre tem a visibilidade que merecem, e dar essa visibilidade é dar a oportunidade de, talvez, mudar suas vidas de alguma forma. DIRETRIZ

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