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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE - CENTRO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS

Publicação feita pelos alunos do segundo semestre de Jornalismo - Ed 155 - Ano XII - Mai 2015

Viajando e fazendo o bem

Trabalho voluntário cada dia mais presente na vida de muitas pessoas, pois além de semear o bem e tentar fazer a diferença na vida de muitas pessoas se tem a oportunidade de viajar e conhecer uma nova cultura, página 3.


Fugir daquilo que se tem proclamado por aí como “jornalismo cartorial” ou “jornalismo de registro”. Essa foi a condição para que os alunos do curso de Jornalismo do Mackenzie, responsáveis por esta edição do jornal Acontece, levassem adiante a publicação. Diz-se “jornalismo cartorial” aquele que reproduz as características de uma prática abominável que permeia atualmente algumas redações – a ausência de preocupação com o aprofundamento da notícia e com uma das mais primorosas e cuidadosas funções que é a apuração. O jornalismo de curadoria, ou o jornalista curador, não podem tomar espaço do profissional preocupado com o compromisso social como vem ocorrendo. O jornalista atual, que acompanha a evolução das novas tecnologias, das novas práticas de redação e dos novos comportamentos do leitor, pode ser um curador também, mas deve, acima de tudo, continuar como um incansável lutador pela informação com correção, e isso demanda esforço, não preguiça. O preocupante é que o jornalismo atual está se tornando preguiçoso, como certa vez escreveu, num curto, mas muito lúcido artigo, o jornalista Carlos Castilho, no site Observatório da Imprensa. Na redação do Acontece, os alunos aprendem, na prática, que por-

tas se fecham, fontes fogem, algumas pessoas não atendem e não respondem e-mail. Aprendem que assessores de imprensa, às vezes, tentam mudar o foco da reportagem. Enfim, que não é fácil ser um leão à caça da correta e precisa informação. Mas aprendem , também, aquilo que devemos ser: caçadores e devoradores da melhor informação, em respeito aos leitores e à sociedade. Estes incansáveis e inspiradores futuros jornalistas não se deixaram abater nesta edição. Insistiram, lutaram, pauta caiu, pauta subiu, telefonaram, escreveram, usaram recursos antigos, usaram o whatsapp, foram até a fonte, não desistiram. Parabéns a todos. E um agradecimento especial também deve ser aqui registrado ao paciente e sempre atencioso professor André Nóbrega, que, com tanto carinho, cuidou e tratou dos textos na diagramação e tratamento das imagens, tão fundamentais para o enriquecimento do produto definitivo. Que nas próximas edições tenhamos tantos alunos qualificados quanto tivemos nesta e que o bom clima de redação, vivenciado por todos nós, com risadas, piadas, trocas de ideias e informações, mas, também, muita seriedade, permaneça. Boa leitura!

Editor: Paulo Ranieri (texto), André N. D. Ferreira (diagramação) Universidade Presbiteriana Mackenzie Centro de Comunicação e Letras Diretor: Alexandre Huady Guimarães Coordenadora: Denise Paieiro Cordenação de publicações: José Alves Trigo

Equipe: Alessandra Gradim; André Riveira Fonte; Camila Milani; Edilson Salgueiro; Frederico Maroco Nunes; Luciano Lourenço Neto; Luis Menezes; Marcela Pires; Marcela Sanches Borba; Marcos Guilherme R. R. Veloso; Mariana Salinas; Sandra Crespim; Pedro Cunacia da Rocha.

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Jornal-Laboratório dos alunos do segundo semestre do curso de Jornalismo do Centro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Impressão: Gráfica Mackenzie Tiragem: 200 exemplares.


Intercâmbio Social Voluntariado traz satisfação pessoal e enriquece o currículo Texto: Sandra Crespim Foto: Kim Uehara

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ntercâmbio social é o nome dado a viagens para outro país com o objetivo de trabalhar em projetos sociais. Cada vez mais pessoas estão optando pelo voluntariado, pois, além de aprimorar um novo idioma, traz muita satisfação pessoal e enriquece o currículo. Kim Uehara, 22 anos, estudante de Administração na Fundação Getulio Vargas, diz:” a ideia principal do trabalho social é muito diferente de que apenas realizar um intercâmbio para aprender uma língua. Tive a oportunidade de conhecer um país com outra visão”. Kim teve duas experiências com voluntariado, uma no Cairo, Egitoem 2013 onde trabalhou em um orfanato lecionando inglês e outra Cidade do Cabo, África do Sul em 2014 onde trabalhou em uma escola de surf que cuidava de crianças carentes. Fala que sempre gostou de diferentes experiências e o voluntariado visava diferentes objetivos. A ideia principal do trabalho social era muito diferenciada de apenas realizar um intercâmbio para aprender uma língua. Essa viagem o deu a oportunidade de conhecer um país fora do contexto que conhecia. Para Kim, estas experiências foram as melhores que realizou em sua vida. “É muito diferente, as situações que se passa são adversas e formam caráter, esse é ponto que o intercâmbio social mais desenvolve” diz. “Aprendi a valorizar mais onde vivo depois desta experiência. Quando viajei, meus objetivos eram co-

Kim Uehara no Cairo, Egito em 2013

Kim Uehara na Cidade do Cabo, Africa do Sul em 2014 nhecer pessoas, aprender um idio- por exemplo alimentar animais na ma e ensinar sobre seu país. Atingi África”, fala Eduardo. muito mais que isso, pois conheci Já Ian Nobre, 19 anos, presidente pessoas e histórias inspiradoras, fiz da Aiesec na Universidade Presbitenovas amizades e vivi momentos in- riana Mackenzie, diz que “os intercríveis. Dificuldade sempre se tem, o câmbios do mercado são relacionadesafio foi vencê-las e tirar um bom dos ao assistencialismo. A Aiesec visa proveito. Eu recomendo a pessoas primeiro o desenvolvimento pessoque realmente estão a fim de viven- al. Fala que por ser uma plataforma ciar uma experiência diferente que mundial promovem uma experiência gratifica muito pessoalmente,” diz única. A empresa faz um diferencial Ester Kipper, 22 anos, que mora em na personalidade para completar Carazinho (RS), estuda arquitetura um time na sociedade. Acreditar em e ensinou português na universida- mudança, em fazer diferença, são alde latina no Panamá, em dezembro gumas das justificativas dadas pelos de 2014. jovens quando decidem fazer trabalho Há varias maneiras de realizar um voluntário’’, finaliza. intercâmbio voluntário em outro país, Os valores do custo da viajem vapor agências de intercâmbio como riam de países, na CI o custo mínimo exemplo a CI (Central de Intercâm- de um voluntariado é $460 e na Aiebio), pela Aiesec que é uma rede glo- sec é na faixa de R$1000, nas duas bal que encaminha jovens universitá- empresas a pessoa paga as despesas rios do mundo todo para intercambio aéreas. Dependendo dos países é nesocial e profissional ou até mesmo por cessário conhecimento básico de ininiciativa própria a pessoa contatar glês ou espanhol, a maioridade é semuma ONG que tenha projetos interes- pre exigida mas há exceções. Eduardo santes. me contou um caso de uma mãe que Em 2014 mais de 200 mil pesso- viajou com a filha menor. as optaram pelo trabalho voluntário, A CI esta possui mais de 90 lojas e a tendência é aumentar, diz Edu- em todo o Brasil, se pode contatar ardo Francisco Frigo, 32 anos, ge- também pelo site www.CI.com.br ou rente de produto da CI. “As pessoas pela central de vendas telefônicas. procuram às vezes uma definição no A Aiesec é uma plataforma aberta currículo, pois o intercâmbio é uma em que a pessoa procura por um prodiferenciação, mostra que a pessoa jeto de seu interesse e paga somente está preocupada com o planeta, mas quando é encontrada a vaga, se pode há também aqueles que só querem contatar pelo site www.Aiesec.org.br ir para ajudar mesmo, ou ate pelo ou diretamente nos escritórios presimples fato da curiosidade, como sentes em diversas universidades.

