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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE - CENTRO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS

Publicação feita pelos alunos do segundo semestre de Jornalismo - Ed 172 - Ano XIII - Junho 2016

SENEGALESES MORAM NO CENTRO DE SP E DIZEM IDENTIFICADOS COM O BRASIL

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A era dos digital influencers Jovens ditam moda e ganham dinheiro por meio das redes sociais

Bruna Ramadinha Danielle Leite

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ivemos a era dos digital influencers, jovens com muitos seguidores e fãs que conseguem fazer repercutir um assunto ou uma marca nos fluxos de comunicação digital, principalmente o Instagram. É a lei da oferta e da procura: “na Internet há mais espaço para a contra-informação, as empresas dizem o que querem sobre suas marcas e seus produtos, mas os consumidores também dizem o que querem, dão suas opiniões”, diz Heloisa Prates, doutora em comunicação e semiótica pela PUC-SP. A Internet ganhou o mundo. O número de pessoas que assistem TV todos os dias é menor entre os mais jovens (69% dos entrevistados entre 16 e 25 anos, contra 78% entre os que têm mais de 65 anos), e as que se utilizam da internet é muito maior (65% dos jovens na faixa de 16 a 25 se conectam todos os dias, em média 5h51 durante a semana, contra 4% das pessoas acima de 65 anos), de acordo com a Pesquisa Brasileira de Mídia de 2015. Por esse motivo, “as empresas, marcas, agências de publicidade e até mesmo pessoas que querem promover uma causa social começaram a procurar jovens populares”, afirma Prates.

Layla Foz: “A vida de um digital influencer não é mole.”

Os publiposts são uma maneira que as empresas escontraram de fazer uma propaganda não tão óbvia, onde um perfil no Instagram recomenda produtos e lugares, como roupas e hotéis. “Tenho amigos que viajam o mundo por posts, até eu já viajei pra Tailândia uma vez pra isso, e outros que já compraram seu primeiro carro ou apartamento como fruto dessa exposição da própria vida”, disse Layla Foz, considerada digital influencer com seus 97.000 seguidores. Apesar dos bons frutos colhidos com essa alternativa, a garota de apenas 18 anos não se vê trabalhando exclusivamente com isso por muito mais tempo, por ser um futuro incerto e ter que expor constantemente sua vida pessoal.

Supervisor de Publicações José Alves Trigo Universidade Presbiteriana Mackenzie

Centro de Comunicação e Letras

Diretor: Alexandre Huady Guimarães Coordenador: André Santoro

Equipe: Prof. Vinicius Prates

A cautela é fundamental: “você tem o poder de ditar o modo de alguém encarar as situações, pode ser incrível ou catastrófico”, completa Layla. Prates reforça a ideia: “uma pessoa que hoje é referência pode, a qualquer momento, falar uma bobagem e passar a ser criticada na rede. Se sua marca estiver relacionada a essa pessoa, vai sofrer as consequências também”. Se engana quem acha que a vida dessas pessoas é fácil, sempre frequentando festas e eventos e mantendo a sua vida interessante para o público, que os acompanha quase que religiosamente. “O desgaste físico de eventos e afins e o estudo de como entregar informação ao público toma muito tempo e dedicação”, finaliza Foz.

Impressão: Gráfica Mackenzie Tiragem: 200 exemplares.

Jornal-Laboratório dos alunos do segundo semestre do curso de Jornalismo do Centro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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A busca de um novo lar Famílias e ONGs se mobilizam na busca de lar para bichinhos

