MARANHA Y 13 - MARÇO 2024

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MARANHAY “ÁGUAS REVOLTAS QUE CORREM CONTRA A CORRENTE” REVISTA DE HISTÓRIA(S) DO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - EDITOR – Prefixo 917536 NÚMERO 13 – MARÇO – 2024 MIGANVILLE – MARANHA-Y

A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.

EXPEDIENTE

MARANHA-Y REVISTA DE HISTÓRIAS DO MARANHÃO

Revista eletrônica

EDITOR

Leopoldo Gil Dulcio Vaz

Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com

Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luís – Maranhão (98) 3236-2076

98 9 82067923

CHANCELA

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); Titular da FEI (1977/1979); Titular da FESM/UEMA (1979/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 16 livros e capítulos de livros publicados, e mais de 430 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Academia Poética Brasileira; Sócio correspondente da UBE-RJ; Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luís (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Prêmio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Prêmio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; Editor da “ALL em Revista”, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; Editor da Revista do Léo, a que esta substitui (2017-2019), hoje MARANHAY – Revista Lazeirenta, já voltando ao antigo título de “Revista do Léo”; Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.

UM PAPO

Nossa capa tem uma gravura de São Luis, Rei de França. E este mês, dando continuidade às publicações, lanço a LUDOVICUS – Revista literária ludovicense/maranhense. Apenas uma mudança de nome: deixo de editar a Revista da Academia Ludovicense de Letras – ALL -, e continuo com a LUDOVICUS, começando com a edição 41; foram dez anos edital a ALL EM REVISTA, quatro edições por ano, num total de 40 números... LUDOVICUS remete à ludovicense, próprio masculino, Luís, possuindo outras variantes: Clodovicus, Chlodovechus, Luduinus. Do germânico Hludwig, Hlud (famoso, glorioso) + wig (guerra, batalha).

Significa guerreiro glorioso. Termos derivados Ludovicensis , Ludoviciana.

Assim, a partir de agora, teremos a Revista mãe: A REVISTA DO LÉO; a LUDOVICUS, e a MARANHA-Y; e, por ora, continuo como editor da IHGM EM REVISTA. São quatro revistas, sendo duas mensais e duas trimestrais...

CLUBE ALVORADA (*)

O carnaval de Viana já teve melhores dias em décadas passadas, haviam festas com marchinhas e bandinhas.Eramosanos1980,umdoscarnavaismaistradicionaisepopulareseranoClubeAlvorada, infelizmente não encontrei fotos para registrar. Muitos foliões se fantasiavam e saíam para pular o carnavalnosclubesdacidade.

No local do Alvorada na década de 1930 funcionou a primeira usina de energia elétrica da cidade e nosfundosdoantigoclube,aindaexisteumpoçoqueficouconhecidocomopoçodausina.Atualmente nolocalestáedificadooFórumEleitoralAstolfoSerra.

Associação Recreativa Cultural Clube Alvorada, conhecido como Clube Alvorada ficava localizado na Rua Antônio Lopes no canto da Farmácia Serejo. O clube era preferido por uma ampla maioria dos vianenseseproporcionougrandesmomentosefestasanimadasqueforamcarnavaisinesquecíveis.

Inúmeros vianenses presidiram o Clube Alvorada, entre eles: Luís Gouveia, Manoel Garcia e Edilson Oliveiraquepresidiuoclubepor8anos.

Entre as bandas que animavam os foliões eram a Banda de Astolfo Amorim e a Banda do professor BatistaCunha.UmdosvocalistasdessasbandaseraCarrinhodeMarco,conhecidocomoDinamiteque tambémsedestacoucomojogadordefutebolvianense.

Textoabertoacontribuiçõesdosleitores.

Foto:EdilsonOliveira-logomarcaoficialdoalvorada

Acervoparticular-FotodeAstolfoAmorim.

(*)ÁureoMendonçaépesquisador,escritoremembrofundadordoIHGV.