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Oscar, reconhecimento da indústria ou espetáculo televisivo? O evento mescla cerimônias memoráveis, tanto do lado positivo quanto negativo Texto: André Riveira Fonte Foto: André Riveira Fonte

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he Academy Awards ou o popularmente chamado, Oscar, é a premiação de filmes mais famosa que existe atualmente. Além da importância de ganhar uma estatueta da academia outro fato chama atenção. O formato da realização da cerimônia é muito discutido por qual seria a melhor maneira de fazê-la e quem deveria ser agradado, o telespectador ou a academia em si. Em entrevista realizada com Diego Olivares, cineasta de 32 anos, conta que a o Oscar é uma premiação concedida pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, instituição que surgiu em 1927 e que aparece basicamente na época dos Oscars. Ele conta também o motivo da criação desse prêmio, dizendo que seu surgimento foi para acabar com a época turbulenta do cinema americano. Existiam desavenças entre estúdios, atores-problemas eram comuns e existia um medo de que o cinema norte-americano ficasse com uma imagem ruim. Diego ressalta também a importância da Academia nos últimos anos: “mesmo com o status de maior prêmio do mundo do cinema, não se pode ser considerado um termômetro do que se faz de melhor no cinema mundial, já que grande parte do que é produzido fora de Hollywood fica de fora”. O prêmio é televisionado desde o ano de 1953, mas foi apenas para os Estados Unidos e Canadá. A audiência norte-americana para este evento ficou por muitos anos a frente nos números, até que, em 2011 com a apresentação de James Franco e Anne Hathaway, acabou diminuindo. Em 2015, mais uma vez o formato da apresentação foi questionado por não agradar a todos que assistiram. O apresentador deste ano foi Neil Patrick Harris, um dos atores principais da série: How I Met you mother, e já havia apresentado outras premiações, como Emmys e Tonys.

Réplica da estatueta do oscar e alguns filmes que venceram o prêmio Não foi uma das mais agradáveis para a jornalista Clarice Cardoso, editora do site Carta Capital, que se posicionou contrária às piadas contadas durante a cerimônia e não deu resultado para aqueles presentes. Ela revela quais foram as melhores e piores apresentações dos últimos 10 anos, começando pelo ano que menos a agradou. Clarice comenta que em 2011, após uma safra de apresentadores humoristas consagrados, a vez foi de James Franco e Anne Hathaway se aventurarem pelos palcos do evento. As piadas realizadas por Franco acabaram sendo muito fortes, deixando a Academia irritada. Mesmo com Anne fazendo intervenções para tentar diminuir o estrago, não existia química entre os dois, como se eles não se conhecessem. Foi a partir deste ano que a audiência do programa acabou caindo, deixando assim eventos como o Super Bowl e Olimpíadas o superarem. Passando agora para o evento que mais a agradou, em 2014, com Ellen DeGeneres, a cerimônia acabou se reinventando e conseguindo com sucesso atrair o público. Ellen tem o seu próprio Talk-Show e já apresentou também prêmios do Emmy e Grammy. Clarice comenta que: “Ellen levou a

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apresentação como se fosse um programa de TV, fez a famosa “Selfie”, transformando num marco cultural e comeu até pizza com os atores ao vivo”. A foto, “Selfie”, tirada durante a premiação era pra ser uma propaganda da Samsung, mas superou as expectativas e se tornou febre no mundo inteiro. Com isso o evento chegou a ser o mais comentado da história do Twitter, passando o líder que até então era a eleição do presidente Barack Obama nos EUA. Clarice finaliza a entrevista explicando como deveria ser a premiação ideal. Dizendo que a interatividade deve ser mais explorada e tem que fazer o público participar mais. O modo como está sendo apresentado, burocrático e conservadora, faz com que o telespectador acabe se afastando, pois a facilidade de conseguir as informações sem a necessidade de assistir a premiação, aumentou. A Academia está se reinventando, mudando aos poucos o formato do prêmio cinematográfico mais importante. O mundo está se transformando e sendo cada vez mais interativo. Basta agora esperar para ver qual será o método, para que em 2016, o evento chame mais atenção e volte a crescer na audiência.


AliExpress: O site que virou a cabeça dos brasileiros Preços baixos e variedade compensam a qualidade e mudam o estilo de compra dos brasileiros Texto: Camila Milani Ilustração: Mariana Salinas Foto: Reprodução de tela

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reços absurdamente baixos e variedades de objetos não encontrados no Brasil. A combinação ideal para fazer com que o site chinês AliExpress, uma vertente do tecnológico Alibaba, se tornasse uma febre por todo o país. De artigos eletrônicos a roupas da última tendência e acessórios , a página abriga os líderes do mercado asiático de cada setor, tornando-se líder em unidades vendidas pelo Brasil segundo o Ibope. Seu auge deu-se em 2013, deixando para trás sites como eBay e Amazon. O grupo Alibaba foi fundado em 1999 pelo chinês Jack Ma e é considerada uma das maiores empresas de comércio eletrônico do mundo. Em setembro de 2014 foi personagem principal da maior abertura de capital da Bolsa de Valores de Nova York, cerca de 25 bilhões de dólares. Desde 2013, o negócio teve crescimento de 105%, tendo cerca de 10 milhões de visitantes ao mês, segundo comScore, empresa especialista em tráfego de dados. Com a crescente demanda, a AliExpress criou uma versão do website em português com promoções exclusivas aos consumidores brasileiros e também um aplicativo para celular disponível para Android, Windows Fone e IOS. Segundo a estudante de biologia Natalia Alvarenga de 18 anos, o fator que transforma a página num gigante de vendas é que ele abriga as três coisas que o brasileiro mais procura: facilidade, preço baixo e praticidade. Porém por tratar-se de vendas de réplicas, não se deve esperar por qualidade de original. Para a estudante de publicidade Karoline Ribeiro de 18 anos, os baixos pre-

ços são justificáveis quando se vê a real qualidade dos produtos. “A qualidade do corte da roupa não é tão boa. Às vezes, se tem algo escrito, pode vir torto, mas é questão de saber comprar. O problema do site não é serviço, mas sim qualidade”. Tamara Galtaroça, analista de comunicação de 28 anos, conta que teve alguns transtornos com produtos. “Tive problema com três peças de roupa que vieram transparentes. Precisei pagar uma costureira para colocar forro porque não tinha como usar”. Consumidores aconselham a procurar uma equivalência entre preço e produtos para, assim, evitar futuros aborrecimentos. “Produtos que paguei um valor maior vieram com a qualidade que esperei”, conta Apolo Augusto, segurança de 35 anos. Mesmo com a crescente alta da taxa de câmbio e dos riscos envolvidos em ser pego pela alfândega, as pessoas ainda sentem-se incentivadas à compra de importação. Segundo o economista e es-

Promoções AliExpress

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pecialista em finanças, Fausto Debia de 30 anos, esta política de mercado ainda é vista como um bom negócio. “O preço final do produto adquirido chega a ser 70% inferior ao nacional”. Os tipos de produtos adquiridos pelo site também são atrativos influenciadores à pratica da compra. “Por serem bens de pouco valor agregado, como perfumes, roupas e eletrônicos, a qualidade dos produtos não se torna tão relevante. Então não há perda expressiva de dinheiro”. Com este estímulo, os sites de compra legal sofrem com uma queda nas vendas, isso porque existe uma perda de competitividade. Estas possuem taxas sobre importação e produto, fazendo com que o valor saia acima do original. Em compras ilegais há a isenção destas taxas, tornando a compra mais barato, conta o economista. A AliExpress estuda a possibilidade de abertura de armazéns em Hong Kong e Miami, para assim facilitar a triagem e tributação de produtos. Com isso, a Receita Federal está planejando a implantação de um sistema para fiscalizar a entrada destes tipos de produtos no Brasil com maior rigor. Continuando com a lei atual, qualquer compra acima de 500 dólares será taxada em 60% sobre o produto. Porém, como os encargos são aplicados por amostragem, muitas encomendas acabam driblando a cobrança.