Isabelle Ferreira Letícia Oliveira

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odos os dias nos deparamos com animais abandonados nas ruas da cidade, a cada passo é possível avistar um bichinho que provavelmente algum dia já possuiu um lar. Enquanto muitos abandonam, pessoas se mobilizam em diversos locais da cidade para encontrar uma casa para esses cães e gatos. É o caso da Catland, uma ONG fundada em 2012 com objetivo de retirar e colocar para adoção gatos em situação de maus tratos e abandono, colaborando com o controle populacional de gatos. Cerca de 1600 gatos já foram viabilizados para adoção pela entidade. Todo o processo é feito com muito cuidado, inclusive com uma visita na casa da família para olhar as condições do novo lar. A ONG vive de doações e parcerias para arcar com as despesas que crescem a cada dia, assim além de adotar um gatinho, é possível colaborar como voluntário nas campanhas promovidas pela organização. Já o Cão Sem Dono é uma ONG, fundada em 2005, especializada no auxilio para cachorros, com a principal meta de achar um lar perfeito para cada um que é resgatado. A ONG mantém dois abrigos, todavia não divulgam o endereço pelo constante abandono em suas portas. Acolhem mais de 210 animais, os quais são amparados com tratamentos veterinários, alimentação adequada e tratados com todo o carinho necessário. Outra maneira de auxi-

Spock, gatinho de Isabella Potye

lio é a realização de mutirões de castração em comunidades carentes. O Cão Sem Dono também realiza apadrinhamentos, que é um pagamento mensal – no valor mínimo de R$20,00 – efetuado para ajudar um cachorro específico. A estudante de artes visuais Isabella Potye, 19 anos, adotou um gato que havia sido abandonado e foi resgatado pela Catland. “Apreciei muito todo o carinho e cuidado que tiveram durante a doação, eles se preocuparam desde o novo lar do Spock até a interação com a nova família”, conta Potye com Spock no colo.

Doações: -Catland Itaú agência 0074 CC: 08981-4 CNPJ: 20.521.867/0001-08 Razão Social: Catland adoção de gatinhos -Cão Sem Dono Itaú AG. 7847 C/C: 01301-3 Favorecido Cão Sem Dono CNPJ: 10.157.938/0001-73

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Municipal traz concertos de Beethoven Theatro homenageia o músico com mostra de suas sinfonias em agosto

Gabriele Salyna Juliana Tavares

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Theatro Municipal, um ambiente tradicional da cidade de São Paulo, já sediou eventos importantes na história do Brasil, como por exemplo a Semana de 22. No mês de agosto de 2016 o Theatro Municipal irá apresentar um festival com as sinfonias de Beethoven, com a presença da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo (OSM), regida por John Neschling, Coro Lírico Municipal de São Paulo e Coral Paulistano Mário de Andrade. Ludwig Van Beethoven nasceu na Alemanha, em dezembro de 1770 e morreu em 1827. Sua sinfonia mais conhecida é a N.9, o início de sua composição foi em 1818, finalizada e apresentada em 1824 quando ele já estava completamente surdo. Considerado um gênio musical, Beethoven é um dos favoritos do público. Suas composições são de dois períodos: Classicismo e Romantismo e possuem um domínio completo das notas. Isso faz com que seus apreciadores consigam ouvir diferentes épocas de um mesmo músico. Eleonor Schimidt , professora de música clássica/piano afirma que já está ansiosa para a grande estreia : “ele é o maior artista de todos os tempos, para mim, é instigante, visto que trabalho nesse ramo faz muito tempo”. Schimidt complementa dizendo que um festival desse porte nunca obteve tanta notoriedade e acredita que a disseminação será positiva por conta das redes sociais.

Municipal é ponto turístico em São Paulo

A homenagem ao músico terá sua estreia no dia 10 de agosto de 2016 ficará em cartaz até o começo de setembro de 2016, com horários variados, sendo a apresentação de uma sinfonia por dia. Os valores dos ingressos são de acordo com o setor de preferência do expectador e estão disponíveis online no site do teatro http://theatromunicipal.org.br/ ou pelo telefone (11)2625-0857. O endereço do Theatro Municipal de São Paulo é Praça Ramos de Azevedo, República, São Paulo - SP Cartaz da Mostra já está disponível no site do Theatro

Datas das apresentações: 10/08/2016 – 20h 12/08/2016 – 20h 14/08/2016 – 17h 18/08/2016 – 20h 21/08/2016 – 17h 25/08/2016 – 20h 28/08/2016 – 17h 01/09/2016 – 20h

