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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE - CENTRO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS

Publicação feita pelos alunos do segundo semestre de Jornalismo - Ed 158 - Ano XI I- Jun 2015

Incêndio em Santos poderia ter sido maior

Foram nove dias de incêndio, com ação imediata do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Resgate, que minimizaram as consequências, página 13


Caros leitores, é com imenso prazer que a equipe do Acontece apresenta mais uma edição deste primeiro semestre de 2015. O jornal Acontece é um jornal interno. No entanto, as noticias não são somente sobre a universidade, e sim, “além-muro” para carregar o veículo impresso com fatos atuais e curiosidades. O jornalismo impresso, há muitos anos, vem sendo disputado com a tecnologia. A equipe do Acontece acredita que o jornal impresso nem tão cedo irá acabar. Ainda há os chamados “antiquados” que nem sempre se incluem no mundo tecnológico, e que ainda preferem molhar os dedos para passar de uma folha a outra. Portanto, o jornal Acontece é feito para aqueles que amam um bom papel e que mesmo na correria do dia a dia esperam ansiosos para a nova edição. Indispensável citar que a responsabilidade

Universidade Presbiteriana Mackenzie Centro de Comunicação e Letras Diretor: Alexandre Huady Guimarães Coordenadora: Denise Paieiro

dos alunos-repórteres é importante para que possa haver a publicação de noticias variadas, buscando atingir a sua curiosidade ao assunto. Eles correm atrás da informação. Nessa edição, vocês, leitores, encontrarão noticias em diversas áreas, como investigação, saúde, social, esporte, turismo, cultura, etc. A matéria sobre pornografia de vingança relata sobre vídeos e fotos que são publicados na Internet sem a autorização da pessoa que fica exposta na cena. Destaca-se também a matéria sobre os efeitos positivos que os exercícios físico, mental e espiritual – praticados pelo grupo Mahamudra – colaboram para uma melhor saúde. O jornal mostra também como o SP Invisível atua nas ruas de São Paulo. O esporte também está presente com as categorias de base no futebol do Brasil. Além dessas matérias, há curiosidades sobre as

boas experiências de passeios turísticos; e noticias que falarão do Itaú-Cultural sobre a exposição: Espaço Olavo Setubal: Coleção Brasiliana Itaú. O objetivo do Acontece é sempre oferecer uma vasta leitura de todos os gêneros e gostos. O jornal é este misto de fatos curiosos e informativos. De forma elegante e ao mesmo tempo simples, é gostoso de se ler. Afinal, quem escreve são os “jovens futuros’ jornalistas do século XXI, cheios de criatividades, emoções, sonhos e entusiasmos. Com grande satisfação a equipe do Acontece agradece por cada leitor. Nosso produto pode ser visto como resultado do bom jornalismo, quando vemos estudantes nos elevadores, em sala de aula e em todos os lugares do Mackenzie com o jornal Acontece nas mãos. E que, nesta edição, não seja diferente. Bom proveito, desbravadores de noticias!

Coordenação de publicações: José Alves Trigo Editores: Paulo Ranieri (texto) e André N. D. Ferreira (diagramação)

el; Vanessa Bayczar.

Equipe: Ana Paula Zacarias; Bianca Lee; Giovanni Antonelli; Guilherme Ziggy; João Pedro Granado; Juliana Cristina; Letícia Lannes; Leticia Riva; Marcelo L Rossi; Marcos Gabri-

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Jornal-Laboratório dos alunos do segundo semestre do curso de Jornalismo do Centro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Impressão: Gráfica Mackenzie Tiragem: 200 exemplares.


Noivas diminuem os gastos sem perder o estilo Festas low budget (orçamento baixo), com decoração feita pelas noivas, tornam-se tendência nesse mundo Texto: Ana Paula Zacarias Foto: Ana Paula Zacarias

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tualmente, o casamento virou uma verdadeira indústria, que não se baseia apenas no matrimonio, mas também em uma superprodução quase que hollywoodiana. O mercado está cada vez mais amplo e nem sempre os preços são acessíveis. As noivas querem novidades ,“elas pesquisam bastante em sites, blogs, vlogs sobre o assunto casamento e suas tendências” comenta Verônica Morais, 26, assessora de eventos, o casamento torna-se “um evento marcante com direito a fogos de artifício”. Para fugir de um orçamento muito alto, as noivas optam por fazer um planejamento financeiro com tudo o que irão gastar. Veronica Rodrigues de Miranda Pfiszter, 30, é advogada, casou em dezembro de 2013, e conta como lidou com a questão do orçamento, “essa é a pior parte, eu acho, de casar. Porque é tudo muito caro e quando você planeja casar, você quer que tudo saia perfeito”. Veronica contou com a ajuda de seu marido para que os gastos não fossem excessivos, ele organizou uma planilha de cálculos e também fez uma

projeção dos gastos e de como eles iriam pagar. Eles tiveram ajuda de suas famílias, mas o planejamento e a pesquisa que eles fizeram ajudaram muito. “Fizemos uma boa pesquisa. E quanto mais você pesquisa mais você parcela e mais você negocia preços. Montar o orçamento do casamento é a chave para o sucesso”, comenta. Além disso, eles noivaram durante dois anos para poder organizar tudo tranquilamente. “Acredito que se nós fossemos milionários teríamos casado em seis meses provavelmente, porque seria muito mais fácil”, brinca Veronica . “Então você tem que estar com tudo quitado pra casar. Todos os fornecedores de casamento são assim, você não pode deixar nada para depois do casamento”, diz ela. Para abaixar o orçamento do casamento, muitas noivas recorrem à ideia de fazer alguns dos itens de forma simples e barata elas mesmas (DIY – Do It Yourself/ Faça você mesma). “Você pode contratar a assessora para te auxiliar em todo o processo de organização do casamento, ou você contrata uma assessora do dia”, explica Veronica, isso é uma vantagem, pois se gasta menos, “mas é uma desvantagem, porque você realmente enlouquece”. As noivas que contratam assessoras “procuram segurança

Revistas de csamento mostram as tendencias no mundo das noivas

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de um evento perfeito para que os sonhos se tornem realidade eternizando os momentos com eficácia”, comenta Verônica Morais. Incorporar elementos pessoais, fazer alguns detalhes da decoração é, além de uma tendência cada vez maior, a maneira que a noiva atual tem para diminuir o orçamento o que acaba tornando o casamento exclusivo e personalizado deixando o clima mais intimo. A maquiagem e cabelo também entram para a lista de corte de gastos, quando as noivas preferem fazer elas mesmas. Muitas noivas acabam optando pelo DIY porque gostam de coisas exclusivas e personalizadas, “como eu sempre gostei de organizar as minhas coisas, festas e eventos, então eu tive essa vontade de organizar eu mesma o meu casamento, pra ficar com a minha cara”, confessa Veronica, “você não compra de alguém, é algo personalizado que vai estar sempre com a sua cara. O fato de você mesma fazer da um gostinho de ‘nossa fui eu que fiz’”. As lembrancinhas do casamento da Veronica, assim como a decoração de todos os convites do casamento e também as caixas com as lembrancinhas dos padrinhos, foram feitos por ela, “no meu chá de cozinha, eu que fiz toda parte de decoração, os docinhos, as lembrancinha, os enfeites. E os porta guardanapos, para o Buffet no casamento, também”, comenta. Ela ainda diz que gosta muito de artesanato, mas “eu não teria condições de fazer tudo sozinha, pois eram muitos convidados”, comenta sobre os porta guardanapos que ela confeccionou com a ajuda da mãe e da irmã para o casamento. De acordo com ela, ao se dedicar aos preparativos, o casal acaba participando mais intensamente do casamento, o que na opinião dela é muito bom. “Então eu sugiro para as futuras noivas, se tiverem tempo, disponibilidade e vontade, fazerem elas mesmas o casamento que eu acho que é um grande diferencial.”


