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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE - CENTRO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS

Publicação feita pelos alunos do segundo semestre de Jornalismo - Ed 154 - Ano XII - Maio 2015

A arte também é um clube sem membros Sem os membros superiores, artistas com deficiência tornam-se parte da Associação dos Pintores com a Boca e os Pés, que oferece oportunidade de emprego, página 3


Igualdade de gênero Até que ponto nossas diferenças não nos tornam adversários? Texto e foto: Juliana C. de Paula

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o dia oito de março, comemorou-se o “Dia internacional da mulher”. Segundo dados históricos, a data foi designada em razão do acontecido de 1857, onde operárias de uma fábrica de tecidos foram trancadas enquanto faziam greve, reivindicando melhores condições de trabalho. A fábrica foi queimada. E as operárias morreram carbonizadas. No entanto, a razão pela qual este dia tornou-se oficialmente o que ele é hoje, vai além desse fato. A ONU (Organização das Nações Unidas) instituiu em 2000, oito “Objetivos do Milênio”, baseados nos maiores problemas que envolvem a população mundial. Além disso, foi estipulado que todos os países deveriam alcançá-los até este ano (2015). Um desses objetivos é a “Igualdade entre sexos e valorização da mulher”. Gabriele Fabiana Vieira Mesquita, 30 anos, Professora de sociologia da rede pública estadual e municipal de São Paulo, evidencia que são muitos os indicadores de que a igualdade de gênero não foi de fato alcançada, ainda hoje. Ela cita como exemplo, a discrepância salarial, o baixo índice de representação nos fóruns de decisão política, nos cargos de chefia dos setores público e privado, além dos índices de violência contra a mulher. E comenta: “Nem os países mais desenvolvidos da Europa conquistaram essa equidade ainda, mas tem índices melhores que os nossos. É uma caminhada na qual ainda estamos engatinhando, mas precisamos va-

Universidade Presbiteriana Mackenzie Centro de Comunicação e Letras Diretor: Alexandre Huady Guimarães Coordenadora: Denise Paieiro

lorizar as conquistas que tivemos até aqui para seguir a diante”. A desigualdade de gênero está presente inclusive em sutilezas diárias. Que, na maioria das vezes, passam despercebidas pelo simples fato de serem vistas como naturais. Exemplo disso, é a forma como ensina-se às crianças como elas devem ou não comportar-se, de acordo com seu sexo. Alguns desses comportamentos são severamente reprimidos e afetam, inclusive, meninos. Estes que devem conter qualquer tipo de demonstração de sensibilidade ou fraqueza, que possam vir a ter. Na maioria dos casos, a repressão chega ao ponto de torná-los incapazes de expressar seus próprios sentimentos e convencê-los de que nasceram para proteger, comandar e serem fortes. Em contraposição com o comportamento ensinado às meninas. Este, pode ser um dos agentes que favorece o desenvolvimento de homens violentos e mulheres submissas. Ou seja, as crianças – tanto meninas, quanto meninos - são educadas para que enxerguem homens e mulheres como seres inconfundivelmente opostos, com papéis restritamente definidos. A Professora Gabriele, esclarece que “não se trata somente de uma diferença subjetiva, referente Coordenação de publicações: José Alves Trigo Editores: Paulo Ranieri (texto) e André N. D. Ferreira (diagramação) Equipe: Ana Paula Zacarias; Bianca Lee; Giovanni Antonelli; Guilherme Ziggy; Gustavo Oyadomari; Juliana C. Paula; Letícia Lannes; Leticia Riva; Marcelo L. Rossi; Marcos Gabriel; Thais Genovese; Vanessa Bayczar; Victória Navarro.

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à individualidades (o que seria positivo), mas diferentes no sentido de desiguais, de pessoas que, pelo senso comum, não seriam capazes de executar determinados papéis com competência, simplesmente porque “não teriam sido feitos para isso”. É uma concepção de mundo estática, em que não haveria espaço para a liberdade de ser diferente daquilo que é colocado como o padrão”. Raul Carlos Gomes, 21 anos, estudante do quinto semestre de história na PUC (Pontifícia Universidade Católica), diz que hoje em dia é bastante comum ver mulheres solteiras que trabalham fora e sustentam seus filhos. E, apesar disso, não existe o termo “mãe de família”, existe a mãe. Por isso, para ele, “a gente acredita viver uma sociedade patriarcal” quando, na verdade, esse parece ser apenas um modelo adotado pelo senso comum, para que o homem continue sendo visto como quem tem controle não só da própria casa, como também da sociedade. A questão da igualdade de gênero, indiscutivelmente transcende o que diz respeito aos direitos ainda não conquistados pelas mulheres, às diferenças salariais e todo o contexto de cultura patriarcalista que submete, em sua grande maioria, às meninas e mulheres. Pode soar, inclusive, confuso. Se estivermos ligados à uma ideia conservadora de família e de papéis destinados à homens ou mulheres. A questão, No entanto, diz respeito à toda sociedade – composta por homens e mulheres – levando em conta as bases que a estruturam, seus valores e os padrões ideologicos que permanecem, em sua maior parte, estáveis. Jornal-Laboratório dos alunos do segundo semestre do curso de Jornalismo do Centro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Impressão: Gráfica Mackenzie Tiragem: 200 exemplares.