CURURUPU VISTO POR UMA FREIRA CANADENSE

PEDRO HENRIQUE MIRANDA FONSECA

Atendendo a uma solicitação minha a Irmã Agathe Brodeur, uma das duas mestras que tive no ensino fundamental (a outra foi a Marlina Miranda), fez um breve relato sobre a cidade no período que lá viveu entre os anos de 1965 a 1974.

Ela destaca a simpatia e a índole pacífica e acolhedora da população, tanto que, quando aconteciam brigas com derramamento de sangue, logo se afirmava: “Não pode ser povo de Cururupu.” Ressalta também o aprendizado que teve de tomar tempo para escutar e partilhar ensinamentos preciosos de sabedoria em via dupla. Observou como as pessoas sabiam ocupar as horas de espera, com bom humor, jogando palitos, conferindo jegues que passavam na estrada e crianças que, criativamente, fabricavam bola para jogar futebol, com meias e roupas usadas e outras provas de criatividade que a necessidade obriga a desenvolver. E encerra de forma amorosa o seu relato: “A fé e o amor deste povo ficam para mim guias para a vida inteira. Muita gratidão, querido povo de Cururupu.”

Nós é que agradecemos, querida Irmã Águida, e eu, particularmente, por ter tido na senhora uma verdadeira mestra, que chegou inclusive a me defender da ira de um professor que queria me dar nota zero numa redação, simplesmente, por não ter lhe agradado o que estava escrito nela. A senhora disse então a ele que julgasse o mérito e não levasse em consideração a animosidade que tinha com o aluno. Aí está a diferença entre mestre e professor. Mestre é empático, ensina para a vida e educa; professor simplesmente instrui.

SÃO LUIS MEMÓRIA.- MENINA BONITA NA JANELA.

AmeninamaisbonitadeSãoLuís,aamadaIolanda,amoçadoCampodeOurique,amaiorinspiraçãodo nossofotógrafoamador,oJoséFernandesRibeiro(@fotos_jose_fernandes_ribeiro).

Namorar a mulher mais bela, cortejá-la na janela da sua casa na rua do sol, uma das principais ruas da cidade.AalegriadoJoséFernandes,conhecidocomoZédoPadre,éveraIolanda,écomosefossebanhar noRioMearimdasuacidadedeArari.

IolandaeorioMearim,amoresprofundosdoJoséFernandes,tantasvezesfotografadospelasuacâmera, mas não era fotografia de apenas ilustrar o álbum de família, é fotografia com todo cuidado, enquadramentoearte.

EssafotografiadaIolandapareceumacapadelivro,ahistóriadeamordeIolandaeJoséFernandesparece até enredo de livros literários retratados em São Luís, especificamente na velha São Luís que foi representadopeloescritorconterrâneoJosuéMontello.Aliás,essafotomesmocombinabemparailustrar capadenovasreediçõesdelivrosdograndeescritormaranhense.

JoséFernandesRibeirotinhaumasensibilidadeenorme,eraumamantedafotografia,emtodaasuavida, ele registrou as suas grandes inspirações: Rio Mearim da amada Arari, Iolanda, a sua família e amigos.

Iolanda morava na Rua do Sol n⁰217, ela vivia com a sua vó Corina Cardoso Maya, esposa de Raymundo JoaquimCarneiroMaya.

DonaIolandatem90anos,elaviveatualmentenoRiodeJaneiro.

@fotos_jose_fernandes_ribeiro

SOLARCESÁRIOVERAS

 Localização:RuadoEgito,esquinacomoBecodoCouto(RuaZaquePedro),Nº106.

