Universidade Presbiteriana Mackenzie - Centro de Comunicação e Letras
Publicação feita pelos alunos do segundo semestre de Jornalismo - Ed 161 - Ano XII - Outubro 2015
Obra que nunca acaba Construção da Linha 4-Amarela do metrô completa 11 anos e ainda não tem data de entrega garantida sustentabilidade
Recicláveis valem desconto em conta de luz. 2
voluntariado
Jovens ajudam a melhorar o mundo em que vivem. 5
rio 2016
A corrida pelo ouro paraolímpico. 8
Recicláveis dão desconto na conta de luz Giulia Martins Monteiro Raissa Jorgenfelth
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resente desde maio de 2013, o projeto “Recicle mais, Pague menos” propõe aos usuários da concessionária AES Eletropaulo a troca de materiais recicláveis por desconto na conta de energia elétrica. O cadastro no programa é simples e pode ser feito na hora. Os interessados devem levar a um dos Pontos de Coleta uma conta de energia elétrica onde receberão um cartão de identificação em que será acumulado o valor dos descontos para as próximas faturas. A quantia é calculada pelo peso do material e varia de acordo com o tipo de resíduo. Se o valor acumulado ultrapassar o total da conta ele se transforma automaticamente em crédito para a próxima fatura. Em dois anos, o projeto já acumulou mais de quatro mil toneladas de materiais recicláveis e possui em torno de 74 mil cadastrados. A atendente do ponto de coleta Assaí Atacadista da Av. Águia de Haia, Jessica Oliveira, 25 anos, comenta que a quantidade de lixo reciclado diariamente ultrapassa uma tonelada. “Aqui costumam passar de 60 a 90 pessoas por dia, algumas vêm até duas vezes e chegam a zerar a conta”, diz. Luiz Ricardo Gomes, 47 anos, autônomo do ramo de alimentos,
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Centro de Comunicação e Letras
Diretor: Alexandre Huady Guimarães Coordenadora: Denise Paieiro
Foto: Giulia Martins
Projeto da AES Eletropaulo aceita papéis, vidros, metais e plásticos
Casal economiza cerca de R$5,40 com papelão
já participa do projeto há mais de dois anos e ganha em média 15 reais de desconto por mês. Ele também reclama da falta de divulgação. “As pessoas passam, veem o container, mas não sabem o que é, não se inscrevem”. E ainda comenta que o movimento cresceu muito após uma reportagem na televisão no inicio do ano. O professor de inglês, Adelcino Silva Leme, 45 anos, recicla há mais de 20 anos, mas só aderiu ao projeto há menos de um mês. Em sua primeira semana, ele acumulou o equivalente à R$ 3. “É pouco, mas além de ajudar instituições, tem um descontinho na conta também,
Supervisor de Publicações: José Alves Trigo Editor: Fernando Oliveira de Moraes Equipe: Giulia Martins Monteiro, Raíssa Jorgenfelth, Luiz Otávio Freire, Peterson Prates, Lianna Antunes Gonçalves, Marcela Gasperini, Aline Kobashigawa, Juliana Klaic, Giovana Rampini, Letícia Imperador, Amanda Gonzales, Marcelle Dutra, Júlia Firmino, Lana Nunes, Jullia Guedes e Yasmin Oliveira.
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já que ela está tão alta agora”. Ele reclama, porém, da falta de divulgação do programa. “Eu que já reciclo há tanto tempo não conhecia, só fiquei sabendo outro dia quando passou a reportagem na Globo”. O mesmo acontece com o empresário Edilóis Pereira, 57 anos, que trabalha ao lado do mercado Assaí Atacadista, mas nunca tinha notado o container. “Até agora eu não tinha ideia do projeto, e olha que eu trabalho aqui do lado”, diz o empresário. O endereço dos pontos de coleta eståo disponíveis no site da AES Brasil: aesbrasilsustentabilidade.com.br.
Jornal-Laboratório dos alunos do segundo semestre do curso de Jornalismo do Centro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Impressão: Gráfica Mackenzie Tiragem: 200 exemplares.
