Graciosidade, postura, êxtase Em que de pura chama se condensam De duras penas se esvai E não atinge emoções do ser real A beleza do amor em seus poemas É o querer desiludir e o não querer Perder-se de si mesmo Na vasta chama do impuro As divagações reais do amor em si Clamam por sua natureza que De romântica tornam a vida O simples toque do amanhã Soneto ao poeta O poeta é aquele pecador O indiferente e o desassossegado A imagem perfeita do querer Que se imagina perdido e encontrado
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Que desatina em sua ruína e não descansa De sua mórbida paixão pela palavra O seu fel, seu véu, sua ira Seu estado de lucidez e de loucura Ao poeta todas as canções Todas as noites e manhãs A rosa do mar e os olhos verdes E nada mais ao poeta Oferto-lhe o mar Somente Piedade para a poesia Ao fim da tarde Quando os olhos lacrimejantes Observarem o compasso do tempo E a servidão da noite chegando Que os olhos vejam as aflições Que rebentam a alma do poeta E que a breve luz da lua Seja capaz de suavizar o seu clamor Aos céus, por seu Senhor E ali, a sós com seu Senhor descubra Dos males da vida humana a piedade Diante de sua alma, ao resgatar pura Em chama, sua vida e sua luz