 Detalhesarquitetônicos:construído,aproximadamente,noprimeiroquarteldoséculoXIX.Possui doispavimentosemirante,terminadoembeiral.Com“fachadasimétrica,apresentandovãosdeverga reta,excetonaportaprincipal,quetemovãoemarcoplenocombandeiradeferro”.Nosegundo pavimento,“asjanelassãocombalcõessacadosprotegidosporgradesdeferro,sendoocentral traçadoemlinhascurvasapoiadassobremísula,destacando-sedasdemais”.Eno“vestíbulo,escadaria demadeiralevaaoandarsuperior;pisoassoalhadoeforrodemadeiranossalõesnobres”(BRASIL, 1979,p.14).

 Dadoscronológicos:pertenceuaoDesembargadorJoséMarianoCorrêadeAzevedoCoutinhoe, maistarde,aoDr.CesáriodosSantosVeras.Nestaresidência(nodia17denovembrode1824),a sociedademaranhensehomenageouoalmiranteinglêsCochranecomumgrandebanquete,mais tardeomesmofoiagraciadocomotítulodeMarquêsdoMaranhãopeloImperadorDomPedroI.Na décadade70,oprédiofoiocupadopeloEscritórioTécnicodeAssistênciaaosMunicípios(ETAM)e, atualmente,aBibliotecadoTribunal,DivisãodeLicitaçãoeoMuseudoTribunaldepoisdepassarpor umagrandereforma(queaindaacontece,poissurgiraminfiltrações).

 Ohomenageado:CesáriodosSantosVeras(1889-1993)foimédicoepolítico.Idealizou,juntamente comoDr.LuísLobatoViana,aEscoladeFarmáciadoMaranhão,fundadaem12demarçode1922.

 Situaçãoatual:foisededoescritórioTécnicodeAssistênciaaosMunicípiosetambémdaAssembleia Legislativa.PassouporprocessodereformaparasediaranexodoTribunaldeJustiçadoMaranhão (TJMA).

 ReferêncianaLiteratura:ojantareobaileemhomenagemaocontrovertidoLordeCochrane,quando dasuapassagemporSãoLuís,aconvitededomPedroI,afimdeconsolidaraAdesãodoMaranhãoà IndependênciadopaisécitadoporJosuéMontellonasuaobra“OsTamboresdeSãoLuís

MOVELARIA GUANABARA – RUA DO SOL / RUA NINA RODRIGUES, Nº 163ª.

Emumadasdependênciasdeumprédioquepertenceuaumaricafamíliadecomerciantesna movimentadaRuadoSol,ojovemartistaplásticoPedroPaivaFilhoinstalousualojademóveis.Como tempo,outrospintores,escritores,folcloristasejornalistascomeçaramasereuniremsuasdependênciase produzirideiasparamudaromarasmoestéticoqueacidadedeSãoLuísvivia.Énesteperíodoquevolta dePortugalotambémprecoceBandeiraTribuziquejuntocomosdemaisartistasquefrequentavama Movelaria(FlorianoTeixeira,J.Fiqueiredo,CadmoSilvaeLagoBurnet)criaoquesedenominahojede Geraçãode45(1945)elançaolivrodepoesia‘AlgumaExistência”;marcodoModernismonoMaranhãoe comcapadeFlorianoTeixeira.

Aocontráriodoquemuitosfalam,JoséSarneynãoparticipoudo“movimentodaMovelaria”,assimcomo nãofoiencontradoregistrosdaescritoraLucyTeixeira.Sehouver,gostariadeterestasinformações.

Situaçãoatual:oprédioseencontraembomestado,funcionandooconhecidoCartórioTitoSoares.

Fonte:CORRÊA,Rossini.Pelacidadedohomem(umainterpretaçãodeBandeiraTribuzi).EdiçõesUFMA: SãoLuís,1982.(depoisolivrosechamará“OModernismonoMaranhão”).

MACHADO.Nauro.AsEsferasLineares.EdiçõesSECMA:SãoLuís,1996.

MENEZES,Flaviano.Os60anosdaobrapoéticaAlgumaExistência,deBandeiraTribuzi.Disponívelem: http://algumaexistencia.blogspot.com/.../os-60-anos-da....

