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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE - CENTRO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS

Publicação feita pelos alunos do segundo semestre de Jornalismo - Ed 153 - Ano XII - Mai 2015

Como adotar um animal silvestre

Adotar um animal silvestre é do interesse de muitos, mas há uma dificuldade devido à existência de normas do IBAMA e a fiscalização da Polícia Militar Ambiental, página 3


Sem Medo de Errar Uma pausa no estudo para praticar o real jornalismo. Essa foi a meta dos nossos repórteres ao iniciarem a preparação do conteúdo desta edição do Acontece. Não faltou garra para correr atrás das fontes, apurar problemas sociais pela cidade e trazer a você, leitor, a informação que realmente o interessa de forma imparcial e profissional. Recheado de entretenimento, cultura e responsabilidade social, fomos do Zoológico do Parque Ibirapuera com a matéria “Os cuidados aos animais silvestres” à Broadway em uma impecável entrevista com a atriz Karin Hills, protagonista da peça “Mudança de Hábito”. Além disso, nos emocionamos com a vida de um músico de rua apaixonado pelo seu namorado

Universidade Presbiteriana Mackenzie Centro de Comunicação e Letras Diretor: Alexandre Huady Guimarães Coordenadora: Denise Paieiro

britânico, entendemos os princípios da meditação e passamos a conhecer o significado das palavras “Tecnologias Assertivas”, a tecnologia da acessibilidade, e “Parklet”, os novos espaços de convivência social instalados por toda a cidade. No fim, o que mais importou foi a experiência. A paixão pelo real jornalismo, que informa e muda as vidas das pessoas, não nos permitiu medir esforços para ir além. Como na vida aprendemos a virar a página quando necessário. Ao concluir essa edição, passamos a aprender que no jornalismo essa teoria também funciona. Um pedido de reportagem negado pode ser a oportunidade para uma fonte mais impactante. O fracasso é o início de um futuro sucesso. Apesar da

redação ser integrada inteiramente por estudantes, esta edição do Acontece impressiona pela conquista de exercer o real jornalismo e de permitir-se errar para vencer. Nada disso seria possível, porém, sem o auxílio dos professores, editores e coordenadores que, com vontade em passar seus conhecimentos e instigar o senso crítico, continuam suas intensas batalhas na nossa formação como prospectivos jornalistas. Agradecemos também a todos aqueles que colaboraram na construção das informações aqui presentes. Aos entrevistados, um imenso obrigado. Deleite-se com esta edição cuidadosamente redigida para o prazer da aquisição de novos conhecimentos e boa informação.

Editor: José Alves Trigo

Jornal-Laboratório dos alunos do segundo semestre do curso de Jornalismo do Centro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Equipe: Adriana Kim; Aline Lopes; Ana Luisa Pasin; Bárbara Araujo; Gabriel Espinase Estudino; Gabriela de Oliveira; Henrique Marani; Kelly Cruz; Kessis Sena; Laura Ribeiro; Luis Ottoni; Marcela Cristina; Maria Luiza Gimenez Sestini; Mariana Ferreira; Marina Cueva; Matheus Teles; Sérgio Henrique; Vinicius Bolaina.

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Impressão: Gráfica Mackenzie Tiragem: 200 exemplares.


Os cuidados aos animais silvestres As barreiras para a adoção dos animais silvestres Texto: Adriana Kim e Marina Cueva Foto: Marina Cueva

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ercebe-se que as repercusões sobre os animais silvestres vêm crescendo nos últimos anos. Sem muita novidade, os animais silvestres não são seres para serem criados em ambientes domésticos e, sim na fauna e flora. Apesar desse conhecimento, a divulgação e quais os animais a ser realmente encontrados é fraca. Segundo o Major PM Robis – Chefe da Divisão Operacional, “São os passeriformes (passarinhos) e no estado de São Paulo o canário-da-terra é o mais apreendido. São 30 mil animais silvestres por ano e só de canário-da-terra são 8 mil por ano.”. Para conseguir ter o acesso aos animais, é necessário ter a autorização do governo ambiental (SVMA – Secretaria do Verde e Meio Ambiente), que pode levar algum tempo para conseguir todas as autorizações exigidas para a retirada do bicho, pois as burocracias são exigidas com muita rigorosidade. Muitos animais apreendidos precisam de cuidados e ficam em um isola-

mento, até serem tratados aqueles encontrados são recolhidos pela Polícia Civil Ambiental, que faz a retirada dos animais onde estão, porém o responsável em cuidar dos animais é a Depave3- Divisão de Medicina Veterinária e Manejo da Fauna Silvestre, que se encontra dentro do Parque Ibirapuera ou do Parque Ecológico do Tietê. Cada semana entra novas espécies de animais para serem tratados e, dentro os animais ficam em seus espaços privados. Entra todo tipo de bichos, como aves, quatis, macaco prego, jabutis, gavião – pega – macaco e entre outros. Todos recebem atenção dos funcionários da área do Depave3. Segundo Ricardo, trabalhador/guia do Manejo da Fauna, “Nós recebemos vários animais a cada semana, eles ficam em tratamentos quaternários vigiados por todos nós. Já recebemos vários animais muito machucados, e só os soltamos após serem totalmente curados. Nós não ficamos com os animais depois de serem tratados, soltamos sempre para o habitat deles, a natureza.”. Há várias leis que se aplicam aos interessados em adotar um animal silvestre. “Os animais silvestres apenas são considerados legais, ou regulares, quando adquiridos de um cria-