Arte com a boca e os pés Deficientes físicos conquistaram prêmios importantes e se tornaram grandes pintores no mundo artistíco Texto: Bianca Lee Foto: Bianca Lee

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Associação dos Pintores com a Boca e os Pés (APBP) é uma empresa mundial que oferece oportunidade de emprego para pessoas que nasceram ou sofreram algum acidente, e por isto ficaram deficientes. Portanto, a APBP não é um projeto social de caridade, os pintores recebem por aquilo que fazem. O objetivo da empresa é proporcionar a cada pintor o seu próprio sustento através das suas habilidades com os pés e a boca, e obter uma segurança de trabalho que antes eles não tinham. Daniel Rodrigo Ferreira da Silva, 24 anos, artista plástico é um dos que integram na Associação há nove anos. Vítima de talidomida nasceu sem os membros superiores. Ao conhecer a instituição, Daniel botou em prática o seu dom para a pintura, que desde pequeno gostava muito. Ele participou de grandes eventos culturais e conquistou com o quadro ‘’Ninho de papagaio”, ao lado de 292 pintores profissionais sem deficiência, o terceiro lugar de melhor pintor da cidade de São Paulo. Segundo Daniel, graças a Associação a sua vida mudou completamente, abriu-se portas para o sucesso profissional.‘’A Associação não é uma empresa, é uma família”, disse ele. O jovem pintor fez faculdade na Universidade Belas Artes e continuou fazendo cursos livres para melhorar suas técnicas artísticas. A instituição tem o propósito de incluir um cidadão, portador de deficiência, em um mundo com pessoas sem nenhum tipo de doença, proporcionando a igualdade de oportunidade de emprego. Muitos desses artistas fizeram ou fazem outras faculdades e são palestrantes motivacionais. Devido a isto, os artistas produzem quadros e a APBP reproduz e vende seus trabalhos em forma de cartões, calendários, adornos e cartas. Os quadros não podem ser vendidos pela Associação sem a autorização dos autores da obra. Os profissionais podem vender por conta própria, mas o objetivo dos pintores é apenas engrandecer a

Quadro “Ninho de Papagaio” que ganhou prêmio internacional e nacional Associação pela a oportunidade que lhe ofereceram. A maioria dos artistas plásticos excepcionais sofreu acidentes durante a vida, e por muitas vezes estas pessoas se sentiram inválidas dentro da sociedade. No entanto, ao conhecer a APBP, eles encontram uma oportunidade de se apaixonar pela pintura e percebem que o mundo e seus pertences esta disponíveis para todos. Os pintores deficientes querem uma vida normal, com oportunidades de empregabilidade e qualidade de vida. Recusam a caridade de outras pessoas, pois acreditam que independente dos problemas, todos devem ir à luta e conquistar o que cada um almeja. A habilidade com os pés e a boca mostra ao publíco que sonhos não tem limites. O artista Daniel, por exemplo, conquistou vários prêmios internacionais na Suíca e Buenos Aires, influenciando outros deficientes que é possível alcançar seus objetivos. A Associação começou em 1956 por Erich Stegmann, um alemão deficiente que pintava com a boca. Ele decidiu reunir um pequeno grupo de artistas com deficiência fisíca de oito

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países europeus. Logo após, Gonçalo Borges, brasileiro e deficiente, teve acesso à empresa e trouxe ao Brasil a ideia. A instituição é pouco conhecida no Brasil, ao contrário no exterior em que as obras recebem críticas de renomados na história artística. Atualmente, há 50 artistas no país e a central nacional de atendimento esta localizada em São Paulo, no bairro Moema, Zona Sul. O deficiente que queira ser um integrante deve enviar os próprios quadros para que este material seja recolhido e avaliado na Suiça, sede fundadora. Ao ser aprovado, a APBP oferece bolsas de estudos aos iniciantes para aprender as técnicas de pintura. Com o tempo, a ideia é que eles consigam, ao longo dos meses, se desenvolver e se aperfeiçoar em seu trabalho. Ao ser considerado do mesmo padrão que profissionais da área artística, os pintores com deficiência se tornarão membros efetivos, ou seja, recebe uma renda mensal vitalícia. A maioria dos artistas participam de eventos culturais e demonstram suas pinturas em escolas e empresas que estiverem interessadas.


Intercâmbio jovem tem demanda crescente

Prática está cada vez mais comum entre jovens de diferentes idades e também com diferentes objetivos na ida ao exterior Texto: Giovanni Antonelli Foto: Giovanni Antonelli

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conhecimento e a exposição a novas culturas são o reflexo da mais poderosa forma de expandir e disseminar a paz junto com a compreensão internacional. Nada como conhecer uma nova cultura e novas pessoas com rotinas e habilidades diferentes de sua criação e aprimorar sua autoconfiança sendo exposto ao inédito. O intercâmbio de jovens desenvolve a pessoa como si própria, prática que se tem registro desde a década de 1920 envolvendo clubes europeus. É estimado que cerca de 8.000 jovens com idade estudantil visitam cercam de 80 países anualmente segundo ao Rotary. Maura Leão, 52 anos, dona da agência de viagens Yázigi Travel em São José dos Campos – São Paulo enaltece a aventura jovem durante o programa, diz que o conhecimento de outra cultura através do aprendizado de um idioma ajuda muito a compreensão e a facilidade de adaptação do jovem. “É a melhor forma de desenvolver algumas habilidades, hoje tão importantes nas relações interpessoais e profissionais. O jovem gosta de aventura, e fazer intercâmbio é uma forma segura de ousar pelo mundo a fora.” A prática normalmente vem ligada ao estudo, por se tratar de uma experiência cultural. Mas nem sempre se toma o rumo mais fácil. Uma viagem independente também pode ser uma opção. É o que diz o estudante de Publicidade e Propaganda Matheus Eurico, 21 anos “Quando faço uma viagem para a Europa, eu definitivamente não procuro agências, primeiramente procuro me informar antes a respeito de atrações na cidade junto com trajeto mais vantajoso economicamente”. O estudante aponta grupos de turistas pela cidade e seus atos. ‘’Em Portugal é comum a frequência de estrangeiros, principalmente entre julho e setembro. As pessoas que vão por sí só, assim como eu faço, buscam atrações que lhe favo-

Maura Leão, empresaria turística.