Mahamudra Brasil, um novo estilo de vida A Mahamudra é uma filosofia e um método de desenvolvimento humano com exercícios físicos e mentais Texto: Bianca Lee Foto: Bianca Lee

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o parque do Ibirapuera, o grupo Mahamudra prática atividades físicas, que deixam os alunos com o corpo que desejarem, e também a parte mental e espiritual. Os professores propõem buscar a evolução da hiper– consciência, trabalhando com os três pilares: corpo, mente e espírito. Na parte corporal, primeiramente, começa pela respiração. De acordo com o site da Mahamudra Brasil acreditam que a vida se inicia na primeira inspiração e finaliza na última expiração. Sendo assim, o praticante se beneficia de mais energia, vitalidade e concentração. Logo após, procuram trabalhar diferentes modalidades esportivas, como: corrida, yoga, artes marciais, calistenia, ginástica artística, exercícios funcionais e circuitos militares. O segundo pilar, a mente, é trabalhada através de exercícios de mentalização . Segundo Jonas Sulzbach, 29 anos, aluno e um dos colaboradores, afirma que o grupo busca ensinar aos alunos a saírem da sua zona de conforto espiritual, se concentrando

em seu interior pessoal e descobrir o poder que eles tem de mentalizar. “A meditação me ensinou a ter auto-confiança”, diz o colaborador. O terceiro pilar, o espírito, tem como objetivo passar os ensinamentos de leis universais, como, por exemplo, a gratidão. Estimulam o bem-estar, força e coragem para enfrentar os obstáculos da vida. “A gente aprende que quando queremos muito uma coisa, possivelmente isso irá acontecer”, diz Sulzbach. Para Ana Maria Oliani, 38 anos, médica fisiologista, um dos grandes benefícios dos exercícios físicos é sensação de paz e tranquilidade. “Isso ocorre pela liberação de endorfina no cérebro, neuromediadores ligados à gênese do bem-estar e prazer, e que, consequentemente, ajuda no autoestima do praticante”, explicou a Doutora. A prática regular de atividades que reagem contra o sedentarismo criam dependência dessa substância estimuladora. As calorias gastas nessas atividades é de 700 a 2000 calorias, tudo irá depender da intensidade aplicada na aula e do metabolismo do aluno. Para Priscilla Koga, 31 anos, aluna da Mahamudra foi uma das que atingiu

Alunos fazendo movimento invertido durante a aula

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a sua meta, perdendo peso. “Eu emagreci 4kg, é o bastante para mim. Era o que eu mais desejava”, afirmou. Outra aluna, Nilza Gutierrez, 40 anos, diz “No começo foi bem difícil, mas hoje melhorei na força e resistência”. O público-alvo é dos mais jovens até os mais idosos, de 17 a 60 anos. Para o Gabriel Duran, 25 anos, professor da Mahamudra, o foco dos diversos exercícios ajuda no progresso corporal e mental, ou seja, melhora a qualidade de vida. “Essa dinâmica de atividades veio das experiências de cada professor”. Uma curiosidade da Mahamudra Brasil é que além das modalidades conhecidas que são passadas nas aulas, praticam exercícios que simulam movimentos de animais, como o alligator (um gênero de jacaré), o urso, a minhoca e o caranguejo. E, também, o grupo criou novos atividades de movimentação, como o Burpees Kamikase, Barra Viking, entre outros. Começa logo cedo, às 6h da manhã e termina às 21h15. De segunda a sexta são oferecidos diversas aulas, o dia inteiro. As aulas são divididas em iniciantes, intermediários e avançado. Para cada grupo, de 25 alunos, há três aulas por semana, e cada aula trabalha um objetivo diferente. Em uma aula trabalha a resistência, a outra mais a força e a terceira, o alongamento e o yoga. Esses exercícios atingem qualquer idade e gênero. A Mahamudra foi instalado no Brasil, no parque do Ibirapuera graças ao César Curti, autointitulado coach de estilo de vida, que tem o significado semelhante de treinador. O fundador do grupo passou alguns anos no exterior e trouxe para as terras brasileiras o extenso conhecimento dos três pilares para uma completa saúde. César foi influenciado pelo grupo existente em Los Angeles. Atualmente, existe também em Salvador e no São Bernardo do Campo. E para ser um novo integrante, basta mandar um email ou telefonar. Sendo assim, o propósito do grupo é tornar os alunos mais satisfeitos, motivadores e completos.


Exposição vai ao encontro com conhecimento da cultura brasileira Coleção Brasiliana reascende mais de 500 anos da composição histórica do Brasil Texto: Giovanni Antonelli Foto: Giovanni Antonelli

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rica trajetória cultural brasileira é retratada de uma forma didática e dinâmica, expondo um acervo de 12 mil itens – maior de uma companhia privada da América Latina. As peças expostas revelam 500 anos de acontecimentos históricos, passando por nove salas específicas regadas de informações e documentos que contribuíram para a formação de nosso país. A coleção vem de 1969 quando Olavo Setubal começou a adquirir peças referentes â história brasileira. Angélica Pompilio de Oliveira, 48 anos, do acervo de Obras de Arte, área responsável pela conservação do Espaço Olavo Setubal, explica a origem da obra. “Olavo Setubal adquiriu a coleção Brasiliana Itaú por pouco mais de 10 anos, falecido em 2008, o espaço leva seu nome em homenagem ao legado deixado na aquisição deste acervo. Ele considerava de grande importância preservar um acervo ligado à história do Brasil”. Quando questionada sobre o pouco conhecimento que um brasileiro tem sobre sua própria cultura, foi sucinta “Somos um país muito jovem se comparado ao continente asiático e europeu, acredito que seja um dos fatores para este pouco valor, mas também o sistema educacional poderia estimular os brasileiros a conhecerem mais e se orgulharem da história de seu país”. No corredor Brasil da Capital, o que chama a atenção são os retratos iconográficos, passados desde Ender e Frubeck (retratos sem cores) até Debret (melhor cronista visual) Angélica completou sobre sua importância “Através dos iconografistas, temos um registro importante da Capital do Império português, que foi no Rio de Janeiro a partir de 1808, com a fuga da família imperial e a transferência da corte portuguesa para o Brasil”. Leandro da Silva Alonso, Mestre em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) observa por um plano mais

abrangente a questão histórica, não só brasileira, mas sim ocidental, “Creio que o desinteresse pela História é um fenômeno muito mais global do que nacional.” Posteriormente Leandro cita um especialista que comprava sua tese “O historiador Eric Hobsbawm apontou, no prefácio de A Era dos Extremos, que um dos fenômenos mais lúgubres da contemporaneidade é a desconexão do presente com o passado, transformando a própria existência num presente contínuo esgotando-se nele mesmo. Dessa forma, creio que o desinteresse com a História é um fenômeno geral do mundo ocidental” afirmou Leandro Alonso. O Mestre em História Social concorda com a importância iconográfica “É interessante perceber de que modo àqueles que vieram de fora pode ver o Brasil.” Contudo alerta sobre a comunicação “Quando nos utilizamos deste tipo de linguagem, devemos fazer as devidas ressalvas, críticas e perspectivas acerca do Brasil”. As nove salas da exposição nos conta, além de registros históricos, moedas, cartas e mapas, a vida natural onde o índio era visto como um animal. Retratado ao lado de 30 cro-

molitografias de aves raras brasileiras pelo francês J. T. Descourtilz. Quem chamou a atenção do estudante de Tecnologia em Análise e Desenvolvimentos de Sistemas pela Universidade de Campinas, (Unicamp-Limeira) Aarão Zimmermann, 20 anos, foi o índio Iuri. Na sala “O Brasil dos Naturalistas” determinou-se a registrar os costumes, flora e fauna. “Hoje em dia é muito estranho analisar o índio como um animal, mas faz parte da visão dos exploradores do Brasil” comentou o estudante. Sobre os conhecimentos e literatura apresentada na exposição, Aarão ficou impressionado pela história por trás das raridades expostas. “Eu não sabia de muitas coisas dessa exposição, na escola eu não gostava das aulas de história do Brasil por serem muito chatas e cansativas, seria bom se coisas como apresentadas nessa exposição fossem reproduzidas em sala de aula.” Localizada na avenida paulista, 149 pisos 4 e 5, o Espaço Olavo Setubal da Coleção Brasiliana – Itaú, é uma exposição permanente e pode ser visitada de terça a sexta das 9h às 20h e aos sábados, domingos e feriados das 11h ás 20h.