Quati apreendido e examinado no Parque Ibirapuera

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dor devidamente registrado no órgão ambiental competente. Ao adquirir animais silvestres nesses criadouros, o interessado receberá o animal com uma marcação (anilha, tatuagem ou microchip) e uma nota fiscal vinculada ao número do animal, constante da marcação. Essa documentação é a que garante que o animal tem origem em um criadouro e que não foi caçado diretamente da natureza. Animais sem origem em criadouros e que estejam nas casas das pessoas serão sempre irregulares e não são passíveis de regularização.”. Major Robis. Para aqueles que não estão dentro dos padrões das leis, existe uma multa a ser cobrada. “É de R$ 500, podendo chegar a R$ 5 mil por espécime apreendido, caso ele esteja ameaçado de extinção.”. E o valor varia conforme a quantidade de animais encontrados “O valor anterior é por animal. Ele deve ser multiplicado pela quantidade de animais silvestres apreendidos”. Explica o policial. A professora de ensino médio Denise Delfine Campos aponta que esses animais devem viver no seu habitat natural, “Animais Silvestres não são para estar na casa de ninguém. Nem um simples passarinho tem que estar dentro de uma gaiola”. Diz a professora. A extinção dos animais vem através dos tráficos ilegais que existem na cidade, não importando o tipo do animal, os traficantes retiram os animais de seus habitat para vender na beira de estradas, conseguindo dinheiro. A maioria dos animais já está extintos e, com esse tráfico o número vai diminuindo cada vez mais e nem sempre os animais voltam à natureza. Para acabar com isso, foi criado a PEA (Projeto Esperança Animal), que tem como um objetivo de orientar a criação dos animais e denunciar os maus tratos, “Maus Tratos aos animais é um crime previsto no art. 32 da Lei de Crimes Ambientais e podem ser cometidos não apenas com animais silvestres, mas também domésticos domesticados e exóticos. Qualquer cidadão pode denunciar à Polícia Militar Ambiental a ocorrência desse crime”. Esclarece o policial.


Meditação, um bem que ganha cada vez mais adeptos Métodos para uma melhoria de vida Texto: Marcela Cristina e Mariana Ferreira Foto: Marcela Cristina

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meditação é uma prática que teve origem há muitos anos, porém não é possível afirmar ao certo quando foi seu início, uns dizem que começou na antiguidade antes de Cristo, outros são convictos, que foi bem depois. Uma coisa é certa, cada vez mais pessoas estão praticando. Com origem no latim, meditação significa “voltar a atenção para dentro de si”, ou seja, a prática consiste em se desligar do mundo exterior e se concentrar no próprio interior. Pensar só em coisas boas ou mantras, são formas de realizar tal atividade, sempre com auxílio, no início, de um mestre, monge ou outro profissional, conforme o tipo de meditação que se realiza. Obtendo mais sucesso principalmente no Oriente, onde a prática era muito comum entre os budistas, e da maioria da população, a meditação possuía muitos adeptos. Nos países orientais, os monges e os praticantes frequentavam templos para realizar tal prática. Com o passar dos anos, a técnica da meditação começou a se propagar para outros continentes, chegando a quase todos os países e atingindo outras religiões além do budismo. Nos tempos de hoje, não se pratica apenas em templos, como era antes, muitos a fazem também em casa sozinhos ou se reúnem para realizar como em centros, até em parques pode-se encontrar grupos de pessoas meditando. Outros tipos de meditação surgiram a partir de então, como a Zazen que é basicamente estar em um local quieto e com pouca luz, sentar-se ereto e não pensar em nada entre 20 e 40 minutos, entrando em estado de relaxamento; também a Cristã, em que o praticante se concentra em um pensamento específico e reflete sobre seu significado no contexto do amor de Deus. Mas a que possui um grande número de seguidores é a Transcendental, um processo simples que não exige esforço algum, a pessoa se

Monja Kelsang Mudita ao lado do retrato de seu mestre senta, com os olhos fechados, concentra-se em nada, não pense em nada, praticada duas vezes por dia pode ser um grande alívio para o stress. Esta última tem inúmeros seguidores pois não é vinculada a nenhuma religião. Para o padre Antony, “a meditação cristã tem como intuito o encontro do fiel com Deus, por meio da palavra escrita pela Bíblia e pela oração, Como em uma celebração eucarística”. Ele também diz que “durante a meditação a pessoa precisa ter um coração puro e a mente tranquila, para assim encontrar a serenidade e a calma que são necessárias para sentir os benefícios e a paz trazidos pela meditação”. De acordo com a monja budista Kelsang Mudita, adepta da técnica Kadampa, os benefícios mentais trazidos pela meditação budista são vários, “A técnica da meditação Kadampa está em geral associada aos ensinamentos de Buda. Ele nos ensina a observar e controlar a mente, para que através de seus ensinamentos possamos eliminar mentes negativas como raiva, orgulho, avareza, e cultivar mentes positivas como amor, paciência, generosidade, etc. Deste modo, todas as nossas ações diárias passam

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a ser comandadas por mentes virtuosas. Repleta de virtude, nossa mente se estabiliza e toda felicidade surge”. Tanto o budismo quanto a cristã, respeitam os outros tipos de meditação, mas acreditam que para encontrar a paz e os bons pensamentos, é preciso, acima de tudo, ter fé. Estudos mais recentes realizados em universidades dos EUA mostraram que além de acalmar e melhorar a qualidade de vida, a meditação traz outros benefícios para a saúde de quem a pratica. Ela aumenta o sistema imunológico, reduz dores de cabeça o risco de doenças cardíacas, tem efeito anti-inflamatório. E afeta também nosso cérebro, ajuda na recuperação da memória, além de acelerar a capacidade de processamento. Além disso auxilia em estudos na neurociência. Porém vale lembrar que, no início, é necessário um profissional que o auxilie e ensine as técnicas para cada tipo de meditação, muitos templos e casas de meditação oferecem palestras para os iniciantes. Depois de adquirir os conhecimentos básicos, é possível que o iniciante medite sozinho e comece a sentir os benefícios que a meditação trará!


