VOLUME 15 - POETAS MARARENHENSES/LUDOVICENSES ESQUECIDOS - 2000 EM DIANTES, OUTROS DANTES

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VOLUME 15 POESIA MARANHENSE/LUDOVICENSE: OS POETAS ESQUECIDOS –2000... & AINDA DE ALGUNS DANTES LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ SÃO LUIS – MARANHÃO 2024

Aparecem, assim, novos grupos organizados, como o caso do Poeisis, ao qual pertencem Antônio Aílton, Bioque Mesito, e pelos poetas co-geracionais Danyllo Araújo, Geane Fiddan e Natinho Costa. Outros nomes que aguardam publicação, possuindo obras inéditas de grande relevo estético, são a poeta Jorgeana Braga (A casa do sentido vermelho, Sangrimê, Cerca Viva), Nilson Campos (o romance A Noite, além de contos e poemas), e a sensível poeta Rosemary Rego, com uma obra lírica surpreendente. Uma geração, afinal, não se faz somente de poetas publicados e, às vezes, alguns de seus melhores talentos estão entre aqueles inéditos em vida, como é o caso de vários exemplos, como o de Konstantinos Kaváfis, Emily Dickinson e Cesário Verde1

Outro grupo que surge nessa época, o Grupo Carranca, capitaneado pelos poetas e escritores Mauro Ciro Falcão e Samarone Marinho, comparsas das atividades do Curare - e vice-versa. A partir de 2000, a existência dos dois grupos se encontram praticamente paralelas, e confundidas. Pertencentes a uma faixa geracional um pouco diferente –embora quase coeva –, os membros do Grupo Carranca aceitaram dividir seus espaços e iniciativas, durante algum tempo, com o Grupo Curare. Durante vários anos, as reuniões e encontros do Grupo Curare e Grupo Carranca aconteceram na casa do jornalista Gojoba, sempre com bastante aconchego e diversão. A participação de vários membros do antigo Curare consta das antologias de poemas e contos organizadas pelo grupo Carranca, que agitaram o cenário literário de São Luís entre 1999 e 2002. De lá para cá, os membros de ambos os grupos, agora identificados pelos laços comuns, com seus projetos e propostas definidos, trabalham para construir a identidade da nova literatura maranhense2 .

Zeca Baleiro, antes de partir para São Paulo em 1989, publica a revista Undegrau (1988), na linha do Guarnicê, “só que mais irreverente, sem anúncios ou textos oficiais”, informa Lima e Outros (2003) 3. Com Zeca estão: Henrique Bóis, Joãozinho Ribeiro, Sérgio Castellani, e Solange Bayma. A revista fica apenas em seu primeiro número; e teve a colaboração de Itamir, Geraldo Reis, Érico, Mondego, Garrone, Noberto Noleto, Josias Sobrinho, Paulo Melo Sousa, Celso Borges, Lúcia Santos, Francisco Tribuzi, Paulinho Nó Cego, Luis Pires, Marcelo Silveira, Paulinho Lopes, Ribamar Feitora, Emilio, Joe Rosa, Ramsés Ramos, e Edgar Rocha.

E esta outra geração (1990/2000...) que agora também exige com vigor seu lugar ao sol, começando com mais ou menos força sua obra, encontrando-se com outras, que hão de se encontrar com outras, sem que sejam necessariamente companheiros próximos ou que tenham a mesma origem, os mesmos fins, os mesmos meios, mas que são familiares às mesmas vozes e vivem mais ou menos as mesmas demandas socioculturais deste momento. Eclética, vai do telurismo existencial ao cosmopolitismo fragmentário, ou às neuroses íntimas e urbanoides. [...] Poetas, professores, artistas, ensaístas que surgiram em torno do Suplemento Literário Vagalume; em torno do bar do Adalberto; dos festivais de poesia falada ou do mundo acadêmico-universitário da UFMA, em torno das oficinas e recitais programados pelo poeta Paulo Melo; dos festivais do SESC; dos concursos da FUNC, em torno do Grupo Curare e do Carranca, que confluíram em riso na alegria dos domingos na casa do jornalista Gojoba e do abraço gentil de sua esposa, Dona Graça; em torno do Concurso de Poesia Nascentes, da USP; do Poiesis ou da Vida é uma festa: Hagamenon de Jesus, Bioque Mesito, Natanílson Campos, Ricardo Leão, Dyl Pires, Antonio Aílton, Rosimary Rêgo, Jorgeana Braga, Geane Fiddan, José Neres, Dílson Junior, Mauro Cyro, Elias Rocha, Natinho Costa, Samarone Marinho, Jorge Leão, Danilo Araújo, Josualdo Rego, Reuben da Cunha Rocha, Bruno Azevedo, César Borralho, Mateus Gato e Daniel Blume, entre outros, e entre companheiros e companheiras que, não escrevendo, fizeram de sua companhia poesia pura.(In GUESA ERRANTE, 2012)4

Alberico Carneiro5 tem uma grande contribuição, com o seu Suplemento Literário do Jornal Pequeno: O Guesa Errante6. Vem publicando sistematicamente antologias dos novos poetas. Desde 2002, seus anuários retratam não só o panorama da literatura brasileira, e em especial a maranhense, como dá oportunidade aos novos autores: Um anuário cultural e literário não é tão só um documento de resgate, frio e estanque. Mais que isso é o registro de invenções ficcionais de poéticas de várias linguagens que incluem desde o poema, a prosa e passa pela música, o cinema, o teatro, o folclore, o artesanato e as artes plásticas em geral. [...] É a

1 LEÃO, 2008, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2008/5/20/Pagina1026.htm

2 LEÃO, 2008, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2008/5/20/Pagina1026.htm

3 LIMAeOutros,2003,obracitada..

4 http://www.guesaerrante.com.br/2012/9/27/poesia-nos-400 os-cabos-de-guerra-da-poesia-da-sao-luis-contemporanea4400.htm

5 ALBERICO CARNEIRO - Poeta e romancista, editor do suplemento Guesa Errante, Suplemento Cultural e Literário do JORNAL PEQUENO. Admirável poeta e professor nasceu em Primeira Cruz, no dia 15 de maio de 1945, e viveu a infância no Arquipélago de Farol de Sant‘Ana, no litoral oriental do Estado. In http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/maranhao/alberico_carneiro.html

6SuplementoCulturaleLiterárioJPGuesaErrante.Disponívelem http://www.guesaerrante.com.br/

celebração de um acontecimento raro no panorama da literatura maranhense nos dias atuais [...] Anuário é a biografia e a autobiografia de um raro sobrevivente no mundo das Letras da Atenas Brasileira, o Suplemento Cultural e Literário JP Guesa Errante. É um marco do aniversário da poesia em festa e em estado de graça que, em sua força emotiva, nos comove e emociona através das linguagens verbal (do poema, do conto, do romance, do ensaio, da crítica) e não verbal (das artes plásticas, da música, dos semáforos, dos sinais de comunicação gestual e do que há de corpográfico na dança, no teatro, no cinema e no dia-a-dia do Universo. [...] A publicação dos Anuários serve também para constatar que a linha editorial do Suplemento não contempla exclusivamente os artistas consagrados, pois dá destaque aos novos, inclusive aos quase desconhecidos e aos desconhecidos, desde que suas produções apresentem valor no processo evolutivo da criação literária maranhense.7

Também de 2002 é o movimento denominado Poesia Maloqueirista, nascida em São Paulo, do encontro de poetas que veiculavam seus libretos pelas ruas, de identidade mambembe; atualmente, na era digital, o coletivo reforça tais elementos com uma posição artística multifacetada, que mantém a poesia como base de linguagem, porém abrindo o campo de criação e troca de experiências, desenvolvendo saraus, oficinas, publicando livros, promovendo intervenções performáticas e eventos multimídias. Convidados para se integrar ao grupo, os maranhenses Celso Borges, Reuben da Cunha Rocha, Josoaldo Lima Rego, além do cantor Marcos Magah, que participam de uma antologia organizada neste ano de 20148 .

A Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Maranhão – SOBRAMES-MA – lança, em 2003, sua primeira antologia: Arte de Ser. Cinco anos depois, 2009, aparece a sua segunda – Receita poética9 .

Dilercy Adler e Leopoldo Gil Dulcio Vaz organizam a Antologia “MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS”10, em 2013, após quase três anos de intenso trabalho. Obra em dois volumes, contendo, o primeiro, 999 poemas em homenagem ao Poeta Caxiense, e o segundo, o poema: “Ilha do Amor – Gonçalves Dias e Ana Amélia”, de Alberico Carneiro11 , completando mil poemas. Ainda, um terceiro volume, coletânea sobre a vida e obra de Antonio Gonçalves Dias, reunindo 46 pesquisadores12. E um quarto volume...13

A Antologia Mil poemas para Gonçalves Dias é a quarta organizada nesse sentido, em todo o mundo. Reuniu poetas do: Brasil, Chile, Peru, Uruguai, Portugal, Equador, México, Canadá, Panamá, Japão, e de Moçambique; dos Estados Unidos América; da Argentina, Bolívia, Venezuela, Espanha, França, Bélgica e Áustria. Do Brasil, diversos estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Paraíba, Goiás, Ceará, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Distrito Federal, Paraná, Piauí, Sergipe, Alagoas, Santa Catarina, Mato Grosso, Rondônia, Pará, Espírito Santo, Rio Grande do Norte.

Do Maranhão, a cidade de São Luís foi representada por 89 poetas, seguida de Caxias, Esperantinópolis, Guimarães, São Bento, Sambaíba, Carolina, Balsas, Palmeirândia, Pinheiro, Pedreiras, São Vicente Férrer, Vitória do Mearim, Codó, Paraibano, Turiaçu, Lago da Pedra, Coroatá, Pio XII, Dom Pedro, Cururupu, Presidente Dutra, São Francisco do Maranhão, Itapecuru-Mirim, Viana, Barra do Corda, Vargem Grande, São João Batista, São Bernardo, Barão do Grajaú. Há outros participantes sem identificação de país e/ou estado brasileiro.

7 http://www.guesaerrante.com.br/2005/11/24/Pagina17.htm

8 Jornal O ESTADO DO MARANHÃO. LEITURAS DE UMA NOVA LITERATURA MARANHENSE. Caderno Alternativo, São Luis, 13 de marçode2014,p.1.

9 HERBERT,Michel(Organizador).RECEITAPOÉTICA – antologia.SãoLuis:Lithograf,2009

10 ADLER, Dilercy Aragão; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. MIL MPOEMAS PARA GONÇALVES DIAS. São Luis: EDUFMA; IHGM, 2013. Disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/mil_poemas1a_-_parte_1; http://issuu.com/leovaz/docs/mil_poemas1b__parte_2;

11 CARNEIRO,Alberico.ILHADOAMOR–GONÇALVESDIASEANAAMÉLIA.INADLER,Dilercy Aragão;VAZ,LeopoldoGilDulcio.MIL MPOEMAS PARA GONÇALVES DIAS. São Luis: EDUFMA; IHGM, 2013. Disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/livro_alberico_1_

12 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; ADLER, Dilercy Aragão. SOBRE GONÇALVES DIAS. São Luis: EDUFMA; IHGM, 2013. Disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/sobre_gd2a_1;

13 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. APRESENTAÇÃO. “Estava eu no meu canto, saboreando o ‘dulce far niente’ pós ressaca das correrias dosúltimosseismesesdedicadosintegralmenteaoProjetoGonçalvesDias –nãocontooanoealgunsmesesanterioresa2013... Quando a Dilercy manda mensagem: Combinamos produzir um ‘Diário de Viagem’. Depois lhe falo melhor do Projeto, combinamos no ônibus. Mas, de um modo geral, é escrever sobre a participação e impressão no/do evento. [...]. O nome proposto é: “MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS: diário de viagem.” In ADLER, Dilercy Aragão; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio (Organizadores) “MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS” - DIÁRIO DE VIAGEM. São Luis, 2014, no prelo.

E tem-se conhecimento de um “Catálogo dos Cafés Literários do Odylo”, sendo organizado por Ceres Fernandes, dos quatro anos de palestras, debates, entrevistas e mesas redondas, 30 cafés, que será editado por Jomar Moraes. Certamente será mais um documento de atividades literárias realizadas em São Luís14 ...

Quando da constituição da ALL, o Membro Fundador Wilson Pires Ferro, juntamente com a Confreira Ana Luíza Almeida Ferro, constituíra comissão para elaborar uma lista de literatos para comporem o quadro de Patronos das Cadeiras a serem fundadas: “SUGESTÕES

DE NOMES PARA COMPOREM O QUADRO DE PATRONOS DE CADEIRAS

(1 a 40) DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS (ALL)” 15. Elaboram dois quadros: nascidos em São Luis – ludovicenses; e literatos não-ludovicenses, mas que tiveram sua obra ligada à cidade e/ou ao Maranhão, considerando dos mais antigos aos contemporâneos, todos falecidos:

I – LUDOVICENSES

1) Manuel Odorico Mendes - (24.01.1799 – 17.08.1864). Obras: Merope, de Voltaire – Hino à tarde (poesia) – Tancredo, de Voltaire – Eneida brasileira, de Virgílio – Opúsculo acerca do Palmeirim de Inglaterra –Ilíada de Homero – Odisséia de Homero.

2) Francisco Sotero dos Reis - (22.04.1800 – 10.03.1871). Obras: Postilas de gramática geral; aplicada à língua portuguesa pela análise dos clássicos: ou guia para a construção portuguesa – Gramática portuguesa: acomodada aos princípios gerais da palavra seguidos de imediata aplicação prática – Comentários de Caio Julio Cesar, traduzidos em português – Curso de literatura portuguesa e brasileira.

3) Joaquim Maria Serra Sobrinho/(20.07.1838 – 29.10.1888)/Obras: Mosaico – O salto de Lêucade – Um coração de mulher – Versos – Quadros – A imprensa no Maranhão – 1820-1880 (sessenta anos de jornalismo).

4) Maria Firmina dos Reis/(11.10.1825 – 11.11.1917)/Obras: Úrsula, Gupeva (romances) e Cantos à beiramar.

5) Artur Nabantino Gonçalves de Azevedo/(07.07.1855 – 22.10.1908)/Obras: Carapuças – Horas de Humor –O dia de finados – Rimas de Artur Azevedo (poesias) – Contos fora de moda – Contos efêmeros – Contos em verso – Contos cariocas – Vida alheia.

6) Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo (14.04.1857 – 21.01.1913) Obras: Uma lágrima de mulher – O mulato – Memórias de um condenado – A gazetinha – A condessa Vésper (mistério da Tijuca) – Casa de pensão – Filomena Borges – O coruja – O país – O homem – O cortiço – A mortalha de Alzira – Livro de uma sogra (romance) – Demônios (contos) – Pegadas (contos).

7) Raimundo da Mota de Azevedo Correia/(nasceu a bordo do vapor São Luís, na baía de Mogunça, viajando com seus pais de Turiaçu para a capital São Luís)/(13.05.1859 – 13.09.1911)/Obras: Primeiros sonhos –Sinfonias – Versos e versões – Aleluias – Poesias.

8) José Pereira da Graça Aranha/(21.06.1868 – 26.01.1931)/Obras: Canaã – Malazarte – A estética da vida –Machado de Assis e Joaquim Nabuco – O espírito moderno – A viagem maravilhosa.

9) Euclides Faria (26.03.1846 – 11.10.1911)/Obras: Diversos – Arabescos – Cartas ao compadre Tibúrcio (notícias da Capital por Lourenço Gomes Furtado – Miscelânea – Cartas a pai Tobias – Retratos a giz –Obras – Brisas da Amazônia – O tacacá – Cartas ao compadre Tibúrcio.

10) José Ribeiro do Amaral (03.05.1853 – 30.04.1927)/Obras – Apontamentos para a história da revolução da balaiada – Fundação do Maranhão – Limites do Maranhão com o Piauí ou a questão de Tutóia –Efemérides maranhenses – O Estado do Maranhão em 1896.

11) Hugo Vieira Leal (21.07. 1857 – 16.03.1893)/Obras: Rosa Branca – Laurita (romances) – Rosas de maio –Lucrézia – Camões e o século XIX.

12) Antônio Batista Barbosa de Godois/(10.11.1860 – 04.09.1923)/Obras: História do Maranhão – O mestre e a escola – Os ramos da educação na escola primária – Higiene pedagógica.

13) Mário Martins Meireles (08.03.1915 – 10.05.2003)/Obras: O imortal Marabá – Gonçalves Dias e Ana Amélia – José do Patrocínio – Panorama da Literatura Maranhense - Veritas liberabit nos – Pequena História do Maranhão – O 5º. Centenário do Infante D. Henrique no Maranhão – História do Maranhão –França Equinocial – Guia Turístico – São Luís do Maranhão – Glorificação de Gonçalves Dias – Catulo, seresteiro e poeta – São Luís – cidade dos azulejos – História da Independência do Maranhão – Santos Dumont e a conquista dos céus – Melo e Povoas – governador e capitão-general do Maranhão – Discursos

14 FERNANDES,Ceres.Correspondênciapessoal.Em11demarçode2014.Viacorreioeletrônico.

15 ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS – ALL. Livro de Atas. ATA DE REUNIÃO no. 03/2013 - 05 de outubro de 2013 - ATA DA REUNIÃO DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS, realizada no dia 05 de outubro de 2013, na Sala de Multimídias do Centro deCriatividadeOdyloCosta,filho.

na Academia – História da Arquidiocese de São Luís do Maranhão – Dom Diogo de Sousa – governador e capitão-general do Maranhão e Piauí – O ensino superior no Maranhão; esboço histórico – Apontamentos para a história da Farmácia no Maranhão – Os negros no Maranhão – O brasão d’armas de São Luís do Maranhão – O Maranhão e a República – Os holandeses no Maranhão – História do Comércio do Maranhão (v. 4) – Apontamentos para a história da Medicina no Maranhão – Rosário do Itapecuru-Grande – Dez estudos históricos – A Santa Casa de Misericórdia do Maranhão; subsídios para a sua história – Vinte e Oito ou Vinte de Julho? – João de Barros, primeiro donatário do Maranhão – O Brasil e a partição do mar-oceano.

14) Maria da Conceição Neves Aboud/(10.07.1925 - ?)/Obras: A ciranda da vida – Grades e azulejos – Rio Vivo – Teias do tempo – O preço – Cinza e rosa – Um amor de psiquiatra.

15) Dagmar Destêrro e Silva (09.09.1925 - ?)/Obras: Recordando São Luís – Segredos dispersos – Parábola do sonho quase vida – Pedra-vida – Poemas para São Luís – Canto ao entardecer – Seleta poética.

16) Josué de Souza Montello/(21.08.1917 - ?)/Obras: (Romances) Janelas fechadas - A luz da estrela morta –Labirinto de espelhos – A décima noite – Os degraus do paraíso – Cais da sagração – Os tambores de São Luís – Noite sobre Alcântara – A coroa de areia – O silêncio da confissão – Largo do Desterro – Aleluia –Pedra viva – Uma varanda sobre o silêncio – Perto da meia-noite – Antes que os pássaros acordem – A última convidada – Um beiral para os bentivis – O camarote vazio – O baile de despedida – A viagem sem regresso – Uma sombra na parede - Mulher proibida – Enquanto o tempo não passa – (novela) – O fio da meada - Duas vezes perdida – Numa véspera de Natal – Uma tarde, outra tarde – A indesejada aposentadoria – Glorinha – Um rosto de menina e outras novelas reais.

17) José do Nascimento Morais Filho/(15.07.1922 - ?)/Obras: Clamor da hora presente – Guarnicê – Pé de conversa – Azulejos – O que é o que é? - Esfinge do azul – Esperando a missa do galo – Maria Dilermina; fragmentos de uma vida – Cancioneiro geral do Maranhão.

18) José do Nascimento Moraes (19.03.1882 – 21.02.1958) Obras: Puxos e repuxos – Vencidos e degenerados – Neurose do medo.

19) Franklin de Oliveira/(12.0.1916 - ?)/Obras: Sete dias – A fantasia exata – Rio Grande do Sul: um novo Nordeste – Revolução e contra-revolução no Brasil - Que é a revolução brasileira? – Viola d’amore – Morte da memória nacional – A tragédia da renovação brasileira – Literatura e civilização – Euclydes; a espada e a letra – A Semana de Arte Moderna na contramão da história e outros ensaios.

20) João Dunshee de Abranches Moura (02.09.1867 – 11.03.1941)/Obras: Os crimes de Grajaú – A República em Maranhão – Memórias de um histórico – Literatura maranhense – Atas e atos do governo provisório –Garcia de Abranches, o censor – A Setembrada – O cativeiro - A esfinge de Grajaú.

21) Antônio Francisco Leal Lobo/(04.07.1870 – 24.06.1916)/Obras: Henriqueta – Debalde – A carteira de um neurastênico – (romances) – Os novos atenienses – Pela rama – A política maranhense.

22) Odylo Costa, filho/(14.12.1914 - ?)/Obras: Graça Aranha e outros ensaios – Livro de poemas de 1935 – A faca e o rio – Tempo de Lisboa e outros poemas – Cantiga incompleta – Os bichos no céu – Notícias de amor – A vida de Nossa Senhora.

23) Oswaldino Ribeiro Marques/(17.10.1916 - ?)/(Obras: Poemas quase dissolutos – Sinto que sou uma cidade – Cravo bem temperado – Usina do sonho.

24) Laura Rosa/(01.10.1884 -14.11.1976)/Obras: Promessas (contos) – Castelos no ar (poemas inéditos).

25) José Tribuzi Pinheiro Gomes (Bandeira Tribuzi)/(02.02.1927 - ?)/(Obras: Alguma existência – Safra –Sonetos – Pele e osso – Breve memorial de longo tempo – Louvação de São Luís (Hino).

26) Domingos Vieira Filho/(25.09.1924 - ?)/Obras: Superstições ligadas ao parto e à vida infantil – A linguagem popular do Maranhão – A festa do Divino Espírito Santo – Folclore sempre – O negro na poesia brasileira – Nina Rodrigues – Estudos geográficos do Maranhão – Breve história das ruas de São Luís – Breve história das ruas e praças de São Luís – Panorama da diplomacia – A Polícia Militar do Maranhão – Folclore do Maranhão.

27) José Carlos Lago Burnett (15.08.1929 - ?)/Obras: Estrela do céu perdido – O ballet das palavras – Os elementos do mito – 50 poemas de Lago Burnett.

28) Carlos Orlando Rodrigues de Lima/(14.03.1920 - ?)/Obras: Bumba-meu-boi (folclore) – Bumba-meu-boi do Maranhão (toadas) – História do Maranhão – Réquiem para um menino – A festa do Divino Espírito Santo em Alcântara – As minhas e a dos outros – estórias maranhenses – Carta ao compadre Tiburtino – ABC do SEBRAE – Lendas do Maranhão – Poesias esparsas – Arquivo morto – Tempestade no lago – Artigos e crônicas em jornais e revistas – História do Maranhão (A Colônia) – História do Maranhão (A Monarquia) – História do Maranhão (A República).

29) Catulo da Paixão Cearense/(08.10.1863 – 10.05.1946)/Obras: Cancioneiro popular de modinhas brasileiras – Lira Brasileira – Poesias Populares – Novos cantares – Sertão em flor – Meu sertão – Poemas bravios -

Alma do sertão – Mata iluminada – Fábulas e alegorias – O sol e a lua – Um boêmio do céu – Meu Brasil –Testamento da árvore – Um caboclo brasileiro – O milagre de São João – Aos pescadores – Oração à bandeira.

II - NÃO NASCIDOS EM SÃO LUÍS, MAS QUE RESIDIRAM NA CIDADE POR ALGUM TEMPO

1) Claude d’Abbeville (França)/(não conhecida)/Obras: A História dos padres capuchinhos na ilha do Maranhão e terras circunvizinhas (o mais completo relato sobre a fundação de São Luís)

2) Yves d’Évreux (França)/(1577 - depois de 1629)/Obra: Viagem ao Norte do Brasil (Continuação da história das coisas mas memoráveis havidas no Maranhão nos anos de 1613 e 1614)

3) Diogo de Campos Moreno (Portugal) (não conhecida)/Obra: Jornada do Maranhão por ordem de S. Majestade feita em 1614.

4) Manoel de Sousa Sá (não identificada)/(ignorada)/Obra: Breve relação da conquista do Maranhão.

5) Simão Estácio da Silveira (Portugal)/(Não conhecida)/Obra: Relação sumária das coisas do Maranhão.

6) Pe. João Felipe Bettendorf (Luxemburgo)/(não conhecida)/Obra: Crônica da Missão dos padres da Companhia de Jesus no Estado do Maranhão.

7) Francisco Teixeira de Morais (Portugal)/(não conhecida)/Obra: Relação Histórica de política do tumulto que sucedeu na cidade de São Luís do Maranhão.

8) Frei Cristóvão de Lisboa (Portugal)/(25.7.1583 – 14.04.1652)/Obras: História natural e moral do Maranhão – História dos animais e árvores do Maranhão.

9) Bernardo Pereira de Berredo e Castro (Portugal)/(ignorada)/Obra: Anais históricos do Estado do Maranhão.

10) Pe. José Xavier de Moraes da Fonseca Pinto (Portugal)/(01.12.1708 - ?)/Obras: História da Companhia de Jesus na extinta província do Maranhão e Pará.

11) Pe. Antônio Vieira (Portugal)/(06.02.1608 – 18.07.1697)/Obras: Vozes saudosas – Sermões váriosObras completas (27 volumes) - Sermões – Sermões no Brasil e em Portugal.

12) Raimundo José de Sousa Gaioso (Argentina)/(1747 – 1813)/Obras: Compêndio histórico-político dos princípios da lavoura do Maranhão.

13) Francisco de Paula Ribeiro (Portugal)/(ignorada)/Obras: Roteiro de viagem – Memória sobre nações gentias que presentemente habitam o continente do Maranhão – Mapa geográfico da Capitania do Maranhão.

14) Frei Francisco de Nossa Senhora dos Prazeres Maranhão (Portugal)/(1790 – 1852)/Obra: Poranduba Maranhense.

15) Antonio Bernardino Pereira do Lago (Portugal)/(ignorada)/Obras: Itinerário da Província do Maranhão: 1820 – Roteiro da costa da Província do Maranhão desde Jericoacoara até a ilha de São João, da entrada e saída pela baia de São Marcos – Estatística histórico-geográfica da Província do Maranhão.

16) Martius (Karl Frederich Phillip Von) e Spix (Johann Batist von) (Alemanha)Martius/(17.04.1794 –13.12.1888) e Spix (1781 – 1827)/Obra: Viagem pelo Brasil (A grande aventura de Spix e Martius./b) Autores do grupo maranhense: neoclássicos e românticos

17) João Francisco Lisboa (Pirapemas)/(22.03.1812 - 26.04.1863)/Obras: Obras de João Francisco Lisboa (4 v.) – Jornal de Timon (v. 1) – Jornal de Timon (v. 2) – Jornal de Timon (v. 3).

18) Antônio Gonçalves Dias (Caxias)/(10.08.1823 – 03.11.1864)/Obras: Primeiros cantos – Segundos cantos e sextilhas de Frei Antão – Últimos cantos – Cantos – Primeiros cantos, Segundos cantos, Últimos cantos – Novos cantos – Os timbiras – Dicionário da língua tupi – Obras póstumas./

19) Joaquim de Sousa Andrade (Sousândrade) (Guimarães)/(09.07.1832 - 21.04.1902)/Obras: Harpas selvagens – Impressos – Obras poéticas – Guesa errante – Novo Éden; poemeto da adolescência, 18881889.

20) César Augusto Marques (Caxias)/(12.12.1826 – 05.10.1900)/Obras: Almanaque de lembranças brasileiras – Dicionário histórico-geográfico da Província do Maranhão.

21) Antônio Henriques Leal (Cantanhede)/(24.07.1828 -29.09.1885)/Obras: Panteon maranhense –Apontamentos para a história dos jesuítas no Brasil – Lucubrações.

22) Trajano Galvão de Carvalho (Vitória do Mearim)/(19.01.1930 – 14.07.1864)/Obras: Sertanejas –Colaborou em Parnaso maranhense, A Casca da gameleira.

23) Francisco Dias Carneiro (Passagem Franca)/(23.11.1837 – 17.01.1896)/Obras: Poesias – Poesias diversas – Colaborou no romance A Casca da gameleira.

24) Cândido Mendes de Almeida (Brejo dos Anapurus)/(14.10.1818 – 01.03.1881)/Obras: Código Filipino ou ordenações do Reino de Portugal, anotadas e seguidas da legislação subsequente portuguesa e brasileira até 1870 – Memórias para a história do extinto Estado do Maranhão

25) Luís Antônio Vieira da Silva (Visconde de Vieira da Silva) (Fortaleza-CE)/(02.10.1828 –03.11.1889)/Obras: História da Independência da Província do Maranhão.

26) Celso Tertuliano da Cunha Magalhães (Viana)/(11.11.1849 – 09.06.1879)/Obras: Ela por ela (novela) –Versos – Um estudo de temperamento (romance) – A poesia popular brasileira – O trabalho – O domingo.

27) Teófilo Odorico Dias de Mesquita (Caxias)/(08.11.1854 – 29.03.1889)/Obras: Flores e amores – Lira dos Verdes anos – Contos tropicais – Fanfarras – A comédia dos deuses.

28) Adelino Fontoura Chaves (Axixá)/(30.03.1855 – 02.05.1884)/Obras: Dispersos – A ficha de Adelino Fontoura na Academia

29) Henrique Maximiano Coelho Neto (Caxias)/(21.02.1864 – 28.11.1934)/Obras: A capital federal (impressões de um sertanejo) – O País – Miragem – O rei fantasma – Inverno em flor – O morto (memórias de um fuzilado) – O paraíso (excelsas fantasias) – O rajá de Pendjab – A conquista – Tormenta – Inocêncio inocente – O malho – O arara – Turbilhão – Esfinge – Rei negro (romance bárbaro) – O mistério – O polvo – Fogo-fátuo

30) João de Deus do Rego (Caxias)/(22.11.1867 – 30.06.1902)/Obras: Primeiras rimas – Últimas rimas

31) Manuel Francisco Pacheco (Fran Pacheco)/(Portugal)/09.03.874 – 17.09.1952)/Obras: O Sr. Silvio Romero e a literatura portuguesa - O Maranhão e seus recursos – O comércio maranhense – A literatura portuguesa na Idade Média – Portugal e a Renascença – Os Braganças e a Restauração – Angola e os alemães – O trabalho maranhense – Portugal e o Maranhão – Geografia do Maranhão – Trabalhos do Congresso Pedagógico do Maranhão.

32) José Américo Olímpio Cavalcante dos Albuquerques Maranhão Sobrinho (Barra do Corda)/(20.12.1879 - 25.12.1915)/Obras: Papéis velhos – Estatuetas – Vitórias Régias.

33) Domingos Quadros Barbosa Álvares (São Bento)/(29.11.1880 – 26.12.1946)/Obras: Mosaicos – O dominó vermelho – Contos da minha terra – Silhuetas.

34) Manuel Viriato Corrêa Baima do Lago Filho (Pirapemas)/(23.01.1884 – 10.04.1967)/Obras: Terra de Santa Cruz – Histórias da nossa História – Brasil dos meus avós – Baú velho – Gaveta do sapateiro – Alcovas da História – Mata galego – Casa de Belchior – O país do pau de tinta – Balaiada – Era uma vez – Contos da História do Brasil – Varinha de condão – Arca de Noé – No Reino da bicharada – Quando Jesus nasceu – A macacada – Os meus bichinhos – História do Brasil para crianças – Meu torrão – Bichos e bichinhos –No país da bicharada – Cazuza – A descoberta do Brasil – História de Caramuru – A bandeira das esmeraldas – As belas histórias da História do Brasil – Curiosidades de História do Brasil – História da liberdade no Brasil.

35) Joaquim Vespasiano Ramos (Caxias)/(12.08.1884 – 26.12.1916)/Obra: Cousa alguma.

36) Raimundo Corrêa de Araújo (Pedreiras)/(29.05.1885 – 24.08.1951)/Obras: Harpas de fogo – Evangelho de moço - Pedreiras – Acrópole – Ode a Portugal - A tirania – Pela Pátria – A religião: fenômeno social, através de poesias – Ode a Gonçalves Dias – O canto das cigarras – O tiranete de Atenas.

37) Humberto de Campos Veras (Miritiba)/(25.10.1886 – 05.12.1934)/Obras: Poeira – Poesias completas – Da seara de Booz (colheita de Ruth) –Mealheiro de Agripa – Destinos – Os párias – Lagartas e libélulas –Sombras que sofrem - Sepultando os meus mortos – Notas de um diarista – Reminiscências – Um sonho de pobre – Contraste – Últimas crônicas – Vale de Josafá – Tonel de Diógenes – Serpente de bronze – Gansos do Capitólio – A bacia de Pilatos – A funda de Davi – Grãos de mostarda – Pombos de Maomé – O arco de Esopo – Antologia dos humoristas galantes – Alcova e salão – Memórias – Memórias inacabadas –Fragmentos de um diário – Carvalhos e roseiras – Crítica – O monstro e outros contos – Histórias maravilhosas – À sombra das tamareiras – O Brasil anedótico – O conceito e a imagem na poesia brasileira – Antologia da Academia Brasileira de Letras.

38) João Miguel Mohana (Bacabal)/(15.06.1925 - )/Obras: O outro caminho – Maria da tempestade –Sofrer e amar – A vida sexual dos solteiros e casados – O mundo e eu – Amor e responsabilidade – Padres e bispos autoanalisados – Ajustamento conjugal – Prepare seus filhos para o futuro – Paz pela oração –Céu e carne no casamento – O encontro – Plenitude humana.

39) Lucy de Jesus Teixeira (Caxias)/(11.07 1922 - ?)/Obras: Elegia fundamental – Primeiro Palimosesto –No tempo dos alamares e outros sortilégios.

40) Maria de Lourdes Argollo Oliver (Dilú Mello) (Viana)/(25.09.1913 – 24.04.2000)/Obras: não encontrei nenhum livro publicado por ela. Foi, entretanto, uma cantora, compositora, folclorista e musicista que muito honrou o nome da terra no país e no exterior. Era uma musicista de mão cheia, tocava acordeon, violão, piano, viola caipira, harpa paraguaia, dentre outros instrumentos. Dilú gravou pouco mais de uma dúzia de discos compactos 78 rmp, três LPs e deixou um legado de mais de 100 composições, canções que eram verdadeiras poesias. Aquela Janela, Boiuna, Bonecos de Maracatu, Brasil em Três Minutos, Cada criança é uma canção, A Canção do Bolo, Canção para adormecer mamãe, Canção para fazer mamãe feliz,

Caxias – Cidade Princesa, Cigarra, Compadre José, Criança, Dança do Esquinado, Diluiu-se, Eu dei, eu dei, Estrada de Ferro da Bahia, Festinha Boa, Fole de pano, A História da Árvore de Natal, Jura de Caboclo, Heloísa, Hino à Bandeira do Maranhão, Louvação a São José de Ribamar, Nos Braços da Liberdade, Oração, Policromia, Rio, Amor, Fantasia, São Luís – Cidade Sorriso, Só quero Lili, Noite de São João do Maranhão e Saudades do Maranhão, que por mais de uma década era a característica sonora com que as rádios de São Luís iniciavam o dia: ‘Maranhão, que terra boa/Onde o poeta nasceu/Maranhão é minha terra/Berço que Deus me deu/A linda praia...’ (e por aí vai). Fez sucesso com suas canções em países da América, como Uruguai, Paraguai e Argentina, Peru, principalmente, e até na Europa, notadamente na Espanha, Portugal, Alemanha. Por seus méritos na composição e intepretações de suas belas canções ela foi eleita membro efetivo da Academia Carioca de Letras, tomando posse em 1978.

41) Astolfo Henrique de Barros Serra (Matinha)/(22.05.1900 - ?)/Obras: Gleba que canta – Profetas de fogo – Noventa dias de governo – Aspectos de uma campanha – Discursos políticos – Guesa Errante (estudo) –Terra enfeitada e rica – Caxias e seu governo civil na Província do Maranhão – A vida simples de um professor de aldeia – A Balaiada – A vida vale um sorriso – Uma aventura sentimental – Gonçalves Dias e os problemas da economia nacional – Celso Magalhães e o folclore nacional – Sociologia dos morros cariocas – O negro na formação econômica do Maranhão.

Foram acrescidos na lista de nomes de patronos disponíveis para votação, mais 03 (três) nomes:

42) José Ribamar Sousa Reis,

43) Erasmo Dias; e

44) Dom Luis Raimundo da Silva Brito.

Algumas ponderações: 1) Na escolha dos patronos, priorizar os vultos literários nascidos em São Luís (na proporção de 50% na composição da ALL), sem, claro, ignorar os notáveis nascidos no Estado do Maranhão e em outros estados que tenham honrado São Luís. 2) Fazer constar da relação de patronos aquele que foi o emitente da Certidão de Nascimento de São Luís: Claude d’Abbeville e, se possível, também Yves d’Évreux.

Por votação, foram escolhidos como Patronos:

LUDOVICENSES: 01) Manuel Odorico Mendes; 02) Francisco Sotero dos Reis; 03) Maria Firmina dos Reis; 04) Artur Nabantino Gonçalves de Azevedo; 05) Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo; 06) Raimundo da Mota de Azevedo Correia; 07) José Pereira da Graça Aranha; 08) José Ribeiro do Amaral; 09) Antônio Batista Barbosa de Godois; 10) Mário Martins Meireles; 11) Maria da Conceição Neves Aboud; 12) Dagmar Destêrro e Silva; 13) Josué de Souza Montello; 14) João Dunshee de Abranches Moura; 15) Odylo Costa, filho; 16) Laura Rosa; 17) José Tribuzi Pinheiro Gomes (Bandeira Tribuzi); 18) Domingos Vieira Filho; 19) Carlos Orlando Rodrigues de Lima; 20) Catulo da Paixão Cearense; NÃO LUDOVICENSES: 21) Claude d’Abbeville (França); 22) Pe. Antônio Vieira (Portugal); 23) João Francisco Lisboa (Pirapemas); 24) Antônio Gonçalves Dias (Caxias); 25) Joaquim de Sousa Andrade (Sousândrade) (Guimarães); 26) Antônio Henriques Leal (Cantanhede); 27) Cândido Mendes de Almeida (Brejo dos Anapurus); 28) Celso Tertuliano da Cunha Magalhães (Viana); 29) Henrique Maximiano Coelho Neto (Caxias); 30) Manuel Francisco Pacheco (Fran Pacheco) (Portugal); 31) José Américo Olímpio Cavalcante dos Albuquerques Maranhão Sobrinho (Barra do Corda); 32) Domingos Quadros Barbosa Álvares (São Bento); 33) Manuel Viriato Corrêa Baima do Lago Filho (Pirapemas); 34) Raimundo Corrêa de Araújo (Pedreiras); 35) Humberto de Campos Veras (Miritiba); 36) João Miguel Mohana (Bacabal); 37) Lucy de Jesus Teixeira (Caxias); 38) Maria de Lourdes Argollo Oliver (Dilú Mello) (Viana); 39) Astolfo Henrique de Barros Serra (Matinha); 40) José Ribamar Sousa dos Reis.

Para o Plano desta Antologia da Academia Ludovicense de Letras, serão incluídos os Patronos – ludovicenses ou não –e junto, os respectivos Fundadores de cada uma das 40 (quarenta) Cadeiras. A seguir, e em homenagem à participação feminina na construção da literatura ludovicense, estas estarão incluídas numa segunda sessão, caso não estejam, já, contempladas na primeira; por fim, os literatos...

Buscamos a justificativa em destacar a presença feminina em Silva (2009)16, que afirma: ao longo dos cem anos de existência da Academia Maranhense de Letras, dos cento e quarenta e dois (142) membros, apenas oito (8) são

16 SILVA, RENATO KERLY MARQUES. ACADEMIA MARANHENSE DE LETRAS: Produção literária e reconhecimento de Escritoras maranhenses. Dissertação de mestrado. Ufma, 2009. Disponivel em http://www.ppgcsoc.ufma.br/index.php?option=com_docman&task...

mulheres. São elas: Laura Rosa, Mariana Luz, Dagmar Desterro, Conceição Aboud, Lucy Teixeira, Ceres Costa Fernandes, Laura Amélia Damous e Sônia Almeida.

Corrêa; e Pinto (2011) 17, ao lançarem olhar sobre a poesia maranhense contemporânea de autoria feminina - a safra poética das últimas décadas do século XX, a partir dos anos 80 -, identificam: Laura Amélia Damous, Dilercy Adler, Rita de Cássia Oliveira, Rosemary Rego, Geanne Fiddan, Andréa Leite Costa e Henriqueta Evangeline.

A Academia Ludovicendse de Letras, dentre seus membros – Patronos e Fundadores – possui seis Patronas, das Cadeiras: 08: Maria Firmina dos Reis – também Patrona da Academia, por isso “Casa de Firmina dos Reis”; 25: Laura Rosa; 29: Maria de Lourdes Argollo Oliver (Dilú Mello); 34: Lucy de Jesus Teixeira; 37: Maria da Conceição Neves Aboud; e 38: Dagmar Destêrro e Silva. Dentre as Fundadoras: ocupam: Cadeira 8, Dilercy Adler; Cadeira 30, Clores Holanda Silva; e Cadeira 31, Ana Luiza Almeida Ferro. Em março, quando da eleição de novos membros das ALL, foram indicadas e aceitas: Ceres Costa Fernandes, cadeira 34 patroneada por Lucy de Jesus Teixeira, indicação de Álvaro Urubatam Melo; Maria Thereza de Azevedo Neves, indicada por Sanatiel de Jesus Pereira, para a cadeira 13 patroneada por Artur Azevedo; Eva Maria Nunes Chatel, indicação de Ana Luiza Almeida Ferro, para ocupar a Cadeira 29, patroneada por Maria de Lourdes Argollo Oliver (Dilú Mello).

E como as Cadeiras estão ordenadas cronologicamente, dos mais antigos aos mais novos, não há necessidade de enquadramento a uma das fases, ou geração – acima já identificadas...

Não se pretende, na construção da presente obra, ser original. Buscou-se mesmo, nas obras já citadas as informações necessárias, assim como se utilizou amplamente das ferramentas de busca disponíveis, buscando na ‘nuvem’ biografias, textos, fotos, imagens, poemas... Sempre indicando a fonte, de quem usamos o “copiar/colar”. A originalidade está na abordagem...

Poesia Maranhense Contemporânea - parte I - Região Tocantina (regiaotocantina.com.br)

Poetas infelizmente menos divulgados, como é o caso de Arquimedes Vale, Hilmar Hortegal, Socorro Veras, Márcia Sousa, Michel Herbert e Gabriel Andrade, entre outros produzem poesia de alto nível estético e metaforizam a vida e as relações pessoais de modo ao mesmo tempo lírico e crítico, compondo textos harmoniosos nos quais a sonoridade coaduna com as imagens que se formam aos olhos de leitor a cada página de seus trabalhos artísticos.

As metáforas da vida e do tempo célere que passam deixando suas marcas são condensadas pelo minucioso olhar feminino de autoras que fazem da alusão e das constantes sugestões imagéticas de escritoras como, por exemplo, Dilercy Adler, Natércia Garrido, Linda Barros, Gabriela Lages, Samara Volpony, Maria das Neves Azevedo e tantas outras escritoras que já solidificaram suas carreiras literárias ou que estão a divulgar seus conteúdos artísticos em livros ou nas redes sociais.

Então, na busca deparamo-nos com biografias de poetas que produziram em outros tempos, e que não foram colocados em seus devidos períodos; outros, anté então sem melhores dados, apenas citados, aparecem, agora, após busca em outros cantos... então tá... aqui estão, também...

Coordenação geral de ZENILTON GAYOSO

TOTAL DE POETAS NASCIDOS OU QUE VIVEM / VIVERAM NO MARANHÃO: 233 POETAS

M-N-0-P-Q

ORLANDO BRITO

OSCAR D_ALVA – pseud.. ANTONIO DOS REIS CARVALHO

OSMAR MONTE

OSWALDINO MARQUES

17 CORRÊA, Dinacy Mendonça; PINTO, Anderson Roberto Corrêa. POETISAS MARANHENSES CONTEMPORÂNEAS. Revista Garrafa 23,janeiro-abril2011.Condensação/adaptaçãode“TearesdaLiteraturaMaranhense:poetisascontemporâneas”.RelatórioFinal do Projeto de Iniciação Científica BIC-Uema/Fapema-2008/09 de Anderson Roberto Corrêa Pinto, bolsista/orientando da ProfessoraDinacyMendonçaCorrêa(ProjetoTEARESDALITERATURAMARANHENSE..NúcleodeEstudosLingüísticoseLiterários. Curso de Letras/Cecen/Uema.

R-S-T-U

V-W-X-Y-Z

VALDELICE FERREIRA DA SILVA

VENÚSIA NEIVA

VERA DE JESUS BARBOSA

VESPASIANO RAMOS

VICENTE SÁ

VIOLETA REBOU?AS NOBRE

VIRGINIA RAYOL BRAGA MALUF

VIRIATO GASPAR

VITOR GONÇALVES NETO

WALBERT GUIMARÃES

WANDA CRISTINA

WANDA CUNHA

WELITON CARVALHO

WILSON ARAUJO (Was)

XAVIER AUTRAN FRANCO DE SÁ

XAVIER DE CARVALHO

ZÉ PEQUENO, pseud.. JOSÉ RIBAMAR BOGÉA – Brasil

ZECA BALEIRO

ZENILTON DE JESUS GAYOSO MIRANDA

10 POETAS CONTEMPORÂNEAS DO MARANHÃO-MUNDO: Seleção de poemas e apresentação por Carvalho Junior | Amaité poesia & cia. (amaitepoesia.blogspot.com) O Maranhão possui grande tradição e continuidade no campo das letras. Terra-mãe de notáveis homens e mulheres escritores (as) dos mais variados gêneros. Somos chão natal de Gonçalves Dias, Ferreira Gullar, Sousândrade, Nauro Machado, Salgado Maranhão, Maria Firmina dos Reis, Arlete Nogueira da Cruz, Lucy Teixeira, Mariana Luz, Lila Maia e de uma constelação de nomes que não caberia citar aqui. Obviamente que há muitas outras importantes vozes que cantam pelos maranhões adentro e afora. Sintam um pouco da potência da palavra das poetas aqui apresentadas.

ADRIANA GAMA DE ARAÚJO. Poeta, mestre em História. Vencedora, no ano de 2017, do III Festival Poeme-se de Poesia Falada e do I Festival Maranhense de Filosofia (categoria: aforismo/poema). Publicou, em 2018, pela Editora Penalux, seu primeiro livro de poesia, Mural de nuvens para dias de chuva. Mora em Raposa, município da grande ilha de São Luís, é professora da rede pública municipal e estadual. Publica seus textos desde 2010 no blog Pólen Radioativo. Publicou, em 2019, pela Olho D’água Edições, o livro de poemas: Transito

Adriana Gama de Araújo

Nasceu em São Luís. Historiador formada pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), com mestrado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Escreve desde os 15 anos, quando começou a ter seu nome associado à poesia pelos mais próximos. Em 2010 criou o blog “Pólen Radioativo”, e passou a ter contato com poetas e escritores do Brasil e do mundo, hábito que mantém até hoje. Em 2017 venceu o III Festival Poeme-se de Poesia Falada e o I Festival Maranhense de Filosofia (categoria: aforismo/poema). Mora em Raposa, município da grande ilha de São Luís, é professora da rede pública municipal e estadual.

O DUPLO | Adriana Gama de Araújo

eu sou um pássaro agora estendo meus tapetes sobre o vento o assobio da liberdade é infinito meu corpo brilha sobre os córregos e vejo uma criança correr solta na paisagem imune à morte

eu sou um pássaro

agora o tempo é das melodias das nossas mãos abertas livre da ascensão e da queda da qual acordamos no último segundo.

GEANE LIMA FIDDAN Poeta, professora e pesquisadora brasileira. Foi coordenadora do Projeto Rede de Escritores na Universidade Virtual do Maranhão. Licenciada em Letras, especialista em Linguística e Literatura Brasileira. Mestre em Língua, Literatura e Cultura Pela Universidade Nova de Lisboa. Membro do IEMOInstituto de Estudos Modernistas e faz doutorado em Estudos Portugueses pela Universidade Nova de Lisboa. Tem publicado os livros Argos da Matéria (2006) e O Norte.

GEANE LIMA FIDDAN

from MARANHAY - (Revista do Léo ) - 56 - março 2021 - EDUÇÃO ESPECIAL: ANTOLOGIA - MULHERES DE ATENAS by

Vaz

Geane Lima Fiddan (MA). Poeta, professora e pesquisadora brasileira. Foi coordenadora do Projeto Rede de Escritores na Universidade Virtual do Maranhão. Licenciada em Letras, especialista em Linguística e Literatura Brasileira. Mestre em Língua, Literatura e Cultura Pela Universidade Nova de Lisboa. Membro do IEMO-Instituto de Estudos Modernistas e faz doutorado em Estudos Portugueses pela Universidade Nova de Lisboa. Tem publicado os livros Argos da Matéria e O Norte.

APESAR DE TUDO QUE AINDA ASSOLA

Na flor do Delta cascatas são enaltecidas enquanto rios desembocam na intimidade de outros. Ali eu era apenas uma gotícula com lembranças da mãe Gaia e enfrentando as turbulências e perpassando as penínsulas e as rampas do planeta. Eu não quero saber de barro seco, amarras de vendedores de balas. A guerra não quer conversa comigo e eu em tempos atômicos quero é aprender com as argilas doces.

CONCOXA

Tangidos os genocídios, propagam nos seios das massas seres presos em raios in visíveis, cisnes no embolar de um papel imã. Não importam as cores dos cárceres enferrujados ou não parecem melanomas, espinhas de peixe na garganta. Esta folha já foi peça umbrática e tornou-se página branca. Não adormeço eclipse no âmago Para ver a matéria solta.

(………………………..) Antes de partir abrindo um sorriso no extremo norte caminho sequiosa de impulsos significativos. Um ser sensitivo entre as pedreiras

mexe com os pés de uma instância adormecida. No seio das partículas de ferro muitos bailarinos se tornam estátuas. Toque na frieza dos icebergs. É tão fácil ser um náutico e tão difícil quando mesmo as pontes não entendem os passageiros.

(………………………..) Ontem, tarde da noite, andei pela cidade como um poeta lírico nas andanças. Repentinamente, vi um velhinho sobre uma ponte falando sozinho. Então, parei e me aproximei do homem que tinha os cabelos de neve. Percebi que ele falava para o mar e dizia alto: – Susana! Susana! Onde está você? Subitamente, o sujeito ficou calado e eu perguntei a ele. Quem é Susana? Ele olhou para o mar e disse. – É aquela onda que parte todos os dias lá pra Alcântara!

ARES DE PEREGRINA

Saturada de pencas e brocas de Upaon-açu parto para as andanças cachos das manifestações no toco desse pendulo de bacaba a calma cheia do trágico que fecunda a alma desabrocha no agente de argila sai de fininho sem tino embarca na busca do inédito desembarcando nas panturrilhas de Rodin aparentemente só aparente mente são fúrias de um vulcão vagalume nordestino circunvagando na cidade luz não se surpreende quando uma certeza pinta um pára-brisa arrasando anda passageiros desandam

CONTRA OS OXIDANTES |Geane Lima Fiddan

antes de partir abrindo um sorriso no extremo norte caminho sequiosa de impulsos significativos um ser sensitivo entre pedreiras perturba os pés de instâncias adormecidas no seio das partículas de ferro muitos bailarinos se tornam estátuas quebre os icebergs é tão fácil ser um náutico e tão difícil

quando mesmo as pontes não entendem os passageiros

LUIZA CANTANHÊDE Escritora/poeta. Autora de Palafitas (poemas, Penalux, 2016), Amanhã, serei uma flor insana (poemas, Penalux, 2018) e Pequeno ensaio amoroso (poemas, Penalux, 2019). Maria Luiza Cantanhede Gomes, mais conhecida como Luiza Cantanhede (Santa Inês, Maranhão) é uma escritora[1] e poeta[2] brasileira Biografia Filha de lavradores, possui formação em Contabilidade[3]. É membra fundadora da Academia Piauiense de Poesia[4]. Foi finalista do Concurso de Poesia “Professor Pedro Filho”, em Santa Inês – MA.Publicou os livros de poemas Palafitas Amanhã Serei uma Flor Insana e "Pequeno ensaio amoroso" pela Editora Penalux. Há tradução de sua poesia para o italiano e espanhol, Tem poemas publicados em antologias nacionais e internacionais. Participa com obras de poesia da Antologia Poética A Mulher na Literatura Latino-americana[5], lançada em 2018 pela Universidade Estadual do Piauí. Vive e trabalha em Teresina, no Piauí desde 1983.

Obras

Livro Publicados

2016 – Palafitas

2018 – Amanhã serei uma Flor Insana’’

2019 - "Pequeno ensaio amoroso" Antologias e Coletâneas

2018 - Antologia Poética A Mulher na Literatura Latino-americana "Antologia Brasil/Moçambique

GRAFITE |Luiza Cantanhêde

Acostumei-me

com esta casa sem teus passos; ao crepitar da tua ausência encadeando meu peito nestas tardes de outono.

Na parede, receio não reconhecer teu nome.

LINDEVANIA MARTINS É graduada em Direito com Mestrado em Cultura e Sociedade (UFMA). Defensora pública atuando no Núcleo Especializado de Defesa da Mulher e População LGBT. Poeta e contista. Integrante do Mulherio das Letras. Autora dos livros de contos Anônimos (Prefeitura de São Luís, 2003), Zona de Desconforto (Editora Benfazeja, 2018) e Longe de Mim (Sangre Editorial, 2019). Vive e trabalha em São Luís do Maranhão.

Lindevania de Jesus Martins Silva, mais conhecida como Lindevania Martins (Pinheiro, 6 de setembro de 1972) é uma defensora pública[1] e escritora[2] brasileira. Autora dos livros de contos Anônimos, Zona de Desconforto e Longe de Mim. Autora do livro de poesias Fora dos Trilhos. Biografia Iniciou seus estudos na cidade de Pinheiro, onde nasceu, mudando-se para São Luís com a família no final da adolescência para ingressar no curso universitário. Chegou a iniciar os cursos de Engenharia Civil e Filosofia, mas não concluiu os mesmos. Bacharel em Direito, concluiu o Mestrado em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal do Maranhão com a dissertação Autoria e Dissenso na Internet:um estudo sobre participação e tecnologia.[3] Atuou como delegada de polícia nos anos de 1999 a 2001, junto à Secretaria de Segurança Pública do Estado do Maranhão. Em seguida, ingressou na Defensoria Pública do Estado do Maranhão, onde atuou no Núcleo Forense da Família e, posteriormente, no Núcleo de Defesa da Mulher e População LGBT [4]

Seu primeiro livro de contos, Anônimos: invenções de amor, morte e quase morte, venceu o XXVII Concurso Literário Artístico na categoria contos, sendo publicado pela Prefeitura de São Luís no ano de 2003.[5] O livro O Trio venceu a edição do concurso seguinte, optando a mesma por não publicá-lo.

O livro Zona de Desconforto foi selecionado para publicação após o I Concurso de originais da Editora Benfazeja. Tratase de uma obra composta por oito contos escritos num registro realista, a maioria narrados em primeira pessoa.[6] Participou como jurada do Concurso Internacional Her Story, promovido pela Plataforma Sweek em conjunto com o Leia Mulheres e a Pólen Livros.[7]

Tem poemas e contos publicados nas seguintes revistas eletrônicas: Gueto, Marinatambalo: crítica e literatura, Ruído Manifesto, Fluxo: revista de criação literária e Quatetê. Integra o coletivo literário feminista Mulherio das Letras.[8]

Obras

Livros Publicados

2003 – Anônimos: invenções de amor, morte e quase morte (Prefeitura de São Luís)

Este livro foi vencedor do XXVII Concurso Literário e Artístico Cidade de São Luís, categoria contos, em 2003. O livro apresenta 16 contos, a respeito dos quais, o crítico e poeta Couto Correa Filho, na orelha do livro, afirma: “Ás vezes as narrativas são densas e transcorrem carregadas de tensão, com um desfecho dramático que choca a sensibilidade do leitor, tal como nos contos “Veia” e “Acerto de Contas”. Em outras ocasiões, o tema é simples e o relato se passa em grandes tensões emocionais, como em “Pescaria” e “A Velha”. Mas, em ambos os casos, fica registrado um modo pessoal e autêntico e narrar estórias”.

2018 - Zona de Desconforto (Editora Benfazeja)

O livro apresenta oito contos que dialogam profundamente com as questões do nosso tempo e nos faz refletir sobre invisibilidades, pertencimentos e as possibilidades de se viver em conjunto. Os contos apresentem enredos e personagens bem construídos em que ideais de bondade e maternidade são postos em cheque, bem como são expostas as complexidades das relações amorosas e de critérios que valoram a vida humana a partir de perspectivas excludentes. “Na escrita do livro, estive muito preocupada em preservar essas contradições que nos constituem. As personagens circulam por espaços hostis, possuem a necessidade de se afirmar para resistir, porém, suas escolhas com frequências são desastrosas e produzem efeitos imprevistos, desafiando suas próprias crenças ou expondo facetas que lhe são indesejáveis”, diz a Autora. Zona de Desconforto foi vencedor do I Concurso Nacional de Originais da Editora Benfazeja, lançado em 2017.

2019 – Longe de Mim (Sangre Editorial)

Terceiro livro da maranhense Lindevania Martins, tem como protagonista Josi, uma menina de 10 anos cuja vida está prestes a mudar. Fruto de uma gravidez na adolescência, se viu forçada a ingressar cedo demais no mundo adulto, cujas regras ela não compreende totalmente. A relação conflituosa que a menina estabelece com a mãe e com os homens que a rodeiam se torna cada vez mais acirrada, até que uma morte acontece. O texto recebeu menção honrosa no Concurso Nacional de Contos da Ordem dos Advogados do Brasil, lançado em 2006.