Iniciativa privada surge como opção para transporte coletivo em São Paulo

Experiências com as linhas 4 e 6 da CPTM servem como exemplo de boa qualidade de transporte coletivo Texto: Edilson Salgueiro Foto: Edilson Salgueiro

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abe-se que as condições dos transportes coletivos de São Paulo não são das melhores, sobretudo quando fala-se de trêm e metrô. Os serviços, que em sua maioria são oferecidos pelo Estado – excetuando concessões feitas pelo próprio governo – não suprem a demanda do cidadão paulistano. Além disso, o contribuinte de baixa renda é o mais afetado pelas altas tarifas, infraestrutura deficiente e falta de opções para locomover-se. A precariedade do transporte público é observada nos horários de pico: quem tenta embarcar nas estações Barra Funda, Sé e Anhangabaú – todas da linha vermelha – entre 17:30h e 19:00h percebe. O fluxo de passageiros ultrapassa a quantidade de vagões necessários para transportar os usuários da via; consequência disso é a aglomeração de pessoas, dificuldade no embarque e desembarque e significativo aumento no tempo de viagem do cidadão. Cristiane Castro, 31, gerente de uma empresa de e-commerce, diz que a má qualidade dos serviços prestados a incentivou na busca de outro tipo de emprego. “Todos os dias eu ‘pegava’ lotação e metrô para ir ao trabalho, mas era um caos! Por isso, decidi trabalhar em casa. Assim, acabei evitando todo esse estresse que as pessoas enfrentam nos trens, metrôs, lotações...“ Nos transportes sobre trilhos, as linhas 4-amarela e 6-azul da CPTM são administradas pela iniciativa privada. O Estado financiou US$ 920 milhões (cerca de 73%) da linha 4-amarela, enquanto as empresas, que vão explorar o serviço pelos próximos trinta anos, arcaram com US$ 340 milhões (cerca de 27%). Ao governo cabe supervisionar as obras de 12,8 km de extensão, que ligam a estação da Luz à futura estação Vila Sônia. A tarefa da concessionária é comprar trens e cuidar dos sistemas operacionais. As obras serão retomadas em 2016 e a previsão de en-

Metro Carrão, situado na linha vermelha trega das estações inacabadas é para A partir dos experimentos fei2018. tos, a entrada da iniciativa privada Embora a quantidade de usuá- no mercado de transportes coletirios seja menor, estima-se que pelo vos surge como opção viável para menos 650 mil pessoas por dia usu- atender a demanda dos paulistafruem da maior qualidade dos servi- nos; a desregulamentação do setor ços prestados pelas companhias que e a abertura de espaço para novos administram essas linhas – tanto da ofertantes reduz a sobrecarga no estrutura das estações quanto da co- serviço público. A participação modidade dos vagões. Com a linha das empresas privadas não signi4, por exemplo, o cidadão passou fica, no entanto, que o governo de a ter acesso facilitado ao emprego, São Paulo deixará de oferecer o hospitais e centros de educação. Em transporte público aos usuários. 2014, na greve dos metroviários, o Os empreendedores surgem como paulistano pode locomover-se utili- opção auxiliar para contribuir com zando as duas linhas do metrô acima a melhoria da infraestrutura dos citadas, tendo em vista que as outras transportes coletivos, de modo cessaram os serviços temporariamen- a oferecer mais opções aos cidate. dãos. Henrique Toledo, 26, economista *O Governo do Estado foi procuformado pela Universidade Federal rado através de sua assessoria. No de Araraquara, diz que os empresá- entanto, a resposta nos foi dada sorios podem acrescentar no setor de mente uma semana depois da tentatransportes. “Em um mundo ideal, o tiva de contato (26/03). Pediram-nos transporte coletivo seria de graça. No que entrássemos em contato com a entanto, essa situação é improvável Secretaria de Transportes Metropolino atual cenário. Hoje, o melhor que tanos para obter informações e poso Estado pode fazer é dividir respon- sivelmente ter um posicionamento sabilidades com a iniciativa privada.” do Estado sobre as concessões feitas Toledo entende que a desburocratiza- nas linhas 4 e 6 da CPTM. A matéção é o caminho para um transporte ria deveria ser entregue (27/03), não de qualidade. “O consumidor terá um tendo tempo hábil, portanto, para serviço de qualidade a um preço jus- o agendamento de uma entrevisto.” ta.

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A influência da rádio esportiva Audiência das rádios esportivas caiu em comparação a antigamente devido ao avanço tecnológico da mídia Texto: Pedro Cunacia da Rocha Foto: Pedro Cunacia da Rocha

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esde as décadas de 70/80, a rádio esportiva foi crescendo e consolidando-se com o sucesso da seleção brasileira nas Copas. O uso do rádio de pilha eram os companheiros dos torcedores nos estádios. Porém, na década de 90, esta influência começou a mudar e com a modernização das transmissões dos jogos pela televisão e o avanço da internet e das mídias em geral, a audiência das rádios esportivas com bola rolando começou a cair. A chegada das tevês a cabo e os jogos passados nas redes sociais e pelo celular, culminaram para esta queda. No cenário atual, a competição por espaço é muito maior, pois existem diversas alternativas de canais, estações de rádios ou sites para entreter o público, além de criar uma competição interna na mídia na qual a rádio leva desvantagem, como afirma Victor Cianci, ex-redator da rádio Jovem Pan. “Acredito que até as próprias instituições do rádio esportivo

Rádio de pilha

brasileiro sabem que são a segunda opção, a alternativa à TV e à internet, devido à falta de imagens reais. Mas não acho que exista ‘crise’. Só é uma competição desigual e dentro do possível, o rádio se sai bem e ainda sustenta-se bem.” Esta queda de audiência é retratada na imagem ao lado, em que mostra este fato, apenas nas quartas-feiras, porém a pesquisa feita também pelos sábados e domingos). Comparando algumas das principais rádios esportivas em momentos de bola rolando/pré-jogo, a imagem retrata o alto índice de perda de audiência entre setembro de 2013 e março de 2014. Esta queda ocorre tanto às quartas-feiras, como aos sábados e domingos, dias em que a bola costuma rolar nos campos. Com exceção feita, à Rádio Bandeirantes, que nos três dias tem a sintonia AM ou FM aumentadas, a maioria das emissoras (Globo AM aumentada no sábado e 105FM no domingo) tem seu índice de espectadores caindo. A resistência da Rádio Bandeirantes AM/FM vem se mantendo em alta neste cenário, muito mais por seus locutores “fiéis” como disse Anderson Cheni, Jornalista/Radialista/ Colunista. “As rádios all News, ou se preferir jornalísticas, sempre têm o ouvinte fiel. A audiência do rádio está caindo bastante como a da TV aberta, por exemplo. Os fatores são as mídias celulares, TVs a cabo, rádio webs etc. Mas a audiência do rádio e da Rádio Bandeirantes se mantém dentro dos índices de porcentagem, mas o número de ouvintes também caiu”. Assim como qualquer programa que tem uma queda no índice de espectadores e passa por uma mudança, as atuais rádios esportivas precisam dessa “inovação” para conseguirem audiência compatível a grandes mídias, como a televisão, por exemplo, até mesmo para diminuir esta perda de público que vem acontecendo nos últimos tempos. As rádios esportivas ainda influenciam muitas pessoas no modo de ver o futebol, uma vez que grandes narradores já proporcionaram ao ouvinte momentos inesquecíveis. Elas ainda possuem um aliado que nenhum outro meio de comunicação consegue ter em nível de rádio:

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Gráfico da queda de audiencia promover a imaginação. A simples voz do narrador, mecanismo ainda alta, encanta milhares de pessoas do lado de fora da rádio. A forma de promover a imaginação do ouvinte pelo modo de falar do narrador é retratada por Luís Carlos de Souza (63), aposentado. “É simplesmente único o momento em que o narrador solta a voz para narrar um gol do seu time ou quando ele descreve a jogada e você imagina em que parte do campo isso está ocorrendo, além de como o jogador está conduzindo a bola. São momentos que se o radialista consegue dar emoção, as jogadas tornam-se cenas quase reais em nossas cabeças e nos colocam quase dentro do campo.” Luís Carlos é uma das muitas pessoas que sempre acompanhou os jogos com o uso do “radinho”, e que mesmo com o avanço tecnológico, ainda o faz. “Quando vou aos jogos, gosto sempre de levar o rádio de pilha para acompanhar a narração, para ver qual radialista dá mais emoção nos lances. Outro fato marcante para mim é o som de fundo da torcida, o eco que ela faz antes de o narrador gritar gol, já diz tudo e traz ainda mais emoção para nós, amantes do futebol.”