Paulista: liberdade musical A arte que influencia no cotidiano da cidade Texto: Kessis Sena e Laura Ribeiro Foto: Laura Ribeiro

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movimentação de São Paulo nos leva ao limite da paciência. O trânsito, o barulho, a correria... As ruas e avenidas movimentadas podem ser barulhentas, mas alguns sons se destacam por sua perfeita melodia que traz emoção ou até mesmo certo alívio no fim do dia. A música de rua não é só um jeito de ganhar dinheiro, mas sim de expor de forma livre e espontânea uma arte. Passando pela cidade encontra-se de tudo. Pouco a pouco, a cada esquina ou avenida, é possível escutar um som que se destaca. O artista de rua exerce um importante papel na cultura da cidade, não só influencia o humor, mas o próprio país com um papel democratizador da música. Em busca dos ritmos de rua em um domingo à tarde encontramos o britânico Fred White, um professor de Inglês que reside no Brasil há apenas um ano e fez da Avenida Paulista sua casa. Fred compôs a plateia de Jorge Dersu, um dos artistas de rua que falaremos adiante. Fred nos contou como a música brasileira teve um papel importante na sua vida pessoal e como o motivou a escolher o nosso país como seu novo lar. O londrino está completamente apaixonado por seu companheiro e estão juntos há quase um ano. Fred disse que quando estão com saudades devido à distância de São Paulo a Brighton, escutam uma música de Ivete Sangalo com Caetano Veloso e Gilberto Gil chamada ‘’Tá Combinado’’. Fred aprendeu bastante sobre o Brasil em Londres e, depois de começar sua jornada por vários países ensinando inglês, decidiu acomodar-se no País conhecido por sua diversidade cultural e hospitalidade. Fred faz um pedido e é atendido por Dersu, que toca a música de Caetano enquanto Fred, emocionado, grava em seu celular para enviar ao seu companheiro.

Dersu apresentando-se em frente ao Conjunto Nacional, na Av. Paulista Jorge Dersu, natural de Cam- felicidade, esperança e fé para o copinas, quando se apresentava como tidiano das pessoas apressadas que Jorge Matheus, venceu o Primeiro passam por ali. Festival Feira da Vila, em 1980, ocorNa mesma calçada do Conjunto rido na Vila Madalena. O registro da Nacional, onde estava Dersu, enmúsica vencedora, “Tem Maria”, está contramos outro músico. Este, baiano disco gravado ao vivo com os ar- no, mora em São Paulo há cinco tistas que participaram do evento. anos. Seu instrumento é o clarineDentre eles estão Itamar Assump- te de onde executa grandes choros ção, que ficou em terceiro lugar, brasileiros. Para Gilton Franz, que além de Arnaldo Antunes e Pau- também aprendeu o oficio por interlo Miklos, que viriam a integrar a médio de seu pai, a música tocada banda Titãs. Ele ainda fez parte de ali, a seu modo, vai além da técnica: uma banda com Itamar Assumpção, é uma brincadeira ao ar livre. Além chamada Iscas de Polícia. Dersu re- disso, diz que ela alegra as pessoas lembra o festival mencionando que que por ali passam: “Elas passam o início de sua carreira já foi nas aqui correndo, ouvem, saem sorrinruas, durante o memorável festival do, alegres. A música tem o poder de de grande importância para a cena transformar”, disse. Franz formouvanguardista musical paulistana. -se em música e pretende lecionar Para ele, ser artista de rua é ter li- nos próximos anos. berdade para expressar diretamente A Secretaria Municipal de Cultuaquilo que você tem pra oferecer. ra conta hoje com um guia ilustrado Hoje com 58 anos, Dersu aprendeu sobre a legislação para os artistas música com seu pai, Nenê do Cava- de rua. A lei municipal 15.776 reguquinho, compositor e instrumentis- lamenta e legaliza a apresentação ta, e fez sua primeira música aos 13 dos artistas nas ruas, ressaltando anos de idade: “Sempre que eu es- os seus direitos e deveres, postura tou aqui eu recebo elogios e algumas diferente da gestão de Kassab, que moedas”, diz em tom de brincadeira expulsou os artistas colocando-os na quando questionado sobre o respal- criminalidade pela ação da Polícia Mido do público. Jorge Dersu integra litar. Essa regulamentação é imporo programa Máquina da Fama, do tante para a preservação da arte das SBT, interpretando Gilberto Gil. ruas na cidade de São Paulo, um de Para ele a música traz alegria, amor, nossos encantos culturais.

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Espaços de convivências são instalados em São Paulo Conhecidas como parklets, as instalações inovadoras na megalópole promovem sustentabilidade Texto: Ana Luisa Pasin e Bárbara Araujo Foto: Ana Luísa Pasin