2019 – Fora dos Trilhos (Venas Abiertas)

Neste quarto livro, a escritora apresenta 26 poemas atravessados por temáticas variadas, entre as quais se sobressai o mundo do trabalho, as questões de gênero e a infância, além de trazer aspectos lúdicos e experimentais. Integra uma "coleção de bolsa" composta por 20 volumes de obras individuais de integrantes do coletivo literário Mulherio das Letras.

Trabalhos em Antologias

2001- Eros de Poesia (Org: Asta Vonzodas e Nalu Nogueira)

2006- O Advogado e a Literatura (Org: Francisco José Pereira - Ordem dos Advogados do Brasil)

2018- Antologia Internacional Mulheres pela Paz - Mulherio das Letras - (Org: Alexandra Magalhães Zeiner e Vanessa Ratton)

2018- Casa do Desejo - (Org: Eduardo Lacerda)

2018- Conexões Atlânticas Brasil Portugal - (Org: Adriana Mayrinck e Emanuel Lomelino)

2018- Antologia de Contos Ciclo Contínuo Editorial - (Org: Ciclo Contínuo)

2018- 2a. Coletânea de Prosa do Mulherio das Letras - (Org: Cleonice Alves Lopes-Flois)

2018- 2a. Coletânea Poética do Mulherio das Letras - (Org: Vanessa Ratton)

2018- Espantologia Poética Marielle em Nossas Vozes - (Org: Célia Reis, Maria Nilda de Carvalho Mota e Palmira Heine)

2019- Meus Primeiros Versos: poesias para crianças - (Org: Vanessa Ratton - Mulherio das Letras)

2019- Babaçu Lâmina - (Org: Carvalho Júnior)

2019- Entradas para Cotidianos - (Org: Karine Bassi)

2019- Eros das Eras: antologia erótica - (Org: Argemira de Macedo Mendes, Fábio Mário da Silva e Marleide Lins)

2019- O Livro das Marias - (Org: Jeovania Pinheiro)

2019- Antologia 32 - (Org: Leonardo Costaneto, Ana Paula sobrinho, Patricia Cacau e Tânia Diniz)

2019- Admiráveis Mulheres - (Org: Beatriz Santos)

2019- Mulherio das Letras Portugal: poesia - (Org: Adriana Mayrinck)

2019- Caravana Buenos Aires: literatura brasileira por las calles argentinas - (Org: Leonardo Costaneto)

2019- Sou Mulher, Logo existo: 3a. coletânea de prosa e poesia do Mulherio das Letras - (Org: Vanessa Ratton)

2019- Eu, Monstro! - (Org: Rafael Tsuchiya)

Trabalhos Técnicos

SILVA, Lindevania de J.M. Entre o Público e o Privado: questões sobre autoria a partir da internet. In: SEGATA, Jean; MÁXIMO, Elisa M; BALDESSAR, Maria J (Org). Olhares Sobre a Cibercultura. Florianópolis: CCE/UFSC, 2012. p. 17.

Acessado em 21.12.2018

Prêmios e Menções

1º lugar no XXVII Concurso Literário Artístico Cidade de São Luís, Prêmio Odylo Costa Filho (contos)

1º lugar no XXVIII Concurso Literário Artístico Cidade de São Luís, Prêmio Odylo Costa Filho (contos)

5º lugar no I Concurso Eros de Poesia - categoria júri (poesia)

Menção honrosa em I Concurso Nacional O Advogado e a Literatura, promovido pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (contos)

Finalista no Concurso Nacional Paula de Brito, promovido pela Ciclo Contínuo Editorial (contos)

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INVENTÁRIO |Lindevania Martins

Nem megera nem vaca

nem vira-lata sem classe

nem bruxa na tapera

nem víbora ou puta de saia curta

nem sovaco peludo ou útero dócil

nem fóssil de Lucy ou Luiza

nem buraco fedido

nem cheiro de peixe

nem o olho da sogra num feixe de espinhos

nem encarnação de Lilith nem feminazi em fase kamikase mas a origem do mundo.

Finalista do Prêmio Jabuti, Lindevania Martins é recebida no Clube de Leitura Amei Ler

Genivaldo Abreu: Finalista do Prêmio Jabuti, Lindevania Martins é recebida no Clube de Leitura Amei Ler

O Premio Jabuti é uma espécie de Oscar na literatura brasileira. Termômetro do que de melhor se produz na literatura nacional. Na edição de 2020, a escritora maranhense Lindevania Martins possui trabalhos em obras indicadas ao Jabuti em duas categorias distintas. Na categoria contos, está nos Cadernos Negros Volume 42, Contos Afrodescendentes. Na categoria Inovação- Fomento a Leitura, possui trabalho na Coleção I- Mulherio das Letras, composto por 21 livros individuais de mulheres, dentro os quais se encontram seu livro de poemas “Fora dos Trilhos”.

A escritora sublinha a importância da indicação para a literatura maranhense: “Ser finalista do Jabuti já é um prêmio, dado o destaque e a visibilidade para a produção do artista que a indicação traz. Este ano, além de mim, concorrem ao Jabuti mais três poetas maranhenses. Temos a Rossana Jansen, que está na mesma coleção da qual participo, a Coleção I- Mulherio das Letras. E ainda temos o Salgado Maranhão e o Samuel Marinho com livros individuais de poesia. Importante registrar que temos outras e outros escritores maranhenses se destacando, ganhando prêmios, inovando e influenciando no surgimento de novas produções literárias. Isso é digno de destaque porque mostra que a literatura

maranhense contemporânea está viva, pulsante e cheia de energia. Mostra a importância de não ficarmos restritos ao passado, mas conhecermos essa literatura que se produz na atualidade e que dialoga intensamente com um presente cheio de desafios”.

Escritora experiente, Lindevania Martins foi selecionada pelo Clube Amei Ler como autora do mês de outubro, tendo suas obras divulgadas de forma contínua nas redes sociais do clube, através da publicação de resenhas, vídeos e leitura de trechos de livros, finalizando com a realização de um encontro virtual no final do mês. Fundado por Jaqueline Moraes, Lorena Silva, Ricardo Miranda Porto e Talita Guimarães, todos escritores e ávidos leitores, o Clube de Leitura Amei Ler surgiu em São Luís, na Associação Maranhense de Escritores Independentes, com a intenção de publicizar e incentivar a leitura de autores maranhenses, tanto os contemporâneos quanto os clássicos.

SAMARA VOLPONY. Professora e poeta brasileira. Vencedora do 4º Concurso Internacional Poesia Urbana (Centro Universitário de Brusque – UNIFEB) e 2ª colocada no II Concurso Internacional de Poesia da Casa de Espanha. Tem poemas publicados no livro da Tribo (edições 2017 e 2018), em revistas e jornais nacionais/ internacionais. É coautora de Poesia Arariense: coletânea poética em rede. Publicou o livro de poemas Contramaré (Patuá, 2017).

Samara Volpony é o pseudônimo de Samara Laís Silva, artista nascida na cidade de Arari, no interior do estado do Maranhão, à beira do rio Mearim, no dia 28 de agosto de 1990. É professora, pesquisadora e artista. Também é coautora do livro “Poesia Arariense: coletânea poética em rede”, vencedora do 4º Concurso Internacional Poesia Urbana, promovido pelo Centro Universitário de Brusque – UNIFEB e a 2ª colocada no 2º Concurso Internacional de Poesia da Casa de Espanha. Tem poemas publicados na Revista de Literatura e Arte – Walking In Briarcliff, no livro da Tribo/2017-2018 e nas edições 11 e 12 do Jornal de Poesia Contemporânea - O Casulo.

SOB[RE] AS MÃOS E UNHAS DE SANDRA |Samara Volpony

as mãos de sandra rezam meu destino em breves traços e a grande mão do deus me guia

as unhas de Sandra cobrem a pele

pulem as páginas do meu livro de engano são visões apocalípticas de bingen cartas escritas a ninguém passagens de monja entregue à fogueira

as unhas de sandra escondem minha confissão: tão rentes na pele de quem sente tão frágil no cravo das suas unhas no crivo de sua mão

FRANCINETE BRAGA SANTOS

Brasileira nascida em Chapadinha, no Maranhão. É pedagoga, professora e mãe. Iniciou no ensino trabalhando com crianças da Educação Infantil e do Ensino Fundamental a partir de 1983. Em seguida graduou-se em Pedagogia, depois fez mestrado e doutorado em Ciências da Educação.

E desde 2000 escreveu obras com poemas, contos e crônicas, sendo o Calidoscópio: ranhuras, sussurros e outros sentidos, sua primeira publicação. Depois, em 2013, surge o Papel em Branco. 2014, Receitas para Amar. Em 2017, participou da obra Chuva literária, uma Antologia de autores nordestinos.

Em 2018 lança seu primeiro livro infantil As aventuras de Pedrinho e de sua turma no Jardim dos Sonhos, concretizando seu desejo de escrever para crianças

Foto: http://www.bpp.pr.gov.br/

LILA MAIA A maranhense Lila Maia é graduada em Pedagogia e tem três livros publicados: A Idade da águas, Céu despido, vencedor do II Prêmio Literário Livraria Asabeça 2003 e As Maçãs de antes, livro vencedor do Prêmio Paraná de Literatura 2012 na categoria poesia e semifinalista do Prêmio Portugal Telecom de Literatura 2013.

GERMINA - REVISTA DE LITERATURA & ARTE (germinaliteratura.com.br)

Vidência

Já me curvei o suficiente para entender a vida. Nem quero o velho ofício que passa de pai pra filho. Gosto das frutas que amadurecem secretamente conheço o que dentro de mim se fecha e é esculpido diariamente.

Desde que nasci tenho um verbo presente: morrer e tantas vezes me sinto montada na fera, outras apenas arrastada como a cômoda de peroba que não cabe no quarto.

Acreditar naquela pequena luz de uma estrela anã é dizer sem pressa uma reza mansa.

Inesgotável

Já fui tão antiga querendo ser feliz. Mas ele chega louco demais para o meu corpo.

Me arrasta, porque sabe que serei magma

Neste doce deslumbramento das marés altas. E feito um guerreiro suas mãos tocam Onde só existe falta.

Esse homem me habita com fúrias e pássaros.

Uma vigília

Quarenta anos depois o silêncio da chaleira que ferve.

Na infância, sempre acendi uma vela na outra.

As surras que levei não se enraizaram.

Cada dia soletrei um tempo do verbo partir. Vivi com a indiferença e a saudade presas ao calendário.

Quarenta anos depois

não sei me despedir da saudade: continuo ouvindo o arrastar daquele chinelo número trinta e três pela casa.

Extraído de

POESIA SEMPRE - Ano 6 – Número 9 - Rio de Janeiro - Março 1998. Fundação BIBLIOTECA NACIONAL –Departamento Nacional do Livro - Ministério da Cultura. Ex. bibl. Antonio Miranda

Canto intermitente

Celebro uma ferocidade plena. Furo com os dedos teu peito nu. Parto que nem vento e saio da boca do leão para a do lobo. Janeiro me trai feito sol.

Tudo que podia brotar não é flor.

Desejo

A árvore que persigo é alta e mordo seus frutos

como quem mata. Mas meu peito selvagem quer a outra metade.

Fala-me

Aprendo agora a palavra engolida, o alvo certo que os loucos têm se atiram pedras.

O momento exato de refletir sobre teu silêncio com a fala

ASSENÇÃO PESSOA Escritora, professora e autoras de obras voltadas para o público infantil, faz poemas sobre as descobertas das vida. Obra: recordações Assenção Pessoa é professora do ensino médio da cidade de Itapecuru Mirim, tem quatro títulos publicados, sendo o primeiro um livro de poemas, seguido por dois livros infantis e um pedagógico sobre geografia e a história de Itapecuru Mirim. É licenciada, especialista em Biologia. Já participa de algumas antologias e com publicações na revista Varal de Brasil. A autora está sempre escrevendo, inventando e reinventando histórias infantis e poesias. É pesquisadora sobre a história de seu município, Itapecuru Mirim, sobre Educação Sexual e Sexualidade entre adolescentes e jovens na fase escolar do ensino fundamental e médio.

SINOPSE

RECORDAÇÕES

Versos, poemas e poesias escritas no período de 1975 a 1995, enquanto desabrochava para a vida, o encanto e a ingenuidade de uma menina-mulher.

JOSÉ E AS TRÊS MOSQUETEIRAS

O livro faz parte da coleção A Arte de Ser Avó e trata dos sonhos, não materiais e proporciona um primeiro contato com a criança com algumas questões como Natureza, a magia do brincar, o encanto com o mundo da leitura, o direito à educação e a própria condição de poder sonhar.

A PRICESA SARAH E O SAPO

O livro faz parte da coleção A Arte de Ser Avó e trata dos sonhos, não materiais e proporciona um primeiro contato com a criança com algumas questões como Natureza, a magia do brincar, o encanto com o mundo da leitura, o direito à educação e a própria condição de poder sonhar.

ITAPECURU MIRIM, SUA HISTÓRIA, SUA GENTE

É um livro que trata da geografia, história, cultura e esporte da cidade de Itapecuru Mirim. Está dividido em unidades e capítulos, para melhor compreensão dos fatos, acontecimentos e evolução dos eventos. A obra propõe um texto didático de fácil entendimento, aberto a reflexões e estimula o leitor a repensar sua história e comportamento.

FICHA TÉCNICA

RECORDAÇÕES

Gênero literário: Poema

Ano de edição: 2013

Dimensões: 14 x 21 cm

Número de páginas: 154

ISBN: 978-85-8020-163-5

Editora: NELPA, SÃO PAULO

PVP – Preço de Venda ao Público: R$ 25,00

JOSÉ E AS TRÊS MOSQUETEIRAS

Gênero literário: Ficção Infanto Juvenil Brasileira

Ano de edição: 2015

Dimensões: 14 x 21 cm

Número de páginas: 28

ISBN: 978-85-8381-070-4

Editora: Gregory, São Paulo

PVP - Preço de Venda ao Público: R$ 20,00

A PRICESA SARAH E O SAPO

Gênero literário: Ficção Infanto Juvenil Brasileira

Ano de edição: 2015

Dimensões: 14 x 21 cm

Número de páginas: 28

ISBN: 978-85-8381-075-9

Editora: Gregory, São Paulo

PVP - Preço de Venda ao Público: R$ 20,00

ITAPECURU MIRIM, SUA HISTÓRIA, SUA GENTE

Gênero literário: Pedagógico

Ano de edição: 2015

Dimensões: 21 x 28 cm

Número de páginas: 126

ISBN: 978-85-8020-492-6

Editora: Nelpa, São Paulo

CLEYTON DE SOUSA ALMADA Professor e poeta, sua poesia traz mescla de erotismo e busca da essência humana. Obra: Amores eternos.

EDI RODRIGUES Professor universitário e poeta, apresenta uma poesia voltada para críticas ao cotidiano. Obra: (C)oito de setembro.

ELOY MELÔNIO Professor, poeta e compositor, trabalha uma poesia que busca unir tema e musicalidade. Obra: dentro de mim

Eloy Melonio é escritor, poeta e compositor. Brasileiro, natural de São Luís (MA) é professor de inglês, tendo fundado seu próprio curso (YES), em 1977. Elaborou a série de seis livros Your English Series, adotada em sua escola entre 20032017. De 1991 a 1993 foi presidente do programa binacional “Companheiros das Américas”. Formado em Letras (FAMA), já publicou quatro livros, sendo um temático (A Verdade Que Liberta), uma novela (Os Dois Lados da Cruz), dois de poemas (Dentro de Mim/abril 2015 e Travessia/setembro, 2021). Membro fundador da AMEI (Associação Maranhense de Escritores Independentes), da ABP (Academia Poética Brasileira), da ATHEART (Academia Ateniense de Letras e Artes/2019), membro-fundador da UBE-MA (União brasileira de Escritores) e sócio-correspondente da AILCA (Academia Icatuense de Letras Ciências e Artes). Em 2018, idealizou o “Dia Municipal da Poesia”, cuja data, 2 de fevereiro, foi oficializada pela Lei 6.394, de 7-12-2018. Conquistou dois prêmios literários: terceiro lugar (poesia) no III FESTMACPU, da UEMA/2017, e três trabalhos selecionados no prêmio AMEI/2020 (conto, crônica e poesia). Recebeu

em 23 de dezembro de 2021 a Medalha do Mérito Legislativo, a mais alta honraria da Câmara Municipal de São Luís. Atualmente coordena o projeto LAÇOS POÉTICOS, iniciado em 4-12-2019. Atualmente coordena o projeto LAÇOS POÉTICOS, iniciado em 4-12-2020.

FRANCK SANTOS Geógrafo e professor, cultiva tanto a poesia em verso quanto a prosa poética, com ênfase na busca de um Eu. Obra: Os mapas sinalizam ilhas submersas

Franck Santos, maranhense do interior e mora em São Luís há mais de três décadas, professor de geografia, bancário, editor e escritor (sendo este Os blues que não dançamos, sua segunda prosa longa).

Franck Santos, escritor/poeta maranhense, libriano com ascendente em peixes (talvez por isso goste tanto do mar), 52 anos, escreve para extravasar a solidão. Tem cinco livros publicados nos gêneros poesia e romance.

Eu Prefiro Regar as Plantas

Leio que Marte e Saturno estão se alinhando no céu

Que Júpiter está cada dia mais próximo.

Penso que enquanto os planetas se conectam

Nos hemisférios tudo é vermelho

Deito no chão da casa quase em desespero e sinto falta de um dia de janeiro

Quando fazíamos coisas mais divertidas.

Nesses dias de tédio e readaptar-se à casa

Trajetos curtos

Repetir assuntos por telefone

Olho a planta baixa da cidade

As rosas que desabrocham no jardim

E prefiro regar as plantas

Mesmo que a loja de discos feche

Porque do sul um amigo canta Maria Bethânia pra mim

Recita um poema

Enquanto as vozes silenciam no rádio e na vizinhança

E nos permitimos essas pequenas fugas.

Banho de Mar

Imóvel na sua cadeira de rodas

Mamãe disse que queria um banho de mar.

Pensei nos afogados

Dizem que são os olhos o primeiro elemento do corpo que se desintegra.

Envelhecer é chorar com o corpo todo?

Mesmo um corpo imóvel?

Mamãe queria um banho de mar

Pensei nos piratas que enterravam os prisioneiros até o pescoço na areia da praia.

E essa sua imobilidade de prisioneiro, mãe?

Você que já foi ave de folego

Que me fascinava com sua capacidade de resistência aos longos voos

Ou atravessar rios a nado.

Agora se contenta com um banho de chuveiro.

Nos seus olhos de pupilas castanhas, não irão nadar enguias, Há coisas da ordem da superfície

Há coisas da ordem das profundezas.

Feito os sonhos que você repetidamente vive.

Cena 6:

Desde o ano passado cuido dos cactos, da pitangueira e do jardim. As lagartas comeram as rosas e as abelhas não aparecem mais, dizem que elas têm um radar nas asas e nos cérebros.

Dentro da casa silêncio: perfeito, completo, permanente branco. Na cama eu e a gata, imóveis, mas ainda há espaço para o amor, para meus cabelos que são brancos desde os vinte e poucos anos, para os machucados nos dedos dos espinhos das roseiras e das ervas-daninhas o tempo outro fosse eu cobriria com babosa macerada e mel.

O jardim explode em brotos e ainda nem iniciaram as chuvas, a gata olha em silêncio os passarinhos que não mais voltaram, como as abelhas e os beija-flores.

Desde o ano passado ouço estalar de asas no lado esquerdo do peito meu corpo é uma lâmina afiada de cartilagens, mas continuo acreditando em ossos, sonhos, verões, mar e felinos.

Desde o ano passado dentro de casa tudo é branco.

Dentro do jardim nenhuma estação definida.

Dentro de mim quase vermelho.

Do Lugar Onde Estou já fui Embora

“Logo, sou/O menino que abriu a porta do Zoo”

(Gilberto Gil)

Na série ‘Big Ben- A teoria’

O personagem de Jim Parsons disse que teria uma tartaruga, como animal de estimação

Que tartaruga seria menos rápida que ele numa fuga

Não tinha pelos

Nas festas a fantasiaria de paralelepípedo.

Pensei nos animais de estimação e porque as pessoas os escolhia

Minha mãe teve um bezerro

Ficou cuidando dele quando a mãe do mesmo morreu no parto

Os vizinhos se incomodavam com sua dedicação

E o ápice foi quando o bezerro entrou numa casa e estragou o jantar de uma família derrubando louças.

Um amigo tinha um zoológico no quintal com papagaios, bicho preguiça, macaco, Até ser denunciado

Não tinha autorização para tê-los.

Uma amiga de uma amiga tinha cobras no apartamento, entre plantas, Um dia descobriu uma das cobras, talvez faminta, engolindo outra.

Há quem adote coelhos, ratos brancos, peixes, calopsitas

Alguns animais exóticos.

Tive vários gatos até nos perdermos uns dos outros

Um era quase sombra

Outro subia no carro porque gostava de brisa

A gata Tulipa ficava comigo na cama silenciosa e imóvel.

Não tive nenhum cão

E saio decidido a recuperar meus bichinhos de estimação

Como os velhos que passeiam sob o sol de domingo

E falam dos seus netos, das suas dores e máquinas de lavar roupas.

HENRIQUE BORRALHO Historiador, professor, cronista e poeta. Trabalha temas do cotidiano com nuances filosóficas . Obra: Versuras Versura

Possui graduação em História pela Universidade Federal do Maranhão (1997), mestrado em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2000) e doutorado em História pela Universidade Federal Fluminense (2009). Atualmente é membro da associação de pesquisa jacarandá da Universidade de Genova, professor permanente do mestrado em letras da Universidade Estadual do Maranhão, professor adjunto iv da Universidade Estadual do Maranhão e coordenador programa pós-graduação em letras da Universidade Estadual do Maranhão. Tem experiência na área de História, com ênfase em Teoria e Filosofia da História, atuando principalmente nos seguintes temas: literatura e historia/, literatura maranhense, literatura, literatura, filosofia, teoria e literatura, contemporaneidade, generos. Bolsista Produtividade UEMA

INÊS PEREIRA MACIEL Graduada em Direito, auditora fiscal, cronista, poetisa e romancista, seus poemas trabalham metalinguagem e lirismo. Obra: Despida

INES PEREIRA MACIEL, natural de Caxias do Maranhão. Advogada, Professora, Poeta e Escritora. É membro efetivo da Academia Caxiense de Letras (ACL), cadeira nº 18; Associada do quadro efetivo da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil – Coordenadoria do Maranhão (AJEB/MA) e Membro da Sociedade de Cultura Latina do Estado Maranhã (SCLMA). Uma das escritoras homenageadas no IV Colóquio Internacional de Literatura e Gênero, promovido pela Universidade Estadual do Piauí – UESPI (2018). Sua atração pelo mundo literário manifestou-se desde a infância. Aos doze anos de idade escreveu sua primeira poesia, intitulada “Quimera”, e que integra seu primeiro livro nesta modalidade. Auditora Fiscal do Trabalho do MTE (Inativa desde 2002), fez parte da Equipe de Fiscalização Móvel do Combate ao Trabalho Escravo e Infantil desse Ministério. Concomitante, foi Professora Assistente da Universidade Estadual do Maranhão (1981-1990). Obras publicadas: Ramas do Tempo (2003)Crônicas / Despida (2008) – Poesia / Virna (2014) – Romance / A Menina dos Olhos de Peteca (2014) - Literatura Infantil / Recôndito (2016) – Poesia.

Um poema de INÊS MACIEL

PROVINCIANA

Sou provinciana, sou como uma abelha, E se assim sou, assim gosto de ser...

Sou rústica, sou da terra, sou cabreira,

Mas sou livre em minha forma de viver...

Sou como a chuva que molha o campo,

Sou como a jabuticaba, pau d’arco, jatobá,

Sou como faísca passageira de um relâmpago,

Sou como um bicho, sou do mato, sou de lá...

Sou como uma nuvem que passa errante,

Sobre um entrelaçado de vida abundante

Onde a natureza e a poesia são as tecelãs...

Mas trago nos olhos o piscar dos vaga-lumes, E entranhado na alma eu guardo o perfume,

JOSELITO VEIGA Servidor público federal e poeta, escreve poemas sobreo cotidiano e sobre os costumes . Obras: Devaneios na Atenas Brasileira; Pensamentos… poesias e reflexões fugazes

Joselito Veiga, nasceu 1961, formado em agronomia e odontologia, é servidor público federal, autor de dois livros. O primeiro chamado de “Pensamentos…. Poesias e Reflexões fugazes” que foi lançando em maio de 2016. O autor já

promete um terceiro volume. “Gosto muito de escrever, e sempre aproveito as inspirações para isso. Muita coisa me inspira durante o meu dia a dia, a noite me tranco no quarto e começo a escrever. Agora começo a pensar em uma próxima edição, que quem sabe próximo ano”, finalizou Joselito Veiga.

Os poemas de Joselito Veiga retratam seu romantismo exacerbado e sua visão realista ou mesmo utópica do mundo, com pitadas sarcásticas sobre a política e a falta de segurança. Não ficaram de fora também poemas que fazem referência a uma das grandes paixões do escritor, o time de futebol Botafogo do Anil.

Servidor público desde 1984, Joselito Veiga sempre foi ligado ao clube de futebol do bairro Anil. Na agremiação esportiva desempenhou diversas funções – foi desde jogador, passando por técnico até dirigente.

Sua dedicação à poesia se intensificou em 2014, quando passou a se dedicar mais à leitura e escrita. As primeiras poesias foram publicadas em redes sociais e, com o incentivo dos amigos, decidiu reuni-las em livro dando origem “Pensamentos...Poesias e reflexões fugazes”.

KISSYAN CASTRO Professor, poeta e pesquisador, sua poesia é cheia de referências e de imagens poéticas. Obras: Bodas de pedra; Rio conjugal; O estreito do Éden.

Kissyan Castro Barra do Corda/MA, 1979). Autor dos livros Vau do Jaboque (2005), Bodas de Pedra (2013), Maranhão Sobrinho – Poesia Esparsa (2015), Rio Conjugal (2016) e O Estreito de Éden (2017). Tem poemas publicados em alguns sites e revistas como Germina e Portal de Poesia Ibero-Americana, de Antonio Miranda. Atualmente colabora no site barradocorda.com. Formado em Teologia, servidor público, membro efetivo da Academia Barra-Cordense de Letras, editor da Revista da Literatura Barra-Cordense (LBC) e professor de grego.

Kissyan Castro (Barra do Corda/MA, 1979) é poeta e pesquisador maranhense, graduado em Letras pela Universidade Federal do Amapá e membro da Academia Barra-Cordense de Letras. Publicou Vau do Jaboque (CBJE, 2005), Bodas de Pedra (Chiado, 2013), Poesia Esparsa de Maranhão Sobrinho (360°, 2015), Rio Conjugal (Ética, 2016), O Estreito de Éden (Penalux, 2017) e Maranhão Sobrinho – O poeta maldito de Atenas (Penalux, 2019). Com participação nas coletâneas “Caleidoscópio” (Andross), “Além da Terra Além do Céu” (Chiado) “Babaçu Lâmina” (Patuá) e “Haicais e Tankas” (Persona), tem poemas publicados em vários sites, jornais e revistas eletrônicas, entre as quais Germina, Mallarmargens, Literatura & Fechadura, Quartetê, e Portal de Poesia Ibero-Americana.

cabeçalho

há dias em que é difícil carregar o sangue tanta mobília e nenhum alarido a vida mais parece uma debulha a inibir o cômputo de pássaros (o chão nos acompanha como uma matilha aturdida na garganta o cadáver e os passos sobre a grama depois) o olhar mudo das cifras arranha a eternidade cotidiana com sua hierarquia líquida há dias e dias e nenhum deles dura uma braça um fluxo um cigarro os búfalos da pele esbarram na noite mínima

espólios

um fêmur eufórico entre objetos espúrios uma felicidade invertebrada

pejada de quintais eloquentes livros

e uma rosa no prepúcio árdua como girassóis mediúnicos

jaula

deus respira por alheios orifícios

mesmo seu nome isento de vértebras deus existe de pés juntos no alfabeto o sangue bombeia a flor mais íngreme de suas mãos

tragédia

contar os dias como quem desce pela uretra conter os anos como quem volta ao embrião deixar a pátria como quem morre sem dias e ânus

mulheres inacabadas

1

o comportamento da luz tem no corpo inúmeras paisagens como a bigorna do sangue a própria espessura espetada no silêncio debaixo da luz por exemplo o carbono perde sua fúria litúrgica não escoa como os jardins na obsessiva nervura dos séculos o comportamento da luz só abriga a luz quando em seu halo dormem verdugos acariciáveis (o comportamento da luz tem suas próprias alimárias nos orifícios do corpo) não queira iludir-se domando janelas e mais janelas não molestes o fonema cumprindo seu plantio o leito tem a mágoa de uma resma hedionda nele as frutas têm som de peixes e as águas falam para os dedos a luz é íngreme falta-lhe a marcenaria dos ritmos e a digestão dos espelhos implícitos a pressa com que se despe segue o mesmo parâmetro das fábulas (há litígio em escoltar fábulas?)

o comportamento da luz tem no corpo inúmeras mulheres inacabadas a inocência com sua geometria de cavalos incircunscritos tem no sangue o sabre de uma idade ancestral 2

há tempos em que na vagina dormem semáforos

o coice da noite arranca um ramo da ilíaca um coice enorme com suas galerias audíveis os semáforos

encobrem a musicalidade das artérias a ilíada que vergasta a têmpora a olaria dos músculos nada segredam

a noite do corpo tem muitos pavimentos sua órbita de água e arbusto percorre a sílaba imensa sílaba no êmbolo de tuas coxas hábil sílaba de muitos pássaros de ideias de idades inquilinas ajuntando frutas e bichos de graves embarcações semáforos

vaginas

a noite do corpo tem muitos pavimentos há tempos em que as noites são condomínios penínsulas

há noites que caem nas repartições no campo com seus cães sonolentos urinando cartazes de campanhas perdidas a sustém a mulher de sete punhaladas de luz a mulher de labaredas de feno e orifício de legumes

imaginar as coisas como mulheres profundas cada coisa ocupada em sua rosa bramindo suas rosas monetárias sob a convulsão das ventas

(soquei o espelho e com os cacos compus maçãs garfos

enigmas

o sangue é puro ofício minhas mãos corrompem a livre demanda) apalpo a abrupta respiração da noite com minha torre de leite e minha ogiva concêntrica

e à essência feminina. Obra: Poesia em 3 tempos

NATÉRCIA MORAES GARRIDO Professora, ensaísta e poetisa, escreve sobre temas relacionados ao tempo

Graduação em Letras Português/ Inglês e Respectivas Literaturas pela Universidade Estadual do Maranhão - UEMA (2003). Especialização Latu Sensu em Ensino-Aprendizagem de Língua Portuguesa pela Faculdade Santa Fé (2006). Mestrado e Doutorado em Literatura e Crítica Literária pela PUC-SP (2016; 2023). Professora de Língua Inglesa e Língua Portuguesa do Instituto Federal do Maranhão Campus Caxias (MA); professora das disciplinas Morfossintaxe de Língua Latina, Filologia Românica, Lusofonia e Literaturas de Língua Portuguesa e Inglesa na Universidade Estadual do Maranhão - UEMA Campus Caxias (MA). É tradutora e revisora de textos de Língua Inglesa e Língua Portuguesa. Atua como intérprete Inglês / Português e Português/Inglês.

RAFAEL OLIVEIRA Médico e escritor, sua poesia é minimalista e mescla aspectos práticos da vida com um olhar poético. Obra: O avesso abstrato das coisas

RITA DE CÁSSIA OLIVEIRA Professora de Filosofia, ensaísta e poetisa, sua poesia é voltada para o universo feminino e traz críticas sociais. Obra: (Re)Nascer Mulher

Possui Graduação em FILOSOFIA pela Universidade Federal do Maranhão (1993), Mestrado em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas (2003) e Doutorado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2009). Atualmente é Professora Associada lll da Universidade Federal do Maranhão. Vice-Coordenadora do GT Hermenêutica da Associação de Pós Graduação em Filosofia - ANPOF no período de 2020 à 2021. Consultora ad hoc da FAPEMA. É Professora Permanente do Mestrado em Letras-PGLetras, com linha de pesquisa em Estudos Teóricos e Críticos em Literatura. Professora Permanente do Mestrado Acadêmico em Filosofia-PPGFIL, com linha de pesquisa em : Linguagem e Conhecimento. Atualmente, faz Estágio Pós-Doutoral na Universidade Federal do Piauí. Tem experiência nas área de filosofia atuando principalmente nos seguintes temas:Hermenêutica, Literatura, Memória, Tempo, História, Metáfora, Educação e Ensino.

THEOTÔNIO FONSECA Professor de Língua Portuguesa e poeta, tem uma poesia voltada para as estruturas clássicas e com temas variados. Obra: Poemas itapecuruenses & outros poemas Theotonio Fonseca é um bom nome das letras do Maranhão, com formação sólida e com alguma caminhada já realizada. Seu poema se apresenta com uma tónica corpulenta, dentro de uma poética de alto fôlego. Dialoga com a tradição, com o clássico, com a mitologia universal e bíblica, trazendo, por vezes, matizes de uma linguagem com sabor das raízes do chão natalício e, desse modo, nuances que tomam por empréstimo as cores das nossas aves.

Um conjunto de referências, de variado repertório, conflui nas camadas theotônicas do rio literário do bardo itapecuruense. É prazeroso sentir, no seio deste novo livro, As bodas de Sapequara, uma evocação de elementos ancestres. Chamou-me a atenção, também, uma seção inteira de poemas que refletem sobre o processo misterioso de nascimento do texto poético, mas que vai além da simples metalinguagem no seu enredamento, assim notamos uma poesia com fome de infinito e que executa recitais para todas as plateias.

THEOTONIO FONSECA DE SOUSA nasceu dia 11 de abril de 1985. na adolescência descobre o fascínio pela literatura, produzindo seus primeiros textos em prosa e verso. graduado em letras pela faculdade atenas maranhense e especialista em língua portuguesa e literatura brasileira.

WELITON CARVALHO Professor, juiz e poeta, apresenta uma poesia bastante inventiva e carregada de simbologias sociais. Obras: Geometria do Lúdico; Ócios do ofício; Travessia sem fim

Weliton Carvalho - Direito & Literatura

Weliton Carvalho nasceu em Bacabal-MA no dia 05 de novembro de 1965. Com uma semana de nascido voltou para Santa Inês-MA, cidade em que seus pais moravam, onde permanece até os 10 anos de idade. Nesta época forja sua base poética no convívio com os amigos de infância, a observação das injustiças sociais, a indiferença dos seres humanos pela dor alheia, a religiosidade da mãe e os fatos minúsculos do cotidiano desapercebidos por muitos, contudo que para ele lhes eram caros. Em 1976 vai para São Luís estudar no colégio maristas junto com suas irmãs. Empreitada feita com grande sacrifício por parte dos pais. A cidade lhe era totalmente estranha, mas se adaptou a esta outra realidade permeada de solidão. Foi um tempo de ruminar. Naquela época as férias escolares duravam três meses e com isso podia voltar a Santa Inês e privar com os colegas se alimentando da poesia da cidade, que para os demais parecia ser puro cotidiano vulgar. Santa Inês é, definitivamente, província e universo.

Depois de uma breve passagem por Goiânia em 1983, chega ao Recife em 1985. Na capital pernambucana cursa ciências jurídicas na Universidade Católica de Pernambuco, onde também obtém o título de Especialista em Direito Público. Logo depois se inicia no magistério superior nesta mesma instituição. Em um curso de espanhol conhece Beatriz, eterna musa. Por tal motivo tem uma predileção pela língua de Cervantes. Exatamente por isso o primeiro poema publicado neste site tem o título de Enamorado, palavra também existente em língua portuguesa, mas de maior presença no idioma de Federico Garcia Lorca e com a densidade do vocábulo paixão para os falantes do vernáculo de Camões.

Inicia curso de mestrado em direito em 1993 na Faculdade de Direito do Recife. Em 1995 regressa ao Maranhão. Ingressa na magistratura em 1997. Casa-se em 1998, em Recife, com Beatriz. Tem três filhos. Estreia na literatura com o título Travessia sem fim (1999). Seguem-se ao título de estreia: Descobrimento do explícito (2000), Sustos do silêncio (2001), Tempo em conserva (2006), Geometria do lúdico – obra poética reunida (2008) e Ócios do ofício (2019). Também conta com dois títulos infanto-juvenis: Pés no chão cabeça nas nuvens (2011) e Cabeça nas nuvens pés no chão (2012).

Conclui doutorado pela Faculdade de Direito do Recife (2014). Publicou os seguintes livros jurídicos: Despedida arbitrária no texto constitucional de 1988 (1998) e Direitos fundamentais: constituição e tratados internacionais (2014).

Entre 2008 e 2017 exerceu o magistério superior na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Atualmente é professor adjunto da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Piauí (UFPI).

DIABÓLICOS

CATARSE Quem conversa sozinho, dificilmente enlouquece ou perde o amigo. VIDA REAL A vantagem de ser ator é que se tem uma vida real. CATEGÓRICO Não use o verbo ser para dizer a verdade: ele é muito categórico. O PORQUÊ As mulheres adoram os poetas, porque eles sabem das entrelinhas. AQUI ENTRE NÓS Queria escrever um livro de aforismos, mas […]

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TRAVESSIA DESATADA

a Liratelma Cerqueira Fuligem e flor de manhã azul-banal zunindo entre negócios, adultérios e juras de amor. (escorregadias e vagas as horas fluem reptícias carcomendo a vida) A vida, esta pergunta infinita e urgente para

qual todas as respostas incompletas. Esse encantamento que se dilui entre ciência e filosofia – entrecortada da mais sofisticada teologia há séculos – na […]

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FOGO AMIGO

FOGO AMIGO Os homens não reparariam na celulite não fossem tuas amigas. PODER DA PROPAGANDA O pregador exaltava tanto o diabo que os fiéis passaram a cultuá-lo. ESTILO O escritor que não se repete não cria o estilo.

ESCRAVO Quando se escreve preocupado com a crítica, a autocrítica censura tudo. INSUPORTÁVEL Não fosse a mentira, o mundo seria insuportável, porque […]

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MÉTODO CARTESIANO

RESULTADO DO TESTE VOCACIONAL ─ Bem, você tem um forte olhar fotográfico. ─ Será que por isso cometi o desatino de ser poeta? COR DA ESPERANÇA O alaranjado devia ser a cor da esperança: é a cor preferida da aurora.

SEM ESPELHO Por séculos de guerras e tanta maldade quando lembra que fez os seres humanos à sua imagem e […]

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ENIGMA QUASE CARTESIANO

I. Pode irromper do mais recôndito labirinto da memória, onde uma lembrança acende manhãs e tardes infinitas que insistem em não morrer, embora solucem saudades já desbotadas nos olhos que seduzem a sinfonia do fim (os olhos azuis do velho retrato ainda lampejam poesia). II. O engenheiro faz o poema de lógica cartesiana, – assim o escrevia o gênio de […]

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MARISTAS

a Ir. Jorge Há vinte anos aquela tarde não se restaura e aqui estou do mesmo modo quase a acreditar que aquela tarde podia ter me dito o mundo na exata lição matemática da vida. A incidência do sol sobre o último galho dessa árvore forma a sombra onde estou mais uma vez sentado (como estive há vinte anos […]

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DOCE VINGANÇA

COR DA ESPERANÇA O alaranjado devia ser a cor da esperança: é a cor preferida da aurora. SEM ESPELHO Por séculos de guerras e tanta maldade quando lembra que fez os seres humanos à sua imagem e semelhança, aposto que Deus evita o espelho ou o tenha quebrado. ALQUIMIA As bruxas adoram casamento: a escala industrial da alquimia de transformar […]

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DESATINO

Poeta é todo aquele que transborda diante da vida e, sem um porquê, deságua em meio a tudo comovido. Poeta-se em um jardim para contemplar uma folha seca que balança à brisa da manhã mormente no vento veloz que dissipa no ar seu destino incerto no enigma da vida: um simples roçar de mão abarca sua vida inteira, poderia ali […]

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ORIENTE MÉDIO

a Marlene Araujo No Oriente nada é médio: tudo é extremamente nada em meio à guerra (solo encharcado de sangue, a vida respirando o terror). No Oriente (na Síria ou em Gaza) as armas brincam com as crianças, ensinando: a paz, um lenço branco – as oliveiras choram na Palestina sobre os cadáveres dos pequeninos. Dentro da noite, o […]

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DA JANELA DO AVIÃO

Avião, pássaro de aço, voa, voa, voa. Pássaro de aço, voa a dissipar o medo em nuvens. Pássaro de aço, voa sobre um mundo habitado de pedras. Pássaro de aço, voa a dissipar pedras em nuvens. Pássaro de aço, voa, voa, […]

LUÍS INÁCIO OLIVEIRA nasceu em São Luís do Maranhão, em dezembro de 1968. É professor do curso de filosofia da Universidade Federal do Maranhão. Publicou em 2012 o livro de poemas Forasteiro rastro e em 2008 o ensaio Do canto e do silêncio das sereias – um ensaio à luz da teoria da narração de Walter Benjamin, nascido de uma pesquisa de mestrado.

ARREBOL

o que não mata a sede do aguardente o que afoga dentro da voz da cantora o violão de 7 cordas o que naufraga a tempo de virar gesto e degringola cacos de vidro assim chamados madrigais noturnos o que te espera na próxima esquina e nem te lembras com alarde o que se deve à cicatriz de uma palavra e é alado e ilegível

FILIGRANA

na página o luto do alecrim passeia como fora a luta do afogado a haste da lua o jasmim na veia quando aflora alheia a noite o silêncio onde a puta cheia de dedos tateia

RESTO DE MANIFESTO palavras mais secas sem esses enfeites a não ser os assim esfarelados esfarinhados ao gosto do despejo limpar o terreno uns poucos cacos

3 rolos de arame farpado só nessa tarde já provaste a Praça Deodoro armada assim entre os teus dentes? encouraçada: croas do sábado? escancarar a porta dos fundos abrir espaço beber abril nenhum oboé nenhuma verbena um escangalho alguns latidos e uma máquina de esburacar à noite

BOTECO

de onde espias a curva que um corpo faz antes do mais irrisório rio e bebes chispas uivos baratos comes dilúvios muvucas ovelhas negras comes com os olhos sem pressa e mesmo dardejas sessões de cinema esquecidas já no fundo, farelos do sanduíche relâmpagos mesquinhos que sem jeito ainda ateias assim ateu no rosto de quem passa como se nem selva súbita fosse

SEBASTIÃO RIBEIRO (São Luís – MA, 1988) é poeta e professor de Língua Inglesa, graduado em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão. Componente da obra Acorde (Scortecci, 2011), com Igor Pablo Dutra e Weslley S S Costa. Autor de & (Scortecci, 2015), Glitch (Scortecci, 2017) e Memento (Penalux, 2020). GAVETA, GALÁXIA: www.sebastiaoribeiro.blogspot.com

Provisório

um motivo não tenho pronto nem palavra calma que circunde o que não é este espaço desinteressante e o que dele espera algo do espaço e afinal de que espaço falamos? gritos tenho alguns e mesmo que cheguem até o outro lado da matéria pouco dirão alguns esperam daqui algo como ‘barco feroz em cabeleira azul’ ou

‘tessitura molhada duma alma’

mas

… o poema consome parte do tempo que me faria pegar um lotado menos cheio o poema consome o homem abatido queimando seu espírito fora do prazo de validade sim o homem é a fruta podre que nutre a árvore sob o sol desfigurante o homem em tudo que se conhece sou eu que procura outros homens numa dúzia de maneiras tristes maneiras que me pedem uma casa com plantas sem metáfora em seu terraço e mato surgido debaixo do concreto bocejando uma flor de cor aparentemente eterna vejam pois que o escrito e os ossos que o imprimem são um algo só precisos & parados num ou outro instante do dia enfim somos uma erva que índios evitam

Progressão harmônica atrás dos olhos

a mínima lealdade

que me faz virar as costas ao trajeto branco caminhado comensal do futuro inventam-se ermos de possibilidade mínima

mais à frente cordilheira pálida mascara terreiros onde moram as convenções: os sonhos e os planos e o silêncio que me magoa me faz esquecer aquele homem considere-se a coerência o mote benfazejo à azia dos dias em nuvens cretinas – perdi o senso para escolhas na imagem de uma mãe e seu filho na embalagem de sabonete antibacteriano motoristas de lotação insolentes me giram

a) mude de emprego b) compre um apartamento c) se apaixone e consisto em tomar do mesmo caldo de fracassos de ordem ancestral ao fim do dia

meu centro dói ossos e artérias me vigiam com notas promissórias as mãos entupidas no barro amarelo me fazem tão da terra como de qualquer outra coisa

o destino parece perder as calças pareço sempre dizer a mesma coisa para a mesma louça qualquer parte lá em cima me ajude qualquer acordo aqui me alumie

Yosuke Yamashita

Se estou o músico insistente na última nota pétrea perfurante / sou o piano aberto flamejante querendo voar

Propósito

Herdeiro do próprio reflexo em meus termos sorvo o fruto mundano da árvore néscia tramo uma dor supérflua acessória ao único corpo que posso queimar fracionado apesar do piso dos índices cinemáticos do governo cresci além do broto pisado de meu sorriso metálico protubera a mesquinhez Cogito ascese com um pedaço de filé na boca descalço maldigo o nome do que desistiu de mim Descalço consulto o tempo costuro as órbitas do afeto em rede social sustento: o que tenho é fascículo de destinos – o que não –mostras do eterno longe dos corpos que tive das partículas do que fui imagino em meu caminho algo do suspiro daqueles deuses convulsivos entranhados nas paredes da Unidade 731

Brasil

Uma questão me rastreia –onde caibo nessa boneca mutilada que o moleque serra a boca algum plano aqui me cultiva vizinho

as florestas de vinil queimadas

geração a geração por nada foram fábulas epístolas bulas sermões aqui onde sou peso o barro molha a chuva a pedra come o mar são ossos a tua carne onde me imprenso me insinuo onde que distante anúncio é esse que extravia a vida neste eterno maio há nuvens de milhões que negam o espelho dissolvem vergalhões a cada bravata

sugam-se o miolo absorto

dando de comer ao grito pio

onde sou quando todo quanto do todo estou eu

ARQUIMEDES VIEGAS VALE

Nasceu a 22 de julho do ano de 1949. Médico, professor universitário, articulista e poeta. Membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES-MA). Autor do livro Resíduos Cartesianos – Apologia do Abstratopoesias, e muitos trabalhos científicos. Ex-Presidente da Academia Sambentuense, fundador da Cadeira 31, patroneada por Florêncio Soares. Membro fundador da Academia Ludovicense de Letras. Ex-presidente da SOBRAMES.

Membro correspondente da Academia Tupâense de Letras Artes e Ciências. Membro correspondente da União Brasileira de Escritores / Rio de Janeiro Membro Titular da Academia Maranhense de Medicina Prêmio “Stella Leonardos” da UBE/RJ para o livro “APOLOGIA DO ABSTRATO” Medalhas Bicentenário da Justiça Militar – Brasil 2008. Newton Bello – Prefeitura de São Bento – 2013.

Eleito em 12 de janeiro de 2002, empossado em São Bento aos 15 dias de setembro de 2002.

DÉA ALHADEFF Déa Alhadeff, escritora maranhense é bacharel em direito. Lançou o primeiro livro com 21 anos, o primeiro da série Os segredos de uma jovem espiã, que inicialmente começou na internet e ganhou preferência para mais de 500 mil pessoas, Déa é premiada pela Academia Brasileira Poética e sócia da Associação Maranhense de escritores independentes. tem três livros lançados e mais 2 para lançar em 2021. Faz trabalhos sociais e dá palestras em diversas escolas com incentivo à leitura. Seus personagens são fortes e destemidos, assim ela acredita que pode inspirar e incentivar jovens e adultos.

Déa Beatriz Lobato Alhadeff Natural de São Luís do Maranhão. Aos 17 anos começou a escrever, concluindo seu primeiro livro aos 19 anos de idade. Filha do engenheiro civil Ben-Hur Pestana Alhadeff jr, cuja a família provem de nobre linhagem da cidade de Tel Aviv. Sua mãe pedagoga, Maria Benedita Lobato Alhadeff, descende de família portuguesa, a qual teve como representantes grandes escritores brasileiros. Cursou todo o ensino fundamental na instituição privada Colégio Educator, e ensino médio no Colégio Educallis. Atualmente, acadêmica do curso de direito em prestigiada universidade de São Luís. Livro originado da história e série virtual 'Forever a young spy'.

EVILÁSIO JUNIOR Evilásio Júnior, filho de Evilásio Alves de Morais e Lusia Rosa Cunha Morais; nascido em Santa Inês-MA, em 10/09/1984; graduado em Letras pela Universidade Estadual do MaranhãoCampus Santa Inês; Acadêmico de Filosofia pela Universidade Estadual do Maranhão - UEMANET. Foi descoberto para a produção literária por uma professora de Língua Portuguesa, no Ensino Médio, aprendeu a importância de vestir com as letras a alma nua. Tem poemas, crônicas e contos publicados por antologias no Brasil. Autor do livro de poesia Pulsões de vida e morte.

JONILSON SILVA BOGÉA, brasileiro, maranhense. É Escrivão de Polícia, especialista em Gestão de Segurança Pública, Defesa Civil e Cidadania (UEMA); membro correspondente da Academia Vianense de Letras-AVL, membro da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, membro da Academia Intercontinental de Artistas e Poetas e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM. Autor do livro “Lampejos Poéticos”.

GABRIELA LAGES VELOSO é escritora, poeta, crítica literária e mestranda em Letras pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Atualmente, é colunista do Feminário Conexões. Já colaborou com coletâneas e revistas no Brasil e no exterior. É autora dos livros Através dos Espelhos de Guimarães Rosa e Jostein Gaarder: reflexos e figurações (Editora Diálogos, ensaio, 2021) e O mar de vidro (Caravana Grupo Editorial, poesia, 2023). Além disso, é organizadora da Antologia Poéticas Contemporâneas: uma cartografia da escrita de mulheres (Brecci Books, 2023).

(Re)ver

Enquanto vivemos desatentos, valorizamos coisas banais, a rotina se transforma em nossa maior prioridade. O essencial se torna invisível aos olhos, consciente ou inconscientemente. Nosso olhar não se fixa em nada que não nos diz respeito, e, apesar de compreendermos a existência e injustiça da desigualdade, tudo que se refere ao Outro torna-se Nada.

(Re)começo

Dias iguais, formam pessoas iguais, que vivem vidas iguais. E, assim, o ciclo recomeça. Até o instante em que um livro é aberto. E a realidade salta diante de um par de olhos atentos, de alguém que será tachado de ridículo por pessoas ocupadas pelo cotidiano. Tanto tempo se passou, mas ainda temos medo de sair da caverna.

(Re)construção

Desde crianças, somos ensinados a ver o mundo. Ver e não-ver. Decoramos (pre)conceitos, que formam muros tão altos, que somente o conhecimento pode ultrapassar. Mas, a cada nova descoberta e exercício de empatia, são criadas frestas nesse alto muro. E através delas surgem pequenos fachos de luz. Luz que nos deixa

temporariamente cegos, e, talvez, por isso, nos faça enxergar, por um instante, para além de tudo aquilo que já havíamos visto antes.

* (Re)lembrança

Hoje falo em nome de todas as mulheres do passado, presente e futuro.

Escrevo para que tudo que minhas ancestrais viveram não seja apagado.

Escrevo porque acredito que somos todos iguais, independente de cor, gênero ou fé.

Escrevo para que nossas conquistas não sejam levadas pelo vento.

(Re)viver

Agendas cheias de compromissos vazios nos tornam apáticos e indiferentes ao mundo ao nosso redor. É preciso que algo aconteça para nos acordar do transe cotidiano. Esse é o papel da arte: trazer um sopro de vida aos nossos dias e apurar nossos olhares e consciências. A arte –em cada nota, tinta ou letra – salva vidas.

SAMUEL BARRÊTO (Pedreiras/MA, 1968). Professor, escritor/poeta/cordelista e compositor/letrista brasileiro. Integrante do projeto cultural Da Golada Pro Brasil, membro fundador da Associação dos Escritores e Poetas de Pedreiras (APOESP) e da Academia Pedreirense de Letras (APL). Condecorado, por seus méritos literários e culturais, pela Câmara Municipal de Pedreiras, com a Comenda Corrêa de Araújo. É o autor de SOS Libertação (1997), A Rua da Golada e Sua Identidade (2009), Caderno de Passagem (poemas, Edufma, 2013), Versos Cinzentos (poemas, Ética, 2016), A Peleja de Luiz Bico de Agulha com o Guaxinim Cagão (cordel, em parceria com Edivaldo Santos). Possui publicações em jornais, revistas e antologias como Mil poemas para Gonçalves Dias e Coletânea Poética de Pedreiras (todos os volumes lançados). Em 2007, foi vencedor do Plano Editorial Gonçalves Dias – Categoria Crônicas, organizado pela Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão. [Seleção de textos: Ana Neres Pessoa Lima Gois]

Memorial Samuel Barrêto (@poetasamuelbarreto) • Fotos e vídeos do Instagram

Muros

Conheço quando o caminho

Ganha atalho e que ficarão muros

Para novas caminhadas.

O sabor da verdade

Habita na minha intuição…

Não sei voltar por vielas

Que não são mais

Do meu pertencimento.

Não sei dividir incerteza

Prefiro tomar um café

E calar o silêncio

Do que não foi dito.

188

A casa que morei

Vez por outra

Vem me visitar

Nos longos sonhos

De algumas Madrugadas.

Cento e oitenta e oito

Marca o seu endereço,

Numa placa de plástico

De cor azul

e números brancos.

Os movimentos dentro do lar

Ainda hoje são mesmos…

Minha mãe, meu pai,

Os meus irmãos e os primos,

Que não são poucos…

Até os amigos que se foram

Estão sempre por lá.

Mas o duro presente

Parece querer aniquilar

A casa dos meus sonhos…

O endereço já não é mais

Com números brancos

Amarelados pelo tempo

E nem a placa é mais azul…

A calçada de bons papos

E violão nas madrugadas

Hoje está tão desbotada…

Mas na minha imaginação

A casa cento e oitenta e oito

Da minha amada Rua Cantanhede

Continua da mesma maneira

Nos meus sonhos do presente.

Porto da Madeira

Mar… Uma lembrança na poeira

Água nos olhos: Só devastação,

Fina saudade do porto da madeira:

Um tempo feliz: Agora, exploração.

Poente

O sol nas grades da estrada

Ilumina um raio do poente

Uma lua de cor avermelhada

Ponteando a glosa do repente.

Vai sol descansar sua energia

Dando forças aos raios do luar,

Cor de ouro se faz em poesia

Aguçando os olhos de sonhar.

Caminhantes se vão pelo caminho

No caminho cumprido de chegar

Imagino o destino, um som a pino, De quem fica pensando em voltar.

Fui a Serra rever meus ancestrais

Nas pinturas bordadas de segredo, Pedras vivas nos dando os sinais

Que na vida se vive além do medo.

Reconheço o braço do trabalho

Liberdade velada em contramão,

Nesse jogo ignoro meu baralho:

As migalhas que ficam no sertão!

Um poeta reclama na canção

Pelo tempo que o povo era a voz, Gavião era o guia e com razão

Sem o medo da frieza do algoz.

KLEBER CANTANHEDE LAGO, mais conhecido como Kleber Lago (Pedreiras, Maranhão, 21 de fevereiro de 1942)[1] é um poeta ex-presidente da Academia Pedreirense de Letras (APL)[2] ,Membro da Academia Poética Brasileira (APB)[3] e da Academia Brasileira de Sonetistas (ABRASSO), também ex-vereador de Pedreiras (MA) pelo MDB[4][5]

Biografia

O maranhense Kleber Cantanhede Lago nasceu na cidade de Pedreiras, em 21 de fevereiro de 1942.

Formado na Faculdade de Economia e Finanças do Rio de Janeiro, o curso de Ciências Contábeis que veio a concluir na Federal do Piauí.

Os loucos de minha terra

Amar e Escrever

Viagens para dentro e fora de mim

Um pouco de cada momento

Sonetos de ontem e de hoje para sempre

Livros disponíveis no site de Kleber Lago e alguns com publicações em impresso.

Referências

Livro: Pedreiras-MA: ontem e hoje! - História Local cita Kleber Lago.

Kleber Lago recebe diploma de membro da Academia Poética Brasileira(APB)[1]

Livro: Literatura Pedreirense disponível no Issuu[2]

Kleber Lago filiado, mas não concorrendo mais a cargos políticos ao antigo Partido do Movimento Democrático Brasileiro(PMDB), atual MDB.[3]

Ligações Externas

Livro: Pedreiras-MA: ontem e hoje! - História Local cita Kleber Lago.

Kleber Lago recebe diploma de membro da Academia Poética Brasileira(APB)[1]

Livro: Literatura Pedreirense disponível no Issuu[2]

Kleber Lago filiado, mas não concorrendo mais a cargos políticos ao antigo Partido do Movimento Democrático Brasileiro(PMDB), atual MDB.[3]

Kleber Cantanhede Lago, mais conhecido como Kleber Lago (Pedreiras, Maranhão, 21 de fevereiro de 1942)[1] é um poeta ex-presidente da Academia Pedreirense de Letras (APL)[2] ,Membro da Academia Poética Brasileira (APB)[3] e da Academia Brasileira de Sonetistas (ABRASSO), também ex-vereador de Pedreiras (MA) pelo MDB[4][5]

RAIMUNDA PINHEIRO DE SOUZA FRAZÃO nasceu em Campo de Pombinhas - Cantanhede MA. No dia da Poesia, 14 de março de 1951. Filha de Crispim Souza e Idalina Pinheiro Souza. Técnica em Edificações pela Escola Técnica Federal do Maranhão. Graduada em Teatro pela UFMA com Registro de Atriz no Ministério do Trabalho.