Cromolitografias no corredor “Brasil Naturalista”

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Pós-Retomada: o Cinema Brasileiro em movimento Uma breve análise das transformações do cinema brasileiro contemporâneo

Texto: Guilherme Ziggy Foto: Guilherme Ziggy

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pós a extinção da Embrafilme e da Concine em 1990 pelo Programa Nacional de Desatização (PND) aplicado pelo governo Collor, o cinema brasileiro e suas produções vivenciaram seu pe ríodo mais crítico: não havia financiamento, fomento ou perspectiva para rodar um longa-metragem no Brasil. Fazer cinema se tornou uma atividade empírica quase impossível, acarretando uma diminuição na produção e distribuição de 80 filmes nacionais por ano para um ou dois. Um ou dois. Com o impeachment de Collor e a entrada de Itamar Franco na presidência é sancionada em 1993 a “Lei de Audiovisual”, que incentivava o investimento privado para realização e exibição cinematográfica no país. No ano de 1995 com a produção “Carlota Joaquina: A Princesa do Brazil”, de Carla Camurati e “Terra Estrangeira” em 1996, de Walter Salles e Daniela Thomas, houve então o início da reinserção do campo cinematográfico brasileiro e o boom de produções audiovisuais que se popularizaram como “Cinema da Retomada”, alcançando seu auge em 1998 com a projeção internacional do filme “Central do Brasil”, também de Salles, e a conquista de prêmios como o Globo de Ouro e o Urso de Ouro no Festival de Berlim, no mesmo ano. No início dos anos 2000, o cinema brasileiro estava quase consolidado em sua produção e exibição. O período da “Retomada” (até o filme “Central do Brasil”) foi essencial para a criação de uma base sólida de consumo para as produções audiovisuais no país nunca antes vista, começando a levar cada vez mais pessoas para as salas de cinema de todo o país, trazendo uma série de longas-metragens para uma esfera pública e específica. É nesse período de transição, que em 2002, nós acompanhamos a explosão de crítica e bilheteria do filme “Cidade de Deus” de Fernando Meirelles. Ismail Xavier, 67, crítico de cinema e professor da Universidade de São Paulo, argumenta que “os anos 90

Para Reinaldo Cardenuto, “o cinema brasileiro hoje está bastante cindido” definiram um processo de expansão e é bem acolhido pela intelectualidade”, inclusive de consolidação da presen- e complementa, “a meu ver, a gente ça desse novo cinema. E nós tivemos vive um cinema brasileiro hoje, que acho que o grande pico em termos da eu não sei dizer se é Pós-Retomada relação com o grande público foi dos ou não, e que está bastante cindido. É anos 2000 até 2002. Tivemos grandes quase uma luta de classe explicitada”. filmes que fizeram grande sucesso, Enquanto a questão nominal dicomo o caso de ‘Cidade de Deus’”. vide opiniões de ambos teóricos, a As especificidades em “Cidade jornalista Barbara Kosloff, 22, acha de Deus” estão presentes na estéti- que “apesar da polarização do cineca, roteiro, fotografia e técnicas nos ma autoral e do cinema comercial, as mais diversos âmbitos da produção, pessoas estão indo cada vez mais ao assimilando-se ao cinema estrangeiro cinema, o brasileiro está consumindo e de entretenimento de massa. É nes- um cinema que é de qualidade, seja se momento que nos deparamos com no roteiro, nas técnicas de edição ou a chamada “Pós-Retomada”, período na fotografia”, e ressalta, “o nosso ciem que houve a consolidação defi- nema vem ganhando cada vez mais nitiva da produção cinematográfica notoriedade lá fora, isso é algo muinacional. “Cidade de Deus” foi o pri- to importante depois de tantos anos meiro longa-metragem a reunir 3,2 de ostracismo; também é importante milhões de telespectadores, trazendo o brasileiro consumir o produto naao cinema uma nova fórmula de pro- cional, a gente sai um pouco daquela dução que abriu espaço para outros veneração do cinema hollywoodiano”. filmes nos anos seguintes, como “CaA “Pós-Retomada” hoje, represenrandiru”, de Hector Babenco e “Tropa ta o cinema brasileiro em movimento; de Elite”, de José Padilha. a reabertura de espaço para as mais “Chamar de Pós-Retomada é uma diversas produções audiovisuais e a maneira, digamos, que não compro- reinserção do Brasil no mapa do cinemete porque você não vai usar um ma mundial contemporâneo. O nosso nome que possa indicar determina- cinema conseguiu superar as piores das características. O cinema é muito expectativas, que já nos anos 90, se variado, ele tem desde produções de resumiam a um mercado onde câmemaior endereçamento ao grande pú- ras e diretores já não interessavam blico com todos os cuidados de rotei- mais. Ele convergiu em si mesmo e ro, de elenco, de forma cinematográ- em seu próprio declínio. Se reinvenfica, para serem bem recebidos; esses tou. E hoje alcança o maior público de são os filmes que chamamos de filmes sua história, o povão, o trabalhador mais legíveis”, conclui Ismail. brasileiro, que graças a bem-sucediJá para Reinaldo Cardenuto, 34, da fórmula iniciada em “Cidade de professor do curso de Cinema da Deus”, frequenta as salas de cinema e FAAP, “‘Cidade de Deus’ é um filme volta pra casa com um pouco mais de que é comercial mas ao mesmo tempo cultura. Cultura de massa.

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Pornografia de vingança pode virar crime Projeto pretende criminalizar o ato de divulgar fotos ou vídeos íntimos sem autorização da vítima

Texto: João Pedro Granado Foto: Geraldo Magela

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pornografia de vingança é a divulgação de materiais com conteúdo sexual sem o consentimento de um ou mais dos envolvidos. Esse tipo de atitude se tornou comum nos dias de hoje, e com a ajuda da internet e das redes sociais tem atingido cada vez mais pessoas. Atos dessa natureza geralmente são realizados por ex-parceiros amorosos que não aceitam o fim de um relacionamento, a maioria das vítimas deste tipo de ato são mulheres, principalmente jovens. Eliza Abreu (nome fictício) é um exemplo disso, aos 19 anos teve fotos íntimas publicadas por um antigo namorado: “Quando terminei o namoro meu ex mandou fotos minhas nua para todos os amigos dele, fotos que eu nem sabia que existiam, eu estava dormindo.” A atitude do rapaz trouxe vários problemas para a Eliza e a família:“Foi muito difícil essa situação, tive que mudar de faculdade, mexiam com o meu pai na rua, eu não sabia mais o que fazer, cheguei a pensar em suicídio.” – disse a vítima, que ainda comentou que a única pena do rapaz foi pagar uma multa. A pessoa que é agredida pela pornografia de vingança, às vezes não sabe das fotos e dos vídeos íntimos dela, o agressor esconde a câmera e grava sem a vítima perceber. Já em outros casos a pessoa sabe da filmagem ou fotografia e acaba aceitando com o objetivo de agradar o parceiro, sem imaginar que aquilo poderia ser publicado algum dia, como é o caso de Rafaela Góes (nome fictício): “Eu mandei um vídeo íntimo para um amigo e pedi pra ele apagar depois, achei que ele tinha apagado, mas um dia nós brigamos e ele jogou na internet, foi um desastre.”. Visando evitar outros casos como estes o senador Romário apresentou em três de março de 2015 um projeto de lei que tornaria a publicação de pornografia de alguma pessoa sem a permissão da mesma. O PLS (Proje-