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o andar por São Paulo já é possível notar uma nova tentativa de urbanização na cidade, são as pequenas praças urbanas, chamadas de parklets. Trazida para o Brasil pelo Instituto Mobilidade Verde - ONG sem fins lucrativos que trabalha com a Mobilidade Urbana e desenvolvimento social, a ideia desses espaços é oriunda de São Francisco, Califórnia, nos Estados Unidos, no ano de 2004. Aqui no Brasil, a inovação chegou em abril de 2014 com sua primeira unidade implantada na região da Av. Paulista, substituindo duas vagas de carro. A ideia partiu do Instituto Mobilidade Verde em parceria com o Design Ok e foi regulamentada pelo prefeito Fernando Haddad. Até o momento, os cidadãos paulistanos já podem usufruir de oito parklets instalados na cidade, com patrocínios de lojistas e empresas da região de implantação. Segundo Max Vieira, metre do bar e restaurante The Joy, situado da Rua Maria Antônia, 330, o tempo de duração entre o desenvolvimento do projeto e a implantação do parklet durou cerca de um mês e rendeu inúmeras críticas positivas dos moradores da região e dos frequentadores do restaurante. Além disso, o metre afirma que houve melhoria na frequência: “aumentou um pouco, até por que é público, o pessoal vem, senta, lê um livro, e acaba consumindo alguma coisa, tomando um chopp...”. Se para os lojistas e empresas a idealização trouxe boas realizações, para os frequentadores não poderia ser melhor. Segundo Fernanda Lima, 19, estudante de Publicidade e Propaganda, a ideia é “bem legal” e “bem diferente”. “Da para as pessoas saírem do escritório, virem para cá e conversar.”. A estudante também elogia a condição pública do local: “É um lugar que você não precisa ficar exclusivamente dentro do bar, você pode ficar na rua e ao mesmo tempo conversar”.

Parklets na rua Maria Antônia De acordo com o site oficial da prefeitura, para a instalação de um parklet, a proposta deverá atender às normas técnicas de acessibilidade, diretrizes estabelecidas pela Companhia de Engenharia e Tráfego – CET e pela Comissão de Proteção à Paisagem Urbana – CPPU. Além disso, se a instalação for feita por pessoas físicas ou jurídicas, a solicitação deverá ser feita à Subprefeitura competente, junto a um termo de compromisso de instalação, manutenção e remoção do parklet. Sendo assim, o parklet pode ser feito em áreas residenciais ou comerciais (sendo as comerciais as mais comuns, até por contribuir na atividade econômica do local). O decreto Nº 55.045, aprovado em 16 de abril de 2014 pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, corresponde à instalação e ao uso de extensão temporária de passeio público, denominada “parklet”. O decreto anuncia alguns aspectos que precisam ser seguidos no projeto, dentre eles: o procedimento (que divulga o alinhamento preciso que a calçada deve ter, entre outras normas), as disposições gerais, as obrigações do mantenedor e as disposições finais. Ainda nas disposições gerais, os parklets são to-

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talmente acessíveis ao publico e, em hipótese alguma, seu mantedor deve fazer uso exclusivo do ambiente. No Brasil, a cidade de São Paulo ainda é a única que possui tal projeto que beneficia a convivência urbana, sendo que 18 ainda aguardam aprovação da subprefeitura. Localizado nos bairros Vila Buarque, Itaim Bibi, Vila Mariana, Jardins, Paraiso, entre outros, o custo fica entre R$25 mil e R$40 mil. O usuário pode desfrutar do ambiente de inúmeras formas, como o estacionamento de bicicletas, bancos, mesas, áreas arborizadas, cinzeiro, e alguns até possuem utilidades exclusivas, como foodtruckers, academia e música ao vivo. Além de promover o espaço ao redor, o design é sempre inovador e varia de instalação para instalação. Portanto, promover o espaço urbano com inovações sustentáveis vem sendo para os habitantes de São Paulo um grande diferencial, pois muito deles estão preferindo sair ao ar livre do que ficar em casa. Muitos, principalmente das regiões centrais, elogiam e aproveitam os projetos de melhoria, onde não havia local para descanso e convívio, até mesmo nos intervalos de almoço.


O caminho para o sossego O futuro do Elevado Costa e Silva será um parque municipal Texto: Gabriel Espinase Estudino Foto: Gabriel Espinase Estudino

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onsiderada uma obra feia, mas útil, o Elevado Costa e Silva há 44 anos marca a cidade de São Paulo com o transito, barulho e poluição. Com a extensão de 2,8 km e em torno de 10 mil carros passam por dia, abrangendo os bairros da Consolação, República, Vila Buarque, Santa Cecília, Barra Funda e Perdizes. Mas durante a semana das 21h30 as 6h30 e aos domingos e feriados, é diferente. Os carros dão lugar a pessoas caminhando, bicicleta, skate, patins. Praticamente já é um parque linear na via. A Câmara Municipal de São Paulo aprovou o projeto de lei, em 26 de novembro de 2014 , a transformação do minhocão em parque. Ela prevê que a restrição de carros no minhocão seja estendida gradualmente ao longo de 10 anos, em 3 meses trânsito proibido aos sábados, em 9 meses fechado para veículos nas férias escolares, em 2 anos trafego liberado apenas das 7h ás 20h, em dias úteis, em 3 anos trânsito somente permitido do bairro ao centro pela manhã, e do centro ao bairro à noite, em idem anos instalação definitiva do Parque Municipal do Minhocão, prazo final para implantação do projeto. A Associação Amigos do Parque Mihocão é uma Instituição sem fins lucrativos e apartidária que tem como objetivo implantar um parque municipal linear, para pedestres e ciclistas, no Elevado Costa e Silva, esse conceito não é novo, foi idealizado na década de 80 pelo arquiteto paulista Pitanga do Amparo. “O nosso negocio é simplesmente fazer uma pressão, pra que no lugar de demolir, que vai custar uma fortuna e vai ter uma quantidade de entulho absurda, fora o incômodo. O malefício você vai tirar uma área de lazer que está pronta e já é usada.” Assim, conforme Athos, fundador da Associação. Segundo ele, aos domingos o local já serve como parque e proibição do trânsito aos sábados será “o primeiro