Escritora, artista plástica com 6 prêmios em fotografia, sendo 4 deles em primeiro lugar. Com mais de trinta publicações entre livros e cordéis. Tem dois primeiros lugares com os cordéis: João do Vale em Cordel em São Luís e História do Náutico em Cordel em Fortaleza.

Com a poesia Maria de Sempre, ganhou o primeiro lugar em um concurso da Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro na Cohab, em São Luis. Com o conto Aventuras de um Cachorro Viajante, foi classificada para participar do livro 500 Outonos de Prosa e Verso, organizado por Arnaldo Geraldo para comemorar os 500 anos do Brasil. Morou em Pirapemas, onde com com 7 anos de idade, estudante da Escola Reunida Ribamar Pinheiro, escreveu e declamou seus primeiros versos. Morou em São Mateus do Maranhão, onde Estudou no Ginásio Bandeirante.

De lá, veio para São Luís já classificada para a Escola Técnica Federal. Trabalhou 26 anos nos Correios, escreveu na Época poesias para todos os eventos da Empresa. Mora desde 1992 em São José dos Indios - São José de Ribamar. Com o esposo fotógrafo Mobi (falecido em 2007),fundaram um trabalho comunitário MOVERSARTE - Movimento Ecológico Regional de Saúde com Arte. Onde era Secretaria. A ONG foi extinto em Junho de 2011, quando o prédio com todos os bens foram doados para a Prefeitura de Ribamar.

Atualmente faz trabalho voluntário, declamando poesias em Escolas, hospitais, Praças, Bibliotecas etc.

Já declamou suas poesias em muitas cidades do Maranhão, em todos os Estados do Brasil, em Brasília. Já declamou em vários países. Em setembro de 2019 participou e Luanda - Angola - África da Bienal de de Luanda pela Cultura da Paz. Onde a poesia Grito por Paz do Livro Lugares e Momentos foi muito solicitada e aplaudida.

Foto: https://www.recantodasletras.com.br

ALDEMIRA AGUIAR Aldemira da Costa Aguiar. Viúva, aposentada, artista plástica, maranhense de Bacabal, mas mora há 38 anos em Marabá-PA

VII ANUÁRIO DA POESIA PARAENSE.

Airton Souza organizador. Belém: Arca Editora, 2021. 221 p. ISBN 978-65-990875-5-4

Ex. Antonio Miranda

ESCOLHI VIVER BEM

Escolhi o céu, fui morar

As portas não se abriram

Escolhi a Lua, São Jorge

Não me recebeu

O Sol, não deu... era muito quente

As nuvens não me seguraram

Das montanhas, não gostei

Nos vales, não me adaptei

Segui o caminho dos ventos

Me perdi, não alcancei

Amei a praia, mas me resfriei

Parei no tempo... e agora?

Sou pedra sem limo

Sou flor sem perfume

Sou folha caída

Sou barco sem leme.

Pelo mar da vida, a vagar

D E V A G A R...

IMPASSE

Um adeus

Um até breve

Traz a dor de uma saudade

De quem fica

Ou de quem vai

Qualquer que seja a distância

O tempo é tempo demais...

O cérebro se aborrece Briga com o coração

O coração diz que sim

A cabeça diz que não

A luta segue viagem

É a força do bem e do mal

Corroendo, maltratando

Em um impasse infernal

Um sentimento absurdo, foge à força da razão!

Há um abismo entre nós

Não há como ultrapassar

São caminhos diferentes

Chegamos tarde demais

Pra unir ou separar

Só nos resta esperar...

EBE JAQUELINE DE OLIVEIRA

Nascida na cidade de Poção de Pedras, Maranhão, passou toda a vida no Distrito Federal. Nesse Plano, nasceram seus filhos - Sofia e Armandinho - expressões da sua própria alma e espiritualidade. Formou-se Professora de linguagens e é psicanalista em formação. Na dança, tudo aquilo que revela revela-se em expansão. Na condição de escritora encontrou na poesia sopros de vida e novos movimentos de integração com a palavra, com o outro, com o mundo. Na figura inquieta e em constante construção, fundem-se a oficineira de artefatos manuais, a editora em progresso, a mulher das vivências de sabores e saberes e a paixão pelas experiências de trocas com os semelhantes. Nesse primeiro livro reside uma busca constante tecida ao longo de toda vida: modos de entender, de amar e de respeitar cada existência.

OLIVEIRA, Ebê Jaqueline. Poemas para divã. Brasília, DF: Avá Editora Artesanal, 2019. 55 p. 15 x 21cm. Capa: Nestor Jr. e Edward Bonasser Jr. Posfácio: Iryna Maia. ISBN 978-85- 54295-19-6 Ex. bibl. Antonio Miranda

terapia à parte

parto de realidades nem concretas nem reais

fantasias luxidadas no divã

VENTRES LIVRES

Na barca em vida prelúdios de pó entre rios e terras

Essas canções de gestar

Pés descalços

Sola, linhas e calcanhar

Caminha se o caminho faz canções de gestar

Pare sem gritar

E essa dor de mãe multidão

De colo a nanar, a ponte, o ser, o amar

Comendo pastel de vento

Voou pensamento sem lenço e sem documento

Parei na solidão das fases

Frases imbuídas de pranto

No regaço o canto de crases

Pastel de vontades

Devoradas pelos nãos

Bebo o líquido das feridas

Nos lábios, no coração

FILHOS

Entranhas e sangue

no ventre verde róseo musgo

Calor de um colo

Incólume

Ardor de corpo ileso

Sem peso

Sem nós

laço e fio de aço laços e fio de aço

EDUARDO BORGES

Eduardo Borges Oliveira nasceu em São Luis do Maranhão. “...Eduardo Borges, neste seu livro de estréia, indica e nos revela um percurso que haverá de levá-lo à plena realização dos seus versos: frutos verbais, a que ele, diga-se de passagem, imprime uma cor pessoal, sobretudo nos poemas curtos, de uma contenção ancorada pela imagística que lhe é própria e de sugestiva força criadora.” Nauro Machado

Possui graduação em Letras - Francês pela Universidade Federal de Uberlândia (2012). Atua como professor de língua francesa e português para estrangeiros como autônomo.

De SUSSURROS

São Luis: Chama Maré, 2008.

SEM DESTINO

Hoje ainda volto.

Vou ali, andar, ou não sei o quê. Talvez deslizar ante o imanente acaso. E minha alma tão longe do pensamento...

TESTAMENTO

Preparem-me lentamente o funeral, com desdém de tudo que sou e nunca fui. Cavem com pouco esforço e economia um buraco torto num ninho de vermes para que seja rápida

a refeição.

Depois, esqueçam-me.

ACUADO

Gosto de meus óculos escuros nunca os tive: são marcas, cicatrizes no rosto, nada mais. Imagino tê-los e escondo minha vergonha.

Assim, vejo o mundo negro como a lápide que esconde o labirinto perdido, cheio de ossos indigentes (como eu). Encosto-me na parede e espero. Sou um corpo nu qu ninguém percebe.

NO CENTRO DE MIM ESTE SENTIMENTO

eu sou esse eu sou isso

um cansaço um aviso

tanto oculto como omisso

PERTO DE MINHA CASA

O carnaubal queimado

Calor de árvores contorcidas

Uma estrada de barro vermelho

Casa de pau-a-pique

Enxadas carregando braços

Animais secos comendo o chão

Meninos grávidos

Pais endividados e amargos

Mulheres sofridas e secas nenhum espaço para o romantismo no sertão

À QUEDA

Quedei, como muitos, e veio a solidão uma senhora aproveitadora (velha matreira sem olhos), alma escondida entre os móveis.

Foto: https://almanaqueliterario.com/

ENEIDA CRISTINNA Reside em Colinas/MA. Eneida Cristinna, natural da cidade de Colinas, Maranhão. Poetisa nata, autodidata, foi bancária, e agora dedica-se à sua paixão, a arte da escrita, especialmente à poesia. Escreve há dois anos em sites e páginas virtuais, publicando textos filosóficos e poesias.

ANTOLOGIA POÉTICA. Sarau Brasil 2016. Concurso Nacional de Novos Poetas. Organização e apresentação Isaac Almeida Ramos. Cabedelo, Paraíba: VIVARA Editora Nacional, 2016. (Série Novos Poetas no. 19. 446 p. ISBN 978-85-920158-2-1 Ex. bibl. Antonio Miranda

Em fios de ouro e emoção

Minha doce alma se vestiu de sonhos, maravilhada de amor e versos encantados das mãos ternas a tecer a vida em fios de ouro e emoção...

Ao percorrer a sina, a sonhadora alma de menina não encontrou flores pelo caminho, as pedras cortantes e o sol ardente, ressequiram a sua frágil ilusão...

Doce alma vestida de quimeras, a felicidade que procuras não é daqui, é dos céus, ela mora dentro de ti, nas entrelinhas do teu coração tecido de emoções e esperas...

Foto: https://br.images.search.yahoo.com/

FRANCISCO MOREIRA FILHO ( Maranhão – Brasil ) Reside em São Luís do Maranhão. Sou servidor público federal e tenho já três livros publicados de forma independente. Sou poeta e também tenho trabalhos em prosa. Atualmente escrevo um livro de contos. Meu esporte favorito é futebol. Gosto de música e cinema. Obras literárias Escrevi as seguintes obras literárias: Romantismo e Contradições Poéticas, em 1996, com segunda edição em 1999, bem como: Devaneio-Poemas Para Quem Ama, em 2000, e Amor InfinitoPoemas Para o Senhor, em 2006. No campo artístico religioso representei a Região Nordeste do Brasil, em agosto de 2001, no Estado de Aracaju - SE, e em outubro do mesmo ano, na cidade de Cachoeira Paulista - SP, com o Grupo Restauração, defendendo a canção Amor Infinito, de sua autoria, no IV Festival Canção Nova da Música Católica. Em 2003 instituiu o Festival Menino Jesus da Música Católica, que coordenou até 2005 na Paróquia Menino Jesus de Praga, em Juazeiro do Norte.

ANTOLOGIA POÉTICA. Sarau Brasil 2016. Concurso Nacional de Novos Poetas. Organização e apresentação Isaac Almeida Ramos. Cabedelo, Paraíba: VIVARA Editora Nacional, 2016. (Série Novos

Poetas no. 19. 446 p. ISBN 978-85-920158-2-1

Ex. bibl. Antonio Miranda

O eu poeta: ser entre os seres

O poeta externa-se, expõe-se aos amores,

A sua ilusão, a incerteza do céu e o inferno!

Escreve sobre a vida, o prazer entre os seres

A emoção e satisfação por mais um soneto.

Para ele tudo é poesia, o ideal para seu dia, Mergulha na força do sentimento inatingível, Seja no sofrimento ou na alegria da utopia!

Das palavras escritas sem dimensão: o teor vil.

O alimento do dia! A poesia: acalma e sacia, A fome de comer livros e bordar letras a fio, Conforta a mente angustiada, efervescente!

Em constante ebulição de novo tema a fluir.

Com a ação de organizar inéditos vocábulos, Que dizem de você: o mundo cão ou do bem!

Na elegância: sua existência e visão universal De alguém na mais pura consciência de paz.

GILDEAN FARIAS

Natural do município de São Bernardo do Maranhão, Gildean Farias, tem 34 anos e reside atualmente no município de São Luís. Graduado em Jornalismo e pós-graduando em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais, atuou como repórter dos jornais O Imparcial e Aqui-MA, de 2012 a 2015 e como repórter e editor do portal O Imparcial, por igual período. Atualmente, atua como assessor da Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal do Maranhão (APCEF/MA). Poeta e pensador, tem dezenas de poemas e crônicas escritos, sendo hoje membro fundador da Academia Bernardense de Letras e Artes (Abela). Além disso, participa ativamente, há mais de 18 anos, da Pastoral da Juventude e de outros movimentos sociais voltados para a causa da juventude.

"Quando os homens fracassam, o que lhes faltou não foi inteligência: Foi Paixão!"

A FLOR MAIS BELA

A flor mais bela

Lá no meio do jardim

Ao dia vem saudar

Risonha e radiante

Irradia alegria no ar

Seu perfume e Sua beleza

A todos vem mostrar

Assim é a flor mais bela

Misteriosa e de encantos diversos

Alegre como a aquarela

Nesses pequenos versos

Deveras agora confesso

Amor é o que sinto por ela

Foto e biografia extraídos de : https://pt.wikipedia.org/wiki

FRANCO DE SÁ ( Maranhão ) Filipe Franco de Sá (Alcântara, 2 de junho de 1841 1906) foi um magistrado e político brasileiro Foi promotor público, ministro da Guerra, ministro dos Estrangeiros (ver Gabinete Martinho Campos), ministro do Império (ver Gabinete Dantas), deputado geral e senador do Império do Brasil de 1882 a 1889. Também possui um livro escrito: A Lingua Portugueza: Dificuldades e Duvidas - Com uma Critica por Candido de Figueiredo.

LIVRO DOS POEMAS. LIVRO DOS SONETOS. LIVRO DO CORPO. LIVRO DOS DESAFOROS. LIVRO DAS CORTESÃES. LIVRO DOS BICHOS.. Org. Sergio Faraco. Porto Alegre: L.P. & M., 2009. 624 p ISBN 978-85-2541839-5 Ex. bibl. Antonio Miranda

Poema extraído da seção Livro dos desaforos:

A ESBELTA

A Esbelta, o alvo dos suspiros nossos, é fada vaporosa, é flor das flores; em vez de carne, vestem-na vapores, é leve a rapariga, só tem ossos.

Os caniços do lago são mais grossos que as canelas gentis dos meus amores; tem nas lindas bochechas menos cores que a seca múmia quando sai dos fossos.

Ah! ditoso mancebo, eu te prometo que hoje, noivo, trêmulo, desmaias, beijando a anágua que lhe encobre o espeto,

talvez, quando marido, morto caias vendo surgir o pálido esqueleto da espessa nuvem de uma oito saias.

GASTÃO CORREIA - Gastão Clovis Lima Correia possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (1979) e mestrado em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas (1987). professor da Universidade Federal do Maranhão. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Epistemologia e Ética Contemporânea. (Fonte: www.escavador.com)

A APRUMA Seção Sindical vem, sinceramente, lamentar o falecimento do professor GASTÃO CLOVIS LIMA CORREIA, Aposentado do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Maranhão. 10 de setembro de 2022

HERA 1972-2005. Antonio Brasileiro et al.. organizadores. Salvador, BA: Fundação Pedro Calmón; Feira de Santana, UFES Editora, 2010. 712 p. fac-símile. ilus. (Memória da Literatura Baiana). ISBN 978-SS85-9979914-7 Ex. bibl. Antonio Miranda

MENINO DE TOURO

As fadas do apocalipse queimaram o menino de touro que carregava o seu ouro para jogar no fogo. Mas as bruxas do fogo recolheram os restos d´ouro e deixaram o menino de touro morto e sem o seu ouro.

DIVAGAÇÃO III

Entre alaridos de abelhas peço a Agar que me devolva as minhas lendas impregnadas de amor. E faça crescer na minha alma adormecida a criança que morreu.

Piter ETAPAS

MÁSCARAS

O V

I M

E N T O DASOMBRAS A N Ç ALMA L C A N

Ç AS(CO)SMO B J E T OBJETIVANDO FIM ANTES DO CORPO.

ROSA-PRATA

No seio da ninfa nasce uma roseira que com suas rosas de prata acolhem o universo.

No seio da ninfa nasce uma roseira e com suas rosas-prata duela com a vida e a morte.

No seio da ninfa nasce uma roseira e nas suas flores de prata moram as andorinhas.

DIVAGAÇÃO 10

Os teus olhos de prata irão se dissolver nas tuas lágrimas.

Nem esmeraldas, nem Fídias substituirão os teus olhos que são de prata.

Erguerei um pedestal para os teus olhos dissolvidos nas lágrimas. De prata.

ENSAIO 10

Não quero a memória do homem herdeiro da memória de tiranos de mares e de céus.

Não quero ser deus, quero é a memória não nascido nem criado.

ENSAIOS 12

Caminho amassando os meus passos, sem desejar que os homens adormecidos me creiam deus.

Nem criei homens. Sou homem. E no vácuo de humanidade não me perdi: não segui caminhos percorridos.

IGOR GUIMARÃES L. ARTHURO (São Luis – Maranhão ) Poemas extraídos de:

IX

COLETÂNEA SÉCULO XXI – 2019. Homenagem ao escritor Alexei Bueno. Jean Carlos Gomes (Organizador). Volta Redonda, RJ: Gráfica Drummond, 2019. 110 p. ISBN 978-85-43913-99-9 Ex. bibl. Antonio Miranda.

AMOR ILUSÓRIO

Pereceste crendo que amavas, Com uma adaga ceifaste pensando que era amor, Na rosa pétalas com palavras arrancaste, Com atitudes o brilho de uma estrela se apagou.

Ódio em teu peito alastrou-se, indo aos olhos, Amor em ciúmes se tornou, Egoísmo vestido de paixão, Obsessão maquiada à veneração acabou.

Tua máscara o vento levou, Revelando a todos que teu coração de verdade nunca amou, Sentimentos puros ao decesso jogaste, A quem por ti no amo sempre mergulhou.

DOR

Sentimentos, sentimentos, Sempre os mesmos, Mas de forma diferente Cada um os sente no peito.

Dor grande, dor pequena, Ilusão é crer que existe uma mais amena, Ferida minha, sofrimento meu, Comparar meu fardo ao que outros passam Não alivia ou ajuda meu coração que o caos corrompeu.

ILDEFONSO

DE SAMBAÍBA – Brasil ILDEFONSO DE SAMBAÍBA Nasceu na cidade de Grajaú (Maranhão) e reside em Brasília desde 1972. É Titular do grupo literário Academia de Letras de Taguatinga (Distrito Federal); Bacharel em Comunicação Social (Jornalismo e Relações Públicas); pósgraduado em Literatura Brasileira (Universidade Católica de Brasília) e em Educação (Universidade Portucalense Infante D. Henrique – Portugal); mestre em Teologia (Escola Superior de Teologia, do Rio Grande du Sul), com a dissertação “A Ética sob a Ótica da Poética Candanga”; doutor em Filosofia pelo programa Bircham University (UE), com a tese “Remo, Rima, Rumo: os três erres da filosofia do Homem de Samjahlia”.

Funcionário do Banco Central há mais de 30 anos, jornalista, poeta e ex-professor municipal. Na imprensa, teve militância em vários órgãos: funcionário da Imprensa Nacional (editoração do Diário da Justiça); Jornal dos Sports/RJ (repórter); jornalista responsável pelo Escriba (1998/2000), periódico do Sindicado dos Escritores; atualmente, publica no Jornal "Ciência e Cultura" a coluna “Ciência ponto Consciência”. Integrou delegação brasileira que participou do "V Festival de Poesía y Arte de La Habana" (Cuba), em 2000. Verbete no Dicionário Biobibliográfico de Escritores Brasileiros Contemporâneos, de Adrião Neto, Editora COMEPI, 1998; verbete no Catálogo da Coleção Especial do Escritor Brasiliense/2000, da Câmara Legislativa do Distrito Federal; verbete no Catálogo de Escritores Brasilienses/2001, da Fundação Cultural do Distrito Federal; verbete no Dicionário de Escritores Brasilienses/2003, 2a . edição, de Napoleão Valadares. Obra editada Florescência, poesia, em edição comemorativa pelos 175 anos de fundação da Imprensa Nacional, Brasília, 1984; Vida de Vidro, poesia, Jotanesi Edições / RJ - 1994; Quem matou as Gazelas? (2ª edição), poesia, Fundo de Arte e Cultura da Secretaria de Cultura do Distrito Federal, Brasília, 2002; Buquê de Urtigas, coletânea poética da obra do autor, editada pela Academia Taguatinguense de Letras e Projeto "O Livro na Mão", para a rede oficial de ensino do Distrito Federal/1999; participante em várias antologias, entre elas, II Antologia de Poetas Lusófonos, editada em Portugal, em 2009; Brasília Vida em Poesia - 36 anos, DF/1996 (org. de Ronaldo Mousinho), e três outras, bilingües (português/espanhol), Espejos de la Palabra/1999 e Poesía de Brasil/2000, editadas pelo Proyecto Cultural Sur (integra autores da autores da América Latina); Entresiglos – Selección de poesía de autores contemporáneos , Bianchi Editores, Montevidéu (Uruguai), 2002. Fortuna Crítica "Se um Buquê de Urtigas não nos tirar do lugar, o que mais o fará? A poesia de Ildefonso Sambaíba é assim, tanto buquê quanto urtiga. Explico: a suavidade das palavras, das imagens, é uma pista-falsa. O poeta esbanja uma intensa consciência, por vezes amarga, na maior parte das vezes crítica, dos seus sentimentos, ou seja, dos sentimentos do eu-lírico."(Sylvia Helena Cyntrão – doutora em teoria literária, pela Universidade de Brasília e chefe da revista Universa, da Universidade Católica de Brasília); "Buquê de Urtigas é uma coletânea com 49 poemas, subdividida em três partes. Na primeira, há um lirismo construtivo do homem-cidadão, aquele que se fez identidade diante do espelho, sem ser Narciso. Na Segunda parte, homem e poeta, em linguagem essencialmente metalingüística, interpretam o mundo, dissecam dizeres e fazeres da poesia e da antipoesia de viver e de fazer versos. A terceira parte é o que se poderia dizer de constante migração: é o homem que veio à busca do poeta, deixou seu norte (Nordeste) e não consegue ficar distante dos seus sentimentos." (José Ferreira Simões – mestre em Educação, professor da Universidade Católica de Brasília e Presidente da Academia Taguatinguense de Letras/DF, escritor e poeta); "A obra Buquê de Urtigas apresenta-se adequada para a clientela à qual se destina: estudantes do segundo grau. O autor utiliza-se de linguagem coloquial, recurso de grande importância para construir a formação do leitor... poemas permeados de grande musicalidade, rimas e recursos estilísticos, capazes de atrair, encantar, enfim, seduzir o leitor." (Renata Rodrigues Freire - Representante da Fundação Educacional do Distrito Federal, na comissão de seleção de obras para o Projeto "O Livro na Mão"); "A poesia é seu reino. Continue a ser-lhe fiel. Gostei de lê-lo, em Vida de Vidro."(Antônio Carlos Villaça - escritor e membro Academia Brasileira de Filosofia - Rio de Janeiro). "Foi com grande satisfação que recebi Vida de Vidro e constato que a produção cultural maranhense se manifesta em diversas partes do país. E o que é mais importante, com qualidade." (Fernando Bicudo - Teatrólogo, presidente do Centro Cultural Ópera Brasil, e do Teatro Artur Azevedo - S. Luis); "Vida de Vidro descreve a trajetória poética e pessoal de um autor que alia a compreensão do mundo à preocupação com a forma... Em versos bem construídos são impressas reflexões, crenças, reminiscências e utopias. O conjunto reforça a tese de que a poesia é e será sempre necessária.” (Zuleica Porto – Jornalista, resenhista e cineasta - Brasília). "Em Florescência temos uma poesia que nos traz a personalidade do poeta, ambivalente... Uma poesia nativa de raízes distantes – o velho interior do Maranhão; uma poesia solitária, que brota dos cerrados de Brasília; um jogo de palavras, de sentimentos e realidades.” (Manoel Antônio Barroso – Jornalista, articulista e critico literário e resenhista - Brasília). Prece IdS Ó Mestre, És luz que manobra mentes rumo à compreensão do mundo Gratidão plena por excluir-me de sofrimentos maiores Torna-me forte e abranda meu coração! Amém. Poemas de Ildefonso de Sambaíba Vida de Vidro (aos frutos incertos do futuro... juro!) Quando nos vem tal a espinhos cravados entre a carne e a unha, doída; Doma lobos que habitam fendas, entre as pedras, entre as lapas, lapida. Ainda que farta e desimpedida, há uma pergunta a ser respondida: Onde foste, ó doce encanto um dia profícuo e encantador? Que se retraia meu espanto atormentador! “Si dar” é adaptar-se ao tempo, incontinente, que não aprendeu retornar ... ... acepções cujas deveriam não constar em gramática. Vida enigmática: Vidraça! *** *** *** A flor de káktos Quando de mim nenhuma palavra, sequer, nascer estarei mudo? Quando de vós nenhuma idéia, sequer, verter cessara tudo? – É inútil pensar que nada mais restará a não ser partir e calar Então vinde, ó vozes, ao permanente encontro com os caminhos da luta! Em campo raso não há palco, nem cenário Somos nós em nosso plenário Em território neutro não deve haver ressentimento Somos nós em nosso parlamento Aqui nada pode ser negado Somos condutores da verdade tragada em

palavras límpidas como flor em galho sem folhas (a flor de káktos) E ninguém se renderá ao fracasso Quanto a mim só quero um destino: ser feliz! *** *** *** Quem matou as gazelas? Deixem-me exaltar as formosuras e nada mais pedirei até que a próxima noite envelheça e um novo dia amanheça Vêm-me lembranças das moçoilas em perfil escultural convidando-nos a compartilhar da ceia Vejo o arco-íris pendente, debruçado acima dos cumes Místico facho... faixa multi que me encandeia! Ai! Agora há confronto: Gazelas deterioradas exalam retalhadas sobre o capim da savana (lidam com as brutas leis das selvas) Qual das três cenas pode o artista fazer não constar na aquarela que irá para moldura? (desenhará fugas, ausências e relvas) Omitir é uma forma de mentir Quais os critérios de sutilezas para reconstrução de belezas? Meditativos nos alpendres queiramos prever só risos. *** *** *** Flagraste minha alma em repouso Tanto quanto Johannes Vermeer inspirou-se nas belezas de Delft Além mais do que Marcel Proust encantou-se com “Vista de Delft” impressionei-me por ti – Quando Atos Institucionais eram as leis válidas no País No campus fervilhavam filhos Nos campos guerrilhavam pais Sob rescaldos daquela fogueira o ataque da águia rasteira sobre a presa indefesa (flagraste minha alma em repouso) Impassível, tornei-me cativo das tuas aparentes ausências de estética, de poética... diabrete! Dezoito anos após encontro desculpas que tanto buscava: eu te amava! *** *** *** Se prometi menti Citaríamos a situação Estávamos tu e eu numa colônia num coliseu Espalhei nos quatro cantos superstições Ofereci bons atos em orações: Grutas de chamas pular Muros farpados polir prometi? *** *** *** Lavradores dos Sentimentos Têm os artistas mais luz nas vistas ou são apenas artistas? –Dragam dos mares dragões dos males Malabaristas? Além, nos lares têm sonhos altos Alpinistas? Na paz do ócio são poetas Lavradores dos sentimentos No equinócio semiprofetas Trabalhadores dos pensamentos São alquimistas? São simplesmente artistas. *** *** *** Sarah-Cura (à hospitalidade) Campos de Goytacazes, óleo de pedra dura Campos de Jordão fonte de água pura Sarah: oficina de cura Campos da Paz Campos Formosos (campos belicosos) Cantai com total candura: Germinam roseirais a semente está madura! *** *** *** Outono de cedro Flores exalam e expiram de forma poética Frutos recém-madurecem de forma patética No outono da vida homem é fruta madura... dura dialética! *** *** *** O “z” da questão Mariete esbarrou na muralha da incredulidade Dizia ser atéia Marizete embarcou na enxurrada do total fanatismo Seguia meio à toa Marionette equilibrou-se na eqüidistância daqueles extremos Fingia como um’atriz Para vossas mercês, com “z” maiúsculo: nota 0,3. *** *** *** Caem tábuas do palanque Fale-se tudo antes que as tábuas do palanque comecem ranger e ameacem ruir - Fica-se mudo se o último confidente razões tem para se despedir ...se todos os recados já se fizeram transmitir ...se nenhum auditório quer-nos outra vez ouvir O grito há de ser profundo quando poliglotas diálogos em nosso dialeto se recusam a traduzir Afonia é tormento Elaboremos o ungüento: clamar, clamar, clamar pra curar e ungir. *** *** *** Anéis de Saturno (Embriaguez) No primeiro trago zero, nadinha percebi O segundo trago foi o primeiro que repeti Nos tragos terceiros os anéis de Saturno reconstituí E os demais tragos? Moldaram estragos e nem os vi Pouco sobrou: amparar reparar ré! *** *** *** O tom da toada A melhor escola é o mundo Repleto de sabedorias, ápice das utopias Competências de fada Demonstra o tom da toada Compassos do fado Repete e haja tablado! Tanto ensina Tanto ensina Tanto ensina que se aprende ou se desatina tonto. *** *** *** Maria Pia Quisera ser boa companhia para as pessoas dignas de piedade Quisera ter companhia de pessoas dignas e pias. *** *** *** C.O.M. O mundo é como nós incompleto O mundo é comigo complexo Confuso pára... fuso! *** *** *** Dói Há dor na alma: A dor do corpo Dores distantes Dores vizinhas ...talvez nem fossem minhas não fosse eu pó... poeta. *** *** *** Fiel Agüentar até a final Ver a última cena Contar a história total Testemunha fiel não balança pesa. *** *** *** Tête-à-tête Ao olhar a claridade, todos franzem a testa Nas mesmas caras mesmas caretas Às mesmas mulas mesmas muletas em seus andares Homens são iguarias iguais. *** *** *** Eva Caçar em um cassino sobras do destino Perseguir, peregrino, sombras do assassino Trafegamos trôpegos para rumos incertos - Bando bandido! MarMorto nave navegar Aborto Eva evitar Vida! *** *** *** Sonora Catástrofe Guardaram armas nos armários Um mau hábito Mencionam mentiras com palavras ricas de mau hálito Agora chega: Daí pra cá, nenhum passo! Obediência e sapiência O chão mesmo donde brotam hortaliças consome todas as carniças Goteja! *** *** *** Nas terras dos marabás O Rift-Valley e sua tradição: africanos masais bebem leite com sangue e bocejam à sombra dos baobás Vales brasis: tramita a traição e bravos braçais derramam suor e sangue, a bala, nas terras dos marabás Ó, alminha etérea! Flutuavas entre os astros Bailavas em altíssimos astrais Suponho, foste sugada (displicentemente atraída) Vieste morar em estes murais Não chores a cântaros Tudo é passageiro Verás! *** *** *** Grito Iinfinito Vaza bílis nos calcanhares-de-aquilis faminta degusta sopa-de-pedra Oxalá cuscuz! À minoria exótica voraz e robusta cálices tintos até filé de avestruz Excêntricas formas de alimento Homólogas fôrmas de excremento ...igualmente jorra faeces (jarra de pus) pelos respectivos cuuus ... *** *** *** Nos intervalos são cavalos A solidão mora na cidade Vizinha à perversidade Gera comportamento de pedra e cimento A léguas soltos nos cipoais semitonam livres os urus Aqui, logo aqui nas portinholas frontais blasfemam eremitas hindus a marra, o murro a barra, o burro a fera, o urro os homens: pa-ca-trá pa-ca-trá paca-trá. *** *** *** Língua de faca Caídas pálpebras, ardentes olhos Vesgos demais de ver-te sempre escoando

por cada narina: Da esquerda sai veneno na direita entra morfina Peçonha com dorsal quebrado Mui mal consegue arrastar-se Ainda assim agride e ataca Tem no bote uma foice e na língua uma faca Mais nociva que saliva de jararaca. *** *** *** Ato Inexato Rasgam-se as cortinas, ei-los: Pilares sem calços sustentam sorrisos falsos ─ Vísceras de indiscretos senhores Repositório de caras más Carcaças de imperfeitos atores Repertório de máscaras No anverso dos panos urdem sôfrega aliança de disfarces e enganos ...poupem-me! *** *** *** Coração de jabuti No bojo de todo este fole sacolejam em ampla folia E a novidade que bole provoca só embolia Embaixo de cada tapete há bafo de hipocrisia (abaixo deste topete) Interrogas: E daí? Vozes te interrompem: Coração de jabuti! *** *** *** Tulipas Negras Colher tulipas negras em chãos de pedras raras Sorrir contidamente Temos dentaduras ralas À direita volver À esquerda volver Em qualquer direção Crianças... às traças Criadas nas praças Vem ver! *** *** *** Prazeres da carne Em psicosfera influída másculos e fêmeas se embrenham Sob declamação gemida aos pares se deitam e se emprenham Esparrama-se o odor das carnes fritando no fogo do desejo: sexo! sexo! sexo! cegos ... e razão vira cacos. *** *** *** O assunto assusta Na sunga o sangue Sinal de vingança O tango A tanga Mesquinha dança O fumo A fama Vício, ganância – O lucro ou o sepulcro: um dois três já! *** *** *** Macia Maçã Leiamos anais de uma história de conquistas, de abandonos: – Eram dois corações Peças avulsas, sem donos Se conhecem no shopping (afagos, beijos, drinks) Se amam no drive-in Proliferam dois, três rebentos E enquanto felizes permitem, desatentos Da serpente sagaz em missão sem paz a sedução fatal: a fatia da saborosa maçã-macia Montanhas de mágoas invadem frondoso pomar Mútuas máculas profanam paradisíaco lar Mas enfim a torre é de marfim E mantêm-se feitios planos pra duas velhices de afetos a celebrar os lindos anos junto à platéia de netos... *** *** *** Sussurro das paixões Correspondidas favorecem à procriação – Fã atrevido Se enrustidas estimulam a criação fantasiosa –É o sussurro das paixões sêmen das demências gene dos gênios ou ... *** *** *** O grande abraço Américas, mares, eurásias, antártidas, oceanos, áfricas Abraçados sem qualquer cerimônia se agarram sob o Sol a pino se esfregam, fazem amores ...plenos Exibem paixões imantadas Machos e fêmeas grudados num feixe único Os refluxos nas praias produzem gemidos Os reflexos dos raios se fundem – fluidos! Edifiquemos esta química que faz surgir vidas. *** *** *** Os lírios lilases Ainda que me embriagues com acérrimos licores de todos os barris Não me convencerás com estas poses cruéis e viris Ainda que me enxágües com as frescas águas de todos os cantis a intuição vem e diz: Nada é igual à suavidade que deu Margaret Mee aos desenhos lilases de suas flores-delis. *** *** *** Pam (pãrãrã) pam-pam Tua presença traz terremotos ao pobre anjo que me guarda E incontida vontade de fugir me atrai Só um pecado-mortal arderia com tal lampejo no momento em que trêmulo te vejo Mas te digo: As vitrines que vês As páginas que lês e o quadro na parede se deixam violar por teus olhares Eu jamais! Oculto minha paixão adúltera e ela continua... ... ... intacta.

JOÃO ALEXANDRE JÚNIOR (São Luís, Maranhão, Brasil) Foi um dos editores da Página da Juventude, do Jornal Pequeno).

SUPLEMENTO CULTURAL & LITERARIO JP Guesa Errante ANUÁRIO. São Luís (MA), n. 5 – p. 1-129, 2007. Ex. bibl. Antonio Miranda

Endocrinopatia

O lado de fora é branco, sem cor (exatamente branco pela falta) pálido, polido, gélido calculadamente ausente e branco. Faz medo o outro lado porque se interna assexuado, de prenhez letal, fatal, inexorável...

Eu me tenho tido em minha pátria e soberano faço a mesa e disponho a casa.

Os meus amigos todos eu os tenho Já à mira e me diverte o novo engenho que desde ontem lhes reservo (aliás ontem eu domino quando me contenho) Não tenho pois porque carecer de hoje: se não sou, tanto faz, se fui e não será esse outro lado que fica do lado de fora que me vai tirar de mim (do meu lado de dentro onde tenho inventado a vida)

Namoro nas paredes do espaço ameaças de externos internos e faz mal o meu hábito postiço habituado à palavra asfáltica

(Faz medo o outro lado que fica do lado de fora)

(Jornal Pequeno, A Letrinha, 13.03.1973, p. 03)

JOÃO MENDONÇA EWERTON

JOÃO MENDONÇA EWERTON nasceu em Cajapió - MA, em 4 de março de 1957, sendo filho de Sebastião Serra Ewerton e Maria da Glória Mendonça Ewerton. Cursa, na Universidade Federal do Maranhão, Desenho Licenciatura. Escritor, ator e pintor, integra o LABORART - Laboratório de Expressões Artísticas. Expôs coletiva e individualmente em diversas cidades brasileiras e n Argentina. Premiado em 1º. lugar no I Salão Universitário de Arte, realizado em São Luís pela UFMA. Seu poema "Latinoamericanto" mereceu Menção Honrosa no II Festival Universitário de Poesia Falada.

Veja também a biografia mais recente do autor:

João Mendonça Ewerton, artista multimídia, nasceu na cidade de Cajapió (MA) em 1957. Cursou licenciatura em Desenho e Artes Plásticas na Universidade Federal do Maranhão – UFMA. Trabalha em múltiplas áreas: Dramaturgia, Direção Teatral, Cenografia para Teatro e Televisão, Iluminador de Teatro, Cinema e Televisão, Carnavalesco com atuação no Maranhão e Rio de Janeiro. Roteirista de Cinema, Arte/educador, Escultor, Pintor, Designer de Moda, atuando em vários estados do Brasil e nos Estados Unidos. Iniciou sua carreira artística em 1973 participando de um coletivo que reivindicava a implantação do currículo de educação artística nas escolas do estado.

Engajado nas causas sociais, presente em movimentos locais. Em 1978 ganhou o 1º lugar no Salão Universitário de Artes do Maranhão, e em 1979 participou do 2º e 3º Salões de Artes Plásticas no Centro de Artes e Comunicação Visual – CENARTE. Junto aos artistas Murilo Santos, Ciro Falcão, Joaquim Santos, João Ewerton e César Teixeira montou em junho de 1977, na Galeria Eney Santana, a mostra de arte Gororoba com trabalhos em cerâmica, cinema, fotografia, gravura, desenho, pintura e instalações com temáticas de denúncia e protesto. Segundo o pesquisador Murilo Santos, este mesmo grupo realizou no Museu Histórico um Salão de Humor que fora fechado pela polícia devido a um censor que proibiu a maior parte dos trabalhos de serem exibidos.

Fez parte do Projeto Arco-Íris (FUNARTE), expôs no Rio de Janeiro e no Espaço Cultural da PETROBRÁS. Entre as décadas de 1980 e 1990, transitou entre São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília desenvolvendo trabalhos em

cenografia. Trabalhou na Rede Globo de Televisão, em 1986, no Departamento de Pintura de Arte. Entre 1984 e 1986 em São Paulo, fez cenografias para o Teatro Pálace (Credcard Hall) e Macksoud Plaza. Dirigiu o Teatro Municipal Rosinha de Valença (Valença/ RJ). Esteve à frente da Secretaria de Cultura e Turismo da mesma cidade de 1987 a 1991, e posteriormente na gestão de 1993 a 1996.

A biografia continua em: https://docero.com.br/doc/ex0vv0

NOVOS

POETAS DO MARANHÃO. São Luís: Edições UFMA, 1981. 79 p ilus 15 x 22 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda

LATINOAMERICANTO

Do brasão de jade do mais velho asteca

Emergiu um dia, entre oceanos de mistérios, Sob o signo de estrelas infinitas,

A figura guerreira de mulher morena.

Tinha a voz brilhante das neves andinas, Perfilado busto, e olhar cintilante profundo.

Pisava seguro a amazona incansável, Quando a águia imperial em fugaz mergulho, Crava-lhe as garras nas carnes dos ombros.

Rebate-se a Índia com avidez selvagem,

Enquanto no impacto, o peito ao espaço, Não podia esboçar o grito afogado

No véu revolto de ar em sua volta.

Numa dança macabra sua mente e membros

Repelem as algemas contra si lançadas, Na mesma destreza que carcome as teias

Da estéril tirania de manta sangrenta.

Vela essa Índia as sementes de raça, Os frutos do pacto da vida com o sol.

Geradas, guardadas, nos confins da luz.

Daquela mulher exposta ao mar,

Escuta-se das vestes esfarrapadas aos ventos

0 murmúrio de ritos, sofrimentos, vidas.

Marcando a melodia e compasso da marcha

Que gera num sonho acordado de vida,

Acordando a esperança para seu breve levantar

Dum leito de sangue e pedras polidas.

Desse sonho reprimido sairás um dia

Pelas matas, montanhas, planície e mares, Não importarão os clarões das armas,

A clarear chão escurecendo vidas, Pois romperás com tua luz essa escuridão, Escorraçando noites, cercos, mordaças, tudo

Num gesto seguro erguido ao infinito.

Nesse dia surgirá dos rincões que ostentas

Nas mãos calejadas contra o peito, Grave e estrondoso grito guerreiro

Despertando com seus ecos Atahualpa e Tupã, Lá na imensidade das terras esquecidas. Um revoar de condores crispará teu céu

Em todo o hemisfério os pássaros cantarão, Todas as luzes celestes brilharão Como fanal da nova vida conquistada.

Arco-íris será céu, terra, e tua entranha.

E num impulso de garra, tarka, queña e violão, Tu lançarás ao sol abraço estonteante, E o que mais!...

Tu estarás livre, América!

Foto: https://www.google.com

JOCENILDO SOUZA Jocenildo Silva de Souza nasceu a 05/09/1973 na cidade de Santa Inês, estado do Maranhão, Brasil.

Capitão da Polícia Militar e poeta.

SUPLEMENTO CULTURAL & LITERARIO JP Guesa Errante ANUÁRIO. São Luís (MA), n. 5 – p. 1-129, 2007. Ex. bibl. Antonio Miranda

ASAS À POESIA

Assim surgiu a poesia: numa trégua entre o homem e as ideias. Deram-lhe formas diversas, classificaram-na, prenderam-na em sonetos, rimas perfeitas,. Vestiram-na com a mais ilustre manta da sátira às métricas estrofes e estilos, Regras sem fim... mas era bela como a vida tão fascinante como o pôr-do-sol.

O homem de nossos tempos descobriu que a poesia estava presa. O homem a libertou. E disse: os versos agora são livres, A poesia desapareceu.

METOLOGIA DOS VERSOS

Versos devem ser como discursos Têm-se prazer em ouvir; sucintos, compreensivos e curtos.

Arcadromreabatparnasimbomodercontemporánea.

(a poesia do novo tempo) A poesia do novo tempo é o começo, meio, fim e continuação do fim da poesia completa. Sem divisão de tempo e espaço sem barba e sem maquiagem é a poesia sem ódio e sem paixão.

Será a poesia

de Pedro e de Paulo José e Maria e daqueles que ainda virão? Do amor, do lúdico e do coração?

Quase sem definição, é a poesia dos estudos da descoberta dos segredos milenares dos poetas, junção dos fatos de ontem e hoje, com linhas em branco pra alguém dizer.. enfim, não será mais a poesia do Romantismo ao Modernismo, mas arcadromreanatparnasimbsomodercontemporânea, a poesi de nosso tempo.

em

JULIO PIRES JulioPires éprofessordelínguainglesa, estudante/pesquisador literaturasafricanasdelínguaportuguesa,ilustradorepoetamaranhense,da

cidadedeImperatriz.ÉmembrodoGrupodeEstudosdeLiteraturasAfro-brasileiraeAfricanasSaburadinos Terra.Publicouseuprimeirolivrodeformaindependente,umacoletâneadepoemas intituladaEfeméridas.Jukeboxéoseusegundolivro.

www.instagram.com/julio__pires

De

Julio Pires EFEMÉRIDAS

Imperatriz, MA: Fundação Cultural de Imperatriz, Arte Graf Editora, 2004

“... Em suma, este livro é como um fruto exótico que exige todos os sentidos para melhor conhecê-lo. É preciso sentir a textura do invólucro, ouvir a harmonia melódica dos versos, aguçar o olfato para os cheiros sugeridos, ver a paisagem das telas que sugerem coisas outras e saborear a polpa acre-doce dessa nova e tentadora fruta que nasceu no jardim das delícias da poesia...”. Antônio Coutinho

KALANCHOÉE

cachos e cascatas tombam âmbar, salmão cor dos salmos...

cantos cristais chuveiros chapiscados cor de carne crua

as serenidades incertas ao tom drenado escorrendo champagne...

o verão, também cor do arrebol Pink, shocking, cítrico! flamboyant rose estilo

cachos de um bouquet botões ainda pra morrer!

HELICÔNIAS

rasgos talhos da bananeira de resinas tortas e tarântulas as sangrentas lasca

uma taça de licor de menta e cerejas vivas

hélices seriadas que o coração semeia a espinha dorsal do peito bela e plástica dor

O GIRASSOL QUANDO A CANDEIA NO

os olhos das tangerinas brilhavam nas mãos das infantas sem vento como lamparina. Os girassóis delas, quando ventava, chupavam as sementes dos phalaenopsis e as línguas das virgens feriam e floravam ácidas. as meninas quando a candeia brilhava no jardim nas mãos das tangerinas chupavam o girassol, e elas riam, dizendo umas pras outras: ígneas brisas. passava o vento e ninguém mais se lembrava.

LACUNAS, CASTIÇAIS E LÍRIOS

o dia inclinava-se sobre os cotovelos pra sentir o perfume dos canteiros abertos, e era uma chama rasa.

os joelhos do dia ao dobrarem-se sobre os terrenos da noite, escorriam como lava as sementes alguém assim sorria. mas como tudo poroso se estendia pálido via-se entre as trouxas de lírios a água escoando, e por entre as cavernas de bulbos esponjosos magmas, vapores, dedos e cílios escaldados. os copos das flores sustentavam ainda a chama que aos poucos se dissolvia pelas pétalas vazadas do poente.

LILIA DINIZ

A artista maranhense Lilia Diniz nasceu no Meio-Norte, na faixa de transição entre a Amazônia e o Sertão nordestino. Foi alfabetizada artisticamente pela literatura de cordel. Há mais de 10 anos interpreta autores consagrados, como Patativa do Assaré, Cora Coralina e Louro Branco, além de canções de João do Vale, Maria da Inglaterra, Marinês entre outros. É formada em Artes Cênicas, pela Universidade de Brasília (UnB), Pósgraduada em Gestão Cultural, membro da Academia Imperatrizense de Letras (MA) e da Academia de Letras

do Brasil/Brasília. Possui seis livros publicados: “Babaçu, Cedro e Outras Poéticas em Tramas”, “Miolo de Pote da Cacimba de Beber”, “Sertanejares”, “Ao que Vai Chegar”, “Mula sem Cabeça” e “Mundo de Mundim

A CIGARRA – revista - ano 23 – no. 40 . Santo André, SP: Gráfica Cartex, novembro 2005. Editores: Jurema Barreto de Souza, Zhô Bertholini. Capa: Paulo Mentem. Ex. bibl. Antonio Miranda.

BUCHADA

Grávida de poemas baldeio versos pálidos embriagada pelo licor da inspiração Entonteço e cambaleio quase em passamento

Tenho alucinações com gosto de alho e no escuro tateio versos que fervilham como azeite apurado no fogos da casca do babaçu Busco dormir em vão poemas vão germinando qual plantio de feijão no abafado das roças encoivaradas

No turvo das do quarto misturo palavras no papel quando passa a gastura vem a ressaca

Bebo novamente na caneca prateada da garapa que me engravida

A boniteza de Zé

Se eu fosse descrever a beleza do meu Zé seria o nordeste todo pra dizer como ele é caatingas e sertões martelos e mourões ofereço ao meu José

Me Paraibo abestalhada de pensar nas suas coxa no gosto banana roxa daquelas bem roxeada és meu coco catolé meu seridó, meu caboré minha cantoria arretada

És tu Zé, rio Poty em pororoca és caatinga e cerrado um Piauí de quintura poema emburitizado mangueira que me entontece rabeca que me enternece Parnaíba, delta amado

Sua boca é puro gosto de um bom arroz de leite Rio Grande em deleite paçoca e carne assada pra minha sede Severina tua saliva é cajuína mais pura, mais gelada

Nos lençóis do teu corpo não canso de emaranhar tua língua tem sotaques te rogo que me mates na praia grande do teu mar no tambor do meu peito Zé, vem se cacuriar

És manteiga de garrafa o mais gostoso melado Maceió de gostosura doce arrapadurado da nação alagoana és o mais doce da cana alfenim, do bem puxado

Benzo ó Deus! Os olhos Teus é alvorecer na Bahia de feitiço, brilho e magia que faz o meu carnaval Bahia, bela e quente que tira o sossego da gente Salvador sem temporal

Esse dragão do teu mar

traz Zé que vou amansar prendo no meu entre perna deixo ele na caverna e pra sair da enxurrada meu corpo é tua jangada vem nimim se atracar

Tua parecença é bem dizer safra de caju madurado Aracaju de delícias tu és mandacaruzado és que nem pirão forte patuá da minha sorte inverno bem amojado

És um recife de desejo a tua pele meu pecado. Não é um recife qualquer é um recife afrevaiado um recife bem José da cabeça até os pé bem maracatuizado

Tens a nordestinice toda Meu Zé bem desejoso me embeleza, me esquenta caatinga e sertão mimoso o couro do meu chapéu és chuva caindo do céu de inverno mais chuvoso

LÍLIA DINIZ

“Liça muié” me rio me lua me pote me jacá me poço me mato me pilão me barro me azeite me açude me abane me esteira me cabaça me quibane me cacimba me vagalume me lamparina me poetiso em ti

Brincadeira de menina

Então a gente brincava imitando as lavadeiras aos dos açudes, dos poços em cantigas corredeiras, fazendo espuma branquinha lavando com as casquinhas daquelas saboneteiras as roupas das bonequinhas

todas bem prazenteiras

Urdiduras

Teço dia após dia a mortalha que vestirei Por enquanto coloco botões pequenos, grandes e coloridos (caseio meus dias sempre antes de vivê-los)

Nos bordados já prontos figuram borboletas que levarão o melhor de mim (restam duas ou três, não mais)

A minha mortalha escolhe sua cor à medida que é tecida um dia é amarela no outro já é vermelha (nunca escolheu ser branca)

E prego flores nos bordados intermináveis Há noites que experimento e sinto o gosto da morte confesso que gosto e gozo mas sou impelida a despir-me pra terminar de tecê-la (ainda hoje desmanchei um babado de cravos)

Afogada

Náufraga no açude dos teus beijos pesco estrelas no céu da tua boca

De

MIOLO DE POETA DA CACIMBA DE BEBER

Ilustrações de Xiloucos, Bia de Mello e Mamoela Afonso. 3 ed. Brasilia: Edições Lamparina, 2006. Ilus. 104 p. Edição artesanal, papel craft, acondicionada em caixa de buriti.

Cantiga de ninar

“lua, lua, pega essa menina e me ajuda a criar”

Elevada em apelos poéticos

ao céu da tua cabeça fui entregue à deusa das noites sertanejas

Brincadeira de menina Então a gente brincava imitando as lavadeiras as dos açudes, dos poços em cantigas corredeiras fazendo espuma branquinha lavando com as casquinhas daquelas saboneteiras as roupas das bonequinhas todas bem prazenteiras

Sabor nordestino

Se me queres cajuí desejo ser doce e raro deixar no teu corpo o cheiro dos cajueiros nordestinos Desejo ser cajuína saciar tua sede como os beijos sonoros dos passarinhos empapuçados Desejo ser “pé-de-tonel” embriagar teus sentidos aquecer teu corpo com meu pequeno caju em flor

DINIZ, Lilia. Sertanejares. 2ª. Edição. Imperatriz, MA: Edições Lamparina, 2012. 102 p. Formato irregular, papel kraft, incluindo bandeiras feitas de tecidos coloridos. Capa abano: José Ferreira Diniz. IMAGENS: Diego Janatã, Alexandre Almeida e Alice Diniz. Projeto gr[afaico: Lilia Diniz e Haroldo Brito.Edição artesanal costurada à mão. Ex. bibl. Antonio Miranda.

LOUVAÇÃO

Bem que vi foto pagou com labacéu medonho nas capoeiras o canto da juriti e o balanço das palmeiras

Se ninguém ouviu eu quero com esses versos rasteiros bendizer as lavandeiras Louvo Marias naquelas desdentadas e sem medo

Louvo Raimunda do brejo cacimbada de desejo Louvo Rita desmilinguida cantadeira de encanto

Luzia, Preta, Conceição Querubins, Margaridas benzedeiras de mau olhado vento virado, algoro e quebranto Lavadeira de rios e cacimbas dos poços e dos brejinhos Encantadeiras de dores parteiras de alegrias Carpideiras orquestrando o labacéu dos passarinhos Empresta meu canto ainda que de taquara rachada pra fazer a louvação junto com a passarada

VIOLA

Cada nota é faca cega enferrujada

rasgando minha alma em noites de lua cheia minguante de alegria crescente de saudade latejo e mereja novos balseiros em notas dissonantes

ALUMIADA

As caliandras enfeitam as sombras tortas do cerrado como os teus olhos enfeitam os tortuosos caminhos nas trilhas de mim mesma

DÓI INTÉ A ALMA

Mode tua ida repentina inda hoje é dia que meus olhos e alma estão diluridos Pelejo dias e noites pra arrancar o gosto que ainda sinto das tardes quentes quando amantes em pecado nos lençóis de carne ardente breamos nossos corpos na estação das mangas

Na foto: Edmilson Caminha, Antonio Miranda, Abhay K. , Makarand R. Piranjape, Lilia Diniz e, Zenilton Gayoso na sessão do Chá com Letras, Embaixada da Índia, 14/10/2016, em Brasília. CLICK S/FOTO para ampliar.

II BIENAL INTERNACIONAL DE POESIA DE BRASÍLIA – Poemário. Org. Menezes y Morais. Brasília: Biblioteca Nacional de Brasília, 2011. s.p. Ex. único.

Cabe ressaltar: a II BIP – Bienal Internacional de Poesia era para ter sido celebrada para comemorar o cinquentenário de Brasília, mas Governo do Distrito Federal impediu a sua realização. Mas decidimos divulgar os textos pela internet.

Essência

Impregnado em meu corpo

trago o cheiro doce do cedro.

Nas minhas magras veias o que corre não é sangue azul nem vermelho é puro leite é puro azeite de babaçu.

Minha pele foi tecida pelos bilros de minha avó “Baíta”.

Meus olhos esbugalhados foi mãe da lua que alumiou, com o triste canto da

rolinha fogo pagô fogo pagô! fogo pagô!

O pulsar da minha vida tem o ritmo traçado pela dança da mão de pilão.

Meu riso frouxo nasceu das cantigas de cordel

à luz das lamparinas brincadeiras de roda cair no poço e pulando corda.

Forjada nas farinhadas nos engenhos de rapadura e nas debulhas de feijão mesmo saindo do mato...

Ele não!

permanece dentro de mim

grudado que nem mucuim

Alumiada

Careço de ti iluminando os meus dias com a lamparina dos teus olhos

Tocantins

Em tuas águas mergulho pra ver melhor o mundo, lavo meu corpo cansado, banho meus sonhos ressecados, afogo desilusões, renovo minha esperança e toco a vida adiante.

LILIAN LUCIA PORTO R. DA SILVA

Lilian Lucia Porto Ribeiro da Silva: Licenciada em Letras pela Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Radialista Profissional. Especialista em Didática Universitária pela Faculdade Atenas Maranhense - FAMA. Atualmente é Superintendente Executiva de Planejamento e Coordenação da Secretaria Municipal da Fazenda e Professora concursada em Língua Portuguesa da Secretaria de Estado de Educação (MA). Experiência nas áreas de Educação , Comunicação e Planejamento.

Fonte da biografia: escavador

VOZES DE AÇO.

XXI Antologia Poética de Diversos Autores. Homenagem ao Acadêmico Antonio Carlos Secchin. Organização, Montagem e Editoria Jean Carlos Gomes. Volta Redonda, RJ: PoeArt Editora, 2019. 102 p. ilus. fotos. p&b e col. 15x 21 cm. ISBN 978-65-5031-008-0 Inclui textos e fotos de poetas brasileiros contemporáneos de varias parte do Brasil. Ex. bibl. Antonio Miranda

PÁGINAS AMARELAS

Indagaram-me sobre as página em branco que deixei de minutar.

.Porque não anunciei o pranto aos que apeteciam decifrar.

Da dor insana ao boquirroto, em breve instante, o riso atravancou o pranto.

Ora, não sou a senhora da razão, mas, se são meus prantos poderei dizer que não.

Eu os levarei comigo. Já são vísceras cardadas, demudadas em fios, imersas em amianto.

Deleitar-me-ei sobre o cálice, esperando o decesso nessa imensa desordem de páginas amarelas.

LUCIANA MARTINS

Luciana Martins é poeta, escritora e professora maranhense, mestre em Literatura pela UnB e doutora pela USP, autora dos livros Lapidação da Aurora e Espetáculo das sensações alheias. "Todos os seus poemas trazem essa graça misteriosa. A ternura disfarçada. "lado oposto / único lado / exposto / de mim." Me faz bem a sua poesia. Está bem madura, sem as muletas dos adjetivos. "Um rouxinol sem sol". Os poetas são anjos. E têm o dom de encantar. Fiquei um tanto encantado com os seus poemas tão disfarces. Seus poemas são luminosas gotas. Muito obrigado pelo presente. Seu amigo, com carinho MANUEL DE BARROS"

MARTINS, Luciana. “espetáculo das sensações alheias”: drama lírico em três atos. Curitiba, PR: Editora Medusa, 2003. 93 p. (Coleção Ruptura Réptil) 14x21 cm. ISBN 85-903069-4-1 “ Luciana Martins “ Ex. Bibl. Antonio Miranda

fala do coro

E viver não seria apenas tangenciar a morte até sua impossibilidade?

Sacode as grades invisíveis do corpo, procurando debalde sair de si para entrar, por exemplo, na mulher “sem metafísica” que está do outro lado da rua e que se deixa ver pela janela do quarto onde nossa poeta escreve.

Tentar contar o acontecido também é uma maneira de fazer nascer um novo caos.