Estúdio de rádio


São Paulo pelos olhos de uma bicicleta Projeto Bike Tour SP incentiva o uso de bicicletas Texto: Mariana Salinas Foto: André Moral

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ideia de dois irmãos apaixonados por bicicleta e pela cidade de São Paulo hoje é um projeto com mais de 10 mil participantes. O Bike Tour São Paulo passa por quatro rotas de pontos turísticos da grande capital (Faria Lima, Parque do Ibirapuera, Avenida Paulista e Centro Histórico) e mostra que a cidade não é apenas composta de prédios e carros, mas também de bicicletas. Após uma viagem de André a Barcelona na Espanha, onde ele conheceu o sistema de audiotour na visita a museus, os irmãos imaginaram as possibilidades de uso do equipamento em passeios de bicicleta. “Nossa, que coisa fantástica; eu posso usar isto nas ruas da cidade para apresentar as obras de arquitetura”, conta André, que é arquiteto. Anos depois, fizeram tornar realidade um projeto gratuito e sem privatização, que hoje possui muitos patrocinadores e que estará abrindo duas novas rotas até o final de 2015, Vila Madalena e Centro Novo, na cidade de São Paulo. Ampliando a dimensão do projeto e para comemorar seu aniversário de dois anos, eles também irão abrir duas rotas na cidade do Rio de Janeiro - Lagoa Rodrigo de Freitas e Centro Historico, utilizando a infraestrutura de ciclismo já existente nesses locais. Os passeios realizados todos os sábados e domingos nesses quase dois anos de projeto, atraem não só turistas como principalmente os paulistanos. Segundo dados dos próprios fundadores, 95% das pessoas que participaram do projeto são moradores de São Paulo, que viram no Bike Tour uma oportunidade para conhecer a cidade de uma maneira totalmente nova, além de uma

Participantes do Bike Tour em frente ao MASP, na Avenida Paulista nova opção de lazer, aliada a hábitos com.br e levar ao local de encontro 2kg saudáveis. Além dos paulistanos, os de- de alimentos não perecíveis, que serão mais passeios foram feitos por pessoas doados ao NABEM (Núcleo Assistende outras cidades do Brasil e até de ou- cial Bezerra de Menezes – entidade que tros países. André, um dos fundadores atende pessoas carentes e pacientes de do projeto, diz: ‘’20% dos participantes Hanseníase). O Bike Tour disponibique fizeram os passeios do Bike Tour liza gratuitamente a bicicleta e todos SP resgataram o hábito esquecido na os acessórios de segurança, junto com infância e passaram a usar a bicicleta um colete de identificação. A duração para o lazer’’. do passeio é de cerca de 1 hora e é feiCaique, um dos voluntários e tam- to com grupos de até 10 pessoas, com o bém monitor do Bike Tour no Parque apoio de dois monitores e o auxílio do do Ibirapuera, diz que no início do pro- audiotour (um sistema de áudio acoplajeto eram Daniel e André, os irmãos, do ao capacete, que permite ao turista que levavam as pessoas pelos pontos receber informações e orientações em turísticos nas ciclofaixas da cidade, em tempo real). um passeio muito maior do que o que Daniel Moral afirma que a implantaexiste hoje. Ao longo da evolução do ção de ciclovias na cidade de São Paulo projeto, as rotas foram reduzidas e seg- está sendo feita “como deveria ser” e mentadas a fim de proporcionar a pos- destaca como ponto positivo a maior sibilidade de mais pessoas participarem segurança para ciclistas e motoristas, dos passeios. Ele informa também que afirma ainda que deveria haver maior apesar do tempo de existência do pro- proteção, pois “as tartaruguinhas não jeto e da quantidade de participantes, o inibem a invasão do carro e da moto” e Bike Tour continua pouco conhecido na que as melhores ciclovias da cidade, na cidade. sua opinião, são as da Avenida Sumaré, Para participar basta se inscrever Faria Lima, Marginal e Avenida Paulista. pela internet no site: www.biketoursp. Com essa nova estrutura de ciclovias e ciclofaixas que está sendo criada na cidade, o Bike Tour já verifica uma maior utilização de bicicletas, o que é bom para a qualidade de vida das pessoas e bom para o comércio, pois gera novas oportunidades de negócio. Para os fundadores, haverá um período de adaptação no trânsito e a relação com os ciclistas ainda terá que melhorar, mas todos ganham com essas novas possibilidades. Participantes do Bike Tour no Parque do Ibirapuera

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Impeachment, dessa vez é diferente Apesar do apelo populacional o impeachment desta vez é mais improvável Texto: Marcos Guilherme R. R. Veloso Foto: Marcos Guilherme R. R. Veloso

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ma massa cada vez maior da população demonstra claramente sua insatisfação com a atual Presidente. Diferentes tipos de manifestações se espalham cada vez mais pelo Brasil, e ao contrario do que se pode imaginar não são somente as classes A, B e C que participam dessas manifestações, parte das classes D e F (uma pequena parte) já começam a demonstrar seu arrependimento pela escolha e já começam a fazer parte também das manifestações. A situação atual pode parecer semelhante à do então presidente Fernando Collor, mas ao contrario do que se imagina, o governo Dilma é mais consistente e ainda conta com apoio dentro do congresso nacional, apoio esse que Collor não tinha. A população sozinha é incapaz de abrir um processo de impeachment. Segundo o advogado Francisco Mélega, 27, qualquer parlamentar pode apresentar uma acusação relativa ao cometimento de crime de responsabilidade por parte da presidente só que “admitida a acusação contra o presidente da republica, por dois terços da câmara dos deputados será ele submetido a julgamento perante ao Supremo Tribunal Federal” ou seja qualquer tipo de abertura de processo de impeachment deve passar pelo crivo da câmara dos deputados. Ainda segundo o doutor Francisco o processo de impeachment apesar de ele ter uma fase que passa pelo STF ele é politico e não jurídico então mesmo que o Supremo entenda que não há fatos que sejam determinantes para ele perder o mandato o congresso irá cassar (foi o que aconteceu no caso de Collor que mesmo inocentado pelo STF das acusações acabou cassado pelo congresso), a acusação primeiro tem que passar pelo crivo da câmara dos deputados, passou da câmara dos deputados ai sim o impeachment torna-se possível. Segundo Sheila Ribeiro, 56, funcionaria pública presente nas ultimas

manifestação na Av. Paulista manifestações contra o atual governo, grande parte dos manifestantes não eram ricos mas pessoas “cujo salário é mais digno do que a miserabilidade do salario mínimo” a entrevistada ainda completou dizendo “ não tinham pessoas que ganhassem menos que digamos dois salários mínimos pelo menos.” Já Miria Nogueira da Silva,47, também presente nas manifestações de 15 de março disse que a diversidade social presente nas manifestações “ Demonstra que há insatisfação com a forma de governar e não com o governo propriamente dito. Derruba a tese da oposição de que os manifestantes são os que não votaram na Dilma”. Quando perguntadas se iriam às manifestações de 12 de abril ambas disseram que sim e Sheila Ribeiro ainda completou “Com certeza precisamos continuar pressionando, para que haja uma reforma política decente, reforma tributária, que as investigações não acabem dando em nada, para que se punam exemplarmente os corruptos.” Manifestações pró governo também tem levado um numero considerável de pessoas, essas claramente de classes mais baixas, às ruas ao redor