Um parque pode ser uma saída para o Elevado Costa e Silva e grande passo” para oficialização. A associação é formado por moradores de vários bairros tem organizado atos em favor do Parque Mnhocão, que já tem mais de 6 mil assinaturas de moradores. Mas o planejamento não é algo que a Associação ira fazer, e cabe à prefeitura projetar o parque, “A gente não tem projeto e nem vamos ter, nos como associação não temos. Depende da prefeitura, tem que ver o tipo de parque que a população vai querer e que verba terá disponível” explica Athos. Mas a pergunta que fica é: pra onde vão os carros que passam pelo minhocão? Isso também cabe à prefeitura, em 2010, a um custo de R$ 1.75 bilhão, foram inauguradas novas faixas, nos dois sentidos da Marginal Tietê, via expressa paralela ao Elevado, essa é uma das alternativas, as pessoas também podem ter acesso á região pelas estações Marechal Deodoro e Santa Cecília, deixando os carros em casa e utilizando o transporte publico, uma forma sustentável

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e econômica. Taxista com ponto há 10 anos na consolação, João Pedro Neves é contra o parque, e acha que deveria continuar com o elevado. “Ter mais um parque na cidade é algo bom, mas em cima de um dos maiores acessos ao centro de São Paulo não acho que seria uma boa. Acho que deveria continuar assim. Nosso transito já é um caos, grande parte da população trabalha nessa região.” Explica. Enquanto a cidade não decide o que fazer com seu elevado mais famoso, os moradores e cidadãos ocupam sempre que têm chance, especialmente aos domingos e feriados. Cada vez mais organizam diversas atividades que mudam a cara da via que tanto As pessoas que são a favor do parque minhocão só querem utilizar a área que já é utilizada, mas com segurança e com arborização e um planejamento adequado, para uma melhoria de vida para os moradores dos prédios em torno, e uma melhoria para a cidade, um lugar que gera poluição ira gerar ar puro.


O ápice das tecnologias assertivas Softwares e aplicativos vêm se tornando auxiliares da inclusão social, permitindo autonômia e quebra de paradigmas Texto: Gabriela de Oliveira e Luis Ottoni Foto: Luis Ottoni

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ancos se tornaram aplicativos, compras são realizadas on-line e graduações podem ser concluídas a distância. O avanço da tecnologia adjunto à popularização da internet no séc. XXI revolucionou a maneira da interação pessoal com o mundo. A “Tecnologia Assertiva”, recursos ou serviços que contribuem para a inclusão de pessoas portadoras de deficiências, incapacidades ou mobilidade reduzida, é um dos benefícios desse avanço. Aplicativos para celulares passaram a fazer o papel de tradutores da língua de sinais, enquanto computadores e websites passaram a ter estruturas inclusivas com recursos auditivos que traduzem em fala tudo que se passa na tela. Uma revolução com o viés de inclusão social, a tecnologia assertiva tem mudado a vida de pessoas portadoras de alguma deficiência e daquelas ao seu redor, possibilitando mais autonomia e inclusão. Marcos Antônio Garlhado, professor e coordenador do Instituto Seli, que oferece cursos do ensino fundamental à pós-graduação através da língua de LIBRAS, explica que a tec-

nologia desempenha um papel fundamental no aprendizado à partir da imagem. “Todos nossos professores são fluente em LIBRAS. Porém, as tecnologias auxiliam na comunicação entre alunos e professores,” disse. Marcos pontua que as tecnologias ainda são muito limitadas. “Temos falta de recursos que facilitam a aprendizagem do aluno. Necesitamos mais de que dicionários digitais,” assegura. Professora de qúimica e física do instituto Seli, Carla Araujo, afirma que a tecnologia em sala de aula é muito importante. “É uma oportunidade de acesso e inclusão,” declara. Pouco valorizadas no Brasil, a tecnologia assertiva, é reconhecida pelo mundo. O “HandTalk”, aplicativo gratuito que permite a tradução de conteúdos em formato de texto e audio para LIBRAS, Língua Brasileira de Sinais, foi criado por três pesquisadores alagoanos. O aplicativo facilita a vida de pessoas deficientes auditivas pois permite a comunicação recíproca, como qualquer outro tradutor de línguas, através de um avatar denominado “Hugo”. Em 2013, Handtalk foi escolhido entre 15 mil concorrentes pela ONU (Organização das Nações Unidas), como o melhor aplicativo de inclusão social do mundo.

Coordenador do instituto Seli, Marcos Antônio Garlhado

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“Um dos maiores problemas é a falta de material didático em libras e o despreparo de profissionais em sala de aula”, pontua Rafael Dias, professor e pesquisador de LIBRAS, formado pela Universidade Estadual de São Paulo, com pós-graduação em educação inclusiva com ênfase em deficiência auditiva. “ Muitos alunos têm interesse no ensino superior, mas não têm informação. Os recursos se limitam a textos e os surdos são muito imagéticos,” pontua Rafael, que, hoje, elabora materiais didáticos bilíngues (Português/Libras) para a área de ciências naturais. Ele atesta que a tecnologia auxilia em sala de aula, mas ainda não substitui a capacitação de profissionais. “Já utilizei aplicativos como HandTalk e ProDeaf. Esses aplicativos ajudam não só aos ouvintes, mas àqueles que estão aprendendo libras. Ainda existe, porém, o desafio de colocar em um software uma língua inteira,” ressalta. O engenheiro Daniel dos Santos Ferreira, 32, é deficiente físico e trabalhou na sede da Microsoft no Brasil por mais de seis anos. Ele relata que, ao entrar na empresa, não teve contato com tecnologias assertivas. Em iniciativa conjunta a um colega da empresa, também cadeirante, eles criaram um grupo de discussão sobre a acessibilidade nos produtos da marca. “A Microsoft não tocava muito no assunto acessibilidade. Nos unimos com especialistas técnicos de alguns produtos para discutir as funcionalidades que ajudavam na acessibilidade,” disse. Daniel saiu empresa e não obteve mais informações sobre os projetos. Ainda pouco valorizadas no Brasil, o aumento das tecnologias assertivas é necessário para uma vida inclusiva aos deficientes e seus familiares. A pouca veiculação e a falta de medidas públicas direcionadas para essa área, criam uma barreira de invisibilidade que encobre pessoas e as excluem do convívio social. O avanço da tecnologia vem qubrando essa barreira em busca de soluções que mudam a perspectiva de vida de milhares de pessoas.