Mas cumpria enfrentar a linguagem, aproveitando a noite em que a metalinguagem tomou um sonífero diluído no copo de leite que a poeta, sua fâmula, lhe entregara. Era o que faltava para o começo.

o que é que é?

filha amarela no meio das verdes fio desfeito na trama das redes palavra deserta no poço da frases

silêncio de cigarra na travessia laboriosa das formigas

água contaminada do oásis

cântico cáustico

Deus não existe mas incomoda bastante

passeio na floresta no bar, eu brinco como a solidão (lugar-comum que me faz mais um)

no vinho, eu vejo o caminho

da noite, que vem a ser manhã, temporã

encontro, nessa ida, iguais que se esfaqueiam por trás

e desfazem sua lida tecida na fraternidade dos canibais

fim de ano

um resumo do dia:

flannerie por vitrines e encontro com seis papais-noéis de porta de loja

passo em revista a vida

e ela não é mais do que um monte de produtos à venda para o natal

do qual

só posso comprar uma pequena alegria com cheque pré-datado para daqui a 120 dias

desopção

(pensando em Emily Dickinson)

as vias do olhar percorrendo o mar e também coisinhas miúdas,

amenas:

banheiro, cozinha, sala de jantar

a casa ou o navio? o ir ou o ficar?

a via de cá

a via de lá:

sala de jantar mar

De

LAPIDAÇÃO DA AURORA

São Paulo: Editora Giordano, 1996. 52 p. amar construir estradas para se perder

firmamento vem

luzindo a estrela cadente e luzente a estrela caindo

quando teus olhos mirando findo

alimento

o usufruto de teu amor dá um fruto usual que acorda a meu lado criado, amadurecido: pendurado na árvore para ser colhido

diletantes

somos

porque secos, a cerveja e tudo o mais nos infla

balão

em festa junina

mas esvaziados somos

porque, depois de cheios, transbordamos

BABEL Revista de Poesia, Tradução e Crítica. Ano IV - Número 6 - Janeiro a Dezembro de 2003. Editor Ademir Demarchi. Campinas, São Paulo Ex. bibl. Antonio Miranda

experiência vicária

foi sorte:

nasci no século do cinema e posso ver outras vidas

aqui na terra, nesta mesma encarnação até o dia de minha morte

impaciência

vou amar de novo! perguntei ao I Ching

e ele me respondeu: "limite"

eu entendi o enigma desde o começo, mas o desobedeci

e amei de novo insistentemente febrilmente passionalmente inteiramente

poema arruinado

hoje, se eu fecundasse um filho, ele apodreceria em meu ventre fecunda dor

epigrama o papel da mulher na poesia é ofício

A4

almaço vergê

teoria

o amor é um conceito aprendido nos livros tu olhas pro sujeito amado ele é um conceito

seu gosto e seu jeito, um conceito o corpo desbravado por longas noites

idem

teu costume de olhá-lo também.

LUÍS INÁCIO ARAÚJO

As indefínidas palavras

Deixa que eu me perca entre palavras

Octávío Paz

Qualquer palavra que eu te diga ou te silencie é tão sem sentidopara o meu poema que é só bruma voz muda esferográfica: e o que sobre é esse silêncio pesando sobre os corpos, esse chumbo, o exaurir do carbono, o vão dos corpos.

Agora quero inventar um poema com isso que em mim é aresta,

arpão, fratura exposta, berro içado sobre setembro, estilhaço, beijo esgarçado, grifar minha mudez sem fundo afundada de tantas palavras.

Solto o poema como uma vertigem, desse perigo não há fuga: a nona sinfonia arrebenta num revés de crepúsculo. Inverter o caos da tarde em melodia ou aceitar o que um poema fabrica de naufrágio?

pela página?

Num lapso: me escapam o salto e o grito irisado, e daqui fotografo o abismo em cores kodak. Palavras desabam numa catástrofe: quero agora o vazio das margens, a intransferível brecha, o vão da palavra impronunciável. Em que poema jogar fora as palavras onde sempre esbarro?

- Vida & Morte

Deus & Sexo –Escrever é o que se arquiteta do deserto de uma falta, infância e cio, o turvo de alguém, antro de uma boca.

Mas o que escrevo é noite cava, emparedamento, poço e não cabe no estreito de nenhum poema. É só por afronta e voracidade que escrevo escavo: indefinidamente até preencher com o poema a branca ausência: impreenchível.

Agreste

Não mais recuo:

o que escrevo é escassez e fendas, é contra esse modo reto e seguro de escrever que escrevo - em desaprumo.

Bebo o gosto travado desse poema numa cobiça de ser dito: um laivo de sangue escorre de minha boca.

o processo vital subsiste ainda na artéria, a manhã poluída prossegue sua lenta engrenagem, seu incêndio diário, sua as simetria - apesar do azinhavre no garfo do pêndulo, do cotidiano cigarro igual ao trabalho noturno da morte num corpo.

Mas pra nomear o que respira secretamente por trás dessa vida de veias nervos assombros penhoras

e sofre desfiladeiros poços terrenos baldios, a mais inexplicável vertigem nenhuma palavra é possível: nenhum selo.

A paIo seco

Meu poema armado com lacônicas palavras (contundente arpejo) canta-se assim torto como não convém e maneja facas lâminas secas pra te dizer certas coisas que te fariam sangrar: profundamente.

Arquitetura

Procura a ordem

desse silêncio que imóvel fala: silêncio puro.

João Cabral de Meio Neto

Um dia escreverei um poema que não precise dizer nada um poema: apesar das palavras arpejo relógio ou pedra silêncio que ninguém suporte lâmina dentro da goela de João Cabral de MeIo Neto voz e fino topázio a linguagem apenas tece a trama de nenhuma sintaxe um dia escreverei um poema no azul vazio da lousa em ecos um silêncio adormece

(Vôo Ávido/ 1991)

LUIS INÁCIO OLIVEIRA COSTA nasceu em São Luís do Maranhão, em dezembro de 1968. É professor do curso de filosofia da Universidade Federal do Maranhão. Publicou em 2012 o livro de poemas Forasteiro rastro e em 2008 o ensaio Do canto e do silêncio das sereias – um ensaio à luz da teoria da narração de Walter Benjamin, nascido de uma pesquisa de mestrado

Possui graduação em Direito pela Universidade Federal do Maranhão (1992), mestrado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2005) e doutorado em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP (2016). Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal do Maranhão. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Filosofia contemporânea, sobretudo o pensamento de Walter Benjamin, e nas relações entre Filosofia e Literatura.

POESIA SEMPRE. Revista semestral de Poesia. Ano 7. Número 10 abril 1999. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura, Departamento Nacional do Livro, 1999. 253 p. ISSN 0104-0626

Noturno com Fernando Pessoa

Um tejo naufraga no quarto do homem que teoriza abismos a mão acaricia a treva de leve quase sem gesto o travo acre do vinho tristemente o tabaco lá fora, a noite imensa e apenas desabamento

Ars poetica, ars erotica

Um corpo resume-se a alguns rastros gestos úmidos réstias azuis de segredos vazando às avessas pelas frestas

Escrevo até onde entre frinchas o silêncio deixa restos no poema e mudo o desastres dos meus dedos

Bodas

A amante se prepara para a febre azul da orquídea há lugares vazios na carne e nas palavras aqui onde os corpos copulam os seus desvãos e deixam silêncios limosos aroma de amoras apodrecendo despentear-te despenhadeiro lento violento afogar-se em nirvanas a solidão do sexo sussurra um delicado desastre sangra a vida noturna da água-marinha

ARREBOL

o que não mata a sede do aguardente o que afoga dentro da voz da cantora o violão de 7 cordas o que naufraga a tempo de virar gesto e degringola cacos de vidro assim chamados madrigais noturnos

o que te espera na próxima esquina e nem te lembras com alarde o que se deve à cicatriz de uma palavra e é alado e ilegível

FILIGRANA

na página o luto do alecrim passeia como fora a luta do afogado a haste da lua o jasmim na veia quando aflora alheia a noite o silêncio onde a puta

cheia de dedos tateia

palavras mais secas sem esses enfeites a não ser os assim esfarelados

esfarinhados ao gosto do despejo limpar o terreno uns poucos cacos

RESTO DE MANIFESTO

3 rolos de arame farpado só nessa tarde já provaste a Praça Deodoro armada assim entre os teus dentes? encouraçada: croas do sábado? escancarar a porta dos fundos abrir espaço beber abril nenhum oboé

nenhuma verbena um escangalho alguns latidos e uma máquina de esburacar à noite

BOTECO

de onde espias a curva que um corpo faz antes do mais irrisório rio e bebes chispas uivos baratos comes dilúvios muvucas ovelhas negras comes com os olhos sem pressa e mesmo dardejas sessões de cinema esquecidas já no fundo, farelos do sanduíche relâmpagos mesquinhos que sem jeito ainda ateias

assim ateu no rosto de quem passa como se nem selva súbita fosse

Foto: https://www.brasildefato.com.br

MANOEL HERCULANO Natural do Maranhão e radicado no Rio de Janeiro, há 15 anos o escritor vive exclusivamente do seu trabalho com poemas Ele escreveu "Ô de casa: Rio Maranhão" e "Todos são poetas na praça". A seguir, o poema publicado na Folhinha Poética – 2012:

BRAZIL ZIL ZIL

Quem me vê, quem me viu, que só me ouviu

Quem dirá que não tenho a cara do Brasil?

E tenho mais: a cor, o som, o dom, o ritmo

Deste meu Brasil, brasileiríssimo, legítimo.

Eu sou semelhante aos gritos de gol no estádio

Sou como as canções que chegam pelas ondas do rádio.

Pelas veredas, nos grandes sertões, pelas manhãs

Como sedas, abrindo os botões das Rosas dos Guimarães.

Pelas vidas secas, ressecadas, de tantos fulanos

Sem as folhas esverdeadas dos Remos dos Gracilianos.

Porque o Brasil é isso, mansão e cortiço.

É sotaque, é folclores, destaque com as tintas que o colorem.

Uma nação estampada na cara de que ainda pede bis

Em plena madrugada, dos poemas e canções que não fiz

Nos palcos de tudo ou nada, nas danças de um país.

Portanto, não há troço nem treco, mesmo em forma de funil

Que impeça esse eco: Brasil zil zil!#

Para ver e ouvir a músIca de MANOEL HERCULANO: https://www.youtube.com/watch?v=4zZJtNch2Ws&ab_channel=PoesiaBrasileira

PAULO DJORGE Nasceu em Caxias, Maranhão, foi criado em Brasília e mudou-se para o Rio de Janeiro,, na década de 80. Participou do Grupo Garganta Profunda, regido por Marcos Leite (In Memorian), e do Grupo Canto do Rio, regido por Paulo Malaguti.. Foi o início de sua carreira artística. Na década de 90, integrou o Coral da UnB, e participou de vários concursos no Brasil e no Exterior. Destacou-se com o show solo “Pesquisa do Folclore Brasileiro”, com o qual fez varais apresentações na Europa (França, Suiça, Itália). Na mesma época, foi contemplado com o Prêmio Renato Russo, pela Secretaria de Cultura do DF, com duas músicas, que fazem parte do CD-coletânea do referido prêmio. Realizou vários projetos culturais em Brasil e no Rio de Janeiro. Elaborou trilhas sonoras para teatro, televisão e cinema. Trabalhou com Povos Indígenas, em Tocantins – Terra Indígena Kraho; amante da poesia, tornou-se compositor, arranjador, instrumentista. Professor de música e estudante de Letras na Universidade de Brasília, participa ativamente do movimento poético “Oi Poema” (Luis Turiba, Nicolas Behr, Amneres, Cris Sobral, Bic Prado), com o quql esteve na I Bienal Internacional de Poesia de Brasília (2008). Membro do Forum de Cultura do DF, atua com proposições políticas culturais. Vive na ponte Rio–Brasília.

De

Poessíntese & O que virou canção Brasília: Thesaurus, 2008

Que saudade

louca, vou entrar num disco

voador

pra passear no céu da sua boca

* Eunuco?

Eu? Nunca!

* Somos nós que desatamos nossos nós

* De um papo furado, escorriam

palavras [...]

*

A cada

cerveja, um gole Vários copos na mesa

Engarrafamento

* O poeta é palavra, é letra.

Um papel, uma caneta

PAULO FURTADO Paulo Henrique dos Santos Furtado nasceu em Cajari - Maranhão-Brasll, em 30 de setembro de 1973. Aos quinze anos de idade rumou para São Luís, a capltal do Estado, objetivando estudar. Trabalhou como Técnico em Patologia Clínica durante 17 anos. Depois formou-se em Direito, com pós-graduação em Processo Civil, abandonando a área laboratorial para advogar e ser professor universitário. De temperamento inquieto, começou a escrever pra valer aos 38 anos, cadastrando-se no site Recanto das Letras com o pseudônimo de Paulo Bintim. Publica alguns textos e rapidamente foi encontrado pelo editor Gilberto Martins, que coordena o curso Palavra e Arte. Desta forma, Paulo publica cinco contos numa coletânea de 11 autores. Posteriormente, teve duas

poesias publicadas na V Coletânea Século XXI. de Volta Redonda-RJ, Obra do Editor Jean Carlos Gomes, uma Homenagem ao Escritor Gilberto Mendonça Teles. Atualmente reside em São Luís alimentando a 'possibilidade' da sobreviver brincando de escrever.

FURTADO, Paulo. Brincando de escrever com poesia a você. Lisboa: Chiado Editorial, 2015. 234 p. 14x22

cm. Capa: Prasad Silva. ISBN 978-989-51-2606-4 “ Paulo Furtado “ Ex. bibl. Antonio Miranda

De minha Aldeia a Fernando Pessoa

Te imito na forma de datar o que escrevo

Mas não me pareço contigo na vontade e na hora de morrer

Fabricaste muito e em pouco tempo

Como quem apresenta monografia-vida em poucos minutos

quando dispunha de muitos para consertar e brilhar contudo

Te imito na vontade de escrever pra variar

Mas me distancio no potencial de criar

Tu eras português de Lisboa

Eu um pequeno versador de Cajari

Sou só uma pessoa: Paulo, Paulinho, Benteco, Bintim ou Tintim

E tu Pessoa combinado com Fernando, nome de Antônio Santo

Teus irmãos? Ricardo Alberto Álvaro Bernardo

E os clandestinos que não vos conheço...

Os meus? Laura, Ana, João, Isabel, Ido, Raquel

E os que não sei cria-Los...

Não sei descreve-Los. Não vos conheço

E no meu escrito não acredito

Por vezes nem respeito, sequer aceito

Por isso sofro, morre o Poema

Mas nasce a Preguiça

Que anima e dá tempo ao dilema

Que pede licença e clemência a morte

Que não produz ou produz pouco.

Que não anda e não morre!

Aldeia, Grande Recife, dentro da Mata Atlântica, Quarta-feira de cinzas, nove e vinte da noite, 13/02/2013.

CROATA

Quando começa a chover o Tempo volta.

O clima que não muda, entorta.

A sensação térmica é de inverno

A temperatura esfria, atrai melancolia

Pingos na telha, rede de lona branca, relâmpagos

Lençol com estampa, barquinho de papel, bandeirinha, porfia

Frio no final de tarde e um desejo que o Tempo retroaja

Falta luz elétrica, lamparina a querosene se acende. Peixe a granel

E tinha o Chifre de Ouro, o famoso bordel!

Mas o chifre não era apenas o então depravado

No Croatá, era a nossa riqueza, um rico gado

Laçado e vaqueirado para o nosso perfeito cercado

Me lembro de um dia debaixo da árvore:

Fábio, Carrinho, Chiquinho, Cláudio, Xandico, Alberto, André Iomar, Rogério, lonaldo. Eu e cada um dentro da sua fé...

Terra de Gentes boas com sorriso verdadeiro

Alexandre, o grande vaqueiro!

Homem ordeiro, assim herdeiro!

Daquele lugar aprazível onde ainda reluz um Anjo mensageiro

Sinto o gosto daquelas madrugadas trepado no grande curral

Leite Mugido! E não devia ser fervido?

Sei lá, continuo com intolerância a lactose

Pela Natureza, um protegido, nunca morrerei de overdose

A Poesia, Biotônico Fontoura desde aquelas férias

Quando esperava o copo encher direto da teta

Bebia tudo, até a espuma, sem nenhuma etiqueta

Ganhava assim força e um dia todo pra virar 'capeta'...

Um destes capetas: meu amigo Fábio Câmara resolveu fazer jus ao seu sobrenome. É da Câmara de Vereadores de São Luís do Maranhão, um amigo guerreiro que pensa em ser prefeito... 04 de novembro de 2013

CATRAIO SOLITÁRIO

O casal de Bem-te-vis não canta

Estão como eu

Entristecido na varanda...

Um casal de marrecos também anda

Um catraio solitário num final de tarde amarelo, Lindo quando avistado na curva do Banguelo

Agora o Sol amolda-se à minha visão

Dá uma confusão

Uma vontade de acalentá-la naquele caixão

A mim não cabe a obrigação

Daqui em diante Ela Pó

Mas não está só

Introduziram-na no Ministério maior

Minha cabeça dá um nó

Ai que dor

Ai que dó

Mais dedicatória Maria Cachoeira 04 de dezembro de 2013

QUEM CURA É DOUTOR

Quando era criança as doenças eram tratadas por Mamãe:

Pílula Contra Estupor e não sei de quem eram a favor

Padrax era pra vermes, mas na verdade era apenas pro Ascaris lumbricoides, lombrigas que saiam inteirinhas Cobrinhas dançando naquela Lua repentina

Mas dias antes, Extraio Hepático ou Elixir Paregórico Óbvio

Para o meu detonado fígado

E pra curar infecção que dava febre alta: - Ambra Sinto

Emulsão Scoti e Biotônico Fontoura era pra ficar forte

Pra prisão de ventre, Magnésia que me dava diarreia

Mas o que mais gostava era de tomar Cobavital com Poliplex

E quando o assunto era grave de tirar o sossego

Só havia um desfecho

Entrar em algum bar e o Doutor achar

Só de calção azul prescrevia em nossa casa sem nenhuma rejeição

Auscultava seu par, o paciente Zé Pereira precisando de extrema unção

E ainda assim receitava com todo seu respaldo de comiserado

Com seringa de vidro, Santana de meu irmão Chico Dória

Decadron aplicava

Era o único Anjo que fazia meu Tio infeliz dormir sossegado

A Dr. Chagas, que era médico pediatra

Agradeço

Rezo

Pelas noites que fez reinar a paz lá em casa.

Sou criança, sou adulto, sou velho, sou paciente Confesso..

Portal da Lagoa, 06 de março de 2013 Dia em que meu Tio Zé Pereira faria 83 anos...

RÊGO JÚNIOR Poeta maranhense radicado em Brasília desde 1997, funcionário público por subsistência, poeta por amor e vocação apresenta seus recitais, de forma performática em bares, espaços culturais e eventos artísticos e populares. Integrante do recital Francisco Morojó, da Ceilândia; organizador do grupo poeme-se de Taguatinga que se apresenta todas as segundas e quartas de cada mês no Bar BLUES PUB em Taguatinga (centro). [Fonte: TBone Açougue]

RÊGO JÚNIOR. Zigoto das palavras. Ceilândia [Brasília] , DF: Dino Editorial, 2014? 152 p. ilus. col. 22x22 cm. ISBN 978-85-0000-000-3 Apoio FAC – Fundo de Apoio à Cultura, Secretaria de Cultura, Governo de Distrito Federal Ex. bibl. Antonio Miranda

“Em Zigoto das Palavras a poesia é alimento espiritual da odisseia interior, para o homem reconhecer-se no outrem e lapidar sua humanidade. A Poesia é catarse para o Poeta e o leitor. Grito-primal de libertação. Pode ser o olhar atento ao movimento do planeta, ao abalo sísmico da gritante desumanidade, à falência dos sistemas sociais tal como se sustentam nas estatísticas da miséria, do ódio, do desemprego, da injustiça, a

eterna busca humana às respostas das inquietações históricas, filosóficas, religiosas.” (...) “O lado lúdico da palavra buscando o significante.” MENEZES Y MORAES.

DESESPERO

Um homem frustrado, um verme calado

Uma mosca no lixo, um homem falido

Um desempregado, um homem acuado

Uma ave de rapina, um homem que assassina

Um bote fatal, desespero geral

Um tiro no escuro, alguém transpõe o muro

Um emprego no rádio, que não dá para o coitado

Assalta de dia, vai à missa vazia

Com o terço no peito, ele rouba o prefeito

Com a arma na mão, ele pede perdão. Amém.

BROTAMENTO

Ser gente

Ser mente

Mente sã pra sempre

Ser

Mente

Semente

Para brotar conhecimento

No solo fértil da gente

Neo-Escravo

Escravo não

Abolido

Senzala não

Dependência completa para empregada

Senhor feudal não

Meu patrão

Quilombo

Conjunto habitacional

Capitão do mato não

Meu gerente

Fazenda não

Periferia

Degraus não

Carteira assinada

Trabalho dobrado não

Faço horas extras

Escravo não

Neo-escravo

2a. BIENAL DO B – A POESIA NA RUA. 26 a 29 de junho de 2012. Brasília: Açougue Cultural T-Bone, 2012. 130 p. ilus. col. 17x25 cm. Inclui textos dos poetas participantes do evento.Ex. bibl. Antonio Miranda RILNETE MELO RILNETE SOARES DE MELO,55 anos, Maranhense, graduada em Letras e pós graduada em Docência do Ensino Superior pela Faculdade Santa Fé-

São Luís – MA, nasceu no lugarejo Marajá, na região do vale do Pindaré e aos 5 anos veio para a cidade de Pindaré-Mirim.

Considera-se escritora entusiasta e escreve desde criança, tem algumas obras publicadas em seu Blog “Versos na Alma” e no Site Recanto das Letras, participou da Antologia poética “Poetize prêmio 2013” da Biblioteca Nacional de Poesias, escreveu em 2015 o Cordel “E agora José”, foi cronista do jornal “O Potiguar” de Natal-RN, onde morou por 20 anos e agora retornando às suas raízes está começando a divulgar seus trabalhos com seus conterrâneos, onde fará lançamento do Cordel Pindaré-mirim 96 anos!

Rilnete Melo é brasileira,maranhense de monção, mas atualmente reside em Pindaré Mirim -Ma, é escritora, cordelista, professora, graduada em letras/espanhol, especialização em docência do ensino superior , membro das academias ACILBRAS, ABMLP e AIML, autora do livro "Construindo Versos e cinco cordéis, entre eles "E agora José?. Participou de várias antologias nacionais e internacionais, ganhou em primeiro lugar o prêmio " "Escritora Rejane Aquino" (editora mandacaru) Prêmio ,"Sou Mulher poesia (AIML) e prêmio"Clube do cordel".

NOVO DECAMERON. Antologia poética. Org. Rodrigo Starling, 2021. 235 p. ISBN 978-65-994-783-7-6-1 Ex. bibl. Antonio Miranda

LACUNA

Descompassos vividos

Incompletude

Temores.

Ausência

Inconcretos abraços Sorrisos enroupados

Na ótica da dor Olhares vazios

Seres tateando Na expectação Na resistência!

E o destino a conduzir

Pela estrada

Sobreviventes

Em reveria

Ao amor

À fé

À poesia!

ABRAÇOS

Hoje

Movimentos sem rotação

Metamorfoseados

Pelo invisível

E o grito do calor humano

Aperta no peito hipotético

Imperecível

Gesto calado

Na dor

No medo

Na morte

Na homenagem

No consueto

E de Deus

Em intensidade

Conforto

Ato consumado. http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/maranhao/maranhao.html

RONILSON DE SOUSA LOPES Nascido em Carolina – MA, passou sua infância na cidade de Goiatins no Estado do Tocantins. Licenciado em Filosofia pelo Instituto Santo Tomás de Aquino –ISTA. Possui Pós-Graduação em Metodologia do Ensino de Filosofia e Sociologia pelo Centro Universitário Barão de Mauá. Atualmente é professor de Filosofia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas - IFAM Campus Lábrea. É o autor do Livro Contos do meu sertão pela Editora o Lutador, do livro de cordel O Fofoqueiro e de vários outros folhetins de cordel.

PROVÉRBIOS DA LAMA. Antologia poética. Organização Rodrigo Starling. Belo Horizonte: Starling, 2020. 204 p. ISBN 978-85-990511-3-5 Ex. bibl. Antonio Miranda

NO MEIO DA FLORESTA

Há, no meio do caminho,

Do fogo queimando a Amazônia, 0 destino da onça pintada que quer viver

Contrário àquilo que sonha o hábil agricultor, Que empreende com imenso desejo de enriquecer.

Há, no meio do caminho,

Do fogo queimando a Selva, 0 ninho da ave que almeja a espécie perpetuar

Oposto ao motosserra do ambicioso madeireiro

Que desmata com imensurável vontade de prosperar.

Há, no meio do caminho,

Do fogo queimando o serrado pantaneiro,

Um pé de pinho, de Ipê de imenso lenho

Diversão de garimpeiro que polui as águas com mercúrio

Danificando o oxigénio, poluindo as águas a cada biénio.

Falta, no meio do caminho,

Do fogo consumindo a floresta, Um tino que guie a mulher e o homem Com ética, respeito, alteridade e sabedoria... Em nome da vida de todos os seres que consomem

WALBERT GUIMARÃES Ccompositor, escritor e poeta maranhense Walbert Guimarães, de São Luis / MA, lançou o livro “Poeta de Rima Pobre” (2014).

ANTOLOGIA POÉTICA. Sarau Brasil 2016. Concurso Nacional de Novos Poetas. Organização e apresentação

Isaac Almeida Ramos. Cabedelo, Paraíba: VIVARA Editora Nacional, 2016. (Série Novos

Poetas no. 19. 446 p. ISBN 978-85-920158-2-1

Ex. bibl. Antonio Miranda

Morada dos versos

Para viver esses versos

É preciso seguir o vento

Voar sobre os esqueletos

Perder o medo da morte.

É preciso transpor a arte

E observar lá de cima

Essas raízes de rima

Pois chuva aqui não chora.

É preciso colher das horas

O que de valor é nada

A poesia declamada

Na voz rouca delirante.

Pulsa enquanto é pulsante

Que a lógica dos dementes

É a mesma que aparenta

Casa de alucinação

Entre a loucura e a razão

É lá que mora o poeta.

POETAS NÃO BIOGRAFADOS DE ANTES DE 2000

MANOEL BENICIO FONTENELLE

(advogado, ex-deputado pela Província do Maranhão)

Manuel Benício Fontenelle, nascido em 25.12.1823, na cidade do Brejo, província do Maranhão, e falecido em 06.07.1895, em São José de Além Paraíba, Estado de Minas Gerais. Filho de Felipe Benício Fontenele e de Ana Alves.

Advogado e poeta. Começou seus estudos no seminário de São Luiz do Maranhão e daí, com a intenção de estudar também Direito, passou para o seminário de Olinda, em Pernambuco. Inconformado a doutrina Católica da infalibilidade do papa, que julgava um exagero, deixou o seminário, dedicando-se somente à faculdade de Direito, onde recebeu o grau de bacharel em 1849.

Pouco depois de formado esteve no Rio de Janeiro, onde se casou. Foi Deputado à Assembléia Geral pela Província do Maranhão, de 22.05.1867 a 22.07.1868.

De

Manoel Benicio Fontenelle SATANÓPOLIS – POEMA Rio de Janeiro: Imprensa Industrial, 1878 318 p Extraído de um exemplar da Biblioteca Nacional, doação de Aricy Curvello. Longo poema com 15 cantos. Precedido por uma dedicatória à cidade de São Luis do Maranhão.

DEDICATORIA

Rio de Janeiro – Abril de 1878

A ti, berço dos sonhos, o meu sonho.

Mãe de Odorico, de Gonçalves Dias, Terra onde saudosos olhos ponho, Minha terra, mãe minha, as harmonias

Acolhe do meo debil alaude

E entre os gloriosos sons delle o som rude.

O´gigante que estás do mar á borda, Sentinella deitado, alto mysterio, Pelas horas da noite, a um sopro acorda

Que passa te abalando em roda o imperio, Sopro do Mal, e d´harpa que ao horror freme

Acolhe o frêmito, o cantar que treme.

Terra brasilia, pátria destes cantos, Terra brasilia, minha doce patria, Como o filho que á mãe beija-lhe os prantos

Porque o entranhado maior que faz que idolatre-a, Eu beijo as tuas lagrimas e canto

De amor e de justiça o hymno santo.

Berço dos sonhos, rede de poesia

Doce embalada, ninho de poetas, Chão, ar, céo, donde jorra a melodia, Poetico paiz, regiões dilectas, Terra do Maranhão, acceita o verso

De orvalhos de saudade e amor asperso.

Terras de santa cruz com o nome e emblema, Fulgido em vossos céos vosso Cruzeiro, Vosso santo d´estrellas diadema, Patria santa, almo império brasileiro, Acceita, neste poema o palpitar-me, O coração a te fallar no carme.

CANTO V (fragmento)

Fiquei olhando e emquanto o echo reboa

Do gêmeo grito a sahir da treva ardente

Onde cahio com o par a gêmea c´roôa;

Os olhos na catastrophe e na mente

Voando o caso que recordo ab ovo, E o chão lembrando-me onde son vivente:

“ Repelle, ó Novo Mundo, ó mundo novo

Da Liberdade, a mergulhar na Europa

E a vir ser alma em ti de cada povo:

Oh! repelle, que o sangue te galopa, Repelle a inquinação, ó verde America, Do gigante o pygmeo vestido em roupa,

Repelle a sombra anan da alma homerica, Negro d´alma o Soluque e seo imperio.

Nem tua aureola, ó Mãe, seja chimerica. (...)

AURORA DA GRAÇA. Bibliotecária, professora e escritora/poeta brasileira. É a autora de Cavalo dourado (1977), Nó de Brilho (1981), Memória da Paixão (1987) e O tempo guardado das pequenas felicidades (2009), esta última uma coletânea com a reunião dos seus três primeiros livros publicados.

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Aurora da Graça |Rosário/MA|. Bibliotecária, professora e escritora/poeta brasileira. É a autora de Cavalo dourado (1977), Nó de Brilho (1981), Memória da Paixão (1987) e O tempo guardado das pequenas felicidades (2009), esta última uma coletânea com a reunião dos seus três primeiros livros publicados. Os poemas aqui compartilhados foram extraídos do livro Memória da Paixão (SECMA/SIOGE, São Luís, 1987).

ÁGUA-LÁGRIMA |Aurora da Graça

No fundo do pote na cozinha a água quieta

dos rios longínquos no fundo do pote na cozinha a água-lágrima guardada em barro berra a muda transparência do olhar

*** AURORA EM ESTADO DE GRAÇA E POESIA

Há tempos venho devendo um ensaio, uma crítica sobre a obra de uma das vozes femininas mais distintas da poesia maranhense. Refiro-me a uma poeta que já tem poesia no próprio nome: Aurora da Graça Almeida. Certamente, nesses tempos em que o feminismo não é apenas uma questão de afirmação política do feminino, mas uma luta sem trégua para que a mulher seja enfim reconhecida em todos os campos, a voz poética de Aurora da Graça reclama, cada vez mais, o devido reparo da crítica e a atenção que sempre exigiu entre nós. A bem da verdade, a poesia maranhense, ao longo do século XX, foi ocupada por vozes masculinas poderosas, como a de Ferreira Gullar, José Chagas, Bandeira Tribuzi, Nauro Machado, o que certamente inviabilizou a apreciação de outras vozes, sobretudo femininas, no contexto da produção literária que se afirmou ao longo do período. É preciso, sem dúvida, considerar uma dose significativa de falocentrismo em tudo isso, uma vez que, apesar do Maranhão ter gerado a primeira voz feminina do romance brasileiro, Maria Firmina dos Reis, a presença de mulheres na produção local sempre esbarrou em um denso véu de silêncio e, porque não dizer, de preconceito explícito em relação à literatura produzida pelas representantes do gênero no campo literário. Desde o século XIX, Maria Firmina dos Reis e algumas vozes femininas solitárias têm disputado posições no campo literário massivamente masculino, e apenas a partir da segunda metade do século XX é que escritoras e poetas começaram a surgir e a ser reconhecidas com mais frequência no cenário da produção literária do Maranhão. Entre essas vozes constelares, que começam a dar uma feição peculiar e própria à literatura produzida por mulheres em um dos estados com um dos mais antigos e consolidados sistemas literários do Brasil, decerto figura a obra ímpar e fecunda de Aurora da Graça Almeida.

A obra de Aurora é uma das finas e elegantes que a literatura maranhense tem produzido nos últimos 40 anos, já devidamente consolidada, tendo chamado inclusive a atenção de alguns poetas e intelectuais nada invulgares, a exemplo de Carlos Drummond de Andrade, Arlete Nogueira da Cruz, José Chagas, Carlos Cunha, Marcia Tiburi, e até mesmo um contato breve com Clarice Lispector, de forma que, a despeito de relativo silêncio crítico sobre sua produção, sua escrita atraiu e tem atraído a atenção meritória do campo literário e época em que tem produzido seus livros. Com certeza, o dilatado espaço de publicação entre as obras, somado ao fato de que Aurora da Graça não fez questão de ser outro medalhão do meio, ostentando sua presença e figura entre os escritores, contribuiu para que sua produção ficasse ao largo dos nomes que circulam com mais destaque entre os agentes do campo. Contudo, a despeito dessa ausência relativa, a produção de Aurora tem apenas crescido, tornando-se distinta desde o primeiro livro, Cavalo dourado (1977) até o mais recente, a coletânea de inéditos e de todos os demais títulos, O tempo guardado das pequenas felicidades (2009), no qual reúne uma vasta reunião de poemas, demonstrando um alentado e inventivo fôlego, o que confirma que sua contribuição para a literatura produzida no Maranhão vai muito além dos poucos títulos publicados em um intervalo considerável de anos, desde 1987, quando de seu Memória da Paixão. Entretanto, o que exatamente Aurora da Graça Almeida tem a nos dizer em seus delicados versos? Qual exatamente a matéria com a qual trabalha, da qual arranca a tessitura de seus textos? Qual exatamente o sopro de angústia ou motivação existencial que conduz Aurora à expressão poética? Tais questionamentos, a despeito das respostas, são respondidos em parte desde o primeiro livro de Aurora, que já nasce com um estilo e uma expressão muito próprios, que nos revelam a cada livro uma poeta que não está preocupada com uma dicção grandiloquente ou, em outro sentido, desvelar-nos formas inéditas de composição e experimentos vanguardistas. Aurora da Graça Almeida é uma poeta do humano, em todos os sentidos possíveis, mas de um humano que retira, da matéria do cotidiano e até dos eventos mais banais da existência, a matéria lídima de sua reflexão poética, marcada por versos e imagens que nascem de construções discursivas eivadas de um ritmo espontâneo, muito pessoal, e que a aproxima muito de outras poetas que extraem dessa mesma matéria o canto que as singularizou, pontuado pelo mais intenso e expressivo confessionalismo, como Adélia Prado ou Cora Coralina, por exemplo. No entanto, não há nos versos de Aurora o diálogo algo religioso bem peculiar de Adélia ou as notas memorialistas de Cora Coralina. A trajetória de Aurora singra por outros oceanos, em que o diálogo com o divino ou com a memória tem outras tonalidades, muito próprias de uma mulher que deseja exprimir-se por meio da palavra não apenas pelo desejo de um exercício vocabular de natureza

intelectual, mas porque há uma necessidade emocional e ontológica de manifestar o seu assombro e sua percepção do tecido existencial, cujos fios são desvelados através de seus versos repletos de uma pulsante vitalidade feminina, como em Esperança vã:

A manhã me nutre de esperança e não vens

a manhã me comove pela praça e não vens

a manhã comparece e jorra luz vaza telha transparente e não vens

a manhã se mistura com a brisa muitas águas maré alta concretiza sua essência e não vens

a manhã me insinua que tu vens nalguma tarde embriagada de manhã.

Dir-se-ia que Aurora extrai, portanto, do confessionalismo emocional a força da expressividade espontânea e genuína de seus versos, marcados por um ritmo natural, que é o ritmo natural do discurso, no entanto atravessado por uma necessidade de dizer que desautomatiza a percepção das construções vocabulares mais comuns que, enfeixadas através de uma sequência repleta do pathos da experiência, da emoção e da percepção plástica da língua, explodem em verdadeira poesia, ainda que despida dos trajes austeros do verso de tons mais rebuscados. Isso porque a poesia de Aurora não dá sinais de que pretende ser uma poesia rebuscada, pretensiosa do ponto de vista acadêmico, ou, como alerta magistralmente Drummond em uma correspondência à autora: “Vejo que para você a poesia não é simples exercício verbal, mas sim uma forma de existir e sentir-se existir, com emoção e percepção interna dos versos, das situações e das coisas.” E o mestre de Itabira conclui: “Poesia viva, portanto”.

E é dessa ordem de poesia, ainda rara entre os poetas brasileiros, da qual estamos falando. Uma poesia sumarenta, feita da mais pura matéria existencial, da própria vida do artista, que não tem a pretensão intelectual, no entanto, de ser apenas um artesão linguístico, um sofisticado e por vezes abstruso artista da palavra e da língua, mas simplesmente o artista que tem a necessidade linguística e artística de exprimir-se, de ser e de existir, e transformar em poesia o próprio tecido da vida, forjando, através do verso, uma arte que dispensa o exercício verbal que pretende rasgar o tecido linguístico da expressão, mas justamente aproveitar a pulsão erótica, a pulsão emocional, a pulsão da própria percepção, em estado de assombro, a fim de extrair, da matéria confessional, rasgos de uma expressão sincera, mas despojada. E, ainda assim, de uma genuína força poética, rara até mesmo entre as constituições poéticas mais consagradas, ou entre os poetas capazes de conduzir o idioma aos experimentos linguísticos mais radicais, e que, no esforço, perdem a comunicação com o humano e com a existência, forças que, quando ignoradas em uma obra poética, a tornam alienada, vazia, um belo objeto de arte pela arte, mas que não conta com a participação viva e vívida do leitor que busca, no verso, a transubstanciação da matéria inerte da existência e da vida em poesia. Que outros artistas, ao longo do século XX, que também trilharam por senda semelhante? Um nome, muito aparentado à poesia que Aurora cultiva, é o de Jacques Prévert, na França, e aqui no Brasil, além das poetas já citadas, a voz de Carlos Drummond de Andrade, que também soube perceber a profunda conexão que há entre a confissão, através da força pulsante de uma poesia mais despojada, e a própria vida.

Aurora nos fornece a todo momento o testemunho disso em uma produção repleta de poemas curtos, entre outros menos curtos, onde a vida, em ritmo cativante, assalta-nos através de uma delicada e sentida elegância verbal:

Estirada no varal do coração escorre o que não digo ou sinto a palavra paz.

....

Contemplar a noite e vê-la arrastar-se pelas entranhas dos que ainda esperam em vão

entre o que pulsa e o que adormece em quietude desafio constante entre desejos afagos martírios e lembranças viver

entre o escuro e o clarão prometido do dia guardião de olhos abertos sentinelas da espera viver

enquanto te exclues e te eximes de mim.

Enquanto dormes tua alma vagueia engana teu sono estremece tuas entranhas deságua em tua boca e move o insuportável.

...

Quisera não ter pernas meu riso se espalharia

quisera não ter pernas usaria minhas asas

quisera não ter mãos o poema se calaria

quisera não ter olhos o escuro seria imagem

quisera não ter alma seria irmã do robô

quisera não ter febre fosse brasa camuflada

quisera não ser estilhaço que a palavra fere e cala.

Minha morte não transmitam na televisão não anunciem aos que não me amaram não revelem aos que não souberam como sou alegre ou contundente

abstenham-se de um choro que não quero matriculem-se na lembrança mais longínqua de vosso coração não permitam que conversem ao meu redor se tantas vezes ninguém me ouviu

tão perto de mim

não façam de meu silêncio definitivo palco de vossas vozes excitadas comedidas ou tranquilas

se tantas vezes o que disse não tocou vossos ouvidos agora não me falem o que não ouço.

A mulher veio primeiro cabelos mais brancos que neve pés expostos ao frio

o homem negro sob chapéu de abas largas cinza de cor seu paletó pede poucos pães

o rapaz adentra quer café quente e açúcar cabelos negros de moldura para sua face bela

entra outras mulheres com suas vestes rancheiras aprumadas sob o frio de Minas escolhem leite frio

sobre o balcão o caderno de notas crediário para os que alongam sua dívida de pão.

...

O café da manhã me supre em seiva me socorre e só, corro para o dia.

Tais exemplos, e muitos outros, servem para testificar a capacidade desassombrada e natural de Aurora de lidar com os elementos e recursos mais singelos, perceptíveis no tecido do idioma, para fabricar a sua poesia de tons confessionais, emotivos e genuinamente poéticos. E isto é revelador de uma poeta que tem consciência absoluta do repertório instrumental que domina para obter os efeitos insólitos que alcança em níveis expressivos. O grupo francês OULIPO (Ouvroir de Littérature Potentielle ou Ateliê de Literatura Potencial), em décadas de experimentação e pesquisa chegou à conclusão de que a perfeita consciência das regras linguísticas e formais que permitem a produção do texto poético é que distingue os poetas mais talentosos daqueles que não têm absoluta consciência e domínio dos recursos expressivos que utilizam para a produção literária. Em outros termos, um poeta que afirma que não obedece regras e recursos formais para exprimir-se em termos poéticos é porque desconhece as regras e recursos formais que utiliza o tempo todo. Ou seja, não possui consciência de seu próprio fazer poético, porque todos, ao cultivar um artesanato qualquer, incluso o linguístico, desenvolvem também um conjunto de instrumentos próprios com o qual criam um estilo, uma marca expressiva que os distinguem de outros. Com Aurora da Graça tal inconsciência não se dá em nenhum momento. Utilizando de modo intencional uma expressão despojada e até mesmo singela, Aurora é senhora completa do seu ofício, pois tem um absoluto domínio de seus recursos expressivos, uma

vez que controla o fluxo verbal discursivo como poucos, tornando-se assim muito distinta da massa enorme de versejadores vulgares e prosaicos, que se esforçam sem sucesso por arrancar verdadeira matéria poética da confissão, mas não conseguem porque não percebem com agudez, perspicácia e sensibilidade o andamento rítmico da língua, a beleza plástica das ferramentas vocabulares, cujo mister não necessita de formação teórica ou absoluto empenho retórico e intelectual em dominar todo o repertório moderno ou clássico da versificação, mas tão somente uma consciência linguística sensível e fecunda, atributos que são fartos na obra de Aurora da Graça Almeida, a poeta que já tem, em seu próprio nome, uma pequeno poema que sela o seu fado, assinalando, assim, o nascimento à criação literária.

Muito além de uma simples professora que eventualmente faz versos, Aurora da Graça Almeida, com sua sensibilidade feminina ímpar e notória capacidade expressiva de lidar com a plasticidade espontânea da língua, produziu e tem produzido, nos quadros literários da poesia no Maranhão, uma obra singular, ornada com a simplicidade despojada de versos algo prévertianos, inundados dos ritmos e imagens da existência e do cotidiano, que também nos inundam de uma percepção da vida que, em tempos assinalados pela brutalidade e pela barbárie, exigem que retornemos à doce e singela poesia das auroras em estado de graça.

Ricardo Leão poeta e ensaísta

. BENEDITA AZEVEDO. Escritora/poeta, antologista, educadora e palestrante brasileira. Destacada cultivadora do haicai. Formada em Letras, pós-graduada em Educação e Linguística. Publicou 25 livros individuais, dentre os quais, 09 de haicais; organizou 23 antologias; tem textos publicados em jornais, revistas, sites e em mais de uma centena de antologias. Recebeu muitos Prêmios e Comendas de várias Instituições Literárias. Radicada no Rio de Janeiro desde 1987. Alguns de seus títulos publicados: Nas trilhas do haicai (2004), Praia do Anil e Canto de Sabiá (2006), Gotas de Orvalho (2007), Rumor das ondas e Silêncio da tarde (2010), À Sombra do Ingazeiro ( 2014), Haikai Doojin ( 2015) e ikebanas e HAIKAIA (2015).

Benedita Silva de Azevedo Benedita Silva de Azevedo – Benedita Azevedo. Brasileira do Maranhão, da cidade de Itapecuru-Mirim, radicada no Rio de Janeiro desde 1987. Formada em Letras, pós-graduada em Educação e Linguística. Escritora, poeta, haicaísta, antologista e palestrante. Presidente da APALA - Academia Pan Americana de Letras e Artes no triênio 2010-2012; Presidente fundadora da ACLAM, Academia de Ciências, Letras e Artes de Magé; Idealizadora do “Grêmio de Haicai Sabiá” - Magé-RJ e do “Grêmio Haicai Águas de Março”, na cidade do Rio de Janeiro-RJ. Membro efetivo da Academia Mageense de Letras, ImBrasCI, APALA, UBT-RJ, ABEPL, da Academia Itapecuruense de Letras, do Clube de Escritores de Piracicaba e do Centro de Literatura do Forte de Copacabana. Pertence a várias outras instituições literárias, no Brasil, Chile, França e Portugal, nos quadros de Membro Efetivo, Correspondente e Honorário. Acadêmico Correspondente da Academia Portuguesa de EX- LÌBRIS-PT.

Membro Honorário da Academia Internacional de Heráldica – PT., Membro Correspondente Honorário – Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia-PT., Membro Honorário da Tertúlia Rafael Bordalo Pinheiro-PT. Publicou 25 livros individuais, dentre os quais, 09 de haicai; organizou 23 antologias; tem textos publicados em jornais, revistas, sites e em 115 antologias. Tem 01 romance no prelo.Recebeu muitos Prêmios e Comendas de várias Instituições Literárias, inclusive, o 1º lugar no Grande desafio, no 17º Encontro Brasileiro de Haicai, Grêmio Haicai Ipê, novembro/2005/SP e o 1º lugar, na 5ª Edição do Concurso Nacional de Haicai, Caminho das Águas, Santos/SP/2011.

[... SEM TÍTULO ...] |Benedita Azevedo

Sombra do ingazeiro

Peixes e pedras misturam-se na água transparente.

LÚCIA SANTOS. Poeta/escritora, atriz e letrista brasileira. É a autora de Quase Azul Quanto Blue (1992), Batom Vermelho (1997), Uma Gueixa Para Bashô (2006) e Nu Frontal com Tarja (2016). http://nufrontalcomtarja.blogspot.com/

Lúcia Santos (Arari, 18 de novembro de 1964) é uma escritora[1] e poeta brasileira. Biografia Chegou a cursar Serviço Social, Letras e Filosofia na Universidade Federal do Maranhão, mas não concluiu os cursos. Em 1986, ganhou o Prêmio Poesia da Fundação Bandeira Tribuzzi-MA. Em 1991, seu poema Clara Manhã foi classificado no VII Festival Maranhense de Poesia Falada – UFMA.[2]. Venceu o XXIII Concurso Literário Artístico Cidade de São Luís, na categoria poesia, com o livro Batom Vermelho[3]. Publicou quatro livros e participou de diversas antologias, sendo que vários dos seus poemas foram musicados por intérpretes brasileiros. Seu nome é citado no Dicionário Crítico de Escritoras Brasileiras, de Nelly Novaes Coelho

Obras

1992 - Quase Azul Quanto Blue

1997 - Batom Vermelho

2006 - Uma Gueixa Para Bashô

2016 - Nu Frontal com Tarja

A poeta maranhense Lúcia Santos nasceu na cidade de Arari, em 1964. Começou a escrever ainda criança, mas só aos 20 anos encarou a poesia de frente, como algo definitivo e irreversível. A partir de então participou de diversos concursos, sendo premiada em muitos deles.

Em 1992, publicou seu primeiro livro de poemas, Quase Azul Quanto Blue. Em 1997, ganhou o primeiro lugar no XXIII Concurso Literário e Artístico “Cidade de São Luís”, com o livro Batom Vermelho. Mudou-se para São Paulo, onde mais tarde, em 2006, veio a publicar seu terceiro livro de poemas, primeiro de haicais, intitulado Uma Gueixa pra Bashô. Participou de várias coletâneas, e tem seu nome no “Dicionário Crítico de Escritoras Brasileiras”, de Nelly Novaes Coelho.

Ao lado de atores, músicos e poetas, roteirizou e apresentou alguns espetáculos de poesia, como: Batom Vermelho, Cordel Technicolor, Eros&Escrachos, Dentro da Palavra, Cochichos de Bruxas, Ménage à Trois, Papas na Língua, Companhia Ausente e Versos sem Tarja. O trabalho com poesia falada veio após cursar teatro em São Luís, em 1990, com o ator e diretor Lio Ribeiro. Em 1999, participou de um workshop com a atriz e poeta Elisa Lucinda. Em 2016, apresentou-se ao lado da poeta e letrista Alice Ruiz, no Baile do Baleiro, em S. Paulo.

Como letrista, tem parcerias com Kléber Albuquerque, Kana Nogueira, Cássio Gava, Pedro Moreno, Adolar Marin, Clarisse Grova, Rubens Kurin, Nosly, Tutuca, Daffé, Zeca Baleiro e muitos outros. Participou de festivais de música em São Luís, Belo Horizonte e São Paulo. Algumas de suas parcerias foram gravadas pelas cantoras Paula Lima, Margareth Menezes, Nila Branco e Andreya Vieira. Em 2009 a poeta foi tema de duas monografias do Curso de Letras, em S. Luís: “A Imagem e a Palavra na Poética de Lúcia Santos” e “Erotismo na Obra Batom Vermelho de Lúcia Santos”.

Recentemente, em setembro de 2016, publicou seu quarto livro de poesias, Nu Frontal com Tarja, pela Editora Reformatório (SP). O livro teve noite de autógrafos com recital em São Paulo e Porto Alegre. Agora, chega a vez da capital maranhense. Dia 17/05, a partir das 19h30, a poeta estará autografando no espaço A CASA – Travessa do Pimenta, 46 – Olho d’Água. O evento contará com participações de poetas, compositores, atores e artistas em geral.

Lúcia Santos trabalha com Oficinas de Poesia Falada. Tem vários livros inéditos, desde histórias infantis a contos e crônicas, como “Macabéa Desvairada”.

[... SEM TÍTULO ...] |Lúcia Santos

nem deuses nem malditos a gente cresce desfaz os mitos

SILVANA MENESES. Poeta, professora da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) com graduação em Química Industrial e doutorado em Zootecnia. Membro da Academia Caxiense de Letras, é a autora dos livros de poemas Embarcação (1988), A Olho Nu (1992), Impressões em Haikais (1995), Outras Palavras (2005), Estação Poesia (2008), Reação (2015) e O intenso instante.

[... SEM TÍTULO...] |Silvana Meneses

ser ser a palavra livre livre arbítrio eu e deus no abismo.

ANTONIO LISBOA CARVALHO DE MIRANDA é maranhense nascido em 5 de agosto de 1940. Membro da Associação Nacional de Escritores. Foi colaborador de revistas e suplementos literários como o Suplemento Dominical do Jornal do Brasil e também o La Nación (Buenos Aires, Argentina) e Imagen (Caracas, Venezuela).

Professor e ex-coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação do Departamento de Ciência da Informação e Documentação da Universidade de Brasília, Brasil, ministra aulas e cursos por todo o Brasil e países iberoamericanos. Aposentado, é professor Colaborador Sênior, e orientador de teses e pesquisas. Também é consultor em planejamento e arquitetura de Bibliotecas e Centros de Documentação.

Organizador e primeiro Diretor da Biblioteca Nacional de Brasília, de fev. 2007 a out. de 2011. fev. 2015-maio 2017. Doutor em Ciência da Comunicação (Universidade de São Paulo, 1987), fez mestrado em Biblioteconomia na Loughborough University of Technology, LUT, Inglaterra, 1975. Sua formação em Bibliotecologia é da Universidad Central de Venezuela, UCV, Venezuela, 1970.

Poeta, escritor, dramaturgo e escultor, já publicou romances, poesias e peças para teatro (gênero pelo qual é conhecido lá fora) em vários países. Em 1967, por decisão própria, exilou-se para viver intensamente um período de

efervescente agitação cultural na América Latina, dedicando-se à produção literária e artística. Sua criatividade foi reconhecida com prêmios pela crítica internacional (Medellin - Colômbia, San Juan de Puerto Rico). Miranda viveu e publicou em Buenos Aires (Argentina), Caracas (Venezuela), Bogotá (Colômbia) e Londres (Inglaterra). Tu País Está Feliz, peça de teatro estreada em 1971, foi representada em mais de 20 países e só publicada no Brasil em 1979.

PVP - Preço de Venda ao Público: R$ 45,00

CARLOS VINHORTH Poeta e comunicador, dono de uma linguagem poética que une o clássico ao moderno em uma linguagem escorreita e poética. Obra: Do eu ao outro - um trajeto poético

Carlos Denílson Tomé Cunha / nome artístico Carlos Vinhorth, é natural de Santa Inês MA. Poeta, contista, cronista, compositor e romancista. Vencedor de inúmeros concursos literários. Foi vencedor do concurso de poesia, I Semana Cultural Samuel Barreto (2021). Integra a antologia Tecido Tempo da Academia Maranhense de Letras (2023). Poeta selecionado em duas categorias, poesia e crônica para a Antologia Nordestes Selo Off Flip.

Das flores silvestres no alvor das manhãs...

JAMIL DAMOUS Poeta e compositor falecido recentemente, era dono de uma poética bastante ligada aos aspectos práticos da vida e ao cotidiano. Obra: O rei do vento

Jamil Miguel Damous Filho (Turiaçu, 7 de setembro de 1953 - Rio de Janeiro, 17 de março de 2016) foi um poeta e letrista brasileiro

Biografia Foi para São Luís aos dez anos de idade e para Belém do Pará aos quinze. É nesta última cidade que começa sua carreira de poeta, letrista de MPB, jornalista e publicitário. Chega ao Rio de Janeiro aos 23 e logo lança seu primeiro livro de poesia, "Tempo Turiense e Outros Tempos". "Vejo em Jamil Damous a rarefação e o sopro novo capaz de exigir presença entre os raros e os autênticos", assim saudou o poeta e escritor Nauro Machado essa estréia poética. Carlos Drummond de Andrade: "Obrigado, poeta, pelo seu Tempo Turiense, que me fez sentir vivamente o encantos das imagens nativas recriadas pela poesia".

No Rio, trabalhou como publicitário e tornou-se um dos primeiros redatores de merchandising da Rede Globo e o primeiro do hoje consagrado "merchandising social". Demorou a lançar seu segundo livro, "A Camisa no Varal" (Ed. CEJUP, 1995). Desde os tempos de Belém manteve uma já vasta parceria musical com Nilson Chaves e outros compositores paraenses. "Constelação Sentimental", "Toca Tocantins", "Da Minha Terra" e outras canções fizeram sucesso e até hoje são conhecidas e executadas na Região Norte. Em 2003, juntamente com Vital Lima, ganhou o prêmio Maria Clara Machado de Teatro Infantil, na categoria Trilha Sonora, pelo espetáculo Bonequinha de Pano, de Ziraldo. Em dezembro de 2014, Jamil Damous lançou, pela Editora da Universidade Federal do Pará, seu terceiro livro, "O Rei do Vento", que reúne material inédito e uma seleção de poemas dos livros anteriores.

Faleceu em 17 de março de 2016 e deixou obras completas aguardando publicação

A Camisa no Varal", de Jamil Damous, reúne três livros e alguns poemas novos. Esse aspecto de reunião permite avaliar o conjunto do trabalho, cujo eixo central é um discurso sobre o tempo. A todo momento esbarramos em alguma mobília da memória que separa a infinita esperança da obra de estréia, "Tempo Turiense e Outros Tempos", do vírus nostálgico que invade os "Novos Poemas". Nos dois primeiros livros, "Tempo Turiense" e "Alguns Azuis do Mar da Barra", Jamil vê o mundo com as lentes de Ferreira Gullar. O poeta se despede de Turiaçu, interior do Maranhão. Fotografa o quintal das casas e os urubus que sobem aos céus em labaredas, passeia pelas "Três Quadras de São Luís"

ou reside na "Domingos Marreiros, 463", em Belém. Instalado no Rio de Janeiro ainda convive com o "Cacho de Bananas", a "Paisagem Vazia", o "Cemitério de São João Batista" tão presentes na obra de Gullar que, mais que influência, atua como tradutor do tempo e da paisagem. No entanto, Jamil adquire voz própria e salta para dentro de sua biografia. Entre hábito e estranhamento, põe à prova os sentidos do próprio nome (ou nome próprio?) no belo poema "O Nome em Mim" ou no coloquial-irônico "Primeiro de Abril de 1994": "Será que Deus vai chamar/ pelo meu nome: 'Jamil,/ eu só queria brincar,/ foi um primeiro de abril!?'±". Neste ajuste de contas, o autor redescobre as diferentes cidades, casas e salas em que viveu com seus discos e livros, escutou Caetano, leu Proust e Drummond. Jamil sabe arrancar poesia do cotidiano, das coisas miúdas, de um cigarro ou da cozinha. Outra particularidade é a procura da delicadeza. Mesmo quando entrincheirados pela dimensão trágica da vida -"O portador porta o vírus/ e algumas coisas claras:/ uma camisa amarela, um canivete suíço/ um par de óculos na cara"-, seus versos possuem uma cadência suave, exalam o "perfume da possibilidade". AS OBRASA Camisa no Varal - Jamil Damous. Editora Cejup (travessa Rui Barbosa, 726, Belém, PA, CEP 66053-260, tel. 091/225-0355). 126 págs. R$ 16,00.

O POEMA

Registro

Todas as noites viajo a Turiaçu para fazer meu inventário de perdas. Vou ao cartório do velho Teixeira e ali enumero, entre um soluço e uma lágrima os nomes dos peixes e os meus brinquedos, inclusive a bicicleta, veloz e brilhante como a luz do meio-dia incidindo sobre nossos telhados.

Recito quintais (com seus banheiros Distantes da casa) e a constelação Das coisas miúdas habitantes do chão. Formigas, grãos de milho esquecidos pelas galinhas, pedaços coloridos de matéria plástica, estrelas refletidas nas poças d´água da chuva breve e abundante da tarde ensolarada.