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do país. Os manifestantes favoráveis ao governo pedem apoio à presidente para que ela possa ter tranquilidade para governar e resolver as crises atuais. Além de ter mais apoio politico do que Collor, Dilma ainda integra um dos maiores partidos da atualidade, outro fator que dificulta a retirada da presidente de seu cargo é o fato de que até o atual momento somente o deputado Jair Bolsonaro protocolou, na câmara dos deputados, denúncia por crime de responsabilidade contra Dilma, e como ele não conta com grande apoio no congresso parece que a abertura do processo do impeachment ainda esta distante de ser alcançado. Até o momento atual o que pode resultar na vacância do cargo é a renuncia por parte da presidente, com isso seu vice Michel Temer assumiria, o que muitos não sabem é que caso Temer também não assuma o cargo, seja por impeachment ou renúncia, serão feitas novas eleições, caso isso ocorra nos dois primeiros anos do mandato as eleições serão diretas (voto do povo) caso ocorra somente após dois anos de mandato as eleições tornam-se indiretas (o congresso escolhe o próximo presidente).


O Outro Lado de Leonardo Da Vinci A exposição, Leonardo da Vinci: a Natureza da Invenção, surpreende seus visitantes por mostrar um lado não tão conhecido do artista Texto: Marcela Sanches Borba Foto: Marcela Sanches Borba

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que vem a sua cabeça quando perguntado sobre Leonardo Da Vinci? Monalisa, A Última Ceia e Homem Vitruviano? Embora essas sejam as suas principais obras, na exposição Leonardo Da Vinci: a Natureza da Invenção, é possível conhecer o por quê o artista é considerado o “Homem de múltiplas habilidades”. Matemático, físico, cientista, engenheiro, arquiteto, zoólogo e anatomista são algumas de suas outras qualidades e essas são o real destaque da exposição. “A real intenção é mostrar uma outra faceta de Leonardo Da Vinci, mostrar a relação sobre o que a humanidade absorve diante dos escritos desse gênio.” conta Eloísio, 63 anos e educador de arte do evento. O SESI-SP recebe, no seu Centro Cultural FIESP – Ruth Cardoso, até dia 10 de maio de 2015, essas riquezas para a celebração do quinto centenário de nascimento de Leonardo. “Esse material representa um instrumento fundamental para a compreensão das ideias e do processo criativo do grande artista-engenheiro do século XV” ressalta Paulo Skaf, Presidente do SESI-SP, em depoimento a material distribuído na exposição. Grande observador da realidade, Leonardo buscava compreender a natureza e seus movimentos. Inspirado nas aranhas, ele projetou o tear e uma série e engrenagens e máquinas para trabalhar em cima do entrelaçamento dos fios. “Ele desenvolvia essas habilidades exatamente para tentar solucionar a inquietação que ele tinha em criar, em observar a natureza, o reino animal, inclusive o vento, a água, as rochas. Essas eram algumas de suas maiores inspirações para desenvolver a arte e a ciência.” diz o educador de arte. O projeto expográfico, de responsabilidade deHaron Cohen, escolheu separar o salão por 6 tópicos para haver uma fluidez de ideias conforme o visitante vai caminhando. Inicia-se pelo “Transformar o Movimento”, ten-

Poster no encerramento da exposição do como principal assunto a Mecânica e como destaques as engrenagens ea grua com mais de quatro metros de altura criada por Da Vinci (localizada na área de acesso da exposição). Em seguida a sessão “Preparar a Guerra” mostra a capacidade inventiva em engenharia militar do estudioso. Já os tópicos “Desenhar a partir de organismos vivos” e “Imaginar o Vôo” desenvolvem o raciocínio do artista de acordo com a natureza e seus seres. “Essa sessão foi a mais interessante, gostei de saber que desde o renascimento tínhamos pessoas como Da Vinci que possuíam a ambição de dar asas ao homem’’ conta Patrícia Castro, 58 anos e visitante pela segunda vez exposição. Para finalizar, são apresentados, em “Aprimorar a manufatura”, obras e esboços realizados para a indústria e logo depois vem o tópico “Unificar o saber” o qual prova que Leonardo também atuava como arquiteto de tendência futurista, mas mais um teórico do que um construtor. Uma de suas aspirações foi a construção de imponentes igrejas. “Temos muitos grupos de estudantes de engenharia, arquitetura, matemática que estão procurando vir para conhecer, porque Da

Vinci agregou todas essas habilidades em um só ser.” ainda Eloísio. “Quando acaba você sai, imediatamente começa a refletir sobre quantas habilidades e curiosidades o homem tinha por viver naquela época” ainda conta Patrícia. A exposição oferece aparelhos e brincadeiras para a interação dos visitantes e para atrair várias faixas etárias. Disseminar cultura com um pouco de diversão sempre foi o maior foco do SESI-SP trazendo gratuitamente para a população diferentes temáticas de amostras e exposições. “Com relação ao nome da exposição que é “a natureza da invenção”, as pessoas vão embora com um peso reflexivo sobre o que estamos fazendo com a natureza atualmente.” conclui Eloísio. A exposição foi concebida e produzida por La Cité dês Sciences et de l’industrie, Universciense e o Must. Está aberta diariamente das 10h às 20h, com entrada permitida até 19h40. O Centro Cultural FIESP – Ruth Cardoso se localiza na Avenida Paulista, 1313, São Paulo/SP, próximo ao Metrô Trianon – MASP.

Na sessão chamada “Melhorar a Fabricação”

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Adeus Ano velho do Cavalo! Ano novo chinês é celebrado no Bairro Liberdade Texto: Luis Menezes Fotos: Luis Menezes

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i Nian Kuai Le” ou, melhor dizendo, feliz ano novo em mandarim. Nos dias 21 e 22 de Fevereiro celebrou-se a décima edição do ano-novo Chinês A festa foi organizada pela JCI (Junior Chamberlain International), uma organização comunitária que comanda a celebração desde 2006 e trouxe vários espetáculos tradicionais da China. Entre elas está a famosa dança do dragão, onde vários dragões fazem movimentos harmônicos, acompanhados de ritmos improvisados por tambores, pratos e gongos. Essas longas marionetes desfilavam também pelas ruas ao lado dos simpáticos leões chineses, os quais tinham caras e pelagens coloridas, andavam e dançavam ganhando a simpatia do público, tornando-se alvo de fotografias e “selfies”. Esta festividade celebrou a chegada do ano do carneiro, um dos doze signos do horóscopo chinês, o qual faz parte do calendário lunar, que é baseado nas fases da lua. A festa é celebrada principalmente no leste asiático, mas também é celebrado em cidades com grandes comunidades chinesas em todo o mundo, como acontece em Nova Iorque, Londres, Lima e São Francisco. Já no Brasil, segundo dados do museu da imigração vivem cerca de 200 mil chineses e descendentes, onde mais da metade reside em São Paulo. A migração chinesa para o Brasil cresceu nos últimos anos. Mesmo que