(Abertura do Festival) (Sinfonia N.1) (Sinfonia N.2) (Sinfonia N.3) (Sinfonia N.4) (Sinfonia N.5) (Sinfonias N.6 e N.8) (Sinfonia N.7)

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Arbitragem feminina sofre retrocesso em campeonato estadual Campeonato Paulista de futebol contou com a presença de apenas três mulheres apitando jogos Leonardo Olavo Victória Johanna Foto por: Marcos Faria Melo

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m comparação com edições anteriores, as mulheres perderam espaço na arbitragem da 124a. edição do campeonato paulista de futebol da primeira divisão, sucedido entre o fim de janeiro e o início de fevereiro. Numericamente, de um total de 156 jogos do campeonato, houve presença feminina no quarteto de arbitragem em 11, sendo apenas um de grande time. Enquanto na edição passada, em 2015, as mulheres participaram do comando de 19 de 158 partidas, incluindo dez de grandes times. No quesito partidas oficiais em território paulista, a arbitragem feminina conduz 7% dos jogos, número que também sofreu uma queda de 4% frente ao ano de 2015. A porcentagem é espelho do quadro de arbitragem paulista, visto que de um total de 452 árbitros regis-

Beatriz Geraldini de Sousa, à esquerda, bandeirando

trados, 4,2% são mulheres. Beatriz Geraldini de Sousa, 23, autônoma e árbitra filiada à COAF - Comissão de Arbitragem de Futebol - no ano de 2014, iniciou sua carreira nos gramados por influência de seu pai Fernando de Sousa, atuante como juiz fluminense entre os anos de 1992 e 2005. Em seu terceiro ano dominando apitos e cartões, Beatriz encontra como possível resposta ao declínio da participação feminina, sobretudo, o sexismo por parte de todo o âmbito futebolístico. “É um meio machista, não apenas por parte da torcida, mas também de dirigentes, comissão técnica, jogadores e, infelizmente, até outros árbitros”, aponta Beatriz. Para Gabriel Kenzo Miura, 19 anos, jogador de futebol pelos clubes São Paulo Futebol Clube, Grêmio Barueri e Clube Atlético

Taboão da Serra, a presença feminina é bastante positiva: “para mim elas são mais concentradas do que os homens”, acredita. Contudo, o atleta admite a falta de respeito por parte dos times: “hoje em dia, jogador fala alto com qualquer árbitro”, completa. Entre as hipóteses para o desnível, muito se fala sobre despreparo físico e imagem atípica e vulnerável ao meio, ambos argumentos refutados pelo quadro FIFA, mais alto patamar da arbitragem. Atualmente, o quadro internacional conta com oito mulheres brasileiras. Frente à problemática, a Federação Paulista anunciou um programa de treinamento mental e físico, exclusivo para o aumento de árbitras aptas à condução de jogos dos campeonatos do ano que vem.

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Prefeitura reduz áreas para 30km/h Medida causa polêmica entre motoristas e comerciantes

Pedro Sanches Vitor Correa A prefeitura da cidade de São Paulo, no ano de 2015, começou a reduzir o limite de velocidade de ruas, avenidas, vias e marginais da metrópole, como a Pinheiros e Tietê. Nas pistas locais cairá de 70 km/h para 50 km/h, a Tietê perderá também na expressa de 90 km/h para 70 km/h, e haverá redução da central de 70 km/h para 60 km/h. Reduzir a velocidade máxima, foi para tentar diminuir os muitos acidentes ocorridos nos anos anteriores, que causaram muitas mortes e ferimentos graves, como o de pedestres nas marginais. Essa redução vem sendo alvo de críticas pelos usuários, que alegam rigidez excessiva, e que o trânsito ficaria mais intenso. No bairro da Lapa, região oeste da cidade, estipularam a primeira área de 30 km/h, a qual segue entre a marginal Tietê até parte do perímetro da avenida Santa Marina. Essa região, concentra o mercado municipal da Lapa, a linha férrea (7 Rubi) da CPTM, entre avenidas onde há faculdades e locais movimentados. José Bezerra, 60, comerciante local, contou que para ele a redução foi algo benéfico para o pedestre, pois com o trânsito que se formava alguns acidentes entre motos e carros, até com ônibus, eram frequentes. “Porém do lado do motorista que tem prudência foi um erro essa redução, levando em consideração o alto nível de transito e demora para sair de um local e chegar em outro”, diz.