O velho tabelião discute comigo a necessidade dessa inútil cantilena. Mas exijo dele o registro de tudo nas folhas exatas de papel almoço.

Quero tudo anotado com sua letra caprichada, de perfeita caligrafia: a voz de meu pai me chamando bem cedinho na manhã para irmos colher o pão ainda quente na padaria que ele montou só para isso e nunca lhe deu lucro algum.

A caixinha de música da minha mãe -onde dançava a bailarinaque só saía da gaveta da cômoda em momentos muito especiais.

JOSOALDO LIMA RÊGO Geógrafo e professor universitário, produz uma poesia que mescla paisagens internas e externas, além de explorar temas do cotidiano. Obras: Paisagens possíveis; Carcaça; Motim. Josoaldo Lima Rêgo (Maranhão, 1979) publicou os livros Paisagens possíveis (2010), Variações do mar (2012, finalista do Prêmio Jabuti), Máquina de filmar (2014), Carcaça (2016, finalista do Prêmio Jabuti) e Sapé (Nascimento: 1979 (idade 45 anos), Coelho Neto, Maranhão

MÁRIO LUNA FILHO Médico e escritor, trabalha em uma perspectiva minimalista, explorando ao máximo a significação das palavras. Obras: Do sapato ao pé descalço; Do granito ao infinito

Mario Luna Filho |São Luís, 27.07.1950|. Poeta, contista e ensaísta brasileiro. Membro da Academia Ludovicense de Letras (ALL). É, ainda, médico, cirurgião-pediatra e membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Regional do Maranhão – SOBRAMES/MA. Vencedor de vários concursos em território nacional. É o autor de Do sapato ao pé descalço (poesia), um pingo para o seu devido i (Ensaio Literário), Chão Azul (Conto) e Do Granito ao Infinito (Poesia).

Cântico

Meu verso entrará na fila/ para comprar o pão de cada dia.

Lago Burnett

Meu verso

traz nos braços o pranto de meu povo e a lágrima da rua.

Meu verso é órfão e preenche a boca desdentada do luético que prescruta a manhã que nunca será sua.

Meu verso anda descalço como o meu povo e é marquise para a alma sem teto.

Meu canto é o meu povo.

Meu canto

se torna olho de esperança dessa gente

que se veste de futuro.

Noturno

O silêncio preenche o vazio de meu adeus. Meu peito debruça sobre a noite que fabriquei em meu próprio mundo.

Minha noite desconhece a disputa pelo mínimo, o sobrado de corpos minguando frio, o colorido fabricado da vitrine sideral.

Minha noite não mostra o rosto cansado do poeta sem bandeira, não tem a marca registrada do consumo universal.

Minha noite não tem cancelas.

Em minha noite os homens não julgam e a esmola não é necessária.

Minha noite é apenas vida.

Ponto

|Fragmentos de mim mesmo, para cântico em duas vozes, ofertados a Suely Martins de Matos|

E do monte desci apenas pé.

Dos lagos emergi acéfalo.

Te encontrei buscando verdades no olho da rua.

Então te fiz meu lado.

Canto hidráulico

|O último pingo adquiriu a cor das ideias dos homens|

A gota cai

paralela à meta dos homens. O rio cada vez mais se torna grávido de náufragos.

Cada vez mais em hidráulico as fases se multiplicam em êxodo de cibernético.

O rosto anêmico do rio se mimetiza com a face do mundo.

A voz de tango do rio esconde o grito sem nau. No lodo há o laboratório das consciências

MHÁRIO LINCOLN Jornalista, advogado, poeta e ativista cultural, sua obra denota preocupações sociais e atravessa leituras surrealistas. Obras: A bula dos sete pecados; Vampiros de areia Mhario Lincoln é jornalista, advogado, escritor, poeta e presidente da Academia Poética Brasileira. Já foi dito em outras ocasiões que cada um de nós nasce com destinos traçados e, ao longo do tempo, vamo-nos aprimorando, ganhando experiência e moldando nossos conhecimentos. Algumas pessoas, às vezes, passam a vida realizando as mesmas atividades, não raramente levando uma vida totalmente insatisfeita. Há outras, que logo de início, já sabe o que querem, mesmo conscientes de todos os obstáculos pelos quais terão que passar. O nome a ser mencionado ao longo deste texto, é uma pessoa que possui uma longa jornada na carreira, que passa pela poesia, pela crônica, pelo conto, pelo jornalismo e pela música ( onde tem várias composições), Mhario Linconl é um nome que serve de referência para muitos jovens autores, que queiram galgar essa longa jornada literária. Advogado, jornalista, poeta, escritor, Embaixador Universal da Paz, Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e Presidente da Academia Poética Brasileira, Mhario enriquece a arte em todas suas nuances. Seus textos carregados de reflexão, faz com que pensamos que a vida é realmente isso, as coisas, os acontecimentos estão por ai, muitas vezes nas coisas mais simples, CHORAR, VIVER E AMAR:

em três sentidos.

Não chore, CHORANDO.

Chore SENTINDO.

Não viva IMPLORANDO

Viva EXISTINDO.

Não ame AMANDO

PERSISTINDO!!!

No Brasil, como em outros lugares, alcançar o sucesso na profissão é uma tarefa árdua e mais difícil ainda. Entre as muitas profissões nas quais de se ter sucesso absoluto é uma raridade, está a de jornalista, já que a sociedade muitas vezes desmerece o valor de um jornalista. É necessário que se faça entender a real importância que o profissional da imprensa tem no cotidiano. Os jornalistas estão presentes em todos os acontecimentos e em todas as modalidades de informação. São os jornalistas que levam ao povo todas as notícias, desde os lugares mais longínquos, até centros urbanos.

Com a família Barros Neres.

Aqui no Maranhão recentemente comemorou-se os 200 anos de Imprensa maranhense. Um evento promovido pela Universidade Federal, reuniu nomes relevantes do jornalismo local, para serem agraciados como forma de reconhecer seu valor, entre eles, o escritor, cronista, poeta e contista Mhario Lincoln, que recebeu das mão do Magnífico Reitor Natalino Salgado o título de Comendador do bicentenário da Imprensa do Maranhão. O autor de “A Bula dos Sete Pecados”, atravessou meio século de sua vida levando nas costas literalmente a carreira de jornalismo. São cinco décadas dedicadas a levar informação e entretenimento à população não só da capital ludovicense, mas do Brasil e do mundo, já que Mhario Lincoln é o editor-chefe da plataforma facetubes, canal virtual da Academia Poética Brasileira, da qual é membro e presidente, que leva e traz informações para o mundo inteiro.

E nesta semana, mais especificamente, neste dia 27 de março, nascia Mhario Lincoln, aqui pelas bandas do Maranhão. E como diz nos versos de Pedro Sampaio, cordelista cearense, que recentemente escreveu sobre a vida desse poeta, escreve:

Por conta da explosão

Flor de Lys se assustou

Oito meses de gestação

Seu Kabrinha se apressou

E a data nos remete

Mês de março Vinte e Sete

O Moleque chegou

Primeiro emprego.

Há exatos 50 anos, Mhario Lincoln começou sua carreira jornalística no Jornal Pequeno, hoje, um dos meios de comunicação impressa mais importantes ainda a circular em nosso Estado. Nesse periódico, o jovem Mhario teve sua trajetória iniciada nos bastidores das redações em 1972, antes mesmo de completar 18 anos. Nesse período exerceu o cargo de ‘fotógrafo auxiliar’ da editoria de Polícia. Na época, esteve ao lado de um dos mais respeitados repórteres policiais do Maranhão, o jornalista Eloi Cutrim. Após um período de destaque no referido jornal, o jovem jornalista chamou a atenção do veterano companheiro de trabalho, o grande jornalista Walbert Pinheiro, ganhando por mérito próprio o cargo de assessor do mesmo. Como conseguiu grande destaque no referido jornal, o jovem Mhario chegou a ser titular de uma coluna social de página inteira, carregando com responsabilidade, a incumbência que lhe foi dada.

Ame

Cordel de Pedro Sampaio.

Por tantas conquistas, Mhario Lincoln recebeu recente uma valiosa homenagem em forma de cordel, a obra “Eita Nordestino Costurado na Raiz”, do cordelista cearense Pedro Sampaio. A obra foi transformada em vídeo, com painel de performances com artistas de várias partes do Brasil, que deram “voz” aos versos do autor. Hoje Mhario Lincoln, através de todos os seus feitos na carreira, é um nome respeitado no jornalismo maranhense.

Uma longa jornada, na vida e na carreira, não se dissipa com uma data comemorativa, pelo contrário, só engrandece aos olhos e ouvidos do leitor e telespectador que acompanha diariamente, as notícias vindas de fontes confiáveis e autênticas. Nesse sentindo, o cordelista Pedro Sampaio tem toda razão ao descrever em versos a vida de Mhario,

Inspiração me remete

Com muita felicidade

Essa estrofe MEIA

Corresponde à IDADE

Do Poeta inspirado

Por nós todos tão amado

Nordestino de verdade.

Inspiração e amor à terra natal são coisas que nunca faltam e não faltarão na vida desse nordestino de coração e de orgulho.

Por fim, nem precisa dizer que em uma carreira que ultrapassa meio século, o sucesso e o reconhecimento é um mero gatilho, que ultrapassa as barreiras do tempo. E, para que muitos ou todos, que pensam que a vida tem um limite na linha do tênue do tempo, não se enganem,

O livro de MHL.

Tenho um restinho pra viver, Olhar as flores, cantar com o vento, Surfar nas nuvens. Você é meu alimento!

Tambores da noite, suar nas ladeiras

Fugir da chuva, pensar mil besteiras

Me enrolar na areia, pisar nas ondas romper barreiras.

Tenho ainda um restinho pra viver.

Abraçar velhos amores, chorar saudades

Ir buscar o por do sol com a mão

Recordar todos os amores deste coração

E choramingar devaneios na praia grande, Não importa pr’onde o banzeiro me mande. Agarrar ao que me resta.

Tenho ainda um restinho pra viver

Viver de amor e por amor, morrer!

Mas uma ideia me ocorre

Nem o amor finda, nem o poeta morre!

(Poema PRA VIVER, texto do livro "A Bula dos Sete Pecados")

Sim poeta, a vida é longa e breve, mas viva intensamente todos os momentos cabíveis e possíveis no seu cotidiano.

VIDA LONGA A MHARIO LINCOLN!!!!

NATAN CAMPOS Poeta, professor, ator e músico, escreve desde a forma fixa do soneto até literatura de cordel. Obra: A Ilha naufragada

Natan Campos é o nome literáriodo professor, contista, romancista e poeta Natanilson Pereira Campos. Graduado em Letras (Português e Alemão) pela Universidade Federal do Maranhão, Natan Campos é um dos escritores que despontaram nos inícios dos anos de 1990, em uma geração que tem também como expoentes Antonio Ailton, Dyl Pires, Rosemary Rêgo, Bioque Mesito Jorgeana Braga e Ricardo Leão.

Além de seu livro A ilha naufragada e de participações em antologias, como Safra 90, o poeta tem alguns livros inéditos em gêneros como contos, romance e literatura de cordel.

Esta cidade me habita as entranhas ao mesmo tempo em que habito as dela, numa simbiose silenciosa e estranha que em me fazendo oculto se revela. Esta cidade cabe em mim tamanha é a solidão de quem nascido nela perde no tempo a vida com que ganha uma existência que os dias cancela. Esta cidade naufraga em si mesma igual a algum mineral avantesma a deglutir o que é sua própria forma. Esta cidade cresce além das margens para já não caber na paisagem de outra cidade que se transforma.

XVII XLVIII CXXIV Ser o biógrafo dos natimortos não é tarefa que se escolha ter, que é preciso se perder dos portos para escrever o que ninguém vai ler, e se irmanar aos náufragos corpos para enxergar o que é penoso ver. e incerto como insepultos mortos ser o que vai entre o ser e o não ser. Ser o biógrafo dos abortados e ter com eles no val conturbado onde o murmúrio é a única palavra é ser na vida quem do verbo escuso faz o mais fundo e doloroso uso no pergaminho que em si mesmo lavra. Desta janela assisto ao meu naufrágio no boqueirão de um mar feito sem porto, da vida já indo além do último estágio a me amparar nos braços de outro morto. Meu ser não sido e nascido tão frágil como quem sobrevive de um aborto em vida planta os pés bem onde age o imundo chão de um funerário horto. E a morte premente é o que me nutre como a esperança aos olhos de um abutre que vela um moribundo por dois meses. E, assim, que o nada em tudo se consuma até que em mar ou terra um dia eu suma não antes de morrer outras mil vezes.

FONTE: CAMPOS, Natan. A ilha naufragada ou canção dos insulados. Guaratinguetá: Penalux, 2018

NEURIVAN SOUSA Professor e poeta, apresenta uma poesia bastante condensada e com diversas temáticas, que vão do existencial ao social. Obras: Palavras sonâmbulas, Lume, Minha estampa é da cor do tempo Neurivan Sousa é poeta e professor, natural de Magalhães de Almeida-MA (1974), mas radicado em Santa Rita. Membro fundador da Associação Maranhense de Escritores Independentes (AMEI) e Membro Correspondente da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes (AICLA). É autor de Lume (2015), Palavras sonâmbulas (2016), Minha estampa é da cor do tempo (2018), da trilogia infantojuvenil O pequeno poeta, e o infantil Ribamar – o menino peixe.

TÂNIA RÊGO, Participou de festivais de poesia falada da UFMA, tendo o poema “Números”, publicado no vol. III dos “Novos Poetas Maranhenses”, em 1991. Publicou o livro de poesia “Espraiamento do sólido” (7 Letras, 2017).É graduada em Educação Física (UFMA) e em Educação Artística com habilitação – Música. Tem Mestrado em Música (UnB) e está cursando doutorado em Música, na UNIRIO. Toca saxofone e é professora do IFMA.

Passatempo

Surge em mim

Uma cara comprida de velha

Não é constante

Vejo-a em fotografias, em reflexos sorrateiros.

Herança de algum ancestral esquisito?

Assemelho-me, nesses momentos, a um cão grande e ossudo.

São dessas surpresas que brotam do fundo dos poros.

Nesse passar do tempo

Ficando todos parecidos

Transfigurados

O que éramos é morada secreta de outros seres

Descascamos, na frouxidão diária das peles.

Silêncio musical

Estou só

Solidão abissal

Noite de três meses

Corte real

Caíram por terra

Certezas

Geleira selvagem

Inacessível

Restando o vital

Sobrevivência

Amor na sua verdadeira face

Ele que nunca houvera existido

Agora o sei

Semântica

Talhou O leite

A roupa

A peça em madeira

Tudo o que era do verbo.

Sem nome 2

Desconfio que alguns não sentem nem pelas beiradas

Estou deveras sentimental

Ao virar os olhos para cima à sombra da jabuticabeira

Sinto empatia com as pontas dos galhos secos

Os que já não tem mais seiva a correr na sua medula

Cada indivíduo é feito de muitos

Uma pena de guará, um sêmen de negro, muitos sons e música

Deleuziando

Parei na 111

De qualquer coisa fazer uma matéria de expressão Quadra

Página

Território da arte.

LÚCIA SANTOS (Arari, 18 de novembro de 1964) é uma escritora[1] e poeta brasileira. Chegou a cursar Serviço Social, Letras e Filosofia na Universidade Federal do Maranhão, mas não concluiu os cursos. Em 1986, ganhou o Prêmio Poesia da Fundação Bandeira Tribuzzi-MA. Em 1991, seu poema Clara Manhã foi classificado no VII Festival Maranhense de Poesia Falada – UFMA.[2]. Venceu o XXIII Concurso Literário Artístico Cidade de São Luís, na categoria poesia, com o livro Batom Vermelho[3]. Publicou quatro livros e participou de diversas antologias, sendo que vários dos seus poemas foram musicados por intérpretes brasileiros. Seu nome é citado no Dicionário Crítico de Escritoras Brasileiras, de Nelly Novaes Coelho

Obras

1992 - Quase Azul Quanto Blue

1997 - Batom Vermelho

2006 - Uma Gueixa Para Bashô

2016 - Nu Frontal com Tarja

Nasceu em São Luís, a 26 de maio de 1933. Filho do bancário Edison Ferreira da Silva e da professora Magnólia Gomes da Silva. Fez o curso primário na Escola São Luís de Gonzaga, e o ginasial no Colégio

Estadual do Maranhão (Liceu Maranhense). Ingressou no Banco do Brasil em 1953, e ali fez toda sua carreira, vindo a aposentar-se em 1983. Temperamento retraído e até mesmo esquisito, nunca pertenceu a grupos ou movimentos literários, contando-se, entre suas raras amizades de motivação intelectual, o poeta Assis Garrido, que muito o estimulou e assistiu. Poeta de filiação romântica, também dá a muitos de seus versos a roupagem parnasiana, sendo autor de elegantes e perfeitos sonetos. Costuma usar todos os metros em suas composições.

Obras

Inspirações (1957)

Torrente (1961)

O poeta Antônio da Costa Gomes (1967)

O prosador João Quadros (1968)

Magnólia (1984)

Serões da fantasia (1988)

Albores e luares (1991)

Poemas galantes (1992)

Versos à lua (1994)

Aparências (2000)

Presença do passado (2000)

Porcelanas (2003)

WOLNEY MILHOMEM (Barra do Corda, 10 de outubro de 1927

Barra do Corda, 4 de agosto de 1992) foi um jornalista, escritor e poeta brasileiro. Recebeu as primeiras letras em sua terra natal, e em seguida mudou-se para outros grandes centros. Participou ativamente na assessoria de imprensa durante a construção e fundação da atual capital do Brasil, a cidade de Brasília - Distrito Federal. Foi presidente da Academia Brasiliense de Letras e exerceu cargos de jornalista, professor, orador, crítico e comentarista político. Foi membro de diversas outras entidades importantes, tais como a Academia Italiana de Letras, Sociedade Brasileira de Escritores, e também a Academia Maçônica de Letras de Brasília. Nesta última, possui uma cadeira de Patrono. Foi editorialista do Correio Brasiliense na década de 60, dirigiu a Tribuna da Imprensa Sucursal de Brasília e programas na TV Brasília (Roda Viva) e TV Rio.

Também ocupou os seguintes cargos:

Consultor do Instituto de Pesquisas e Estudos do Congresso Nacional; Assessor de Impressa do Ministério da Justiça;

Assessor Especial do Ministério da Educação e Cultura;

Secretário de Imprensa do Governador do Estado do Distrito Federal; Assessor para Assuntos Culturais do Governador de Santa Catarina; Professor de Cursos de Literatura;

Foi professor da Escola U.I.Maria Lenir Araujo Meneses

Foi casado com Terezinha de Jesus Raposo Milhomem, e deixou três filhos. Morreu por complicações do diabetes.

Prêmios e honrarias

Em 29 de julho de 1994, foi inaugurado em Barra do Corda o Centro Estadual de Aprendizagem e Integração de Cursos Wolney Milhomem, em homenagem ao escritor.

Obra

O Estróina das Horas (1971)

O Humanista Vitor Meireles (1972)

A Morte da Tempestade (1973)

AMIZAEL GOMES DA SILVA

Maranhense de Bacabal, onde nasceu no dia 25 de abril de 1941, o professor Amizael radicou-se em Rondônia no começo da década de 1950, época em que o recém-criado Território Federal do Guaporé vivenciava um dos importantes ciclos econômicos de sua história, o Ciclo do Diamante, desenvolvido no rio Machado ou GyParaná, e seus afluentes, o Comemoração de Floriano e Apediá, (Pimenta Bueno).

Toda essa trajetória de garimpeiro de diamante e do saber, levou-o a granjear importante parcela de prestígio político junto à população. Sua carreira política começa em 1972 como vereador em Porto Velho, pela legenda da Arena, exercendo o mandato por duas legislaturas.

Amizael Silva, além de político foi um dos importantes historiadores regionais, sendo autor de vários trabalhos sobre a formação histórica de Rondônia, dentre os quais destacam-se as os livros No Rastro dos Pioneiros, Amazônia Porto Velho, O Forte Príncipe da Beira, Amazônia Sarará, Conhecer Rondônia e Da Chibata ao Inferno. Ele morreu no dia 05 de março de 2003, às 6: 45h, aos 62 anos de idade, deixando um rastro de pioneirismo em sua existência de homem forte e íntegro, educador e político. Por Francisco Matias, Fonte da biografia: https://www.gentedeopiniao.com.br /

MENDES, Matias Alves; BUENO, Eunice. Síntese da Literatura de Rondônia. Capa: João Orlando Zo1ghbi. Porto Velho: Genese-Top, 1984. 126 p. Ex. bibl. Antonio Miranda

MINHA VIDA – MEU CANTO

Amizael é meu nome, Professor a profissão; Nasci por entre as palmeiras De Bacabal Maranhão. Humanizar é o meu lema, Lealdade o meu refrão.

Sou filho de pioneiros, Garimpeiro e lavrador Costurando mosquiteiros Minha mãe foi onde andou; Um irmão foi balateiro E o outro pregador.

Ore In Frantumi (1974)

Vim para Rondônia criança, Quando ainda era Guaporé, Em uma enorme barcaça. Gente deitada ou em pé; Peito cheio de esperança, Coração cheio de fé.

Aquela gente do Nordeste

Fez-se ao grande matagal, Enfrentando toda peste

Da floresta ou pantanal

Onde tudo se investe

No combate à dor e ao mal.

Enfrentei ainda menino

Todo sofrimento e dor;

Na malária andei caindo, Neste assunto sou doutor; Jà tomei muito quinino, Remédio reparador.

Já remei por muitas águas, Subi cachoeira, enfim, Andei o lombo de égua, Nas veredas dos confins, Como pacas, jamais...

Do cipó retirei água,

Da raiz do pau também;

Da palmeira quis a alva

Que ó o palmito tem

Comi o fruto da sorva, Comi carne de moquém.

Já via a morte de pertos, Agruras e muita dor

Senti fome no deserto

De Vilhena a Roncador

E ninguém passava perto Quando tudo nos faltou.

Já sofri com borrachudos, Piuns e carapanãs

Onde até os “barrigudos”

Procuravam os socavões

E o tucano bicancrudo

Voava para os sertões

Já morei em pé de serra, Na mata e no beiradão.

Já trabalhei na taberna

Sujeito a mais de um patrão

Já me escondi em caverna

Fugindo a grande trovão.

Lutei muito no trabalho

Que me era oferecido; Vender pão, cavar cascalho, Pra não me dar por vencido

Cortei lenha, “quebrei galho”

Como qualquer oprimido.

Na roça plantei legumes, Fiz “escritas” no jornal.

Da lenha tirei o lume, Tomei bacaba com sal; Um homem bom se assume, Não se assume um homem mau.

Minha vida em menino

Foi de grande sofrimento:

Nem sempre em nossa panela

Fervia o bom alimente:

Da carne, feijão, pepino, Só se via o adiamento.

Comi carne e fiz a boia, Tomei leite de jumenta, Já me livrei de tramoia

Botei sempre pela venta, Aguentei muita pinoia

Que cabra bom não aguenta.

No estudo fui ardente, Tarefas dei andamento, E aprendi de repente

Usar do bom argumento, Sou feliz e independente, Sem nenhum abaixamento.

Da grandeza vivo longe, E tenho muitos amigos.

Não me troco por um conde, Sou do pedante inimigo.

O cruel de mim se esconde

Ou briga muito comigo.

Eu condeno o magistrado, Que tolera a injustiça, Recrimino o soldado

Que não ama a justiças.

Tratantes bem disfarçados

Que não querem andar na liça.

O coronel atrevido,

Para mim será desprezado; O civil comprometido

Por mim será renegado, O covarde e fingido

Por mim será esmagado.

Aos que ao pobre deprimem,

Dou de rijo nos costados. O sacrista não se anime, Em ter-me por aliado Pra cometer algum crime Contra o pobre enjeitado.

Na defesa do amigo

Leal, bondoso e decente, Vou às barbas do inimigo, Me tornando impertinente, Enfrento qualquer perigo, Derrubo qualquer patente.

Amor, coragem e bonança; Moral, escola e saber, Impoluto na estrada que avança; Zêlo no mandar fazer;

Arrojo contra a matança

Eficiência no dizer

Lealdade e segurança

ANGÉLICA MARIA SEREJO COSTA

Escritora e poetisa maranhense. Residente em Belo Horizonte - MG há mais de trinta anos. É membro do ArtForum Intemacioanl Brasil.

LATINIDADE: I COLETÂNEA POÉTICA DA SOCIEDDE DE CULTURA LATINA DO ESTADO DO MARANHÃO. Dilercy Adler, org. São Luis: Estação Produções Ltda, 1998. 108 p. Capa: Carranca – Fonte do Ribeirão – São Luís –Maranhão – Brasil Ex. bibl. Antonio Miranda

BARRANCO DO OLHO D'ÁGUA

Barranco do Olho d'água onde sentei tantas vezes olhando subir o mar... Barreira caindo na cheia quando a lua, lá no céu, fica piscando pro mar...

Grande maré de minha terra, maré alta, cheia, longa, maré cheia, longa areia tão boa de caminhar...

Praia grande, tão deserta, por vezes deserta de mar... mar das grandes marés cheias, grandes baixadas de mar...

Olhando este céu imenso, olhando este imenso mar que meu olhar não alcança em que mais posso pensar?!...

Isto vale toda a vida que me deram pra valer...

O mar cheio, barulhento, imensa areia de mar céu imenso, lua cheia, e que, sentada na areia, cismando o nada cismar...

ANTONIO CARLOS ALVIM

ANTONIO CARLOS ALVIM nasceu em São Luís, a 2 de setembro de 1963. Cursa Direito na UFMA. Participou, como conferencista, da Semana de Literatura promovida pela Universidade.

No II Festival Universitário de Poesia Falada obteve o 5º. lugar, com o poema "Horas de um poeta", e foi premiado como melhor intérprete.

NOVOS POETAS DO MARANHÃO. São Luís: Edições UFMA, 1981. 79 p ilus 15 x 22 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda

HORAS DE UM POETA

0 poeta senta, discursa sobre a alma e num corte escreve sua vida sobre o resto do tempo comprimido nessas poucas horas.

0 vento trabalha entre as colunas (como generais elas calam) As pálpebras dos olhos fingem as idades. Inquieto o poeta hasteia um sorriso nas colunas

Um sorriso forçado em colunas forçadas

Relembra a oração que saiu de tua boca: amor.

E diz que o amor deixa para sempre as manchas no pulmão.

Confuso, o poeta cruza as pernas sobre o mundo, os espelhos, os cristais

E o cimento do chão que agora pisa.

Tu sopras a fumaça na boca do poeta.

Ele sofre,

Mas te tosse um sorriso.

Hoje o cruzeiro cai

E as colunas firmes continuam. 0 poeta levanta, Fecha o caderno;

Põe debaixo do braço seus segredos

E sua vida (açoitada pela língua humana).

0 poeta anda.

Dando passos como um homem qualquer, Passa pelas colunas e Irreverentemente

Não dá continência.

UNS & OUTROS. Poesia e prosa. O terceiro. S.l, sem editor, s.d. No. 10 530

Ex. bibl. Antonio MirandA

Maranhense de São Luís, Antonio Carlos Alvim foi um dos principais nomes da Academia dos Párias, grupo de poetas surgido nos corredores da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) responsável por agitar a cena poética da capital maranhense durante cerca de dez anos. Esperado livro de estreia do poeta, Floresta de Signos reúne o principal de sua produção daquele período, até então espalhada em edições artesanais, antologias e publicações esparsas, acrescido de textos inéditos.

ANTÔNIO MARTINS

Antonio Martins de Araujo, Doutor em Letras Vernáculas (Literatura Brasileira) pela UFRJ e professor aposentado de Língua Portuguesa da mesma instituição. Atualmente, o Professor Antonio Martins é a maior autoridade brasileira na obra de Arthur Azevedo. Membro da ABF (Academia Brasileira de Filologia) e da AML (Academia Maranhense de Letras), é ainda Professor do Instituto de Língua Portuguesa, do Liceu Literário Português. Entre suas principais obras é possível mencionar: Arthur Azevedo – a palavra e o riso, Noel Rosa – língua e estilo (em parceria com Castelar de Carvalho) e A herança de João de Barros e outros estudos.. Fonte: www.filologia.org.br

De

Antônio Martins

chão de tempo

2 ed. São Luis: Editora Instituto Geia, 2005. 154p.

ISBN 85-89786-10-2

Livro de poemas com traduções a treze línguas.

“Antônio Martins não seguiu a moda brasileira, creio que inaugurada por Guilherme de Almeida, de pôr rimas nos haicais, o que vem mobilizando milhares de poetas brasileiros que não se dão conta de que a arte não está em fazer rimar, mas em conseguir a rima adequada e semanticamente eficaz. O autor de Chão de tempo preferiu fugir às rimas que, na verdade, nem existem na poesia japonesa, e com isto construiu momentos belíssimos de poesia, falando do tempo ou, metonimicamente, tratando de maneira epigramática os acontecimentos em processo de transformação, de modo que, no fundo, a pátina do tempo parece sobrepor-se e adquirir maior densidade e poesia”. Gilberto Mendonça Teles

Da ilha e o rio

Volta o frio ao rio, enquanto aureola a ilha o perene calor.

Viagem

Sobre fuso horário o jato veio esgarçando nuvens e esperanças.

(JAL, 9.000 pés, novembro 89)

Vazio

Pegadas na areia, lembranças do que passou sem novas da amada.

(Rio, dez. 89)

Equador

Noites tais quais dias, invernos tais quais verões, órfão de estações.

(Rio, dez. 89)

Do tempo

Quis fazer dos dedos uma ampulheta, e a areia escorreu dos dedos.

Do parado tempo

Passaram-se já dezoito anos, e pareço não sair daqui.

(São Luis, 1982)

Do urubu

Todo contra o azul o urubu desenha um ponto-de-interrogação.

Provérbio – II

São as carambolas, ácidas; mas, fatiadas, fazem-se estrelas.

(Rio, dez. 89)

Da cópula

Espadas embainhadas reconstroem o amanhã de novos futuros.

CANÇÃO DO EXÍLIO

Ah mar! ei ave! oh ilha, partilha, repartida, fletida, sofrida, sentida e consentida, ilha que se quis a ilha de São Luis;

se aqui em ti, um triz, eu fui feliz, a te te digo em mim vives revives, ´té vir, dia após dia, o dia-dos-dias; e aí,

ao retornar, qual ave, aos altos mastros de teus barcos plurais;

ao ter de ser eu-mesmo, mesmo sem querer, tua poeira a esmo, tua tez;

ou as roxas flores de meus torpes humores

retornarem às águas de teus mares bravos;

eu-mar, hei de afagar-te, ah! mar de amar; eu-ave, hei de mirar-te, ave! oh ave; eu-ilha, hei de assumir-te, Ilha das ilhas;

e comigo-em-ti, e contigo em mim, em mar-ave-ilha, redimir-me ao fim.

ANTONIO VERAS DE HOLANDA ( Brasil – Maranhão )

Nome completo: Antônio Veras de Holanda

Nascimento: 1903 - Caxias, MA Morte: 1942 - Floriano, PI

Descrição: Poeta, jornalista, militar, funcionário público, professor, membro do Cenáculo Piauiense de Letras. Fonte(s) dos dados

COUTINHO, Afrânio; SOUSA, José Galante de. Enciclopédia de literatura brasileira. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional; Academia Brasileira de Letras, 2001. 2 v. ISBN 8526007238

ASSUNÇÃO NETO, Joaquim Vilanova. Itinerário Poético de Caxias. São Luís:[S.N.], 2003.

Poeta e beletrista, jornalista maranhense, nascido em Caxias, no povoado de Ponte. Radicado em Teresina e Floriano, onde faleceu, a 15 de março de 1942. Inspetor Técnico do Ensino Primário. Redator do jornal “Floriano”. Dirigiu o jornal “O Estado do Piauí”, na década de 1930.Exerceu o magistério. Membro do “Cenáculo Piauiense de Letras”.Publicou “Os Trinta e Dois” (poema da fome), 1932, e deixou inédito o livro de poesias “Sombras Noturnas” e ainda o poema “Suplício e Redenção”.

ANTOLOGIA DE SONETOS PIAUIENSES [por] Félix Aires. [Teresina: 1972.] 218 p. Impresso no Senado Federal Centro Gráfico, Brasília. Ex. bibl. Antonio Miranda

O BOI DE CARRO

À noite, às luz da lua, à porta da vivenda, Sobre o frio lençol de um areal tristonho, Deitado a ruminar, sem que ninguém o entenda, Vê-se um pobre animal, triste, quito e bisonho.

É um velho boi de carro. Um lutador, suponho, Que depois de vencer contenda por contenda, Ali, tombou vencido, a divagar num sonho, Piedoso a contemplar o curral da fazenda...

Já não dá mais serviço. É um velho boi cansado, Que as tocadas em cruz, as cangas e o labor, Deixam-no por terra, ao luar, desprezado.

Este boi me faz ver as misérias da vida:

Depois de lutas mil, é sempre o lutador Julgado coisa vã, no abandono, esquecida...

Foto e biografia: http://3.bp.blogspot.com/

AURORA CORREIA LIMA FELIX nasceu em São Luis do Maranhão, a 15 de setembro de 1919. Fez o curso preparatório no antigo Liceu Maranhense, onde foi aluna de Nascimento de Moraes, Mata Roma e Rubem Almeida, eméritos professores e homens de letras. Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de São Luis, em 1940, tendo escolhido a carreira do Ministério Público. Serviu como promotora de Justiça nas comarcas de Flores, Rosário e Codó, respectivamente de primeira, segunda e terceira entrâncias, sendo depois promovida para a Comarca da Capital, de quarta entrância. Desta foi afinal promovida para o cargo de Procurador de Justiça do Estado, o último cargo de sua carreira no qual funcionou durante dez anos antes de se aposentar, por tempo de serviço, em 1973.

POETAS BRASILEIROS DE HOJE 1985. Rio de Janeiro: Shogum Ed. e Arte, 1985. 114 p. Ex. bibl. Antonio Miranda

MEUS OITO ANOS

A poesia vem com a tarde que, lenta, desce do céu; há sombras claras entre as mangueiras e a leve areia zune sob um pé-de-vento,

a água é uma constante como as espirais de fumo anunciando o jantar. Tempo d´infância perdido eu venho te procurar, com meus pés de sonho eu piso os caminhos doutra idade, com os olhos do meu sonho eu busco as nuvens de carneirinhos que em rebanho enchiam o azul.

Hoje tudo está mudado, e eu mudei, já não sou; serão de outras infâncias os caminhos que busquei.

Escreveu seu primeiro poema aos 11 anos, mas os poemas da adolescência se perderam. Publicou pela primeira vez alguns poemas no Anuário de Poetas do Brasil 1982 e 1983. O apresentador deste livro Dr. Ramiro Azevedo, “Toda a poesia de Aurora é uma exaltação mística; “Elevamos para o Azul/o nosso pensamento; ou a reafirmação do Bem Absoluto”...

“Ó formas, cores e sonhos que me encantam e me inspiram O mundo é belo tal como aparece aos nossos olhos Isto me basta.”

versos escritos à mão, no rodapé do poema PERCEPÇÃO”, no livro “Poemas brancos”, em 1968. “confundir-me na unidade infinita de ser tudo e nada ser.”

É membro da Academia Anapolina de Filosofia, Ciências e Letras de Anápolis Goiás.

FÉLIX, Aurora Correia Lima. Poemas brancos. Capa: José Franklin. Apresentação: “Aurora e Lirísmo Místico”, pelo Dr. Ramiro Azevedo. São Luis – Maranhão SIOGE, 1988. 67 p. Ex. doação do amigo livreiro BRITO – Brasília

A GRANDE INCÓGNITA

No cavalo negro da noite, tu me levas para aonde?

Sem temor eu sigo quieta e muda; não tenho formas e nem sentidos, sou sombra difusa, memória sem corpo sou muda e quieta.

No cavalo branco do dia,

varando o infinito, eu vou, para lá dos muros do céu, transpondo e Estrela da Manhã.

Para trás, além no espaço e no tempo, ficaram as madrugadas e o sol-pôr, quedaram as lágrimas, os suspiros e ais...

Com o vazio de meus olhos, eu vi as idades que passaram na dança eternal do que foi, do que é, do que há – de vir; com meus ouvidos sem oiças escutei o grito da dor universal, os meus dedos sem consistência tocam o imponderável, que me envolve e me trespassa e na minha consciência sem ação, se esboça o sentido de um Novo Dia.

A viagem é longa, o destino ignoto, e tu muda, fria, eterna e fatal és ainda a grande incógnita.

São Luís, 1948.

NOSTALGIA AZUL

A janela aberta

mostra um retângulo do céu no entardecer, um retalho de nuvens suavemente azul: belo, puro e distante como a perfeição inatingível...

São Luís, no mirante em 20.O7.1957

BATISTA N. SILVA ( Maranhão ) Nasceu no Maranhão, Brasil, mudou-se para o Pará em 1982, residente desde 1997 em Eldorado dos Carajás. Graduado em Letras, professor de carreira da rede municipal e agricultor familiar. Sobrevivente do Massacre de Eldorado e ativista social e político.

Ex. Antonio Miranda

Medo

Lições em meio a contratempo mapa do amanhã com delírios, Introspectiva sintonia sem lírios

São distanciamentos no tempo.

Medo de tudo que determina

Os ares nos tempos de guerras

Sem recorrer a precedentes ou eras

Medo de tudo que predomina

O solo infértil da sobrevivência

Seja pela vil intransigência

Ora, na transgressão assolante

Pandemia do acaso, surtante!

Vidas à revelai da própria sorte

Alguns tateiam a própria morte;

Antes São Tomé na descrença

Amarga àquele que tem crença.

Sandices inócuas em tempo de crise

Insanos pagam pra ver a reprise

Conteudista sem histeria provoca

Despertando tensão e chacota

Disseminando inverdades

Contrariando as verdades:

A República do caos dolente

Impulsionada por razão demente.

Multidão segue o embalo a esmo...

Sem horizontes; resta o meio termo:

Gráficos são meros mapas de medo

E, vidas findam sem rimas e [enredo!

BENEDITO COELHO ( Maranhão – Brasil ) Reside em São Luís do Maranhão.

ANTOLOGIA POÉTICA. Sarau Brasil 2016. Concurso Nacional de Novos Poetas. Organização e apresentação Isaac Almeida Ramos. Cabedelo, Paraíba: VIVARA Editora Nacional, 2016. (Série Novos Poetas no. 19. 446 p. ISBN 978-85-920158-2-1

Ex. bibl. Antonio Miranda

POESIA PARAENSE. Airton
VII ANUÁRIO DA
Souza organizador. Belém: Arca Editora, 2021. 221 p. ISBN 97865-990875-5-4

A nova vida

se o coração já não resiste a vida e suas artérias estão cansadas e feridas que o corpo tombe e a alma retome a nova vida e os que ficam compreendam que será apenas uma partida e que será sentida porque amo, amo a vida como ela é em cada filho e na mulher que no mesmo leito faz pulsar dentro do meu peito esse coração vencido amo, e é este amor que me fere n´alma que transforma meu sangue em lágrimas e assim vou findando... e o coração parando, parando... até quando morrer!

CÉSAR MARANHÃO

César Maranhão. Natural do Estado do Maranhão. Poeta e professor. Secretário da Soe. de Cultura Latina - MA. Premiado no Concurso do Plano Editorial SECMA/97 com o livro de poesia "Antropofagia".

LATINIDADE: I COLETÂNEA POÉTICA DA SOCIEDDE DE CULTURA LATINA DO ESTADO DO

MARANHÃO. Dilercy Adler, org. São Luis: Estação Produções Ltda, 1998. 108 p. Capa: Carranca – Fonte do Ribeirão – São Luís – Maranhão – Brasil Ex. bibl. Antonio Miranda

ERRANTE

Palmilho

A pele do chão

Os vestígios

Que deixo

São os temores

Que me vestem os pés

Escorrego pelos

Poros das lembranças

Que coçam o meu tato

Por um momento

Volto

Para as sombras

Exausto

O silêncio me promete

Ser profundo

SINA

Um copo vazio em mãos sozinhas

Caminhos de lágrimas percorridos

Pedaços de angústias

Que sangram a boca e toda a carne

Um corpo contorcido

Por dores e desejos

Resquícios de amores sofridos

Crucificados na tarde retalhada

Asfixiado pela aridez da solidão

O coração naufraga no cálice

De águas turvas

Absintos e licores

No último ato

A dor se aproxima

No córrego barrento

Das mazelas do ser

O homem desfalece

Pelas mãos da própria sina.

https://www.facebook.com/cesarwilliam.davidcosta

CÉSAR WILLIAM César William David Costa, poeta (da Geração 90) e professor maranhense, nasceu em Sâo Luis em 1967. Livro de estréia: O Errante (1988).

Poeta, escritor, autor dos livros: "O Errante" (1988); "Oficina das Palavras - Algumas Dicas Formais da Língua Portuguesa" (didático, 3ª ed. 2013) e outros inéditos de poemas, contos e crônicas. Tem participação em várias antologias poéticas, locais e nacionais, dentre elas "A Poesia Maranhense no Século XX"(Sioge/Imago, 1994) , organizada pelo escritor Assis Brasil . Professor de Língua Portuguesa, Literatura Brasileira e Produção Textual, graduado em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão - Uema e pós-graduado em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, pelo Instituto de Educação Superior Franciscano -Iesf. Iniciou a carreira como autodidata, ainda na 3ª séirie do 2 Grau já ministrava aula para alunos desta série. Escreve para vários jornais, geralmente

no âmbito cultural. Foi editor cultural do Jornal Tribuna do Maranhão, em que assinava uma coluna, Caleidoscópio Cultural e blogueiro em site do referido jornal . Também atuou na radiofonia, participando de diversos programas de rádio na cidade de Timon -MA. Professor concursado do município de Paço do Lumiar, desde 2011. Em 2016 foi orientador semifinalista da Olimpíada de Língua Portuguesa, com o gênero crônica. Exrevisor do jornal O imparcial. Atualmente é gestor geral da UEB PROFESSORA NADIR NASCIMENTO MOARES no referido município. É membro efetivo da Academia Luminense de Letras, ocupante da cadeira n 06 e da Associação Maranhense de Escritores Independentes - AMEI.

César William |São Luís/MA, 1967|. Escritor/poeta e professor brasileiro. É o autor de O Errante (1988), Nós Outros, Teorema do Inominável Sentido, Sol Maior, Carona Azul (contos juvenis), Professor de mim (memória autobiográfica) e Situação Quase Crônica. Destacado nome da Geração 90, é poeta integrante da antologia A poesia maranhense no século XX (org. Assis Brasil), coletânea de onde foram extraídos os poemas seguintes ao de abertura desta publicação. Leia mais em: http://poemasdecsarwilliam.blogspot.com/

FORÂNEO

Fora de tudo o homem busca o inteiro pedaço de si catando suas tiras em tiras de jornais.

Fora de tudo o homem busca pedaço de um pedaço de si nas metáforas e em suas máscaras.

Fora de tudo o homem espia dentro de funda palavra sua casa, sua pia.

Fora de tudo o homem se esforça busca seu próprio rosto no véu do vil da farsa em remanso de vão esforço.

Fora de tudo o homem se fabrica na estranheza de si e do mundo dribla santos e demônios banhando-se em sonho fundo. Fora de si o homem mergulha dentro da fala da própria fama passa camelo pelo orifício da agulha mas não consegue fugir da própria lama.

O ERRANTE

Por um erro me fiz errante, Mais errante que o erro do errado Mil tropeços no meu passado, Os infernantes constando Dos meus retalhos.

Sem dúvida, com mágoas Meu sorriso pichado. Ó triste dor tão infinita: Não me inflame agora

Não me deixe ser um errante, O mesmo que ontem amava

Nas curvas de um delitante.

Um errado errante, Um facínora

Um desamante.

Tantos sonhos refeitos, Tantos tombos levados…

Viver numa clausura com incúria

Tamanha fera, qual a rua desabitada.

Nos degraus de uma ponte pitoresca?..

Na esquina de um velho sobrado?..

Não importa

É um errado,

Um errante de sonhos mutilados

Pelo poder da censura

LABIRINTO

Libertei-me da muralha,

Agora sou escravo das profecias.

Estou nutrindo-me de migalha

Em cada canto das periferias.

Agora sou hálito infame

No cume da cumplicidade.

Entre mil doenças… “Derrame”…

A centelha da humanidade.

Continuo perdido

À procura de outra “muralha”

Agora sou parto ferido

Nutrindo-me de nova migalha…

De nada adiantaram as leituras

Se agora sou somente vestígio

em um ermo de mil amarguras

Não sei mais o que fazer (perdi o prestígio)

Sou agora o único sobrevivente

Deste labirinto medonho.

Preciso de um verso urgente

Para findar este sonho…

SUFOCAÇÃO

Uns me afogam

Inundam-me de fantasias.

Outros me cortam o sorriso,

Rompendo-me os dias.

E assim vou balbuciando

Com meus versos pródigos.

Sinto o que os outros sentem

O que não me deixaram sentir (?)

E assim vou levando a vida

Sem deixar me permitir…

Outros me sepultam

Sem antes deixar que eu nasça…

E assim vou levando (a vida)

No cemitério ou na praça

o errante

Por um erro me fiz errante,

Mais errante que o erro do errado

Mil tropeços no meu passado,

Os infernantes constando

Dos meus retalhos.

Sem dúvida, com mágoas

Meu sorriso pichado.

Ó triste dor tão infinita:

Não me inflame agora

Não me deixe ser um errante,

O mesmo que ontem amava

Nas curvas de um delitante.

Um errado errante,

Um facínora

Um desamante.

Tantos sonhos refeitos,

Tantos tombos levados...

Viver numa clausura com incúria

Tamanha fera, qual a rua desabitada.

Nos degraus de uma ponte pitoresca?..

Na esquina de um velho sobrado?..

Não importa

É um errado,

Um errante de sonhos mutilados

Pelo poder da censura

Labirinto

Libertei-me da muralha,

Agora sou escravo das profecias.

Estou nutrindo-me de migalha

Em cada canto das periferias.

Agora sou hálito infame

No cume da cumplicidade.

Entre mil doenças... "Derrame"...

A centelha da humanidade.

Continuo perdido

À procura de outra "muralha"

Agora sou parto ferido

Nutrindo-me de nova migalha...

De nada adiantaram as leituras

Se agora sou somente vestígio

em um ermo de mil amarguras

Não sei mais o que fazer (perdi o prestígio)

Sou agora o único sobrevivente

Deste labirinto medonho.

Preciso de um verso urgente

Para findar este sonho...

Sufocação

Uns me afogam

Inundam-me de fantasias.

Outros me cortam o sorriso, Rompendo-me os dias.

E assim vou balbuciando

Com meus versos pródigos.

Sinto o que os outros sentem

O que não me deixaram sentir (?)

E assim vou levando a vida

Sem deixar me permitir...

Outros me sepultam

Sem antes deixar que eu nasça...

E assim vou levando (a vida)

No cemitério ou na praça(O Errante/1988)

CHRISTIAN ESTEVES DE ANDRADE

Christian Esteves de Andrade. Nasceu em 03.12.1975, em São Luís do MA. Desde menino notava-se sua sensiblilidade ao perceber a realidade ao seu redor e a felicidade com que expunha seus sentimentos, pensamentos em forma de palavras no papel. Cursa (em 1998) Direito e Biologia na UFMA.

LATINIDADE: I COLETÂNEA POÉTICA DA SOCIEDDE DE CULTURA LATINA DO ESTADO DO MARANHÃO.

Dilercy Adler, org. São Luis: Estação Produções Ltda, 1998. 108 p. Capa: Carranca – Fonte do Ribeirão – São Luís –Maranhão – Brasil Ex. bibl. Antonio Miranda

VERMELHO INTERIOR

Linhas estreitas cruzam minha mente

Tecendo imagens de sentimentos

Francos, loucos, escassos por vezes

A luminosidade é intensa

Contudo

Já é noite em mim

Um leve esboçar de sorriso

Entre mágoas profundas

Faz parte, tudo faz

Os cabelos já não incomodam

Chicoteando o vento

Mas não mais como há tempos atrás

Os cabelos já não incomodam

Chicoteando o vento

Mas não mais como há tempos atrás

A tinta desliza no com mais frequência

E amo ainda mais a noite

Que não é mais tão escura

Iluminada agora

Por fogo de vermelho interior

Ainda tenho dúvidas

Perguntas

Mas não preciso mais das respostas

Ainda não me conheço

Mas estou vivendo

E a vida comigo vive

Me vejo no Espelho do meu ser

E não sou mais tão alto e tão forte

Mas tenho fogo nos cabelos

Sorriso breve de criança

E pele macia

Te encontrei

Ânima

Ou tu me encontraste

Ou ainda

Nos encontramos a nós mesmos

Agora posso me entender

Eu tenho todo o tempo para isto

Quando me perco em teus olhos

Que olham dentro de mim o que sou

A lua é minguante

Mas em mim está cheia

Te...

CID T. DE ABREU (1937-2004?)

Cid Teixeira de Abreu (Caxias, 2 de julho de 1937 - ?) foi um poeta brasileiro. Estudou em sua terra natal e em Belo Horizonte, onde se formou em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais, local em que publicou seu primeiro livro, Poemas I (sonetos decassílabos - 1961), mudando-se posteriormente para Teresina, para lecionar no Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Atuou como cronista do jornal Diário do Povo e publicou os livros Terra Terrão (poemas livres - 1985) e Moenda (1986).

Membro da União Brasileira de Escritores, UBE, no Piauí. Obteve premiações literárias em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Brasília. Segundo o historiador Adrião Neto, foi "First Place" em concurso literário internacional patrocinado pela Universidade do Colorado, Estados Unidos, além de ter participado da coletânea "Andarilhos da Palavra", no Piauí.

Obra literária: Poemas I (1961);Terra Torrão (1985);Moenda (Poesia – 1986) Fonte da biografia: wikipidia.

Como seria bom

1 como seria bom se eu rolasse a vida com a esperteza dos meninos que rolavam a bola pelo bariri

e o placar

me fosse favorável no apito final

2 aprendi a contar pelos urubus que escurecem a tarde para o pernoite e algumas vezes errava pelo retardatário que se distraía num fato de boi

3

os peitos das lavadeiras eram bem maiores que a lage onde batiam roupa só minha infância entendi esse contraste

SONETOS. v.1.Jaboatão dos Guararapes: Editora Guararapes EGM, s.d. 154 p. 16,5 x 11 cm. ilus. col. Editor Edson Guedes de Moraes. Inclui 148 sonetos de mais de uma centena de poetas brasileiros e portugueses. Ex. bibl. Antonio Miranda

ABREU, Cid T. romance unilateral. Belo Horizonte, MG: edição datilografada do autor, 1961. 16 x 21, 5 cm. 5 folhas grampeadas

“ – este romance é m eu como meu corpo com sua própria certeza de gastar se” cid. T. abreu

Exemplar de origem desconhecida, na biblioteca particular de Antonio Miranda há muitos anos... Agora estamos escaneando para expor digitalmente este inusitado “livro-de-artista “ artesanal. Raro!

CONCEIÇÃO DE MARIA PEREIRA DA LUZ

Professora. Compositora. Maranhense de São Luis. Recebeu Menção Honrosa no IV Concurso Raimundo Corrêa de Poesia.

ANTOLOGIA DE POETAS DE BRASÍLIA.

Rio de Janeiro, DF: Shogun Editora e Arte Ltda, 1985. 140 p. Coordenação editorial: Christina Oiticica. [Este exemplar foi doado por Carlos Edmundo da Silva Arnt, que tem seu poema na p. 27, para a biblioteca da Caixa Econômica, de Brasília, em 1985. A empresa se desfez do acervo e este exemplar foi para a livraria “sebo” de nosso amigo José Jorge Leite de Brito, que por sua vez nos doou um lote de livros para ajudar na montagem de nosso Portal de Poesia Ibero-americana, em 2021. A editora explicava: “Se você é um autor novo e quer editar seu trabalho, fale com a gente.”, na intenção de promover a criação literária entre os jovens. ]

MEMBROS ADORMECIDOS

À noite meu corpo fica nas nuvens de pensamentos... Minha carne gemendo ao vento e em portas abertas. Minhas mãos secas ficaram pelos acenos e lutas, Minha boca umedecida pelo teu beijo, Meus cabelos livres não são mais belos e nem sentem o bater de tuas mãos. Meus braços esticados ficam em vão... Meus pés já não são mais firmes quando ficavam esperando e nem sentem mais o caminhar despercebido por uma volta abstrata. Nos passos largos te seguia, e hoje restam-me os membros mortos onde espumas acolhem minha dor e o meu calor ingere-se num cobertor desfeito pelo teu amor fracassado. Veja onde estou!

Chorando no fim, enfim, chorando estou Com a tristeza que resta-me e com a vontade louca de te esquecer. À noite meus membros estão prontos para o tempo, para um sonho... no eterno sonho.

FRANCISCO RAPOSO TEIXEIRA mais conhecido como Fran Teixeira (Mirador, 08 de dezembro de 1891 - Mirador, 26 de junho de 1960) foi um poeta, jornalista e político maranhense, sendo um destacado intelectual. [1] Era filho de Filomena Raposo e Severino Teixeira. Pelo lado materno pertencia a proeminente família Raposo e Pereira de Sá, destacadas famílias de influência no século XIX no sertão maranhense e piauiense. [Seus pais faleceram ainda jovens e sem deixar patrimônio a Fran, razão pela qual mudara-se para Colinas com o intuito de dedicar-se aos estudos. Em 1910 parte para São Luís[1], onde participou ativamente da vida cultural e intelectual da cidade. Em 1917, integrara a comissão fiscal da Oficina dos Novos, ao lado de intelectuais como José Ribeiro do Amaral, Inácio Xavier de Carvalho, Astolfo Marques, Antônio da Costa Gomes, dentre outros.

Após anos ausentes retornara a Mirador, onde em 1924 casara-se com Zelina Rufino Guimarães. [1] Por volta do início da década de 1930 é nomeado suplente de Juiz, tendo o sido por muitos anos, afastando-se no período em que fora Prefeito da cidade, sendo eleito em 15 de março de 1937 e exercendo o mandato até 1939. Na década de 1940 retorna a suplência de Juiz e também fora Tabelião[2]. Como jornalista integrou a redação d'O Estado, Diário Oficial e da Revista Maranhense[2].

Obras

“ Eu bem não a conhecia

Não lhe chamei: Ela veio

E encheu de cor a vazia

Encosta azul do meu seio.

Julgando minh'alma unida

Ao Bem de quem não esqueço, Foi-me esta dor em comêço

Toda a esperança da vida.

A tarde agita o sudário

Fugindo à noite que vem, E o sino do campanário

Soluça não sei por quem.

Tu, sino, em minh'alma exortas

Com o teu funéreo alarde, Canção de esperanças mortas Boiando ao clarão da tarde.

[...] ”

[2]

Cinzas do Passado (1918)[2]

Sonetos Maranhenses (1923, antologia)[3]

FRAN TEIXEIRA Sobre êste poeta quase nada se sabe, a não ser que nasceu no interior maranhense, talvez em Curador, onde foi Prefeito. Participou da redação de "O Estado", da "Re¬vista Maranhense" e do "Diário Oficial'. Seu único livro Cinzas ficou inédito. Um grande troveiro com notas de melancolia.

RAMOS, Clovis. Minha terra tem palmeiras... (Trovadores maranhenses) Estudo e antologia. Rio de Janeiro: Editora Pongetti, 1970. 71 p. Ex. bibl. Antonio Miranda

Eu bem não a conhecia

Não lhe chamei: Ela veio

E encheu de cor a vazia

Encosta azul do meu seio.

Julgando minh'alma unida

Ao Bem de quem não esqueço,

Foi-me esta dor em comêço

Toda a esperança da vida.

A tarde agita o sudário

Fugindo à noite que vem, E o sino do campanário

Soluça não sei por quem.

Tu, sino, em minh'alma exortas

Com o teu funéreo alarde,

Canção de esperanças mortas

Boiando ao clarão da tarde.

A tarde, quando o sol morre,

Na serra que a noite embuça,

Bem como o sino da torre

Minh'alma também soluça!...

A dor que meu peito alaga

Eterna em minh'alma jorre...

Que uma ilusão não se apaga!.

Que uma quimera não morre!..

CYNTHIA ESTEVES DE ANDRADE

Nasceu em 18.12.1979. Desde menina mostrou-se inclinada às artes: dança, canto, desenho e prosas poéticas, muitas, ornamentadas com beleza ímpar. Cursa Letras e Comunicação Social no CEUMA. Em maio de 1998 ganhou Menção Honrosa com a poesia "Eu Queria" no 1º. +Concurso e Recital de Poesias do CEUMA.

Letras (CEUMA) e Direito (UNDB) - Destaque Ouro no Curso de Direito UnDB 2015. Especialização em Gestão do Transporte Marítimo e Portos (UNDB). Experiência na área administrativa e logística, atuando principalmente

no setor do agronegócio e desenvolvimento sustentável. Pleno conhecimento de informática, inglês fluente. Serviços de consultoria técnica em traduções, adaptações, atuando ainda como intérprete em reuniões internacionais

LATINIDADE: I COLETÂNEA POÉTICA DA SOCIEDDE DE CULTURA LATINA DO ESTADO DO MARANHÃO. Dilercy Adler, org. São Luis: Estação Produções Ltda, 1998. 108 p. Capa: Carranca – Fonte do Ribeirão – São Luís –Maranhão – Brasil Ex. bibl. Antonio Miranda

PSICODÉLICA

Estou eternamente grávida de mim J

á pari mais de milhões de eus

Não sei quem sou Sou?

Nem isso sei

Morrer...

Não é o bastante

Desaparecer... sumir

Dentro de mim

Longe daqui

Ausência sem dor

Sofro por ser quem não ser quem sou

Sofro por sofrer...