Ponte da rua Galvão Bueno durante a celebração, onde várias barracas vendiam comida e produtos, trazendo uma imensa multidão registros históricos indiquem a presença de imigrantes chineses no país desde o século 19, o fluxo migratório de pessoas do país asiático se incrementou apenas a partir da metade do século 20. A celebração se caracterizou pela predominância da cor vermelha, o qual se notava pelos lampiões, dragões e roupas tradicionais. Essa cor, segundo a cultura chinesa, simboliza alegria e prosperidade. A representação de símbolos, costume tradicionais, demonstrou a diversidade da cultura do país asiático, “Esses eventos podem divulgar a cultura chinesa para o povo brasileiro que não a conhece” diz Carol Lemos, 62, Professor ao ser perguntado pela importância de celebrações como essa no país. No Palco, localizado na Rua Galvão Bueno, várias apresentações foram realizadas, desde danças e músicas tradicionais, os quais foram realizados por grupos formados somente por integrantes chineses, até música “pop” da china. Houve também ferozes demonstrações de kung fu, cujos segmentos de combate e movimentos

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acrobáticos tiravam o fôlego do público. Entre as apresentações, se realizavam sorteios, onde os apresentadores interagiam com o público. A celebração teve a importante participação de voluntários que ajudaram em várias partes de apresentação e serviços, entre aqueles que moviam os dragões e leões, e tocavam os instrumentos. Vários deles vinham de grupos de voluntariados diferentes. Entre esses está o instituto Sidarta, uma organização educativa cujos integrantes eram formados desde adultos inscritos e estudantes do ensino médio. Esta Instituição levantou murais pelas ruas contendo curiosidades sobre a China, e realizavam atividades manuais com crianças em espaços designados para famílias, “ realizar trabalhos como este é um exercício de civilidade, onde nós estamos dispostos em servir à sociedade” comenta Claudia, 46, voluntária do grupo ao explicar o objetivo do voluntariado do instituto “Ser voluntário está no DNA” ela brinca. A comida também teve seu destaque na celebração. Nas ruas, dezenas de barracas se estabeleceram, vendendo pratos típicos chineses, como o pão chinês, um salgado feito de massa de trigo cozido ao vapor recheado de carne e verduras. Pela liberdade ser um bairro tradicional japonês, comidas de origem nipônica também esteve à venda para o público. Também houve barracas que vendiam diversos artigos orientais, como decorações, camisetas, artesanatos e bichinhos de pelúcia dos signos chineses, o qual resultou ser lucrativo para os vendedores. “Os organizadores nos convidam, isso torna mais fácil de vender” comenta Carlos, 59, Artesão, sobre a celebração.


Allianz Parque faz o comércio prosperar em Perdizes A reinauguração do novo estádio da Sociedade Esportiva Palmeiras faz saltar a venda nos bares e nas lojas no entorno Texto: Luciano Lourenço Neto Foto: Luciano Lourenço Neto

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m meio ao momento politicamente conturbado do Brasil, muitos falam que vive-se uma crise. Porém o que se percebe no bairro das Perdizes é totalmente o inverso. Mais precisamente na rua Turiaçu, número 1840, onde um novo conceito de estádio de futebol é inaugurado, o Allianz Parque. Além do seu prato principal, os jogos, a arena multiuso tem atraído shows, como o de Paul McCArtney. Com essa visibilidade, muita gente passa por lá diariariamente, fazendo com que o bairro se recuperasse do limbo econômico dos quatro anos da reforma. Tradicional para os palestrinos, a esquina da rua Turiaçu com a rua Caraíbas atrai milhares de torcedores antes dos jogos. Seja para comer um “churrasquinho” ou beber uma cerveja. Além disso, o novo prédio poliesportivo do clube faz com que vários novos atletas consumam no entorno da arena. O vendedor Thiago Ferreira de 35 anos trabalha na loja oficial do Palmeiras há 15 anos e diz que foi uma surpresa positiva a volta dos jogos na arena. “Não imaginava que iriamos vender tanto aqui. As vendas subiram de 60 a 70%’’. Ele ainda ressalta que para muitos torcedores é um costume antes dos jogos comprar algum item relacionado ao clube. Está enganado quem pensa que só palestrinos consumam nas imediações. “Vem gente até do Japão conhecer a arena e comprar algo aqui”. Os quatro anos de reforma fez com que as vendas caíssem quase a metade diz Edivan, de 33 anos, vendedor do bar ‘’São Marcos”. ‘’Agora, a gente vê todos os jogos lotados. Tem vez que o jogo é às dez da noite e às quatro da tarde já vemos gente aqui, comendo e fazendo aquele ‘es-quenta’. Acredito que isso se explique pela estrutura que a arena e o bairro oferecem. Além do prédio de estacionamento do próprio estádio, temos dois shoppings ao lado, aumentando bastante o numero de vagas.’’

Mosaico da torcida palestrina no dia da inauguração do Allianz Parque O “efeito arena” também influenciou nas finanças do Palmeiras. Hoje, o clube é quem tem a maior média de público do campeonato paulista e dos outros estaduais, cerca de 26.536 pagantes, se-gundo o site “Sr. Goool”. Em vias de comparação, o time alviverde arrecada mais que os campeo-natos gaúcho, mineiro e carioca. Além disso, a renda líquida atualizada de R$ 8.344.873,54 é maior que a soma da arrecadação do Paulistão todo (R$ 7.110.054,31), informa o jornal LANCENET!. Esse fenômeno não é exclusivo de Perdizes. Na cidade de São Paulo, a Arena Corinthians, loca-lizada em Itaquera fez o bairro ganhar infraestrutura. O estádio que abriu a copa trouxe consigo uma estação de metrô, a Corinthians-Itaquera, aumentando a acessibilidade do local. Porém Juan Jensen, 39, economista, CEO da Tendências Consultoria e professor do Insper alerta que não é uma regra o avanço do comércio ao redor das novas arenas. “Esse avanço vai depender da forma que a arena é utilizada, do perfil dos frequentadores e da própria infra estrutura que a região ofe-rece.” Ele também complementa que o Allianz Parque, por ser uma arena

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multiuso, localizada numa região central e de fácil acesso, certamente está fazendo com que o comércio e os serviços de seu entorno tenham avanços significativos. Jensen diz que muitos dos novos estádios da Copa, por exemplo, estão sendo pouco usados e não trouxeram mudanças de grande porte ao entorno pois, para ele, não basta fazer o estádio, é necessário uma boa localização e dar uso ao espaço construído.“Para usar, há que ter demanda. Não adianta construir uma bela e moderna arena em um local distante dos grandes centros consumidores ou de difícil acesso.” Por fim ele salienta que o “efeito arena” só será efêmero para as arenas que não derem certo. Sendo que, para ele, nas arenas bem localizadas e com boa infra estrutura, tem-se um movimento estrutural de aumento de demanda por serviços no entorno como um todo. “Essas arenas vão concentrar a oferta não somente eventos esportivos, mas também outros tipos de grandes espe-táculos, como shows de artistas internacionais e nacionais.” É possível visitar o Allianz Parque de Quarta a Domingo, nos Horários: 10h, 11h30, 13h, 14h30 e 16h.