A passos de tartaruga Por conta de atrasos nas obras, usuários do metrô sofrem com superlotação e distância entre as estações Peterson Prates
Luiz Otávio Freire Peterson Prates
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niciadas em setembro de 2004, as obras da Linha 4-Amarela do metrô de SP ainda se prolongarão por mais tempo. O governo estadual, no último mês, rompeu contrato com a Isolux Corsan-Corviam, consórcio responsável pela segunda fase da construção das estações. A consequência é que essas divergências estão afe- Estação Higienópolis-Mackenzie: sem data para inaugurar tando o cotidiano de muitos usuários, que lamentam o atraso. Atualmente, a linha 4-Amarela e Oscar Freire, que estão mais Entre os prejudicados com o sa- compreende sete estações (Butan- adiantadas, têm previsão de inautrasos estão os alunos da Univer- tã, Pinheiros, Faria Lima, Fradi- guração para o início de 2017. sidade Presbiteriana Mackenzie, que Coutinho, Paulista, República Para o termino da linha 4-Amaque sofrem não apenas com o atra- e Luz). Para o projeto final, mais rela, o governador do Estado, Geso na entrega da estação Higienó- quatro estações tem de ser entre- raldo Alckmin solicitou empréspolis-Mackenzie mas também de gues (Higienópolis-Mackenzie, timo de R$761 milhões ao BIRD outras estações da linha. “Em dias Oscar Freire, São Paulo-Morumbi (Banco Internacional para Reque saio mais tarde da faculdade, e Vila Sônia). Estas últimas, po- construção e Desenvolvimento), acabo perdendo muito tempo até a rém, estão paralisadas. mas aguarda que a Assembleia estação mais próxima”, comentou No final de julho, o Metrô de SP Legislativa autorize o empréstimo. a aluna de Publicidade e Propa- entrou com um processo contra o O governador Alckmin promeganda Bianca Benites, 18 anos. consórcio Isolux Corsan-Corviam teu, mais uma vez, que entregará, Outro que reclamou do atra- a fim de rescindir os contratos de até 2018, seis obras de metrô e so foi o analista de sistemas Yuri obras. Segundo nota enviada pelo trem que se encontram atrasadas Lopes, 28 anos “É preciso que te- governo, o consórcio não cum- (linhas 4-Amarela, 5-Lilás do Menha mais estações para essa linha, priu contrato firmado em 2012, trô, 15-Prata e 17-Ouro do monopois a quantidade de passageiros é que dentre alguns fatores, previa trilho, 9-Esmeralda e 13-Jade da muito grande”, comentou. a conclusão de todas as estações. CPTM). A Secretaria de TransporA linha 17-ouro, que faria liga- As multas previstas podem chegar te informou em nota que “a prioção com a linha 4- amarela e esta- a R$ 23 milhões. ridade é concluir os trechos que já va prevista para a copa do mundo, Em contrapartida, o consórcio possuem obras avançadas antes tem hoje previsão de inauguração responsável pela construção das de abrir novas frentes de trabalho” para 2017. Com projeto de 26,6km estações informou que havia en- referindo-se principalmente às de extensão, o monotrilho linha15- viado, por meio de carta, a regu- obras da linha 15-prata e 17-ouro. -prata segue funcionando com larização dos aditivos e a entrega O atraso nas obras do metrô é apenas duas estações entregues, de projetos executivos, fator que apenas uma das muitas reclamaque corresponde há 2,9km ou 11% impedia a continuidade das obras. ções feitas pelos que os usuários. do projeto . A obra do monotrilho Por conta dos imbróglios, na Para o auxiliar de obras André Silestá parada por falta de planeja- melhor das hipóteses, a linha va, usuário da linha vermelha, a mento. Galerias de água em baixo 4-Amarela, que deveria ser total- “lotação” é que mais o deixa insadas futuras estações foram encon- mente entregue em 2010, só de- tisfeito com o transporte. “O metradas, impossibilitando a conti- verá ser concluída em 2018. As trô muito cheio todos os dias é a nuidade das obras. estações Higienópolis Mackenzie pior coisa”.
