Hoje se procuro não mais encontro Procuro parte de te... Não sei se perdi ao nascer ou depois que vivi O que procuro não tem forma É apenas lembranças tão grandes quanto o universo Não daria para carrega nas mãos É uma aurora reluzente causa-me cegueira Essa poesia que só existia em você Induz-me a voar, escreve com a alma ate hoje mim faz chora Quando imagino o exílio minha terra quase não mais tem palmeiras muitos menos sabiá Ás aves que aqui deixou a civilização moderna matou Pois são poucas as pessoas que amam essa terra como você amou.
Clarindo Santiago137 - São Luís, 1941 SINFONIA INACABADA138 Quem hoje no Maranhão venha romeiro, W repre o seu ar tristonho e pensativo, Terá de lhe auscultar o coração cativo Da grandeza passada, o seu tesouro inteiro. A capital circunda a estatua do si divo, A baia recorda o perdido veleiro. É raro um sabiá cortar o céu, ligeiro, E a pasiagem perdeu o encanto primitivo. O ruído do arvoredo é um soluçar de palmas, A Sinfonia só de Schubert comparado, Infinita orquestração de prnto em nossas almas... Triste vate que o mar tragou, nas suas iras, É o Maranhão que chora o canto inacabado, A eterna inconclusão do poema dos Timbiras!...
137 Clarindo Santiago - São Luís – MA – Brasil - 12 de agosto de 1893. Foi membro efetivo do IHGM, onde fundou a cadeira 4, tendo como Patrono Simão Estácio da Silveira; na AML ocupou a cadeira 13, patroneada pelo jornalista José Candido de Moraes e Silva, proprietário e redator principal do “Farol Maranhense”, o primeiro jornal liberal de nosso Estado. Graduou-se em Medicina, exercendo a profissão com sucesso, optando também pelo Magistério, literatura, jornalismo e poesia. Tinha forte inclinação de ensaísta, sentindo prazer em elevar o nome daqueles de sua terra que se destacavam culturalmente. Escreveu O Solitário da Vitória. Ensaio critico. In Revista da ABL, Rio de janeiro, 1932; e Comemorações do 1º Centenario do nascimento do poeta Sousa Andrade. Grafica Renascença, Paraíba, 1937; O poeta nacional. A escola mineira e suas fases; Rumo ao sertão; João Lisboa; Neto Guterres – o medico dos pobres. No Magisterio, além de professor, foi diretor do tradicional Liceu Marenhense e da Instrução Publica. Faleceu ainda novo, de morte trágica, em novembro de 1941, nas águas to Tocantins. 138 MORAIS, Clóvis. TERRA TIMBIRA. Brasília: Senado Federal, 1980, p. 66, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão
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