Especialista na área de engenharia de tráfego, professor João Cucci, leciona na Universidade Presbiteriana Mackenzie e diz que é benéfica essa redução. “A redução de velocidade impacta diretamente na redução da gravidade e na quantidade de acidentes. Nossos índices de acidentes são escandalosos. No Brasil temos uma quantidade de mortos no trânsito que supera o número de vítimas de qualquer das guerras em

andamento no mundo. Todas as medidas que possam afetar esses índices favoravelmente são bem-vindas”, afirma. Cucci ainda afirma que “o que está ocorrendo em São Paulo não é uma novidade. A cidade só está seguindo uma tendência mundial. Várias das grandes cidades do mundo estão adotando programas semelhantes e obtendo ótimos resultados com isso”.

Crédito: Pedro Sanches

Placa de 30km/h na primeira área 30.

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Petiscos exagerados surpreendem clientes Super coxinha e pastel de 30 cm se tornam desafio na hora de comer Artur Ribeiro Bruno Paganini Fátima Dias

Em junho de 2013, na Panetteria ZN, um erro de produção da salgadeira Maria Quirino das Neves acabou criando uma coxinha de 1kg. O gerente da ocasião acabou se interessando pelo inusitado alimento e tornou aquilo uma experiência para ver se seria tanto comestível quanto rentável, e isso deu muito certo. A casa criou uma promoção para a Super Coxinha em fevereiro de 2014: quem conseguir comê-la em menos de 10 minutos não paga. A iguaria custa R$ 32,90. Os donos do estabelecimento, Fátima Dias e Ary Neto, contam que venderam aproximadamente 3 mil unidades do alimento desde então, e que, deste total, cerca de metade dos clientes toparam participar da promoção. Apenas 217 pessoas (todos homens) conseguiram vencer o desafio, sendo que o recorde foi de 2 min e 59 segundos. Para os clientes da padaria a ideia agrada. “Eu acho bem legal essa iniciativa dos estabelecimentos em produzir alimentos considerados gigantes. Eu tentei comer uma vez a famosa coxinha de 1 Kg, mas não consegui no tempo estipulado. É bem difícil para dizer a verdade”, disse Victor Fischer, 20, estudante de marketing. Após o sucesso da coxinha, a padaria resolveu criar outras possibilidades de comidas colossais, mas nem todas são tão fáceis de agradar ao público, como diz a advogada Andreza Alíaga, 34, sobre o pão de queijo de 1 Kg, que de acordo com ela é impossível comer em 10 minutos. “Realmente não dá para comê-lo, os ingredientes do pão de queijo são muito pesados, e enjoa fácil demais. Eu ainda não troco meu café com leite acompa-

Comparação do tamanho das coxinhas

nhado de um pão na chapa”, argumentou Andressa. Com toda essa proporção gigantesca para a comida, é impossível evitar pensar em desperdício, mas de acordo com os donos da Panetteria, “o desperdício é um problema que tentamos controlar ao máximo em todos os produtos da padaria. No que se refere à Super Coxinha, o desperdício é muito baixo pois mantemos frita na estufa apenas duas e vamos fritando conforme a demanda na hora”. Além da Coxinha e Pão de queijo, a padaria ainda oferece aos clientes a bomba de chocolate de 1 m, mas essa só por encomenda. Outro lugar que possui uma comida diferente é o Pastel da Sueli, que vende há mais de 27 anos pastel em frente à Igreja Nossa Senhora do Loreto, na Vila Medeiros. A empresária, Sueli Oschiro, 51, inovou seu cardápio com comidas “gigantes” como por exemplo o pastel de 30 cm que agrada aos clientes. “Eu sempre curti muito pastel, desde pequeno. Este daqui de 30 cm, além de ser muito saboroso, o tamanho dele ajuda e vale muito a pena, visto que não preciso comprar dois”, brincou Júlio Cintra, engenheiro civil, 43 anos.