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Passear com cachorro virou atividade profissional Serviço é oferecido a quem tem pouco tempo para animal de estimação Lianna Antunes Gonçalves Marcela Gasperini
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uem diria que passear com cachorro deixaria de ser apenas uma prática prazerosa para virar trabalho remunerado? Passeador de cães, ou na forma mais chique, “dog walker”, passou a ser uma atividade profissional, que vêm se tornando cada vez mais comum em alguns bairros da cidade. Esse trabalho vem sendo adotado por quem quer fugir da rotina de um serviço estressante, ou então por quem não consegue exercer uma atividade remunerada convencional. A prática virou opção também para os donos dos bichinhos que têm pouco tempo para dedicar-se a ele. Os passeadores de cães podem trabalhar para empresas especializadas, para pet shops, ou por conta própria. Quando o serviço é contratado em uma empresa, os pacotes variam de acordo com os tipos de cachorros, tamanho, raça, idade e o tipo de passeio. “Geralmente os pacotes que os clientes fecham são de uma hora com os cachorros grandes e trinta minutos com os pequenos”, informa o dog walker Jonas Victor, 17 anos, funcionário de um pet shop no bairro de Higienópolis. São também os donos que decidem como querem que seus animais de estimação devam ser acompanhados, ou seja, se querem que o cão ande sozinho ou em grupo com outros cachorros. Dependendo desta, da duração do passeio e de outras decisões tomadas pelo dono, os valores podem variar muito. Normalmente, este tipo de serviço é contratado por aqueles que querem tirar o dia de
O dog walker Guilherme (à esq.) atende 27 cachorros
folga, ou, como na maioria dos casos, por pessoas que trabalham fora o dia todo e não têm tempo de passear com o cão. “Como a maioria dos clientes trabalham, eu pego o cachorro no apartamento com a empregada ou eu tenho as chaves”, conta Guilherme Costa, 21 anos, dog walker há dois anos. Guilherme diz ainda que resolveu trabalhar de forma independente há pouco tempo, com a intenção de lucrar mais com este serviço e de montar sua própria empresa. “Eu trabalhei para uma empresa de dog walkers durante um ano e depois disso resolvi tentar sozinho. Em nove meses estou com vinte e sete cachorros e um funcionário”. Ele afirma que trabalhando sozinho pode determinar seus próprios horários e ter um relacionamento mais aberto e próximo com seus clientes.
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Essa profissão, que se popularizou há mais ou menos cinco anos, foi a forma encontrada por muitas pessoas de driblar o desemprego ou mesmo como opção para conquistar o próprio espaço no mercado de trabalho. Esse é o caso de Júlia Gaspar, 29 anos, que decidiu entrar nesse ramo quando, após se formar no ensino médio e cansar-se de seu emprego como vendedora, começou a procurar uma forma de ajudar sua família nas despesas da casa. “Eu já estava cansada de trabalhar na mesma loja por seis anos seguidos e também sabia que não teria futuro naquilo. Descobri o dog walking sem querer e adorei poder trabalhar com animais tão dóceis como os cães”, conta ela, que descobriu a profissão quando uma vizinha ofereceu um pagamento por Júlia ter tomado conta de seu bichinho.
Jovens que lutam por um mundo melhor O trabalho voluntario foi a forma que encontraram para ajudar a sociedade Aline Kobashigawa Juliana Klaic
Foto por Juliana Klaic
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ovens, universitários, com uma vida confortável e, em comum, a preocupação em contribuir para melhorar o mundo em que vivem. O trabalho voluntario foi a forma que eles encontraram para colocar isso em prática. É o caso de Eliana Gonçalves, 27 anos, estudante de Engenharia, voluntária do Greenpeace desde 2009. “Acho importante essa conscientização, esse trabalho que a gente faz de formiguinha”, diz. Sua família nunca foi preocupada com esses assuntos, mas ela sempre foi muito ativa e inquieta. “Eu precisava fazer alguma coisa, às vezes a gente demanda isso internamente”, completa. “Voluntariado é uma doação de tempo para algo em que você acredita”, afirma Eliana. Ela acredita que ao doar esse tempo você faz algo benéfico não apenas para você, mas também para a sociedade e para o todo. “É a questão do próximo, da sociedade. Acho que é por isso que as pessoas viram voluntárias”. Eliana pratica o voluntariado ambiental, mas vendo amigos que trabalham em outras áreas, como os Doutores da Alegria, acabou adquirindo uma visão para outros aspectos sociais. “Você vê que está tudo interligado”, diz. Ela comenta que agora que começou desenvolver trabalho voluntariado não conseguiria parar mais de contribuir para minimizar os problemas sociais e ambientais. A ativista conta que já se deparou com situações desagradáveis. “Às vezes as pessoas não querem dialogar.” Conta que já encontrou pessoas radicais que não estavam dispostas a ouvir, muitas vezes acabando em uma discussão mais calorosa. Ma isso não a abala. Ela