to de Lei do Senado) 63/2015 está atualmente aguardando o parecer da Comissão de Seguridade Social e Família esperando pela designação do relator. A pornografia de vingança ainda não está de forma específica no código penal brasileiro e quando ocorre é enquadrada como difamação ou injúria tendo como pena de três meses a um ano de detenção e multa. A proposta de Romário é que a pena passe a ser de um a três anos de prisão, além do pagamento de uma indenização à vítima por todas as despesas decorrentes do crime cometido, como mudanças de casa e tratamentos médicos ou psicológicos. O parlamentar também pede que para os casos em que o delito for cometido por alguém com quem a vítima teve um relacionamento amoroso a pena deverá ser aumentada em meia vez. Ele também propõe o mesmo aumento na condenação quando a pessoa afetada for menor de 18 anos ou um deficiente físico. Também está previsto no PLS 63/2015 que no caso do crime ser cometido por meio da internet o acusado deve ser impedido de usar qualquer tipo de rede social ou serviço de mensagens eletrônicas por até dois anos. No próprio projeto de lei o senador justifica a criação do mesmo pelo

fato de que a exposição de materiais com temática sexual de uma pessoa pode destruir a vida da vítima, que tem a integridade física, moral e psicológica atingidas pelo agressor. Também segundo Romário, o presidente da Comissão de Tecnologia da Informação da Ordem dos Advogados (OAB) Nacional, Alexandre Rodrigues Atheniense, afirmou que os crimes de internet só ocorrem com tanta frequência pois os infratores acreditam na impunidade de seus atos. Paulo Gomes (nome fictício) de 22 anos assume que praticou a pornografia de vingança e se arrepende disso: “Eu fiquei muito mal quando minha namorada terminou comigo, fiz o que eu fiz sem pensar, foi passional”. O rapaz também disse que tentou tirar todos os vídeos da ex-parceira da rede, mas era tarde demais. -“Eu expliquei pra ela porque tinha feito aquilo, conversamos e ela resolveu tirar as acusações, eu agradeço todos os dias por não ter acabado com a vida de uma pessoa.”- comentou Paulo que acabou não sendo julgado por sua conduta. O PLS 63/2015 prevê diminuir a prática da pornografia de vingança e aplicar uma pena mais grave para tal ação.

Senador Romário na sala de comissões do Senado.

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Leonardo da Vinci sob uma nova perspectiva Exposição aborda um aspecto pouco conhecido sobre o famoso artista renascentista Texto: Juliana Cristina Fotos: Juliana Cristina

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exposição “Leonardo da Vinci: A Natureza da Invenção” aconteceu até o dia dez de maio, no Centro Cultural Fiesp - Ruth Cardoso (Galeria de arte do Sesi-SP), com entrada gratuita. Leonardo da Vinci (1452-1519) fez parte do Renascimento, período no qual ocorreram grandes mudanças na Europa dos séculos XV e XVI. Caracterizado pelo Antropocentrismo, Racionalismo, Humanismo, Otimismo e Hedonismo. Além disso, os renascentistas acreditavam em um “Ideal de universalidade” (o ser humano deveria conhecer e aprender a respeito de todas as artes e todas as ciências). Por essa razão, Da Vinci foi considerado o “Modelo do homem renascentista”, pois aproximou-se deste ideal não apenas levando em conta seu domínio sobre as artes, como também seu conhecimento a respeito de diversas ciências. A “natureza da invenção” tratou-se do aspecto projetista, inventivo e, pode-se considerar, o aspecto “engenheiro” de Leonardo, normalmente associado apenas à concepção de algumas obras de arte, tais como “Mona Lisa” e “A última ceia”. Réplicas de suas pinturas foram usadas, literalmente, como plano de fundo para a apresentação desta outra perspectiva sob Da Vinci. Lais Prado tem 25 anos, é empresária, e comenta: “Não sabia que ele tinha inventado tantas coisas interessantes (...) Jurava que ia ver os quadros famosos! ”.

Alline Leal Teixeira, formada em artes, é uma das educadoras responsáveis por conduzir os visitantes da exposição. Sob seu ponto de vista, a mostra apresentou dois focos principais: os desenhos e a observação de Leonardo sobre a natureza (plantas e animais), sobre os seres humanos e também sobre construções. Ela ressalta que Da Vinci pensou e criou exclusivamente os projetos. E que, além disso, nem todos foram idealizados. A exposição foi organizada em salas temáticas: “Introdução”, “Transformar o movimento”, “Preparar a guerra”, “Desenho a partir de organismos vivos”, “Imaginar o voo”, “Aprimorar a manufatura” e “Unificar o saber”. Cada uma delas correspondia a uma área específica, estudada por Leonardo da Vinci. A composição dessas salas apresentava, inclusive, estruturas interativas (dispositivos de áudio, jogos e curiosidades sobre a vida, obra e inspirações de Leonardo, dentro de touch screens). Havia ainda pequenas miniaturas (acompanhadas por legendas em braile), desenvolvidas especialmente para que cegos pudessem entender como funcionavam as maquetes históricas (maquinas de fiar e engrenagens, por

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exemplo). Leonardo Araújo tem 20 anos, é técnico em eletrônica, e conta que essas pequenas miniaturas das maquetes chamaram sua atenção pelo fato de que foi possível entender com mais clareza como cada uma das peças funcionava. Ao todo, 50 maquetes históricas compuseram a exposição. Elas foram construídas a partir de um estudo feito por pesquisadores e engenheiros em “Celebração do quinto centenário de nascimento de Da Vinci”. A partir de manuscritos, esboços e desenhos feitos por Leonardo, eles criaram desenhos interpretativos, os quais serviram como base para a criação das peças em 1952. “ [...]Estas maquetes são fruto de uma cuidadosa interpretação que traduziu e completou as lacunas dos desenhos de Leonardo. São um instrumento fascinante, que serve para melhor compreender suas ideias.” (Cartaz da exposição). Foram projetados diversos modelos de mecanismos de voo, automóveis, tanques de guerra, máquinas de fiar, entre outros. Além das maquetes, no final da exposição, estavam a mostra alguns manuscritos e gravuras que, segundo a educadora Alline Leal, são exclusivos do Brasil. Felipe Maciel tem 25 anos e trabalha com cinema. Para ele, a exposição “É inspiradora. Te faz querer pesquisar mais. Entender que há tanto tempo já se pensava tão amplamente. Isso te faz querer estudar mais, conhecer mais (...) Eu não sabia, por exemplo, sobre a quantidade de projetos que o Da Vinci criou para a guerra. Que, independente do propósito, foram bem inteligentes da parte dele. E colaboraram com muitos outros inventos”.


A cidade-mãe da África do Sul atrai e encanta turistas diariamente Conheça mais sobre Cidade do Cabo, cidade com séculos de histórias Por: Letícia Lannes Foto: Letícia Lannes

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Cidade do Cabo é habitada por africanos e por uma imigração de ingleses, holandeses e asiáticos. Passou por muitos transtornos, devido o apartheid imposto pelo governo, e Nelson Mandela foi uns dos lideres da revolta, foi preso durante anos em uma prisão só para negros. E depois de sua saída, conseguiu se tornar o Presidente, e expandir a África do Sul para todo o mundo. Seu país conseguiu fazer história na Copa do Mundo em 2010. O clima da Cidade do Cabo no verão vai entre 15º C e 29º C. Já no inverno, entre 4º C e 12º C, deixando os brasileiros um pouco mais a vontade. O fuso já não pode dizer o mesmo, 5 horas à frente do horário de Brasília O museu do negro é imperdível, mostra sua trajetória e vida ao longo de séculos. A entrada é franca. Ao redor está localizada uma feira que com certeza te faz sentir a África, com seus produtos feitos a mão, e com um aspecto típico do local. Há também o Green Market Square, que se encontra as melhores peças e souvenires sul-africano, Para se locomover, a opção de táxi é ótima por ser barato e ter mais conforto. Os ônibus de turismo são indicados também, por passar nos pontos turísticos e poder subir e descer do ônibus quando quiser. A cidade fica aos pés da Table Mountain, para subi-la o ônibus de turismo facilita, ele sobe até certo ponto da Montanha, e de lá da para admirar uma bela vista panorâmica da cidade. Para quem está na cidade em um dia de sol, que é recomendado, eles oferecem trilhas guiadas para você subir até o topo e desfrutar um pouco mais da magnífica paisagem. Waterfront é um ótimo lugar para desfrutar das comidas, e escutar um pouco da música típica ao vivo. Uma das especialidades gastronômicas se adere de frutos do mar. Estão entre os melhores do mundo, são baratos e são achados em abundância, e de acompa-