Crescimento de criminalidade em SP As ocorrências chegam a 5 500 por delegacia, sem contar os boletins online, os quais ultrapassam 100 000 por ano Texto: Matheus Teles e Sérgio Henrique Foto: Sérgio Henrique

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endo em vista janeiro de 2014 e 2015, a queda foi significativa, chegando a 11,5%, segundo a Assessoria de Imprensa e Comunicação da Secretaria da Segurança Pública, mas os bairros periféricos mantiverem um alto índice de criminalidade. O bairro do Jardim Miriam, localizado na região Sul da cidade de São Paulo, tem o maior número de roubos e furtos, com uma média de 400 casos por mês. Só no ano de 2015, o número de boletins de ocorrência já chega a 2 500. Segundo moradores do próprio bairro, a segurança é muito ruim e frágil. São frequentes os relatos de roubos, segundo Douglas Durval Vieira, 28 anos, nascido e criado lá. As áreas onde os assaltantes atuam são, numa maioria, em pontos de consumo de drogas. O D.P registra bastantes roubos de carro em farol, principalmente entre 5h e 6h da manhã, os quais são realizados por quadrilhas. Geralmente, quando uma quadrilha é desmantelada, o número diminui. Segundo Luís Fernandes Ferreira, delegado adjunto do 98º D.P - Jardim Miriam, as vítimas não têm idade e nem sexo. Os assaltantes agem onde há maior facilidade, ou seja, dão preferência a pessoas que estão sozinhas. Thauany Neuza, 19 anos, estudante do ensino médio, é um exemplo de que pessoas sozinhas estão mais suscetíveis aos roubo, ao afirmar que já foi roubada diversas vezes. Dados da Secretaria da Segurança Publica mostram que os números diminuíram, mas não em todas regiões. Pode-se observar uma queda nas zonas centrais da capital. Principalmente na região da Consolação, onde os registros, até 17/03 deste ano, chegaram a 1 158 ocorrências. Mais do que a metade do bairro mais perigoso, o Jd. Miriam. Hoje em dia não esta fácil combater a criminalidade na cidade. São Paulo é a cidade brasileira que regis-

Bairro Jd. Miriam tra o maior número de câmeras de segurança, chegando a 1,5 milhões de equipamentos para um pouco mais de 12 milhões de moradores na capital paulista. No entanto, a maiorias das câmeras não se encontram na rua, mas, sim, em prédios comerciais e condomínios. Um fato curioso em meio à criminalidade de São Paulo é que a Polícia Civil ganha bônus por descrições de registros, onde cada delegacia tem uma meta a ser batida, independente se o artigo for homicídio ou um simples furto. Caso essas informações cheguem, o prêmio para cada distrito pode variar de R$ 400.00 a R$ 4.000, para cada D.P que ultrapassar a meta estipulada. E tais bonificações têm como objetivo incentivar os policiais a buscarem mais informações concretas para a população, ajudando até na hora do inquérito. “No bairro da Consolação, os maiores problemas são os furtos de aparelhos celulares. Principalmente de noite, pois há instituições privadas próximas e os alunos saem tarde

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e desprevenidos, mas o número não chega a ser expressivo” , afirma o investigador da Polícia Civil do 4º D.P, Lívio Rocha. “A grande parcela da culpa pelo alto registro de criminalidade na cidade vem com a nova onda da ostentação. O ladrão opera no tripé, não quer mais trabalhar, ele quer facilidade para ganhar bens matérias sem esforço e os ostentar em bairros vizinhos.” , conclui o investigador Lívio Rocha. O investigador Lívio Rocha diz que nem sempre as ocorrências são registradas no local onde ocorreu o delito. As pessoas preferem fazer o boletim de ocorrência perto de suas residências, mas os registros acabam voltando para a delegacia responsável pela região, onde, a partir das informações, o delegado responsável pela D.P julgará aquilo que virá, ou não, a ser um inquérito. Junto com todos os artigos que são registrados no distrito, menos o artigo 121 (homicídio), não há ocorrência desse artigo e se houver, o DEIC que se responsabiliza.


Os métodos contraceptivos e suas maneiras Os anticoncepcionais e seus diversos perigos e benefícios Texto: Maria Luiza Gimenez Sestini Foto: Maria Luiza Gimenez Sestini

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m dos maiores problemas entre jovens atualmente é a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez precoce. Isso não é mais apenas problema de saúde pública, mas também de educação. A reeducação sexual se torna necessária para toda a população, que pode diminuir os altos números de jovens infectados por doenças como HIV, Hepatite, HPV, Sífilis, entre outras, que que não distingue gênero sexual ou classe social. Segundo o Ministério da Saúde, em 2009, o número de meninas de dez a dezenove anos que deram à luz, foi de 444.056 mil. As medidas para prevenirem esses problemas são muitas. A realidade é que o preservativo e os anticoncepcionais são sim conhecidos pela sociedade, sabe-se da existência deles, mas é preciso estar consciente da forma correta de utilizá-los, de seus perigos e a forma de funcionamento de cada método contraceptivo. O método hormonal mais utilizado pelas mulheres é o anticoncepcional hormonal combinado oral, apesar de alguns efeitos colaterais que algumas marcas podem causar, como as náuseas e aumento de peso, ele ganha a preferência das jovens, já que podem ajudar a reduzir a acne e pelos. O grande erro na utilização desse método é que muitas vezes o tomam por indicação ou identificação aos seus relatos, o que o torna perigoso, pois é de extrema necessidade o acompanhamento médico. Cada pessoa tem um corpo, com reações e organismos diferentes e só um médico especializado pode avaliar corretamente cada caso, para assim o medicamento fazer o efeito de maneira eficaz. Apesar de ser o mais indicado para quem não tem problemas hormonais, é aproximadamente 98% eficiente e essa porcentagem pode diminuir com o uso de tabaco e bebidas alcoólicas. O Dr. Mi-