SOBRADO DE EMÍLIA VERAS / SOBRADO ONDE RESIDIU HUMBERTO DE CAMPOS

Localização:RuadaPaz(RuaCoronelColaresMoreira),Nº107.Detalhesarquitetônicos:sobradocom arquiteturatípicadoséculoXIX;umdospoucosnacidadequepossuidoismirantes.Oshomenageados: InformaHumbertodeCampos(2009,p.231)que:“entreestes[moradoresdosobrado],achava-se,em 1900,aEmília.FilhadeumasimpáticamulatadeBarreirinhascomumprimodemeupai,nascera, também,mulata,masdecabeloliso.EvieraparaSãoLuís,onde,depoisdonascimentodeumafilha,se ligouaocomercianteportuguêsJoséDiasMatos,proprietáriodaCasaTrasmontana,àRuadaPaz.O estabelecimentoocupavatodooandartérreo,eaEmília,comamãe,opaieafilha,oandarsuperior.Eo portuguêssustentava-osatodos,comatradicionalliberalidadedaraça”.Apesardadenominação“de HumbertodeCampos”,esteapenasresidiunosobrado.

HumbertodeCamposVeras(1886-1936),quandocolaboravaparaojornalOImparcial(RJ),utilizouo pseudônimodeConselheiroXX, assinandocrônicaseconselhosqueotransformaramemcelebridadenaépoca.Em1930,jáimortalda ABL,éeleitodeputadofederalpeloMaranhão.ReferêncianaLiteratura:aresidênciaédescritanaobra Memóriasememóriasinacabadas(2009),deHumbertodeCampos.Referência:CAMPOS,Humbertode. Memóriasememóriasinacabadas.SãoLuís:InstitutoGeia,2009.

LIBERALINO MIRANDA: Um ligeiro perfil.

PEDRO HENRIQUE MIRANDA FONSECA

Liberalino Pinto de Miranda (Figura 1), chamado carinhosamente de Beloca, nasceu em Cururupu – Maranhão no dia 29 de março de 1903 e faleceu na mesma cidade em 5 de fevereiro de 1951.

De origem humilde e parco de recursos cursou apenas o ensino primário e o Aprendizado Agrícola, onde obteve o título de Técnico em Agricultura. Com boa dose de autodidatismo, além de talentoso e aplicado, foi em frente tornando-se geógrafo, cartógrafo, músico, compositor, poeta e linguista.

Como geógrafo escreveu “O tupi na geografia do Maranhão”, no qual estava trabalhando quando foi surpreendido pela morte aos 48 anos incompletos. Como cartógrafo elaborou em 1949 o Mapa Fitogeográfico do Munícipio de Cururupu (Figura 2). Como linguista e admirador da cultura indígena estudou o tupi, no qual se tornou autoridade reconhecida. Foi professor de Música, Geografia e História no Instituto Cururupuense. Da sua obra como compositor convém destacar, dentre outras, Jaçanã tetéu; Meu amor anda de branco e o Hino a São Benedito, uma obra prima do cancioneiro sacro, e que ainda é tocado na festa deste santo, cuja letra merece ser transcrita:

A humildade privilégio de almas puras

Que os anjos cultivam neste val, Quero tê-la como tu bem a tiveste, Sendo o meu fanal.

Refrão

Vê teus filhos na tormenta desta vida, Benedito lá no seu trono de luz, Roga a Deus uma benção bem profunda, Ao país da Santa Cruz.

Deus altíssimo no céu te resplandece, Povo humilde nesta terra te bendiz, Manifesta-se em cantos de louvor, gente bem feliz.

Refrão

Glorifico nesta hora e para sempre, O teu nome excelso em cada geração, Manso e puro como tu São Benedito

Quero ser cristão

Refrão

Tu que vives lá perto de nosso Deus, Ensinai-nos a praticar o amor, Para que também conquistemos os céus

Com todo ardor

Refrão

Fortifica-nos em nossa caminhada, Para um Reino de verdade e de paz

Confiantes esperamos tua ajuda, Que tudo nos faz.