nhamento um vinho branco sul-africano se torna essencial. Além disso, existem diversos tipos de restaurantes e cafés espalhados pela cidade, oferecendo vários estilos de comida, como nas lanchonetes e cafeterias de Long Street. E para não deixar o vinho de lado, fazer uma refeição no Groot Constância, a mais antiga vinícola do país, pode ser uma boa pedida. A cidade atende todos os pedidos dos consumidores, o Canal Walk e Grand West, por exemplo, são dois complexos temáticos que reúnem shoppings, restaurantes e afins. A paisagem é comparada ao Rio de Janeiro por quase todos que a visitam. A Table Mountain, que não pode deixar de ser o cartão postal da cidade, é comparada ao Pão de Açúcar. Se no Rio visitar as comunidades se tornou turismo, na Cidade do Cabo não é diferente, as towships, lares para a maioria dos negros no país, recebem diariamente turistas que mantém a curiosidade do “diferente”, ou apenas vontade de tentar conhecer um pouco mais da história do país. Obvio que quem vai África tem que ir ao safári, e opções é o que não falta. Para quem não tem muito tempo, o safári diurno basta para ter um momento memorável. Mas quem ti-

ver oportunidade, o safári noturno tem que entrar para a lista. Para se locomover tem opções como o típico jeep e quadríciculo, esta última é uma opção diferente para quem está procurando um pouco mais de aventura. O Two Oceans Aquarium é garantia para um passeio lindo, oferecendo mergulho com tubarão branco. A praia Camps Bay um dos lugares mais cobiçados dos turistas é ótima para um passeio tranquilo. Para um passeio cultural a Roben Island Museum, onde Nelson Mandela ficou preso mais de 17 anos, está aberta a visitação. E sem duvida, ir ao Cabo das tormentas, ou como agora é chamado, O Cabo da boa esperança, está na lista de coisas a fazer na Cidade do Cabo. A entrada é pelo Table Mountain National Park onde têm um caminho maravilhoso. Lá você consegue ter o privilegio de ver a magia do lugar, e desfrutar a vista da fronteira do Oceano Atlântico com o Oceano Indíco. INFORMAÇÕES: -Não precisa de visto -Exige vacinação contra febre amarela - 1 Rand = 0,20 centavos de real

Cabo da Boa Esperança

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#SPInvisível explora história de moradores de rua Perfil de rede social dá um microfone para quem tem boca, mas não é ouvido nem visto no cotidiano agitado do paulistano Texto: Leticia Riva Fotos: André Soler

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que é invisível? Essa pergunta foi feita por um grupo de 4 estudantes. Eles chegaram à conclusão que quase tudo é invisível, uma vez que o ser humano deixa passar muitas coisas na frente de seus olhos, enquanto está preso ao seu celular. André Soler e Vinicius Lima criaram assim uma página no Instagram para demonstrar o invisível. Perceberam que existia algo especificamente mais invisível que qualquer coisa, que não tinham Facebook, não tinham celular e muito menos um teto. Os moradores de rua. Muitas vezes são vistas como traficantes, sujos, ladrões, mendigos, porém deveriam receber o mérito que merecem pois não são deixam de ser trabalhadores, artistas e principalmente pessoas. “Quando eu vou pra escola com meus amigos, os caras falam: ‘Ei, moleque. Quer trampar na biqueira?’. Já tive muitas chances, mas eu não aceito não. Meu nome é Danilo, tenho 14 anos e to aqui no farol há dois anos. Quero ser bombeiro, esse é meu sonho, quero salvar vidas. Se eu pudesse, acabaria com o tráfico lá da minha quebrada, tenho amigos que foram presos desde pequeno usando droga e traficando”, diz o morador. Jurandir, de 28 anos, na rua há 7 anos, diz que existem pessoas que estão na rua para causar o mal, mas não podemos generalizar. “Dentro do mal, existe o bem puxando pra luz. A tele-

Danilo, fazendo malabarismo. visão não mostra que dentro da Cracolândia tem muita gente boa, muita genialidade, muita educação e inteligência” Todavia, existem aqueles que tem sonhos, metas, que querem um futuro, mesmo sabendo que terão que se sacrificar bastante para alcançá-lo. “Meu nome é Wagner. Meu sonho é o sonho de todos os brasileiros, é um país mais justo”, diz o morador. “São pessoas comuns, que apenas precisam de alguém para conversar”, comenta André. “É mais legal a pessoa dar uma atenção do que mil reais, às vezes...Meu nome é Eduardo, tenho 34 anos, estou na rua a três anos”, diz o morador “Escolhemos eles pois são pessoas que não tem opinião para a sociedade”, complementa André. “Meu nome é Isaias ... O que eu menos gosto aqui é o pessoal que mexe com a gente. Eu desvio de um inseto pra não pisar nele e tirar a vida dele. Tem gente que procura o morador de rua só pra bater, queimar, mijar. Não dá pra entender. Isso quer dizer que a gente é igual a um inseto”, tratados como lixos, insetos, parasitas, são jogados na sarjeta na intenção de serem oprimidos e não terem sua opinião exposta”, diz o morador. “Todo dia me sinto invisível. Graças a Deus, existem pessoas bondosas que gostam de ajudar a gente. Já me ofereceram até emprego, mas quero continuar a ser quem eu sou, um viajante. Meu nome é Yago, tenho 15 anos e cheguei aqui de busão. Brincadeira, minha mãe me jogou na rua quando eu tinha 9 anos”. Não é escolha deles se tornarem moradores de rua, acabam caindo nesse mundo,

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por fatores inimagináveis. Ninguém nunca sonha ser um morador de rua, porque até então são pessoas normais que apenas estão na rua pedindo dinheiro para comer, beber, tomar banho, comprar uma roupa e até mesmo para ajudar a sair da rua. Somos uma sociedade preconceituosa, não sabemos olhar o “outro” como “próximo”, “ Nossa geração fala muito e faz pouco, não adianta reclamar de tudo achando que irá mudar”, critica André. “Não temos uma capacidade especial, já que conversamos com os moradores, todos tem essa capacidade, a questão é forca de vontade e tratar eles como pessoas, o que são realmente”, finaliza André. Visam o dia que o SpInvisível não seja mais necessário, que o ser humano tenho se tornado mais humano. “O SpInvisível, é um começo ainda, temos muito o que fazer”, disse André. Esses dois garotos começaram algo que mudaram a vida deles e das pessoas com que eles convivem frequentemente. Seus familiares, amigos, colegas de turma, professores, viram neles uma mudança que está apenas começando. Mas, principalmente, mudaram o dia daqueles que são vistos de cima para baixo, que são considerados miseráveis, que não tem opiniões, que são o invisível dessa sociedade fechada e desigual.

Ricardo com um Louva-Deus.