Pílulas anticoncepcioais hormonais e preservativos. guel Carlos Vietri ressalta: “O cigarro pode aumentar as chances de falha e as complicações vasculares de quem toma anticoncepcional oral, potencializa o risco de ter trombose.” Cada dia aparecem novos métodos no mercado, e é inevitável que cada pessoa se identifique a pelo menos um, seja os anticoncepcionais orais, os injetáveis, o patch (adesivo anticoncepcional), implantes, o DIU (dispositivo intrauterino), entre outros. Para iniciar qualquer prática de prevenção, é preciso realizar os exames necessários para identificar o melhor tipo para seu corpo. Além de todos esses, também é muito comum encontrar jovens que fazem uso da pílula do dia seguinte, também chamada de contracepção de emergência, que pode ser usada ocasionalmente após a relação sexual, que não teve precaução, num período de 72h. Esse método é arriscado e deve ser utilizado com cautela, já que pode prejudicar o aparelho reprodutor da mulher. Porém é sempre bom lembrar que para estar protegida de uma gravidez indesejada e também de doenças sexualmente transmissíveis, é indispensável o uso do preservativo. Não é fácil eleger um método que se adeque a todos, devido à individua-

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lidade de cada corpo e suas necessidades, mas para os que tem dúvida entre a melhor opção, o Dr. Miguel Carlos Vietri, esclarece: “O mais conveniente seria utilizar métodos de barreira, o preservativo - masculino e feminino - e o diafragma - um anel flexível revestido de borracha que é inserido dentro da vagina e impede a entrada de espermatozóides - e usar também um creme espermicida, que seria a combinação do método clinico e do método de barreira.” Além do Atendimento Ambulatorial e Hospitalar em Ginecologia do Hospital das Clinicas, que oferece desde anticoncepção até pré-natal, há também diversos centros de IST/Aids e Hepatites Virais espalhados pela cidade de São Paulo. Na região centro-oeste da cidade, funciona de segunda a sexta-feira, das 07h às 19h, o CTA SAE DST/AIDS, que é o Centro de Testagem e Aconselhamento e Serviço de Assistência Especializada, mais precisamente na Avenida Clevland, 374 - Campos Elíseos. Lá encontramos diversos serviços como testes laboratoriais de hepatites, HIV e sífilis, além de distribuição de preservativos de ambos os sexos, e até mesmo kit de redução de danos.


Juventus: um amor sem divisão Torcida do Joventus continua apoiando o time embora a fase seja ruim Texto: Henrique Marani e Vinicius Bolaina Foto:Henrique Marani

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radicional clube poliesportivo da Mooca, o Clube Atlético Juventus possui uma das torcidas de futebol mais fanáticas do Estado de São Paulo. Fundado por membros de colônia italiana em 20 de abril de 1924, o clube hoje conta com o vigésimo segundo maior programa de sócio torcedor do Brasil. Embora a paixão da torcida pelo Juventus seja inexplicável, muitos torcedores lamentam o fato da popularidade do clube estar diminuindo. O chamado Moleque Travesso ganhou o estigma de pregar peças nos times grandes, principalmente contra o Corinthians. "Já foi campeão, belo! Campeão brasileiro em 83!", disse zangado o líder da trintona e esmaecida Torcida Ju-Jovem ao portal “terramagazine”, recordando a conquista da Série B. Ele se proclama somente juventino. "Odeio os cinco!", avisa em referência a Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Santos e Portuguesa. Localizado no bairro da Mooca, o estádio Conde Rodolfo Crespi, conhecido por Estádio Javari, é o ponto de encontro de grandes fanáticos pelo clube em dias de jogo. Um desses torcedores é o senhor Arnaldo de 64 anos que diz que vai aos jogos com muita frequência: -“ O Juventus pra mim é tudo” - afirma o torcedor “é algo de criação. O Juventus sempre esteve na minha família”. Contudo, Arnaldo lamenta o fato da torcida estar menos comovida pelo time “Infelizmente já tivemos mais torcedores no estádio, mas o fato de estarmos na terceira divisão não atrai novos sócios e nem torcedores para comparecer.” O time grená costuma ser a segunda opção entre vários de seus seguidores. É possível ver uniformes palmeirenses na sua torcida e até uma camisa personalizada em alusão ao amor dividido entre as duas squadre de berço italiano. No intervalo, as filas crescem atrás do pão com mortadela, do amendoim e de um famoso doce da região, o italiano cannoli. Também apelidado lín-

Bandeira tradicional nos jogos gua de sogra, trata-se de um creme de essência de baunilha folhado com farinha de trigo, vendido ali por Antônio Garcia Pereira desde 1972. Hoje, o estádio tem capacidade para 5000 pessoas, mas a média gira em torno dos 900 espectadores. Um dos locais mais cheios em jogos do Juventus é região de trás dos gols, costume criado pela torcida organizada intitulada Ju-Jovem. “é muito interessante isso, é um apoio pro time que sempre ajuda” elogia o torcedor Edson de 49 anos. O humor costuma prevalecer na casa grená. As pessoas fazem piadas, se divertem ao provocar adversários e zombam dos próprios infortúnios. A cada tiro de meta do goleiro rival, um infalível coro irrompe desde a expectativa de corrida para o chute, com um desfecho que distribui risos: "Ôôôôôôô, filho da p*!" Tradição local. A torcida Ju-Jovem foi criada no fim da década de 1970 e teve sua primeira participação em um jogo contra o Sport Club Corinthians Paulista. Até hoje, é intitulada como a principal torcida organizada Juventina. Embora conte com mais de 6700 sócios-torcedores, a torcida não con-