Folhetos apresentam ofertas.

reçam no quesito financeiro.” O planejamento é uma parte delicada e importante no processo e deve ser encaminhado passo a passo. Dependo do objetivo procurado pelo viajante, pode-se optar por rumos diferentes, conta-se com despesas como: passagem aérea, hospedagem, transporte, alimentação, plano de saúde para eventuais emergências, seguro de vida entre outros cuidados pessoais e principalmente na moeda utilizada em seu rumo. É importante lembrar que o pagamento dos cursos ou viagens ao exterior é feito na moeda do país de destino. No caso do dólar, especialistas sugerem o estudo do mercado financeiro durante o planejamento da viagem. Olhando para um mercado futuro, a dica é poupar. Esta alternativa pode ser interessante para quem vai passar mais tempo fora, já que o valor mínimo vendido é 10 mil dólares. A outra opção, e mais frequente, é comprar dólar aos poucos, preferencialmente, em um cartão pré-pago. Mais um quesito delicado é o visto, uma variante de país para país. Grande parte das agências oferece assistência para a retirada do visto. Para estudar por até seis meses o Canadá requere o visto de Residente Tempo-

rário (turista), para períodos superiores a seis meses o visto de estudante é requerido. Para programas de estudo e trabalho um visto especial é exigido. Outro importante detalhe está na relação burocrática ligada ao seu país de origem. É muito comum a perda de documentos durante uma viagem. Antes de sair do Brasil é aconselhado estar ciente dos endereços e os telefones dos Consulados ou Embaixadas de seu país no exterior. Esses dois locais devem ser procurados na ocasião de perda ou roubo de seus documentos. Agências de viagens especializadas como Tam Viagens, CVC, CI intercâmbios e Yázigi Travel reservam temporadas exclusivas de intercâmbio jovem oferecendo pacotes, sejam eles de curta (um a dois meses) ou longa duração (6 meses em diante). A especialista Maura Leão ressalta os períodos e destinos mais procurados. “Férias escolares, Janeiro, Fevereiro ou Julho e início do ano letivo, no país escolhido para se fazer o Ensino Médio (neste caso pode ser Agosto ou Setembro para os países do hemisfério norte, como Estados Unidos, Canadá e países na Europa ou Janeiro/Fevereiro para países do Hemisfério Sul, como Austrália e Nova Zelândia”.

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A esquerda que ninguém nunca ouviu falar Quem são as pessoas que se reconhecem como sendo de esquerda e não se consideram representadas pelo PT; onde eles estão e quem as representa?

Texto: Guilherme Ziggy Foto: Guilherme Ziggy

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a última sexta-feira (13), professores da rede estadual de ensino decidiram em assembléia pública, realizada no vão livre do MASP, em São Paulo, entrar em estado de greve. A categoria saiu em passeata pelas principais vias da capital e se dividiu entre dois grupos heterogêneos: o primeiro grupo somou forças com a marcha pró-Dilma, organizada pela CUT; o segundo grupo seguiu outro trajeto que terminou na Praça da República. Se um estado de greve é herança da esquerda, como é possível que o maior e mais lucrativo sindicato da América Latina, a APEOESP, esteja dividido em duas frações com conceitos bem específicos e opostos entre si de “esquerda”; como um pode ser base do governo e o outro pode ser oposição? Qual é a melhor fórmula para compreendermos essa divisão, e o quê devemos saber para a sustentação de críticas que sejam bem fundamentadas? A motivação da greve dos professores da rede estadual de ensino é só um pequeno exemplo de situação confusa por excelência. Se uma greve é legado histórico da esquerda, e a esquerda e o PT é que estão no poder executivo, porquê existem pessoas que estão contra a atual gestão e entretanto não são nem tucanos e nem pmdbistas? Sabrina Fernandes, 26, especialista em Sociologia de Movimentos Sociais da UnB, acredita que “o PT como partido passou por um processo de mudanças práticas, burocráticas, e ideológicas após ascender ao governo federal com a eleição do ex-presidente Lula. Essa mudança corresponde ao que chamamos de transformismo. A constante neoliberalização das políticas do governo do PT, acompanhada das várias alianças políticas com partidos da elite e diretamente com grandes empresas (ex: empreiteiras), demonstra como é necessário re-classificar o que entendemos como esquerda no Brasil e como isso afeta a classe trabalhadora”, e acrescenta

que, “enquanto alguns intelectuais ousam classificar o PT como não mais de esquerda, colocando-o no centro ou na centro-direita, outros ainda o enxergam como de esquerda devido a algumas características sociais e históricas. Uma dessas é a ligação com alguns movimentos sociais e bases sindicais, especificamente o MST e a CUT”. Para Vivian Morais, 24, revendedora de planos telefônicos da Nextel em São Paulo, “o negócio de polarização política que as pessoas comentam por aí é confuso demais pra minha cabeça” e explica, “as pessoas precisam trabalhar o dia todo e possuem poucas horas disponíveis para estudar o assunto de verdade, nós precisamos de informações rápidas e objetivas; votei no PT por referência ao passado, pelos programas sociais e avanços da classe pobre, só que agora eles não parecem mais se importar com essas pessoas e suas necessidades, eu não sei mais quem é quem e o que significa ser de esquerda no Brasil”. Afinal, quem são as pessoas dessa “esquerda”? Quem os representam? Se há insatisfeitos com o governo e eles não são pró-Dilma, porquê eles não participaram da marcha dia 15 de março, organizada pelo movimento Vem pra Rua? A socióloga Sabrina Fernandes aponta um caminho para que possamos compreender suas razões: “Existem partidos, movimentos sociais, sindicatos, coletivos, e militantes que estão situados claramente à esquerda do PT. Esses grupos possuem um projeto de combate à medidas neoliberais como as impostas por Joaquim Levy, e por um aprofundamento de direitos sociais, serviços públicos, e a construção do poder popular (algo que vai muito além de propostas legislativas e jurídicas de reforma política). Então, não é uma surpresa o fato dessa esquerda se recusar a tomar as ruas juntamente à base governista, já que defendem propostas sociais e políticas opostas, especialmente em relação às duas leituras do governismo, da transformação do Partido dos Trabalhadores, e quais