Poços artesianos: A solução para crise da água? Em meio a crise da água, implantaçao de poços surge como provável solução Texto: Frederico Maroco Nunes Foto: Frederico Maroco Nunes

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crise da água que se instalou em grande parte do estado de São Paulo, incluindo a capital, já se estendeu durante todo o ano de 2014 e permanece ainda nessa primeira metade de 2015. A represa Cantareira, principal fonte de abastecimento da grande São Paulo (abastece mais de 9 milhões de pessoas), constantemente fica com o seu nível de água baixíssimo, e fez com que se instalasse um estado de “pânico” na Capital, e assim, autoridades a princípio apenas cogitassem a ideia de fazer o racionamento da água, e pouco tempo depois, já começaram a pôr a ideia em pratica. Com tais problemas citados, outras formas de combater essa crise começaram a ser estudadas e colocadas em pratica pela população, e uma delas, foi a implantação de poços artesianos. Mas será que a implantação desse poços, é mesmo a melhor opção? Morador do bairro do Pacaembu, Sr Sergio Donato, de 58 anos, afirma que apesar de ter certos pontos positivos, o poço trouxe aspectos negativos também: “A implantação do poço aqui no prédio, obviamente aumentou o volume de água disponível para cada morador, porém, o preço do condomínio aumentou consideravelmente e ainda assim a água as vezes é escassa”. Outra fonte entrevistada, Donizette dos Santos, 51, dono de um restaurante chamado “Chaparraus”, localizado no bairro de Higienópolis, a falta de água traz problemas expressivos para seu estabelecimento comercial, já que, segundo ele, acaba sendo necessário a utilização apenas de copos descartáveis para servir as bebidas para seus clientes, já que não tem água para lavar os copos. Outro, e ainda maior problema, fica por conta da higiene nos sanitários, já que se torna impossível lava-los: «Acaba acarretando em um grande prejuízo para

Poço artesiano instalado mim e minha empresa, já que obviamente, um lugar com os banheiros sujos, acaba querendo ou não, espantando os clientes, que automaticamente já fazem relação da qualidade do lugar e da comida, de acordo com a higiene no banheiro”. Outro aspecto negativo dos poços artesianos é que, por conta da água estar tão escassa, o preço para furar um poço em qualquer residência, ou prédio comercial, já inflacionou, o que já era de se esperar. Há dois anos, os preços de poços artesianos custavam em torno de 30% mais barato. Ao ser solicitado a dizer algo a respeito dos poços artesianos, sobre como fazer isso ser uma solução boa e também mais barata para o bolso do paulistano para que assim, posso ser uma opção para a maioria, Carlos Giampá, diretor da DH Perfuração de Poços LTDA, Carlos Giampá explica que o próprio cidadão pode iniciar um pedido para ter um poço: Basta possuir uma propriedade, com escritura e registro no cartório de imóveis, para poder solicitar a licença para a perfuração de um poço tubular profundo”. Dito isso tudo, porém, é praticamente impossível que a ideia da implantação de poços seja a solução ime-

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diata para tudo, já que engana-se quem acredita que, para ter um poço em casa, é só perfurar o solo e esperar a água jorrar. Existe uma série de medidas que torna o processo burocrático, mas evita a poluição de aquíferos (grandes reservas subterrâneas de água potável) e o uso desenfreado da água. E quaisquer poços que não estejam devidamente regularizados podem ser fechados ou ter o uso proibido. Leva meses para sair uma autorização ou não para a implantação de um poço. Esse pode ser uma boa ideia? Talvez, mas, se vista a longo prazo. Porém, um reflorestamento é mais do que necessário, para que a água possa penetrar no lençol freático e dessa forma abastecer as represas, para que assim possa ser distribuída para a população em uma quantidade adequada. A populacão da Grande São Paulo é abastecida hoje por seis sistemas de abastecimento de agua, e são esses o Alto da Cotia (410 mil pessoas), Guarapiranga (5,2 Milhões), Rio Grande (1,2 milhões), Alto Tietê (4,5 milhões), Rio Claro (1,5 milhão), e a Cantareira (6,2 milhões), sendo o ultimo, o qual se encontra na pior situaçao em termos de quantidade disponivel para a destribuicao.


Fila para uma boa ideia Entenda melhor sobre o Brechó Mackenzista, grupo no Facebook que virou febre e cativou milhares de jovens em São Paulo Texto: Alessandra Gradim Foto: Alessandra Gradim

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esde quando surgiram no século XIX, os brechós são utilizados por muitas pessoas para realizarem compras e vendas a preços baratos. Porém, em setembro de 2014, na era da globalização e auge da internet e das redes sociais, surgiu uma ideia que resultou em uma releitura desse conceito. Arianne de Gennaro, 23 anos, aluna de Publicidade da Universidade Presbiteriana Mackenzie, criou um grupo no Facebook que leva o nome de Brechó Mackenzista. A comunidade que já reúne mais de 23 mil membros se apresenta com o propósito do “desapego”, e tem seu espaço utilizado para promover compras e vendas de todos os tipos de produtos (roupas, sapatos, acessórios, eletrônicos, moveis e etc) entre os participantes. O grupo recruta não só alunos do Mackenzie, como também gente de fora. Mesmo com o elevado número de membros, o grupo possui regras que devem ser respeitas. Para colocar um produto a venda, existe um processo estabelecido pela moderadora. É necessário postar uma foto daquilo que se está vendendo, e colocar na legenda as descrições necessárias e o preço. Assim, aqueles que se interessarem comentam a palavra “Fila” na foto, e o vendedor vai entrando em contato com os compradores para combinar hora e local do negócio seguindo a ordem dos comentários. As transações ocorrem de preferência no campus da Universidade, mas muitas vezes também acontecem nas estações de metrô da cidade. A fundadora Arianne, teve a iniciativa de criar o grupo para os alunos do Mackenzie pois fazia parte de outros brechós online, e a incomodava ter que se locomover até outras universidades para fazer suas vendas/compras. Ela relata a dificuldade que é administrar um grupo dessa dimensão. “Recebemos em torno de 300 solicitações diárias para entrar no grupo, precisamos filtrar essas pessoas antes

Arianne de Gennaro, 23 anos. Criadora do Brecho Mackenzista de aceitá-las, o que dá um baita trabalho. Fora isso, precisamos monitorar o que acontece no grupo, as pessoas as vezes não respeitam as regras.” No início, Arianne cuidava do grupo sozinha. Com o enorme crescimento da comunidade, ela precisava de alguém de confiança para ajudar na administração, então chamou sua cunhada para ser moderadora, e posteriormente outras amigas. Hoje, o grupo é dirigido por uma equipe de 5 meninas. A redatora publicitária também contou que além de todos os propósitos que a fazem tocar essa ideia, ela tem um grande apresso pelo grupo por causa das boas amizades que fez nele, duas delas que vieram a se tornar moderadoras do grupo. “Tenho um enorme carinho por elas” contou Arianne. Normalmente, o comércio acontece numa boa. Mas existem vezes que os compradores combinam de fazer um negócio e não aparecem, o que deixa muitos dos membros irritados. Marina Barriga, formada em Design

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Gráfico, conheceu o Brechó através das amigas, e conta já levou muitos bolos de meninas que iriam comprar seus produtos, mas insiste em vender pois encontrou no grupo uma maneira de juntar dinheiro para ir morar no exterior. Ela começou a utilizar seus conhecimentos de Design para investir na propaganda de seus produtos, e assim começou a vender melhor e mais. Depois de muitas vendas e alguns bolos, sua viagem acontecerá em maio deste ano. Atualmente, existem milhares de brechós online. Esse tipo de comércio se tornou muito popular entre os jovens e movimenta um enorme fluxo de dinheiro. Um aspecto muito positivo a considerar dessa novidade é que a internet e as redes sociais, que muitas vezes ainda são usadas para fins indevidos, servem como espaço para ajudar tantas pessoas, pois uma vez que realizados de acordo com as regras que o grupo estabelece, ambos os lados saem ganhando, tanto vendedor quanto comprador.