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seguiu mais atingir a marca obtida em 2008, quando ficou entre o dez clubes com maiores media de público no campeonato paulista. A apaixonada torcida juventina em todos esse anos, diz nao se importar com a situação do time, embora em menor número. Contudo, torcedores tradicionais continuam demonstrando todo amor a cada partida. O ambiente no Moleque Travesso não está dos melhores desde que as contas do clube não foram aprovadas pelo Conselho Deliberativo. A partir daí, torcedores-sócios pediram o impeachment de Rodolfo Cetertick, mas ainda não obtiveram êxito, já que precisam que a maioria vote a favor. Mas a ‘crise’ que envolve má gestão está longe de ser somente entre os cartolas. Em campo, o Juventus terminou ano passado rebaixado para a Série A3 do paulista e ainda desenvolveu uma campanha pífia na Copa Paulista, sendo eliminado ainda na primeira fase – com três vitórias, oito empates e três derrotas em quatorze rodadas, terminando na sétima posição. Atualmente o clube se encontra na primeira posição da Seria A3.


Chega ao Brasil o sucesso de bilheteria musical “Mudança de Hábito” A grande atração norte-americana finalmente em solos brasileiros Texto: Aline Lopes e Kelly Cruz Foto: Aline Lopes

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epois de presenciar um assassinato, uma cantora disco resolve entrar em um convento, onde ninguém imaginaria encontra-la . Assim começa o “Mudança de Habito”, filme estrelado pela atriz Whoopi Goldberg em 1992, e consagrado pelos críticos uma das melhores comédias do cinema. Porém foi em 2009 que o sucesso invadiu os palcos e ganhou uma superprodução musical, a peça já circulou por onze países, incluindo a Broadway avenida principal dos musicais nos Estados Unidos. O espetáculo finalmente chegou ao Brasil e é protagonizado pela atriz, cantora e dançarina Karin Hils, famosa atriz nos palcos brasileiros. Eddie Souther o policial que protege Deloris (Karin Hils) do assassino Curtis (César Melo) é interpretado por Thiago Machado também muito reconhecido nos palcos teatrais, Thiago se refere o tempo todo sobre Mudança de Hábito ser um dos maiores papéis de sua vida, “É um papel de muita responsabilidade, por ter repercussão mundial”. Em 1992, a comédia norte-americana “Mudança de Hábito”, com Whoopi Goldberg como protagonista, estreou nos cinemas, em menos de um ano, o filme e sua estrela se tornaram mundialmente conhecidos. Tanto o filme quanto Whoopi Goldberg foram indicados ao Globo de Ouro. A atriz já havia participado de diversos filmes, mas, seu papel em “Mudança de Hábito” levou-a ao status de superstar. Dezessete anos depois, a personagem Deloris Van Cartier volta à vida quando Joop Van Den Ende, oferece à Goldberg a coprodução de um musical inspirado no filme. O espetáculo estreou com grande sucesso na Broadway e West End de Londres, onde foi indicado a diversos prêmios.

Karin Hils representando Deloris Para Deloris vestir-se de freira é a mesma coisa que discordar de seu estilo de vida. Porém, agora ela terá que seguir uma disciplina rígida imposta pela Madre Superiora. Usando suas habilidades musicais e sua voz poderosa para inspirar o coro do convento, Deloris acaba por trazer um pouco de tranquilidade à igreja da comunidade. Entretanto, ao fazê-lo, tem seu disfarce descoberto. As personagens são muito bem detalhados, até os menores. Thiago Barbosa, Max Grácio e Beto Sargentelli são uns dos pontos altos da adaptação brasileira, como três malfeitores muito engraçados. O figurino do elenco na maior parte são cheios de brilho, encantando os espectadores e o cenário é muito bem trabalhado, fazendo a troca sem deixar rastros surpreendendo todos. “Mudança de Hábito foi fundamental na minha transição da adolescência para a vida adulta. Eu lembro como se fosse hoje a primeira das muitas vezes que eu o vi.” Assume a atriz Karin Hils. As músicas não são as mesmas do filme e sim uma adaptação da versão americana do musical, além de traduzidas elas devem ser adaptadas diretamente ao povo brasileiro,

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são bonitas e empolgantes quanto as do filme, com uma pegada completamente disco. Andréia Vitfer assistente de direção musical diz que “O maior desafio, é cumprir a expectativa de quem assistiu ao filme, principalmente daqueles que viveram na época”. O mercado dos musicais no Brasil cresce cada vez mais, grandes nomes da Broadway e do mundo todo passaram por aqui. As exigências para seleção de elenco são muito grandes, pois o nível mais alto é procurado. Os artistas passam por uma serie de testes onde devem cantar, dançar e atuar. Em algumas ocasiões a produção americana do musical participa de todo o processo e desenvolvimento do espetáculo, da decisão de elenco até a exibição no palco. No inicio os ensaios ocorrem todos os dias, até ficar como eles realmente querem, o tempo de descanso é pouco. Após a estreia os ensaios servem mais para ajustar erros cometidos no palco e melhor adaptar. Essa grande produção está em temporada duradoura no teatro Renault em São Paulo de quinta a domingo com duas sessões nos finais de semana, os ingressos variam de 50 à 260 reais de acordo com o assento.


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