Minhas lágrimas secaram

Não deixaram de existir

Estão secas, só Ásperas

Descem queimando meu rosto

Aniquilando, esmagando

Sangro

Não sei por onde, de onde... Ás vezes em forma de flor

Sangro, sangro mais...

Vazio...silêncio...

Não ouço mais as ondas do meu mar vermelho

Me afoguei em mim

Se sou...

DA COSTA SANTOS - José Maria da Costa Santos nasceu em Miritiba, hoje Humberto de Campos, em 7-21916. Melancolia, 1935. Oceano perdido, 1933. Poemas da terra e do mar. Organizou, também, algumas coletâneas – A mulher na Poesia do Brasil, Jóias da Poesia Mineira e Nosso Senhor e Nossa Senhora na Poesia Brasileira.

Vem, poesia

Vem para mim, de leve, na surpresa,

das veredas do amor indefinido, que te cinge a cabeça, com leveza, através do caminho percorrido.

Vem para mim, do azul da natureza, ou desse mar chorando arrependido; põe o teu manto feito de tristeza, veste de luz o tempo já perdido.

Vem para mim, velada de mistérios, flor dos Jardins lunares de Verona, lua de amor vestindo os hemisférios.

Eu te darei a glória do renôvo:

- vem para mim, nos braços da Madona, "Estrela da Manhã", "Rosa do povo!"

Pelo alto mar

Longe, pelo alto mar, onde a ave não se aninha, rasgando os escarcéus da noite de áureos brilhos, singra silenciosa a doida nau que é minha, pesada de saudade e bambos amantilhos.

Um marinheiro canta e no convés caminha, na loucura do mar olhando os tombadilhos, para não sossobrar, sob a onda marinha, essa nau que deixou para traz longos trilhos.

Velas brancas de luz no oceano, altaneiras enfunadas de vento, ao clarão das estrelas, tendo no mastaréu o pano das bandeiras...

Toda a glória de amar, em sonhos rosicleres, revive no pavor dos homens das procelas e se afoga em canções no beijo das mulheres.

Soneto do retirante

(À D. Sara Lemos Kubitschek)

Existe em mim um mal que me consome: é ver o retirante, no abandono da terra de que foi senhor e dono, deixá-la castigado pela fome.

Existe em mim a dor, que não tem nome, - fogo rubro do sol no triste outonodor de quem já perdeu a paz do sono, cavando a terra seca, sem renome.

Eu vejo assim o bravo nordestino partir chorando, na aventura louca, cumprindo as ordens do Senhor Destino!

Deixando tudo na aridez do norte, Maldiz os homens, pela fala rouca, e caminha sofrendo para a Morte!

(Oceano Perdido/1952)

RAMOS, Clovis. Minha terra tem palmeiras... (Trovadores maranhensess) Estudo e antologia. Rio de Janeiro: Editora Pongetti, 1970. 71 p. Ex. bibl. Antonio Miranda

Quando te ouvi ao piano, numa música em surdina, eu me senti mais humano, por te sentir mais divina. Veleiros da minha terra, do velho espelho do mar, vós sois os donos do mundo nas ondas a velejar!...

Uma noite sem estrelas, pelos meus ternos caminhos ... Minha vida é das roseiras bem circundada de espinhos...

A MULHER NA POESIA DO BRASIL. Coletânea organizada por Da Costa Santos. Belo orizonte, MG: Edições “Mantiqueira”, 1948. 291 p. 14x18 cm. Capa de Delfino Filho. Ex. bibl. Antonio Miranda

BALZAQUEANAS

Vós que viveis, mulheres de trinta anos, Sob a chama do amor, em labaredas, Tendo convosco a glória e os desenganos, Na doçura ideal das tardes tredas...

Ó vós que sois as belas dos arcanos, Como um sonho de luz nas alamedas,

Tendo na alma a beleza dos oceanos Onde quilhas abriram mil veredas.

Levando aos céus a glória de Balzac, Na exaltação da dor e da paixão Na volúpia amorosa de Bilac.

Balzaqueanas do meu encantamento, Como vos quero, pelo coração, Como vos amo, pelo sofrimento.

DANIELLE ADLER NORMANDO

Danielle Adler Normando. Nasceu em 10-03-1974, em São Luís/MA. É pedagoga e poeta. Tem participação em Oficina Caderno de Poesia - RJ

LATINIDADE: I COLETÂNEA POÉTICA DA SOCIEDDE DE CULTURA LATINA DO ESTADO DO MARANHÃO. Dilercy Adler, org. São Luis: Estação Produções Ltda, 1998. 108 p. Capa: Carranca – Fonte d o Ribeirão – São Luís – Maranhão – Brasil Ex. bibl. Antonio Miranda

LÁ (GRIMA)

Tua lágrima cai dentro da saudade.

Fica...

Ilumina o momento efêmero indescritivelmente terno puro singular!

Tua lágrima cai dentro de mim.

Marca a doce saudade do momento. Eterniza-se em nós.

JOSÉ SAMPAIO DE CAMPOS RIBEIRO, filho de Antônio Campos Ribeiro e Theodora Sampaio Ribeiro, nasceu em São Luís, MA, em 28 de janeiro de 1901, indo morar em Belém, PA, aos quatro anos de idade. Aos dezessete, abraçou a carreira de jornalista, atuando nos jornais “A Província do Pará”, “Folha do Norte” (Redator), “Correio do Pará”, “O Estado do Pará” (Redator-Chefe), “O Liberal”, até o ano de 1968, quando, vítima de um infarto, aposentou-se. Casou-se com Lygia Amazonas de Campos Ribeiro, com quem teve oito filhos.

Empossado em 04 de maio de 1937, como Titular da Cadeira nº 37 da Academia Paraense de Letras, da qual foi presidente nos períodos de 1951-52 e 1967-70. Pertenceu, como Membro Correspondente, à Academia de Letras do Amazonas, à Academia Acreana de Letras e à Academia de Trovas do Rio Grande do Norte. Chegou a ser eleito como membro da Academia Maranhense de Letras, não chegando a tomar posse.

“O Velho”, como era chamado no meio literário, foi poeta, contista, cronista, memorialista e folclorista, destacando-se em todas essas categorias literárias. Sua única riqueza eram os livros, razão de ser de sua vida. Devotado à cultura, dedicou-se, sempre, à literatura, aos estudos e à alegria sublimada de harmonizar palavras em busca da beleza e da verdade.Biografia completa em: ttps://amalep.com.br/de-campos-ribeiro/

RAMOS, Clovis. Minha terra tem palmeiras... (Trovadores maranhensess) Estudo e antologia. Rio de Janeiro: Editora Pongetti, 1970. 71 p. Ex. bibl. Antonio Miranda

Imita os pássaros, canta!

Mesmo se a dor te fustiga, toda em soluço a garganta diz teu sofrer na cantiga...

Como a ave que, na gaiola, do céu pela nostalgia, todas as mágoas consola numa ruidosa alegria...

Pisando, pisando abrolhos, passa entre os homens sorrindo, um meio-dia nos olhos e a boca em trovas florindo...

Assim tão linda e tão leve onda e flor, tênue fumaça vê-la é ter num sonho breve a própria imagem da graça.

Ao fim de toda ventura, a alma de angústias sangrando, desgraçado de amargura, morre, mas morre cantando!

DOMINGOS PEREIRA NETTO

Nome de batismo: Domingos Marciano C. Pereira, pseudônimo Domingos Pereira Netto, maranhense de Pindaré-Mirim, nasceu em 1963 e mora em Brasília. É advogado, poeta e professor. Também grafado como

TEXTO EM PORTUGUÊS - TEXTO EN ESPAÑOL

BENDITA GULA

Para sua fome de amor (meu amor)

jorro leite e mel; confeito carinho, fornalha carícias e amasso pão.

Leve-me à boca: prove-me, gota a gota... engula com calma a minha alma e nos condene a mais sublime perdição. Depois coma-me até se fartar sem temer pela sua salvação: serei seu pecado seu castigo e o seu perdão.

Deite-me! Sirva-se à exaustão! É de plumas e nuvens a mesa em meu corpo.

Está posta a cena em meu coração.

PEREIRA NETTO, Domingos. A canção da manhã acesa em teus olhos. 2ª ed. Brasilia: 1999. 110 p. 14x21 cm. “ Domingos Pereira Netto “ Ex. bibl. Antonio Miranda (fragmento)

do fundo escuro dos tantos úteros que me elaboram; com o mormaço do último verão, fincado na garganta e no coração, salto, aos primeiros sopros da aurora para cantar o espetáculo matinal de tua boca: palco onde encontro exposto

Domingos Pereira Neto em publicações. Membro da Academia Cruzeirense de Letras, Cadeira 16 (Patrono: Cassiano Nunes)

ardendo

um incêndio feroz de sonhos que ainda há pouco detinha

adormecidos

em alguma cratera dos desertos temidos do meu peito; em alguma caverna dos territórios saqueados do meu sono.

E o que pressentia ser um feixe de planos amontoados em cinzas

coagulados em ressentimento

desamarra-se e alastra-se agora

pela geografia violentada dos meus passos prestes

a pisarem

o chão desta manhã onde

ameaço florescer,

Mas antes

rasgo a cortina de medo dos quartos onde me guardo (e me resguardo)

abro sulcos no tecido impermeável da angústia com que me cubro (e me descubro) e deixo o clarão

dessa tempestade (que varre os meus olhos)

e s t i l h a ç a r

o que ainda resta de noite acumulada no cristal empoeirado dos meus dias.

/e/

PEREIRA NETTO, Domingos. As latitudes do sonho. Brasília: 1983. 188 p. 14x22 cm. “ Domingos Pereira Netto “ Ex. bibl. Antonio Miranda

UM GRITO NO IMENSO NADA

De dentro de ti, dessas tuas asas cheirando a sangue, de anjos sem trombetas, empoeirado, escapa ardendo, qual música derretida, de mãos póstumas a tambores e harpas, teu voo de trepadeiras agudas por esse pouso solitário acendendo outonos espantados, naufragados em despovaada.s papoulas certamente das estaçôes acorrentadas.

E desse teu ventre ajoelhado ainda velando lágrimas brancas, ainda bebendo húmus e talhando linhas, e pingando aromas doloridos, desata-se esse soluço giratório e prolongado, de agonia e vento fecundado: o grande filho prometido solta-se da placenta divinizada e, divinizando, encanta os olhos, assombra o mundo adocicado e febril.

Em tuas mãos, em teu ventre, em teu caminho de planta, em teu passado de água repartida, de leite libertado e fugaz, não mais escutarás o peso da ânsia ainda em golpes sonolentos e eternos... enchendo poços, derramando taças, por onde teus braços e teu coração, compartilhados e leves, se juntaram.

Esse esforço de mar aprisionado, de plumas abandonadas, esquecidas da asa das tempestades, com essa fúria magnética e de fuga, de peixe em cuja escama germina sal e ouro, como as damas enfeitadas de silêncio e profundeza, de tuas crateras e reentrâncias, de teus vasos e carrancas de pedra, ouviste a chuva de leite em sangue balizado ensopando o céu, o chão, as paredes e penas, de quem do fundo de ti virgem aparecera...

Agora, em outro estio, , tocando o espírito da chuva, o esquecimento normal do sono, em outra atmosfera de aquário, abrem-se movimentos de possuídas pombas girando lentas, criando circunferências,

deixando sua sombra infinita sonoramente resgatar de lamacentas músicas, divididas horas em que pesam e tombam sobre ti, a vingança fatigada e contínua de lavar o púbis dos crepúsculos com a lembrança dos vulcões ainda não dispersos e de pé.

A ti, noturna pele de poros vazios, resta o solitário instante, resta a solidão medonha, a chama torcida da fogueira impávida, donde observarás atónito, passos que se perderão na madrugada com o sentimento distante dos pássaros emigrantes, sem ninho e sem céu. Resta contemplar dessa altitude a viagem única e sem fim, cujos adeuses alongados e ácidos ficam estreitos, confusamente perdidos entre a chama e o fogo.

Mas de dentro de ti, desse teu corpo indivisível, cheio de moléculas, de lanças e voantes folhas, ficam as preces, as coisas e as bocas. Daí escutar-se-ão palavras, silêncios, desejos e lâmpadas consteladas, que te farão também ouvir o choro abafado das gerações seguintes, o lamento verde e queixante de todos os dias, de todas as tardes e noites, de todos os tempos sem princípios nem fins... Então, dolorido e longínquo, alcançarás com esta substância de borboleta, como se tivesse surgido sem mesmo aguardar, toda a ausência do parto inacabado, todo o aprendizado do feto engravidado e minuciosamente, trabalhado e tingido de perfeição.

NETTO, Domingos Pereira. O incêndio dos passos. 2 ed. Brasília, DF: Edição do autor; TC Gráfica e Editora, 1999. 112 p. 14x21 cm. Capa: Luis Eduardo Resende (Resa). Ensaio fotográfico: Armando Veloso. Apresentação: Menezes y Moraes. ISBN 978-85-981178-4-4 Ex. bibl. Antonio Miranda.

Coágulo

Eu sou

O meu alarido, meu silêncio, a minha voz incinerada. Sou a nascente e a foz deste rio adulterado que em mim ameaça secar. Daqui ouve-se a queda, a correnteza e a linguagem asfixiada do seu curso desatinado, fecha-se, sem saber como escorrer.

Mas liberta-se

E explode os seus barrancos de alaridos verbais. 2

Só então

O silêncio

num amplo incêndio que inicio na ferida das palavras ou se possível, na carne escura do dia onde há pouco rompia-se o tecido coagulado dos vários úteros que me fabricam.

Nebulosa

Não tenho constelações nos bolsos estrelas nas mãos nem luas no coração: tenho

apenas um corpo (de incerta grandeza) rompendo paredes que os dias erguem sobre o meu chão.

(????)

Quantos idiomas terei que falar para não deixar minha linguagem explodir em silêncio tendo tanto o que dizer?

TEXTO EN ESPAÑOL

LINGUAGENS – LENGUAGENES /Edição bilíngue Português / Español. organização Menezes y Morais; tradução Carlos Saiz Alvarez, Maria Florencia Benítez, Lua de Moraes, Menezes y Morais e Paulo Lima.. Brasília, SD: Trampolim, 2018. 190 p. (7ª. coletânea do Coletivo de poetas) ISBN 978-85-5325 035-6.

BENDITA GULA

Para tu hambre de amor (mi amor) chorro leche y miel; caramelo cariño, brasas carícias y amaso pan.

Llévame a tu boca: pruébeme, gota a gota... engulle con calma mi alma y que nos condene la más sublime perdición.

Después cómeme hasta saciarte sin temer por tu salvación: seré tu pecado tu castigo y perdón.

¡ Acuéstame! ¡Sírvete de la extenuación!

Es de plumas y nubes la mesa de mi cuerpo. Está puesta la cena de mi corazón.

I COLETÂNEA DA ACADEMIA CRUZEIRENSE DE LETRAS. Rafael Fernandes

Gráfica e Editora, 2019. 224 p. ISBN 978-85-9506- 135- 4 Ex.

ALMOÇO DE DOMINGO

Sobre a comida (sobretudo no prato) em silêncio servida à mesa posta sem mim sugerindo minha saída (quando aqui ainda estou):

não se preocupe em revelar o valor;

não se preocupe em elogiar o sabor...

desnecessário qualquer gesto ou comentário inibidor.

Minha fome nada come não se ouve e nem se vê onde exala o desamor.

POR FALAR EM NOSTALGIA

Depois de tantos sonhos mortos que (comigo) já enterrei

e de tontos passos tortos que (por nós) tropecei, a única saudade que sei é a que sinto do que ainda serei

de Souza (org.) Brasília: Art Letras bibl. Antonio Miranda

EDMO LEDA Natural de Caxias, Maranhão, radicado em Parnaíba, Piauí, em cuja Ginásio fez preparatórios. Companheiro de Vicente Araújo, por vota de 1932.Publicou versos na imprensa piauiense e maranhense. Talentoso beletrista e poeta, já falecido.

ANTOLOGIA DE SONETOS PIAUIENSES [por] Félix Aires. [Teresina: 1972.] 218 p. Impresso no Senado Federal Centro Gráfico, Brasília. Ex. bibl. Antonio Miranda

BENEDICTION

“Maldite sois la vuit aux plaisire ephemères où nom ventre a conçu non expiation”.

C. BAUDELAIRE

Como o cantor de “Fleurs du Mal” eu também tive

Minha benção de poeta em minha vida inglória.

Onde quer que eu sofri, onde quer que eu estive

A tristeza seguiu-me, e a alegria ilusória

Do que por vezes fui presa, ficou na história

De minha vida como o oásis que revive

Do sedento beduíno a apagada memória.

Onde que eu vivi, onde quer que eu estive.

Persegue-me a tristeza e a maldição que ao nascer, Num momento de angústia e de ódio ouvi dizer: “Não é que dei à luz um novo Prometeu?

Monstro, um antro sequer não terás que te acoite. Maldita para sempre, ó senhor, seja a noite

Em que a própria expiação meu ventre concebeu”.

Fonte da imagem: https://noamazonaseassim.com

EDUARDO GONÇALVES RIBEIRO Nasceu em São Luís, Maranhão, a 18-9-1862 e faleceu em Manaus em 13-91900. Não deixou, parece, livros publicados. O político absorveu o poeta. Tenente-coronel do Exército, engenheiro, foi o reformador da capital amazonense.

Foi o Governador do Amazonas de 2 de novembro de 1890 a 5 de maio de 1891, e de 27 de fevereiro de 1892 a 23 de julho de 1896, sendo o primeiro negro a governar o Amazonas. Em seu governo foi responsável por agilizar e terminar a construção do Teatro Amazonas e muitas das outras obras de urbanização da cidade de Manaus, entre elas o Reservatório do Mocó, a Ponte Pênsil Benjamin Constant e o Palácio da Justiça do Amazonas, dando-lhe alcunha para a capital do Amazonas de "Paris dos Trópicos", em honra a sua memória foi nomeado uma avenida de Manaus, a inscrição na fachada direita e o palco do Teatro Amazonas em seu nome, sua residência em Manaus foi transformada num museu.

RAMOS, Clovis. Minha terra tem palmeiras... (Trovadores maranhenses) Estudo e antologia. Rio de Janeiro: Editora Pongetti, 1970. 71 p. Ex. bibl. Antonio Miranda

Saudade, amiga da gente só na vida que morreu.

Se muito sofre quem ama nunca amou quem não sofreu.

Saudade, fantasma triste dum sonho que se findou. Ó lágrima abandonada nos olhos de quem chorou.

Saudade, recordação de uma esperança perdida... Ó quarta-feira de cinzas do carnaval desta vida!

ELIEZER BEZERRA Nasceu em 30 de outubro de 1926, em São Luis do Maranhão. Membro da União Brasileira de Escritores, e da Associação Brasileira de Imprensa. Autor dos livros “O poeta desvalido” (1980) e “Coelho Neto e a onda modernista” (1872).

MÃE (Antologia). Capa: Sônia Gonçalves Dias. Brasília. DF: Casa do Poeta Brasileiro (POÉBRAS) Seção Brasília, 1983. 200 p.

Ex. doação do livreiro Brito, Brasília, DF

“SER MÃE É SER FORÇA QUE OS MALES EQUILIBRA”

Coelho Netto

À MEMÓRIA DE NENA

Pequena no porte, simples na aparência, Nena foi muito humilde em tudo, a partir do próprio nascimento.

Era a personificação quase perfeita de uma plantinha tenra, surgida em terreno árido e mal-cuidado, as folhas amarelecidas pela inclemência do tempo.

Nena foi pouco expressiva, de certo.

Outras mulheres brilharam mais... Quanto amor, contudo, portava no peito aquela criatura

tão frágil, tão gentil, discreta e sofrida!

Religiosa. Nena esmerava-se em atingir a perfeição na prática dos ensinamentos de Cristo, comunicando a todos a fé ardente e inabalável que lhe repletava o coração.

Nena viveu muito.

E muito também sofreu, com resignação Quando adormeceu suavemente para todo o sempre, suas mãos, cheias de rugas, e calejadas pela vida árdua, arrimavam-se nas do Salvador, buscando segurança para a travessia do vale da morte.

Resta, agora, a certeza maior de que, na lembrança dos seus e sob os cuidados do Eterno, para a Divina Morada. E ali permanecerá, à semelhança de Maria, a Mãe-maior até que o próprio tempo se consuma...

ENILDE COTRIM DE FIGUEIREDO Nasceu no dia 25-12-1935, em São Luís/MA. Formada em Educação Artística. Tem um livro publicado em parceria com duas irmãs "Jardim Musical".

LATINIDADE: I COLETÂNEA POÉTICA DA SOCIEDDE DE CULTURA LATINA DO ESTADO DO MARANHÃO.

Dilercy Adler, org. São Luis: Estação Produções Ltda, 1998. 108 p. Capa: Carranca – Fonte do Ribeirão – São Luís – Maranhão – Brasil Ex. bibl. Antonio Miranda

SE EXISTISSES...

Pai, se existisses...

Escutarias os meus lamentos, Ouvirias os meus queixumes, Chorarias com o meu pranto, Enxugarias as minhas lágrimas.

Pai, se existisses...

Sorririas com as minhas alegrias, Vibrarias com as minhas conquistas, Cantarias as minha vitórias, Encorajarias o meu dia-a-dia.

Pai, se existisses...

Aplanarias o meu caminhar, Desvendarias os meus segredos, Desfarias os meus medos, Acalantarias o meu sonhar.

Pai, se existisses...

Perdoarias os meu erros, Desejarias tudo de bom, enfim. Agradecerias os meus desvelos, Selarias teu grande amor por mim.

EUCLIDES FARIA nascido em São Luis a 26/3/1846 e falecido em Belém, Pará, a 11/10/1911. Poeta humorista e lírico correio. Cronologicamente, embora, pareça estar mais justamente no ciclo anterior, pertence de direito a este outro. Joaquim de Albuquerque, o seu pseudônimo nas "Secas e Mecas" da "Civilisação".

Bibl.: "Diversos" Maranhão, 1875; "Arabescos" Maranhão, 1875; "Miscelânea" 1882; "Cartas ao compadre Tiburcio" (Noticias da capital por Lourenço Gomes Furtado) S. Luis, 1880; "Cartas a pae Tobias" 1883; "Retratos a giz" Maranhão, 1886; "Obras" Maranhão, 1886; "Brisas da Amazônia" 1897; "O Tacacá", revista em 1 ato, publicada com a segunda edição das "Cartas ao Compadre Tiburcio" Maranhão, 1908.

MEIRELES, Mário M. Panorama da literatura maranhense. São Luis, MA: Imprensa Oficial, 1955. 255 p. 15,5x22,5 cm. “Mario M. Meireles” Ex. bibl. Antonio Miranda [conservando a ortografia original]

Não...

Quando valsas, Nenen, teu pé mimoso, Pisa com tanta graça sobre as salas, Que todo atrapalhado eu fico em talas, Em face d'esse pé tam buliçoso.

O timbre de tua voz, tam mavioso, Causa tal impressão quando me falas, Que me parece ouvir linda escalas

De um estudo apurado e caprichoso!

Esse terno volver dos olhos teus, Revelando fiel tudo o que sentes, Encandeia-me a vista e fere os meus.

Mas... todos esses dotes excelentes

Não compensam o pesar (oh! santo Deus!)

De ver, quando sorris, que não tens dentes.

EUGÊNIO DE FREITAS

Eugênio Martins de Freitas nasceu no Brejo, MA, em 1921. Advogado, ex-combatente da Segunda Guerra Mundial. Doutor em leis, honoris causa pela Samuel Benjamin Thomas University, Londres, Inglaterra , entre outras honrarias nacionais e internacionais de sua longa trajetória de poeta. Autor de muitos livros de trovas e sonetos, considerado um mestre nestas categorias.Faleceu em 2008.

VISÃO PERENE

Ao conterrâneo Omar Furtado

Visão do Brejo. O temporal arranca pela raiz uma fruteira antiga.

Vem a neblina que amanhece branca. Os passarinhos medem-se em cantiga.

Resplende o sol, a chuvarada estanca. Um sapo sai da gruta em que se abriga. Ressoa em casa uma risada franca, que me revela visitante amiga.

Corre um regato à sombra da mangueira. No patamar da igreja escuto a banda. Recordo a procissão da Padroeira.

Abraço e beijo a mãe, querida e branda. Na festa, uma sanfona de primeira. E um cheiro forte de mulher tresanda.

OBRA DE ARTE

Ao produzir poemas não me basto, sozinho nunca estou quando versejo. Os sons da lira servem-me de pasto, para eu mudar em rimas um lampejo.

No desempenho deste ofício casto, arrebatado para além me vejo. De qualquer outra ocupação me afasto, na realização de meu desejo.

Um ser oculto, rigoroso e brando no estilo próprio, me domina a mente, que versifica sob igual comando.

A inspiração, que todo artista sente, súbito vem, e não se sabe quando, nem se algum dia surge novamente.

DISSABOR

Culpado sou também – confesso agora –do imenso dissabor que me castiga, desta saudade que em meu peito chora, depois mudada em sons de uma cantiga.

Cego supunha amar-te à moda antiga, de dentro vinha o que eu mostrava fora. Em minha solidão a dor me obriga a revelar-te o mal que me apavora.

De nossa ligação, jamais eu via os laços frouxos do começo ao fim, dissimulados pela fantasia.

O rompimento nos provou assim os exageros da paixão tardia que felizmente se afastou de mim.

Extraídos da obra Gorgeios. São Luis: Arco Íris Gráfica e Editora, 2001. 376 p.

COMPLEXIDADE

Embora eu tente acreditar deveras,

não seja um sonho esta união feliz, no renovar de minhas primaveras, o oposto, apenas, a razão me diz.

Tuas palavras sei que são sinceras, mas nosso enlace esteve por um triz!

Ainda bem que nunca desesperas, Com grande esforço, em breve eu me refiz.

Todo otimismo nos convém agora.

No amor, por certo, o pensamento engana e enfim, só os descrentes apavora.

A sorte, para nós, jamais tirana, a nosso ouvido revelou, sonora, quanto é complexa a natureza humana!

TARDIO ENCONTRO

Não tive, quando moço, o bem que ora desfruto, mas isto não me rouba a paz nem a alegria. Antes imploro, humilde, ao Céu, todo minuto, que me conserve a mente iluminada e pia.

Sou grato pela, fé, com que o melhor disputo, feliz da sorte bela - e rara - que eu pedia.

Nas provações me torno audaz e resoluto.

Minha alma nunca está, de modo algum, vazia.

Tão tarde eu te encontrei! Pouco perdi, no entanto.

Nossa união, o Pai Acolhedor completa.

Que aos dois, ela nos traga indefinido encanto.

Ninguém nos, f az sair, J amais, da estrada reta. Nosso convívio dura, inigualado e santo. Amada esposa minha, inspira teu poeta!

(De “Meus Sonhos em Rimas”, 1966

LATINIDADE: I COLETÂNEA POÉTICA DA SOCIEDDE DE CULTURA LATINA DO ESTADO DO

MARANHÃO. Dilercy Adler, org. São Luis: Estação Produções Ltda, 1998. 108 p. Capa: Carranca – Fonte do Ribeirão – São Luís – Maranhão – Brasil Ex. bibl. Antonio Miranda

QUANTO TE QUERO!

A sensação que me imprimes ao espírito elevado é gozo dos mais sublimes que tenho experimentado.

Desejo que tu me estimes quanto te sou devotado; por teu amor, até crimes te haveria perdoado.

Mas, se um dia resolveres desfrutar outros prazeres, que não terias comigo,

a verdade me revela, que, embora sejas tão bela, não maldirei meu castigo.

FREITAS, Eugênio. MEUS AIS Sonetos, quadras e trovas. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1973. 129 p. 14 x 20.5 cm

Ex. bibl. Antonio Miranda / doação do livreiro Brito – DF

ENLEVO

Na praia, em noite de lua, nós dois, sentados na areia, o encanto da maré cheia, naquele avança-e-recua...

Em minha mão vibra a tua, na compressão de uma veia; teu hálito me incendeia e gozos mil insinua.

Deténs o que se inicia... Desfeita, agora, em zumbaias e, ao mesmo tempo, arredia,

em negativas te espraias... E, apesar da teimosia, tocamos do enlevo as raias!

MUSA IDEAL

Relembro, ainda, o semblante daquela moça bonita, que, embora esteja distante, em nosso afeto acredita.

Sabe que eu era inconstante, e não lhe abate a desdita... Agora, crédula amante, maus pensamentos evita.

A minhas cartas atenta, outros amores recusa e os preconceitos enfrenta...

Feliz por ser minha musa, não julga a sorte agourenta e não se mostra confusa...

DOIS RITMOS

São dois compassos diversos, quer te convenças quer não: o privativo dos versos e o da prosaica expressão.

Com teus sentidos imersos nas regras da evolução, evita esforços dispersos, não te afadigues em vão...

Verás, um dia, que a Prosa ao Verso não se equipara, por mais corrente e formosa...

O Verso não se mascara; graficamente, não goza de outra aparência, mais rara...

T R O V A S

I

Que eu faça, um dia, uma trova que, embora simples, agrade! E eu veja, em frase mais nova, alguma antiga verdade...

II

De quatro versos formada, de sete sílabas só, a trova a todos agrada e eleva todos do pó...

III

A trova é luz repentina, no claro-escuro da mente; traduz mensagem divina, que só transmite quem sente.

XIV

A Humanidade, que é cega (já no Corão se aprendia), ao transitório se apega e o eterno negligencia.

XV

Salta de todos à vista, não são palavras à-toa: mérito algum se conquista, apenas se aperfeiçoa.

ZÉ PEQUENO, pseud.. JOSÉ RIBAMAR BOGÉA

Poeta-cronista usou vários pseudônimos na tentativa de estreitar melhor seus laços de amizade e identificação com o povo maranhense.

SUPLEMENTO CULTURAL & LITERARIO JP Guesa Errante ANUÁRIO. São Luís (MA), n. 5 – p. 1-129, 2007. Ex. bibl. Antonio Miranda

(Futebol na música Pescaria)

Teve Fla-Flu no Maraca com vitória do Mengão

Pó de arroz entrou na taca

Dois a um, vibra o povão

Em Manaus, Sampaio Correa

Sem despachos de macumba

Faz 2 gols, mostra que é peia

Rio Negro na catacumba [...]

Sampaio, líder isolado

Na segunda divisão

Belo feito alcançado

Pelo nosso tubarão

Muitos jogos na rodada

Sem vencido ou vencedor

Parece até marmelada

Ou arranjos de doutor

Três jogos na rodada

Taguatinga triunfou

Pôs o rival pra dançar

Sua galera vibrou

Dois a zero Maranhão

Jogando fora de casa

No returno, o Bodão

Trocou o chifre por asa.

(Na música Torna a Sorriento)

Quem mais zomba da pobreza

É a escola particular

Gasta muito em propaganda

Para seu lucro aumentar

Menosprezando o ensino

Que o governo oferece

À força da promoção,

A sua receita cresce

Liceu formou muita gente

E o Educando também

Com o estudo gratuito

Que não enforca ninguém

A nova mentalidade

Que no país se instalou

Deixou o pobre de tanga

Só a Máfia engordou

Governante, antigamente,

Dava assistência à pobreza

Não pensava só no lucro

Ou nos golpes de esperteza

Dava água a preço baixo

E energia em profusão

Mesmo gerando a força

Só com mangue e o carvão

Tomar dinheiro emprestado

Foi obra de certa grei

Que maltratou o povão

Com famigerada lei

Até hoje o papagaio

Que o país empinou

Causou aumentos de tudo

E a nação sacrificou

(Paródia feita a jato no boteco do Nhozinhos, na João Pessoa, enquanto tomava umas cervejas)

[...]

Paulo e Lauro discutiam

Hoje em plena madrugada

E Nhozinho na torcida

Pra aumentar a cervejada

[...]

( No Restaurante do Marão, adaptada à música Meu vício é você)

Prefeitos vivaldos

Metendo a mão

No Fundo alegre

Da Participação

[...]

Um buraco negro

Na Constituição

Barnabé não pode

Grevar na Nação

Questões de ciúme

Hoje tão banais

Podem dar manchetes

Pra nossos jornais

[...]

(Paródia canta na música

Sole mio)

Ex-governantes

Deste Maranhão

Na CPI da Corrupção

Jotapê mostra

Todo o movimento

Como ocorreu

O endividamento

Roubo vultoso

Na Ribamar

Faz um sujeito

Na ripa entrar

Empresário

Quase sem brio

Paga camisas

Com cheque frio

[...]

(Paródia na música A Deusa do Asfalto, feita em maio de 1991. Exclusivamente baseada na manchete principal do JP, que completava 40 anos naquele 29 de maio. A sátira tem por base o fato de a água, em São Luís, no tempo de Mr. Clay ter passado 40 anos sem sofrer aumentos)

Depois

Com a nova mentalidade

Que Zé Meu filho

Implantou

A coisa se completou

E o Batista

Que foi um hábil lacaio

Passou a empinar

Papagaio

E tudo se esborrachou

Hoje em dia

A Caema é poço fundo

Deve a deus ao diabo

E a todo mundo

No entanto

Na TV vive a berrar

E a água da pobreza

Quer cortar

E é é é é é é

É incrível

A herança de Sarney

Que nos deixa

Saudades de Mc Clay

Quando a água

Tinha um bom tratamento E não causava

Ao povão padecimento

(Paródia feita no dia do lançamento do cruzado, na música A volta do Boêmio)

O Cruzado

Que está saindo da cova

Não é uma bossa-nova

Nem atende ao povão

Cruzado

No bom tempo era um quilo de arroz

Boa carne se comprava com dois

Em qualquer mercadinho ou galpão

Cruzado

Hoje desvalorizado

Nada vale no mercado

Onde habita o tubarão

Se o povo

Vai sentir amanhã ou depois

Com o cruzado hoje relançado

Só se compra cem gramas de arroz

É difícil

Congelar ordenado ao salário

E punir qualquer um salafrário

Que maltrata a bolsa do povão

O cruzado

Volta magro e espirradinho

Pois não dá chance ao operário

De tomar sequer um cafezinho

E o povo

Que vivia ligado a milhões

Hoje tem só decepções

De voltar para casa dos mil

Zé Sarney,

É difícil sair do atoleiro

Nem mudando o nome do dinheiro

Tu consegues salvar o Brasil

FÁTIMA DE JESUS SOARES CORRÊA

Graduação em Licenciatura em Física pela UFMA (2006-2010). Pós-Graduação Lato Sensu em Metodologia do Ensino de Matemática e Física pela UNINTER (2011-2012). Técnico em Contabilidade pela UEMA (2012-2014). Mestre em Ensino de Ciências Exatas na UNIVATES (2014-2016). Cursando Licenciatura em Pedagogia pela UEMA(2019-?).

PÉRGULA LITERÁRIA VI Antologia. Poesias vencedoras do VI Concurso Nacional de Poesia “Poeta Nuno Álvaro Pereira”.

Valença, RJ: Editora Valença, 2004. 202 p. Ex. bibl. de Antonio Miranda

A MULHER EM MIM

A mulher que vive em mim, É aquela que vive a sonhar:

Com amores impossíveis,

Com amores ardentes,

Com amores sinceros, Com amores de Picasso.

A mulher que vive em mim, É aquela que luta por seus ideais, Que luta por seus sonhos, ilusões, projetos;

Que luta por um homem;

Que luta por uma vida melhor;

Que luta por seus desejos, sentimentos.

A mulher em mim,

É aquela que sofre calada;

É aquela que se esconde num sorriso;

É aquela que não vive por viver;

Vive para satisfazer sua família, Vive para satisfazer os amigos.

A mulher em mim, A mulher que não te sente, Não te toca, Não te ama, Não te abraça.

FELIPE GARCIA DE MEDEIROS

Nasceu em Imperatriz, no Maranhão, em 1989. Formado em Letras – Português e Literaturas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte mestrando na mesma instituição (2012). Vive em Caicó-RN, como professor de Língua Português e Literaturas do IFRN e mestre em estudos da linguagem pela UFRN. (2017)

GARCIA, Felipe. Morrediço mar: fragmentos soterrados. Trípticos. Guaratingueté, SP: Editora Penalux, 2017. 156 p. 15x21 cm. ISBN 978-85-5833-196 1 Ex. bibl. Antonio Miranda

"Nada exaure esse exercício ledo de obstruir palavras entre loucura e medo."

FELIPE GARCIA

"Essa conceituação de tríptico, tanto no que diz respeito à forma quanto ao conteúdo, é reelaborada por Felipe Garcia neste livro que já nos arrebata pela disposição não usual dos poemas. O poeta lança mão da definição de tríptico proposta por Bacon, transpondo-a para a folha em branco. Ao mesmo tempo em que procedemos a uma leitura linear, também fazemos uma leitura global, imagética, já que as partes que compõem cada tríptico são dispostas lado a lado, e não nos arranjos tradicionais do poema. Tal escolha já conduz o leitor a um deslocamento do olhar e dos processos de decodificação e compreensão do texto, o que é reforçado pela ausência de títulos dos poemas. Um título, por si só, constitui uma via de percepção, sugerindo, de antemão, uma maneira de apreender os objetos e fenômenos. Ciente disso, o poeta despoja-se deles para que o olhar do leitor navegue em busca de sentidos livremente, sem qualquer bússola que o direcione. a não ser suas próprias experiências de vida e leitura." (...)

"(...) sem pressa, o perpétuo e morrediço mar

que nos atravessa antes que possamos navegar."

"Com sua lírica incisiva, Felipe assume a figura de um oleiro que busca moldar a liquidez do homem contemporâneo, segredando-nos, poeticamente, que, diante da fluidez de tudo, é preciso calar-se e agarrar-se à memória para fundar a si mesmo, nessa procura de equilíbrio entre o imanente e o transcendente." / "E o que seria a poesia entenda-se a arte como um todo senão uma educação dos sentidos?" KALIANE AMORIN, na brilhante apresentação do livro.

"tempo para consumir o corpo que nos decompõe."

Estamos diante de uma poeta em formação e decomposição, em fragmentos soterrados e redescobertos pela busca do ser em sua transição. ANTONIO MIRANDA

página em construção: entrar capa, 2 páginas de tripticos, contracapa e ao final da página a foto do poeta...

GARCIA. Felipe. Pó-E.t. Guaratinguetá, SP: Penalux, 2015. 122 p. 14x21 cm. ISBN 978-85-69033-30-1 “ Felipe Garcia “ Ex. bibl. Antonio Miranda “Poesia monolítica. Os versos que fazem um lembrete à dimensão imemorial que nos atravessa, a todos, como seres humanos.”

JOÃO LEMOS FRANÇA

Futuro refém de si mesmo hoje me sou outro a esmo e vário através de mim estudo o revés assim.

* Aprendi a ser íntimo do verso.

Nele eu me distingo dos sonhos

o idêntico me rebela e o real me interna.

MEDEIROS, Felipe Garcia de. Cápsula. São Paulo, SP: Editora Kazuá, 2014. 172 p. 14x20,5 cm. Apresentação: Rudinei Borges. “Orelha do livro” por André Pinheiro. Edição: Evandra Rhoden e Claudia Aguiyrre. Capa: Osvaldo Piva. Contra-capa: texto de Antonio Miranda. ISBN 978-85-66179-54-5 “ Felipe Garcia de Medeiros “ Ex. bibl. Antonio Miranda Não esperem uma linearidade nos poemas de F.G.M., que confessa: "minha cabeça rolando na lâmina/ opaco/ como os cacos/ de vidro no olfato". É o que devemos decifrar da leitura dos poemas deste livro, livre de qualquer presunção de reconhecimento do coloquial e do convencional. ANTONIO MIRANDA

MEDEIROS, Felipe Garcia de. Frio forte. Rio de Janeiro: Editora Multifoco, 2012. 124 p. 14x21 cm. Capa e diagramação: Guilherme Peres. ISBN 978-85-7961-833-6 Col. A.M.

“recolho as palavras e, fatalmente, rogo em silêncio pelo verbo que será a porta de onde sairei e tu me habitarás”

O Quarto está Congelado:

Plath me Visita com Anel

Tíbio/voltei a ser criança estupidamente. O meu coração foi perfurado nessa hora porque era de leite. Noites Brancas - que me vi precipitado de cristais/e estranha nevasca entupiu as passagens para os cómodos da casa

Stasis in darkness. Ouvi trotes de anjos no espaço como casca e meu" coração acelerou agoniado.

Do leite que escorria no chão surgia patas de cavalo, ou pernas de mulher saíam, era uma asa ou uma fada/olhos de cavalo o assobio/um lobo úmido, escorrendo lactose na pele vias, dorso, perfumes/ luz, cumes esforço para criar era ela - no auge, a mulher perfeita a visão me congelou a alma quebrando estalactites de gelo sobre a carne do me-

u corpó.

Plath senta a meu lado e recita poemas para mim feridas/de casa escorregões na vida risos/apertados-a-cara-rosada. E antes que ela ligue o gás peco-lhe continue a me costurar nos poemas há cicatriz nos lábios e estigmas nas paredes horas de desespero segundos de angústia para tirar de mim a gota única que se esgota no meu sangue compondo a distinta túnica que me despe e mata nu cuspo ossos pedras cascos para me fazer sumir como a poesia no poema e me misturar à luz ser o opaco obstruir o espaço

onde vivi e ver

surgir no mais frio dos dias mais frígidos o calor do teu bafo que estertora arranques estoura sinos desenterra/corpos reanima mortos - me entra por fora e me escreve:

a-

corda a imagem

ela é a porta que abre

e a palavra a besta que fecha. Era para tu ires assim na boca de uma fornalha antes de se despedir do sono para acordares como todos nós após outro dia no paraíso?

Eras mais do que capaz para poemas.

Sabias que tu quebraste a película de acrílico dos meus lábios fugiu/correu e encheu de beijo o corpo que morre todos os dias à noite antes de se desfazer em diversas posições.

Teu olho frio me arrancou a fome/e a perdi

não te esqueças de mim que o teu amor não passe como meu corpo que se foi na escuridão fraturado em tantas peças nem teu passo me aperte no chão quando eu estiver gemendo as dores que pari na vida.

Não, o destino não serve

para nós/ há

só um abismo que nos cerca e abre uma fenda entre o céu e o pensamento. Acaricia o vento descabele-se noite a dentro e ouça o meu uivo nos dias de lua cheia/ que eu sou a saída falsa que procura a tua alma querida: tambor solto na carroceira/a rolar a inefável dor de possuir braços frouxos peito empolado pernas de pino arreios falsos/atrelados ao cavalo que pousa na xícara para saciar a sua rapidez

Ariel me olha/bafeja e beija os meus pés. Nos olhos do cavalo a despedida sangrenta do Nada nos olhos de Plath a felicidade

intrusa/maçã verde para a vida amassada.

Ela sorriu a derreter a frialdade da noite com poemas misturados ao éter e na mesma hora sumiu com Ariel pelas brechas do dia dissipados.

Eu me desfaço em poesia todos os dias me deparo com o outro e a só

pergunto:

a tua vida não é o maior que isso?

Formei a paralisia no espelho e quem escreve se é homem menino/fantasma cavalo ou braço

não sei porque se um dia chover na minha terra digam que já não preciso

mais dela

há um corpo lá fora esmagado/e uma criança que chora no quarto.

MEDEIROS, Felipe Garcia de. Frio forte. Guaratinguetá, SP: Penalux, 2014. 144 p. 14x21 cm. ISBN 978-8566266-70-2 Col. Bibl. Antonio Miranda “Confesssional, inquisidor, perquiridor, arauto de nossos sufocos e alucinações, mental e verbal, venial, sintonizado com os tempos dilacerantes que (re)vivemos ou em que fenecemos. Poemas longos, desbordantes. Ele sente frio em zona tórrida!” ANTONIO MIRANDA

3G (Ultima Geração)

A esta hora em que te escrevo tarda qualquer expressão. Se existir na boca uma sobra de verbo, ou bafo, não saberei te dizer com as mesmas palavras de Eliot ou Svevo.

Chorei ao ver e ouvir Le Bateau Ivre de Rimbaud no youtube e o vídeo colorido e animado parecia a realidade da poesia na realidade em que eu vivo.

Tem dia que penso em deixar a fantasia (não pensar no cosmo à noite e deixar de sonhar de dia).

encerrar a história sem fim que tantas vezes me iluminou na infância. - Bobagem, ou não.

Ontem passei o dia em vão como se a alegria se esgotasse na viagem.

Aonde fui me meter ninguém me esconde.

Sabia: hoje, ser poeta é não ser conde nem santo nem padre nem cristo.

Fiz o plano 3G e tenho, durante 24h, noticias filmes poemas o diabo-a-sete por apenas 89 reais mensais acesso à Internet. Imagina como está minha nova vida: madrugadas, estranhas covas, o silêncio e a solidão.

Quando, de repente, eu ouço rap me anima qualquer rima do Emicida: ele também é um da gente, cara ferida.

O que são nossos versos e essa missão a que o profeta alude?

Um dia farão a minha biografia o documentário começará com a chamada

o poeta e será válida a vida.

Mas que ritmo robusto pode aparecer nos meus braços quando eu abrir as pernas diante de um site para ver os filmes mais quentes não, não sei se vou aguentar passar a vida inteira fingindo como uma Pessoa boa ou fingindo ser uma Pessoa má - ou rindo dizendo que não sou isto nem aquilo.

Ganharia bem mais se adquirisse um estilo lucrativo clonando ao invés de criar. a maior obra está por vir.

Foto: https://olhardoalto.blogspot.com

FRANCISCA CERQUEIRA - Francisca Maria Cerqueira da Silva é maranhense, mas reside em Marabá- PA, cidade onde se constituiu mãe, avó, professora e poeta.

É mestra em Letras, docente na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará – UNIFESS -PA. Tem três livros de poemas publicados e participação em diversas antologias.

VII ANUÁRIO DA POESIA

PARAENSE. Airton Souza organizador. Belém: Arca Editora, 2021. 221 p. ISBN 978-65-990875-5-4

Ex. Antonio Miranda

Ver profundo

Só ver, só pensar a superfície das coisas e das pessoas ver e valorizar só o supérfluo nenhum mérito!

A sensibilidade de ir além é dom, é poético...

É como amar

não deve ser morno, nem raso tem que ser poço brasa ardente!

Ver as coisas, os acontecimentos o ser humano profundo como saber que no mais longínquo fundo do oceano há seres que sequer imagina-se um dia encontrar...

Vejo, e é como amo em demasia!

Mas si, “há mais mistérios” entre a superfície do humano

e sua profundidade

“do que pode imaginar nossa vã filosofia”!

De poeta e louca

[De poeta e louca a vida sempre me fez um pouco]

Minha mãe, semianalfabeta, de criada de família rica [trabalho por casa e comida] virou criada esposa, casada aos 13

Para fugir dessa sina ranzinza, mesquinha, escravagista migrou, em voos corajosos, para outras paragens [coragem é o outro nome de minha mãe]

Assim é que eu, do Maranhão, meu lugar de matar a fome com gongo do babaçu lugar de minha avó “quebradeira de coco” cheguei ao Pará

Aqui me fiz mulher de múltiplos olhares mãe, avó, professora e poeta [feminista, louca varrida] resistindo às opressões seculares!

E minha poesia

é poesia no Maranhão, como é poesia no Pará em qualquer tempo e lugar [pro que der e vier] porque toda poesia é sempre poesia, onde chegar onde estiver! Foto:

https://www.facebook.com FRANCISCO BALBINO SOUSA de São Pedro da Água Branca Professor na empresa Prefeitura Municipal de Bom Jesus do Tocantins – PA. Formado em Língua Estrangeira, exerce a docência em Língua Inglêsa. Estudou na instituição de ensino UFMA Mora em Bom Jesus do Tocantins – Pará.
VII ANUÁRIO DA POESIA PARAENSE. Airton Souza organizador. Belém: Arca Editora, 2021. 221 p. ISBN 978-65-990875-5-4 Ex. Antonio Miranda

Pão e palavra

Há fome que a palavra alimenta quando a voz que resmunga não se curva à opressão doentia e clama por justiça e verdade.

Há sede que a palavra sacia ao beber no cálice da sabedoria sempre no brio do orvalho esperança fecunda dos campos gerando o trigo da felicidade.

Há fome que a palavra alimenta no olhar de quem busca ternura amálgama das trevas no homem à luz de um mundo sem bondade.

Há sede que a palavra sacia verbo líquido sem gotas de rancor aspergido por bocas sem mordaças lúcido direito do povo sonhador por um mundo de fraternidade.

Há fome que a palavra alimenta vestígio da seara em mãos justas sem espólio e sofrida indignação de vozes em vastidão da solidariedade.

Há sede que a palavra seca sem razões para a ignorância nem o desafeto da intolerância para um mundo de pobres cativos com corações ausentes de irmandade.

Há fome que a palavra alimenta feita de pão, amor e coragem manifesta no canto e no desejo de gente faminta por liberdade.

FRANCISCO DE ASSIS PERES SOARES nasceu em São Luís, em 11 de agosto de 1961. É filho de Luiz Alfredo Netto Guterres Soares e Sônia Maria Peres Soares. Com "Terra caduca" participou do II Festival Universitário de Poesia Falada.

Possui graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Maranhão e Especialista em Metodologia do Ensino. Atualmente (2019) é Subsecretário de Estado de Minas e Energia (SEME). Tem

FRANCISCO DE ASSIS PERES SOARES

experiência na área de Engenharia de Energia, Sistemas de Gestão Ambiental, Meio Ambiente, Cidades Sustentáveis, dentre outros temas.

NOVOS

POETAS DO MARANHÃO. São Luís: Edições UFMA, 1981. 79 p ilus 15 x 22 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda

TERRA CADUCA

Da natureza cibernética:

Os frutos autómatos.

As flores mecânicas da natureza cibernética. A mãe natureza de proveta.

Os frutos, produtos da artificial inseminação na natureza cibernética.

Os cantos dos abutres, sintetizados.

Os cantos mixados dos curiós.

Nascem os "Pés de Edifícios" multipiicando-se graças às abelhas multiprogramadas IBM de tal.

As aranhas não tecem, arranham o céu que reflete como um espelho côncavo o desespero dos que gritam 02A luz foi-se e ficou a foice das trevas, mas o sol ainda brilha em outros planetas menos caducos.

A terra ja não mais vê pela luz pura do Astro Rei, vê sim, pela luz dos homens sem luz.

0 orvalho destrói e corrói, como a chuva das más nuvens ácidas.

Até o odor plastificou-se:

" - Adquiram logo, senhores, estamos vendendo em promoção: cheiro de amora, uva, rosa, terra molhada, do campo..." ...SÓ não vendem o cheiro da ferrugem e o da morte (São encontrados com abundância)

...E as rosas ainda existem?

Ah! As rosas???

Ah! Rosas clonadas, muitiprocessadas.

Rosas caóticas, deste jardim infecundo, deste chão estéril.

És a rosa da agonia, radiativa, dos cogumelos mistificados.

- Rosa podre, esquálida.

Juntas, são o caos desta época subnutrida, deste século da velocidade, desta geração antropofágica.

Juntas, enfeitam os banquetes dos "Falsos Reis" que se saciam na orgia dos seus espíritos nefastos submetendo incultos robôs.

"Só, és a chaga eterna

do povo massificado, abatido

do povo maltratado, programado.

Es a cruz ébria da taverna que não bebeu do vinho mal repartido com o povo subjugado."

Rosa podre, Rosa do câncer ou canceRosa

Ah! Rosa Homem

FRANCISCO DE OLIVEIRA Y FERRES

Nome completo: Francisco de Oliveira y Ferres Nascimento: 1899 - Brejo, MA Morte: 1939 - São Luís, MA

Descrição: Poeta, jornalista, promotor público, político.

Fonte(s) dos dados COUTINHO, Afrânio; SOUSA, José Galante de. Enciclopédia de literatura brasileira. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional; Academia Brasileira de Letras, 2001. 2 v. ISBN 8526007238

Nascido a 26 de dezembro de 1902, e falecido a 30 de novembro de 1939. Filho de Brejo de Anapurus, Maranhão, desaparecido no Hospital Geral, de São Luis.

Tabelião Público em Flores e Prefeito Municipal em Alcântara.

Secretário da Prefeitura Municipal de Parnaíba, Piauí, onde foi radicado e colaborou na imprena.

Redatoriou o jornal “O Norte”, em Barra do Cord, na terra natal.

Membro do “Cenáculo Piauiense de Letras”.

Publicou; “Jeca”, poemeto, 1032. Deixou inéditos os livros de versos: “Rimas sem Cores”; “Rimas de Outono” e “Ritmos Bárbaros”, além de “O Consórcio das Almas”, novela publicada em rodapé de “O Norte”.

ANTOLOGIA DE SONETOS PIAUIENSES [por] Félix Aires. [Teresina: 1972.] 218 p. Impresso no Senado Federal Centro Gráfico, Brasília. Ex. bibl. Antonio Miranda TERRA DE MAFRENSE

Na emoção do prazer de tudo o que me deste, Pátria do meu amor, ó ninho de alvorada! Por buscar no teu seio as auras do Nordeste Abro do pensamento as rêmiges doiradas.

E em poeira de oiro e luz minhalma se reveste

Na refulgência em flor das tuas madrugadas, Ouvindo a flabelar dos carnaubais, no agreste, E a viva orquestração de asas no azul vibradas.

Que me importa a distância, essa distância enorme, Se a saudade me traz, a todo instante, o surto Desse teu dinamismo, intenso e multiforme?

E é por isso que sempre eu vivo em ti pensando, E no alto vão da alma, a longitude encurto, Transpondo o Parnaíba, assim, de quando em quando...

FRANCISCO MARANHÃO

MARANHÃO, Francisco. Beirais do Tempo. [São Luis, MA?: edição do autor?, s.d.] 107 p. ilus. Ilustrações de Maryse. “ Francisco Maranhão “.Ex. bibl. Antonio Miranda, autografado em 1982.

A SINA DO BOI

Fogo no ferro, marca as cadeiras e BUFANDO, BABA BIRRANDO o BOI...

Nó na canga, senta a pua e BIRRANDO, BUFA BABANDO o BOI...

Dobra a carga, finca a vara e BABANDO, BIRRA BUFANDO o BOI...

Firma o nó, mete a faca e GEMENDO, MORRE BERRANDO o BOI.

Abre a roda, gemem as matracas e DANÇANDO, BRINCA BUMBANDO o BOI...

BUMBA MEU BOI

AGRESTE

ATÉ QUE

a rapadura e a farinha se esgotem a moenda de cana me proíba o açúcar do bolo os dedos paralisem os bilros de renda

o bordado engula o novelo de linha a mão-de-pilão cesse sua cantiga rouca a cadeira de vime perca o assobio

ATE QUE EU AINDA POSSA

cuidar do canteiro de coentro salivar angu na colher de pau enxotar o gato do pé do fogão abanar o fogo mascando fumo-de-rolo imitar as galinhas ciscando minhocas catar piolhos da cabeça dos meninos tirar carrapatos das costelas dos cachorros espremer as tetas murchas das cabras escutar os galos tecendo as manhas entrar na conversa dos boiadeiros com os bois enxergar o sol empedrando a lama sentir a seca estalando os capões de mato ralo pedir que a desgraça se canse de mim...

VOZES DAS RUAS

"Pamonha quentinha, da fábrica de nhá Ela, quem quiser comprar dela, vem na porta ou na janela"

"Tem manuè, quebra-queixo, pé-de-moleque... "tem murici, bacuri, açaí, buriti... "tem maxixe, quiabo, vinagreira, pimenta de cheiro.

"Dos miúdos são trezento "dos graúdo é quinhentos"

"É uma beleza, dona Tereza, tá pá termina, dona laia"

Verdurèèèèèèèèè.... ro

Carvoèéèèèèèè..ro carvão de varüniiüumi....nha

Camaroêèêèèêééè. .ro...... Camarèèèèé.... réu... réu. ..eu... réu... branco Picolezêêêêêê-.ro, éro, éêéèéé...ro... Maria...ia...ia...ééééèro Pèéèééèé...xe, pexe, pexe pedra de Ribamar... éxe..éxe..jesquíiiiii...nho

Pregões das ladeiras de São Luís, ecos das janelas da minha infância, onde estão?... onde estào? perderam-se pelo éter do tempo, ou será que morreram?

Foto: http://herbertlago.blogspot.com/

HERBERT LAGO CASTELO BRANCO Natural de Chapadinha-MA, nascido em 16/12/1956, participou ativamente dos movimentos culturais do Distrito Federal de 1978 a 1993. editou o jornal alternativo A Prosa de 1983 a 1993. Em 1986 fundou a Academia de Letras dos Poetas Alternativos, da qual foi o primeiro presidente. Editou o jornal A GAZETINHA de 1987 a 1992.Foi dirigente sindical de 1986 a 2002. LIVROS PUBLICADOS: Lua Doce Lua (Poesia) 1986; Brindaluz (Conto Infantil) 1987; Poemas & Protestos (Poesia) 1989; Pristolino o menino que comia terra (Conto Infantil)1991; Versos Avoantes (Poesia) 2004, Sujeito Inacabado (Poesia) 2014, MATA ROMA: O Tântalo de Chapadinha (Biografia) 2018, 2ª Edição de BRINDALUZ (Infanto-Juvenil) 2019. A HISTÓRIA DE CHAPADINHA EM VERSOS 2021. Participou ainda de várias antologias poéticas.

FINCAPÉ – Coletivo de Poetas. Org. Menezes y Moraes. Brasília: Thesaurus Editora, 2011. 280 p. 12,5 X 22, 5 cm ISBN 978-85- 7062-969-1 Ex. bibl. Antonio Miranda

Paisagem de Chapadinha

Chapadinha, és encantadora. De belezas naturais, tens o ar puro e balsâmico das figueiras e dos coqueirais. Olhos d´águas cristalinas, balneários, velhas fontes de segredos. Tens vaquejada, carnaval, mulatas e folguedos. Tuas praças encanta os visitantes. A cada dia uma paisagem nova te completa. Palco de muitos amores, de pessoas simples e hospitaleira. És protegida por Nossa Senhora das Dores.