Eliana Gonçalves na sede do Greenpeace em Sao Paulo
acha que o voluntariado a ajudou a aprender lidar com pessoas e a ouvir mais e que cresceu muito como pessoa. “O voluntariado te transforma”, afirma. Ela diz que o voluntariado a tornou uma pessoa muito mais crítica, pois teve que aprender a contra-argumentar. Mesmo que muitos jovens não façam trabalho voluntário, Eliana diz que eles se preocupam com assuntos sociais. “Eu tenho amigos que eu não sei se fazem voluntariado, mas eles compartilham e curtem coisas na internet.” Ela vê que os jovens se preocupam com assuntos sociais e ambientais, mesmo que não participem ativamente no trabalho voluntário. Não sabe dizer se já inspirou alguém diretamente, mas acredita que ao conversar com as pessoas na rua “sempre influencia de alguma for-
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ma”, conclui. O estudante de Design Arthur Outa, 18 anos, diz que nunca passou pela sua cabeça fazer trabalho voluntário, mas que “gostaria de ajudar as pessoas”. Já as estudantes de Publicidade e Propaganda Gabriela Barros e Ana Portillo, ambas 20 anos, dizem que não fazem trabalho voluntário, mas gostariam de realizá-lo. “Eu gostaria de ajudar animais. E crianças também”, diz Gabriela. Elas dizem que uma das razões que as impedem de desempenhar o trabalho voluntário é que sentem medo de se apegar a uma causa e depois ter que deixá-la. Os interessados em realizar trabalho voluntariado podem acessar a página na internet do Centro Voluntariado de São Paulo (CVSP); http://www.voluntariado.org.br/
Chega de fiu-fiu Mulheres se unem contra o assédio masculino Giovana Rampini Letícia Imperador
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esquisa realizada pela campanha “Chega de fiu-fiu”, pelo coletivo Olga em parceria com a defensoria Pública de São Paulo, 99,6% das mulheres entrevistadas já haviam sido assediadas. Cerca de 81% disseram ter deixado de sair para algum lugar com medo de sofrer assédio e 90% trocaram de roupa pensando no lugar que iriam por receio de passar por esse tipo de situação. Visando reduzir essa estatística, a jornalista porto-alegrense Babi Souza, 24 anos, idealizou em julho deste ano o “Movimento Vamos Juntas?”, com o objetivo de unir mulheres desconhecidas para andarem juntas na rua e assim evitar o assédio
masculino. “A velha ideia de que a união faz a força ao invés de reclamar”, diz Babi. A mobilização, que acontece pelo facebook, conta hoje com mais de 150 mil curtidas, influenciando e inspirando outras ações nos meios universitários. Exemplo disso é projeto que leva o mesmo nome idealizado pela Frente Feminista Mackenzista. Para a estudante de Direito Gabriella Cardoso, 20 anos, representante da frente, o movimento surgiu com o mesmo objetivo do movimento original, porém visando a união das universitárias, para que elas de fato conseguissem ter uma companhia sempre que necessário para fugir do assédio na rua. Segundo Gabriella, a cultura de violência contra a mulher existe também entre universitários, mas é mais difícil de ser discutida.
“Existe um manto que na universidade as pessoas têm um intelecto superior”, diz. Ela ressalta ainda que as situações de risco e as opressões são diárias na vida de uma mulher. Segundo Gabriella, fazer com que mais mulheres se unam contra as formas de opressão é a chave para uma luta de equidade de gêneros. “A gente não consegue desbancar nenhum sistema sem união”, completa. A estudante de Psicologia Maria Luísa Prado, 20 anos, relata o assédio que sofreu na rua no trajeto da universidade. Estava atravessando a Rua da Consolação para encontrar uma amiga quando foi intimidada por um homem de dentro de um carro. A estudante acredita que se estivesse acompanhada se sentiria mais segura. “As meninas hoje estão querendo se unir muito mais”, diz.