“Dias de luta, dias de glória”: O renascimento de Charlie Brown Jr. A banda Charlie Brown Jr é revivida, encenada, cantada e interpretada nos palcos do teatro musical Texto: Marcela Pires Foto: Marcela Pires

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ma das bandas mais emblemáticas do rock brasileiro, chamada Charlie Brown Jr. chegou ao fim? Parece que não. Vinte e três atores, cantores e bailarinos, três skatistas e uma banda com cinco músicos, dão vida ao grupo e sua historia. “O grande diferencial é retratar uma pessoa que realmente existiu, pois há uma liberdade de criação limitada, já que existe um compromisso com a realidade.” Ressalta, Julio Oliveira, 25, ator (intérprete do Champignon, o baixista). O espetáculo biográfico, que tem duração de 2h15min, conta 20 anos da historia e trajetória de Alexandre Magno Abrão, mais conhecido como Chorão, vocalista da banda Charlie Brown Jr. Na trama, um pouco antes de ter uma overdose, em seu apartamento, em Pinheiros, Chorão revive alguns fatos de sua vida, começando com a chegada ao litoral, com 17 anos, até sua morte em 2013. Em meio a tais acontecimentos, são cantadas, encenadas e tocadas 26 musicas da banda, incluindo uma pista de skate, manobras e grafites. “O espetáculo é simplesmente sensacional, muito bem escrito, interpretado e produzido. É um tributo lindo para uma das maiores bandas brasileiras”, argumenta Vitor Tironi, 18, estudante. Charlie Brown é um dos grupos brasileiros mais ouvidos até hoje, mesmo depois de seu termino. “As pessoas vão ao musical para ressuscitar os seus ídolos que se foram, então temos que proporcionar isso pra elas”, diz Julio Oliveira. Começou a ganhar fãs e admiradores desde 1997, em Santos, com o lançamento de seu primeiro álbum “Transpiração Continua Prolongada”, contendo uma sonoridade expressiva e autêntica, trazendo a tona o universo do skate e da rua. Chorão sempre estava à frente, dando direcionamento artístico e executivo. Seus seguidores foram conquistados pela familiaridade pro-

porcionada pelas letras e pela musicalidade. Durante a jornada da banda, que durou até 2013, a formação foi modificada algumas vezes, finalizando com Champignon como baixista, Marcão e Thiago Castanho como guitarristas, Bruno Graveto como baterista e Chorão no vocal. Lançaram 10 álbuns de estúdio e 12 ao todo, sendo o ultimo, em 2013, chamado “La família 013”, que faz menção ao DDD da cidade de santos, 13. Com 13 faixas, foi disco de ouro neste mesmo ano e ganhou três vídeo clipes. Em 2009, com o álbum “Camisa 10 Joga Bola Até na Chuva”, a banda conquista o premio Grammy Latino como melhor álbum de rock. E em 2014, o álbum “La família 013” também foi digno de Grammy Latino pela mesma categoria. “Escolheram um cara que tinha uma historia, não um simples ator, pois ele vivia o Charlie Brown também.” Comenta Karine Golçalves, 20, estudante de publicidade. O protagonista do espetáculo, rapper Julio Cesar Hasse mais conhecido como DZ6, chama atenção pela similaridade com a voz do Chorão. Foi descoberto pelo programa “Maquina da Fama” em

2013. E as semelhanças entres eles vão alem disso, DZ6 também é bastante envolvido com o skate, o rap e hip hop. A peça está em cartaz no Teatro Gamaro, localizado na Zona Leste de São Paulo, nos horários de 21h as sextas e sábados, e às 16h e 19h30min aos domingos, tendo em conta que a procura e compra por ingressos está gritante. Ficará em cartaz até julho em São Paulo, depois partirá para o Rio de Janeiro, com mais 6 meses. Posteriormente, será agendada uma temporada em Santos. E além disso, será o primeiro musical a participar do festival de Curitiba, que é o maior festival de teatro do Brasil. O musical “Dias de luta, dias de glória” é realizado pela S3 produções, fundada em 2013, escrita por Well Rianc e dirigida por Bruno e Luis Sorrentino. “Escrever um musical sobre o Charlie Brown Jr. foi um dos maiores desafios da minha carreira, pois retratar 20 anos da vida de um dos caras mais icônicos do Brasil em 2h30min não foi fácil. O resultado é a sensação de dever cumprido, porque assim como o Chorão, eu também tenho uma alma que é feita de sonhos”, disse Well Rianc, 23, escritor.

Cena do espetáculo “Dias de luta, dias de glória”

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Fazer a segunda faculdade é cada vez mais comum Muitas pessoas ingressam em uma segunda graduação, seja por amor ao curso ou dificuldades no mercado de trabalho Texto: Gustavo Oyadomari Foto: Gustavo Oyadomari

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om o mercado de trabalho cada vez mais competitivo, muitas pessoas estão recorrendo a uma segunda formação para melhorar seu currículo e, assim, ter melhores chances para conseguir um emprego. Esse, porém, não é o único motivo para o ingresso na segunda graduação. Pode ser a chance de cursar a faculdade que sempre quis. Pode ser, até mesmo, a chance de complementar a primeira faculdade. No caso de Aline Takamoto, 26 anos e estudante de Psicologia na Universidade Mackenzie, o desejo de fazer a segunda faculdade surgiu durante a primeira graduação, a de Economia. “Sempre tive interesse pelos dois cursos, mas depois de cursar o primeiro e ter tido contato com algumas disciplinas muito interessantes, que eram mais voltadas às questões humanas, tive a certeza que me encaixaria melhor no curso de Psicologia.”, diz ela. Já para Reginaldo Nascimento, 29 anos e administrador, cursar atualmente Ciências Contábeis é a chance de complementar sua graduação em Administração. Além disso, enxergou a ausência de profissionais com suas qualidades na nova área. “Para mim foi uma complementação da primeira faculdade, aliada à oportunidade de ingressar em uma área carente de profissionais fluentes em inglês e espanhol. Além de gostar de contabilidade, a oportunidade de crescimento profissional com bom retorno financeiro me fez buscar essa mudança”. Uma situação aparentemente inconciliável é a convivência entre alunos mais velhos e mais novos. Segundo Lincoln Cardoso, 40 anos, professor e farmacêutico, o fato dos mais velhos já terem vivido as experiências universitárias, assim como a diferença de idade e realidade sócio econômica, geram essa conflito. Mas faz uma ressalva: “Observo que tais distâncias são vencidas com a convivência acadêmica, que acaba por promover uma troca

positiva de experiências entre estes dois perfis de alunos. No decorrer do curso, esta integração se consolida como uma parceria que, muitas vezes, prevalece como verdadeiras amizades e relações profissionais no futuro”. Outro quesito, apontado como complicado, é a conciliação entre trabalho e faculdade. Aline, que atualmente está desempregada, mas que já chegou a estudar e trabalhar ao mesmo tempo, afirmou: “Já passei por essa situação e agora que estudo com o que me motiva e julgo mais interessante, não teria grandes problemas em conciliar essas duas atividades. Fazer essa conciliação não é fácil e de maneira geral as duas atividades normalmente são afetadas e desempenhadas de maneira menos efetiva”. A maturidade adquirida com a primeira graduação e com experiência no mercado de trabalho faz dos alunos em segunda formação pessoas mais maduras para enfrentar novamente o ambiente universitário, o qual é sempre carregado de distrações como festas e bares. “Assim como eu vivi um pouco disso na primeira faculdade, hoje os alunos estão mais interessados em bagunçar do que em ‘aprender’. Hoje eu faço faculdade com o

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intuito de crescer profissionalmente, com um objetivo planejado. Para os demais o conteúdo não é o mais importante e isso acaba dificultado em atividades em grupo, compreensão da aula e qualidade das aulas”, diz Reginaldo. Na opinião de Lincoln, um graduado que procura iniciar a segunda formação pouco tempo após terminar a primeira graduação deve ter errado na escolha do primeiro curso. Ele aconselha às pessoas que façam especialização, e diz que não precisam necessariamente ingressar em outra faculdade. “Como professor e farmacêutico, acredito na estratégia da especialização. Atualmente, as instituições de ensino superior oferecem formações generalistas, que produzem profissionais aptos a atuarem no mercado de trabalho, mas sem serem especialistas em questões estratégicas ou diferenciadas. Assim, acredito que um profissional que tenha acertado na escolha da sua primeira graduação deve investir em especializar-se em uma determinada área de sua carreira, sem deixar de lado suas habilidades generalistas, ao invés de recomeçar todo o processo de uma nova formação”, disse ele.


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