Minha Mãe, Minha Vida

Eu gostaria de ter o dom de expressar em palavras tudo o que sinto por você. Mas como explicar com palavras algo que se sente tão profundo? Cada estação da vida tem o seu perfume, o seu encanto.

Vejo os frutos das sementes que lançastes,

sua própria imagem e semelhança. À sua luz que fez a nossa vida brilhar, a despeito de todas as dificuldade e obstáculos. Parabéns por esse dia tão grandioso!

Noventa anos! Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se presente e tem a duração do instante que passa. Por isso estamos em festa, todos juntos para te dizer obrigado por você existir.

Parabéns! Minha mãe, minha vida.

Como um Pássaro Engaiolado

Passarinho engaiolado, pode até ser que morra de repente, mas não esqueça a arte de voar. Sonhe em pleno voo, sonhe que um dia você poderá ser solto. Não esqueça a arte de sonhar Quem sonha não envelhece nunca mesmo que morra de repente Mas morrerá em pleno voo.

J. B. BASTOS COQUEIRO

(São Luís, Maranhão, Brasil) Pesquisador, poeta, historiador e jornalista.

Autor de O Drama de Sacco e Vanzeetti L(1967), A Madição da Múmia (1967), A Morte de Cristo (1967), Dois Crimes Famosos (1969), Miscelânea (19730, este último uma espécie de antologia de poetas nacionais e estrangeiros. J. B. Bastos Coqueiro foi, do ponto de vista da forma, um poeta clássico, parnasiano, porém o conteúdo de dezenas de sonetos que publicou, no Jornal Pequeno, é romântico.

SUPLEMENTO CULTURAL & LITERARIO JP Guesa Errante ANUÁRIO. São Luís (MA), n. 5 – p. 1-129, 2007. Ex. bibl. Antonio Miranda

MARTÍRIO

Não posso te querer como tu queres. Não posso te adorar como desejas. E é necessário mesmo que tu vejas Que nada mais espero das mulheres.

Por onde quer que vás, aonde estejas,

Suplico-te que sempre consideres

Inútil todo o afã com que te feres

Por causa deste amor que tanto almejas.

Lastimo certamente a tua sorte,

Ao ver que meu castigo foi tão forte

Que a ti também lançou na mesma sina.

Não foi bastante a Deus um condenado,

Ainda te prostrou bem ao meu lado

Teu pranto a completar minha ruína.

JHOISSE PINHEIRO ( Maranhão – Brasil ) Reside em Caxias/MA.

ANTOLOGIA POÉTICA. Sarau Brasil 2016. Concurso Nacional de Novos Poetas. Org. animação e apresentação Isaac Almeida Ramos. Cabedelo, Paraíba: VIVARA Editora Nacional, 2016. (Série Novos Poetas no. 19. 446 p. ISBN 978-85-920158-2-1 Ex. bibl. Antonio Miranda

Nova poesia

Quando não soube dizer

Mas quem pudera prever

Que esse sim era o princípio

Para tudo acontecer

Olás, olhares, mãos frias

Ao caminhar para a praça

Um sentimento me abraça

Anunciando o amor.

Eu que cartas de amor

Não escrevia

Que aquelas tão belas minhas

Hoje tua poesia

Já não falam mais da dor

Nada é por acaso

Mudam as coisas no atravessar

Os dias ganham formas

Encontram caminhos

E no desenlace do destino

Encontras-te o teu; eu

Pude então conhecer o meu; você.

JOÃO NASCIMENTO SOUZA - (Enes de Souza)

J0Ã0 NASCIMENTO SOUZA (Enes de Souza) nasceu em São Luís, no dia 2 de abril de 1960. E filho de Raimundo Laudelino Souza e Maria Eurenice da Conceição Souza. Em 1978 e 1979, participou de concursos de poesia no Festival de Artes da Escola Técnica Federal do Maranhão, obtendo o primeiro lugar. Tem a publicar dois livros de poemas: "Faceta" e "Poemas atrás da porta". E aluno do 29 período do Curso de Filosofia, na Universidade Federal do Maranhão. Seu poema "Estio-tudo" foi premiado em 19 lugar no II Festival Universitário de Poesia Falada.

NOVOS POETAS DO MARANHÃO. São Luis: Edições UFMA, 1981. 79 p ilus 15 x 22 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda

ESTIO-TUDO

... parai, romeiros ... parai... vede o céu "silhuetas d'anjos negros" - negra flama liquefeita? não... ê lama... e lodo é vau profunda...

cavemos, i cova doce... vida estação fecunda... ave cristalina, vidros luzes lua nua lua não. Bom dia - barriga cheia alegria é agua e chuva...

pulsante o peito em fúria tange pornografias que todo verbo chore - grite em eco olho em torno e um outro eco de um sangrar vazio olho triste

sinto o sonho ainda quente em minhas mãos e me lambendo a face em suor como se em viva vida fora feito

-onho... o chão é o mesmo chão estômago salitre - sal o céu é a mesma luz... a noite... a noite logo ordena ao dia tarde - apascenta o teu rebanho de mortos... o sol... cáustico objeto da loucura rasteja ao encontro em sem fim

há pouco gladiava e vencia e matava e sorria... luzia imune em espectros... toe... toe... toe... o coração paciente

mesmo em chama ardente - lento manso... ponderado - enfrenta o cansaço na ordenha de preces...

sarnentos menino e cão - filha gestante aos treze e morte nas entranhas...

tudo estio... tudo estio... tudo estio... ... mas e preciso que alguém cante e esse alguém é cigarra que vai n'alma de cada formiga - homem - formiga... de viver e lutar em formiga e cantar e morrer em cigarra...

formulam-se teses - defende-se ao fio da espada o erro e ainda havia mercenários moedas preços de vidas explodindo em nada e a cigarra que tudo via e sofria no outro lado do mundo num esperar possível e viável numa dimensão do cosmo estranhamente chamada ND - um no que deste neste espaço rude neste espaço caos eterno tosco - nó no que deste - nordeste... vertiginosamente mudo untura da verdade corte em vias do inclinar delírio labuta luta em vão se debate... e a formiga é uma cigarra impertinente

trabalhando - também faz chisteescondida - oculta em qualquer canto além cantos cactos desfigurados

explode faz-se grito mais que a morte invencível indomável - vida bate... bate... bate a mesma tecla mito de algum riso - o mesmo grito cigarra vindo do estômago faminto - minto da boca sem qualquer ventura ou dentadura que a ventura destas tanto é pouca nem sei o quanto têm de nada um pouco e dissecado pão - verde tédio antes tudo fosse um aplainar de artérias nestas gretas muitas... e no varal... finos tecidos - feitos finos pelo uso e de abusar preciso alguns pálidos - poidos? todos um sequer excluso... e tu... tu moleque brincando de homem grande... acaso esperas a morte numa faca? que te liberte a garganta da gravata? ou es imuneãplangência destes pes descalços?... ... já não basta esse sangue que te encharca o rosto e esta mísera geografia convertida em chagas pelo corpo esses trapos humanos que espreitam ao longe a metrópole carnívora e os abutres que lentamente nela entram e saem de barriga cheia bocejando etéreas promessas... longe... longe... muito além algum lembrar... nasceu esta sede consumada em peixes esporádicos o vento encabrestava nuvens - éguas sem mães e sem nomes - sem normas para se formarem - apenas formas deformadas...} arvores na praça sacudiam o sujo do corpo que após muito vagar caía no mar ou numa fabrica de papéis - meu difícil papel mesmo sujo servia pra conter um verso rude de protesto

e à noite... eu perdia horas e horas contando estrelas contando... cantando... apontando... pois cedo descobri a inverdade dita acerca das verrugas "berrugas" - como queiramoutras tantas inverdades mais adultas descobri inda em criança!

mas não era o tempo e a vez de definir-me em buscas e anseios

o futuro era uma distância sob cortinas de fumaça pra não dizer sob luto...

luto... luta... eram tempos de lutas aqueles não importava minha consciência a respeito... eram tempos

de lutas... e eu peso morto fui lançado de volta ao estio meus padroeiros dizimados por não compartilharem da grande farsa que se delineava como um "golpe de misericórdia" ao sofrido pendão auri-verde

... eu e a caótica vivência imposta na linha do descaso caminhando... tombando... com a vida enfiada num bolso furado

Pela vida tombado... tombado e feliz (?) – havia uma esperança

a esperança na espera –

"A ESPERANÇA É A OLTIMA QUE MORRE" - mas morre... e morreu

"QUEM ESPERA SEMPRE ALCANÇA" - e se cansa... cansei ... cansei embora não o permitisse esse oficio canto eterno em cigarra... porém foi mais que preciso essa revivência malignificente e essa cor indecisa perfurando a carne a cada tarde agonizante

- essas tardes confusas - profusas - tardes de ausênciaquem sabe profanas - tardes de inclemência - um só beneficio

trazendo incluso no escopo em sombra - a flama de uma ira reacesa revi - vida saltando currais sem gado sem barulho de mijada ou mugido em plena ausência de vida

ou estrume...

e as aves que partiram numa migração forçada - migração tal vez sem pouso mui to menos com repouso se este não lhes é eterno pela mão qualquer de um caçador vassalo de seu próprio veneno essas aves heroinas na verdade anônimas por imposição da selva em que se perderam sofrem a epidemia de gaiolas que lhes fazem prisioneiras em si mesmas

ao mundo onde pairam imersas e sem qualquer luzido... neste porto horto anfitriões de cromo e espelhos falsos em reflexo de uma angústia imorredoura... parai, romeiros... parai., vede o céu a que vos serve este sonhar esquivo que o pensamento forja nesta indústria desmontada e lixo?

a que me serve o frio destas noites que apenas impele a di ssol ver-me nas entranhas de minha porção oposta que em dia coça o corpo à noite deita e dorme e se não ronca com certeza lhe povoa a morte?...

Já que tendes vossa latência vinda em vermes antes sejam os vermes de vosso chão - que mais famintos um osso sequer deixarão que sirva a construção de uma pseudo-

história alicerçada em heróica trajetoria hermética cicatriz que não tem cura ante o engodo das palavras que se abatem sobre o pão dormido lhe enfeitam o corpo e calçam-lhe de mofo eadstringência... não... não sobrara o vosso pó para essa história purulenta e flácida

alvo futurológico de um desdenhar em imodicos espasmos doutras bocas abastadas... não... o pó de vossas vidas terá sua morada eterna sobre o vento numa brisa leve apenas nuvem pra diluir-se em tempestade amena - vosso sangue

este sim –infiltrar-se-á pela terra impotente numa tentativa materna de leite trazer em presente a vida por mais ínfima que sejamas real e viva

manifesta em flor - que não de cactosaprendiz de uma alvorada em espaço irrestrito... e alguma cigarra recordando o cantar vencido verterá um pranto qual rio nascente

nunca com retorno ao leito num escorrer perene arquitetando a espera sob queda d'água

pra juntar-se aos lagos num anseio sólido e friointemporal pois não conceberá qualquer medida para o tempo como aquele velho trem nostálgico alineado às paralelas trágicas

que só o trazem de volta totalmente vazio - onde o condutor é apenas mais um sonho místico - objeto já quase em desuso

futura peça de antiquário pobre - de braços ave-abertos

em cruz rumo ao sono opaco que e gratuito e cala... enquanto este silêncio é mudo mas tem viço a formiga continua o seu oficio sob a terra - assim germina punho em riste vertical como se erguesse sua luta aos céus

ameaçando esta mitologia sem razão suprema mas moldada em luxo - como um deus - talvez - que não se abate

Mas terá que se curvar como em doença... e quanto mais seja esta rosa erguida, mais pró - vida em vida nossa vida será raiz augusta de mãos dadas - isso e luta! -

- E AGORA E TUDO OU NADA!

JOÃO PAULO DA SILVA LÊDA

JOÃO PAULO DA SILVA LEDA nasceu em Presidente Dutra-MA, em 21 de novembro de 1959. Escreve poesia desde os doze anos e é formado em Direito pela Universidade Federal do Maranhão. Participou do I Festival de Poesia Falada, promoção da UFMA, em 1980, obtendo o 19 lugar, com "Poema Verde".

NOVOS POETAS DO MARANHÃO. São Luis: Edições UFMA, 1981. 9 p ilus 15 x 22 cm.

POEMA VERDE

Pássaro de dentro

Que corre no campo verde

Que minha alma

Faz voltar meus verdes anos

Das minhas formas mais puras

E de meus sonhos menino

Em que eu deixava correr os dias

Qual a corrente

Do riacho São Benedito

Deslizando por entre

As plantações de arroz

E as cercas de arame farpado, Dos verdes de canafTstula

No verde canavial.

Forte pássaro que voa

Que tem asas

Que tem ninho

Deixaste ficar o estigma

Dessa saudade

Colado no meu corpo

Como as unhas que são

Nos meus próprios dedos Frágeis, finos e calejados

De lavrar esse sentimento azedo

Nessa terra crua

Nesse peito verde

Que não brota outro sentimento

Senão sofrimento

De não ver sequer

0 resultado da Química maior

Quando de todo

Meu acalento não suporta

Deixa o corpo leve

Repousar sobre o teu asco

E a alma despertar

Nas asas desse pássaro maravilhoso

No sonho deste poema

Verde como quem fantasia

Como são verdes os versos

Que componho agora

Como ê verde a folha

Do fruto vermelho

Como e verde o fruto

Que não se come

Como é verde o soldado de punho armado

Que apodrece na guerra

Como ê verde

A pele esturricada

Amareia-verde-verminose

Do homem que nasce verde

Que morre verde

Que não tem como amadurecer.

Como é verde o poeta bobo

Que fala

Que sonha sob o efeito etílico.

Como e verde este poema

Que quer deixar

TUDO AZUL.

Foto: http://www.pedrasverdes.blog.br/

JOAQUIM FILHO Joaquim Ferreira Filho, nascido em Pedreiras/MA. Publicou "Criança de rua" (São Luís, 1989) e "Retratos da minha inspiração" (São Paulo, 1995). "Meus versos alados" é seu terceiro livro de poesias (a publicar). Pertence à Associação dos Poetas e Escritores de Pedreiras - APOESP.

LATINIDADE: I COLETÂNEA POÉTICA DA SOCIEDDE DE CULTURA LATINA DO ESTADO DO

MARANHÃO. Dilercy Adler, org. São Luis: Estação Produções Ltda, 1998. 108 p. Capa: Carranca – Fonte do Ribeirão – São Luís – Maranhão – Brasil Ex. bibl. Antonio Miranda

JOAQUIM FILHO

NOTURNO

A noite foi feita para os bardos.

Nas asas da imaginação

Eles viajam para

Um mundo imaginário

Onde não há:

Fome

Miséria

Injúria

E violência

A noite é dos bardos

Nela eles se inspiram

E escrevem seus poemas

De amor e esperança

Foto> http://www.producaocultural.org.br/

JOÃOZINHO RIBEIRO - João Batista Ribeiro Filho

“Joãozinho é o poeta da vida, dos becos e das bandeiras. Amigo da arte, filho da cultura, irmão do tempo. Tem perfil de Desterro e me mostrou que a diferença entre história e causo está na importância da bandeira que se carrega”. CLÁUDIA LOBO

João Batista Ribeiro Filho nasceu em 19 de abril de 1955, no bairro da Coréia, na inconfidente rua 21 de abril, em São Luís, predestinado a lutar pelo decoro da arte maranhense. Com os pais, o feirante João e a operária têxtil Amália, seguiu as trilhas arrasadas pela guerra da sobrevivência: Diamante, 18 de Novembro, Cavaco e Desterro. (www.guesaerrante.com.br)

De

RIBEIRO, Joãozinho.. Paisagem feita de tempo. São Luis do Maranhão: 2006. 102 p. ilus. Composto pela Dupla Criação em fonte Garamond, corpo 11. Diagramação: Beto Nicácio, acompanhamento gráfico de Wilson Martins. Capa de Beto Nicácio. Ilustrações de Érico Junqueira. Foto da 4ª capa apresenta reprodução do diploma do Jardim de Infância de João Batista Ribeiro Filho. Formato 20x20 cm. Col. A.M. (EE)

Sangrando

Lá no fundo insatisfeita

A voz

Da poesia assim desfeita

Rimando

Infeliz da própria sorte

(ah! Quantas pás de terra

Ainda cobrirão este corpo

Onde há cinquenta abris

Eu me escondo e me descubro ?)

Presença da morte ha sala

Flores cheirando a saudade

E um luto de quatro semanas

Mantendo as janelas fechadas

E os meninos proibidos de brincarem na rua.

De geração em geração,

Naquela casa

A vida se reproduzia.

Com seus rituais

E a morte era um deles:

O luto traduzido

Nas janelas fechadas ou semi-abertas; Denunciavam a hierarquia

Doméstica do atual defunto

Beijávamos os pés dos mortos

Para evitar as visitas assombrosas, Nas noites, de escuridão, Sob a forma de visagem

Os anos verdes apodreceram

Dentro dos invernos que se sucederam

Como bagaços decana nos alambiques da vida

Povoando o existir

Escrito hoje

Com letras feitas de tempo

JORGE DE MEIRELES RODRIGUES ( Maranhão – Brasil ) ( 1923 – 1987 ) Maranhense de nascimento, advogado, formado pela tradicional Faculdade e Direito de São Luís/MA. Radicou-se em Brasília/DF, tendo exercido várias comissões de destaque no Banco do Brasil.

RODRIGUES, Jorge de Meireles. Momentos de mim. Apresentação por José Geraldo, da Academia Fluminense de Letras, e Carlos Cunha, da Academia Maranhense de Letras. Brasília: 1987. Edição da Casa do Maranhão, com apoio do Banco do Brasil S. A. 76 p. 14 x 21 cm

Ex. bibl. Antonio Miranda, doação do livreiro José Jorge Leite de Brito.

MOMENTOS DE MIM

“ Foi poeta sonhou e amou a vida. Álvares de Azevedo

Sentidos versos meus, parcelas do meu nada, eu vos deixei cair no chão dos meus caminhos. Não sei que vos colheu... se ingênuos passarinhos ou feros gaviões em brusca revoada.

Eu vos deixei cair, ora flor ora espinhos, em momento de mim, na longa caminhada. Fui causticante sol, fui noite enluarada, e vos deixei ficar e prossegui sozinhos.

Sentidos versos meus, ora riso ora pranto, ora samba crioulo, ora doce acalanto, encontro ou solidão na senda percorrida...

Se alguém que vos colheu quiser saber de mim, de quem voz fez surgir, há de pensar assim: apenas fui poeta, amou, sonhou na vida.

O 7 DE SETEMBRO

Oh! velha São Luís, como te vejo! És glória, és esplendor! Que fausto dia! O Brasil moço em pompa se irradia num majestoso e esplêndido cortejo.

Provoca aos corações justa alegria

das baionetas o fugaz lampejo. Que te acompanhe sempre, eu te desejo, a mesma fé que agora é tão sadia.

Tocam clarins, também rufiam tambores, e a revelar, feliz, pátrios amores, em multidões o povo se acumula.

E em toda parte, altivo, desfraldado, tão alto quanto as glórias do passado, o Auri-Verde secular tremula.

São Luís, 1940

RECORDANDO

Mote

Quem não se lembra, saudoso, Das noites de São João?

Glosa

Alegres noites juninas, tão belas no meu sertão onde, esparsas, as fogueiras erguem rubras cabeleiras do corpo negro do chão. Ó noites de serenatas, acordes de violão do sertanejo amoroso...

Quem não se lembra, saudoso, das festas de São João?

Belas noites estreladas, noites belas de verão. A lua nasce e se evola como um tiro de pistola que Deus soltou na amplidão, entre um chuveiro de estrelas. Ao longe sobe um balão, rubro ponto luminoso...

Quem não se lembra, saudoso, das festas de São João?

Ó maravilha das festas, Bumba-boi do Maranhão!

Ao teu batuque, as crioulas penas, plumas, lantejoulas o corpo gingando vão. Bumba-boi do Pai Francisco, do Nordeste tradição. Bumba-boi rico, famoso...

Quem não se lembra, saudoso, das festas de São João?

Bumba-boi, o teu destino

me recorda uma afeição. Nasceu contigo na festa, depois foi sonho, seresta, hoje é só recordação. Morreu contigo, meu Bumba, aquela ardente paixão do meu passado enganoso... Quem não se lembra, saudoso, das festas de São João?

DEVANEIO

Eu terminei mais cedo o meu serviço e aqui onde trabalho é quase incrível isso.

E me senti liberto, sem problemas.

Uma vontade de fazer poemas chegou sem ser chamada, acompanhada de outras vontades tão descontraídas que se mostraram pouco permitidas.

E quis descalço pelas ruas a pintar mulheres nuas e palavrões em todas as paredes.

Quis embalar meus versos em mil redes e cantar-lhe baladas. Eu quis rever antigas namoradas ou provocar tumultos, para dizer e para ouvir insultos.

Senti vontade de pescar num lago ou receber afago vindo de mãos repletas de carinhos.

Eu quis tirar das rosas os espinhos.

E desejei fazer amor, amor fatal, cercado de receios, ou dormir entre os seios de alguém que é fuga dos meus atropelos.

Quis formular apelos e retornar ao tempo de estudante ou simplesmente chorar, chorar bastante, chorar talvez até sem ter motivo, para saber que eu vivo, que não sou máquina a rever projetos, despachos, pareceres, votos, vetos... Brasília, 1975

CORRENDO PELA VIDA

Na aposentadoria do Senhor Dulfe Krautz Carneiro

Numa corrida de revezamento, o bastão que se passa a uma camarada é um simples bastão, um quase nada, sem maior importância na corrida.

O que tem, na verdade, valimento é a dedicação, o amor, a fibra que bem dentro de nós explode e vibra, nessa competição que é nossa Vida. Brasília, 1983.

PSICALGIA

Ultimamente, insistentemente, tenho procurado no meu passado, a razão de ser desta melancolia que vem marcando e perturbando o meu tão rotineiro dia-a-dia.

Eu sei que essa amargura é prenúncio de morte, pois o homem sadio, mentalmente forte, seguro do que é, de si próprio seguro, faz pouso no presente em busca do futuro.

Já pensei procurar um psicanalista ou outro especialista, desses que tentam ver a alma da gente pelo vão da janela que nos abrem a mente.

Mas ontem vi você. Vi dois serenos olhos buscando, em meu olhar, meus sombrios escolhos. Vi neles tanta luz, neles tanta ternura, que já começo a crer possível minha cura.

Foto: https://www.facebook.com/ JORGE ITACY DE OLIVEIRA ( BRASIL - MARANHÃO ) Jorge Itaci de Oliveira nasceu em 28 de agosto de 1941, filho de João da Cruz Oliveira e Paula de Jesus Saraiva de Oliveira. Desde cedo revelou manifestações mediúnicas e foi iniciado por Mãe Pia, do Terreiro do Egito. Depois, montou sua própria casa, no Calhau, cujos fundamentos foram assentados por Firmina e Gabina. Faleceu em 2003.

ANUÁRIO DA POESIA

BRASILEIRA 1995. Organizador : Laís Costa Velho. Rio de Janeiro: CODPOE –Cooperativa de Poetas e Escritores, 1995. 116 p. Ex. bibl. Antonio Miranda

OS OLHOS DE LAURA

Teus olhos são a aurora que surgem no fim da noite enchendo de alegria ferindo como açoite.

São as asas das gaivotas planando em pleno mar tranqüilos serenos e belos no seu oceano a brincar.

Se eu pudesse os teus olhos teria só para mim usava em meu pescoço pendurado ao meu trancelim.

Os teus olhos são meigos como de um serafim deixe que eu fite teus olhos fitando só para mim.

SOBRADÕES DE SÃO LUIS

Sobradões de azulejo beirais carcomidos pelo tempo e o vento em feroz desarmonia.

Os musgos e os líquens são teu acalanto nos ventos uivantes e nas frias noites.

Já fostes importantes para a nobreza que a tua beleza só vinha usar.

Fostes senzala aos infortunados escravos africanos; que em trato desumano choravam em ais.

Hoje despojada de tua realeza ficando a beleza

de ruínas memoriais dos tempos imortais.

JOSE BRASIL JOSÉ PEREIRA BRASIL. Nasceu em Santo Antônio de Balsas, a 24-5-1922. Lua Discreta, 1958, A. Música da Vida, 1960, Agonia do Mundo, 1963 e Dois Caminhos, 1969. Declamador exímio. Idealizou, no Rio, um movimento semelhante ao gaalismo europeu: Os Cavaleiros da Poesia. Teatrólogo.

RAMOS, Clovis. Minha terra tem palmeiras... (Trovadores maranhenses) Estudo e antologia. Rio de Janeiro: Editora Pongetti, 1970. 71 p. Ex. bibl. Antonio Miranda

À procura de venturas tu andas correndo a esmo... Vem a ti o que procuras, conhecendo-te a ti mesmo!

Foi de lágrimas este vale, hoje é de riso e beleza. Para a festa da alegria se engalana a natureza.

Amar é bom, porque amando tudo na vida seduz!

Não se vive reclamando o peso brando da cruz...

JOSÉ DE RIBAMAR RODRIGUES RAMOS Nasceu em São João dos Patos, Maranhão, a 19 de março de 1914. Autodidata. Fez a formação literária no Piauí, residindo na capital do Estado, onde trabalhou na imprensa e pertenceu a sociedades literárias, colaborando em prosa e verso em revistas e jornais. Funcionário do Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, onde residiu desde 1952. Publicou: “O Infante Perpétuo”, “Os Menores e Outros” e “Rosa Temporã”, poesia. Nome completo: José de Ribamar Rodrigues Ramos Pseudônimo(s): Ribamar Ramos Nascimento: 1914 - São João dos Patos, MA Descrição: Poeta, jornalista, bancário Fonte(s) dos dados COUTINHO, Afrânio; SOUSA, José Galante de. Enciclopédia de literatura brasileira. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional; Academia Brasileira de Letras, 2001. 2 v. ISBN 8526007238

ODE À LÁGRIMA RECLUSA

No sorriso de agora, encerro todo o pranto

ANTOLOGIA DE SONETOS PIAUIENSES [por] Félix Aires. [Teresina: 1972.] 218 p. Impresso no Senado Federal Centro Gráfico, Brasília. Ex. bibl. Antonio Miranda

Que não chorei jamais. Os olhos tive enxutos

E ainda assim os conservo escondendo os minutos Intérminos de dor. Amei a vida, tanto,

E amando-se continuo, amando os diminutos Instantes de ilusão, o sempiterno encontro Da mulher e da flor, a luz, a cor, o canto E até mesmo o prazer dos vícios dissolutos.

No fervor desse culto, arrebatado e insano

Sonhador! Sei-me forte, e ante a mágoa e o percalço Tendo a fé de um cruzado e a fibra de um espartano.

E, por sonhar e amar, sorrindo é que transponho

Os tormentos da luta e, como um estoico, exalço As benesses do amor e as dádivas do sonho.

JOSE DE RIBAMAR SARAIVA FILHO Professor do Curso de Direito da Universidade Federal do Maranhão e advogado. Produziu dois livros de poesia e um de contos, ainda inéditos.

LATINIDADE: I COLETÂNEA POÉTICA DA SOCIEDDE DE CULTURA LATINA DO ESTADO DO MARANHÃO. Dilercy Adler, org. São Luis: Estação Produções Ltda, 1998. 108 p. Capa: Carranca – Fonte do Ribeirão – São Luís – Maranhão – Brasil Ex. bibl. Antonio Miranda

EXAUSTÃO

Na dor a exaustão debilitada

No valor a exaustão complicada

Na cor a exaustão encerrada

No odor a exaustão qualificada No amor a exaustão feliz...

VISTA DE COSTA

Vista de costa como mesa posta

esticada na cama

resplandeces o quintal a trama

a sombra, o umbral de devaneios e desejos

Revelas a ponte entre a fonte e o varal esticada, solta em diagonal.

RAFAEL DE OLIVEIRA

José Rafael de Oliveira. Médico, Professor de Literatura no CEUMA e poeta. Tesoureiro da Soe. de Cultura Latina -MA Depois, eleito Deputado estadual do Maranhão.

LATINIDADE: I COLETÂNEA POÉTICA DA SOCIEDDE DE CULTURA LATINA DO ESTADO DO MARANHÃO. Dilercy Adler, org. São Luis: Estação Produções Ltda, 1998. 108 p. Capa: Carranca – Fonte do Ribeirão – São Luís – Maranhão – Brasil Ex. bibl. Antonio Miranda

ÊXTASE

beijo estrelas transo a lua no meu equador

salivas de nuvens vénus plutão orbitam delírios

marte à minha solidão buraco de minhas galáxias.

TORTURA

Estico a p a l a v r a torturo-a até a última letra que se contorce como um corpo cansado

Dilacero-a

sobre a folha branca onde escorre o sangue amargo da minha dor

Esquartejo linhas e entrelinhas que significam o Outro que ainda não-sou em mim desejo e ordem

Como um vulcão que ferve em silêncio uma montanha de fogo ou como o vento que arrasta o telhado das árvores exploro seu sexo-sentido

Arranco sobre os trilhos negros todos os seus gemidos até a fénix da minha última cópula.

POEMA

sob o papel a seiva bruta alimenta a palavra elaborada selva que alimenta sobre o papel

IMAGEM

a luz infiltra o dia buracos de nuvens algo dão aos olhos o céu azulém,

Juvenal Nascimento de Araújo (1905/1976). Escritor e poeta. Obras de Nascimento Araújo: Castália Iluminada (poesia), 1967; Luar do Maranhão (trovas), 1968; Flores e Musas (Sonetos); Poemas Maranhenses, inédito. Dirigiu e editou as revistas: Parnaso (1932), São Luís Gleba (1933), Parnaíba; Mensagem Rosa-Cruz São Luís. Na opinião do poeta Natinho Ferraz, Mariana Luz e Juvenal Araújo são os maiores representantes da arte poética itapecuruense.

NASCIMENTO DE ARAÚJO Juvenal Nascimento de Araújo nasceu em Itapecurú, Maranhão, em 10-11-1905. Formado em Odontologia, em 1949. Na vida militar chegou a 1º. Tenente, do Exército.

Castália do Iluminada (1967); Luar do Maranhão (1968). Residiu no Rio de Janeiro. Dirigiu as revistas “A Luz”, em São Luís; e “Gleba” em Parnaíba, Piauí.

RAMOS, Clovis. Minha terra tem palmeiras... (Trovadores maranhensess) Estudo e antologia. Rio de Janeiro: Editora Pongetti, 1970. 71 p. Ex. bibl. Antonio Miranda

Cai dos Céus divina oblata a redimir infortúnios...

Saudades! Sessa de prata luzindo nos plenilúnios.

Num vasto incêndio prateado surge a lua em seu crisol... Beleza que vai matando outra beleza o arrebol.

Amar-se alguém fementindo, ninando a quem lhe rejeita: é uma ilusão iludindo outra ilusão já desfeita.

KENIA REGINA OLIVEIRA MAIA nasceu em São Luís, no dia 12 de julho de 1959. Era aluna do 4º. ano de Medicina da Universidade Federal do Maranhãoquando participou do concurso de poesia.. Fazia parte do Coral da UFMA. Obteve, em 1980, no I Festival de Poesia Falada, o 4º. lugar, com o poema "Lampiões esquecidos". Cursava o quarto período de Medicina (segundo ano) quando participou do festival.

Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Maranhão (1984) e mestrado em Biologia Parasitária pela Universidade Ceuma (2012). Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Clínica Médica e Pediatria.

NOVOS POETAS DO MARANHÃO. São Luis: Edições UFMA, 1981. 79 p ilus 15 x 22 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda

LAMPIÕES ESQUECIDOS

Eu te sinto, cidadezinha dos velhos lampiões de gás.

***

És a alma de uma vida que não pode voltar atrás.

Ah! que vontade incessante de te tomar em meus braços, de te defender dos algozes, de te livrar dos farsantes que tanto dizem te amar.

A brisa suave me leva à Praia da Ponta d'Areia. Meus pés descalços procuram a água, a onda, o mar... Não, eu não posso calar, diante dessa imensidão. Eu não posso esquecer de teu povo que sofre, de teus prédios que caem, de teu passado esquecido em cada beco...

Minha cidadezinha, meu pedacinho de chão... A Fonte das Pedras chora por tua libertação.

Escuta. Os tambores ecoam o hino da solidão. E o canto oculto dos que não podem querer...

Ah! ladeiras de minha terra, Acostumadas a passos incertos de quem já não tem esperança! Não, eu não posso calar. Não posso viver na omissão quando o sino da Igreja do Carmo badala mais um fim de dia, e os mendigos que ali transitam recolhem-se ainda mais ao seu destino.

Deus meu, o que fizeram ã minha ilha dos velhos lampiões de gás dos azulejos bordados, dos mirantes, dos sobrados, das carrancas de pedra-lioz?

A minha cidadezinha, tão linda!, da Fonte do Ribeirão, das ruas de escadarias, do Solar Gomes de Souza, do Largo de São João...

Foto e biografia : https://medium.com/@feiraliterariadeanapolis

LAURENTINA MURICI DE MEDEIROS Laurentina Murici de Medeiros, mais conhecida como Dona Lolo, nasceu no Maranhão, no dia 29 de marco de 1918, na cidade de Carolina. Mudou-se para o municipio de Anápolis em 1947, indo morar no distrito de Souzânia com o esposo, Adolfo Lopes de Medeiros, que era comerciante e abriu um estabelecimento no povoado. Viúva em 1958, aos 40 anos de idade, criou cinco filhos, sendo dois homens e três mulheres. No distrito de Souzânia começou a sua atividade de professora primaria. Quando muda para a cidade de Anápolis, em 1961, vai trabalhar na educação do município, conciliando com as atividades educacionais que ja exercia no Estado. Entre 1978 e 1983, foi Diretora da Divisão de Cultura, orgão ligado a FUMEC (Fundação Municipal de Esporte e Cultura). Entre 1983 e 2000, foi diretora da Escola de Artes Oswaldo Verano. Formou-se em pedagogia pela Faculdade de Filosofia Bernardo Sayão (Hoje o Instituto Superior de Educação - ISE), nos anos oitenta Já participou de diversas antologias e publicou dois livros de poesias, Folhas Esparsas (1988) e Pelos Caminhos da Vida (2001).

Foi uma das fundadoras da ULA (União Literária Anapolina), em 2000. Hoje, aos oitenta e oito anos de idade (em 2018), ainda encontra forças para lutar pela cultura anapolina como ativista da ULA, entidade da qual é presidente desde 2002 e foi uma das responsáveis pela publicação do livro Antologia em Verso e Prosa, em 2005, obra que reúne escritos de 36 literatos, todos ligados a ULA.

ANTOLOGIA EM VERSO E PROSA. (Autores filiados à União Literária Anapolina). Organizado por Laurentina de Medeiros, Natalina Fernandes e Henrique Mendonça. Capa: Julio Alan. Prefácio: Júlio Sebastião Alves. Anápolis: ULA, 2005. 304 p. 14 x 21 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda

Sonhando

Serenamente eu vejo passar a vida, uma a uma, minha ilusões queridas. São sonho a boiar no mar da incerteza, qual barco de papel, em meio à correnteza...

Eram esperanças que com amor guardava, no relicário sagrado de minh´alma, mas a sorte inclemente, n´as roubava, e no abismo do nada as atirava.

Agora, revendo o meu passado, assisto, muda, de braços cruzados,

a morte dos sonhos que não vivi.

Vida

Vida, aglomerado de vidas que forma um todo... Espírito, fagulha divina, essência do eu... Eu, consciência iluminada, em meio ao lodo de angústias, fragmento do bem que não se perdeu;

Na alma desvairada da humana criatura, há uma força maior que vibra eternamente, algo que não envelhece, não se destrói e perdura, luz que brilha no universo de cada ente

É a chama que emana do Grande Ser. E a partícula que na vida nos faz crer, que nem tudo se acaba com a morte.

E do espírito a vibração mais forte, que em harmonia ascende à perfeição, vida eterna, em eterna evolução.

Fé – esperança – caridade

Fio de luz que se projeta no infinito; bálsamo celeste, energia em vibração; doce eflúvio que emana do amor divino; crença que gera força, em fervor de oração. É o apelo que parte da alma aflita, em busca de Deus, bondade infinita.

Esperança

Virtude que nos consola e nos seduz; verde sonho de primavera em flor; linda miragem que no céu reluz; sol que alegra a vida, com luz e calor. É a esperança que nos faz acreditar, na felicidade, que em sonho, vai chegar.

Caridade

É entre todas a mais sublime e divinal; é o gesto humilde que simboliza amor; é estender a mão num aperto fraternal, a quem padece, sem lhe machucar a dor. É amenizar o sofrimento do irmão dando-lhe ajuda, sem ostentação.

LUCANO DOS REIS Nasceu em São Luis do Maranhão as 10-12-1903, onde faleceu em 5-1-1931. Escombros, 1931, obra póstuma. Celebrou-se, tal como Felix d´Anvers, com um único soneto “Farol de Alcântara”.

RAMOS, Clovis. Minha terra tem palmeiras... (Trovadores maranhenses) Estudo e antologia. Rio de Janeiro: Editora Pongetti, 1970. 71 p. Ex. bibl. Antonio Miranda

Com letras de ouro, escrito

Tenho no peito o teu nome, Um tormento que me aprazo, Um prazer que me consome!

Duas estrelas teus olhos

Que se exilaram dos céus

Para livrar-me da vida

De escolhos e de escarcéus!

São teus olhos duas almas, Mas duas almas de luz, Que evangelizam bondades, Como dois novos Jesus!

São dois belos diamantes

Os formosos olhos teus, Diamantes lapidados

Por este artista que é Deus!

Limites

Vi sofrendo

Outro irmão

Em busca de pão e amor

Na rua deserta

Igual a um profeta

LUIZ MORAES Luiz Carlos Moraes Bruzaca nasceu no povoado de Flecheiras, município de Humberto de Campos, em 1948. Livros: Planície dos lobos (1986) e Sinfonia no século das águas (1988).

Ou um bicho qualquer

Mais bicho não o é

No céu já não pensa

Perdeu sua crença

No pátio da Sé

Nem um trocado

Sapato furado

E agora como é?

A fome lhe dói

O rato lhe rói

É um bicho ou não é?

Tem medo do escuro

Queria ser duro

Como foi José

No lixo sua mesa

A gula indefesa

Para saciar

Engole impurezas

Vomita tristeza

E começa a chorar

Cheguei mais perto

Para ver de certo

Se aquilo era um cão

Era um homem sem colo

Caído no solo

Dos homens sem mãos

(Planície dos Lobos,1986)

A morte de Nel

Virgem santa ignorância

Onde só viram o ABC,

De doença estoporada

Muitos lá vivem a morrer.

Foi mais um fato concreto

Pois muitos viram de perto

O que aqui vou descrever.

Lá pras bandas onde nasci

Morava um NEL bom de cana, Uma mulher e três filhos

Em uma pobre choupana.

Se houvesse todo dia

Aguardente ele bebia

Como achava isso bacana.

Um dia uma simples febre

Causando-lhe alguma dor, Falaram logo é mulesta

Com o ramo de estopor,

Se escapar fica imperfeito

Aí só pode dar jeito

Se for um bom benzedor.

Vá chamar seu Filomeno

Pra benzer não tem melhor, Tem também João Cachoeira

Que curou a minha vó, Corre depressa menino

Se não achar trás Orcino

Que o homem já está pior.

Um dos mateiro confirma

Isso é mulesta do ar,

Só cristé de pino roxo

Bota água pra monar

Enquanto o remédio apronta

Azeite e dez pílula contra

Dão logo pra ele tomar

Depois de tudo tomado

Ele foi se esmorecendo, Todo comê vinha fora

E a barriga crescendo, Deram outra misturada

Não demorou a zoada

Meu Deus, o NEL tá morrendo!

E assim muitos perecem

Enganados pela crença, Sob o mal sem lenitivo

Onde a cura é uma sentença.

De purgante e de cristé

Intoxicaram mané

Sem acertar com a doença.

(Sinfonia no Século das Águias, 1988)

Na véspera da comemoração mais aguardada no ano aqui no Maranhão, a nossa homenagem hoje vai para um filho de Humberto de Campos que, pelos versos das poesias que ganharam o acompanhamento das notas musicais, transformou o amor em toadas de Bumba Meu Boi, uma das maiores expressões da cultura popular maranhense.

Nós estamos falando do compositor e cantador humbertuense Luiz Carlos Morais Bruzaca, mais conhecido como Luiz Morais. Ele nasceu no povoado de Flexeiras, em Humberto de Campos, no dia 12 de dezembro de 1948. Fez o curso primário na terra natal, na Escola Municipal Cláudio Serra.

Autodidata, Luiz Morais ainda vive no interior. Ele luta pela vida como pescador e trabalhador na lavoura. Muito inteligente, sábio, Luiz já publicou três livros: "Planície dos lobos" (1986), "Sinfonia no Século das Águias" (1988) e "Crepúsculo da hora atômica" (1997). Além de poeta, é compositor de belas toadas de Bumba Boi. Uma das mais famosas foi inspirada no soneto "Miritiba", do poeta Humberto de Campos:

MIRITIBA

"Descobri teu nome numa poesia, Miritiba, meu amor, onde o poeta se inspirou, narrando a soturna vila, a Igreja e a fonte, ele exaltou.

No ano 34, a mudança nominal para Humberto de Campos Em homenagem ao imortal

Mas quanta beleza, esse lindo amanhecer!

A canção dos ventos, plagiando o anoitecer

Refletindo o céu nas águas o clarão da lua cheia

Na confissão dos amores feito nas dunas de areia’.’

Luiz é autor da toada "Voz dos Arvoredos”, imortalizada também por Papete, ilustre músico maranhense que morreu há tão pouco tempo.

Essa toada foi relembrada no último fim de semana, durante a exibição do programa Repórter Mirante, na TV Mirante, afiliada à TV Globo. Quando Luiz fez essa composição, há 30 anos, ele era cantador do Boi de Rampa, em HC.

Por tudo isso, hoje a nossa homenagem é para esse gênio da cultura popular do Maranhão! Luiz Morais, que a sua sabedoria prevaleça ao tempo, resista e se eternize nos mais belos poemas!

M. P. HAICKEL Marco Polo Haickel é maranhense, professor de Literatura Brasileira, Língua Espanhola, voluntário no projeto O Livro na Rua e colabora na Revista Eletrônica Nós Fora dos Eixos.

Nome completo: Marco Polo Haickel de Oliveira Nascimento: 1971 - São Luís, MA Descrição: M.P.Haickel é natural de São Luís, taurino, de 1971; filho de Marco Polo Haickel de Oliveira e Maria das Graças Serrão Martins, estudante de Letras e Literatura na UFMA. Escreveu também, "Poemas de Um Amor ao Ocaso" e "Poemas Apócrifos".

Fonte(s) dos dados OLIVEIRA,Marco Polo Haickel de. No jardim do faz mim e outros contos. São Luís: Vírus, 2000.

HAICKEL, M. P. Poemas de um amor ao ocaso. 3ª. edição. Brasília, DF: Virus Editora, 1994. S.p. 10,5x15 cm. Col. Bibl. Antonio Miranda

PARTINDO

Nossos palavras brigavam, perdidas... Era preciso tanto orgulho? Tanto ódio?

Naquela tarde nada se fundia; prendidas, nossas vidas eram entorpecidas por óplol

Era mesmo preciso tanto desamor?

Esse frio solitário ao calor?

Esse vazio naquela viagem Infinita.,, Era ausência de ópio naquela tarde esquisita..

Brasília entardecendo, entardecia com soluços reprimidos em nossa angustia, nossa melancolia..,

Eu entardecendo, entardecia naquele teu olhar, tua mirada e o amor de letal desvanecia.

O POEMA NOTURNO

No escuro, me estico na cama e lentamente imagino meu rosto enrubescido pela brasa do cigarro num lento trago.

Saboreio...

Uma música melodiosa ao fundo me entranha num torvelinho de sentimentos,

A fumaça parte rumo ao inusitado, e junto vai o meu pensamento suavemente subindo...

Assombra-me esse pensamento!

Não multo longe, respira pausadamente, meu mundo, minha espécie.

Nesse momento, o mundo na minha concepção já foi conquistado.

Só me resta - não vivê-lo, mas sim,Intensificá-lo, e assim o faço cautelosamente.

Também, nesse momento, a vida se faz completa pois está vazia de pensamentos fixos...

Talvez um breve suspiro, um frémito repentino me desperte desse preâmbulo, esse misto de sonho, torpor e cansaço.

Resta-me a noite como companheira e a pena como aliada.

Eu tenho os pensamentos longe e o rosto não mais intumescido nessa solidão de ser.

Aos poucos tudo passa a ser como um porto e solidão.

HAICKEL, M. P. Poemas de um amor ao ocaso. Brasília, DF: Virus Editora, 1994. S.p. 10,5x15 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda

O LOBO NA ESTEPE

Por terra, sinto-me deslizando crepitamente por mim mesmo. Divago como o crepúsculo e o ósculo boreal Sinto-me um lobo na estepe. Anseio a morte não quero ais me sentir um estrangeiro em minha terra. Procuro, como que relutando como o fino brio da lâmina, ao barbear-me, ser e ter esperanças. Custa-me pequenas feridas no rosto amargo, redondo e empapado. Divago, entre a navalha e o esperar de um fim de tarde chamuscado de chumbo, e friorento na Praça dos Três Poderes. Custa-me muito caro aceitar ser um estrangeiro em minha própria terra.

NAS ESTÁTUAS

A lembrança é vaga e vem quando estou só. São revividos sonhos, projetos, que como o Fênix, surgem do pó e o peito em falsete é como estanque. À noite é mais forte a sensação, vem sozinha, silenciosa como ladrão, pisando lentamente, remorsando, crescendo, um acorde no dia que vai amanhecendo sem me deixar alternativas. Levanto. Vou à sala: duas estátuas decoram o ambiente: dos anjos tocam uma música em meio ao silêncio e tem os olhos tristes. Volto a mim: tua lembrança, ainda existe.

MANOEL EMIDIO SOLINO DE CARVALHO Nascidos em 20/12/1953 em Carolina, Maranhão, Brasil. Participação na antologia “Poetas Brasileiros de Hoje” (1985) com o poema “Cantando estrelas”.

ANTOLOGIA DE POETAS DE BRASÍLIA.

Rio de Janeiro, DF: Shogun Editora e Arte Ltda, 1985. 140 p. Coordenação editorial: Christina Oiticica.

[Este exemplar foi doado por Carlos Edmundo da Silva Arnt, que tem seu poema na p. 27, para a biblioteca da Caixa Econômica, de Brasília, em 1985. A empresa se desfez do acervo e este exemplar foi para a livraria “sebo” de nosso amigo José Jorge Leite de Brito, que por sua vez nos doou um lote de livros para ajudar na montagem de nosso Portal de Poesia Ibero-americana, em 2021. A editora explicava: “Se você é um autor novo e quer editar seu trabalho, fale com a gente.”, na intenção de promover a criação literária entre os jovens. ]

QUEM SERÁ, QUEM SERÁ

Bela dama radiante

D´uma formosura sem par Usa logo teu brilhante

Deixa o povo delirar.

Tuas grandes aventuras

O teu jogo de cintura

Esta tua formosura

Não de canso de te olhar.

Bela dama delirante

Deusa do meu olhar

Meu amor não foi bastante

Pra poder te conquistar.

Quem te adora não tem chance

Nem ao menos te beijar

Quem dorme na tua cama

Quem será...?

Quem será...?

Nesta vida que é só tua

Passas em frente a minha rua

Desfilando seminua

Pra poder me provocar

Bela dama radiante

Faz o mundo delirar

Teus amores são bastante

Teu amante

Quem será?

MANOEL FELÍCIO PINTO – Nasceu aos 15 de janeiro de 1896 no Sítio Munduri, Município de Codó, MA, filho de Felipe José Pinto e Justiniana da Cruz Pinto. Graduou-se bacharel pela Faculdade de Direito do Amazonas, na turma de 1918. No decorrer de sua carreira, atuou em diversas Comarcas. No Amazonas: Escrivão do Crime e Casamentos em Manaus, Juiz Municipal em Tefé (1919) e Juiz Preparador em Manacapuru e Coari. No Maranhão: Juiz em Ipixuna (1923), Chapadinha e Brejo, e Promotor Público em Viana (1930). No Piauí: Juiz Distrital de Castelo (1930), União e Altos (1932). Juiz de Direito de Jaicós (1932), Miguel Alves (1933), Floriano (1941), Campo Maior (1942), Parnaíba (1947) e na 2ª Vara de Teresina (1951). Como juiz, desenvolveu campanha cívica em defesa dos menores, tendo criado e dirigido a Sociedade de Amparo aos Menores Abandonados. Em dezembro de 1954, foi indicado pelo Tribunal de Justiça para integrar o quadro de membro efetivo do Tribunal Regional Eleitoral do Piauí, na categoria de Juiz de Direito, a fim de concluir o período de serventia do Dr. Otávio Fortes do Rêgo, afastado em virtude de sua promoção a Desembargador. No ano de 1955, tomou posse no cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça do Piauí, voltando a fazer parte da Corte Eleitoral em março de 1960, no cargo de Juiz. Elegeu-se, em 29 de janeiro de 1962, Presidente do TRE-PI, permanecendo no mandato desse cargo até 22 de outubro de 1963, quando, então, é eleito Vice-Presidente desse mesmo Órgão.

Jurista, poeta e membro da Academia Piauiense de Letras, escreveu: “Frutos Verdes e Floresta Lírica”poesias; “A Punhalada pelas Costas” - drama; “O Poder Judiciário do Piauí”; “Paisagens Históricas e Literárias”; “O Brasil e seus Estados” - versos; e “Decisões Judiciárias”.

Faleceu em 4 de fevereiro de 1989, em Teresina, PI.

(Atualizado em 21 de março de 2012).

Biografia e foto:

https://www.tre-pi.jus.br/institucional/o-tre-pi/galeria-de-presidentes/manoel-felicio-pinto

ANTOLOGIA DE SONETOS PIAUIENSES [por] Félix Aires. [Teresina: 1972.] 218 p. Impresso no Senado Federal Centro Gráfico, Brasília. Ex. bibl. Antonio Miranda

QUADRA INCLEMENTE

Eu vejo, sim, a quadra inclemente que passa; O implacável verão, que tortura e calcina: Nossos bravos irmãos fugindo, em grande massa, Do cenário cruel de medonha chacina.

Eu vejo, desolado, a nuvem da desgraça

Que aos heróis do sertão atormenta e alucina; Que tanta dor espalha e o peito despedaça E só pode aplaca-la a bondade divina.

Mas, o que mais confrange o coração da gente,

Nos enche os olhos de dágua e mais nos angustia E à toda humanidade inquieta tristemente,

É ver, para matar a fome, que crucia, Estendidas, num gesto humilde, à nossa frente, Muitas mãos implorando o pão de cada dia.

MARIA DE NAZARETH MATTOS DE

SOUSA Nasceu em Timon, Maranhão. Dedica-se à poesia e à pintura. Residência em Brasília, Distrito Federal.

DEZ ANOS

DE POESIA E UNIÃO. ANTOLOGIA 1988. Brasília: Casa do Poeta Brasileiro – Poebrás – Seção de Brasília, 1988. 226 p. 15,5x22,5 cm. Capa: pintura de Marlene Godoy Barreiros. Ex. bibl. Antonio Miranda

CANÇÃO DA SAUDADE

É sempre grata uma recordação

Acalentando a angústia de sofrer, Porque saudade és tu, doce canção,

Mesmo ferindo, me fazes viver!

Mergulho o ser em todos desencantos, Tentando em vão recompor um passado... E só de vê-lo me debulho em prantos, Porque, saudade, sinto-te ao meu lado!

Tento fugir pra não sorver da taça

Gotas de tédio que o cristal disfarça, Num mundo envolto de recordações..

E ao declinar-me, presa ao seu encanto, Estonteante de alegria eu canto Ária vivida em notas de emoções...

INTROSPECÇÃO

Toda ilusão que morre renasce na saudade, E como um pôr-de-sol luzindo nossas dores. Na fuga que se busca, amarga ansiedade, A voz fez-se em silêncio, rompendo dissabores.

Oh! voz, oh! força, oh! luz, em gritos estremeço Titãs dentro de mim invocam quem sou eu.

Testemunhando quero vencer, porque padeço, Por que desconheci um mundo que é tão meu?

E agora? Todo meu ser se arvora, misterioso, alado!

Buscando um só sentido em tudo que é negado E encontro na verdade o anseio de viver.

Os meros desencantos, encantos são agora, Rompendo o véu de maya, resplandescendo aurora

Convívio do que eu sou, no eterno alvorecer...

EGOCÊNTRICO

Figura incauta do querer sedento,

Buscas em tudo o teu real prazer.

Ouvir além, pra ti, é um tormento

Teu egoísmo a posse em tudo vê.

Julgas amar, mas só te apreende ao ser

Na absorção total e objetiva,

Submissão tu dás, eu quero crer...

Amor, jamais, a quem te for cativa!

Assim tu segues, feliz, indiferente...

Tu existes, sim, eis tudo, unicamente

Reconcentraste tudo ao ego satisfeito.

Amar é dar, viver é ter direito!

Agora... resta ao mito se despedaçar...

Safaste a ti, até tudo esquecer.

Vertiginosamente tu te vês rolar

Na indagação constante: como irei viver?

REENCONTRO

Olha os teus vales sombrios!

Onde a tarde do teu pranto

Emudeceu tua dor...

Ela é filha do silêncio!

Todo um delírio secreto

Que transmudou teu amor.

Vê? Olha que verde o teu vale!

O vale que te fez ver

Matizes, polaridades, Do ego e divino Ser.

SUBLIMAÇÃO

Que é das cores que embalaram tantos sonhos

Que em criança me fizeram até viver?

Que é da vida, essa aurora tão risonha?

Pois em minh'alma só existe o entardecer?

Agora eu sorvo da saudade toda a taça, Simbolizando esse amor que eu não vivi.

E, em devaneios mergulhada, tudo passa...

Sem defrontar-me agora a mim que já perdi.

Inconsequente, em mil erros mergulhei...

Afirmações de um mundo louco assim criado,

Mas nessa dor feita verdade te encontrei E pela vida, reconheço, fui chamado!

Testemunhando duras lutas transmutei Os desenganos de um amor assim negado, Reconhecendo a causa inútil a que lutei, Abençoei o dia que me foi chegado!

MARIA LEONETE LISBOA BELO nasceu a 29 de abril de 1959, em São Luís. Estudante do curso de Matemática Licenciatura, na Universidade Federal do Maranhão, e da Escola de Música do Estado do Maranhão, /em 1981, ano de publicação do livro/. Participou do I e II Festival Universitário de Poesia Falada. Desta segunda promoção é o poema "Busco a liberdade".

NOVOS POETAS DO MARANHÃO.

São Luís: Edições UFMA, 1981. 79 p ilus 15 x 22 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda

BUSCO A LIBERDADE

0 espirito se rasteja, quando se concentram os pensamentos nas transitórias realidades. A vida lateja quando se defrontam nus e castos:

0 homem, seu Eu, suas verdades. Parece o voo da águia, uma lição de liberdade da divina fantasia...

... Rebento as algemas do "entender impróprio", porque a maturidade ja zomba da adolescente que perde espaço na minha essência. Geram-se poemas nas águas do meu rio.

0 despontar da claridade no horizonte de cada ente esta acima do abraço da liberdade com a águia. Quem busca a liberdade não se faz prisioneiro de opiniões banais e... ... Alheias ao que a vida lhe pede, pra poder viver em você!

Conhecer minha verdade: "Meu grito primeiro de libertação!" Em mim havia forças tolhidas, por isso me fiz prender!

Meu crescer manifestou-se ousado, empunhando, como arma, suas convicções, na batalha contra a preponderância dos padrões, que não me são estéticos, nem sociais.

Quero combater o sentido "pre-moldado" sobre certos fatos, o alarma intimidador que retalha o ideal , a dissonância de velhas canções e o falso emprego da paz. Meus próprios conceitos não transporão espinhos, para outros poupar de atravessi-los.

Rebato preconceitos, abro o meu caminho conforme o instruir d'alma e... ...Dos embalos de doutrinas mesquinhas, já resgatei as minhas.

MARIA TEREZA COELHO REZENDE Nasceu em 16/01/1962, no Maranhão, Brasil. Advogada. Reside e trabalha em Brasília (DF).

ANTOLOGIA DE POETAS DE BRASÍLIA. Rio de Janeiro, DF: Shogun Editora e Arte Ltda, 1985. 140 p. Coordenação editorial: Christina Oiticica. [Este exemplar foi doado por Carlos Edmundo da Silva Arnt, que tem seu poema na p. 27, para a biblioteca da Caixa Econômica, de Brasília, em 1985. A empresa se desfez do acervo e este exemplar foi para a livraria “sebo” de nosso amigo José Jorge Leite de Brito, que por sua vez nos doou um lote de livros para ajudar na

montagem de nosso Portal de Poesia Ibero-americana, em 2021. A editora explicava: “Se você é um autor novo e quer editar seu trabalho, fale com a gente.”, na intenção de promover a criação literária entre os jovens. ]

S I L Ê N C I O

É preciso calar para ouvir.

Calar o corpo e seus membros.

Calar o próprio silêncio.

Calar o que nos sopra este vento, e o que nos traz a noite. Calar o homem que somos e o menino que fomos e nos tornamos uno.

É preciso calar para ouvir.

Calar o passados e o futuro, e fazer do presente somente o momento de que dispomos para nos tornarmos mudos.

em São Luís do Maranhão, Brasil. Escritora, pesquisadora e poeta. Publicou “Voo Inquieto” em 1982, em São Luís.

Poemas extraídos da II Antologia de poetas Lusófonos. Leiria, Portugal: Folheto Edições & Design, 2009:

BALADA PARA SÃO LUÍS

Lá está a velha praça.

Lá está a criança brincando, o mundo parece de paz. Cheia de graça, com a chuva vespertina nas pedras da Cantareira.