Redes sociais ajudam animais abandonados Amanda Gonzalez Marcelle Dutra
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restar apoio às ONGs que usam as redes sociais para divulgar os animais abandonados disponíveis para doação ou para pedir doações para eles é o objetivo da ONG HOPET, fundada por Caio Lima, 29 anos, designer de produto. “Fazemos um trabalho nas redes so-ciais mostrando nosso trabalho e isso tem feito com que cada vez mais pessoas o conheçam e façam parte do projeto”, diz Caio. Ele comenta que embora a divulgação das ações desenvolvidas em favor dos animais seja mais fácil com a internet, o arrecadamento de verba é sempre o mais difícil. “Os tratamentos são cada vez mais caros”. Para angarir fundos, Caio explica que várias ONGs promovem eventos, como jantares, feiras e até mesmo noites de pizza, como
fez a HOPET, que realizou quatro grandes jantares, uma sessão de cinema e uma noite de pizza. Caio conta que um dos casos mais marcantes que já presenciou desde que a ONG foi fundada foi, na verdade, uma limpeza. Explica que a organização promoveu a limpeza na casa de uma mulher que tinha distúrbio de acumular lixo. Ela mantinha quase 30 animais entre cães e gatos. “Removemos cerca de sete toneladas de lixo da casa e conseguimos castrar todos os animais e doar alguns”, diz. O principal objetivo de quase todas as Organizações dedicadas a animais, explica Caio, é castrá-los para que haja cada vez menos animais na rua, sem lar e sujeitos a todo tipo de violência. Diferentemente da HOPET, a ONG Adote Um Gatinho (AUG), abriga e cuida diretamente de gatos abandonados e feridos. Funciona há 12 anos e com grande al-
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cance das divulgações feitas pela internet. Aline Munhai, uma das fundadoras, conta comenta sobre as dificuldades enfrentadas. “Em maior ou menor escala, são financeiras e de espaço”, diz. Aline conta que já chegou a regastar 44 gatinhos que estavam presos em uma fábrica desativada no Ipiranga. A AUG também promove eventos para arrecadar doações. Com feiras pontuais ao longo do ano. Os dois mais conhecidos são o Arraial e o Bazar de Natal, sendo o último mais famoso e tradicional. “Em 2014 recebeu mais de cinco mil visitantes”, conta Aline, com orgulho. A ONG também conta com venda de produtos em seu site para a angariação de fundos. HOPET: www.facebook.com/hopet AUG:www.facebook.com/adoteumgatinho
Fora da zona de conforto Situações vividas no intercâmbio ajudam estudantes a amadurecer Guilherme Silva
Júlia Firmino Lana Nunes
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odos os anos cerca de 1.5 milhão de brasileiros viajam para outros países em busca de conhecimento, interação cultural e aperfeiçoamento em outra língua. Eles são os intercambistas que acumulam experiências de vida e voltam renovados para casa. Essa experiência foi vivida pelo estagiário em Controladoria Douglas Macedo da Silva, 21 anos, intercambista na cidade de Cape Town, África do Sul. “A vida de estudante e turista é muito boa. Ter contato com pessoas de outros países te torna uma pessoa melhor e você aprende coisas”, diz. O intercâmbio começa com a expectativa antes mesmo da viagem, de acordo com a estudante de Comércio Exterior do Mackenzie Julia Peron Brito, 19 anos. “Estou totalmente ansiosa, preparando as coisas, fazendo as malas, comprando o que tenho que comprar. Mal posso esperar!”. A estudante tem como destino a cidade de São Francisco, na Califórnia, que sempre foi o seu sonho. A escolha do lugar é fundamental, pois nem todos os países permitem que os estudantes trabalhem, o que levou o segurança da informação Tiago de Oliveira Tonti, 29 anos, a trocar o Canadá por Dublin, Irlanda. Já o estudante de Engenharia Elétrica da USP Matheus Barros Manini, 23 anos, escolheu o Japão por ser fã da comida e cultura do país, graças ao contato com seus vizinhos japoneses. “A minha área, Engenharia, principalmente a Elétrica, é muito forte por lá em inovação”, diz. Ao chegar ao país, os estudantes
Guilherme Silva: “O interâmbio superou todas as expectativas”