(In: NOGUEIRA, Nataniel – Fogueira aquática: A trajetória de um engenheiro agrônomo, Belo Horizonte, Edição do autor, 2019, página 168.)

Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; participou da fundação da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Cururupu, fazendo parte da Diretoria como procurador; chefiou o Posto Agropecuário de Cururupu e colaborador do jornal “A cidade de Pinheiro”, onde publicou estudos geográficos.

Como vimos, participou ativamente da vida cultural do Estado e de sua cidade natal e esta lhe prestou homenagem dando o seu nome a um importante logradouro e a Escola de Música.

A sua obra, vasta e expressiva, está a merecer estudo e divulgação. Devemos isto ao Beloca.

Agradecimento especial aos cururupólogos Jeane Melo e Ribamar Flavio Silva pela inestimável ajuda na coleta de dados e a Professora Marta Ferreira por ter conseguido a foto.

Rio de Janeiro, sexta-feira, 22 de março de 2024, às 16:45 horas.

Figura 1 – Mapa fitogeográfico de Cururupu, 1949.

ÁUREO MENDONÇA

é pesquisador escritor e membro fundador do IHGV.

Em tempos remotos na cidade histórica de Viana, quando não haviam automóveis, as pessoas se deslocavam de pé, de bicicletas, de animais, de carroças e até de charretes, esses meios de transportes faziam parte do cotidiano da cidade.

Relatos publicado no jornal A imprensa periódico que circulou na cidade de Viana em uma edição no ano de 1912, Bernardino Mousinho conhecido como Cangalheiro foi o primeiro vianense a adquirir um automóvel e na citada nota do jornal dizia "cuidado meu povo com o automóvel"

No início da década de 1970 cheguei a conhecer as charretes puxadas por animais circulando pelas ruas estreias da cidade de Viana, uma época inesquecível, a cidade possuía o charme das charretes que levavam pessoas para vários lugares de Viana. Lembranças de um tempo que não volta mais, as charretes pararam de funcionar em meados da década de 1970 em nome da modernidade. Conheci varias pessoas que tinham charretes, período que o ex prefeito Luís Couto andava de charrete morava numa chácara próximo a de glodimar que possuia um caminhão era um dos poucos vianenses que possuía carros, nessa época era artigo de luxo e se contava nos dedos quem possuía carros em Viana.

No centro histórico da cidade circulavam as carroças, misturadas com charretes e cavalos, transportando pessoas e mercadorias, haviam pontos com argolas fixadas nas paredes dos estabelecimentos, uma espécie de estacionamento para animais, as charretes circulavam nas ruas, praças e nas portas dos estabelecimentos comerciais.

Em Viana na época da minha infância e adolescência ainda possuíam alguns tipos de transporte de tração animal como as charretes, carroças utilizadas para transporte de cargas do porto para os comércios, recordo-me que as carroças de João Carteiro, Zé de Santa Tereza e do senhor conhecido como Vintém eram bastantes conhecidas naquela época. Existia muito movimento também de animais vindo da zona rural com pessoas e mercadorias. Cheguei ainda a conhecer os carros de bois trilhando pelas estradas vicinais. Porém os animais de montaria eram mais presentes no nosso meio.

Guardo na memória do meu tempo de criança quando em frente aos estabelecimentos comerciais ficavam os animais enquanto as pessoas oriundas da zona rural iam comprar ou vender produtos, em frente as padarias de Zé Lopes e Chico Padeiro paravam para tomar um lanche. Na década de 1980 presenciei charretes nas garagens nos fundos dos quintais das casas.

Com a modernidade no lugar dos animais charretes e carroças vieram os automóveis.

Foto meramente ilustrativa.

(*) Áureo Mendonça é pesquisador escritor e membro fundador do IHGV.

CHARRETES
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