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Com ideiais socialistas, essa esquerda vem crescendo cada vez mais

métodos precisam ser adotados para transformar a sociedade mediante valores socialistas” e conclui dizendo que “a tentativa de transformar uma defesa da democracia (e contra convocatórias para um impeachment, golpe, ou intervenção militar) em uma defesa aberta do governo do PT e da presidenta era evidente para outros grupos da esquerda que não compõem a base governista e que se posicionam como oposição de esquerda a esse governo”. É evidente o pouco apelo que essa nova esquerda possui para os meios de comunicação; a mídia dá pouca evidência para qualquer forma de alternativa política em suas manchetes e artigos - pelo menos é o que aparenta acontecer. Então, enquanto a esquerda governista, ou seja, os petistas, buscam formas de se renovarem publicamente e acabam se contradizendo na prática - como por exemplo: os cortes de direitos para seu eleitorado, os trabalhadores essa nova fração política conquista de pouco em pouco seu espaço no cenário e conjuntura política nacional, angariando a simpatia e confiança de jovens universitários e outros setores da juventude que estão desiludidos com a política vigente hoje no país. Tempos de insurgência política se aproximam; talvez em um futuro próximo, nós ouviremos e veremos mais sobre esses movimentos. É bom ficarmos de olho.


Abrindo as portas para o mundo Tenha uma nova experiência pelo mundo de um modo que jamais sonhou atráves do Couchsurfing Texto: Letícia Lannes Foto: Letícia Lannes

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ara quem busca opções baratas em uma viagem está o Couchsurfing, que apresenta uma proposta de interação social e mostra o mundo de uma forma completamente diferente. Couchsurfing mostra o seu lado criativo e humano de ser, respeitando e abrindo portas para novas experiências. Você se hospeda na casa de alguém, como dizem os criadores do site Couchsurfing.com “amigos que você ainda não conheceu”, em algum lugar do mundo, compartilham suas experiências e gostos. Prática novas línguas, conhece o mundo por olhar turístico e nativo, sabe quais são os melhores lugares a frequentar, mesmo aqueles não famosos que seu guia turístico nunca chegou perto, as melhores comidas e baladas, além de tudo faz amizades com pessoas que acreditam no mesmo que você: humanidade, respeito e aproveitar ao máximo a vida. Tor SterbenNile é artista e arquiteto de interiores de 31 anos da Tailândia, já viajou pelo modo couchsurfing para seis países, que são Eslovaquia, Polônia, Australia, Alemanha, França e Bélgica. Descobriu por um blog de seu país. Diz que esse modo de viagem foi algo maravilhoso que aconteceu em sua vida. “Couchsurfing traz algo para mim que eu não estou muito certo do que é, mas tenho certeza que não é fortuito, esse é um jeito de receber o presente de deus” O melhor conselho que ele pode dar para as pessoas que querem começar, mas se sente inseguro é para apenas sorrir “Eu acho que o sorriso é simples, mas essa é a melhor coisa. Nós fazemos algo errado e usar o “sorriso e o pedido de desculpa”, esse é o conselho para reduzir a tensão.” Ele fica muito feliz de hospedar e ser hospedado em casa de pessoas em outros países. Sente-se muito grato pelas viagens realizadas. “Este é o melhor jeito de conhecer a Tailândia pra fora”

O site mais famoso é o Couchsurfing.com, foi criado por Casey Fenton, Daniel Hoffer, Sebastian Le Tuan e Leonardo Bassani da Silveira. Esse projeto iniciou com quatro amantes de viagens. Eles acreditam que essa forma de viajar ajuda a criar valores como compartilhar sua história com outras pessoas, ter curiosidade com tudo o que vê e que possa agregar conhecimento, deixar o local em que passou melhor do que estava e ser gentil. Com 10 milhões de inscritos, em mais de 200 mil cidades em todo o mundo, esse é o melhor jeito de entrar em contato com este mundo, escolher o Couchsurfer (pessoa que hospeda) que mais combina com você e a cidade de sua preferência. Tor diz que o couchsurfing é o melhor jeito de aprender tudo sobre cultura, comida, vida e muito mais. Porém, não é apenas aprendizagem que você ganha, a riqueza de ter novos amigos que jamais encontraria de um modo tradicional. “Não estou certo, mas acho que boas amizades você não pode comprar, você os conquista com seu coração.”

Guias de viagem

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Garota escolhendo seu destino O objetivo de conhecer o mundo todo através desse modo é com o que você faça o mundo ser menor do que é, crie pontes em países de outros continentes com suas culturas exóticas e características que possa inovar seu estilo de vida e os dos outros. Mude e conheça a vida de pessoas que a distância jamais permitiu que ocorresse.


Instalação de ciclofaixas divide opiniões de ciclistas e funcionários Com a intenção da iniciativa privada, as ciclofaixas de lazer chegaram à cidade de São Paulo há cinco anos e ainda não encontraram aceitação por parte de seus usuários Texto: Marcelo L. Rossi Foto: Marcelo L. Rossi

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nstaladas como alternativa de transporte para os usuários, a implementação de novas linhas de ciclofaixas na capital paulistana é motivo de discórdia entre ciclistas e moradores das regiões. Uma pesquisa com ciclistas e funcionários do movimento “Conviva – Motoristas, Ciclistas e Pedestres convivendo em harmonia” apresentou opiniões divergentes a respeito do planejamento de como e da utilização das ciclofaixas por usuários da cidade. Em 30 de agosto de 2009, na gestão do então prefeito Gilberto Kassab (ex-DEM e atual PSD), a Prefeitura da cidade de São Paulo, com a parceria da Bradesco Seguros, colocaram em prática o projeto da instalação de ciclofaixas de lazer para a população e, segundo o site do projeto, “junto com ela, mais uma opção para que as pessoas pudessem aproveitar o domingo junto com a família e os amigos ou simplesmente fazerem um programa saudável, divertido e prazeroso.” A instalação de novas ciclofaixas está inserida em um projeto que compõe um dos modelos do sistema cicloviário da subdivisão modal dos meios de transporte da cidade de São Paulo. A capital paulistana conta com aproximadamente 149,1 quilômetros de malha cicloviária, sendo 3,3 de ciclofaixa definitiva e 120,8 quilômetros de ciclofaixa de lazer, segundo a CET (Companhia de Engenharia e Tráfego). Quando apresentados dados de que circulam 5,4 milhões de carros na cidade, segundo o portal de notícias da Globo, de 2014, e 15 mil ônibus urbanos, de acordo com a SPTrans (São Paulo Transporte), Paulo de Oliveira Ribeiro, 46 anos, vigilante, afirma que “na verdade, São Paulo tem quase sete mil veículos registrados. É muita coisa, é complicado você andar de bicicleta em São Paulo. Não adianta querer melhor o trânsito para bicicletas em detrimento do trânsito para