encontram uma realidade totalmente diferente da do Brasil. É o famoso choque cultural. Matheus conta que achou os japoneses mais frios pois eles se preocupam com a “imagem” que vão passar aos outros. “Eles não demonstram afeto em público, no máximo os casais andam de mãos dadas”, comentou. O clima é uma das dificuldades enfrentadas pelos intercambistas. “Na Irlanda quase todo dia é frio e chove cerca de 200 dias por ano”, diz Tiago. A língua também pode ser um grande desafio. Douglas cita o exemplo de um japonês que se aproximou do grupo e não foi possível a comunicação porque ele não sabia inglês. Porém, as dificuldades não tiraram o ânimo de Douglas em relação ao intercâmbio, que ele diz ser “uma experiência enriquecedora” e permite com que os estudantes voltem com muitas histórias para contar. “Na terceira semana eu chorei de saudades dos meus pais. Na quinta semana, quando tive que vir embora, chorei porque queria ficar”. Ele
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diz que os sentimentos ficaram à flor da pele. “Você faz amigos que parece que conhece há anos, pois acaba passando muitas horas por dia com eles, durante semanas.”, diz Douglas. O engenheiro elétrico Guilherme Augusto Serra da Silva, 27, passou seis semanas na República de Malta, no sul do continente europeu, e comenta sobre os sustos que passou em um passeio de carro dirigido por um amigo espanhol. “Toda hora ficávamos nas faixas erradas, pois lá os carros obedecem a mão inglesa”, conta. Apesar das dificuldades em relação ao clima e à língua, os estudantes gostaram da experiência especialmente nos lugares considerados por eles como mais exóticos. “É muito bom conhecer pessoas do mundo todo, em Cape Town a diversidade cultural é muito grande por ser uma cidade turística e colonizada pelos ingleses”, conta Douglas. “Quero ir para um lugar longe, aprender sobre, conhecer outras culturas, conhecer outros modos de pensar”, completa Mateus.
Paraolímpicos buscam apoio para 2016 Atletas superam dificuldades para alcançar bom desempenho nos jogos do Rio de Janeiro Jullia Guedes Yasmin Oliveira
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mbora o incentivo ao esporte paraolímpico tenha evoluído muito, especialmente nas modalidades coletivas, os atletas ainda enfrentam dificuldades pela falta de patrocínio. “A maior parte dos patrocinadores são empresas estatais, poucas empresas privadas investem, alegando muita burocracia”, diz o atleta da seleção paraolímpica de natação e vice-presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro, Carlos Farremberg, o Carlão, 31 anos. Além da dificuldade de encontrar patrocinadores, os atletas paraolímpicos encontram no esporte um estímulo para a autossuperação. “Eu não estava competindo com ninguém, eu estava competindo comigo mesmo. Ganhar dos outros era consequência, nunca gostei da rivalidade”, diz Alan Mazzoleni, 28 anos, paraatleta de paddle board, esporte aquático que combina remada e prancha, aliados a velocidade por longa distância.
O paratleta Alan Mazzoleni compete na modalidade paddle board
Carlao comenta que os atletas se preparam cada vez mais forte na busca pela superação em um esporte de alto rendimento. Ele treina de segunda a sábado. Mantendo 10 seções de treinos na piscina por semana e até quatro seções de treinamento fora d’água. Centros de treinamento, academias e parques têm recebido melhorias e adaptações para proporcionar condicionamento aos atletas paraolímpicos. A coordenadora técnica da Academia Fórmula, Cecília Lopes, 27 anos diz que as adaptações são uma forma
Equipamentos da Fórmula Academia adaptados para os paratletas
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de motivação e integração. “O aparelho é o mesmo, o que acontece é a adaptação para melhor acessibilidade das pessoas”, diz. Durante todo o processo preparatório para as competições, os atletas são acompanhados por educadores físicos, médicos, fisioterapeutas e treinadores. Além de contar com o auxilio de projetos e organizações que lutam e defendem seus interesses esportivos. O foco principal na preparação desses atletas é o fortalecimento muscular para melhorar o desempenho. “Cada pessoa tem uma especialidade e desenvolve outras com o treino. É preciso se conhecer”, afirma o educador físico, Márcio Brito, 37 anos. O fato dos Jogos Paraolímpicos acontecerem em solo brasileiro no ano que vem tem sido uma motivação a mais para os atletas superarem as excelentes atuações das últimas competições. “Tivemos o melhor desempenho da história nos Jogos Parapanamericanos de Toronto. Queremos ser vistos como atletas e não coitadinhos que praticam esportes”, afirma Carlão.