No ano de 2014, Sueli renovou o local. Antes ela atendia em uma Kombi azul, hoje tem um estabelecimento fixo no mesmo lugar. Lá os clientes saboreiam o delicioso pastel em pé, ou nas calçadas já que não há mesas e nem cadeiras. O lugar também apresenta o quibe de 25 cm, e o pastel especial com 50 cm. O médico Ricardo Lima, 48, se diz fã dos salgados de Sueli: “Não tenho nem palavras para descrever os pastéis que a Sueli faz, é realmente surreal. Desde moleque eu frequentava a lendária Kombi azul para comer uns pastéis, quibes e coxinhas, são muito bons! Vale a pena ir até o local e degustar essas delicias”, concluiu. Onde encontrar - Panetteria Zn fica localizada na Av. Eng. Caetano Álvares, 4740 Imirim. Aberta de segunda a domingo, com atendimento 24 horas. - Pastel da Sueli fica localizado na Avenida Nossa Senhora do Loreto, 927 - Vila Medeiros. Aberto de segunda a sábado das 16h30 – 20h.

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Sêfer: uma livraria multicultural

Apenas 50% dos clientes e visitantes da livraria judaica são judeus.

Foto: Júlia Palas

Fachada da livraira Sêfer

Diana Cheng Gabriela Egea Júlia Palas

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riada em 1993 pelo professor Jairo Fridlin, a Sêfer tornou-se a principal editora e livraria judaica do Brasil. O seu mais novo endereço - Alameda Barros, 735, Santa Cecília - vira, em certos períodos do ano, ponto turístico e recebe visitas não somente dos moradores da região, mas também de pessoas vindas de outros estados brasileiros ou países. A ideia inicial da livraria era resgatar livros esquecidos. “Antes, na Livraria Cultura, por exemplo, havia apenas duas estantes dedicadas a livros judaicos”, afirma Jairo. Em sua livraria, não são vendidos apenas livros voltados à cultura judaica, mas também artigos judaicos, como Kipá (chapéu utilizado pelos judeus) e Talit (manto de ora-

ções), que são dois de seus artigos mais vendidos. Segundo o dono da Sêfer, ainda que os clientes possam comprar por meio da livraria eletrônica, a maioria deles prefere visitar a sede, ver e folhear os livros. Desse modo, sentem-se mais seguros, pois estão levando um produto que está de acordo com a sua descrição. Outro diferencial da editora é o atendimento promovido pelos funcionários e pelo próprio Jairo. “A primeira coisa que eu faço é checar o meu e-mail para ver se não há reclamação ou algum pedido”, diz o proprietário. Além da qualidade de seus serviços, a loja permite que pessoas de diversas culturas sejam bem-vindas. “Entra quem quiser, nada fica escondido”, responde

o dono. Os 50% de seus clientes, que não são judeus, acabam indo pela curiosidade, por ainda haver pouca informação sobre a cultura judaica. Algumas pessoas vão à loja para comprar alguns livros e aprender um pouco mais. Os livros mais vendidos da loja são a Bíblia Hebraica, os dicionários hebraico-português e obras relativas à cultura judaica. Outro motivo para que as pessoas diversas frenquentem a livraria é o fato delas buscarem coisas boas para seus dias. “Quando você pega um livro nas mãos, e ele te traz alguma coisa boa, é capaz de transformar seu mundo”, comentou Jairo. O estabelecimento funciona de segunda a sexta. De segunda a quinta, das 9h às 19h, e sexta, das 9h às 16h.