Ciclistas atravessam ciclofaixa da Cidade Jardim, no Parque do Povo veículos, porque o importante é o deslocamento. O transporte público é que deveria ser melhorado, mas não dá, ainda é muita gente. São Paulo tem 14 milhões de habitantes (sic), mas tem quase tanta gente como a região norte do Brasil, que tem 16 milhões. A cidade cresce muito rápido e eu acredito que não haja solução.” Contrariando opiniões, Thauana Ferreira Bida, 21 anos, estudante, diz que a recente instalação de ciclofaixas melhorou bastante o fluxo do trânsito no que diz respeito ao deslocamento da população, apesar de perceber que ainda há muito desrespeito com o ciclista. A adesão às novas ciclofaixas na cidade foram gradativamente reconhecida e o horário de funcionamento aos domingos e feriados foi ampliado. No início, era das 7h às 12h; expandiu até às 14h; e atualmente, encerra-se às 16h. Segundo Marcelo Pereira, 43 anos, cabeleireiro, o planejamento da instalação de ciclofaixas próximas a parques (do Ibirapuera até o das Bicicletas, por exemplo) é uma estratégia interessante, pois “ela começa em um determinado lugar e termina no parque. Como se fosse um trilho, um caminho. Eu acho que é necessário, mas

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eu ainda insisto em relação à pesquisa [de mercado com os ciclistas interessados], porque tem ciclofaixa que não tem nada a ver e está atrapalhando realmente ao trânsito. As pessoas não estão se respeitando.” Questionado se existe alguma relação política entre as instalações das ciclofaixas na cidade de São Paulo e a campanha para uma possível reeleição do atual prefeito Fernando Haddad (PT), Ribeiro responde que “as ciclofaixas já existem há pelo menos cinco anos, então já se passaram três prefeitos diferentes (sic), então não há situação política. Deve haver um foro político ou faltou muito estudo para se introduzir as ciclofaixas, porque elas estão em locais que eu não vejo bicicletas andarem praticamente. Faltou planejamento.” De acordo com a pauta de melhorar a mobilidade urbana no município, a atual gestão tem o objetivo de ampliar em mais 400 quilômetros as ciclofaixas até o final deste ano, segundo a Meta 97, do Programa de Metas, a ser realizada a partir do Projeto SP 400km, segundo o site da Prefeitura. A reportagem tentou contato com o Palácio do Anhangabaú, mas, até o final desta edição, não houve respostas.


As vantagens de um amor maduro Adotar um cão mais velho pode parecer desvantajoso, mas os benefícios e gratidão são bem maiores do que as pessoas pensam Texto: Marcos Gabriel Foto: Marcos Gabriel

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iante de inúmeros cães que necessitam ser adotados todos os dias, por famílias que os levem amor, atenção e carinho, sempre, a maioria dos que sobram são os mais velhos. A preferência visivelmente singela de quem adota, é baseada no prazer e na conquista que cada filhote carrega. Irresistíveis, os ‘’peludinhos ‘’que acabaram de nascer são sempre mais atraentes do que aqueles que já viveram bastante tempo, e que provavelmente foram abandonados pelos donos, justamente por esse fato. Todos os dias os mais variados tipos de raças, tipos e jeitos são expostos para serem adotados em feiras de adoção e afins. O que ninguém vê e nem leva em consideração, são as vantagens que devem ser levadas em conta, quando se prefere um cão mais velho. É comum perceber que nem sempre são a preferência, e que geralmente, ficam por muito tempo esperando alguém ou um lar. Sendo assim, o tempo para eles é precioso. Quanto mais tempo ficam ali, esperando e não sendo realmente acolhidos por alguém, maior as chances de permanecerem ali, até o fim de suas vidas. O olhar que cada cão adulto carrega é de grande afeto e principalmente de esperança, de que um dia serão realmente levados para casa. A adoção de um cão mais velho pode trazer muitos benefícios financeiros, principalmente para aqueles que necessitam economizar. A primeira e principal vantagem é de que eles se adaptam muito mais fácil ao novo ambiente, ou seja, ao novo lar. Seja pela vivencia que já carregam, seja pela carência que também ocupam em si, a compreensão de cada um deles é muito mais simplória e rápida do que a de um cão mais novo, que poderia se estranhar com o local, e chorar por varias e varias noites, por exemplo. No Centro de São Paulo, a instituição Associação Natureza em Forma, fundada em 2004 e localizada na Rua General Jardim, que preza a adoção, não só de cães, mas como também

Cadelinha mais velha, esperando por adoção de outros animais como por exemplo gatos e hamsters, reforça a idéia de que adotar um ‘’pet’’ mais vivido, tem lá suas vantagens, e muitas. Arlf William, de 18 anos, funcionário da do Centro de Adoção, conta que a preferência da maioria de quem é adota, focada em cães filhotes e menores, é compreensível. O motivo disso seria basicamente óbvio: cada vez mais, as pessoas estão interessadas na fofura que o filhotinho passa, não levando em consideração a necessidade de um cão adulto, ressalta Arlf. Ele ainda defende, que a opção de acolher um ‘’cãozinho’’ que tem mais tempo de vivência, pode sim alegrar a vida de quem o acolhe. Outros motivos que levam à adoção de um ‘’pet’’ mais velho, é que a noção estipulada pelo tamanho do cão, já é definida , ou seja, quem adota não terá mais duvidas sobre o crescimento dele. Outro fato muito importante e curioso, é que o ‘’cãozinho’’ não fará tanto suas necessidades dentro de casa. Sendo assim, ele provavelmente

