Minha terra tem primores Que eu canto, quando dá Aqui ninguém me entende Nem nunca entenderá. Esta terra tem o silêncio Que não se ouve por lá Tem sabores e cores Exclusivamente de cá Ninguém brinca de esconde Nem escuta o sabiá. CÂNTICO GONÇALVINO (Cordel sobre o Poeta Romântico Gonçalves Dias) João Manuel, vendedor português, No início de agosto de vinte e três Daquele remoto século dezenove, Acompanhado da esposa Vivência, No primeiro ano da Independência, Desgovernadamente se move.
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Alcançam o sítio chamado Boa Vista, Fugindo do ímpeto nacionalista Que já ocupara a Vila Caxias. E em meio àquele período non sense, No interior do sertão maranhense, Nasce Antonio Gonçalves Dias. Vivendo uma fase de muita miséria, Com uma decisão extrema e séria, João Manuel vai pra Portugal. E de volta após mais de dois anos, Em quatro altera todos os planos, Eclodindo uma reviravolta total. Vivendo com o pai e sua madrasta, Uma relação que o senso contrasta, Estabiliza-se ali uma família. E aos doze anos, Antonio, assim, Lê Filosofia, Francês e Latim, Aprendizado que vale a vigília. Passou, com o pai, dois anos feliz Morando e estudando em São Luiz Até que o Destino, impávido, o trai. Ainda imaturo e sem profissão, Deixa a capital do Maranhão Conduzindo o cortejo de seu pai.