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Artistas paulistas vão ter obras expostas Exposição fruto da parceria do Governo com empresa privada acontecerá em agosto João Rodriguez Vito Santos

O Governo do Estado anunciou o início da segunda fase do projeto de intercâmbio cultural que acontecerá no Memorial da América de 6 a 27 de agosto deste ano. Em parceria com a Abaçaí Cultura e Arte, a continuação do programa vai contar com 78 artistas da capital e interior, divididos nas categorias fotografia, artes plásticas e desenho de humor. Após o sucesso na primeira fase da exposição que contou com mais de 400 obras de artistas de todas as regiões do estado, alguns destaques da primeira amostra prometem se misturar com a pluralidade de artistas dos mais variados gêneros e regiões na capital. Artistas de menor expressão vão ter maior alcance com suas obras sendo divulgadas no coração da maior metrópole do país. Fernando Amaral, 27, é artista plástico mas vem sofrendo com a falta de divulgação de suas obras: “é sempre difícil conseguir visibilidade quando se é um artista pequeno”, afirma. Para ele, a oportunidade de participar de um projeto tão inclusivo quanto o Mapa Cultural Paulista é uma chance de ouro: “gostaria muito de ter minhas obras expostas no Memorial. Com certeza ia conseguir chamar a atenção”, acredita. As 203 obras que serão expostas no próximo semestre representam para muitos uma grande chance, não só de ganhar admiradores, como também de conhecer parte da cultura que compreende a diversidade dos paulistas. A Secretaria da Cultura prometeu ainda que o projeto está apenas no começo, e que outras exposições serão marcadas para este ano na capital e em algumas regiões do interior.

Este projeto de intercâmbio cultural faz parte da lista de programas do Governo do Estado, que também inclui outros dois eventos: o Kit de Cinema, evento que contará com doações dos paulistas para criar centros de produção de filmes e o Circuito Cultural Paulista, onde diversas apresentações de dança e música acontecerão em 107 cidades do interior e do litoral de São Paulo. Ambos eventos ocorrerão até o fim deste ano.

Alguns Artistas presentes no Mapa Cultural - Artes Plásticas: Isabel Cavalmoretti Íris Siena Jhoni Morgado -Desenho de Humor: Marcos Schmidt Jessé -Fotografia: Fabiano Oliveira Fanny Victoria Jean Chad

Memorial da América Latina

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O “marmitar” da classe média A onda fitness dos últimos anos transformou um antigo costume das classes mais pobres em artigo de luxo para a classe média Caroline Meyer Marina Andrade Thalita Felipe

Foto por:Thalita Felipe

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squeça os tempos em que marmita estava associado a pobre ou a pratos gordurosos. Com o aumento da onda “fitness” e da busca por uma alimentação mais light, o mercado conseguiu associar duas coisas que até então não se combinavam: comidas saudáveis e marmita. As tradicionais marmitas com arroz, feijão, bife e batata frita parecem estar dando lugar a pratos com carnes grelhadas, batata doce e salada. “A demanda por uma alimentação mais saudável tem aumentado porque é uma tendência e é algo que as pessoas estão buscando na esperança de terem mais saúde”, afirma Nathália Manzano, nutricionista. “Quando a alimentação é feita em restaurantes ou mesmo em casa, acaba-se facilmente fugindo da quantidade correta de alimento para ser consumida'', comenta Cristina Oliveira, assessora de imprensa da KGourmet uma das várias empresas alimentícias com viés mais saudável em São Paulo. ''É fácil escorregar na gordura, afinal, ela traz o sabor ao alimento'', completa Oliveira. A procura é tanta que a cada dia o número de estabelecimentos que fornecem esse tipo de serviço só aumenta. Esse novo serviço oferece comidas saudáveis de uma forma gourmet, onde os pratos são montados por nutricionistas e embalados a vácuo. “Nosso maior público são pessoas, em sua maioria executivos, que buscam se alimentar melhor, mas que não conseguem conciliar esse desejo com a rotina