Mostra e exposição retomam o auge da produção cinematográfica nacional Com investimento do Ministério da Cultura, “Retrospectiva Cinema Novo” é um acervo raro sobre a composição do cinema realizado no Brasil na década de 1960 Texto: Marcelo L Rossi Foto: Marcelo L Rossi

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roduzida por iniciativa governamental, evento sobre produção cinematográfica retoma a realização do “Cinema Novo” aos dias de hoje. Com o apoio da Cinemateca Brasileira, o acervo compõe mostra e exposição sobre um dos períodos mais respeitados internacionalmente na reprodução do cinema mundial, colocando em debate divergentes estilos na confecção dos filmes produzidos há 55 anos e os exibidos hoje, em 2015. O “Cinema Novo” é um movimento cinematográfico brasileiro, inspirado, principalmente, no “Neorrealismo italiano” e na “Nouvelle Vague francesa”, cuja repercussão fora bem aceita mundialmente. Tal manifestação cultural surgiu por iniciativa de um grupo de jovens intelectuais desanimados com a falência das companhias cinematográficas paulistas. Em 1952, o I Congresso Paulista de Cinema Brasileiro e o I Congresso Nacional do Cinema Brasileiro reivindicaram uma produção mais realista, com mais conteúdo e com menor custo. Dessa maneira, com respaldo de cineastas do Rio de Janeiro e da Bahia, o movimento planejou novos ideais ao cinema brasileiro. Ideais esses que seriam desvinculados das grandes produções comerciais da indústria hollywoodiana, contrários aos filmes produzidos pela Vera Cruz, e avessos às alienações culturais que as chanchadas proporcionavam. As produções eram direcionadas à realidade brasileira e a uma linguagem adequada a então situação social daquela época. As temáticas abordadas estariam ligadas ao subdesenvolvimento pelo qual o país convivia. O Cinema era produzido com “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, segundo o cineasta baiano Glauber Rocha, um dos expoentes do movimento. A mostra está inserida em um projeto que compõe a exibição de 53 filmes (35 longas-metragens e 18 curtas-metragens), além de uma ex-

Manuscrios de Glauber Rocha para o filme “Deus e o Diabo na Tera do Sol”. posição com diversos materiais referentes à produção destes filmes, como roteiros originais e storyboards. Cartas, reportagens de jornais nacionais e estrangeiros, certificados de censura, cartazes e fotografias dão a real noção da repercussão do movimento no Brasil e no exterior. Segundo o site da mostra, “é com orgulho que a Cinemateca Brasileira organiza esta exposição e retrospectiva sobre um movimento cultural original, audacioso e fundamental em nossa história.” Ao ser questionado sobre a divulgação de tais obras na imprensa, se o cinema ainda tem espaço no ambiente cultural ou se este é substituído por outros interesses, Silvio Dezidério, 48 anos, produtor de eventos, afirma que “o mais importante não é pensar o cinema versus os outros interesses, ou o cinema com a imprensa ou sem a imprensa [...] Um termômetro interessante para entender é a partir do próprio público frequentador. Se você olhar para a mostra, quem está fazendo, quem está patrocinando, quem está apoiando, já é um a pista. O próprio espaço é outra pista para entender melhor, a quantidade de pessoas por sessão. Não é um espaço que você vai ver lotado em uma mostra como essa. Então, quem vem, sal-

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vo uma ou outra exceção, é o pessoal que tem mesmo interesse ou alguma curiosidade.” Procurado para conceder uma entrevista sobre a mostra e exposição “Retrospectiva Cinema Novo”, um dos curadores do evento, Sérgio Alpendre, não retornou o contato por e-mail. Sobre a localização da Cinemateca Brasileira, Dezidério afirma que o espaço físico é acessível e o acesso à Cinemateca torna-se fácil, considerando que o frequentador está a dez minutos a pé do portão principal do Parque do Ibirapuera e a 15 minutos do metrô Vila Mariana. A “Retrospectiva Cinema Novo” estará em cartaz na Cinemateca Brasileira, no Largo Senador Raul Cardoso, 207, na Vila Mariana, entre os dias 29 de abril a 07 de junho de 2015, de domingo a sábado, das 9h às 17h, com entrada gratuita. O telefone para contato é (0xx11) 35126111 e o website para mais informações é http://www.cinemateca.gov. br. A reportagem tentou contato com Juca Ferreira, atual ministro da Cultura, um dos representantes do MinC (Ministério da Cultura), da Explanada dos Ministérios, mas, até o final desta edição, não houve respostas.


Adoção: um mundo de múltiplas escolhas Adotar um animal pode parecer uma escolha fácil e simples,porém, há um mundo de infinitas possibilidades nesse meio Texto: Marcos Gabriel Foto: Marcos Gabriel

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maioria das pessoas que almejam adotar um bichinho de estimação, buscam logo a preferência nos ‘’peludos ‘’ de quatro patas, instantaneamente, nos cães. Assim sendo, os cachorros são sempre os animais mais cobiçados e em grande parte, com muito mais vantagens de se conseguir um lar mesmo com várias dificuldades englobando todo o processo de adoção. Mas quem foi que disse que apenas eles tem a grande chance de serem escolhidos para usufruir de um grande lar com muito afeto e carinho? O instituto de adoção Associação Natureza em Forma, localizado no centro de São Paulo propõe não só a adoção de cães, mas como também de variados tipos de animais. Muitos deles fixam no estereotipo nada comum, já que o Centro de Adoção opta pela escolha de chinchilas, coelhos, hamsters, galos e até pombos. Além dessa mistura, gatos também são bem vindos para conseguir um lar. O objetivo principal da instituição é reunir diversos tipos de animais, resgatados principalmente nas ruas da capital, para uma finalidade óbvia de conseguirem alguém. Ralf William, 18 anos, funcionário do Centro de Adoção , afirma que alguns dos bichinhos não estão ali exclusivamente para isso, como por exemplo os pombos, que são resgatados principalmente para o processo de recuperação e por fim, serem soltos novamente. Ele também afirma que depois dos cães, a preferência é dos gatos. ‘’Muitos deles são levados durante os dias da semana. As pessoas se encantam com os gatinhos, e quase ninguém repara nos outros bichos ‘’ afirma o estudante e funcionário. Muitas das vezes, chinchilas e coelhos passam despercebidos, mas, em alguns casos, chamam muito a atenção de quem é admirador de bichos. Beatriz Almeida, 24 anos, arquiteta e cliente do Centro, confirma a adoção feita por ela há um ano atrás, onde

Chinchila, no centro de adoção, aguarda novos donos. levou um coelho de aproximadamente três anos de idade e pensa, hoje, em adotar uma chinchila. Ela ainda mostra seu interesse em animais diferenciados levando em consideração a confiança que tem no Centro. ‘’ A Associação Natureza em Forma é um dos poucos lugares onde vejo essa multidão de bichinhos sendo cuidados com maior atenção e carinho. Eu, como adoro bichos de todo tipo, conheci o Centro pela internet em interesse de adotar um hamster, e sendo assim, conheci outros tipos de bichos que podem ser levados pra casa. ‘’ afirma a arquiteta. Ela ainda complementa mostrando que adotar outros animais ‘’fora do comum ‘’ obtêm de benefícios pra ela e para o seu lar. Concluí também que seus cães e gatos adoram seu coelhinho, e que logo, também adorarão sua nova chinchila. Por um outro ângulo, há quem não acredite que alguém possa querer adotar algo que seja exótico e diferenciado. Mariana Brunca, 23 anos, estudante de Direito, cliente e colaboradora da instituição, afirma que nunca viu alguém querer levar pra casa algo que não seja comum. Ela ainda afir-

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ma que não consegue imaginar sua casa repleta de coelhos se misturando com seus pequenos cãezinhos adotados. A estudante ressalta que não se mostra contra a boa vontade de quem ainda assim sente vontade de levar um porquinho da índia pra casa, por exemplo, mesmo sabendo dos riscos e dificuldades que podem ser exaladas, mas sim, uma admiração por quem corre o risco. ‘’ Há gente louca pra tudo no mundo. Uns querem o mais básico, enquanto outros querem o que é mais difícil de se entender, compreender e ver ‘’ concluí ela. Rapidamente, o universo de adoção se torna um local amplo e cheio de curvas e possibilidades. Mesmo que várias vezes as pessoas procurem algo que seja o ‘’ideal e comum’’, outras partem pra parte de se identificar mais com a parte diferenciada desse universo. Ralf ainda concluí que fica surpreso ao ver alguém mostrando interesse em bichos que não sejam os famosos companheiros de quatro patas. Ele ainda fixa a ideia de que há mil e um tipo de animais precisando de lar e carinho, para que não tenham em um final brusco e sem cor.