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já cresceu e tem as noções cujas foram dadas no ambiente onde ele esteve, e assim, não aprontará, provavelmente, nenhuma surpresa desagradável. Já quem prefere fazer o ato de compaixão de escolher um deles para levar pra casa, só obtêm de resultados positivos. Mariana Marques, 22 anos, estudante de Jornalismo e cliente do Centro, diz que prefere levar um cão mais velho, mais idoso. Ela ressalta que o amor estabelecido por ele é enorme, e que o fato de estar no meio ou fim da vida, não impede que ele seja fiel e importante, cada vez mais. De diferentes tipos, raças e jeitos, como citado no inicio, os cachorros são partes da vida de cada família que tem a vantagem de tê-los entre si. Como filhotes, como adultos, eles te amarão independente de qualquer coisa , e trarão coisas boas, provavelmente. Assim sendo, ao adotar um cão mais velho, você crava em seu peito, a esperança mais pura: de que um dia, esse dia chegaria, e a vantagem mais complexa de todas: ser amado.


Fazer a segunda faculdade é cada vez mais comum Muitas pessoas ingressam em uma segunda graduação, seja por amor ao curso ou dificuldades no mercado de trabalho Texto: Gustavo Oyadomari Foto: Gustavo Oyadomari

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om o mercado de trabalho cada vez mais competitivo, muitas pessoas estão recorrendo a uma segunda formação para melhorar seu currículo e, assim, ter melhores chances para conseguir um emprego. Esse, porém, não é o único motivo para o ingresso na segunda graduação. Pode ser a chance de cursar a faculdade que sempre quis. Pode ser, até mesmo, a chance de complementar a primeira faculdade. No caso de Aline Takamoto, 26 anos e estudante de Psicologia na Universidade Mackenzie, o desejo de fazer a segunda faculdade surgiu durante a primeira graduação, a de Economia. “Sempre tive interesse pelos dois cursos, mas depois de cursar o primeiro e ter tido contato com algumas disciplinas muito interessantes, que eram mais voltadas às questões humanas, tive a certeza que me encaixaria melhor no curso de Psicologia.”, diz ela. Já para Reginaldo Nascimento, 29 anos e administrador, cursar atualmente Ciências Contábeis é a chance de complementar sua graduação em Administração. Além disso, enxergou a ausência de profissionais com suas qualidades na nova área. “Para mim foi uma complementação da primeira faculdade, aliada à oportunidade de ingressar em uma área carente de profissionais fluentes em inglês e espanhol. Além de gostar de contabilidade, a oportunidade de crescimento profissional com bom retorno financeiro me fez buscar essa mudança”. Uma situação aparentemente inconciliável é a convivência entre alunos mais velhos e mais novos. Segundo Lincoln Cardoso, 40 anos, professor e farmacêutico, o fato dos mais velhos já terem vivido as experiências universitárias, assim como a diferença de idade e realidade sócio econômica, geram essa conflito. Mas faz uma ressalva: “Observo que tais distâncias são vencidas com a convivência acadêmica, que acaba por promover uma troca

positiva de experiências entre estes dois perfis de alunos. No decorrer do curso, esta integração se consolida como uma parceria que, muitas vezes, prevalece como verdadeiras amizades e relações profissionais no futuro”. Outro quesito, apontado como complicado, é a conciliação entre trabalho e faculdade. Aline, que atualmente está desempregada, mas que já chegou a estudar e trabalhar ao mesmo tempo, afirmou: “Já passei por essa situação e agora que estudo com o que me motiva e julgo mais interessante, não teria grandes problemas em conciliar essas duas atividades. Fazer essa conciliação não é fácil e de maneira geral as duas atividades normalmente são afetadas e desempenhadas de maneira menos efetiva”. A maturidade adquirida com a primeira graduação e com experiência no mercado de trabalho faz dos alunos em segunda formação pessoas mais maduras para enfrentar novamente o ambiente universitário, o qual é sempre carregado de distrações como festas e bares. “Assim como eu vivi um pouco disso na primeira faculdade, hoje os alunos estão mais interessados em bagunçar do que em ‘aprender’. Hoje eu faço faculdade com o

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intuito de crescer profissionalmente, com um objetivo planejado. Para os demais o conteúdo não é o mais importante e isso acaba dificultado em atividades em grupo, compreensão da aula e qualidade das aulas”, diz Reginaldo. Na opinião de Lincoln, um graduado que procura iniciar a segunda formação pouco tempo após terminar a primeira graduação deve ter errado na escolha do primeiro curso. Ele aconselha às pessoas que façam especialização, e diz que não precisam necessariamente ingressar em outra faculdade. “Como professor e farmacêutico, acredito na estratégia da especialização. Atualmente, as instituições de ensino superior oferecem formações generalistas, que produzem profissionais aptos a atuarem no mercado de trabalho, mas sem serem especialistas em questões estratégicas ou diferenciadas. Assim, acredito que um profissional que tenha acertado na escolha da sua primeira graduação deve investir em especializar-se em uma determinada área de sua carreira, sem deixar de lado suas habilidades generalistas, ao invés de recomeçar todo o processo de uma nova formação”, disse ele.