MARIA VILMA MUNIZ VERAS (pseudônimo: MARIA SCOTT MUNIZ) Nasceu

E lá vem o bonde, dançando nos trilhos, uma miragem. Pisando paralelepípedos soam meus pés, dispostos a uma boa caminhada. O coração quer rever tudo, sentir o passado bem de perto, dos Afogados aos Remédios, do Passeio do Carmo, da Cruz à Alegria. A cidade definida, contorno do casario, moradas-inteiras, meias-moradas e uma fileira de portas-e-janelas abraçadas na rua do Sol, eiras faceiras, negras beiras, se retorcendo na ladeira.

Telhados promíscuos cobrem o perfil, primoroso e arcaico, rosto azulejado d´além mar, adorno de cores tão nossas e de eternos valores.

Real é o porte de São Luís na rotina secular. Entre palmeiras reais e sabiás imaginários encontro a poesia.

Estro perene, imortal Canção.

Ali no centro da praça a imagem do maranhense ilustre. Mar revolto, ao longe, derradeiro Exílio.

Lusa e sorridente tarde, minha avozinha encantada. Vem a noite, bem brasileira, com sons ludovicenses de Bumba-Meu-Boi e Tambores, e outros ruídos mais. É a capital do Maranhão, semi-despertando no tempo

MEU ESPÍRITO REPOUSEI

Meu espírito repousei, o pensamento a buscar todos os cantares, Dócil me tornei, e em recolhimento. Desde então tenho como morada o mundo tumultuado, insólito e penitente; da ferocidade da espada que dilacera aos mistérios que nos fala da Luz, pois há um, tempo da procura da verdade, conquanto ela nos ultrapasse com sua sutileza, mas o pródigo da sabedoria daquele que se fez forasteiro não se encontra em parte alguma. E diz a prudência de agora que do passado foi a incúria e muita coisa há de ser destruída, outras restauradas, para que se construa algo de aproveitável, antes que seja tarde e retornemos ao nada de onde viemos, se assim acontecer, pois a promessa é de castigo ao incauto, ao ocioso,

ao descontente, a todos que se puseram em desassossego.

MARÍLIA MUNIZ VERAS

É psicóloga, professora, poeta, artista plástica.

Nasceu em São Luís do Maranhão, Brasil, em 18 de abril de 1965. Vive em Brasília, Distrito Federal, onde mantém uma clínica de terapia gestáltica.

É a expressão vibrante na profundidade do sentir, permanece a cor vibrante, ensandecida, diluindo-se na oculta face de tua loucura, natureza excluída que no auge da plenitude, desacreditada refaz conceitos, demagogia surda que desfaz crenças, transgride regras.

Incompreendido vive da imagem que é pura atitude, do belo a aparência, autêntica transparência que a arte manifesta, o vir a ser em sutil metamorfose, única de sua latente viagem ao inimaginável.

Fragmentos de cores essenciais, criação simbiótica de uma atitude em conflito, inspiração do querer, expressão inconfundível que transcende à desorganizada instabilidade, quando se evidencia em autorretrato, incerteza e lucidez humanas.

É o momento que reconhece a coerente figura contida na lucidez das cores brilhantes de uma mente genial.

MARIO MOREIRA Nascido em 14/05/1918, em Barra do Corda, Maranhão, Brasil. Bacharelou-se em Ciências e Letras, no antigo Colégio São José da Providência. É Capitão do Exército e ex-combatente.

ANTOLOGIA

DE POETAS DE BRASÍLIA.

Rio de Janeiro, DF: Shogun Editora e Arte Ltda, 1985. 140 p. Coordenação editorial: Christina Oiticica. [Este exemplar foi doado por Carlos Edmundo da Silva Arnt, que tem seu poema na p. 27, para a biblioteca da Caixa Econômica, de Brasília, em 1985. A empresa se desfez do acervo e este exemplar foi para a livraria “sebo” de nosso amigo José Jorge Leite de Brito, que por sua vez nos doou um lote de livros para ajudar na montagem de nosso Portal de Poesia Ibero-americana, em 2021. A editora explicava: “Se você é um autor novo e quer editar seu trabalho, fale com a gente.”, na intenção de promover a criação literária entre os jovens. ]

UNIVERSAL
PÁTRIA

“O homem nasce livre, e livre deve viver.” – Immanuel Kant

Que belo seria o mundo se uma só Pátria houvesse; se uma só língua falasse, e um só credo tivesse; se nunca houvesse classe e não existisse dinheiro, que a nossa mente embaça; se tudo fosse trocado: amando e sendo amado... se toda gente vivesse do jeito que bem quisesse: respeitando e sendo respeitado, sem ódios, sem desavenças, sem política, sem crenças, sem fronteiras, sem terras, com trabalho p´ra todos, bem que o Mundo seria outro: nunca haveria guerras!

Foto extraída de: http://www.adalbertogomesnoticias.com.br

MARISTELA SENA Mestra no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) - Mestrado Profissional com linha de pesquisa "Historiografias, Linguagens e Ensino". Autora do livro Jogo de Cartas entre Hannah Arendt e Mary McCarthy. Possui Curso de Especialização em Negociações Econômicas Internacionais pelo Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas UNESP - UNICAMP - PUC/SP (2010). Graduação em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal do Maranhão (1989). Atua como Jornalista na área de redação e pesquisa, assessoria de comunicação, revisão de textos acadêmicos e literários, produção e divulgação de eventos e produtos editoriais.

UNS & OUTROS. Poesia e prosa. O terceiro. S.l, sem editor, s.d. No. 10 530 Ex. bibl. Antonio Miranda

UMDEGRAU –uma revista na margen d´arte. No. 0 – setembro 1989. São Luis, MA.: Marinálida Oficina da Imaginação, 1989. Edição e produção: Hentique Bois, Joãozinho Ribeiro, Sérgio Castellani, Solange Bayma, Zeca.

Ex. bibl. de Antonio Miranda

NONATO PUDIM ( BRASIL – MARANHÃO )

OMAR CUTRIM OMAR CUTRIM FERREIRA JÚNIOR

nasceu em São Luís, a 30 de junho de 1958. Educação Física. Além de poeta, é músico e compositor. Em 1980 realizou o show de música popular intitulado "Fim de poeira". Integra o "Rabo de vaca", grupo maranhense de música popular. Com o poema "Rosa de fogo" participou do I Festival Universitãrio de Poesia Falada.

Omar Cutrim Ferreira Júnior nasceu em 30 de junho de 1958 em São Luís do Maranhão, na rua da Misericórdia, onde passou toda infância e adolescência. Aos 10 anos de idade ganhou de presente o seu primeiro violão e aprendeu a tocá-lo com aulas particulares de “violão clássico” do professor Raimundo Estevão. Aos 16 anos inicia a sua participação em festivais de Música Estudantil, promovidos por escolas de ensino médio e universidades, nos quais obteve algumas premiações. Nessa mesma época, a convite do amigo flautista Zezé Alves, foi apresentado ao antológico grupo “Rabo de Vaca”, que passou a integrá-lo como músico de instrumentos de cordas, como o bandolim, as violas de 10 e 12 cordas, a guitarra e o contra baixo. Na condição de instrumentista do referido grupo, teve oportunidade de realizar um trabalho de difusão da música maranhense em todos os canto da capital e no interior do estado. Tendo como intenção o aprimoramento da arte de criação musical, estudou, por três anos, na Escola de Música do Estado. Realizou, ainda, inúmeros trabalhos como músico instrumentista de grandes artistas maranhenses: Sérgio Habibe, Giordano Mochel, Gabriel Melônio, César Nascimento, Adler, entre outros. Participou de peças teatrais dirigidas pelos teatrólogos Aldo Leite, Tácito Borralho, Ale Talge e o mímico Gilson César. Como músico, gravou o disco Boizinho Incantado de Viola. Integrou o grupo de músicos do Boi Brilho da Ilha, apresentando-se na temporada junina 2000, compondo algumas toadas e participando das gravações do Cd dessa brincadeira. Em 1995 registrou algumas de suas composições num Cd solo intitulado “Marfim”, Participou também, como interprete e compositor, em Cd´s de coletâneas maranhenses. Além de apresenta-se nos eventos promovidos pelos órgãos de cultura do estado. Como compositor, teve várias músicas suas gravadas por outros artistas, No decorrer de toda essa trajetória, Omar sempre trabalhou ativamente na vida noturna de São Luís, cantando nos bares da vida, um anônimo – como se considera - pois de forma silenciosa e muita tranquila continua morando em São Luís, tocando o seu instrumento, compondo a sua música, sempre respeitando o outro, e justifica dizendo: ”De tudo que há, o que fica?, a música, ha! Essa sim! A música é arte. A arte é metafísica e transcende tudo: o tempo, o homem e o que mais for artificial”.

NOVOS POETAS DO MARANHÃO. São Luís: Edições UFMA, 1981. 79 p ilus 15 x 22 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda

ROSA DE FOGO

Se enreda na teia e queima no fogo revolucionário combatente clandestino que ateia o coração

Segura na crina do vento e põe a imaginação feito um cavalo a galopar. Os ciprestes e os montes azulados onde o canto do passarinho se enreda

transbordam, já pela vida e pelo mar

Oculta a rosa, companheiro, sob o calor de teu coração esconde o vale e o dia que a vida a estão tomando de assalto!

Disfarça a ferocidade de teu braço guerrilheiro acostumado a lutar e vence o temor e o tempo

Tua rebeldia incontida sofrera os grilhões tiranos, mas teu grito se manterá altivo, devorando a fome viva de tua liberdade amortalhada.

OSMAR MONTE José OSMAR MONTE Rocha nasceu no dia 9 de janeiro de 1948, em Barra do Corda Estado do Maranhão. Filho de Adonias Crus e Isaura Monte Rocha. Viveu em sua terra natal até os 18 anos de idade; fez o Curso Primário no Grupo Escolar Frederico Figueira (parte) e Instituto Mar anata (parte). Aos 15 anos escreveu os primeiros versos: "Noite de Luar" e declamou no Ginásio de Barra do Corda. Fez o Curso Ginasial no Ginásio Diocesano Nossa Senhora de Fátima, de 1963 a 1966; em seguida transferiuse para Brasília. Fez o Curso Técnico de Contabilidade no Colégio do Setor Leste Brasília DF., de 1967 a 1969. Atuálmente é estudante de Ciências Contábeis na Universidade do Distrito Federal UDF.

Participou da Semana de Arte e Cultura realizada na Universidade do Distrito Federal UDF Brasília, de 5 a 8 de julho de 1974. Publicou "Contínuo Sofrimento". Participou de vários Seminários: IV, V, VI e VII "Encontro Nacional do Sistema Financeiro do Ministério da Agricultura"; I Encontro Regional do Sistema Financeiro do Ministério da Agricultura, realizado em Recife-PE, em 1974; participante do VII Simpósio sobre Contabilidade e Auditoria, promovido pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília CEUB e União Pioneira Social UPIS, realizado em Brasília DF, de 28.6 a 2.7.76. No momento é Contabilista no Ministério da Agricultura, desempenhando a função de Chefe da Seção de Contabilidade Analítica da Inspetoria Seccional de Finanças do MA/DF e Substituto do Inspetor Seccional de Finanças.

Osmar Monte tem dois livros de poesias: "O Verde de Brasília" e "Peripécias da Vida"; um rom.ance; "Amor Adolescente"; poesias dispersas e contos inéditos.

Poema do absurdo

*Osmar Monte

O dia amanheceu em louca alvorada;

A lua vermelha brilhava mais do que o sol;

As estrelas em constelações pareciam revoada, E o sol azul formava um lindo lençol.

Que dia estranho! Que cena abrasadora!

A natureza em chama arrebatadora

Chovia perfume de uma essência rara;

Os pássaros cantando em pirotecnia, Entoavam um cântico de doce magia

E a cidade vazia parecia um saara.

Os animais vociferando em ritmo de histeria, Protestavam ao ver as matas queimadas, As águas escassas e todas congeladas

E a terra eufórica bradava de alegria.

O mundo parou! Tudo mudou!

Já não existem países, nem fronteiras; Existe apenas uma grande nação.

A língua é uma só, não há barreiras.

A comunicação se faz pelo pensamento.

A política acabou. Não existe partido.

Não há fome, nem doença, nem pobreza; O povo tem tudo, tem muito alimento, Não há corrupção e nem ressentimento, Há igualdade, só existe a classe da nobreza.

O mundo mudou! Tudo está mudado!

Acabaram as religiões; não há mais pecado.

O Islamismo, o Budismo, o Cristianismo

E o Judaísmo formam a mesma corrente de oração.

Todo sacerdote é um serviçal da população.

A terra voltou a ser um vasto paraíso!

O que aconteceu com o universo?

Não sei; ninguém sabe se é o reverso

Que a humanidade está vivendo agora.

Não sei se é o apocalipse antecipado

Ou a preparação para o dia do juízo.

Talvez tenha chegado a hora De purificar todo espírito encarnado.

É um êxtase total! É sonho ou realidade? Não entendi, não sei. Fiquei mudo e surdo; Perdi o sentido e fui levado ao astral, Voltei à consciência e quis dar publicidade De tudo que vi (ou imaginei) sem igual; Parei, pensei e escrevi este poema do absurdo.

Brasília, 30 de abril de 2020

*Osmar Monte, 72 anos, é membro da Academia Barra-cordense de Letras.

ANUÁRIO DE POETAS DO BRASIL. 2º. VOLUME.

Organização de Aparício Fernandes. Capa de Ney Damasceno. Rio de Janeiro: Folha Carioca Editora Ltda., 1977. 496 p. Ex. bibl. Antonio Miranda.

SAUDADE SERTANEJA

Surge o sol aureolado sobre o lindo prado da minha estimação; o coqueiro se alteia na límpida areia do meu velho barracão.

A brisa é fresca, macia como a harmonia do canto da juriti. As árvores balouçantes dão sombras abundantes, coisa melhor nunca vi.

Vou voltar para o roçado onde fui acostumado a montar em poldro bravo. Aqui tudo é diferente, até parece que a gente vive mesmo como escravo.

JARDIM IMAGINÁRIO

A tua presença me conforta, o teu sorriso me inspira, senti há pouco a natureza quase morta;

quando bateste na porta, percebi o aroma que me inebria, ouvi o tom ressonante da minha lira, num dedilhar suave, paradisíaco, senti o vigor de um momento afrodisíaco; restaurei-me novamente num gesto de alegria Surge um hino de amor em Si-bemol, fazendo-me rever o brilho do sol e lembrar que ainda existe o clarão da lua. Sinto na tua presença um refrigério no meu viver impune sem mistério tudo só porque estás perto de mim. Já notei, não nego, que a estampa tua me faz ver rosas multicores num imaginário jardim.

BOM-DIA, MARIA !

Bom-dia, Maria! diz da janela o sol, cumprimentando com um doce olhar; e tu ficas entre os lençóis a sonhar

as maravilhas efémeras da vida.

Bom-dia, Maria! Em canto o rouxinol o faz suavemente quando o arrebol

rutilante vem surgindo com a aurora. Por que, Maria, pareces combalida e não respondes: Bom-dia? A vida

é bela para quem tem amores e sabe querer aquilo que adora num gesto lascivo que o tempo colora.

O dia é bom, lindo, maravilhoso, cheio de risos e mil esplendores; já não existe tédio e nem dores

é tudo agora uma eterna aventura, levanta depressa vem dizer Bom-dia, olha a Natureza repleta de ternura!

ESCRÚPULOS

Momentos de tristeza, de agonia, são horas sem calma e de pesadelos; fogem-me da mente estes cruéis anelos, é murmúrio, é silêncio sem alegria. Hesito um pouco... Vem-me a impressão de estar sonhando e adormeço sorrindo como louco.

OTONIEL BELLEZA Nasceu em São Luís do Maranhão, a 12.11.1896. Radicou-se em Minas Gerais, de onde se projetou como trovador. Autor de Aljôfares, 1942.

RAMOS, Clovis. Minha terra tem palmeiras... (Trovadores maranhenses) Estudo e antologia Rio de Janeiro: Editora Pongetti, 1970. 71 p. Ex. bibl. Antonio Miranda

O coração descontente

De uma afeição quase morta

Tem aberta sempre a porta

Para outro amor que pressente...

Não mais te busco, no entanto, Dentro de mim inda estás, Sorrindo, airosa, em meu pranto, Cantando, alegre, em meus ais.

Minha alma é uma harpa eólia, Num ramo de árvore erguida.

Leve aragem passa e bole-a:

A harpa geme, dolorida.

Feiticeira austera e linda, que desdenhas por dever, Se eu santo não sou ainda, Já sou bom, por te querer.

Luto em vão por descrevê-la; Nada me ocorre, expressivo. Quem pode o brilho da estrela Trazer no verso, cativo?

A MULHER NA POESIA DO BRASIL. Coletânea organizada por Da Costa Santos. Belo orizonte, MG: Edições “Mantiqueira”, 1948. 291 p. 14x18 cm. Capa de Delfino Filho. Ex. bibl. Antonio Miranda

AVE, MULHER

Vênus em flor! Enches a vida, assomas

Nas radiações do sonho, em que és rainha, Deifica-te o ideal e diz-te: “És minha... Há emanações do céu em teus aromas...”

O almo gênio da graça louçainha

Põe-te em, doiradas, rútilas redomas...

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Amor... com as prendas naturais e domas, E a piedade dos anjos te avizinha.

Casta, Vestal,! Ante o Sacrário, se oras, No anseio místico, aos teus vivos lumes, Abre-se a terra em cânticos e auroras!

No larário em que o amor e a fé repões, Dos orbes a harmonia e a luz resumes, Brotara teus lábios as constelações!

PEDRO SORIANO DE MELLO Nasceu no Brejo Anapuru, Maranhão, a 27-9-1896. Faleceu no Rio de Janeiro a 10-12-1961.

MELLO, Anisio. Lira amazônica - Antologia. Vol. I São Paulo: Edição Correio do Norte, 1970. 286 p. Ex. bibl. Antonio Miranda

RIO AMAZONAS

De longe um fio d´água, muito esguio, Escorre humildemente, vagoroso E vai-se avolumando. Caudaloso Após, nos aparece feito rio.

... E nesse seu vagar, triste e erradio, A chuva e o vento o fazem proceloso.

Não é mais um filete: poderoso

Como um Rei muito forte, inflamado em brio.

GARÇA BRANCA

(Estória para criança)

Uma princesa, havia, era encantada;

E o seu encantamento benfazejo, Trazia todo o reino a seu cortejo

E a própria infante desassossegada.

Esta princesa, um dia, transformada

Em linda GARÇA BRANCA, por gracejo, Revoava reino a reino num adejo

E retornava ao seu, bem conformada.

Um PRÍNCIPE AZUL, a ela foi seguindo. . .

E à sua frente, ofereceu sorrindo

Algo do peito, o coração, portanto!. . .

Ela, surpresa pelo inesperado,

Saiu com ele. . . os dois de lado a lado, Ficando assim, quebrado o seu encanto.

ÚNICO AMOR

Vai pela espaço um coração, Senhora, Que de ilusões e sonhos se povoa; Também uma alma a outras plagas voa, E pensa. . . e sofre. . . e geme. . . e ri. . . e chora.

Transidas de tormenta, em voz canora, A esse grande amor que em nós ressoa, Permita-lhe, Senhora, cantar loa, Por toda esta saudade que os devora. Mirai, no entanto, as frases deste verso; Senti-as, que por vós, por vosso bem, Elas dirão que vou sofrer também. Do nosso amor maior do universo, Dirão Saudades neste adeus atroz, Porque, Senhora, eu só amei a vós!. . .

PERGENTINO HOLLANDA Nasceu em Presidente Dutra, no Maranhão, em 1948. Seu primeiro livro de poesia Existencial de Agosto é de 1972, além de obras inéditas e de participação em antologias.

Prece na lagoa do Binga

Lagoa do Binga:

lentamente vou-me naufragando na verde embriaguez da tua paisagem tão saudosa e tão esquecida de outros tempos e tão lembrada por eternos pescadores...

tornei-me tão chão como o teu leito e fiz-me de infância como as tuas águas tão vivas e tão minhas num passado azul de céu noturno e livre...

Hoje o tempo me consome o corpo e a minha alma é um pássaro vencido... lembro-me de ti num luar de agosto qualquer e numa serenata... a música, já não lembro mais!

P. Dutra, maio de 1970

Soneto nº 13

Estranhas são as vozes que choram em mim

no vazio silêncio do meu campo íntimo que já sem cor pede em prece um perdão para o único desgosto de que me lastimo.

São tantas as vozes que já não me entendo neste sacrifício de lágrimas que morrem no cárcere fechado que no meu dentro existe para a prisão dos fiéis que sempre sofrem.

E nesta convulsão de um invento naufragado sinto-me em conflito e não mais contesto esta insatisfação de nunca ter sonhado...

E sem poder dar evasão a esse protesto que sem estar morto em mim foi sepultado dou-me ao martírio do meu próprio resto.

(Existencial de Agosto, 1972)

PERI GOMES FEIO Nasceu em Rosário, Maranhão, a 4-8-1909, e faleceu em São Luís. Chagas e Mágoas, 1943, Cortina Azul. Sobre ele escreveu José Ribeiro de Sá Valle, na sua Antologia Maranhense: Poeta espontâneo e sentimental, canta a amargura, o sofrimento e a resignação em versos simples e comovedores”.

RAMOS, Clovis. Minha terra tem palmeiras... (Trovadores maranhenses) Estudo e antologia Rio de Janeiro: Editora Pongetti, 1970. 71 p. Ex. bibl. Antonio Miranda

Dos tormentos que hoje sofro, Não devo me lamentar, Porque sei que eles me vieram

Da luz do teu lindo olhar.

L letra do seu nome, L lua que me alumia, L luta em que me empenho

Contra a dor que me crucia.

Quem ama nunca se esquece

Da mulher que outrora amou; A fogueira foi extinta

Mas a cinza inda ficou.

Eu sou como esse rochedo

Nas horas de tempestades, Porque jogas contra mim

Cruéis ondas de saudades.

As luzes rubras das torres

Da Radio do Maranhão, Parecem chagas que vivem Sangradas em meu coração.

Se vires sobre uma tumba, Cantar triste a juriti; Olha de perto e, na cruz, Verás escrito: Peri.

RAI GAMA Raimundo Nonato Gama Rocha nasceu em 1968 no Beco do Gavião em São Luis do Maranhão, MA. Veio para São Paulo, SP com sua mãe Yolanda Gama de Sousa e seu pai Antonio Araujo Rocha, em busca em busca de melhores condições de sobrevivência. Autor do livro de poesia A rosa Roubada, Raimundo Nonato Gama Rocha é conhecido no meio artístico com o pseudônimo Rai Gama. Começou a escrever aos 15 anos. Excêntrico ao extremo fez o seu mundo em versos e prosa, como quem brinca com as palavras, espalha enfim as suas mensagens.

SÃO LUIS DO CORAÇÃO

O canto que encanta a luz do meu amor, nessas ruas estreitinhas o meu espírito flutua abalando as estruturas do meu ser; o beco em que nasci reflete em mim a mais pura emoção um lugar enigmático Beco do Gavião, lá nasceu um poeta nato de alma e coração filho dessa magnífica terra São Luís do Maranhão respiro a tua cultura em meio a brisa que me fascina em meio a energia que está em mim nessa magnitude infinita que me tira o chão e me transborda o coração em meio as tuas lendas fito o horizonte, corro o mundo inteiro e me acho no teu chão.

A CANETA

E ela desliza numa folha branca desvairada, um tanto quanto elouquente, a desenhar dígitos de uma linguagem contemporânea; deixa-se levar desinibida em todas as direções, como se cada desafio fosse único, inevitável. Letras, sílabas e palavras, toda imaginação literária possível. Por entre os meus dedos ela divulga a sobrecarga do reator enfurecido, hora triste, eufórico que oscila a cada instante. Às vezes a procuro desesperadamente e não a vejo em tempo hábil, onde está? Murmúrio desiludido; mas tudo passa e a tudo devemos abrandar para encontrar paz. Procuro por muitas vezes a energia destemida

que me faz prosseguir desafiando naturalmente a própria essência.

ACHADO

Procuro o caminho, há tempos procuro; às vezes me encontro, às vezes me perco mas sempre prossigo por todo o lugar; o tempo me segue levando aos poucos minha energia. Eu tenho um amigo que vai me ajudar a viver de verdade em qualquer lugar; procuro o caminho e hei de encontrar.

EXISTÊNCIA

Que neste ano não tenhamos somente sonhos diante da realidade, mas que os tornemos reais com muita paz e muito amor para que possamos colher da árvore o fruto deixando de lado o orgulho na esperança de sermos felizes, na eternidade de cada segundo até o fim de nossos dias, enquanto o mundo existir.

AMBIÇÃO

O homem vem ao mundo e nada traz em suas mãos. E na vida procura atalhos, que nem sempre agradam a seu coração; procura estar no poder e pensa que sabe tudo, e ao se despedir do mundo, retorna à terra como nasceu, sem nada dever ao futuro deixando no mundo o que pensava ser seu.

PAPAI

Pai em ti está toda a esperança o presente, o futuro, o amor. O meu mundo é parte do teu, os meus sonhos também são os teus; do inicio ao fim somos um, nos teus passos encaixo os meus.

FUTURO

O que fazer, além de ver ao observar, o que tem que ser ou o que virá,

pra que sonhar e acordar, se iludir, se sentir de um jeito e ter que agir diferente. Olhar para os lados e garantir o caminho à frente. Amar alguém e ter que gostar de outro. Cantar bem alto, sem se importar com todos. Sonho ou realidade; além de tudo hoje visto com maldade. Falar, protestar e depois ter que se calar, é um jeito popular da pessoa se portar, apesar de inúmeras dificuldades, um novo dia há de clarear E nesse dia ou nessa hora, em teus braços, eu quero estar.

RAIMUNDA MENDES DOS SANTOS FERREIRA Maranhense. Mora em Brasília há sete anos. Cursa o 6º. semestre de Comunicação no CEUB. Escreve desde os 12 anos e pretende em breve publicar seu primeiro livro de poesias.

ANTOLOGIA DE POETAS DE BRASÍLIA.

Rio de Janeiro, DF: Shogun Editora e Arte Ltda, 1985. 140 p. Coordenação editorial: Christina Oiticica. [Este exemplar foi doado por Carlos Edmundo da Silva Arnt, que tem seu poema na p. 27, para a biblioteca da Caixa Econômica, de Brasília, em 1985. A empresa se desfez do acervo e este exemplar foi para a livraria “sebo” de nosso amigo José Jorge Leite de Brito, que por sua vez nos doou um lote de livros para ajudar na montagem de nosso Portal de Poesia Ibero-americana, em 2021. A editora explicava: “Se você é um autor novo e quer editar seu trabalho, fale com a gente.”, na intenção de promover a criação literária entre os jovens. ]

O CAOS

O caos da vida

não se explica, sente-se... no pranto falso no rio forçado nos passos pequenos nos caminhos fúteis nas palavras desconexas...

O caos da vida

não se explica, sente-se... na imensidão de sonhos impossíveis na incapacidade de perseguir os sonhos no medo de lutar contra si próprio na vontade de aceitar, de sentir na carne o que a moral repudia e depois... sofrer, protestar...

O caos da vida

não se explica, sente-se... no fato de ser homem e viver viver sorrindo ou chorando amando ou odiando e depois morrer...

RAIMUNDO DA COSTA MACHADO Poeta. Nascido a 24 de julho de 1900, em Rosário, Maranhão. Radicado em Oeiras, desde os 5 anos de idade. Diplomado em Odontologia pela Faculdade de Medicina, Farmácia e Odontologia da Bahia. Colabora na imprensa do Estado.

ANTOLOGIA DE SONETOS PIAUIENSES [por] Félix Aires. [Teresina: 1972.] 218 p. Impresso no Senado Federal Centro Gráfico, Brasília. Ex. bibl. Antonio Miranda

COMPENSAÇÃO

Desarvorado barco hoje me veio

Escravo das maiores aflições, Por vário modo, em vão! Buscando ensejo

De vencer tão precárias condições!

E não mereço tais decepções

Da fortuna não sinto nem desejo

Ódio, inveja, temor... Minhas ações

Sempre revê-las poderei, sem pejo!

Que digo eu? A sorte não me fora

Inteiramente má! Se ainda me doura, Com seu cabelo, a fronte, e, com seus olhos,

Inda me anima, e se, numa palavra,

Inda a esperança no meu peito lavra, Essa a quem chamo arcanjo, entre os escolhos.

RAIMUNDO FONSECA MENDES Natural de São Luis do Maranhão, nascido a 23 de junho de 1918. Fez o curso primário com os professores Adelaide Kerth e Djalma Sacramento, e o ginasial no Instituto Gomes de Sousa (Gilberto Costa), no Liceu Maranhense. Ex-comerciário. Depois funcionário público autárquico (INPS). Maranhense de nascimento e parnaibano desde 1932. Redator da APRJ-4 Radio Educadora de Parnaíba. Fundou e mateve a “Revista da Parnaíba”. Dirigiu os jornais “Aljava” e “Norte do Piauí”. Chefe-proprietário da empresa publicitária e promocional Fonsecamendes Ltda. Autor do livro de prosa e verso “Ascensão”.

ANTOLOGIA DE SONETOS PIAUIENSES [por] Félix Aires. [Teresina: 1972.] 218 p. Impresso no Senado Federal Centro Gráfico, Brasília. Ex. bibl. Antonio Miranda

PAISAGEM NATALINA

Jesus nascendo numa estrebaria

De uma estalagem, às portas da cidade, Quis dar o exemplo a quem o seguiria

De edificante e pura humildade;

Não houve pompas, nem alacridade, José, pastores e a doce Maria, A mula e o boi, da estrela a claridade E o som de um salmo que do céu descia.

Tudo tão puro, simples, convincente, Na placidez da noite de natal, Que até confunde a compreensão da gente.

No entanto ali, no cocho acolhedor, Nascia com Jesus, pura e eternal A fraternal religião do amor!

MOURA REGO RAIMUNDO DE MOURA RÊGO nasceu a 23 de junho de 1911 em Matões, Maranhão. Em Terezina/PI fundou a revista "Garota" e lecionou, tendo sido também membro da Academia Piauiense de Letras. Agente Fiscal do Consumo. Era também um grande violinista. Residiu no Rio de Janeiro, onde veio a falecer, em 12 de março de 1988. Outros detalhes em: http://acervoatitofilho1.blogspot.com/2010/10/moura-rego.html

RAMOS, Clovis, org. Minha terra tem palmeiras... (Trovadores maranhenses) Estudo e antologia. Rio de Janeiro: Editora Pongetti, 1970. Ex. bibl. Antonio Miranda

Eu vivo a fazer cantigas para minha alma alegrar, mas lembro mágoas antigas, ponho-me logo a chorar. Meus males sempre cantei-os a consolar quem padece; quem ouve males alheios dos próprios males esquece.

A cantar passo os meus dias e as dores vou suportando que as dores são alegrias para quem vive chorando. Saudade dor e carinho, tortura ao passo que afaga: ( a saudade é como o vinho J que é doce mas embriaga. J Hoje pousou uma abelha na tua boca mimosa; tão perfumada e vermelha, parece mesmo uma rosa. Estavas hoje tão bela sob a cambraia do véu, que eu cuidei ver uma estrela por entre nuvens no céu.

ANTOLOGIA DE SONETOS

PIAUIENSES [por] Félix Aires. [Teresina: 1972.] 218 p. Impresso no Senado Federal Centro Gráfico, Brasília. Ex. bibl. Antonio Miranda

A HISTÓRIA DE ARVERS

Eu também tenho nalma uma história escondida, Misto de inquietação, de alegria e de dor. E quem é que não tem uma história de vida, Um segredo qualquer, um romance de amor?

Minha história, mais que romântica, vivida, Trago-a no coração, num delírio interior. Sem que fosse, de leve ao menos, percebida Por quem me fez um poeta e, pois, um sofredor.

Às vezes me disponho a confessar-lhe tudo, Dizer que a adoro... entanto, ao vê-la, fico mudo, Sem mesmo articular uma frase sequer.

Não! para amor tão grande o mundo é muito estreito: Melhor será, talvez, sepultá-lo no peito, Como aquele esquisito e desgraçado Anvers.

ROBSON CORREIA DE ALMEIDA nasceu em Santa Quitéria, no Maranhão, a 3 de outubro de 1957. Iniciou os estudos primários com sua mãe, D. Ines Borges Correia, completando o 19 grau em Parnaíba-PI, onde chegou aos seis anos de idade. Começou aos dez anos suas atividades literárias, escrevendo discursos para festas estudantis. Adotou, a partir de 1970, o nome literário de Robson Coral. Faz o curso de Engenharia Elétrica, na Universidade Federal do Maranhão, /em 1981, ano de publicação do livro de onde extraímos a biografia e o poema.../sendo ainda estudioso de diversos ramos das ciências.

Com "0 homem louco" participou do II Festival Universitário de Poesia Falada.

O HOMEM LOUCO

De onde vem? Para onde vai?

-Não sei, não me interessa.

-Veio do pó, do barro, da bactéria. 0 que faz? 0 que é?

-Não sei, não me interessa.

-Tem pés, braços, cabeça; E coração, veias por onde flui 0 sangue da miséria.

Miséria da Humanidade

Que busca a destruição:

Na máquina que substitui, 0 homem que lava o chão;

Máquina que lava, passa, encera, Faz café, almoço e janta; Que nada, voa e anda;

Que ri; que chora; que canta.

Máquina que transforma a matéria, A prima em poluição!

-Ele? Veio do nada.

E o nada busca na amplidão.

Ele representa coisa nenhuma, Num Universo de decepção.

Pensa que sabe tudo...

Oh! Humanidade enganada.

Se tu sabes de coisa alguma, diz-me: Por que estás decepcionada?

Tu temes o avanço tecnológico, A falta do ferro, do ar e do petróleo.

-Tu temes a Deus, Ogum e Iemanjá.

Se falta energia elétrica, começas a chorar.

Se corres para o nada,

Esbarras no Muro da Vergonha.

Queres acompanhar o progresso, mas...

Há a Cortina de Ferro, a Bomba Atômica, A Guerra Fria, o Fuzilamento.

Mas, o que fazer pelo barco que afunda, Ou pela espaçonave com escapamento?

Ele?! Correu dois mil anos no nada.

Destrói-o a máquina que criou, A Guerra Ecológica e a bomba

Que ele mesmo lançou.

Busca algo que jamais encontrará.

Vai para um lugar, onde nunca chegará.

São Luís: Edições
1981. 79 p ilus 15 x 22 cm. Ex. bibl. Antonio
NOVOS POETAS DO MARANHÃO.
UFMA,
Miranda

Olha á sua volta, vê tanta coisa

E não enxerga nada, Porque a Terra já não existe, explodiu Qual uma Hidrogenada.

E o Homem, onde ficou? -Não sei. Nunca existiu!

RUBERVAM DU NASCIMENTO Rubervam Du Nascimento é um poeta brasileiro, colaborador da imprensa alternativa desde os anos 70. Rubervam Maciel do Nascimento (Ilha Upaon-Açu, São Luís - MA, 31-07-1954) é formado em Direito pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) e atua como fiscal do Ministério do Trabalho, em Teresina (PI), onde reside desde 1972. Foi presidente do Centro Colegial dos Estudantes Piauienses (CCEP) e da União Brasileira dos Escritores, UBE/PI 1.

Participou de atividades culturais nos anos 70 e posteriores, tendo suas obras incluídas em várias antologias, como: "Aviso Prévio" (1977); "Ô de Casa" (1977) e "Piauí: Terra, História e Literatura" (1980); "Postais da Cidade Verde" (1988); "Poesia Teresinense Hoje" (1988) e "Andarilhos da Palavra" (1990), além de constar sua participação no livro "A Poesia Piauiense No Século XX" (1995), do crítico literário e antologista Assis Brasil. Também integrou a coletânea "Baião De Todos" (1996), organizada por Cineas Santos 2. Recebeu diversas premiações em concursos literários realizados no Piauí e em nível de Brasil. Em 1997, obteve o 1° lugar em concurso nacional de poesia da Editora Blocos (RJ), com o livro "Marco Lusbel Desce Ao Inferno" 3.

Obras: - A Profissão Dos Peixes; - Marco Lusbel Desce Ao Inferno; - Os Cavalos De Dom Ruffato; - Espólio. Fonte da biografia: wikipedia.

POESIA SEMPRE - Número 33 – Ano 17 / 2010. Hungria e Índice Geral. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2010. 320 p; 17,5 x 25,5 cm. Editor: Marco Lucchesi. ISSN 9770104062006 Ex. bibl. Antonio Miranda.

Três vozes salvas do dilúvio de palavras da minha casa

1

alguém escreveu um dia sobre mansões que aprisionam tempestades de gaviões negros antes perfilados no terreiro à espera das vísceras das palavras adiante disse poesia puramente verbal, literária não tem muito que dizer

alguém mais escreveu que garção de costeleta serve caldo de cimento a quem se esconde atrás das paredes foi mais drástico concluiu que mortos se desculpam nos escritórios da cinelândia por não saberem ressuscitar

alguém mais escreveu sobre um banquete onde foi servido finas fatias de medo cobradas como sobremesa pelos olhos da cara juros correção monetária incluído nas despesas fedor azedo do suor dos convivas

escreveu que os anjos dão o cu nos mictórios enquanto esperam naves de papel afogadas nas águas do último dilúvio de palavras que invadiu minha casa

sobras de leituras nos cacos de espelho dos livros refletidos nos lugares fartos de fatos malditos em tempo de portfólio em couro de vidro de animal sem feitio

2

ah estas palavras vão apodrecer inteiras, frase-resumo sem beleza, fedendo no deserto.

poeta escreveu isto depois comeu resto de fruto de lótus poeta escreveu isto apagou siglas da memória poeta escreveu isto rasgou selo da carta de tarô poeta escreveu isto não quis saber de novo enigma poeta escreveu isto engoliu pedra encantada do reino poeta escreveu isto entregou alma ao fantasma poeta escreveu isto pôs alho de plástico no pescoço poeta escreveu isto foi comido pelos dentes do espelho

poeta escreveu isto às voltas com uns e outros poetas salvos do dilúvio de palavras que invadiu sua casa

3

diante de um professor de lógica alguns dos três suspeitos de haver roubado coroa de ouro da rainha da inglaterra diante de um professor de lógica

alguns dos três camisa azul alguns dos três camisa branca alguns dos três camisa preta algum dos três culpado pelo roubo da coroa da rainha da inglaterra diz professor de lógica culpado às vezes fala verdade às vezes inventa o que diz também que algum dos três entre os dois um é

perguntado alguns dos três camisa azul respondeu eu roubei coroa de ouro da rainha da inglaterra alguns dos três camisa branca ou de camisa preta concordou que algum dos três sem camisa e não um dos três camisa azul roubou coroa de ouro da rainha da inglaterra que nunca existiu

velho professor de lógica disfarçou riso de professor de lógica e concluiu que

Rubervam Du Nascimento, maranhense da Ilha de São Luis. Viveu e trabalhou durante 46 anos na distanter-esina. Atualmente reside em Santo André/SP. Autor dos livros A Profissão dos Peixes (2ª edição, revista e diminuída- Editora Códice/DF-(1993); MARCO–Lusbel Desce ao Inferno-1º lugar-Concurso Nacional Blocos/RJ-(1997); Os Cavalos de Dom Ruffato-Premio Literário Cidade do Recife-(2004) e Espólio- Premio Literário Livraria Asabeça-Scorteci Editora/SP- 7ª edição(2017)

Herança – II

decorava versos para dizer ao seu homem ao atingir êxtase quando podia quando mãos do seu homem não apertava sua garganta adorava falar garcia lorca

Enche, pois, de palavras minha loucura, ou deixa-me viver noite da alma para sempre escura encontrada morta no quarto de um motel no sábado de aleluia

lua vermelha amassada nos lábios garganta derramando sangue no lençol no celular versos à voz de um poeta francês morto ao escapulir do vagão de trem numa tarde fria de paris depois de um encontro com amada “O tédio já não é meu amor. As raivas, as farras, a lo cura de que..a vida é a farsa mo ro de sede, s foco, não c nsigo de l i rar…”

Herança – X

– “a serpente distingue-se das espécies vivas. todo homem tem algo de cavalo’, heitor permanece calado, finge não escutar que esposa lê

-‘é enigmática, é secreta, mal e imprudente. ninguém prevê suas mudanças”. -esta me diz respeito; repete

-“ mestre das mulheres e da fecundidade, também responsável pela menstruação, que resulta de sua mordida”.

– por isso que você decidiu criar serpentes, em vez de se ocupar dos trabalhos de casa?

familiar convivência com migalhas não sobrevive sem possuir cavalos e víboras. – por que tanto horror às minha serpentes? escorre veneno das ventas podem morder e matar.

-impossível ter pena de uma criatura anfíbia e os seus cavalos, por acaso são inofensivos?

Herança – XIII

eles nunca quiseram saber do experimento de descartes por vezes esqueceu galileu sem importância luprace à contemplação de enstein tivessem vivido em sua época teriam manifestado apreço por borges criador de espelho poderia considerar haroldo precursor de seu universo ao redor de labirintos ociosos em onírica cruzada no céu outros mais atentos ao ciclo do vazio de suas galáxias

SÓCRATES BELGA MENDES

MENDES, Sócrates Balga. Cantos sem canto (poesias e trovas). São Luis, MA: Edição da EMATER-MA, 1987. 30 f. 15x21,5 cm. Capa: Francisco Carlos Ribeiro Santos. Apresentação por Sá Vale Filho. Ex. Biblioteca Nacional de Brasília, doação da família de Francisco Vasconcelos.

VELHA ANEDOTA

"Tertuliano, frívolo peralta,

Que foi um paspalhão desde fedelho, Tipo incapaz de ouvir um bom conselho, Tipo que morto não faria falta; Lá um dia deixou de andar à malta

Voltando ao Banco seu amigo velho

Lá no banheiro, em frente de um espelho, À própria imagem disse em voz bem alta:

"Tertuliano, és um rapaz formoso!

És simpático, capaz, és talentoso"...

Queres passear? Não tens discernimento?

E o miquitório, deixando de ser mudo, Que por detrás da parede ouvira tudo

Respondeu-lhe assim Vai pra São Bento!

AS BOMBAS

Vai-se a primeira bomba, destroçada, Uma outra mais, mais outra, enfim dezenas

De bombas vão-se da assembleia, apenas

Toda a eleição tenha sido apurada.

Mais tarde, ante a rígida camada de aço, sejam grandes ou pequenas, Como galinhas, sacudindo as penas, Reduzem a assembleia em palhaçada.

E os candidatos, por lá, que se amontoam

Todos eles, um por um coroam

Os eleitos. Não Sabemos quais!...

E nossos votos apenas bombas soltam;

Pena que amanhã todos eles voltam

E não deviam nunca voltar mais.

MAL SECRETO

" Se a cólera que espuma, a dor que mora

N´alma e destrói cada ilusão que nasce;

Tudo o que punge, tudo o que devora

O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora, Ver através da máscara da face, Quanta gente, talvez, que inveja agora Nos causa, então piedade nos causasse;

Quanto agente que ri, talvez consigo Guarda um atroz, recôndito inimigo Como invisível cancro apostemado!" Quanta gente que ri talvez existe Cuja ventura única consiste Em ser no Sindicato derrotado.

TONICO MERCADOR Antonio Augusto d´Aguiar nasceu em São Luis do Maranhão, em 1948. Viveu a infância e a adolescência no interior de Minas, estudou Direito no Rio, morou na Europa na década de 70. Entre 84 e 86 tornou-se um ativo colaborador do Suplemento Literário de Minas Gerais.

Publicou: “Itinerário da Era do Rock” (poemas, Edições Dazibao, 1988); “Iluminuras (poemas, Edições Giordano”, 1989).

“ PER VER SOS” foi editado pela Giordano Editorial – Folio, 1998, 500 exemplares. O livro apresenta poemas textuais e uma série de páginas ilustradas, sem nenhuma informação sobre a sua composição, das quais reproduzimos a capa e dois exemplos a seguir:

DUAS PALAVRAS: Uma publicação da Biblioteca Pública Estadual Luis de Bessa. Belo horizonte, MG; 1984- V.1 –No. 1 - Dezembro 1984 – N. 09 839 Ex. bibl. Antonio Miranda

DIAMANTES

sal diamantino no espinhaço das rochas o rastro do mar.

festim no vale o sol canta nas pedras trapos no balcão.

louco nos becos o barroco profano saracoteia.

quebra-se o ovo no oco da memória a lapa do caboclo.

grafia na gruta do salitre: selvagem pêlo nas unhas.

luz! câmera! ação! um bando de turistas zomba da história.

igrejas e fachadas orgia de cores na explosão do dia.

belo tejuco favelas de diamantes esculpidas num sonho.

VALDELICE FERREIRA DA SILVA Maranhense, reside em Brasília desde 1976, época em que começou a versejar. Seu primeiro poema tem o título de “Cravo e Canela”. Possui inúmeros poemas engavetados, com esperança de um dia vê-los publicados. Reside na cidade satélite do Gama (DF).

ANTOLOGIA DE POETAS DE BRASÍLIA.

Rio de Janeiro, DF: Shogun Editora e Arte Ltda, 1985. 140 p. Coordenação editorial: Christina Oiticica.

[Este exemplar foi doado por Carlos Edmundo da Silva Arnt, que tem seu poema na p. 27, para a biblioteca da Caixa Econômica, de Brasília, em 1985. A empresa se desfez do acervo e este exemplar foi para a livraria “sebo” de nosso amigo José Jorge Leite de Brito, que por sua vez nos doou um lote de livros para ajudar na montagem de nosso Portal de Poesia Ibero-americana, em 2021. A editora explicava: “Se você é um autor novo e quer editar seu trabalho, fale com a gente.”, na intenção de promover a criação literária entre os jovens. ]

SE HÁ PELA CIDADE

Se há pela cidade

Um coração se dilacerando de amor

Se há pela cidade um coração pelo espaço

É o meu

Que no peito não coube

De tanta felicidade

E se ainda houver pela cidade

Um sorriso e um beijo:

São dois passarinhos

Que saíram do meu coração em momento de puro desejo.

VICENTE SÁ Natural de Pedreiras, Maranhão, chegou a Brasília em 68 e não pretente sair. Autor de seis livros e muitos poemas que viraram letras de músicas é um calmo agitador cultura da cidade. Tem desenvolvido junto com o movimento VivaaArte e também com o legendário grupo Liga Tripa, do qual é letrista e cúmplice. Colabora com o T-BONE açougue cultural.

“O melhor de Vicente Sá são os poemas curtos, bem urdidos, terminando pelo começo: pela surpresa, que não fecha o sentido, alaaaarga-o, expande-o. Requer engenho e arte, e um pouco de loucura”

ANTONIO MIRANDA

Veja (clique) : 1ª. BIENAL DO B – T-BONE – 2011 – Apresentação de VICENTE SÁ

Extraído de:

BRIC A BRAC 21 ANOS MAIOR IDADE. Brasília: Caixa Cultura, 2007. 112 p. ilus. col. 23x21 cm.. Exposição comemorativa . Curadoria e projeto expositivo: Marilia Panitz. Coordenação Geral: Luis Turiba. Inclui poemas visuais e arte gráfica. Inclui poemas visuais de Luis Turiba, Manoel de Barros, Paulo Leminski, Zuca Sardanga, Nanico, Franciso Kaque, Wagner Barja, Paulo Andrade, Antonio Miranda, Bernardo Vilhena, Paulo Cac, Ariosto Teixeira, Elizabeth Hazin, José Paulo Cunha, Fred Maia, Nicolas Behr, Claudius Portugal, Ronaldo Cagiano, TT Catalão, Francine Amarante, Adeilton Lima, Maria Maia, Ronaldo Augusto, Augusto de Campos, Arnaldo Antunes, José Rangel Farias Neto, Menezes e Morais, Cristiane Sobral, Eduardo Mamcasz, Vicente Sá, Nance Las-Casas, Bic Prado, Angélica Torres Lima, Flavio Maia, Ronaldo Santos, Joanyr de Oliveira, Sylvia Cyntrão, Carlos Roberto Lacerda, Carlos Henrique, Fernanda Barreto, José Edson, Vera Americano, Alice Ruiz, André Luiz Oliveira, Carlos Silva, Charles Peixoto, José Roberto Aguilar, Estrela Ruiz, Renato Riella, Chico César, Francisco Alvim, José Roberto da Silva, Eudoro Augusto, Amneres, Gustavo Dourado, Alexandre Marino, e ilustradores: Resa, e fotógrafos, etc.

A câmera do poeta

Sorria

Você está sendo

Transformado em poesia

Valor

O preço da eterna juventude

É uma constante irresponsabilidade.

A semana de Quintana

Se semana começasse na sexta

Talvez a gente acordasse sorrindo

E até fosse mais feliz pro trabalho

Depois viria um sábado suburbano

De meio expediente e meia folia

Seguido de um domingo de sol e família

Na segunda, a gente se fingia de morto

Coberto pelo manto da brincadeira

Na terça, acordando ao meio-dia.

Iríamos pescar nuvens ou mulheres seminuas

A quarta chegaria leve

Com a promessa de uma orgia cigana

E a quinta, meu bem, seria sempre um feriado

Suave como Mário Quintana.

Viagem

(com Aristides Pires)

Sempre que viajo

Esqueço alguma coisa

Uma roupa em tal casa

Um livro em outro lugar

Uma vez esqueci o que fui faze lá

Da próxima

Quem sabe

Eu esqueça de voltar

Palavra

Não há nada que se diga

Que não abra uma ferida

Tapas que a palavra dá na vida

Por isso e mais duzentas outras coisas

É que eu sou assim

Mais perto de você

Do que de mim

SÁ, Vicente. A balada da donzela curiosa. Brasília: Edições Reprint, 1979. 35 p. 14x20 cm. Capa: Dete. Texto datilografado, numeração das páginas à mão, mas edição impressa. Col. A.M. (EA) (fragmento, reproduzido em seguida:)

SÁ, Vicente. anjo carmim. Brasília: edição do autor, s.d. 76 p. ilus. Apresentação de Nicolas Behr. Impresso na Gráfica Charbel. “ Vicente Sá “ Ex. bibl. Antonio Miranda

154 p. ilus. col. 17x25 cm.

O nome de meu pai é Tião

Mas eu chamo mesmo é de pai

Paizinho

o meu nome é criança

E a minha brincadeira é crescer

Ser gente grande

Para poder andar por aí

A minha mãe sumiu no mundo

Um dia, de tarde

O nome dela é ausência,

Mas eu chamo mesmo é de saudade.

1ª. BIENAL DO B – A POESIA NA RUA. 26 a 28 de Setembro de 2012 Brasília: Açougue Cultural T-Bone, 2011.

ANTOLOGIA DE POETAS DE BRASÍLIA. Rio de Janeiro, DF: Shogun Editora e Arte Ltda, 1985. 140 p. Coordenação editorial: Christina Oiticica.

[Este exemplar foi doado por Carlos Edmundo da Silva Arnt, que tem seu poema na p. 27, para a biblioteca da Caixa Econômica, de Brasília, em 1985. A empresa se desfez do acervo e este exemplar foi para a livraria

“sebo” de nosso amigo José Jorge Leite de Brito, que por sua vez nos doou um lote de livros para ajudar na montagem de nosso Portal de Poesia Ibero-americana, em 2021. A editora explicava: “Se você é um autor novo e quer editar seu trabalho, fale com a gente.”, na intenção de promover a criação literária entre os jovens. ]

O ANJO CARMIM

Eu era um anjo carmim

E tava bebendo feito um bêbedo qualquer

No rumo da guilhotina

Era assim

Feito um anjo carmim

Doido pra aprender a viver

Minhas asas

Eram meus ouvidos

E as paredes tinham vindo

Bem pra perto de mim

Era lindo feito um louco

Louco feito um índio

Um anjo asceta

Doido pra tentar entender

E hoje ainda me dói assim

Feito um anjo carmim

Bêbado e morto

Dentro de mim

VIOLETA REBOUÇAS NOBRE (São Luis, Maranhão, Brasil)

SUPLEMENTO CULTURAL & LITERARIO JP Guesa Errante ANUÁRIO. São Luís (MA), n. 5 – p. 1-129, 2007. Ex. bibl. Antonio Miranda

Nascer do dia

Uma orgia de luz irrompe lá distante, Ondas de cores arqueiam-se no ar Invadindo de súbito o Levante, Que de repente começa a fulgurar.

Lá no regaço morno do horizonte

Envolta em gases tênues, vaporosas, Espreguiça-se a manhã por sobre a fonte, Sorrindo entre os matizes para as rosas.

Agora tudo é luz, é vida, é alegria

E apressada a Noite vai fugindo

Por entre as sombras da esguia penedia,

E num gesto de fidalga cortesia, Acompanhando a manhã que vem surgindo, Raia garboso o sol anunciando o dia!

(Jornal Pequeno, Ano XVI, 25/03/1967. No. 5.626, p. 03)

Arco-Íris

O azul do céu é côncava turquesa!

Onde fulgura um brilho diamantino

Ostentando a sorrir quase divino, O arco-íris de esplêndida beleza

Sete cores se encurvam majestosas, Pinceladas com arte pelos céus

Tão brilhantes e nítidas, formosas, Um bendito sinal da mão de Deus.

Tal como no azul do céu, brilhante e lindo, Após o temporal, raia sorrindo

O sublime sinal em arco da bonança.

Em nossas almas também surge por vezes

Dos tormento passados os revezes, O Arco-Íris dourado da esperança.

(Jornal Pequeno, Ano XVI, 11-06-1967, no. 5713, p. 05)

Recife, Pernambuco.

WILSON ARAÚJO (Was) Nasceu no Maranhão, em 1945, e vive em

CAMPOS, Antonio; CORDEIRO, Claudia. PERNAMBUCO, TERRA DA POESIA - Um painel da poesia pernambucana dos séculos XVI ao XXI Recife: IMC; Rio de Janeiro: Escrituras, 2005. 628 p Ex. bibl. Antonio Miranda

O GÊNIO DA RAÇA CASTANHA

humildade

cuja dignidade mítica e épica habita uma américa ibérica, homérica e... bíblica, recebe a dura mas bela missão de ser

ouvidor da rua do brasil real contra o brasil oficial da rua do ouvidor. eis o sebastianista, monarquista e, ao modo de arraes, socialista.

ENGENHO D´UCHOA o poema é um réptil s.u.l.

dicção víbora jibóia no tímido índice do medo e no semi-árido da paranóia.

dicção víbora causa o primeiro impacto na ficção vida ao emitir a expressão mais compacta

de veneno:

como DEUS é bem servido!

ficção vida em dicção de obra em dobra de cobra que vibra em víbora e pica o cisne de outrora da fonte sob a ponte d´uchoa. uchoa: sujeito na espreita do objeto poético estica a línguavíbora

XAVIER AUTRAN FRANCO DE SÁ

"Acho que foi a notória coragem dos maranhenses, haurida por Xavier durante os seus primeiros cinco anos de vida em São Luiz, antes de vir definitivamente para o Amazonas (...) Não escapará, também, ao leitor atento, a grande paixão do autor, pela farmácia, pela manipulação das drogas, pelo atendimento do desesperado que procurava a Drogafar, verdadeiro mural da miséria humana." ROBERTO DOS SANTOS VIEIRA

SÁ, Xavier Autran Franco de. Panoramas: poesias. Manaus, AM: Imprensa Oficial, 1982. 106 p. 14x21,5 cm. Capa Edgard Gervasio de Alecrin. Prefácio: Roberto dos Santos Vieira. Ex. Biblioteca Nacional de Brasília, doação da família de Francisco Vasconcelos.

ALMA FERINA

Oh! tu, que tens no peito a humana fera, A rugir de rancor em teu calão, Vibras urrando qual uma pantera

A saciar-te à pressa, o coração.

Vomitas lama acre na expressão,

A blasfemar, quem o mal nunca fizera, E só deseja a tua redenção!

Vociferando a dor que o senso gera...

Teus atos vis não sonham a Quimera!...

Causam-nos dó a tuas perversões...

Teu blasfemar infeta a atmosfera, E nele fixam as tuas maldições, Jamais viver na luz, teu ser espera, Enquanto negras forem tuas ações...

DIVAGANDO

II Canto

Divagando em mar de lama,

Vendo o cinismo disperso, Numa falta de caráter

E ambição desmedida, De canalhas deslambidos, Em desrespeito cretino, Desses biltres insensíveis, Que subornam e enriquecem, Sonegando e acorrentado

Massacrando a gente humilde, De boa fé enganada.

São lobos famigerados, E raposas ardilosas,

Que articulam suas tramas, Pondo em prática as vilanias, De cronogramas servis, Essa malta de calhordas, Não perde por esperar,

O que é deles há guardado, Algum dia em explosão, Das entranhas de um vulcão, Com sinais de combustão, Que está prestes a explodir. Não queremos ser profeta, Mas serve a advertência, E de aviso a meditar, No pouco que aqui lembramos...

ESPÚRIO

Nasceste na mácula social, De cuja nódoa não te desvirtuas, Foste infeliz na linha vertical, Da perpendicular que não vibraste.

Nasceste numa casta hereditária, Brado genético da natureza,

Cujo sentido é tão extraordinário, A multiplicar seres sem nobreza.

Nasceste de dois polos imantados, Que nos extremos falhou a distância, Devido a força da aproximação.

Nasceste de equilíbrios destinados, Da força imperativa em concordância, Mas te remiu a Lei da Redenção!...

RAÇA DE INGRATOS

Da raça de ingratos, O mundo está cheio, São tais quais os gatos,

Que dentro do seio, São pérfidos e falsos, Planejam seus passos, Às sombras dos rastos, A fim de seus pastos, Colherem sutis, Nos pulos servis.

Escondem felinas, As unhas ferinas,

Se eles têm fome, Nos lambem também a mão, Depois que ele comem, Até se fartarem, Nos ferem a unhar,

Sem mais atenção...

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