Ação rápida impediu que incêndio em Santos fosse ainda maior Um incêndio atingiu tanques de combustível de uma empresa no bairro Alemoa, em Santos, no litoral de São Paulo Texto: Vanessa Bayczar Foto: Diego Lameiro

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incêndio que atingiu tanques de combustível no terminal da Ultracargo, na Alemoa Industrial, na quinta-feira (2), começou por volta das 10h da manha. Durante todo o dia, várias cidades da Baixada Santista podiam observar uma enorme coluna de fumaça preta que se espalhava pelo ar. A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) passou a monitorar a qualidade do ar, e informou que não foram registrados riscos a saúde da população. A Prefeitura de Santos forneceu todo o apoio e suporte necessário para auxiliar no trabalho do Corpo de Bombeiros no combate as chamas. Viaturas da Defesa Civil e Guarda Municipal e funcionários foram enviados imediatamente ao local, sendo 12 viaturas e 20 agentes de transito auxiliando motoristas e também carros de serviço dispostos ali no local. Foi disponibilizado pelo samu especialistas em trabalho de 24h, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e condutores socorristas. Foram realizados vários atendimentos pelas devidas causas, hipertensão, ferimentos, intoxicação por inalação de gases, entre outros. Tiveram uma cautela para fornecer informações para a população a respeito dos desdobramentos do incêndio ocorrido naquela manha, tendo como canais oficiais, Facebook e Twitter. Ainda assim a emissora loca l noticiou ao vivo todas as informações novas e de interesse da população. ''Quando ouvi sobre os tanques que estavam pegando fogo, a principio não achei que fosse de tal relevância, mas começou a sair noticias em todos os horários da emissora local. E era possível avistar umas manchas pretas no céu, só ai eu percebi o tamanho do incidente. Foi uma preocupação muito grande, devido ao fato dos tanques estarem próximos a estrada.'' conta Jorge Emmerich de Souza, 63, aposentado.

Pela manha de Sábado (4) ,o Prefeito da cidade de Santos, Paulo Alexandre Barbosa retornou ao local, no bairro Alemoa para acompanhar os trabalhos, ele diz que o município está utilizando todos os recursos possíveis para combater o fogo, e que está preparado para receber qualquer emergência. O acesso ao Porto de Santos foi bloqueado no dia 06/04 pela Agencia de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) e Ecovias, após uma reunião da prefeitura e dos governos estadual e federal.Visando não apenas a segurança, mas também para evitar um tumulto na entrada da cidade. ''Nossa preocupação é preservar o direito e mobilidade do santista'', afirmou o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa. Houve uma regulação de vagas no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Santos, para a solicitação de leitos extras de emergência visando atender um número de vítimas relacionadas ao incidente. Com tamanha proporção do ocorrido e dos riscos de explosões, colocando assim bairros nas imediações do evento em grande risco, surgiu a hipótese de acontecer uma possível evacuação das áreas mais próximas.

Porem a Defesa Civil Estadual logo descartou essa possibilidade, os produtos químicos perigosos que poderiam causar danos às pessoas foram retirados rapidamente do local. Segundo o coordenador do órgão e chefe da Casa Militar, José Roberto Rodrigues Oliveira ''Foram isolados em outros tanques, uma distancia de 1 km''. Ele ainda afirma '' Sempre que há uma necessidade, todos os órgãos técnicos são acionados, as esferas municipal, estadual e federal se reúnem em um gabinete de integração. E as ações são coordenadas. Tudo é planejado e inclusive fazemos simulados a cada dois anos, com ou sem a população''. Explicando ainda que a Defesa Civil trabalha com planos de emergência e de contingência, que preveem todas medidas para casos como esse. Na sexta-feira (10) por volta das 10 horas da manha, depois de 9 dias de incêndio continuo na empresa Ultracargo, foi decretado o término do acontecido. Abrindo assim um processo de investigação para uma verificação mais aprofundada da causa que deu procedência para o incêndio. Investigação essa que já teve inicio e ainda está com a ocorrência em andamento.

Tanques de ciombustivel em chamas na empresa Ultracargo

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“O povo não escolhe livremente seus governantes” Em um momento de instabilidade, discussões quanto a novas formas de governo ganham força no cenário político Texto: Victor Irajá e Marina Milhomem Foto: Victor Irajá

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ivenciamos no Brasil uma grave crise política, motivada principalmente por escândalos de corrupção no Governo e uma economia estagnada. São recorrentes as discussões quanto a reformas políticas e, apesar de desconhecida, permanece viva a ideologia monarquista. Dom Bertrand Maria José Pio

REFORMA POLÍTICA “O governo quer estabelecer o conselho popular, os sovietes, neutralizando o parlamentarismo e determinando uma ditadura do proletariado. Uma reforma política proposta pelo próprio governo é inaceitável. Haveria uma reforma a ser feita, mas res-

Januário Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Orléans e Bragança e Wittelsbach, 74 anos, o segundo na linha de sucessão, caso a monarquia fosse instaurada, confia na ascensão do governo monárquico ao trono. O Príncipe Imperial do Brasil, título que ele próprio reivindica, afirma que a república não deu certo e que a estrutura é fadada ao fracasso: “O povo não escolhe livremente seus governantes, o máximo que fazemos é escolher entre duas ou três governanças que os partidos políticos apresentam, optando entre o mal maior e o menor. Não correspondem às aspirações reais do povo. Em um sistema em que não há unidade, estabilidade e continuidade, o caos impera, como no nosso, onde há alternância de poder de quatro em quatro anos, além dos políticos, a quem apenas interessa se impor um sobre o outro sob interesses dos partidos. Hoje não há democracia, não há liberdade e sim, extrema tirania do Estado. Cerca de 40% de nossos recursos, frutos de nossa liberdade e trabalho são tomados pelo Estado”. Dom Bertrand critica também o atual governo e o modelo econômico, afirmando que o Estado está inflado. O monarca defende privatizações e um Governo da União mínimo, afirmando que o governo deve moderar e coordenar a nação, não intervindo na economia.

“Temos um estado que interfere e planeja absolutamente tudo, o governo deve fazer apenas o que a nação não consegue sozinha. Quanto mais privatizações, mais desenvolvimento. O homem tem um dinamismo próprio e sente em si o chamado a realizar algo de uma certa forma. Não deve ser o Estado que determine o que ele deve fazer, ele é livre”. A situação da educação pública é mal vista pelo príncipe, afirmando que os professores são mal remunerados e desrespeitados. Acredita que as elites deveriam lecionar para formar novas elites, e que “não deveria haver possibilidade de greve de professores, o que quebra hábitos de constância e bons hábitos dos alunos.” “O ensino público demanda alto investimento e é ineficiente. Temos instituições privadas de qualidade e essas deveriam ser incentivadas pelo Estado. O governo deveria prover bolsas de estudo para quem precisa e a quem merece, para que todos tivessem educação de qualidade”. Dom Bertrand acredita, porém, que primordialmente, a responsável pela educação é a família, mas que além de política, a crise que vivemos é ética. A educação e a doutrina religiosa são as bases de qualquer sociedade, de acordo com ele, o que não ocorre hoje em nossa sociedade.

peitando os interesses reais do povo”.

IMPEACHMENT DE DILMA “A atual presidente é extremamente incompetente e acho muito difícil provarem a inocência dela em todos os escândalos. Ela foi chefe da Casa Civil, presidente do conselho da Petrobras, e é presidente da República. Fazendo parte do partido dominante, acho muito difícil ela não estar a par e não ter o mínimo de complacência com todos os escândalos. Crimes de chefes de Estado resultam no impeachment”.

BOLSA FAMÍLIA “Bolsa família, ao meu ver, é um crime. O programa vicia o cidadão em não trabalhar, que vai manter na continuidade da vida uma posição passiva. Deve haver uma política, sim, para erradicar a miséria. Mas mas não desta forma, em que o número de auxiliados só aumenta”.