Haitianos superlotam Casa do Migrante O abrigo mantido pelos padres da Igreja Nossa Senhora da Paz, na baixada do Glicério, no centro, ja ultrapassa a capacidade máxima Texto: Vanessa Bayczar Foto: Vanessa Bayczar

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Missão Paz, movimento da igreja católica, abriga atualmente na Casa do Migrante haitianos, que vieram do Estado do Acre enviados pelo governo para a região do Glicério em São Paulo a procura de trabalho, e uma melhor condicão de vida, mas com a demora da carteira de trabalho eles encontram dificuldades para se estruturar. Chegando de dois a três onibûs por semana, com um total de 100 migrantes, o abrigo atingiu a sua capacidade. A emissão da carteira demora aproximadamente 2 meses, com isso a demora por um emprego ocasiona permanência de maior duração no abrigo.Mas com o mutirão feito para ajudá-los o documento tem sido feito na hora na sede do Ministério do Trabalho, no centro da cidade. O documento em mãos e uma grande prova de cidadania deles. O número de haitianos que estão se deslocando para São Paulo aumentou devido as fortes enchentes ocasionadas no Estado do Acre e também pelo fechamento de um abrigo na cidade. O governo financia as viagens deles para a capital com a colaboração do governo federal, porque eles encaram o estado do Acre como uma porta de entrada no Brasil, para depois seguirem para outros lugares. ‘’Há mais de 30 anos recebemos migrantes do mundo todo, o abrigo fixo possui 110 vagas todos os dias, que são preenchidas rapidamente, mas não deixamos ninguém na rua, por isso contamos também com o abrigo emergencial, que surgiu em contemporaineidade com o governo do Acre, mandando os haitianos de Rio Branco para a Barra Funda’’, comenta o padre Paolo Parise. O pároco ainda observa que os desafios deles comecam logo que chegam ao terminal rodoviário, pois chegam totalmente desorientados e não encontram informações necessárias para se localizarem e chegarem a sede da Missão Paz, enfrentando também desafios ligados à sociedade e à política migratória do país de destino.

Abrigo emergencial da Casa do Migrante Desconfiados, não são muito receptivos com os visitantes, mas interagem entre si possuindo uma convivência agradável e construindo também laços de amizade, tornando assim um ambiente familiar e harmonioso. Algumas pessoas que já não vivem mais no abrigo, pessoas no caso que conseguiram um emprego e atualmente moram em suas próprias residências, muitas vezes voltam para realizar visitas aos seus amigos que lá estão a espera de oportunidade. Desenvolvendo um trabalho social há alguns anos, a Missão Paz conta com a ajuda de voluntários, trabalhadores e tradutores diariamente, pois o idioma falado e o francês e alguns outros falam o crioulo (derivação do francês ). Assegurando aos ‘’moradores’’ um bem estar maior, ‘’Sou voluntária há 30 anos, adoro ficar aqui, o tempo passa rápido sem eu perceber quando me dou conta o dia terminou, gosto bastante e me sinto muito bem, é um aprendizado a cada dia’’. Conta Valerina Pereira , voluntária na Casa do Migrante. ‘’Adoro conviver com eles, me sinto muito bem neste lugar, já estou trabalhando aqui fazem 7 anos. Cozinhando no almoço todos os dias, fico muito feliz em ver o refeitório cheio e todos eles ali sentados.’’ Acrescenta Aurea Souza Santos, funcionária do abrigo.

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Contando com uma estrutura grande e acolhedora, o abrigo dispõe de sala de televisão, dormitórios femininos e masculinos, refeitório e uma área de convivência tranquila, lugar que eles passam a maior parte do tempo. Recebendo visitas diariamente a Missão Paz recebe doações que é de grande importância no dia a dia dos que vivem ali. ‘’Divulgamos no site uma vez por mês o que precisamos, até uma semana atrás precisávamos de fraldas e leite em pó para as criancas. Nesse momento é mais material de limpeza, mas estamos sempre divulgando o que é mais necessário.’’ Segundo o padre Paolo Parise. Em alguns dias pela manhã, é celebrada uma missa em haitianos, local e um momento único onde se reúnem e rezam juntos pela sua crença.


Vila Madalena recebe a Cantareira Resultado da união do trabalho de dois grandes artistas, “v e r a c i d a d e m u d a n a” alerta a população sobre problemas hídricos Texto: Victória Navarro Foto: Victória Navarro

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m meio à maior carência hídrica da história de São Paulo e ao racionamento de água, a Galeria A7MA apresenta uma dupla artivista e contemporânea. Emparelhados, Mundano e Mauro Neri da Silva instauram “v e r a c i d a d e m u d a n a” com obras nunca antes vista, focadas na cidade, política, meio ambiente e água. Tópicos que vieram para conscientizar a população paulista. Por um lado, Mauro, criador de projetos como Cartograffiti e Imargem, junto aos agentes marginais na represa Billings, área manancial da zona sul de São Paulo, no Grajaú, informa e alerta os conflitos entre a vivência e o meio ambiente. O autor convida os interessados a Ver a Cidade com suas reais características, sofrimentos e mudanças, muitas vezes alheios à observação cotidiana. Pela megalópole alastra seus emblemas e tipografias legíveis, brincando com as alternativas de ler o Ver, de Verdade, Veracidade. Usa e abusa do verde na cartela cromática de suas produções e dos traços soltos, fugindo do rótulo do Fine Art. De outro lado, Mundado, idealizador do Pimp My Carroça, discute a seca, desenhando cactos como sua marca registrada. Com esse símbolo transmite pinturas e frases reflexivas nas ruas e carroças, chamando a atenção da sociedade sobre a escassez de água. O artista, na galeria, instalou na própria planta algumas torneiras, reproduzindo o sistema Cantareira, uma das maiores redes de abastecimento de água de São Paulo e, atualmente, atingida pelos problemas hídricos. “V e r a c i d a d e m u d a n a” recebe muitos estudantes jovens. Escolas paulistas buscam programas que informam atualidades e ao mesmo tempo abram a mentalidade juvenil. Jamyle, 31 anos e recepcionista da Galeria A7MA, empolga-se com as expectativas de visitações sendo alcançadas. Além disso, considera a crítica exposta elogiável. “As obras usam lixos retirados da Cantareira. Têm umas latinhas lá de Guaraná que