Vendedora exibe modelo de bolsa térmica da marca 2GoBag

agitada de trabalho” – comenta Manzano, que além de nutricionista também é a criadora e dona da Light4You – empresa que fornece marmitas light com um cardápio balanceado, montado por ela mesma. “A empresa nasceu há dois anos para atender as várias reclamações que eu recebia dos meus pacientes que falavam da dificuldade de conciliar uma dieta balanceada com a correria do dia a dia”, finaliza a empresária. A febre também acompanha a forma de transportar essas refeições, e para cativar principalmente o público feminino, muitos apostam em agregar a moda na hora de personalizar as antigas bolsas térmicas, tornando-as fashion. “As bolsas térmicas agora são um artigo de cobiça entre as mulheres tanto quanto as bolsas tradicionais”, ressalta Rodrigo Pavanello, designer da 2GoBag – empresa que fornece bolsas personalizadas. Existem modelos para todos os gostos, lembram o estilo das bolsas

de grandes marcas, algumas podem passar dos quinhentos reais e são decoradas com detalhes em dourado ou prata e estão longe de se parecer com a tradicional bolsa térmica. Além disso, elas também acompanham potes que possuem travas destinadas especialmente a colocar cada um dos alimentos. Porém, engana-se quem pensa que a maior preocupação com os alimentos está restrita às mulheres: ''tanto o sexo feminino como o masculino têm cada vez mais optado por uma alimentação saudável'', continua Oliveira. A busca por hábitos saudáveis ou a simples aderência à febre do momento tem invertido papéis, um item que antes estava associado aos pobres e à falta de dinheiro para comer fora, agora vem se tornando cada vez mais presente nas classes médias, de forma remodelada. As antigas marmitas agora são feitas sob medidas e com um toque gourmet para justificar a fama que vêm ganhado.

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Futebol americano, uma realidade no Brasil Audiência quebra recordes e o esporte vira febre no país Alan Mendes Nicholas Montini

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futebol americano é o esporte que mais cresce no Brasil, tanto em números de audiência, quanto em número de praticantes. Atualmente, já existem mais de 50 times profissionais atuando por todo Brasil, levando um público razoável aos estádios, situação inimaginável há alguns anos. Na final da NFL de 2015, vencida pelo New England Patriots, mais de 500 mil pessoas passaram pelo canal ESPN para acompanhar o jogo, a maior audiência da TV fechada no Brasil, um aumento significativo de quase 84% em relação à final de 2014, vencida pelo Seattle Seahawks. Essa audiência em ascenção faz canais esportivos como ESPN e Esporte Interativo disputarem cada vez mais o direito de transmitir a NFL, deixando claro o crescimento do esporte americano em território nacional. Antony Curti, comentarista do esporte em TV fechada, percebe o crescimento da audiência durante as transmissões dos jogos, com uma “chuva” de mensagens em todas as redes sociais. “É impressionante o número de mensagens que recebo, não tenho condições de acompanhá-las, é notável o crescimento do público que gosta e acompanha o esporte na televisão”, diz. Para o comentarista, o futebol americano não é apenas uma moda passageira, a paixão do torcedor não é mais por um ou outro jogador, é pelo esporte como um todo. Além disso, pela primeira vez na história, a seleção brasileira de futebol americano se classificou

Partida entre Palmeiras Locomotives e Lusa Lions, no estádio do Canindé, pela São Paulo Football League // Por: Nicholas Montini

para um mundial. Isso aconteceu em 2015, e a seleção terminou na última colocação. Porém, a classificação para o campeonato já significou muito para os atletas e a tendência é que a participação do Brasil em jogos de futebol americano se intensifique cada vez mais. A última temporada da NFL também foi marcada pela estréia do primeiro atleta brasileiro na história da liga. Cairo Santos, 24 anos, é kicker do Kansas City Chiefs e, como calouro, já alcançou duas marcas na história do clube, a de mais field goals feitos em um jogo (7) e a de mais pontos por um kicker calouro da história do clube (113 pontos). O atleta brasileiro já soma 55 field gols acertados em 67 tentados, um potencial de acerto de 82,1%, segundo estatísticas do site oficial da National Football League. Pedro Rubens, 18, é atleta amador do Brasil Devilz e representa bem a nova geração de praticantes