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São Paulo recebe sorrisos Resultado da união do trabalho de seis artistas, “Sorriso para todos” alegra e alerta a população com sorrisos distribuídos pela cidade Texto: Victória Navarro Foto: Victória Navarro

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m meio aos concretos e prédios da grande São Paulo, a Colgate espalha pela cidade 21 instalações de sorrisos. Variados artistas instauram o projeto “Sorriso para todos”, apresentando artes visuais impulsionadas pela Lei de Incentivo à Cultura. Como um dos veículos de comunicação mais contundentes para transmitir opiniões e conceitos, as obras são também um modo de lembrar a importância de cuidar bem da saúde bucal. Pode-se ver que o projeto não quer apenas levar cores para a cidade, mas também despertar o interesse pela arte e ao mesmo tempo estimular um momento de alegria. “Na Colgate acreditamos no poder do sorriso para transformar positivamente a vida das pessoas. E todos os dias cuidamos de sorrisos ao redor do mundo. Através deste projeto cultural, repleto de intervenções artísticas, queremos espalhar através da arte e da cultura, mais sorrisos e motivos para sorrir pelas ruas de São Paulo”, diz Thiago Ramos, gerente de marketing da Colgate. Para a realização do evento, seis artistas foram convidados para usarem suas habilidades e transformarem alguns bairros paulistanos em galerias abertas ao público. Os grafiteiros Binho Ribeiro e Flip são exemplos. Binho, um dos pioneiros do street art no Brasil e toda América Latina desde 1984, desenvolve um apelo singular de expressão. Ele busca colocar vida em sua criação e já desenhou embalagens da Nescau e campanhas publicitárias da Ferrari, Ford, Nike, Motorola, Guaraná Antártida e Johnnie Walker. Já Flip possui influência da cultura asiática e pinta a base de spray, transcendendo as tendências e contando a história do Graffiti brasileiro na sua arte. Seu trabalho tem se expandido para Los Angeles e Nova York. Ambos criadores trazem suas experiências e dons aos sorrisos gigantes feitos de fibra de vidro, apli-

cando suas variadas técnicas e bagagem cultural. Artista plástico, Feik, conhecido por distribuir pinturas de vermes coloridos nas ruas da metrópole, coloca suas tonalidades no projeto da Colgate. Assim como, Gabriel Nehemy que escolheu a carreira de artista para disseminar a ideia de felicidade, exatamente o que a empresa bucal deseja. Além deles, foram convidados Evol, desenhista, Galo, arquiteto e Gabriela Tonini, designer gráfica. Todos participantes ativos na cultura e que colocam no projeto a junção de talentos reconhecidos pelo mundo. “Sorriso para todos” é dividido em três fases. A primeira iniciou-se no sábado, 25 de abril, com a presença dos artistas em três diferentes pontos de São Paulo, entre eles Parque da Juventude, Parque Villa-Lobos e ONG SOS Juventude Real Parque. A população podia ver de perto a produção de todas as obras e interagir com as atrações circenses, como perna de pau, palhaços, mímicos e malabaristas. Na segunda fase, iniciada em 28 de abril, Dia Mundial do Sorriso, São Paulo foi presenteada com os 21 sorrisos divididos pelas zonas Norte, Sul, Leste e Oeste. Essa fase irá até 11 de junho. Por último, a terceira fase, en-

Sorriso na Avenida Paulista.

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tre os dias 20 de junho e 19 de julho, deixará exposto os sorrisos no Memorial da América Latina, permitindo os visitantes a ver todas as obras juntas. Em todas essas fases, a artista plástica, Renata Junqueira, é a responsável pela concepção, montagem e supervisão. Além de ser também quem executa e revisa todo o projeto de caráter público. A Colgate conseguiu chamar a atenção. “Um dia passei com meu tio na rua e comentei sobre o sorriso. Na hora fui pesquisar sobre o que se tratava”, conta Amanda Ribeiro, 18 anos e estudante de Nutrição na USP. A jovem mostra, claramente, o quanto achou interessante a ideia da empresa de disseminar a chance de encontrar algo diferente na sua rotina. Assim como, Victor Hugo, 18 anos e estudante de Engenharia Mecânica na FEI que conheceu o projeto no seu trajeto a faculdade. “Nunca virava os meus olhos para reparar nas pessoas e objetos no meu caminho, mas esse não tinha como não reparar”, diz. Ele gostou da iniciativa da Colgate. E ainda revela que graças a um desses sorrisos perto do Campo de Marte que conheceu o projeto, deixando o seu dia melhor.


A polêmica da terceirização A PLL 4330, que prevê terceirização de atividades-fim, foi aprovada pela Câmara dos Deputados e deve ser aprovada em novas instâncias Texto: Gustavo Oyadomari Foto: Gustavo Oyadomari No dia 23 de abril deste ano, a Câmara dos Deputados aprovou por 230 votos a 203 a PLL 4330, nominalmente conhecida como a Lei da Terceirização, e que foi redigida por Arthur Oliveira Maia (SD-BA). Aprovada, ela permite às empresas terceirizarem empregados de atividades-fim e reduz a arrecadação de imposto do executivo federal, já que diminui o imposto de 1,5% para 1% sobre terceirizados da área de limpeza, segurança, vigilância e conservação. A aprovação da PLL contou com amplo apoio do PMDB e PSDB. As únicas bancadas que votaram completamente contra a proposta foram as do PT e PSOL. Para o professor de geografia Sergio de Moraes Paulo, 42 anos, a lei não mexe essencialmente nos direitos trabalhistas, pois prevê garantias dadas pelas empresas prestadoras de serviço. Entretanto, faz uma ressalva: “A experiência demonstra que empresas terceirizadas pagam salários menores, desrespeitam com maior freqüência os direitos trabalhistas e são menos responsáveis com as condições de trabalho de seus funcionários”. Sergio ainda comentou que o conservadorismo e a insatisfação com o atual governo, potencializada pelos grandes veículos de informação, foram favoráveis ao projeto, pois deram força política à proposta de mudança. Diran Carlos Castro dos Santos, 35 anos, arte-educador, mostrou-se completamente contrário à nova lei. “Como funcionário terceirizado, não tenho garantia de nada e pulo de contrato temporário em contrato temporário. Por exemplo, nunca pude tirar seguro desemprego por conta do tempo dos contratos”, comenta. “Acho que a tendência agora vai ser ainda mais de uma empresa grande contratar uma prestadora de serviços sempre com contrato temporário. Ou seja, vamos continuar pulando de emprego em emprego, sem saber quando será o próximo contrato de trabalho, sem direto a férias.” Ele ainda completou dizendo que mudanças assim também

Limpadores de vidro terceirizados no Fórum de Justiça da Consolação afetam a qualidade do serviço pres- desconfiança dos trabalhadores em tado. “Quando a equipe começa a se Dilma seria quebrado e simbolizaria o entrosar, a exposição acaba”, exem- seu compromisso com eles, e ganharia plificou. apoio de setores sindicalizados e indeEntretanto, para o diretor finan- pendentes. Por outro lado, se o projeto ceiro da Construtora Cataldo, Sergio for por ela aprovado, sua popularidade Augusto Cataldo, 49 anos, a terceiri- cairia ainda mais e o descontentamenzação não seria tão ruim e não muda- to com seu governo seria representaria drasticamente o cenário atual das do também por aqueles que, em sua relações trabalhistas. Segundo ele, maioria, apoiaram Dilma. não mudaria muita coisa na empresa Em meio a tantos protestos dele, pois as atividades-meios já são realizados no país contra a aprovação terceirizadas e os direitos trabalhistas, da PLL 4330, ela ainda será votada no como o registro em carteira de traba- Senado Federal. Caso o projeto passe, lho, recolhimento de INSS, FGTS e se- voltará para a Câmara e então passará guro, por exemplo, são garantidos. A pelo STF. Só depois, caso seja aprovado principal diferença, porém, é que ele em todas as instâncias, o projeto cheganão tem o ônus da demissão dos em- rá às mãos da presidenta da Dilma que, pregados ou necessidade de realocá- torcem os trabalhadores, vetará. Diante -los em outros canteiros de obra. de tantas dificuldades para a aprovação A presidenta Dilma Rousseff já da Lei, os que são a favor dela ainda têm se manifestou contrária à aprovação um novo problema. Renan Calheiros, do projeto nas redes sociais. Para presidente do Senado, não se mostrou Sergio, por ela estar sob desconfian- muito favorável a aprovar o projeça do povo devido ao desemprego to. Mas, assim como os deputados do e à inflação, a aprovação dessa lei é PSDB, sua opinião mudar. O fato é que vista por ele como uma faca de dois as votações da PLL 4330 ainda renderão gumes. Caso ela rejeite, o discurso de muita discussão e notícias no Brasil.

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