Obra “Prédio”. Pode-se beber água gratuitamente da instalação

Obra “Medidos Oficial da Cantareira”. Carro símbolo da seca do Cantareira

deixaram de ser produzidas há 30 anos e ainda as latinhas estão inteiras”, diz. Permite-se, dessa maneira, que o público pense o quanto demora a decomporem-se esses materiais da natureza. Assim, outros também se intrigam com mau redirecionamento do lixo. “Eu gostei demais das pinturas com as latas encontradas no Cantareira, por retratar esse lado que eu não tinha conhecimento, de que nosso fornecedor de água é poluído”, diz Lucas Martins, 20 anos e estudante de Ciências Contábeis. O jovem mostra, claramente, o ponto de vista e reflexões que a intervenção deseja transmitir. O caminho dos resíduos, muitas vezes esquecido, deve ser um tema melhor explorado e divulgado pela mídia para combater a poluição do sistema de fornecimento hídrico. Dessa forma, as obras alertam o público de que além do uso inteligente da água, precisam-se encontrar modos de não a poluir. “Trouxe também uma realidade que eu não conhecia que era a quantidade de lixo que apareceu como o baixo índice de água”, acrescenta. Somado a isso, Lucas considera crucial a abordagem sobre o meio ambiente mais cidade para que ainda exista tempo de

contornar a crise e usar de forma adequada tal fluído essencial para a vida humana. Entre as instalações, há água livre e gratuita para todos os visitantes da galeria. A arte interativa propõe degustar um copo d’água retirado diretamente da obra, enquanto observa-se a exposição. Pode-se apreciar o trabalho “Medidor Oficial da Cantareira” de Mundano, quadro representativo do símbolo da seca da Cantareira, um carro, encontrado após o nível do reservatório descer. As obras estão à venda e a intervenção está quase dada como esgotada. Os preços variam de vinte reais a quinze mil reais. Catraca livre, pode-se ir ao encontro da conscientização diariamente, das 11 horas da manhã às oito horas da noite na Rua Harmonia, 95B. A intervenção estará sendo realizada até dia sete de abril, terça-feira e encontra-se próxima da estação de metrô Fradique Coutinho, linha amarela. Para entrar em contato com a Galeria A7MA, na Vila Madalena, o telefone (11) 2361-7879 está recebendo ligações com o objetivo de esclarecer dúvidas.

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Picasso Influenciando a modernidade CCBB exibe obras do artista espanhol e mais outros que marcaram a modernidade Texto: Ana Paula Zacarias Foto: Ana Paula Zacarias

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partir do dia 25 de março até 8 de junho, está a Mostra no Centro Cultural Banco do Brasil a exposição “Picasso e a Modernidade Espanhola”. Ao todo serão exibidas 90 obras. Além de Picasso também são mostrados mais 30 artistas que foram influenciados por ele, incluindo Salvador Dalí. O objetivo principal da exposição é mostrar como Picasso influenciou a arte moderna através de sua influência na arte espanhola. “Suas obras serviram e servem de inspiração, pois transmitem liberdade das amarras que muitas vezes não proporcionavam a entrega pessoal ou particular dos criadores”, comenta Luciana Branco (36), professora de Artes. “Picasso influenciou diversas gerações e ainda hoje seus métodos de materialidade são fonte de inspiração para diversos artistas.” ela diz ainda que sua influencia chegou aqui no Brasil. “Após a Semana de Arte Moderna de 1922, ele serviu de ícone para as criações de Tarsila do Amaral, Portinari, Di Cavalcanti e muitos outros que mesmo aderindo a outros estilos buscaram no cubismo fonte de inspiração.” Uma possível explicação para suas obras perdurarem até hoje e servirem de inspiração para tantos artistas seria pela “simplicidade dos traços”, diz ela “os estudos antes da obra propriamente concluída e a transferência da vida cotidiana para as suas composições fez com que os artistas ‘abandonassem’ as técnicas metódicas criadas com o estilo clássico.” Picasso dizia que depois de velho passou a pintar como criança, pois “em suas composições com traços simples, formas geometrizadas e abstraídas, suas ideias objetivas relacionadas ao cotidiano realizava o desejo de todos os amantes da arte de quebrar os padrões dogmáticos” fazendo com que os olhos dos artistas se abrissem como uma janela, realizando com isso denúncias de conflitos internos e aflições que até então

Exposição “Picasso e a Modernidade Espanhola” exibida no CCBB eram excluídos e a arte moderna era classificada indesejável aos padrões da época. “Sou suspeita para falar de Picasso afinal sou amante de suas obras. Muitas delas são especiais como o mural ‘Guernica’ , que é considerada uma obra atual no período contemporâneo” conta Luciana, “gosto sempre de fazer associações com as obras de Portinari, por exemplo, a série ‘Os Retirantes’. E o que dizer sobre a obra ‘A Mulher Chorando’ representando na contemporaneidade as mães e famílias que perdem seus filhos para drogas ou crimes.” Além de influenciar artistas, as obras de Picasso apresentam temáticas e pensamentos que são futuristas e muito atuais, ele apresenta composições muito contemporâneas. “Gosto do seu olhar individual e sensível para as diversas linguagens artísticas, ele era eclético, amante de suas produções tinha propriedade ao criar e tinha certeza que iria tocar os expectadores e seus futuros discípulos com suas obras.” Suas obras ainda impressionam e emocionam muitas pessoas, sua visão que foi revolucionária para a época, tinha o intuito de quebrar barreiras e acabar com tabus e isso acabou por

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torna-lo uma lenda. Em reconhecimento de sua genialidade, o Museu do Louvre fez uma homenagem tornando Pablo Picasso, o primeiro artista ainda vivo a ter suas obras expostas na Grande Galeria do Louvre. Sua vida pessoal influenciava muito suas obras, isso fica muito perceptível quando ao se apaixonar pela francesa Fernade Olivier suas obras que até então eram melancólicas passaram a ser mais alegres e suaves. Quando sua esposa Olga Koklova ficou grávida ele começou a pintar retratos de mães com filhos. Durante seu casamento, Picasso teve um relacionamento extraconjugal com uma garota de 17 anos, foi a época em que ele começou a fazer retratos dela. A última mulher a influenciá-lo foi Françoise Gilot quando pintou a obra “Alegria de Viver”. Uma curiosidade é que Picasso também era poeta. Em 2006, foram reunidos 39 poemas dele e, em 2008, foram publicados mais 100 poemas em prosa. A exposição veio do Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, de Madri, na Espanha. A entrada é gratuita, e o Centro Cultural Banco do Brasil funciona de quarta a segunda, das 9h às 21 horas.


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