do esporte: “um auxiliar da escola onde eu estudava me apresentou a modalidade flag, que tem menos contato físico e me pareceu uma ótima oportunidade para jogar futebol americano.” A nova temporada da NFL só começará em setembro de 2016, enquanto isso o público apaixonado pelo esporte poderá acompanhar campeonatos que já iniciaram no Brasil, como a SPFL (São Paulo Football League), que teve início no dia 15 de maio deste ano, com a partida entre Palmeiras Locomotives e Lusa Lions, vencida pelo time dos Lions por 56 a 0. Saiba quais são os times da SPFL - Blue Birds São Caetano - Botafogo Challengers - Corinthians Steamrollers - Lusa Lions - Palmeiras Locomotives - Ponte Preta Gorilas - Santos Tsunami Juniors - São Paulo Storm

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Estudantes sentem o efeito da crise no custo da alimentação fora de casa Almoçar fora de casa chega a custar R$30,93 para o jovem paulistano.

O valor médio nacional de uma refeição completa fora de casa que inclua prato principal, bebida não alcoólica, sobremesa e cafezinho no horário do almoço subiu, em um ano, de R$ 27,36 para R$ 30,48, segundo pesquisa da Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador (Assert) encomendada ao Instituto Datafolha. Procurado pela equipe, o DIEESE não conseguiu fornecer dados específicos a respeito do aumento para estudantes, visto que são dados referentes a um grupo exclusivo muito semelhante ao dos trabalhadores. Contudo, é algo que vem acometendo universitários e estudantes que normalmente contam com o custeio da alimentação fora provido pela família ou pela renda de estágios. Ainda segundo a pesquisa encomendada ao Datafolha pelo Assert, a região Sudeste é a que apresenta uma das médias de preço mais altas do país, sendo R$ 30,93 por refeição. João Victor Martinez, 19, estudante de publicidade costuma almoçar e lanchar fora, ainda que prefira comer em casa para ter uma alimentação mais saudável: “eu como muita besteira mesmo. Devido a rotina minha alimentação se baseia em fastfood e isso é péssimo – eu engordei uns 3kg no último mês”, diz. E além dos reflexos no corpo, João Victor também sentiu os efeitos no bolso. O estudante notou um ajuste nos preços, principalmente no que diz respeito a uma certa rede de fastfoods, onde o cliente monta seu próprio sanduíche. De acordo com o rapaz, a

Flavia Gondor

Flavia Gondor Leonardo Nonis

Como de costume, João Victor almoça um hot-dog em frente ao Mackenzie

princípio havia uma promoção por R$5,50 que passou para R$6,25 e agora está por R$8,00. O jovem, que recebe uma bolsa-auxílio de seu estágio em criação publicitária, procura gastar uma média de R$40,00 por semana com alimentação, porém vem gastando o dobro: “praticamente todo o meu salário vai para comida e contas”, afirma. João Victor não é um caso isolado. Carlos Eduardo Goldstein, 20, também é um estudante habituado a comer fora. Cadu, como prefere ser chamado, come fora cinco vezes semanalmente, incluindo alguns finais de semana. Ele é natural de Fortaleza e morou em São Paulo durante 6 anos ao lado de sua família, até seus pais decidirem voltar para a cidade na-

tal e o garoto preferir ficar para ingressar em uma faculdade na capital paulistana. Carlos Eduardo se viu então obrigado a administrar a própria dieta e na maioria das vezes acaba recorrendo aos buffets de selfservices e, embora esteja satisfeito com sua alimentação, por vez acaba optando por comer um salgado em virtude da correria cotidiana. Observando o valor para despesas com comida disponibilizado por sua família, o garoto revela ter notado nos últimos tempos um aumento em torno de R$3,00 ou R$4,00 por refeição e que procura economizar evitando pegar algo para beber: “eu gasto normalmente uns R$20,00 por refeição, mas tento estabelecer um orçamento de R$30,00 por dia”, completa.

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